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Edição Especial - Faap

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Esses diagnósticos locais de segurança revelam, segundo Bonnet, quatro<br />

características significativas: a) equipe de diagnóstico; b) território; c)<br />

instrumentos de análise para uma cartografia da insegurança; d) prioridades: fazer<br />

o que é mais rapidamente factível. Em projetos de ações concertadas entre<br />

parceiros, Bonnet sugere realismo, formalização da contratação de execução por<br />

diferentes parceiros, o controle, a avaliação. Como acontece muito, as estratégias<br />

são até simples; o difícil é fazer. Como também acontece muito, é mais fácil ou<br />

conveniente mostrar o que as polícias não fazem do que o que fazem. De qualquer<br />

maneira, o mais relevante nos novos tempos é destacar a importância da<br />

cooperação para se abordar a questão das reformas de estruturas das polícias no<br />

mundo atual. Argentina e Brasil precisam cooperar mais.<br />

e) Finalmente a questão da transparência do poder, questão tanto ou sempre<br />

mais complexa e delicada quando envolve as polícias: Quis custodiet ipsos custodes?<br />

Quando Monjardet nos remete a Platão e Juvenal com a pergunta de se saber quem<br />

vigia os que nos vigiam, ilustra-se um aspecto estrutural das instituições policiais e<br />

sua relação com o governo e a sociedade. Há uma tendência nas democracias<br />

contemporâneas de se valorizar cada vez mais a participação da sociedade em<br />

processos diversificados de controle que têm beneficiado todas as instituições. Na<br />

França destaca-se o Código de deontologia dos policiais (1986) e o Conselho<br />

Superior da Atividade da Polícia Nacional, projeto que surgiu em 1993.<br />

No Brasil existem debates e tendências semelhantes desde a<br />

redemocratização e alguns avanços a serem mais bem avaliados pelas próprias<br />

polícias. Essas tendências apontam, como no estudo de Monjardet relacionado<br />

com o caso francês, para um grau maior de cooperação entre as polícias em<br />

todos os seus aspectos (estrutura, funcionamento, prioridades, relações com<br />

autoridade política), a importância da modernização e profissionalização,<br />

avanços na transparência e nas relações da polícia com a comunidade. Ou seja,<br />

há uma busca positiva de transição de um modelo autoritário para um modelo<br />

“comunitário”, apesar das claras diferenças de ritmo, segundo se trata de cada<br />

nível do sistema federativo brasileiro.<br />

Considerando-se que nossas democracias são jovens democracias, que os<br />

sistemas partidários apenas começam a adquirir traços mais modernos e<br />

universais, que a governança dos entes federativos é distribuída pelos eleitores<br />

a diferentes partidos, nem sempre convergentes, parece fundamental buscar um<br />

consenso básico sobre os valores que orientarão os objetivos estratégicos em<br />

defesa, segurança interna e segurança pública do cidadão.<br />

É, portanto, prudente não buscar resultados muito imediatos, é<br />

recomendável muito realismo e até prazos de uma geração para a resolução<br />

adequada de determinados problemas, pois estamos abordando a necessidade<br />

de mudanças no próprio paradigma cultural das instituições envolvidas e dos<br />

respectivos Estados nacionais.<br />

Por outro lado, as iniciativas pluri-institucionais de cooperação na área da<br />

segurança pública podem ser consideradas como laboratórios de inovações,<br />

percepções antecipadas de seus possíveis impactos, desde que se saiba também<br />

que soluções adotadas em um país não implicam sua adoção em outro, cujas<br />

14<br />

Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(edição especial), 2006

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