Edição Especial - Faap
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materialismo excessivo, indiferença ao heroísmo, à espiritualidade e à tradição.<br />
Argentina e Brasil evoluíram e também fizeram involuções, pois tem<br />
faltado ainda às nossas elites melhor clareza e coesão em cenário de tantas<br />
incertezas. É como se estivéssemos o tempo todo a apagar incêndios, sem<br />
tempo para os momentos de escolhas fundamentais para nosso melhor futuro.<br />
Diante das limitações de espaço, gostaria de dar ênfase às questões<br />
relacionadas com a segurança interna e/ou segurança pública, pois aquelas<br />
relacionadas com as potencialidades econômicas no âmbito da defesa já<br />
parecem mais claras para os atores mais relevantes e parecem se consolidar pelo<br />
caminho da seda, ou seja, iniciativas industriais conjuntas sustentáveis e<br />
competitivas no âmbito pelo menos regional.<br />
Fica evidente a urgência de leque de opções cooperativas entre os dois<br />
países nas tecnologias a serem conjuntamente exploradas, inclusive aquelas<br />
voltadas para maximizar nosso potencial de segurança em um ambiente<br />
multilateral cooperativo.<br />
Assim, se as medidas de confiança mútua entre os militares dos dois países<br />
foram e continuam sendo vitais como uma alavanca e o desenvolvimento futuro<br />
da amizade entre os dois países centrais do Mercosul, o mesmo se pode sugerir<br />
para as questões relacionadas com a segurança interna e/ou segurança pública.<br />
Isso é tanto mais verdade após o 11 de setembro de 2001, pois as questões<br />
relacionadas com as novas formas de criminalidade organizada e o próprio<br />
terrorismo estão exigindo em todo o mundo novas análises, novas decisões<br />
sobre o novo paradigma de cooperação para a garantia da lei, da ordem e da<br />
justiça em sociedades democráticas. Recente trabalho de A. K. Cronin e J. M.<br />
Ludes (2004) ilustra questões relevantes sobre estratégia neste novo contexto.<br />
Além das implicações e políticas para a diplomacia, a inteligência, as leis no<br />
Estado de Direito democrático e as leis de guerra em direito internacional, as<br />
forças militares, a psicologia aplicada e ajuda externa, os autores destacam os<br />
novos desafios para a segurança interna.<br />
Torna-se assim necessário propiciar um novo e melhor ambiente para<br />
acentuar a busca de medidas comuns em matéria de cooperação judiciária,<br />
policial, alfandegária. Quais seriam os meios mais adequados para a livre<br />
circulação de pessoas sem melhores discussões sobre políticas educacionais, de<br />
saúde, de ciência e tecnologia, de imigração, de asilo e demais políticas<br />
pertinentes restritas às respectivas soberanias nacionais?<br />
Na área vital da segurança pública é cada vez mais necessário aprofundar os<br />
estudos das respectivas culturas policiais e judiciárias no âmbito do Mercosul,<br />
aprender com as experiências européias, sobretudo italianas, espanholas e<br />
portuguesas mais recentes, e buscar melhor definir o que os europeus denominam<br />
“espaço de liberdade, de segurança e de justiça”, indispensável para o<br />
aperfeiçoamento das nossas e das demais democracias do mundo contemporâneo.<br />
Em face das dificuldades presentes, algumas iniciativas importantes podem ser<br />
tomadas para se trilhar mais rapidamente o caminho normal da cooperação, ou da<br />
segurança cooperativa ou, como prefiro denominar, segurança cooperativa<br />
inclusiva no âmbito da América do Sul. (Araujo, 2001; Rudzit, 2003)<br />
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Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(edição especial), 2006