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Ano 10, Vol. 10, Número 10 - 2010 - EDIÇÃO ESPECIAL - Instituto ...

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ISSN 1677-1419<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong>, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>, <strong>Número</strong> <strong>10</strong> - 20<strong>10</strong> - <strong>EDIÇÃO</strong> <strong>ESPECIAL</strong>


IBDH<br />

Revista do<br />

<strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direitos Humanos<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong>, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>, <strong>Número</strong> <strong>10</strong> - 20<strong>10</strong> <strong>EDIÇÃO</strong> <strong>ESPECIAL</strong>


Homenageado especial<br />

Roberto Cuéllar<br />

O conteúdo dos artigos<br />

é de inteira responsabilidade<br />

dos autores.<br />

Permite-se a reprodução parcial<br />

ou total dos artigos aqui<br />

publicados desde que seja<br />

mencionada a fonte.<br />

Distribuição:<br />

<strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direitos<br />

Humanos<br />

Rua José Carneiro da Silveira, 15 -<br />

ap. 301. Cocó<br />

CEP: 60192.030<br />

Fortaleza - Ceará - Brasil<br />

Telefone: +55 85 3234.32.92<br />

http://www.ibdh.org.br<br />

E-mail: cesarbl@matrix.com.br<br />

A Revista do<br />

nstituto rasileiro de ireitos umanos<br />

I B D H<br />

é uma publicação anual do IBDH.<br />

IBDH<br />

I B D H<br />

nstituto rasileiro de ireitos umanos<br />

Organizadores:<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

César Oliveira de Barros Leal<br />

Conselho Editorial<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

César Oliveira de Barros Leal<br />

Paulo Bonavides<br />

Washington Peluso Albino de Souza<br />

Alexsandra de Lima<br />

Antônio Álvares da Silva<br />

Antônio Celso Alves Pereira<br />

Antônio Otávio Sá Ricarte<br />

Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros<br />

Arnaldo Oliveira<br />

Carlos Weis<br />

Dimas Macedo<br />

Emília Segares<br />

Emmanuel Teófilo Furtado<br />

Gerardo Caetano<br />

Gonzalo Elizondo Breedy<br />

Hélio Bicudo<br />

Hermes Vilchez Guerrero<br />

Juan Carlos Murillo<br />

Julieta Morales Sánchez<br />

Manuel E. Ventura-Robles<br />

Margarida Genevois<br />

Maria Glaucíria Mota Brasil<br />

Néstor José Méndez González<br />

Pablo Saavedra Alessandri<br />

Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

Roberto Cuéllar<br />

Ruperto Patiño Manffer<br />

Sílvia Maria da Silva Loureiro<br />

Theresa Rachel Couto Correia<br />

Projeto Gráfico/Capa<br />

Nilo Alves Júnior<br />

Diagramação<br />

Franciana Pequeno<br />

Revista do<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong>, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>, <strong>Número</strong> <strong>10</strong> - 20<strong>10</strong> <strong>EDIÇÃO</strong> <strong>ESPECIAL</strong><br />

Revista do <strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direitos Humanos.<br />

V. <strong>10</strong>, N. <strong>10</strong> - Edição Especial (20<strong>10</strong>). Fortaleza, Ceará.<br />

<strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direitos Humanos, 20<strong>10</strong>.<br />

Anual.<br />

1. Direitos Humanos - Periódicos. I. Brasil.<br />

<strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direitos Humanos.<br />

CDU


ISSN 1677-1419<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong>, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>, <strong>Número</strong> <strong>10</strong> - 20<strong>10</strong> - <strong>EDIÇÃO</strong> <strong>ESPECIAL</strong><br />

S u m á r i o<br />

<strong>Ano</strong> <strong>10</strong>, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>, <strong>Número</strong> <strong>10</strong> - 20<strong>10</strong> <strong>EDIÇÃO</strong> <strong>ESPECIAL</strong><br />

Conselho Consultivo............................................................................... 05<br />

Apresentação............................................................................................09<br />

I - La Recta Ratio dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit<br />

International de L'humanité<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade.......................................................11<br />

II- Doscientos Años de Violación de los Derechos Humanos en las Prisiones<br />

de México<br />

Antonio Sánchez Galindo.......................................................................27<br />

III- Address to the Managua Meeting of International and Regional Courts<br />

of Justice of the World (2007)<br />

Awn Al-Khasaneh ..................................................................................37<br />

IV- La Justicia Restaurativa: Una Visión Global y su Aplicación<br />

en las Cárceles<br />

César Barros Leal....................................................................................45<br />

V- Recent Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights -<br />

Is the Universal Declaration of Human Rights Obsolete?<br />

Dean Spielmann.....................................................................................53<br />

VI- El Derecho Humano a la Paz<br />

Emilio José García Mercader..................................................................................................................................................65<br />

VII-Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

Emma Mendoza Bremauntz....................................................................................................................................................73<br />

VIII-A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988<br />

Filomeno Moraes....................................................................................................................................................................87<br />

IX- Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadanía y Nuevas Democracias en América Latina<br />

Gerardo Caetano...................................................................................................................................................................<strong>10</strong>1<br />

X- Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Jaime Ruiz de Santiago.........................................................................................................................................................121<br />

XI- Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

Joana Abrisketa.....................................................................................................................................................................149<br />

XII-De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

Juan Pablo Ferreira Gomes....................................................................................................................................................169<br />

XIII-Violaciones Graves de Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho:<br />

El Caso de la Desaparición Forzada<br />

Julieta Morales Sánchez. .....................................................................................................................................................183<br />

XIV-La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género: Principales Logros y Hallazgos<br />

Julissa Mantilla Falcón........................................................................................................................................................195<br />

XV-Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

Lilly G. Ching-Soto................................................................................................................................................................219<br />

XVI-The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

Nicole Vreeman...................................................................................................................................................................241<br />

XVII-Exclusión y Conocimiento Social: La Dignidad de los Excluidos<br />

Raquel Sosa Elízaga............................................................................................................................................................259


XVIII-Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

Renato Zerbini Ribeiro Leão.........................................................................................................................................265<br />

XIX-Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos - Educación en Derechos Humanos<br />

(San José, Costa Rica)<br />

Roberto Cuéllar.................................................................................................................................................................281<br />

XX-Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y México y los Derechos Humanos de los Migrantes<br />

Rodolfo Casillas R. ..............................................................................................................................................................293<br />

XXI-Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva.....................................................................................305<br />

XXII-The Scope of Reparations in the Case-Law of the Inter-American Court of Human Rights<br />

Vinícius Fox Drummond Cançado Trindade..................................................................................................................323<br />

ANEXOS..............................................................................................................................................................................339<br />

XXIII-Address to the U.N. Human Rights Committee on the Occasion of the Commemoration of its <strong>10</strong>0th session<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade...............................................................................................................................341<br />

XXIV-Convenio General de Colaboración que Celebran por una Parte el Centro Jurídico Universitario, Representado<br />

por su Rectora, Dra. Ruth Villanueva Castilleja y por la Otra, el <strong>Instituto</strong> Brasileño de Derechos Humanos,<br />

Representado por su Presidente, Dr. César Barros Leal....................................................................................................347<br />

XXV- Pacto Interamericano por la Educación en Derechos Humanos........................................................................................351<br />

XXVI- Présentation de L’ Ouvrage Intitulé “International Law for Humankind: Towards a New Jus Gentium”<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade.............................................................................................................................355<br />

Conselho Editorial................................................................................................................................................................ 357


I SSN 1677 - 1419<br />

9 7 7 1 6 7 7 1 4 1 0 0 6<br />

Apoio:<br />

IBDH


CONSELHO CONSULTIVO DO IBDH<br />

• Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra)<br />

Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular<br />

da Universidade de Brasília e do <strong>Instituto</strong> Rio Branco; Juiz e ex-Presidente da<br />

Corte Interamericana de Direitos Humanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério<br />

das Relações Exteriores do Brasil; Membro do Conselho Diretor do <strong>Instituto</strong><br />

Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) e da Assembléia Geral do<br />

<strong>Instituto</strong> Interamericano de Direitos Humanos; Membro Titular do “Institut de<br />

Droit International” e Juiz da Corte Internacional de Justiça (Haia).<br />

• César Oliveira de Barros Leal (Presidente)<br />

Pós-doutor em Estudos Latino-americanos (Faculdade de Ciências Políticas e<br />

Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México); Doutor em Direito com<br />

menção honorífica pela UNAM; Mestre em Direito pela Universidade Federal do<br />

Ceará; Procurador do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de Direito da UFC;<br />

ex-Membro Titular do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;<br />

Membro da Assembléia Geral do <strong>Instituto</strong> Interamericano de Direitos Humanos<br />

e da Academia Brasileira de Direito Criminal; Membro da Academia Cearense de<br />

Letras e da Academia de Ciências Sociais do Ceará.<br />

• Paulo Bonavides (1 o Vice-Presidente)<br />

Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade<br />

Federal do Ceará; Professor Visitante nas Universidades de Colônia (1982),<br />

Tennessee (1984) e Coimbra (1989); Presidente Emérito do <strong>Instituto</strong> Brasileiro<br />

de Direito Constitucional; Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa;<br />

Titular das Medalhas “Rui Barbosa”, da Ordem dos Advogados do Brasil (1996) e<br />

“Teixeira de Freitas”, do <strong>Instituto</strong> dos Advogados Brasileiros (1999).<br />

• Washington Peluso Albino de Souza (2 o Vice-Presidente)<br />

Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais; ex-Diretor e Decano da Faculdade de Direito da Universidade Federal de<br />

Minas Gerais; Presidente da Fundação Brasileira de Direito Econômico.<br />

• Andrew Drzemczewski<br />

Ph. D. (Universidade de Londres); ex-Professor Visitante da Universidade de Londres;<br />

Diretor da Unidade de “Monitoring” do Conselho da Europa; Conferencista em<br />

Universidades de vários países.<br />

• Alexandre Charles Kiss<br />

Ex-Secretário Geral e ex-Vice-Presidente do <strong>Instituto</strong> Internacional de Direitos<br />

Humanos (Estrasburgo); Diretor do Centro de Direito Ambiental da Universidade<br />

de Estrasburgo; Diretor de Pesquisas do “Centre National de la Recherche” (França);<br />

Conferencista em Universidades de vários países.<br />

5


Conselho Consultivo do IBDH<br />

• Antonio Sánchez Galindo<br />

Ex-Diretor do Centro Penitenciário do Estado do México; ex-Diretor Geral de Prevenção<br />

e Readaptação Social do Estado do México; ex-Professor de Direito Penal<br />

da UNAM; Membro da Academia Mexicana de Ciências Penais e da Sociedade<br />

Mexicana de Criminologia; Diretor Técnico do Conselho de Menores da Secretaria<br />

de Segurança Pública do México.<br />

• Celso Albuquerque Mello<br />

Professor Titular de Direito Internacional Público da Pontifícia Universidade Católica<br />

do Estado do Rio de Janeiro; Livre-Docente e Professor de Direito Internacional<br />

Público da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da<br />

Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Juiz do Tribunal Marítimo.<br />

• Christophe Swinarski<br />

Ex-Consultor Jurídico do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV-Genebra);<br />

Delegado do CICV no Extremo Oriente e ex-Delegado do CICV na América<br />

do Sul (Cone Sul); Conferencista em Universidades de vários países.<br />

• Dalmo de Abreu Dallari<br />

Professor da Universidade de São Paulo; ex-Secretário de Negócios Jurídicos da Cidade<br />

de São Paulo; Membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.<br />

• Elio Gómez Grillo<br />

Advogado; Doutor em Direito; Professor Universitário de Criminologia e Direito<br />

Penal em Caracas, Paris e Roma; Fundador do <strong>Instituto</strong> Universitário Nacional de<br />

Estudos Penitenciários (IUNEP) da Venezuela; Presidente da Comissão de Funcionamento<br />

e Reestruturação do Sistema Judiciário da Venezuela; Autor de obras<br />

sobre Criminologia, Direito Penal e Penitenciarismo.<br />

• Fernando Luiz Ximenes Rocha<br />

Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará; Professor da Faculdade<br />

de Direito da Universidade Federal do Ceará; ex-Diretor Geral da Escola Superior<br />

da Magistratura do Ceará; ex-Procurador Geral do Município de Fortaleza; ex-Procurador<br />

do Estado do Ceará; ex-Procurador Geral do Estado do Ceará; ex-Secretário<br />

da Justiça do Estado do Ceará; ex-Secretário do Governo do Estado do Ceará; ex-<br />

-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.<br />

• Fides Angélica de Castro Veloso Mendes Ommati<br />

Advogada; ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Piauí;<br />

Conselheira Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.<br />

• Héctor Fix-Zamudio<br />

Professor Titular e Investigador Emérito do <strong>Instituto</strong> de Pesquisas Jurídicas da Universidade<br />

Nacional Autônoma do México; Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana<br />

de Direitos Humanos; Membro da Subcomissão de Prevenção de Discrimi-<br />

6


Conselho Consultivo do IBDH<br />

nação e Proteção de Minorias das Nações Unidas; Membro do Conselho Diretor do<br />

<strong>Instituto</strong> Interamericano de Direitos Humanos.<br />

• Jaime Ruiz de Santiago<br />

Ex-Professor da Universidade Ibero-americana do México; ex-Encarregado de<br />

Missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)<br />

no Brasil; ex-Delegado do ACNUR em San José – Costa Rica; Conferencista em<br />

Universidades de vários países.<br />

• Jayme Benvenuto Lima Júnior<br />

Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco; Consultor Jurídico<br />

do GAJOP (Recife).<br />

• Jean François Flauss<br />

Secretário Geral do <strong>Instituto</strong> Internacional de Estrasburgo; Professor de Direito<br />

Internacional da Universidade de Lausanne (Suiça).<br />

• Karel Vasak<br />

Ex-Secretário Geral do <strong>Instituto</strong> Internacional de Direitos Humanos; Ex-Consultor<br />

Jurídico da UNESCO.<br />

• Nilzardo Carneiro Leão<br />

Professor da Faculdade de Direito de Recife (Pernambuco); Professor de Direitos<br />

Humanos da Academia de Polícia de Pernambuco; ex-Membro do Conselho<br />

Nacional de Política Criminal e Penitenciária.<br />

• Ruth Villanueva Castilleja<br />

Doutora em Direito pela Universidade Nacional Autônoma do México; Membro do<br />

