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Edição Especial - Faap

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Essas iniciativas podem se situar primeiramente nos campos do ensino e<br />

pesquisa em segurança pública, envolvendo instituições acadêmicas, instituições de<br />

ensino das polícias e do Poder Judiciário e instituições empresariais. É necessário<br />

entender melhor a lógica profunda dos sistemas de polícia, sua evolução e forma<br />

de adaptação a novos desafios, a influência do meio social, institucional e<br />

geográfico, a relação específica entre Estado e cidadãos (Erbès, 1993).<br />

No caso brasileiro é urgente a busca mais acelerada de estudos e reflexões<br />

voltadas para o aperfeiçoamento de nossa estrutura federativa e democrática e das<br />

respectivas políticas públicas das unidades da Federação, ou seja, municípios,<br />

estados e União. Assim, quando se fala especificamente do aperfeiçoamento do<br />

sistema de segurança pública, é de antemão prudente ter-se clareza da<br />

complexidade extraordinária desse processo, pois ele pode envolver as relações<br />

entre Executivo, Legislativo e Judiciário, e seus diferentes ritmos e interesses, em<br />

todas as dimensões do ente federativo. Explicita-se, assim, a importância do<br />

desenvolvimento de uma estratégia sistêmica de federalismo democrático<br />

cooperativo para ambos os países.<br />

<strong>Especial</strong>istas franceses como Monjardet e Bonnet (1993) dão em seus<br />

trabalhos algumas pistas que já estamos percebendo e seguindo, como ilustram<br />

algumas mudanças mais recentes na área da segurança pública no estado de São<br />

Paulo. Monjardet, há doze anos, analisando o sistema francês de segurança<br />

interna ou segurança pública e comparando-o com outros, chamou a atenção<br />

para a similaridade de práticas policiais nos diferentes sistemas, ou seja, o ato de<br />

policiar não é sensivelmente diferente nas democracias ocidentais.<br />

Se na tipologia de Loubet Del Bayle (1992) o sistema francês é<br />

considerado autoritário, boas razões teremos para deduzir que também<br />

autoritários o seriam os sistemas de segurança pública tanto argentino como<br />

brasileiro, decorrentes de nossa tradição histórica de pouca democracia. Em<br />

realidade é sempre salutar se questionar a própria pertinência de “modelos”,<br />

como faz Monjardet, pois não é tão simples avaliar as diferenças de eficácia nas<br />

respectivas estruturas, qual o seu significado e quem se engana nas diferenças.<br />

Devem ser consideradas múltiplas dimensões, a começar pela função ou<br />

emprego da força policial: se polícia da ordem pública (prevenção e<br />

policiamento ostensivo), se polícia criminal ou judiciária, voltada para a<br />

investigação, se serviço público de segurança do tráfico urbano etc. No Brasil<br />

poderíamos fazer uma lista mais longa de funções e também destacar, como no<br />

caso francês, a presença de questões e problemas ligados às rivalidades<br />

funcionais, comuns segundo parece a todas as polícias.<br />

Em todas as corporações policiais existem diferenças na hierarquia e nos<br />

sistemas de hierarquização, por si só um problema fundamental para a auto-<br />

-estima e dignidade do profissional. As culturas respectivas são diferenciadas e<br />

a relação com a lei pode estabelecer polaridades opostas: eficácia contra a lei e<br />

eficácia dentro da lei, e nos remeter à própria eficácia da estrutura legal.<br />

Monjardet aponta também a importância fundamental da relação com a<br />

sociedade: tipo de responsabilidade e controle reconhecidos como legítimos, os<br />

valores ou a própria deontologia profissional.<br />

O mundo da segurança no diálogo argentino-brasileiro..., Braz de Araujo, p. 7-16<br />

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