Edição Especial - Faap
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No atual contexto de globalização das relações econômicas, políticas e<br />
culturais e de acelerada mudança da base tecnológica e do processo produtivo,<br />
a educação tornou-se um vetor estratégico para o desenvolvimento sustentável<br />
e eqüitativo. De fato, hoje já é amplamente aceita a idéia de que a educação<br />
transformou-se em importante vantagem comparativa dos países para enfrentar<br />
a competitividade internacional. Além disso, o grau de escolaridade é requisito<br />
indispensável para o efetivo exercício da cidadania e constitui-se em um dos<br />
principais fatores de melhoria do nível de empregabilidade dos indivíduos.<br />
É certo, no entanto, que a educação por si só não gera emprego, mas é<br />
imprescindível para manter o trabalhador empregado e favorecer sua<br />
inserção social no mundo da produção. E, para tanto, não basta apenas<br />
assegurar a expansão do sistema educativo. É preciso promover a melhoria<br />
da qualidade do ensino ofertado, sem o que será impossível atender a<br />
demanda de recursos humanos cada vez mais qualificados para acompanhar<br />
as mudanças em curso. Portanto, o bom desempenho do sistema<br />
educacional será um dos fatores decisivos para o desenvolvimento auto-<br />
-sustentável do Brasil nas próximas décadas.<br />
Esta premissa, igualmente aplicável a outros países da América Latina,<br />
sugere um novo enfoque para os desafios e dilemas das sociedades em<br />
desenvolvimento, as quais deverão atribuir um alto grau de prioridade aos<br />
investimentos na formação de capital social e humano. Uma vez que os sistemas<br />
educacionais se massificaram, a necessidade tornou-se a formação de<br />
competências, a preparação dos jovens para enfrentar a “economia do<br />
conhecimento”, desenvolver e aproveitar ao máximo suas potencialidades.<br />
O contexto das reformas educacionais foi marcado por crescente interesse<br />
internacional e regional na melhoria da eqüidade e da efetividade dos sistemas<br />
de ensino, com forte ênfase na descentralização, melhoria da qualidade, maior<br />
“accountability” e responsabilização das escolas por seus resultados. Após a<br />
realização da Conferencia de Jontiem, seguiu-se uma série de conferências<br />
internacionais e regionais culminando na realização da Cúpula das Américas de<br />
1998, no Chile, onde os chefes de Estado latino-americanos assumiram<br />
compromisso prioritário com as reformas de melhoria da qualidade do ensino.<br />
Muitos congressos, conferências e seminários replicaram em âmbito local a<br />
mobilização em torno dos debates sobre as reformas educativas e o desafio de<br />
melhorar a qualidade das aprendizagens.<br />
O debate político trouxe para o centro da agenda das reformas educativas<br />
a importância dos sistemas de avaliação como mecanismo indutor das<br />
mudanças. Além de pressionar por mais recursos, melhoria dos currículos e<br />
descentralização da gestão das redes públicas de ensino, ganha destaque uma<br />
nova agenda voltada para a melhoria do desempenho das escolas, avaliação do<br />
rendimento dos alunos, maior transparência e fortalecimento dos mecanismos<br />
de prestação de contas à sociedade. No caso da América Latina, tal debate se<br />
inscreve no contexto do processo de democratização e impulsionou um<br />
crescente interesse pela educação como ação essencial para aprofundar a<br />
democracia, combater a desigualdade e promover o desenvolvimento.<br />
A educação no Brasil..., Maria Helena Guimarães de Castro, p. 162-189<br />
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