Sistema Nacional de Investigadores do México; ex-Presidenta do Conselho Federal<br />

de Menores do México.<br />

• Sergio García Ramírez<br />

Investigador no <strong>Instituto</strong> de Investigações Jurídicas e Membro da Junta de Governo<br />

da Universidade Nacional Autônoma do México; ex-Juiz e ex-Presidente da Corte<br />

Interamericana de Direitos Humanos.<br />

• Sheila Lombardi de Kato<br />

Desembargadora do Estado de Mato Grosso; Coordenadora-Geral do Programa<br />

Nacional de Direitos da Mulher.<br />

• Wagner Rocha D’Angelis<br />

Mestre e Doutorando em Direito; Presidente da Associação de Juristas pela<br />

Integração da América Latina; Professor de Direito Internacional Público e Direito<br />

da Integração da Universidade Tuiuti (Paraná).<br />

7


APRESENTAÇÃO*<br />

O <strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direitos Humanos (IBDH) tem a satisfação de dar a público o décimo<br />

número (edição especial) de sua Revista, instrumento pelo qual contribui com periodicidade regular<br />

para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa na área dos direitos humanos, visando à promoção<br />

desses no âmbito da realidade brasileira. No entendimento do IBDH, o ensino e a pesquisa em<br />

direitos humanos giram necessariamente em torno de alguns conceitos básicos. Há que afirmar, de<br />

início, a própria universalidade dos direitos humanos, inerentes que são a todos os seres humanos, e<br />

conseqüentemente superiores e anteriores ao Estado e a todas as formas de organização política. Por<br />

conseguinte, as iniciativas para sua promoção e proteção não se esgotam – não se podem esgotar – na<br />

ação do Estado.<br />

Há que igualmente destacar a interdependência e indivisibilidade de todos os direitos humanos (civis,<br />

políticos, econômicos, sociais e culturais). Ao propugnar por uma visão necessariamente integral de<br />

todos os direitos humanos, o IBDH adverte para a impossibilidade de buscar a realização de uma<br />

categoria de direitos em detrimento de outras. Quando se vislumbra o caso brasileiro, a concepção<br />

integral dos direitos humanos impõe-se com maior vigor, porquanto desde os seus primórdios de<br />

sociedade predatória até o acentuar da crise social agravada nos anos mais recentes, nossa história<br />

tem sido até a atualidade marcada pela exclusão, para largas faixas populacionais, seja dos direitos<br />

civis e políticos, em distintos momentos, seja dos direitos econômicos, sociais e culturais.<br />

A concepção necessariamente integral de todos os direitos humanos se faz presente também na<br />

dimensão temporal, descartando fantasias indemonstráveis como a das gerações de direitos, que têm<br />

prestado um desserviço à evolução da matéria ao projetar uma visão fragmentada ou atomizada no<br />

tempo dos direitos protegidos. Todos os direitos para todos é o único caminho seguro. Não há como<br />

postergar para um amanhã indefinido a realização de determinados direitos humanos. No presente<br />

domínio de proteção impõe-se maior rigor e precisão conceituais, de modo a tratar, como verdadeiros<br />

direitos que são, os direitos humanos em sua totalidade.<br />

Para lograr a eficácia das normas de proteção, há que partir da realidade do quotidiano e reconhecer<br />

a necessidade da contextualização das normas de proteção em cada sociedade humana. Os avanços<br />

logrados nesta área têm-se devido, em grande parte, sobretudo, às pressões da sociedade civil contra<br />

todo tipo de poder arbitrário, somadas ao diálogo com as instituições públicas. A cada meio social está<br />

reservada uma parcela da obra de construção de uma cultura universal de observância dos direitos<br />

humanos.<br />

Os textos, em várias línguas, que compõem este décimo número da Revista do IBDH enfeixam uma<br />

variedade de tópicos atinentes à temática dos direitos humanos. As contribuições enfocam pontos<br />

de extrema relevância como: La Recta Ratio dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit<br />

International de L’humanité; Doscientos Años de Violación de los Derechos Humanos en las Prisiones<br />

de México; Address to the Managua Meeting of International and Regional Courts of Justice of the<br />

World (2007); La Justicia Restaurativa: Una Visión Global y su Aplicación en las Cárceles; Recent<br />

Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights - Is the Universal Declaration of<br />

Human Rights Obsolete?; El Derecho Humano a la Paz; Humanitarismo Penitenciario y Criminología;<br />

A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988;<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadanía y Nuevas Democracias en América Latina;<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo; Los<br />

Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional<br />

9


Apresentação<br />

Colombiana: Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada; De Nuremberg a Haia – Uma<br />

Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais; Violaciones Graves de<br />

Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho: El Caso de la Desaparición<br />

Forzada; La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género: Principales<br />

Logros y Hallazgos; Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the<br />

Jurisprudence on Collective Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects<br />

of their Reparations; The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International<br />

Human Rights Treaties – Who Will Protect my Right to Life?; Exclusión y Conocimiento Social: La<br />

Dignidad de los Excluidos; Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional<br />

Contemporânea; Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos - Educación<br />

en Derechos Humanos (San José, Costa Rica); Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y<br />

México y los Derechos Humanos de los Migrantes; Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional<br />

Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional; The Scope of Reparations in the Case-Law of the Inter-<br />

American Court of Human Rights. Em anexo: Address to the U.N. Human Rights Committee on<br />

the Occasion of the Commemoration of its <strong>10</strong>0th session; Convenio General de Colaboración que<br />

Celebran por una Parte el Centro Jurídico Universitario, Representada por su Rectora, Dra. Ruth<br />

Villanueva Castilleja y por la Otra, el <strong>Instituto</strong> Brasileño de Derechos Humanos, Representado por su<br />

Presidente, Dr. César Barros Leal; Pacto Interamericano por la Educación en Derechos Humanos; e<br />

Présentation de L’ Ouvrage Intitulé “International Law for Humankind: Towards a New Jus Gentium”.<br />

Entende o IBDH que, no presente domínio de proteção, o direito internacional e o direito interno se encontram<br />

em constante interação, em benefício de todos os seres humanos protegidos. Assim sendo, manifesta o<br />

IBDH sua estranheza ante o fato de não se estar dando aplicação cabal ao art. 5°, §2°, da Constituição Federal<br />

Brasileira vigente, de 1988, o que acarreta responsabilidade por omissão. No entendimento do IBDH, por força<br />

do art. 5°, §2°, da Constituição Brasileira, os direitos consagrados nos tratados de direitos humanos em que<br />

o Brasil é Parte incorporam-se ao rol dos direitos constitucionalmente consagrados. Há que os tratar dessa<br />

forma, como preceitua nossa Constituição, para buscar uma vida melhor para todos quantos vivam no Brasil.<br />

Nesse sentido, o IBDH repudia as alterações introduzidas pelo novo art. 5, §3°, da emenda constitucional<br />

n. 45 (promulgada em 08.12.2004), o qual revela inteiro desconhecimento da matéria, da perspectiva do<br />

Direito Internacional dos Direitos Humanos, dando ensejo a todo tipo de incongruências, – inclusive em<br />

relação a tratados de direitos humanos anteriores à referida emenda, – ao sujeitar o status constitucional de<br />

novos tratados de direitos humanos à forma de aprovação parlamentar dos mesmos. Esta bizonha novidade,<br />

sem precedentes e sem paralelos, leva o IBDH a reafirmar, com ainda maior veemência, a autosuficiência e<br />

autoaplicabilidade do art. 5, §2°, da Constituição Federal brasileira.<br />

Como um repositório de pensamento independente e de análise e discussão pluralistas sobre os direitos<br />

humanos, a Revista do IBDH busca o desenvolvimento do ensino e da pesquisa sobre a matéria em nosso<br />

País. Desse modo, na tarefa de consolidação de um paradigma de observância plena dos direitos humanos<br />

em nosso meio, espera o IBDH poder dar sua contribuição à redução do fosso que separa o quotidiano dos<br />

cidadãos brasileiros do ideário embutido na Constituição Federal e consagrado nos tratados internacionais de<br />

proteção dos direitos humanos em que o Brasil é Parte.<br />

* Apresentação padrão dos dez primeiros números.<br />

<strong>10</strong><br />

Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

César Oliveira de Barros Leal


LA RECTA RATIO DANS LES FONDEMENTS<br />

DU JUS GENTIUM COMME DROIT INTERNATIONAL<br />

DE L’HUMANITÉ 1<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

Juge à la Cour Internationale de Justice (La Haye); Ancien Président de la Cour Interaméricaine des Droits de<br />

l´Homme (Costa Rica); Professeur Titulaire de Droit International de l´Université de Brasília; Membre du Curatorium<br />

de l´Académie de Droit International de La Haye, et de l´Institut de Droit International.<br />

I<br />

La recta ratio a, en effet, été définie à partir<br />

des œuvres de ceux qu’on a surnommés aux<br />

XVIe et XVIIe siècles les “fondateurs” du droit international,<br />

comme appartenant aux fondements<br />

mêmes du droit naturel et, pour certains, comme<br />

étant sa propre identification intégrale 2 . La contribution<br />

des “fondateurs” du jus gentium en ce sens<br />

s’est inspirée, en grande partie, de la philosophie<br />

scolastique du droit naturel et, en particulier, de<br />

la conception aristotélique-stoïque-thomiste de la<br />

recta ratio et de la justice, laquelle a conçu l’être<br />

humain comme un être social, rationnel et doté<br />

d’une dignité intrinsèque; la recta ratio étant devenue<br />

indispensable à la survie du droit international<br />

lui-même 3 .<br />

Bien que les racines de la recta ratio remontent<br />

à la pensée des anciens grecs (Platon et Aristote),<br />

Cicéron a été celui qui a formulé sa plus<br />

célèbre caractérisation correspondant à son orthos<br />

logos 4 . Selon ce dernier, la recta ratio prescrit ce<br />

qui est bon et la lex praeceptiva est conforme à la<br />

recta ratio. Les stoïques ont cherché encore plus<br />

en avant – sur le chemin de la vertu éthique – la<br />

pensée aristotélicienne en particulier 5 , selon laquelle<br />

tout ce qui est correct est déterminé par<br />

l’orthos logos, sous de nombreux aspects 6 .<br />

En conformité avec les principes de la recta<br />

ratio, chaque sujet de droit doit se comporter en<br />

faisant preuve de justice, bonne foi et bénévolat.<br />

Ce sont là les principes contraignants qui émanent,<br />

sans nul doute, de la conscience humaine<br />

et confirment la relation inéluctable entre le droit<br />

et l’éthique. Le droit naturel reflète les sentences<br />

de la recta ratio sur lesquelles la justice est fondée.<br />

Cicéron envisageait le droit de la recta ratio<br />

comme doté d’une validité pérenne et suscep-<br />

tible d’interrogation. Sa validité intransgressible<br />

s’étend à toutes les nations, à toutes les époques.<br />

Dans la célèbre synthèse formulée par M.T. Cicéron<br />

dans De Republica,<br />

le droit véritable est la recta ratio en conformité<br />

avec la nature, universellement applicable,<br />

inaltérable et pérenne (…), un droit éternel<br />

et immuable (…) valable pour toutes les<br />

nations, à toutes les époques 7 .<br />

Dans la Rome antique, Cicéron pondérait,<br />

dans son également célèbre De Legibus 8 , qu’il n’y<br />

avait rien “de plus destructible pour les États, rien<br />

de plus contraire à la loi, rien de moins civil et<br />

humain que l’utilisation de la violence dans les<br />

affaires publiques” 9 . Et de nouveau dans son De<br />

Republica <strong>10</strong> , Cicéron rajoutait que rien n’était<br />

“plus destructeur pour un État” et “aussi contraire<br />

à la justice et au droit” que le recours à “la force<br />

au travers d’une mesure de violence” dans un pays<br />

qui a “une constitution établie” 11<br />

II<br />

Le jus gentium classique du droit romain 12 ,<br />

en transcendant avec le temps ses origines de droit<br />

privé, s’est complètement transformé lorsqu’il<br />

s’est associé au droit des gens émergent 13 , – auquel<br />

ont contribué les écrits de ceux qu’on appelle les<br />

“fondateurs” de ce dernier, particulièrement ceux<br />

de F. Vitoria, F. Suárez, A. Gentili, H. Grotius, C.<br />

Bynkershoek, S. Pufendorf et C. Wolff, entre autres.<br />

À partir des XVIe et XVIIe siècles, le nouveau<br />

jus gentium a été associé à l’humanité elle-même,<br />

décidé à assurer son unité et la satisfaction de ses<br />

besoins et de ses aspirations 14 , en conformité avec<br />

une conception essentiellement universaliste (en<br />

plus de pluraliste) 15 .<br />

11


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

Le jus communicationis de F. Vitoria, par<br />

exemple, a été conçu comme un droit pour tous les<br />

êtres humains. Ainsi, aux XVIe et XVIIe siècles,<br />

pour F. Vitoria et F. Suárez, l’État n’était pas un sujet<br />

exclusif du droit des gens, qui incluait en plus<br />

les villes et les individus. En plus, au XVIIe siècle,<br />

H. Grotius a pris en compte l’humanité en premier<br />

lieu et les États, à peine, en second lieu 16 . En<br />

visualisant l’ordre juridique international comme<br />

nécessaire et non pas volontaire, ce dernier a eu<br />

recours à la recta ratio pour assoir sa position.<br />

Depuis lors, le perfectionnement du jus gentium<br />

a été admis dans la mesure où le sentiment<br />

ou la notion d’une humanité commune à tous<br />

s’est développé dans toutes les nations. Les racines<br />

de ce qui s’annonçait comme le droit commun<br />

de l’humanité pouvaient être identifiées à travers<br />

l’évolution considérable du jus gentium. En vérité,<br />

bien avant les “fondateurs” du droit international,<br />

au XIIIe siècle, Thomas d’Aquin (1225-1274)<br />

avait déjà considéré le concept de jus gentium<br />

dans sa Summa Theologiae. Selon lui, le jus gentium<br />

n’avait pas besoin de l’autorité du législateur<br />

une fois qu’il était appréhendé par la propre raison<br />

naturelle (étant, de cette façon, plus parfait que le<br />

droit positif), révélant, ainsi, une conscience de la<br />

dimension temporelle et se réinvestissant d’une<br />

validité universelle. 17<br />

Pour Thomas d’Aquin, le droit ne devrait pas<br />

favoriser certains ou ne bénéficier qu’à quelques<br />

intérêts, mais devrait, au contraire, contribuer<br />

à la réalisation du bien commun au bénéfice ultime<br />

de tous les êtres humains – car s’il en était<br />

autrement, il serait injuste 18 . Dans sa correcte acceptation,<br />

c’est la propre recta ratio qui révèle que<br />

“le bien commun est meilleur” que le bien de l’un<br />

ou de l’autre individuellement 19 . Les préceptes du<br />

jus gentium dans la vision de Thomas d’Aquin,<br />

étaient universellement valides et satisfaisaient<br />

aux besoins naturels de la vie humaine; ils reflétaient<br />

une sorte d’auto-compréhension humaine<br />

fondamentalement distincte de son successeur, le<br />

jus inter gentes 20 (expression utilisée par F. Suárez).<br />

Tant que le droit naturel était identifiable<br />

par la recta ratio 21 comme un “droit supérieur”<br />

d’application universelle, le droit positif, d’un autre<br />

côté, était promulgué par des autorités publiques<br />

différentes pour des communautés différentes<br />

(présumées en recherche du bien commun),<br />

devenant la raison asservie à la “volonté”; pour<br />

Thomas d’Aquin, la synderesis dénotait une forme<br />

de connaissance ou de disposition de la raison<br />

à adhérer à des principes gérés lors de la recherche<br />

du bien commun. 22 Le jus gentium se proposait de<br />

règlementer les relations humaines sur une base<br />

12<br />

éthique, formant une espèce de “raison commune<br />

à toutes les nations” à la recherche de la réalisation<br />

du bien commun 23 .<br />

La recta ratio a effectivement doté le jus<br />

gentium, dans son évolution historique, de fondements<br />

éthiques et lui a octroyé un caractère<br />

universel, en devenant un droit commun à tous<br />

et émanant, en ultime analyse, de la conscience<br />

juridique universelle (sa source matérielle par excellence).<br />

Cicéron, inspiré, comme on l’a vu, par<br />

la pensée des anciens grecs, a laissé un précieux<br />

héritage à F. Vitoria, F. Suárez, H. Grotius et à<br />

d’autres, en situant la recta ratio dans les fondements<br />

du jus gentium lui-même.<br />

Au XVIe siècle, l’œuvre célèbre de F. de Vitoria<br />

avançait la notion de prévalence de l’État<br />

de droit; dans ses Relecciones Teológicas (1538-<br />

1539), il a pondéré que l’ordre juridique oblige à<br />

tous – gouvernants et gouvernés – et, dans cette<br />

même ligne de pensée, il a soutenu que la communauté<br />

internationale (totius orbis) prime sur<br />

l’arbitre de chaque État individuel 24 . Dans sa conception,<br />

le droit des gens règlemente une communauté<br />

internationale constituée d’êtres humains<br />

socialement organisés en États et coextensive de<br />

la propre humanité. La réparation des violations<br />

des droits de l’homme reflète une nécessité internationale<br />

à laquelle répond le droit des gens avec<br />

les mêmes principes de justice appliqués, conformément<br />

à la recta ratio, aux États comme aux individus<br />

ou peuples qui les forment. 25<br />

Dans un monde marqué par la diversité (des<br />

peuples et des cultures) et par le pluralisme (des<br />

idées et des cosmovisions), le nouveau jus gentium<br />

– qui était définit par Francisco de Vitoria<br />

lui-même comme quod naturalis ratio inter omnes<br />

gentes constituit, vocatur jus gentium – assurait<br />

l’unité de la societas gentium. Ce dernier<br />

ne pouvait dériver de la “volonté” de ses sujets de<br />

droit (au milieu desquels commençaient à apparaitre<br />

les États nationaux), il était plutôt fondé sur<br />

une lex praeceptiva appréhendée par la raison humaine.<br />

D’après la vision de Vitoria, le jus gentium<br />

s’appliquait à tous les peuples et êtres humains<br />

(même sans le consentement de ses destinataires)<br />

et la societas gentium était “l’expression de<br />

l’unité fondamentale de l’humanité”. 26 À partir de<br />

cette unité de l’humanité, il pouvait en découler<br />

que le jus gentium fournissait le fondement juridique<br />

(issu d’une lex praeceptiva du droit naturel)<br />

pour le totius orbis, susceptible d’être découvert<br />

par la raison humaine, la recta ratio étant inhérente<br />

à l’humanité. 27 La voie était ainsi ouverte<br />

à l’appréhension d’un véritable jus necessarium,


transcendant les limitations du jus voluntarium. 28<br />

Antérieurement, dans son De Lege, Vitoria a soutenu<br />

la nécessité pour tout droit de rechercher le<br />

bien commun avant tout, en ajoutant que le droit<br />

naturel se trouve non pas dans la volonté, mais<br />

bien dans la recta ratio. 29 Plus de quatre siècles<br />

et demi après, son message reste encore d’une remarquable<br />

actualité.<br />

C’est ainsi qu’a émergé de l’œuvre de Vitoria<br />

– et en particulier de son Relectio De Indis<br />

Prior – le concept du jus gentium entièrement<br />

émancipé de son origine de droit privé (dans le<br />

droit romain), universel et embué d’une vision<br />

humaniste, respectueuse des libertés des nations<br />

et des individus. Le jus gentium universel de Vitoria,<br />

fondé sur les principes du droit naturel et de<br />

la recta ratio, règlementait les relations entre les<br />

peuples en respectant leurs droits, les territoires<br />

sur lesquels ils vivaient, leurs contacts et la liberté<br />

de mouvement (jus communicationis). En faisant<br />

écho à la vision universaliste du droit des gens, A.<br />

Gentili (l’auteur de De Jure Belli, 1958) soutenait,<br />

à la fin du XVIe siècle, que le droit règlemente<br />

les relations entre les membres de la societas gentium<br />

universelle 30 .<br />

Au XVIIe siècle, dans la vision de F. Suárez<br />

(l’auteur du traité De Legibus ac Deo Legislatore,<br />

1612), le droit des gens révèle l’unité et<br />

l’universalité du genre humain; les États ont besoin<br />

d’un système juridique qui réglemente leurs<br />

relations en tant que membres de la société universelle.<br />

31 Dans son œuvre également consacrée,<br />

F. Suárez maintenait que le jus gentium – qui<br />

transcendait de beaucoup le jus civile et le droit<br />

privé – est constitué par les us et coutumes communs<br />

à l’humanité, étant adapté par la raison naturelle<br />

à toute l’humanité en tant que droit universel.<br />

32 Dans la vision de Suárez, les préceptes du<br />

jus gentium se retrouvent emplis d’équité et de<br />

justice, et le jus gentium est représenté en totale<br />

harmonie avec le droit naturel, d’où ses normes<br />

sont issues, révélant l’un et l’autre un même caractère<br />

vraiment universel. 33<br />

La contribution de l’école théologique espagnole<br />

à la formation et à la consolidation du jus<br />

gentium est incontestable. Si, d’un côté, Vitoria<br />

a cherché à adapter la pensée thomiste à la réalité<br />

historique du XVIe siècle, de l’autre, Suárez<br />

a présenté une formulation du sujet qui a ouvert<br />

la voie à l’œuvre de Grotius. L’un et l’autre, Vitoria<br />

et Suárez, ont construit les bases d’un droit<br />

d’application universelle (commune omnibus<br />

gentibus) d’un droit pour toute l’humanité. 34<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

III<br />

Le concept du jus gentium de H. Grotius –<br />

développé surtout dans son De Jure Belli ac Pacis<br />

(1625) – a toujours été attentif au rôle de la<br />

société civile. Pour Grotius, l’État n’est pas une<br />

fin en soi, mais un moyen d’assurer l’ordre social<br />

conforme à l’intelligence humaine, de façon<br />

à parfaire la “société commune qui regroupe toute<br />

l’humanité”. 5 . Les sujets ont des droits vis-à vis de<br />

l’État souverain, lequel ne peut exiger l’obéissance<br />

absolue (impératif du bien commun) de ses citoyens.<br />

Ainsi, dans la vision de Grotius, la raison<br />

d’État a ses limites et le concept absolu de cette<br />

dernière s’applique aux relations tant au niveau<br />

international qu’au niveau interne de l’État. 36<br />

Dans la pensée grotienne, toute norme juridique<br />

– qu’elle soit de droit interne ou du droit des<br />

gens – crée des droits et des obligations pour les<br />

personnes auxquelles elle s’adresse. Au milieu du<br />

XVIIe siècle, l’œuvre précurseur de Grotius admet<br />

déjà la possibilité de la protection internationale<br />

des droits de l’homme contre l’État lui-même. 37<br />

Il faut, donc, toujours avoir à l’esprit le véritable<br />

legs de la tradition grotienne du droit international.<br />

La communauté internationale ne peut prétendre<br />

être fondée sur la voluntas de chaque État<br />

de façon individuelle.<br />

Devant la nécessité historique de régir les relations<br />

des États émergents, Grotius maintenait<br />

que les relations internationales étaient sujettes à<br />

des normes juridiques et non à la “raison d’État”,<br />

laquelle est incompatible avec l’existence même<br />

de la communauté internationale, cette dernière<br />

ne pouvant se passer du Droit. 38 L’être humain et<br />

son bien-être occupent une position centrale dans<br />

le système des relations internationales. 39<br />

Dans cette ligne de pensée, Samuel Pufendorf<br />

(l’auteur de De Jure Naturae et Gentium, 1672)<br />

affirmait également “l’assujettissement du législateur<br />

à la plus grande loi de la nature humaine et<br />

de la raison”, 40 et identifiait le droit naturel à proprement<br />

dit comme la recta ratio. 41 De son côté,<br />

Christian Wolff (l’auteur de Jus Gentium Methodo<br />

Scientifica Pertractatum, 1749) pondérait que,<br />

comme les individus qui doivent promouvoir le<br />

bien commun dans leur association avec l’État, ce<br />

dernier a, à son tour, le devoir corrélatif de chercher<br />

la perfection. 42<br />

IV<br />

Malheureusement, les réflexions et les visions<br />

de ceux que l’on surnomme les fondateurs<br />

du droit international (notamment les écrits des<br />

13


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

théologiens espagnols et l’œuvre grotienne), qui<br />

le concevaient comme un système véritablement<br />

universel, 43 ont été supplantées par l’émergence<br />

du positivisme juridique, qui a personnifié l’État<br />

en le dotant d’une volonté propre, en réduisant<br />

les droits des êtres humains à ceux que l’État<br />

leur “permettait” d’avoir. Le consentement ou<br />

la volonté des États (le positivisme volontariste)<br />

est devenu le critère prédominant en droit international,<br />

niant le jus standi aux individus, aux<br />

êtres humains. 44 Cela a engendré des difficultés<br />

de compréhension de la part de la communauté<br />

internationale et a affaibli le droit international<br />

lui-même, en le réduisant à un droit strictement<br />

interétatique, pas au-dessus, mais entre États<br />

souverains. 45 Les conséquences désastreuses de<br />

cette distorsion sont très connues.<br />

La personnification de l’État tout-puissant,<br />

inspirée de la philosophie du droit de Hegel, a eu<br />

une influence néfaste sur l’évolution du droit international<br />

à la fin du XIXe siècle et au cours des<br />

premières décennies du XXe siècle. Ce courant<br />

doctrinaire a résisté de toutes ses forces à l’idéal<br />

d’émancipation de l’être humain par rapport à<br />

la tutelle absolue de l’État et à la reconnaissance<br />

de l’individu comme sujet de droit international.<br />

L’idée d’une souveraineté étatique absolue (à laquelle<br />

s’est identifié le positivisme juridique, inéluctablement<br />

soumise au pouvoir), qui a conduit<br />

à l’irresponsabilité et à la prétendue omnipotence<br />

de l’État, n’ayant pas empêché les atrocités successives<br />

que ce dernier a commises contre les<br />

êtres humains, s’est révélée totalement caduque<br />

avec le temps.<br />

Depuis H. Grotius – pour qui le jus gentium<br />

était nécessaire et non volontaire, fondé sur la recta<br />

ratio 46 – jusqu’à nos jours, la tradition jusnaturaliste<br />

du droit international n’a jamais disparu 47 ;<br />

elle a survécu à toutes les crises qu’il a enduré et<br />

a toujours été présente dans la doctrine jusinternationaliste<br />

plus lucide, qui témoigne souvent de<br />

sa perpétuelle renaissance en tant que réaction<br />

humaine aux atrocités successives commises<br />

contre l’être humain, qui, malheureusement, ont<br />

dû compter, par ailleurs, avec la soumission et la<br />

lâcheté du positivisme juridique.<br />

On pourrait argumenter que le monde contemporain<br />

est entièrement différent de celui de<br />

l’époque de ceux qu’on a surnommés les fondateurs<br />

du droit international, qui défendaient une<br />

civitas maxima régie par le droit des gens. Même<br />

s’il s’agit de deux scénarios mondiaux différents<br />

(personne ne dirait le contraire), on ne peut nier<br />

que l’aspiration humaine demeure identique, à savoir<br />

celle de la construction d’un ordre internatio-<br />

14<br />

nal applicable tant aux États (et aux organisations<br />

internationales) comme aux individus, selon certains<br />

modèles universels de justice. 48<br />

Sous l’influence de la pensée de Francisco<br />

de Vitoria, on a toujours identifié une “renaissance”<br />

continue du droit naturel, bien que ce dernier<br />

n’ait jamais totalement disparu. Cela est dû au<br />

conservatisme et à la dégénérescence du positivisme<br />

juridique, inhérent au statu quo et doté d’une<br />

typique allégeance au pouvoir (même sous les régimes<br />

autoritaires, dictatoriaux et totalitaires). Il<br />

ne s’agit plus d’un retour au droit naturel classique<br />

mais de l’affirmation ou de la restauration<br />

d’un modèle de justice à travers lequel on évalue<br />

le droit positif. 49<br />

La “renaissance” continue du droit naturel<br />

renforce le caractère universel des droits de<br />

l’homme, par là même inhérents à tous les êtres<br />

humains - en opposition aux normes positives qui<br />

manquent d’universalité, parce que variant d’un<br />

milieu social à un autre; d’où l’importance de la<br />

personnalité juridique du titulaire de droits, 50<br />

même comme limite aux manifestations arbitraires<br />

du pouvoir étatique. La pensée de Francisco<br />

de Vitoria se projette dans la reconstruction<br />

du droit international à partir de la seconde<br />

moitié du XXe siècle, à travers la reconnaissance<br />

de l’importance de ses principes fondamentaux, 51<br />

se présentant de plus comme un précurseur de<br />

l’émergence et de l’évolution considérable du<br />

droit international des droits de l’homme dans<br />

ces six dernières décennies. 52<br />

“L’éternel retour” du jusnaturalisme à été reconnu<br />

par les jusinternationalistes eux-mêmes 53 ,<br />

contribuant ainsi beaucoup à l’affirmation et à la<br />

consolidation du primat dans l’ordre des valeurs,<br />

des obligations étatiques en matière de droits de<br />

l’homme, vis-à-vis de la communauté internationale<br />

en tant que tout. 54 Cette dernière, témoignant<br />

de la moralisation du droit lui-même, assume la<br />

revendication des intérêts communs supérieurs. 55<br />

V<br />

En ce début du XXIe siècle, sauver l’héritage<br />

du jus gentium en évolution – comme je me propose<br />

de le faire depuis des années 56 – équivaut à<br />

soutenir la conception universaliste du droit international,<br />

orientée vers le monde dans lequel<br />

nous vivons. C’est là le grand défi auquel je fais<br />

face depuis quelques semaines, en administrant<br />

mon Cours général de droit international public<br />

à l’Académie de Droit International de La Haye<br />

(du 25 juillet au 12 août 2005) qui a pour titre<br />

“Le droit international pour l’humanité – vers un


nouveau jus gentium”. 57 C’est là un travail qui<br />

me parait crucial de nos jours, dans un monde<br />

dilacéré par les conflits et les disparités, pour que<br />

le droit international devienne capable de répondre<br />

aux besoins et aux aspirations de l’humanité<br />

d’aujourd’hui.<br />

Nous vivons actuellement, plus que dans<br />

une époque de transformations, dans une transformation<br />

d’époque. Les aspirations humaines –<br />

d’un monde plus juste et plus solidaire – restent,<br />

toutefois, les mêmes tout au long des siècles. Le<br />

monde contemporain est certainement différent<br />

de celui des “fondateurs” du droit international,<br />

cependant, il est notoire que l’aspiration des hommes<br />

à l’unité harmonieuse de l’humanité, comme<br />

déjà évoqué, reste identique. D’après mon avis, le<br />

droit international ne peut tout simplement pas<br />

faire abstraction de cette aspiration, puisqu’il est<br />

aujourd’hui appelé à fournir des réponses à des<br />

questions qui se rapportent à l’humanité entière,<br />

58 et que chaque État, individuellement, ne peut<br />

traiter de façon satisfaisante et adéquate.<br />

Dans un monde comme le notre, marqué à<br />

présent par une profonde crise du droit international<br />

qui reflète une crise encore plus profonde<br />

des valeurs, il devient impératif de recourir à la<br />

pensée des “fondateurs” de la discipline. Dans le<br />

monde dans lequel nous vivons, où les apologistes<br />

de l’utilisation de la force (surnommés les “intellectuels”<br />

malheureusement subordonnés aux détenteurs<br />

du pouvoir) qui cherchent à inventer des<br />

“doctrines” bâtardes en oubliant totalement la<br />

souffrance des générations passées et des avancées<br />

difficilement obtenues par le droit international,<br />

semblent croître en nombre malgré leurs<br />

arguments non convaincants – il parait nécessaire<br />

de sauver les enseignements impérissables<br />

des classiques (des anciens grecs, de Cicéron, de<br />

Thomas d’Aquin, de F. Victoria, de F. Suárez, de<br />

H. Grotius, de C. Wolff, entre autres), convergeant<br />

vers un droit international objectif et nécessaire<br />

(et non simplement volontaire comme les<br />

positivistes le prétendirent dans d’autres temps<br />

dans leur habituelle et lamentable allégeance au<br />

pouvoir), qui donne de l’expression aux valeurs<br />

universelles.<br />

Il me parait tout à fait approprié de sauver<br />

ces enseignements classiques pour un droit impersonnel<br />

qui est le même pour tous - malgré les<br />

disparités du pouvoir - qui situe la solidarité au-<br />

-dessus de la souveraineté et qui soumet les différends<br />

au jugement de la recta ratio. La renaissance<br />

de ces enseignements classiques à notre époque<br />

– que je soutiens fermement – lesquels proposaient<br />

de plus une large conception de la person-<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

nalité juridique internationale (y inclus les êtres<br />

humains et l’humanité comme un tout), 59 peut<br />

certainement nous aider à affronter d’une façon<br />

plus adéquate les problèmes auxquels s’oppose le<br />

droit international contemporain, ouvrant la voie<br />

à un nouveau jus gentium du XXIe siècle, le droit<br />

international pour l’humanité.<br />

VI<br />

Comme je me suis permis de le signaler en<br />

2005 dans mon Cours général de droit international<br />

public à l’Académie de Droit International<br />

de La Haye, sur la base de la reconnaissance sans<br />

équivoque qu’aucun État se situe au-dessus du<br />

droit international, nous retournons aux origines<br />

conceptuelles de l’État national et du droit international.<br />

Pour ce qui concerne le premier, il ne<br />

faut pas oublier que l’État a été conçu à l’origine<br />

pour la réalisation du bien commun et qu’il existe<br />

pour l’être humain, et non l’inverse. Quant au<br />

second, il ne faut pas oublier que le droit international<br />

n’était pas à l’origine un droit strictement<br />

interétatique, mais le droit des gens. 60 .<br />

L’État – on le reconnait aujourd’hui – est<br />

responsable de tous ses actes – tant jure gestionis<br />

comme jure imperii – et aussi de toutes ses omissions,<br />

émanant de ses agents ou de ses pouvoirs.<br />

Créé par les être humains eux-mêmes, composé<br />

par eux, il existe pour eux, pour la réalisation du<br />

bien commun. En cas de violation des droits de<br />

l’homme, l’accès direct de l’individu à la juridiction<br />

internationale pour faire valoir ses droits,<br />

même contre l’État, 61 est pleinement justifié.<br />

L’être humain passe à occuper, de nos jours,<br />

une position centrale qui lui correspond en tant<br />

que sujet de droit interne et international, 62 au<br />

milieu du processus d’humanisation du droit international,<br />

qui s’occupe, maintenant, plus directement<br />

de l’identification et de la réalisation<br />

des valeurs et des objectifs communs supérieurs.<br />

La titularisation juridique internationale de l’être<br />

humain étant aujourd’hui une réalité indéniable,<br />

il reste à consolider sa pleine capacité juridique<br />

processuelle sur le plan international. Nous<br />

avons tous le devoir inévitable d’apporter notre<br />

contribution en ce sens et encore plus parce que<br />

la reconnaissance de la centralité des droits de<br />

l’homme correspond au nouveau ethos de notre<br />

temps. L’être humain est incontestablement, en<br />

ultime analyse, le sujet ultime du droit tant au<br />

niveau interne qu’au niveau international. 63<br />

Ceux que l’on surnomme les “fondateurs”<br />

du droit international (notamment les écrits des<br />

théologiens espagnols et l’œuvre grotienne) con-<br />

15


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

cevaient l’ordre juridique international comme<br />

un système véritablement universel. Aujourd’hui,<br />

après l’influence néfaste du positivisme juridique<br />

international qui a personnifié l’État en le dotant<br />

d’une “volonté propre” qui a réduit les droits de<br />

l’homme à ceux que leur “octroyait” l’État - avec<br />

des conséquences désastreuses - est apparue la renaissance<br />

de la conception universaliste du droit<br />

international, 64 conformément aux enseignements<br />

des “fondateurs” de la discipline.<br />

Le nouveau jus gentium du XXIe siècle révèle<br />

le domaine ou le contexte dans lequel s’est<br />

produite la notable évolution à laquelle je viens<br />

de me référer. Ce nouveau jus gentium, reconstruit<br />

sur des bases humanistes, constitue le point<br />

central de ma dernière ligne de considérations.<br />

Dans une plus large optique, nous nous situons,<br />

en effet, au milieu d’un processus historique et<br />

juridiquement révolutionnaire de reconstruction<br />

d’un nouveau paradigme du droit international<br />

public qui transcende clairement son ancienne<br />

dimension, purement interétatique et totalement<br />

dépassée aujourd’hui.<br />

Dans le nouveau jus gentium du XXIe siècle,<br />

l’être humain surgit comme un sujet de droits<br />

émanant directement du droit international, doté<br />

d’une capacité processuelle pour les revendiquer.<br />

Je me permettrais de caractériser cette plus ample<br />

évolution comme celle de la reconstruction<br />

du jus gentium, conformément à la recta ratio,<br />

comme un nouveau et véritable droit universel<br />

de l’humanité. À travers son humanisation et<br />

son universalisation, le droit international contemporain<br />

s’occupe, à présent, plus directement<br />

de l’identification et de la réalisation des valeurs<br />

et des objectifs communs supérieurs qui se réfèrent<br />

à l’humanité comme un tout. 65 Le droit international<br />

des droits de l’homme et le droit des<br />

organisations internationales 66 ont contribué, de<br />

manière décisive, à ce processus historique.<br />

Comme je me suis déjà permis de le signaler<br />

dans mon vote concordant dans l’Avis Consultatif<br />

n° 16 de la Cour Interaméricaine des Droits<br />

de l’Homme sur le “Droit à l’information sur<br />

l’assistance consulaire dans le cadre des garanties<br />

d’une procédure judiciaire régulière” (1999),<br />

16<br />

tout au long des dernières décennies, toute<br />

la jurisprudence internationale en matière<br />

de droits de l’homme a développé, de façon<br />

convergente, une interprétation dynamique<br />

ou évolutive des traités de protection des<br />

droits de l’être humain. (…) L’émergence et<br />

la consolidation elles-mêmes du corpus juris<br />

du droit international des droits de l’homme<br />

sont dues à la réaction de la conscience juridique<br />

universelle devant les abus récurrents<br />

commis envers les êtres humains, fréquemment<br />

homologués par la loi positive : ainsi, le<br />

droit est venu à l’encontre de l’être humain,<br />

ultime destinataire de ses normes de protection<br />

(paragraphes 3-4).<br />

L’importance et l’actualité de cette conception<br />

du jus gentium universel sont illustrées de<br />

façon éloquente dans le récent Avis Consultatif n°<br />

18 du 17 septembre 2003 de la Cour Interaméricaine<br />

des Droits de l’Homme sur “La condition<br />

juridique et les droits des migrants sans papiers”.<br />

Étant donné la gravité du problème en question,<br />

dans cet avis consultatif de transcendance historique,<br />

la Cour interaméricaine a soutenu que<br />

les États se devaient de respecter et d’assurer le<br />

respect des droits de l’homme des migrants à la<br />

lumière du principe de base de l’égalité et de la<br />

non-discrimination. Elle a ajouté que tout traitement<br />

discriminatoire lié aux droits de l’homme<br />

des migrants engendre la responsabilité internationale<br />

des États.<br />

Dans la vision de la Cour Interaméricaine, le<br />

principe fondamental de l’égalité et de la non-discrimination<br />

appartient au domaine du jus cogens.<br />

Le Tribunal interaméricain a ajouté que les États<br />

ne peuvent discriminer ou tolérer des situations<br />

de discrimination au détriment des migrants<br />

(même sans papiers), et doivent garantir la procédure<br />

judiciaire régulière à n’importe quel individu,<br />

indépendamment de son statut migratoire. Ce<br />

dernier – a conclu la Cour dans l’Avis Consultatif<br />

n° 18 de 2003 – ne peut constituer un justificatif<br />

pour priver une personne de la jouissance et<br />

de l’exercice de ses droits, y compris les droits du<br />

travail. Les travailleurs migrants sans papiers ont<br />

les mêmes droits au travail que les autres travailleurs<br />

de l’État qui les emploise, et ce dernier se<br />

doit d’assurer le respect de ces droits dans la pratique.<br />

Enfin, les États ne peuvent subordonner ou<br />

conditionner l’observance du principe de l’égalité<br />

devant la loi et de la non-discrimination aux objectifs<br />

de ses politiques migratoires, entre autres.<br />

Dans mon Opinion Concurrente dans cet<br />

Avis Consultatif historique n° 18 de la Cour, qui a<br />

eu beaucoup de répercussions sur notre continent,<br />

je me suis permis de relier les considérations du<br />

Tribunal interaméricain avec l’héritage des enseignements<br />

de Francisco de Vitoria, à commencer<br />

par la pondération basique de ses acclamées<br />

“Relecciones Teologicas” (1538-1539), dans le<br />

sens où la communauté internationale (totius orbis)<br />

prime sur l’arbitre de chaque État individuel. 67<br />

Le nouveau jus gentium a apporté une réponse


aux nouveaux besoins de l’humanité, ouvrant la<br />

voie, comme on l’a déjà vu, à la conception d’un<br />

droit international universel. 68 Son émergence a<br />

fait prévaloir la croyance selon laquelle il devenait<br />

possible de capter le contenu de ce droit (jus gentium)<br />

par la raison. 69<br />

Comme je l’ai signalé dans mon Opinion<br />

Concurrente, le jus communicationis et la liberté<br />

de mouvement transfrontalier introduits depuis<br />

les XVIe et XVIIe siècles, ont perduré pendant<br />

longtemps et c’est seulement à une époque historiquement<br />

plus récente, au cours de la seconde<br />

moitié du XIXe siècle, lorsque l’ immigration a<br />

définitivement pénétré la sphère du droit interne,<br />

qu’ils ont commencé a souffrir de restrictions<br />

successives et systématiques. 70 De là l’importance<br />

croissante de la prévalence des droits déterminés<br />

comme le droit d’accès à la justice (dans le sens<br />

lato sensu du droit à la réalisation de la justice),<br />

le droit à la vie privée et familiale (y compris<br />

l’unité familiale), le droit de ne pas être soumis à<br />

des traitements cruels, inhumains et dégradants<br />

– transcendant toute cette problématique contemporaine<br />

à une dimension purement étatique<br />

ou interétatique.<br />

Dans la même Opinion Concurrente, en situant<br />

le principe de base de l’égalité et de la non-<br />

-discrimination dans le domaine du jus cogens,<br />

ce qui gère les obligations erga omnes, j’ai signalé<br />

la nécessité d’avoir toujours présents les principes<br />

fondamentaux du droit, sans lesquels l’ordre<br />

juridique (national et international) ne se réalise<br />

tout simplement pas et finit d’exister en tant que<br />

tel. Comme je me suis permis de pondérer à ce<br />

sujet dans mon vote concordant de référence dans<br />

l’Avis Consultatif n° 18 de la Cour:<br />

tout système juridique a des principes fondamentaux<br />

qui inspirent, justifient et élaborent<br />

ses normes. En évoquant les causes primaires,<br />

sources ou origines des normes et règles,<br />

ces principes confèrent de la cohésion, de la<br />

cohérence et de la légitimité aux normes juridiques<br />

et au système juridique comme un<br />

tout. Ce sont les principes généraux du droit<br />

(prima principia) qui confèrent à l’ordre juridique<br />

(…) son inéluctable dimension axiologique;<br />

ce sont eux qui révèlent les valeurs<br />

qui inspirent tout l’ordre juridique et qui, en<br />

ultime analyse, fournissent ses propres fondements.<br />

C’est ainsi que je conçois la présence<br />

et la position des principes dans n’importe<br />

quel ordre juridique et leur fonction dans<br />

l’univers conceptuel du droit. (…) Des prima<br />

principia émanant des normes et des règles<br />

qui trouvent leur sens en eux. Les principes<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

se trouvent ainsi présents dans les origines du<br />

droit lui-même (paragraphes 44 et 46).<br />

VII<br />

Chaque fois que l’on a fait abstraction de ces<br />

principes, on a encouru des violations du droit.<br />

Les positivistes ont fini par identifier les principes<br />

à partir des normes dont ils sont issus et, avec<br />

les surnommés “réalistes” des sciences sociales,<br />

ils ont confondu le monde de l’être avec le monde<br />

du devoir être, le Sein avec le Sollen. Ils ont propagé<br />

une vision étatique du monde en ignorant<br />

complètement sa dimension temporelle. Ils ont<br />

isolé le droit des autres domaines de la connaissance<br />

humaine. Les uns et les autres ont révélé<br />

une autosuffisance propre aux arrogants. Définitivement,<br />

être positiviste ou réaliste est trop facile<br />

vu que cela ne requiert aucune érudition, ni non<br />

plus de grandes connaissances.<br />

Malheureusement, les Universités dans tant<br />

des pays, se trouvent aujourd’hui infestées de positivistes<br />

et de réalistes, ce qui explique le déclin<br />

préoccupant de la culture de la science juridique<br />

et des sciences sociales. On diffuse dans le cadre<br />

du droit international, sans le moindre esprit<br />

critique, des pseudo-doctrines comme celles du<br />

“recours à la force”, des contremesures, des interventions<br />

supposément “humanitaires”, de celle<br />

qu’on appelle “guerre préventive”, de l’”action de<br />

préemption”, de la “légitime défense anticipatoire”<br />

dans les relations interétatiques, des “limites”<br />

et de la “fragmentation” du droit international, du<br />

“conflit des civilisations”, entre autres, qui desservent<br />

le droit international et qui ignorent les<br />

principes généraux du droit, au-delà de révéler<br />

les distorsions, la léthargie et l’indigence mentale<br />

des segments de la “doctrine” jusinternationaliste<br />

contemporaine.<br />

On a eu recours à elles pour tenter d’expliquer<br />

le recours à la force brutale et de justifier une des<br />

plus flagrantes violations que le droit international<br />

n’ait jamais connu ces dernières décennies,<br />

celle de l’invasion et de l’occupation de l’Iraq par<br />

une auto-nommée “coalition d’États” en marge de<br />

la Charte des Nations Unies 71 . Il faut répéter, chaque<br />

fois que nécessaire, que l’on ne combat pas<br />

la terreur par la terreur, mais par le droit; c’est<br />

pour cela qu’il existe aujourd’hui treize conventions<br />

internationales dans le cadre universel et<br />

huit au niveau régional. Les victimes de la terreur<br />

ne peuvent pas se venger en faisant de nouvelles<br />

victimes innocentes.<br />

La force brutale gère la force brutale et à la<br />

fin, qu’avons nous? Rien, la dévastation généra-<br />

17


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

le, la décomposition du tissu social, les vengeances,<br />

les tortures, les exécutions sommaires et<br />

d’autres violations graves du droit international<br />

humanitaire 72 et du droit international des droits<br />

de l’homme, la transformation des êtres humains<br />

en de pures instruments de confrontation et de<br />

destruction - ouvrant des plaies qui vont prendre<br />

des générations à cicatriser. Que cela serve d’alerte<br />

aux apologistes irresponsables de la surnommée<br />

“guerre contre la terreur”, en marge du Droit et de<br />

la Charte des Nations Unies.<br />

Comme je l’ai manifesté dans mon récente<br />

Opinion Individuelle dans l´affaire du Massacre<br />

de Plan de Sánchez (réparations, 2004) devant<br />

la Cour Interaméricaine des Droits de l’Homme,<br />

je crains que les brutalités et les massacres des<br />

décennies passées et des moments sombres que<br />

nous vivons dans cet année de 2005, dans divers<br />

endroits du monde, n’aient un profond effet dé-<br />

-civilisateur et que la périlleuse escalade de violence<br />

qui se répand et s’étend dans ce début de XXIe<br />

siècle ne vienne suggérer que<br />

18<br />

les êtres humains paraissent n’avoir appris<br />

que peu ou rien des souffrances des générations<br />

passées, et que la violence ne pourra<br />

être contenue que par le fidèle attachement<br />

au droit et à ses principes de base. Au-dessus<br />

de la force il y’a le droit, comme il y a la conscience<br />

au-dessus de la volonté (source matérielle<br />

ultime de tout droit) (paragraphe 30).<br />

Rappelez-vous que dans une ligne de pensée<br />

similaire à celle des anciens grecs et de Cicéron<br />

dans la Rome antique, alors qu’il s’opposait au<br />

recours à la force, Emanuel Kant avertissait avec<br />

éloquence à la fin du XVIIIe siècle, dans son célèbre<br />

essai sur la paix perpétuelle (1795):<br />

(…) être rémunéré pour tuer ou mourir implique<br />

l’utilisation des hommes en tant que<br />

simples machines et instruments dans les<br />

mains d’un autre (l’État) et que cela ne peut<br />

se concilier avec le droit de l’humanité dans<br />

notre propre être. 73<br />

On ne peut combattre la terreur avec ses propres<br />

armes. C’est ce que dénonçait J. Pictet sur un<br />

ton presque prémonitoire dans la première édition<br />

de ses Principes du droit international humanitaire,<br />

il y a quatre décennies. Selon ses propres mots,<br />

“ce serait faire un pas rétrograde pour l’humanité<br />

si elle tentait de lutter contre le terrorisme avec ses<br />

propres armes” 71 . Les apologistes de l’utilisation<br />

de la force brutale de nos jours ne se rendent pas<br />

compte du profond effet dé-civilisateur de leur<br />

position et de ses effets nocifs ou néfastes pour<br />

l’humanité comme un tout.<br />

Les surnommés “réalistes”, à leur tour, se<br />

concentrent sur ce qu’ils perçoivent comme la<br />

“réalité” du moment, attribuant un élément de<br />

permanence à ce qui ne dure qu’un moment dans<br />

l’histoire du droit et des relations internationales.<br />

Ils considèrent l’État comme un acteur pérenne,<br />

oubliant les faits historiques qui lui ont donné<br />

naissance. Ils persistent à aborder les besoins et<br />

les aspirations actuelles de l’humanité à partir<br />

d’une vision exclusive, insuffisante et inadéquate<br />

de l’État et des relations interétatiques. Ils persistent<br />

dans cette optique perpétuellement incontestable<br />

et considèrent les relations de pouvoir inévitables.<br />

En procédant de cette façon, ils se plient<br />

devant ce qu’ils considèrent comme le primat des<br />

relations de domination sur le droit et la suprématie<br />

de l’ordre établi au détriment des impératifs<br />

de la justice. Le positivisme juridique et le “réalisme”<br />

politique ont ainsi sans surprise été invariablement<br />

asservis au pouvoir.<br />

Au milieu des années 40, aucun positiviste<br />

n’a été en mesure d’anticiper l’émergence et la<br />

consolidation du droit international des droits<br />

de l’homme. Aucun réaliste n’a été capable de<br />

prévoir, au milieu des années 50, l’avènement<br />

du phénomène historique de la décolonisation.<br />

L’émancipation de la personne humaine vis-à-vis<br />

de son propre État et l’émancipation des peuples<br />

dans le droit international sont apparues à la surprise,<br />

devant le manque de préparation des positivistes<br />

de la science juridique et des “réalistes” des<br />

sciences sociales. Aucun réaliste n’a été capable de<br />

prévoir la chute du mur de Berlin à la fin des années<br />

80. Ni les positivistes ni les “réalistes” ne sont<br />

en mesure de comprendre – et ont des difficultés à<br />

accepter – les profondes transformations du droit<br />

international contemporain dans la recherche de la<br />

réalisation des impératifs de la justice.<br />

Positivistes et “réalistes” ont prétendu que la<br />

réalité sur laquelle ils travaillent était permanente<br />

et inévitable, mais ce qui est vraiment arrivé est<br />

que, perplexes devant les changements, ils ont dû<br />

se transporter d’un moment historique à un autre<br />

complètement différent. En tentant de se réadapter<br />

à cette nouvelle “réalité” empirique, ils ont dû<br />

de nouveau tenter d’appliquer à cette dernière le<br />

schéma étatique auquel ils étaient habitués. Résistants<br />

aux changements, ils ont oublié d’analyser<br />

les profondes altérations qui ont conduit à cette<br />

nouvelle “réalité” sur laquelle ils ont commencé<br />

à travailler; et, de nouveau, ils ont projeté leur<br />

illusion de l’”inévitabilité” du futur et parfois - en<br />

désespoir de cause – également du passé. Leur erreur<br />

de base a été de minimiser les principes qui<br />

appartiennent aux fondements de tout système


juridique national et international, et qui justifient<br />

et élaborent les normes et l’action relative à<br />

ces dernières dans la recherche de la réalisation de<br />

la justice. À chaque fois que cette minimisation a<br />

prévalu, les résultats ont été désastreux.<br />

Positivistes et “réalistes” n’ont pas résisté à la<br />

tentation de révéler leur orgueil par leur méthode<br />

de pure observation des faits et leur sens du “pragmatisme”.<br />

Mais en dehors du pragmatisme comme<br />

position philosophique (reconnaissant que la<br />

vérité que l’on peut atteindre n’est pas toujours<br />

infaillible), dans la pratique, sans principes directeurs<br />

et sans orientation propre, le pragmatisme<br />

a révélé son côté obscur ou sinistre. 75 Il a souvent<br />

donné lieu à des abus, à la fabrication de ce qu’on<br />

appelle l’”opinion publique”, à la persécution des<br />

personnes et des groupes d’individus en raison de<br />

leurs opinions personnelles (autres que celle qui<br />

prévaut) et à des actes d’extrême violence. 76 Les<br />

dégâts causés par le pragmatisme sans principes<br />

se prolongent indéfiniment dans le temps et sa<br />

praxis se montre dépourvue d’une.<br />

L’on ne peut prétendre à brandir un “nouvel”<br />

ordre juridique international à partir de dévastations<br />

et de guerres qui, au contraire, réduisent en<br />

cendres les conquêtes de la civilisation. 77 Ex injuria<br />

jus non oritur. C’est ce que les “réalistes”<br />

ne semblent pas comprendre - comme le mentionnait<br />

déjà en 1940 Jacques Maritain - ignorant<br />

complètement les impératifs de l’éthique et de la<br />

justice et révélant leur myopie face à la dimension<br />

temporelle des faits sociaux. 78 En ces moments<br />

particuliers de “profonde crise spirituelle”, comme<br />

celle que nous vivons dans ce début de XXIe<br />

siècle, il faut se rattacher aux principes généraux<br />

du droit, aux principes du droit naturel. 79<br />

Malheureusement, les “réalistes” sont complaisants<br />

avec le pouvoir en place – dans la ligne<br />

des écrits de Machiavel, de Hobbes et de leurs<br />

successeurs modernes – et enthousiasmés par<br />

l’opportunisme politique, s’abstenant de condamner<br />

l’agression; dans leur mépris caractéristique<br />

de ce qui est relatif aux principes de droit de validité<br />

pérenne, ils acceptent et présupposent comme<br />

un fait inévitable – comme l’évoquait aussi à son<br />

époque Hersch Lauterpacht – “l’immoralité de la<br />

conduite des États” comme un “facteur permanent<br />

inhérent à leur existence en tant qu’unités<br />

collectives”. 80 L’opportunisme des “réalistes” politiques<br />

les a toujours conduit, par exemple, à “désapprouver”<br />

l’idée de sécurité collective à l’époque<br />

des Nations Unies; ils ne parviennent qu’à viser<br />

des intérêts et des avantages et ne paraissent pas<br />

croire à la raison humaine, ni à la recta ratio et<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

non plus à la capacité des êtres humains de tirer<br />

des leçons de l’expérience historique. 81<br />

VIII<br />

Au contraire de ce qu’argumentent<br />

aujourd’hui certains “réalistes”, le droit est préventif<br />

et anticipatoire, et non l’utilisation de la<br />

force. Malgré la pleine crise mondiale que nous vivons,<br />

qui se présente comme une crise de valeurs,<br />

l’ancien idéal de justice internationale réussit à<br />

faire des progrès grâce à la réaction de la conscience<br />

humaine contre les abus perpétrés contre<br />

des millions d’êtres humains, les marginalisés et<br />

les exclus du monde “post moderne”. Le cycle des<br />

Conférences mondiales des Nations Unies - auquel<br />

j’ai eu le privilège de participer activement<br />

- réalisé tout au long des années 90 jusqu’à 2001,<br />

s’est adapté à l’agenda social international du<br />

XXIe siècle, avec un intérêt particulier pour ceux<br />

qui se trouvent en situation de vulnérabilité particulière.<br />

Les tribunaux internationaux se sont multipliés,<br />

ce que je considère comme un phénomène<br />

très positif 82 : la voie juridique constitue effectivement<br />

la solution pacifique par excellence aux controverses<br />

internationales, qui doit se réaliser sur<br />

la base du droit et non sur la force. La juridiction<br />

pénale internationale permanente (le Tribunal Pénal<br />

International) a enfin été établie. Les tribunaux<br />

internationaux (les Cours Interaméricaine<br />

et Européenne) des droits de l’homme ont construit<br />

une jurisprudence riche liée à l’émancipation<br />

de l’être humain vis-à-vis de son propre État. Les<br />

tribunaux pénaux internationaux ad hoc, tels que<br />

ceux créés pour l’Ex-Yougoslavie et le Rwanda, ont<br />

donné lieu à une vaste jurisprudence de lutte contre<br />

l’impunité des violations graves des droits de<br />

l’homme et du droit international humanitaire.<br />

Nous sommes aujourd’hui plus de cent juristes<br />

à exercer la fonction juridique internationale,<br />

ce qui aurait été impensable il y’a de cela<br />

quelques décennies. La fonction juridique internationale<br />

s’est développée et s’est enrichie. Les<br />

besoins et les aspirations de l’humanité seront<br />

assouvis par le droit - et non par l’utilisation discrétionnaire<br />

de la force - dans la recherche de la<br />

justice. Le recours à la recta ratio est inévitable<br />

dans les fondements de tout le corpus juris du<br />

droit international contemporain. C’est au cours<br />

des grandes crises internationales – comme celle-<br />

-ci – que l’on arrive à faire des progrès qualitatifs,<br />

comme l’or que l’on extraie de la matière brute.<br />

Le monde dans lequel nous vivons a énormément<br />

besoin d’un ordre juridique international capable<br />

de règlementer efficacement les relations entre<br />

19


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

tous ses sujets (y compris la personne humaine) et<br />

de satisfaire, ainsi, aux besoins et aux aspirations<br />

de la communauté internationale, parmi eux la<br />

réalisation de la justice.<br />

À ce propos, le document final résultant du<br />

dernier Sommet mondial de la réforme des Nations<br />

Unies du 15.09.2005, après le Sommet du<br />

Millenium, met en exergue “l’importance vitale<br />

d’un système multilatéral efficace” pour faire<br />

face à la complexité des défis actuels de la<br />

paix et de la sécurité internationales, en signalant<br />

qu’aucun État ne peut s’auto-entretenir ou<br />

s’auto-protéger tout seul devant les menaces actuelles<br />

qui les affectent tous, 83 car il dépend de<br />

tous les mécanismes collectifs liés aux principes<br />

et aux propos de la Charte des Nations Unies.<br />

On réitère, ensuite, l’obligation pour tous les<br />

États membres de s’abstenir de toute menace<br />

ou de tout usage de la force incompatible avec<br />

la Charte des Nations Unies. 84 Le Sommet mondial<br />

reconnait la nécessité d’examiner les causes<br />

des défis et les menaces qui concernent tout le<br />

monde, et de réaffirmer l’engagement des Nations<br />

Unies d’éradiquer la pauvreté et d’accroitre<br />

le développement humain. 85<br />

Le document final du récent Sommet mondial<br />

des Nations Unies condamne le terrorisme<br />

sous toutes ses formes et affirme que la lutte contre<br />

ce dernier doit s’effectuer dans le cadre des<br />

Nations Unies et des conventions internationales<br />

qui s’y réfèrent, et en conformité avec le droit<br />

international, en particulier le droit international<br />

des droits de l’homme, le droit international des<br />

réfugiés et le droit international humanitaire 86 .<br />

Le document en question reconnaît la démocratie<br />

comme une “valeur universelle” et, au même<br />

temps, admet qu’il n’existe aucun “modèle unique”<br />

de démocratie qui puisse s’imposer aux autres<br />

87 . Il met en exergue l’importance de la diversité<br />

culturelle et du dialogue des civilisations pour<br />

l’avenir de l’humanité 88 en réaffirmant, enfin, les<br />

principes et les propos de la Charte des Nations<br />

Unies et la nécessité d’un ordre international<br />

fondé sur ces derniers, respectueux des droits de<br />

l’homme universels et essentiels à la coexistence<br />

pacifique et à la coopération entre les États. 89<br />

À mon avis, la réponse de la communauté<br />

internationale à la flagrante violation du droit international<br />

perpétrée par un groupe d’États auto-<br />

-nommé coalition of the willing n’a pu être plus<br />

claire face à l’invasion et à l’occupation d’un autre<br />

État, multipliant les victimes innocentes, silencieuses<br />

et de plus sans défense, et en agissant en<br />

dehors du cadre de la Charte des Nations Unies.<br />

La communauté internationale vient d’assumer<br />

20<br />

une position de principe non volontariste ancrée<br />

dans les fondements du droit international, dans<br />

laquelle est située la recta ratio. Sans les principes<br />

généraux du droit il n’y a simplement pas de système<br />

juridique national ou international. Dans<br />

le récent Sommet mondial de la réforme des Nations<br />

Unies, la communauté internationale vient<br />

de réitérer sa profession de foi dans les principes<br />

généraux du droit international.<br />

Les atrocités successives et les abus qui ont<br />

donné lieu ces dernières décennies à des millions<br />

de victimes d’êtres humains dans toutes les régions<br />

ont de fait réveillé la conscience juridique<br />

universelle (comme ultime source matérielle de<br />

tout droit) pour l’urgente nécessité de conceptualiser<br />

de nouveau les propres bases du droit international.<br />

90 Ce dernier ne se réduit pas, dans<br />

l’absolu, à un instrument au service du pouvoir;<br />

son destinataire final est l’être humain, se devant<br />

le droit international de répondre à ses besoins basiques,<br />

entre lesquels la réalisation de la justice.<br />

L’émancipation de la personne humaine vis-à-vis<br />

de son propre État avance lentement, mais elle<br />

avance. Les progrès de l’ordre juridique international<br />

correspondent à l’ascension de la conscience<br />

humaine orientée vers la nécessite de réaliser le<br />

bien commun et la justice.<br />

Il y a quelques années, personne ne pouvait<br />

supposer ou prévoir que les affaires englobant les<br />

marginalisés, les exclus, les migrants sans papiers<br />

(à la recherche de nourriture, de logement, de<br />

travail et d’éducation) et les enfants abandonnés<br />

dans les rues pourraient atteindre un tribunal international<br />

comme la Cour interaméricaine des<br />

droits de l’homme, comme cela a été effectivement<br />

le cas, de façon systématique, à partir de sa<br />

sentence en 1999 dans l’affaire paradigmatique<br />

des “Enfants des rues” (Villagrán Morales et autres).<br />

Le fait que les pauvres et les opprimés aient<br />

accès à la justice internationale est une réalité de<br />

nos jours qui est surtout due, à mon avis, au réveil<br />

de la conscience humaine de protéger les plus<br />

faibles et les plus démunis.<br />

IX<br />

Menée par la conscience juridique universelle,<br />

la dynamique même de la vie internationale<br />

contemporaine a pris la précaution de ne plus autoriser<br />

la compréhension traditionnelle selon laquelle<br />

les relations internationales sont régies par<br />

des règles entièrement dérivées de la libre volonté<br />

des États eux-mêmes. Le positivisme volontariste<br />

s’est montré incapable d’expliquer le processus de<br />

formation des normes de droit international général<br />

et il est devenu évident que l’on ne pour-


ait trouver une réponse aux problèmes des fondements<br />

et de la validité de ce dernier que dans<br />

la conscience juridique universelle, 91 à partir de<br />

l’affirmation de l’idée d’une justice objective conforme<br />

à la recta ratio.<br />

La reconstruction du jus gentium en tant<br />

que droit universel de l’humanité se situe dans la<br />

même ligne de pensée visionnaire préconisée au<br />

XVIe siècle par les théologiens espagnols F. de Victoria<br />

et F. Suárez, en conformité avec la plus lucide<br />

des pensées jusinternationalistes. En définitif,<br />

la fonction du juriste ne consiste simplement pas<br />

à prendre note de la pratique des États (fréquemment<br />

ambigüe et incongrue), mais il lui incombe<br />

de dire ce qu’est le droit. Depuis l’œuvre classique<br />

de H. Grotius au XVIIe siècle - suivie de celle de<br />

C. Bynkershoek et de C. Wolff, entre autres - un<br />

fort courant de pensée jusinternationaliste s’est<br />

développé en concevant le droit international<br />

comme un ordre juridique doté d’une valeur propre<br />

ou intrinsèque (et par conséquent supérieure<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

à un droit simplement “volontaire”), qui tire son<br />

autorité de certains principes de la droite raison<br />

(est dictatum rectae rationis).<br />

La recta ratio a toujours effectivement revendiqué,<br />

des siècles durant, un droit de gens véritablement<br />

universel. L’on ne peut définitivement<br />

pas visualiser l’humanité comme un sujet de droit<br />

depuis la vision de l’État; il faut reconnaitre les limites<br />

de l’État à partir de la vision de l’humanité 92 .<br />

Et le juriste a un rôle d’une importance cruciale<br />

dans la reconstruction, conforme à la recta ratio,<br />

du nouveau jus gentium du XXIe siècle, le droit<br />

universel de l’humanité. J’espère, en fin de cette<br />

conférence, avoir transmis, avec la force de ma<br />

conviction, à ce distingué collège académique, ma<br />

profonde reconnaissance de la haute signification<br />

que revêt pour moi la devise de la recta ratio: il<br />

n’existe pour moi aucune autre devise plus significative,<br />

conformément à tout ce qui a été exposé<br />

antérieurement.<br />

21


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

1. Conférence prononcée par l”auteur au Palais de<br />

la Paix, siège de la Cour Internationale de Justice,<br />

à La Haye, Pays-Bas, le 28 juin 20<strong>10</strong>.<br />

2. E. Nys, “The Development and Formation of<br />

International Law”, 6 American Journal of International<br />

Law [AJIL] (1912) pp. 1-29; et cf.<br />

G.E. Sherman, “Jus Gentium and International<br />

Law”, 12 AJIL (1918) pp. 56-63.<br />

3. B.F. Brown, “Review of B.A. Wortley´s Jurisprudence<br />

(1967)”, 12 Natural Law Forum (1967)<br />

pp. 232-235.<br />

4. Cf. D.P. Dryer, “Aristotle’s Conception of Orthos<br />

Logos”, 66 The Monist (1983) pp. <strong>10</strong>6-119.<br />

5. Cf. J.M. Rist, “An Early Dispute about Right Reason”,<br />

66 The Monist (1983) pp. 39-48.<br />

6. Cf. D.P. Dryer, op. cit. supra n. (4), pp. 117 et<br />

119.<br />

7. M.T. Cicero, De Republica, livre III, ch. XXII,<br />

p. 33.<br />

8. On the Laws, livre II, circa 51-43 a.C..<br />

9. Cicero, On the Commonwealth and On the<br />

Laws (ed. J.E.G. Zetzel), Cambridge, University<br />

Press, 2003 [réed.], livre III, ibid., p. 172.<br />

<strong>10</strong>. Circa fin des anées 50 et 46 a.C..<br />

11. Cicero, The Republic – The Laws, Oxford, University<br />

Press, 1998, p. 166 (livre III, para. 42).<br />

12. Cf., e.g., Gabrio Lombardi, Ricerche in Tema<br />

di “Ius Gentium”, Milano, Giuffrè, 1946, pp.<br />

3-272; Gabrio Lombardi, Sul Concetto di “Ius<br />

Gentium”, Roma, Istituto di Diritto Romano,<br />

1947, pp. 3-390; W. Kunkel, Historia del Derecho<br />

Romano, 9e. éd., Barcelona, Ed. Ariel,<br />

1999, pp. 85-87; H.C. Clark, “Jus Gentium -<br />

Its Origin and History”, 14 Illinois Law Review<br />

(1919) pp. 243-265 et 341-355.<br />

13. P. Guggenheim, “Contribution à l’histoire des<br />

sources du droit des gens”, 94 Recueil des<br />

Cours de l’Académie de Droit International de<br />

La Haye (1958) pp. 21-23 et 25.<br />

14. J. Moreau-Reibel, “Le droit de société interhumaine<br />

et le `jus gentium’: Essai sur les origines<br />

et le développement des notions jusqu’à Grotius”,<br />

77 Recueil des Cours de l’Académie de<br />

Droit International de La Haye (1950) pp. 500-<br />

501, 504 et 506-5<strong>10</strong>.<br />

22<br />

NOTES<br />

15. A. Miele, La Comunità Internazionale, vol. I,<br />

3e. éd., Torino, Giappichelli, 2000, pp. 75, 77-<br />

78, 80 et 89.<br />

16. S. Laghmani, Histoire du droit des gens - du jus<br />

gentium impérial au jus publicum europaeum,<br />

Paris, Pédone, 2003, pp. 90-94.<br />

17. J.-P. Rentto, “Jus Gentium: A Lesson from Aquinas”,<br />

3 Finnish Yearbook of International Law<br />

(1992) pp. <strong>10</strong>3, <strong>10</strong>5, 1<strong>10</strong> et 112-113; e cf. J. Finnis,<br />

Natural Law and Natural Rights, Oxford,<br />

Clarendon Press, 2003 [reprint], p. 296.<br />

18. P. Groarke et J.L.A. West, “Reconciling Individual<br />

Rights and the Common Good: Aquinas<br />

and Contemporary Law”, in Philosophical<br />

Theory and the Universal Declaration of Human<br />

Rights (ed. W. Sweet), Ottawa, University<br />

of Ottawa Press, 2003, pp. 158-161; de<br />

la même façon, les droits individuels doivent<br />

être examinés en harmonie avec le bien commun<br />

(ibid., p. 165).<br />

19. J. Finnis, Aquinas - Moral, Political, and Legal<br />

Theory, Oxford, University Press, 1998,<br />

p. 120; et cf. R. McInerny, St. Thomas Aquinas,<br />

Notre Dame/London, University of Notre<br />

Dame Press, 2004 [reprint], pp. 63-65.<br />

20. J.-P. Rentto, op. cit. supra n. (17), p. 121, et cf.<br />

pp. <strong>10</strong>8-<strong>10</strong>9.<br />

21. Thomas Aquinas, Treatise on Law, Washington<br />

D.C., Gateway Ed., 2001 [reprint], p. 44.<br />

22. Ibid., pp. 57 et 88; e T. Murphy, “St. Thomas<br />

Aquinas and the Natural Law Tradition”, in<br />

Western Jurisprudence (ed. T. Murphy), Dublin/Ireland,<br />

Th. Round Hall, 2004, pp. 96,<br />

<strong>10</strong>3-<strong>10</strong>5 et 114-115; et cf. aussi R. McInerny,<br />

Ethica Thomistica - The Moral Philosophy of<br />

Thomas Aquinas, éd. rev., Washington D.C.,<br />

Catholic University of America Press, 1997<br />

[reprint], pp. 26, 38 et 46.<br />

23. J.P. Rentto, op. cit. supra n. (17), pp. 121-122.<br />

24. Cf. Francisco de Vitoria, Relecciones - del Estado,<br />

de los Indios, y del Derecho de la Guerra,<br />

Mexique, Porrúa, 1985, pp. 1-<strong>10</strong>1; A. Gómez<br />

Robledo, op. cit. infra n. (30), pp. 30-39; et cf.<br />

F. de Vitoria, De Indis - Relectio Prior (1538-<br />

1539), in: Obras de Francisco de Vitoria - Relecciones<br />

Teológicas (ed. T. Urdanoz), Madrid,<br />

BAC, 1960, p. 675.


25. A.A. Cançado Trindade, “Co-existence and Co-<br />

-ordination of Mechanisms of International<br />

Protection of Human Rights (At Global and<br />

Regional Levels)”, 202 Recueil des Cours de<br />

l´Académie de Droit International de La Haye<br />

(1987), p. 411; J. Brown Scott, The Spanish<br />

Origin of International Law - Francisco de Vitoria<br />

and his Law of Nations, Oxford/London,<br />

Clarendon Press/H. Milford - Carnegie Endowment<br />

for International Peace, 1934, pp. 282-<br />

283, 140, 150, 163-165, 172 et 272-273.<br />

26. P. Guggenheim, “Contribution à l’histoire des<br />

sources...”, op. cit. supra n. (13), pp. 21-22.<br />

27. Ibid., pp. 22-23 et 25.<br />

28. Aux chapitres VI et VII de son oeuvre De Indis,<br />

Vitoria clarifie sa conception du jus gentium<br />

comme un droit pour tous, individus et<br />

peuples ainsi que des États, “toute fraction de<br />

l´humanité”; le jus gentium, dans sa vision, se<br />

forme par le “consensus commun de tous les<br />

peuples et nations”; ibid., pp. 140 et 170.<br />

29. F. de Vitoria, La Ley (De Lege - Commentarium<br />

in Primam Secundae), Madrid, Tecnos, 1995,<br />

pp. 5, 23 et 77.<br />

30. A. Gómez Robledo, Fundadores del Derecho<br />

Internacional, Mexique, UNAM, 1989, pp.<br />

48-55.<br />

31. Cf. Association Internationale Vitoria-Suarez,<br />

Vitoria et Suarez - Contribution des Théologiens<br />

au Droit International Moderne, Paris,<br />

Pédone, 1939, pp. 169-170.<br />

32. F. Suárez, Selections from Three Works [De<br />

Legibus ac Deo Legislatore, 1612] (orgs. G.L.<br />

Williams et alii), vol. II, Oxford, Clarendon<br />

Press, 1944, pp. 326-327 et 341.<br />

33. Ibid., pp. 352 et 357. Toutefois, sa vision n´a<br />

pas empêché à Suárez de prevoir la fragmentation<br />

du jus gentium dans le jus inter gentes,<br />

expression que, à partir du siècle suivant, commencerait<br />

à être fréquemment utilisée; cf. B.F.<br />

Brown, “The Natural Law as the Moral Basis<br />

of International Justice”, 8 Loyola Law Review<br />

(1955-1956) p. 60.<br />

34. A. García y García, “The Spanish School of the<br />

Sixteenth and Seventeenth Centuries: A Precursor<br />

of the Theory of Human Rights”, <strong>10</strong> Ratio<br />

Juris - Universidade de Bologna (1997) pp.<br />

27 et 29.<br />

35. P.P. Remec, The Position of the Individual in International<br />

Law according to Grotius and Vattel,<br />

The Hague, Nijhoff, 1960, pp. 216 et 203.<br />

36. Ibid., pp. 219-220 et 217.<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

37. Ibid., pp. 243 et 221.<br />

38. Cf., sur ce point, l´étude classique de Hersch<br />

Lauterpacht, “The Grotian Tradition in International<br />

Law”, 23 British Year Book of International<br />

Law (1946) pp. 1-53.<br />

39. Hersch Lauterpacht, “The Law of Nations,<br />

the Law of Nature and the Rights of Man”, 29<br />

Transactions of the Grotius Society (1943) pp.<br />

7 et 21-31.<br />

40. Ibid., p. 26.<br />

41. S. Pufendorf, De Jure Naturae et Gentium Libri<br />

Octo (eds. C.H. Oldfather et W.A. Oldfather),<br />

tome II, Buffalo/N.Y., W.S. Hein, 1995 [reprint],<br />

pp. 202-203.<br />

42. César Sepúlveda, Derecho Internacional, 13e.<br />

éd., Mexique, Ed. Porrúa, 1983, pp. 28-29. Wolff<br />

a conçu les États-nation comme membres<br />

d´une civitas maxima, concept que Emmerich<br />

de Vattel (auteur de Le Droit des Gens, 1758),<br />

plus tard, en invocant la nécessité de “realisme”,<br />

a essayé de remplacer par une “société de<br />

nations” (concept moins avancé); cf. F.S. Ruddy,<br />

International Law in the Enlightenment - The<br />

Background of Emmerich de Vattel’s Le Droit<br />

des Gens, Dobbs Ferry/N.Y., Oceana, 1975, p.<br />

95; pour une critique de ce recul (incapable de<br />

fonder le principe d´obligation dans le droit international),<br />

cf. J.L. Brierly, The Law of Nations,<br />

6e. éd., Oxford, Clarendon Press, pp. 8-40. On<br />

doit remarquer, néanmoins, que dans son Droit<br />

des Gens Vattel s´est aussi réferé expréssement<br />

a la recta ratio (livre II, chapitre XVII, paragraphe<br />

268). Pour des références à la recta ratio e<br />

à la conscience dans la doctrine de la moitié<br />

du siècle XIXème, cf., e.g., J.J. Burlamaqui, The<br />

Principles of Natural and Politic Law (réed. de<br />

la 7ème. ed. anglaise), Columbus, J.H. Riley,<br />

1859, pp. 136, 138-139 et 156-163.<br />

43. C.W. Jenks, The Common Law of Mankind,<br />

London, Stevens, 1958, pp. 66-69; et cf. aussi<br />

R.-J. Dupuy, La communauté internationale<br />

entre le mythe et l’histoire, Paris, Economica/<br />

UNESCO, 1986, pp. 164-165.<br />

44. P.P. Remec, The Position of the Individual..., op.<br />

cit. supra n. (35), pp. 36-37.<br />

45. Ibid., p. 37.<br />

46. J. Dunn et I. Harris (eds.), Grotius, tome II,<br />

Cheltenham, Elgar, 1997, pp. 292-293.<br />

47. Cf., e.g., H. Accioly, Tratado de Direito Internacional<br />

Público, 2ème. éd., tome I, Rio de Janeiro,<br />

[M.R.E.], 1956, p. 13. Et cf. J. Maritain,<br />

“The Philosophical Foundations of Natural<br />

Law”, in Natural Law and World Law - Essays<br />

23


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

24<br />

to Commemorate the 60th Birthday of Kotaro<br />

Tanaka, Yuhikaku, Japan Academy, 1954, pp.<br />

133-143.<br />

48. A.A. Cançado Trindade, O Direito Internacional<br />

em um Mundo em Transformação, Rio de<br />

Janeiro, Edit. Renovar, 2003, p. 547, et cf. pp.<br />

539-550.<br />

49. C.J. Friedrich, Perspectiva Histórica da Filosofia<br />

do Direito, Rio de Janeiro, Zahar Ed., 1965, pp.<br />

196-197, 200-201 et 207. Et, pour une étude<br />

générale, cf. Y.R. Simon, The Tradition of Natural<br />

Law - A Philosopher’s Reflections (ed. V.<br />

Kuic), N.Y., Fordham Univ. Press, 2000 [reed.],<br />

pp. 3-189.<br />

50. Vicente Ráo, O Direito e a Vida dos Direitos,<br />

5ème. éd., São Paulo, Ed. Rev. dos Tribs., 1999,<br />

pp. 85, <strong>10</strong>1 et 641.<br />

51. Cf. A. Truyol y Serra (ed.), The Principles of<br />

Political and International Law in the Work of<br />

Francisco de Vitoria, Madrid, Ed. Cultura Hispánica,<br />

1946, pp. 13-25, 29-32 et 53-73; L.<br />

Getino (ed.), Francisco de Vitoria, Sentencias<br />

de Doctrina Internacional - Antología, Madrid,<br />

Ediciones Fe, 1940, pp. 15-33 et 129-130; A.<br />

Pagden et J. Lawrance (eds.), “Introduction”, in<br />

Francisco de Vitoria - Political Writings, Cambridge,<br />

University Press, 1991, pp. XIII-XXIII;<br />

R. Hernández, Francisco de Vitoria, Síntesis de<br />

Su Vida y Pensamiento, Burgos, Ed. OPE, 1983,<br />

pp. 27-32 et 47-55. E, sur l´importance des<br />

principes, cf. A.A. Cançado Trindade, “Foundations<br />

of International Law: The Role and Importance<br />

of its Basic Principles”, in XXX Curso<br />

de Derecho Internacional Organizado por el<br />

Comité Jurídico Interamericano (2003), Washington<br />

D.C., Secretaría General de la OEA,<br />

2004, pp. 359-415.<br />

52. Cf. A.A. Cançado Trindade, Tratado de Direito<br />

Internacional dos Direitos Humanos, tome III,<br />

Porto Alegre, S.A. Fabris Ed., 2003, pp. 450-<br />

451; et cf. A.A. Cançado Trindade, “The Procedural<br />

Capacity of the Individual as Subject of<br />

International Human Rights Law: Recent Developments”,<br />

in Les droits de l’homme à l’aube<br />

du XXIe. siècle - K. Vasak Amicorum Liber,<br />

Bruxelles, Bruylant, 1999, pp. 521-544.<br />

53. A. Truyol y Serra, “Théorie du Droit international<br />

public - Cours général”, 183 Recueil des<br />

Cours de l’Académie de Droit International de<br />

La Haye (1981) pp. 142-143; et cf. J.L. Kunz,<br />

“Natural Law Thinking in the Modern Science<br />

of International Law”, 55 AJIL (1961) pp. 951-<br />

958, esp. p. 956.<br />

54. J.A. Carrillo Salcedo, “Derechos Humanos y<br />

Derecho Internacional”, 22 Isegoría - Revista de<br />

Filosofía Moral y Política - Madrid (2000) p. 75.<br />

55. R.-J. Dupuy, “Communauté internationale et<br />

disparités de développement - Cours général<br />

de Droit international public”, 165 Recueil des<br />

Cours de l’Académie de Droit International de<br />

La Haye (1979) pp. 190, 193 et 202.<br />

56. Cf., e.g., A.A. Cançado Trindade, O Direito<br />

Internacional em um Mundo em Transformação...,<br />

op. cit. supra n. (48), pp. <strong>10</strong>40-1<strong>10</strong>9;<br />

A.A. Cançado Trindade, “Memorial por um<br />

Novo Jus Gentium, o Direito Internacional da<br />

Humanidade”, 45 Revista da Faculdade de Direito<br />

da Universidade Federal de Minas Gerais<br />

(2004) pp. 17-36.<br />

57. A.A. Cançado Trindade, “General Course on<br />

Public International Law - International Law<br />

for Humankind: Towards a New Jus Gentium<br />

– Part I”, in 316 Recueil des Cours de<br />

l’Académie de Droit International de La Haye<br />

(2005), chapitres I-XV, pp. 31-439; A.A. Cançado<br />

Trindade, “General Course on Public International<br />

Law - International Law for Humankind:<br />

Towards a New Jus Gentium - Part<br />

II”, in 317 Recueil des Cours de l’Académie de<br />

Droit International de La Haye (2005), chapitres<br />

XVI-XXVII, pp. 19-312.<br />

58. A.A. Cançado Trindade, “La Humanización<br />

del Derecho Internacional y los Límites de la<br />

Razón de Estado”, 40 Revista da Faculdade de<br />

Direito da Universidade Federal de Minas Gerais<br />

- Belo Horizonte (2001) pp. 11-23.<br />

59. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo del<br />

Individuo a los Tribunales Internacionales...,<br />

op. cit. infra n. (61), pp. 9-<strong>10</strong>4; A.A. Cançado<br />

Trindade, “A Personalidade e Capacidade Jurídicas<br />

do Indivíduo como Sujeito do Direito<br />

Internacional”, in Jornadas de Derecho Internacional<br />

(Ciudad de México, décembre 2001),<br />

Washington D.C., Subsecretaria de Assuntos<br />

Jurídicos de la OEA, 2002, pp. 311-347; A.A.<br />

Cançado Trindade, “El Nuevo Reglamento de<br />

la Corte Interamericana de Derechos Humanos<br />

(2000): La Emancipación del Ser Humano<br />

como Sujeto del Derecho Internacional de<br />

los Derechos Humanos”, 3 Revista do <strong>Instituto</strong><br />

Brasileiro de Direitos Humanos - Fortaleza<br />

(2002) pp. 277-290; A.A. Cançado Trindade,<br />

“Vers la consolidation de la capacité juridique<br />

internationale des pétitionnaires dans le système<br />

interaméricain des droits de la personne”,


14 Revue québécoise de droit international<br />

(2001) n. 2, pp. 207-239.<br />

60. A.A. Cançado Trindade, “General Course on<br />

Public International Law... – Parts I and II”, op.<br />

cit. supra n. (57), chapitres I et XXVII, pp. 37<br />

et 269-282, respectivement.<br />

61. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo del<br />

Individuo a los Tribunales Internacionales de<br />

Derechos Humanos, Bilbao/Espagne, Université<br />

de Deusto, 2001, pp. 9-<strong>10</strong>4.<br />

62. Sur l´évolution historique de la personalité juridique<br />

dans le droit des gens, cf. H. Mosler, “Réflexions<br />

sur la personnalité juridique en Droit<br />

international public”, in M élanges offerts à<br />

Henri Rolin - Problèmes de droit des gens, Paris,<br />

Pédone, 1964, pp. 228-251; G. Arangio-Ruiz,<br />

Diritto Internazionale e Personalità Giuridica,<br />

Bologna, Coop. Libr. Univ., 1972, pp. 9-268;<br />

G. Scelle, “Some Reflections on Juridical Personality<br />

in International Law”, Law and Politics<br />

in the World Community (ed. G.A. Lipsky),<br />

Berkeley/L.A., University of California Press,<br />

1953, pp. 49-58 et 336; J.A. Barberis, “Nouvelles<br />

questions concernant la personnalité juridique<br />

internationale”, 179 Recueil des Cours de<br />

l’Académie de Droit International de La Haye<br />

(1983) pp. 157-238; A.A. Cançado Trindade,<br />

“The Interpretation of the International Law<br />

of Human Rights by the Two Regional Human<br />

Rights Courts”, Contemporary International<br />

Law Issues: Conflicts and Convergence (Proceedings<br />

of the III Joint Conference ASIL/Asser<br />

Instituut, The Hague, July 1995), The Hague,<br />

Asser Instituut, 1996, pp. 157-162 et 166-167.<br />

63. A.A. Cançado Trindade, “General Course on<br />

Public International Law...- Part I”, op. cit. supra<br />

n. (57), chapitres IX-X, pp. 252-317. Et cf.,<br />

pour un étude général, A.A. Cançado Trindade,<br />

Tratado de Direito Internacional dos Direitos<br />

Humanos, Porto Alegre/Brésil, S.A. Fabris Ed.,<br />

tome I, 2ème. éd., 2003, pp. 1-640; tome II,<br />

1ère. éd., 1999, pp. 1-440; et tome III, 1ère.<br />

éd., 2003, pp. 1-663.<br />

64. A.A. Cançado Trindade, “Memorial por um<br />

Novo Jus Gentium, o Direito Internacional da<br />

Humanidade”, 45 Revista da Faculdade de Direito<br />

da Universidade Federal de Minas Gerais<br />

(2004) pp. 17-36.<br />

65. A.A. Cançado Trindade, “General Course on<br />

Public International Law...- Parts I and II”, op.<br />

cit. supra n. (57), chapitres III, VI et XI-XXIII,<br />

pp. 85-121, 177-202, 318-439 (Part I), et 19-<br />

171 (Part II), respectivement.<br />

La Recta Ratio Dans les Fondements du Jus Gentium Comme Droit International de L’humanité<br />

66 Sur ce dernier, cf. A.A. Cançado Trindade, Direito<br />

das Organizações Internacionais, 3ème. éd.,<br />

Belo Horizonte/Brésil, Edit. Del Rey, 2003, pp.<br />

1-990.<br />

67. Cf. F. de Vitoria, Relecciones..., op. cit. supra<br />

n. (24), pp. 1-<strong>10</strong>1; W.G. Grewe, The Epochs of<br />

International Law, Berlin, W. de Gruyter, 2000,<br />

pp. 189-190. Déjà dans son époque, F. Vitoria<br />

concevait la societas gentium comme expression<br />

de l´unité fondamentale du genre humain,<br />

formant une vraie societas ac communicatio,<br />

une fois qu´aucun État ne pouvait pas se prétendre<br />

auto-suffisant; P. Guggenheim, “Contribution<br />

à l’histoire des sources...”, op. cit. supra<br />

n. (13), pp. 21-22.<br />

68. J. Moreau-Reibel, “Le droit de société interhumaine<br />

et le jus gentium...”, op. cit. supra n.<br />

(14), pp. 506-5<strong>10</strong>.<br />

69. G. Fourlanos, Sovereignty and the Ingress of<br />

Aliens, Stockholm, Almqvist & Wiksell, 1986, p.<br />

17, et cf. pp. 19-23, 79-81, 160-161 et 174-175.<br />

70. F. Crépeau, Droit d’asile - De l’hospitalité aux<br />

contrôles migratoires, Bruxelles, Bruylant,<br />

1995, pp. 17-353; F. Rigaux, “L’immigration:<br />

droit international et droits fondamentaux”,<br />

in Les droits de l’homme au seuil du troisième<br />

millénaire - Mélanges en hommage à P. Lambert,<br />

Bruxelles, Bruylant, 2000, pp. 693-696,<br />

et cf. pp. 707-708, 7<strong>10</strong>-713, 717-720 et 722;<br />

et, pour une étude générale, cf. A.A. Cançado<br />

Trindade et J. Ruiz de Santiago, La Nueva Dimensión<br />

de las Necesidades de Protección del<br />

Ser Humano en el Inicio del Siglo XXI, 3ème.<br />

éd., San José du Costa Rica, ACNUR, 2004,<br />

pp. 27-127.<br />

71. Cf. A.A. Cançado Trindade, “A Guerra como<br />

Crime”, in Correio Braziliense, Brasília,<br />

20.03.2003, p. 5; A.A. Cançado Trindade, “O<br />

Direito e os Limites da Força”, 12 Fonte - Procuradoria<br />

Geral do Estado do Ceará (août/octobre<br />

2002) - n. 51, p. 2; A.A. Cançado Trindade, “A<br />

Proibição Absoluta da Tortura”, in Correio Braziliense<br />

- Suplemento `Direito e Justiça”, Brasília,<br />

23.08.2004, p. 1; A.A. Cançado Trindade,<br />

“El Primado del Derecho sobre la Fuerza como<br />

Imperativo del Jus Cogens”, in Doctrina Latinoamericana<br />

del Derecho Internacional, tome II<br />

(eds. A.A. Cançado Trindade et F. Vidal Ramírez),<br />

San José du Costa Rica, Cour Interaméricaine<br />

des Droits de l´Homme, 2003, pp. 51-66.<br />

72. Cf. J. Cardona Lloréns, “Libération ou occupation?<br />

Les droits et devoirs de l’État vainqueur”,<br />

in L’intervention en Irak et le Droit internatio-<br />

25


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

26<br />

nal (eds. K. Bannelier, O. Corten, Th. Christakis<br />

et P. Klein), Paris, Pédone/CEDIN, 2004,<br />

pp. 221-250; G. Abi-Saab, “Les Protocoles<br />

Additionnels, 25 ans après”, in Les nouvelles<br />

frontières du Droit international humanitaire<br />

(ed. J.-F. Flauss), Bruxelles, Bruylant, 2003,<br />

pp. 33-36; Y. Sandoz, “L’applicabilité du Droit<br />

international humanitaire aux actions terroristes”,<br />

in ibid., pp. 71-72.<br />

73. Cit. in: La paix (Textes choisis, ed. M. Lequan),<br />

Paris, Flammarion, 1998, pp. 173-174.<br />

74. J. Pictet, The Principles of International Humanitarian<br />

Law, 1ère. éd., Genève, CICR, 1966,<br />

p. 36.<br />

75. Comme averti par Bertrand Russell, Sceptical<br />

Essays, London, Routledge, 1993 [reprint],<br />

p. 49.<br />

76. Comme les bombardements aériens de populations<br />

civiles sans défense et la destruction<br />

totale de villes entières, comme Hiroshima,<br />

Nagasaki, Coventry, Dresden, Guérnica, entre<br />

autres.<br />

77. J. Maritain, De la justice politique - Notes sur<br />

la présente guerre, Paris, Libr. Plon, 1940, pp.<br />

36-37, 40-41 et 44-45.<br />

78. Ibid., pp. 88, 90-91 et <strong>10</strong>6-<strong>10</strong>7.<br />

79. Ibid., pp. 112-114.<br />

80. H. Lauterpacht, “On Realism, Especially in International<br />

Relations”, in International Law<br />

Being the Collected Papers of Hersch Lauterpacht,<br />

tome 2, part I, Cambridge, University<br />

Press, 1975, pp. 53 et 57-62.<br />

81. Ibid., pp. 58 et 61-65.<br />

82. Cf. A.A. Cançado Trindade, “The Merits of<br />

Coordination of International Courts on Human<br />

Rights”, 2 Journal of International Criminal<br />

Justice - Oxford (2004) pp. 309-312; A.A.<br />

Cançado Trindade, “La perspective trans-atlantique:<br />

La contribution de l’oeuvre des Cours<br />

internationales des droits de l’homme au développement<br />

du droit public international”,<br />

in La Convention européenne des droits de<br />

l’homme à 50 ans - Bulletin d’information sur<br />

les droits de l’homme, n. 50 (numéro spécial),<br />

Strasbourg, Conseil de l’Europe, 2000, pp. 8-9<br />

(publié aussi dans autres idiomes du Conseil de<br />

l´Europe).<br />

83. U.N./General Assembly, 2005 World Summit<br />

Outcome, document A/60/L.1, de 15.09.2005,<br />

pp. 2 et 21-22, pars. 6-7 et 72.<br />

84. Ibid., pp. 22-23, pars. 77-79.<br />

85. Ibid., pp. 2-4, 6-7 et 12, pars. 8, 19, 24 et 48.<br />

86. Ibid., pp. 23-24, pars. 81-91.<br />

87. Ibid., p. 31, par. 135.<br />

88. Ibid., p. 3, par. 14.<br />

89. Ibid., pp. 30, 28 et 3, pars. 134, 121 et 13.<br />

90. Comme j´ai signalé dans mon Opinion Concurrente<br />

mentionnée (paragraphes 25-26) dans<br />

l´Avis Consultatif n. 18 (de 2003) de la Cour<br />

Interaméricaine des Droits de l´Homme.<br />

91. A.A. Cançado Trindade, “General Course on<br />

Public International Law... – Part I”, op. cit. supra<br />

n. (57), chapitre VI, pp. 177-202.<br />

92. A.A. Cançado Trindade, “General Course on<br />

Public International Law... – Part I”, op. cit. supra<br />

n. (57), chapitre XI, pp. 318-333.


DOSCIENTOS AÑOS DE VIOLACIÓN DE LOS DERECHOS<br />

HUMANOS EN LAS PRISIONES DE MÉXICO<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Antonio Sánchez Galindo<br />

Miembro de la Academia Mexicana de Ciencias Penales y de la Sociedad Mexicana de Criminología.<br />

Doscientos años de independencia. Doscientos<br />

años de oprobio. Doscientos años de brutalidad<br />

y corrupción. Esto es lo que ha sido nuestro<br />

“sistema –si así lo pudiéramos llamar– de punición<br />

en clausura. Que también lo ha sido el de la<br />

cárcel preventiva. Si las penitenciarías han mostrado<br />

su falta de humanidad, idéntica forma han<br />

seguido las preventivas. Elegantemente las hemos<br />

denominado (desde Fedor Dostoywski, “El Sepulcro<br />

de los Vivos”); antes fueron las “Catedrales<br />

del Miedo”; más recientemente las nombramos<br />

“Universidades del Vicio”. Para Cristóbal de Chaves,<br />

contemporáneo de Cervantes, que la vivió en<br />

varias ocasiones, eran el “Infierno en la tierra”.<br />

Alfonso Quiroz Cuarón, nuestro maestro inolvidable,<br />

hablaba de ellas como “Cloacas donde se<br />

almacena a los vulnerables la sociedad”. En fin,<br />

los denostativos epítetos han sido, merecidamente,<br />

infinitos. No hemos podido dar el salto para<br />

hablar de escuelas-taller u hospitales-escuela,<br />

aunque eufemística y vergonzantemente las llamamos,<br />

las rotulamos, como “instituciones modelo”<br />

o “centros de readaptación social”. En las<br />

denominaciones está la historia de estas instituciones<br />

que habitan los desgraciados, los olvidados,<br />

los desheredados sociales. Julio Torri, excelente<br />

escritor mexicano del siglo XX, manifestó que la<br />

historia del hombre es la historia de su actitud.<br />

De igual forma podríamos decir de la humanidad.<br />

“La historia de la humanidad: es la historia de su<br />

actitud con sus prisiones”.<br />

El México precolombino se caracterizó por<br />

la crueldad de sus recintos de punición: el teipiloyan,<br />

el cuauhcalli, el malcalli, el petlacalli. Estas<br />

prisiones iban desde la espera de la pena de muerte,<br />

en la mayoría de los casos, bajo las formas más<br />

abyectas, hasta el encierro por deudas.<br />

La Colonia (1521-1821) fue regida por las<br />

Leyes de las Siete Partidas, la Leyes de Indias y la<br />

Constitución de Cádiz, en sus postrimerías. Las<br />

primeras, recopiladas por Alfonso el Sabio, dentro<br />

de la séptima serie. En diferentes capítulos, estableció<br />

un importante derecho sustantivo y adje-<br />

tivo, y en la 7.29.8 hace referencia expresa a la<br />

prisión que podía ser perpetua o preventiva y a los<br />

carceleros (alcaides).<br />

En las Leyes de Indias, dentro del título VI,<br />

se considera una serie de principios que se deben<br />

observar en los lugares destinados a prisión:<br />

Cómo debe ser el personal, que debe contener el<br />

reclusorio. Que los guardias hagan juramento,<br />

que se tenga libro de entrada y de salida y no se<br />

fíen las llaves a indios ni a negros, que los alcaides<br />

residan en las cárceles, que haya agua limpia, que<br />

no se cobre carcelaje, que traten bien a los presos<br />

ni se sirvan de los indios, que los carceleros<br />

no consientan juegos por más de lo que valiere ni<br />

lleven carcelaje a los pobres, que los carceleros lleven<br />

los derechos conforme a los aranceles, que los<br />

pobres no sean detenidos por costas o carcelaje,<br />

que los indios no paguen costas ni carcelaje, que<br />

el preso no sea vuelto a la cárcel por costas y carcelaje,<br />

que el regidor diputado visite las cárceles y reconozca<br />

a los presos, que las justicias se informen<br />

sobre el cumplimiento de estas leyes y las hagan<br />

guardar, que los jueces inferiores no suelten a los<br />

presos después de haberse apelado, etcétera. Éstos<br />

son, en otras muchas disposiciones, los principios<br />

de las Leyes de Indias que hacían referencia a las<br />

prisiones durante los trescientos años que duró la<br />

dominación española y que siguió rigiendo con vigencia<br />

hasta el tercer tercio del Siglo XIX en nuestro<br />

país, hasta la promulgación del primer código<br />

Penal de 1871. Llamado Código Juárez o Martínez<br />

de Castro, porque el presidente Juárez fue quien lo<br />

auspició y uno de los principales redactores fue el<br />

jurista Antonio Martínez de Castro.<br />

Las constituciones previas<br />

Como dijimos anteriormente, durante los<br />

últimos años del coloniaje español y ya dentro de<br />

la plena lucha por la independencia (18<strong>10</strong>-1821),<br />

la Constitución de Cádiz sirvió también de fundamento<br />

en los principios que hacen referencia al<br />

derecho penitenciario (artículos 297, 298, y 303).<br />

27


Antonio Sánchez Galindo<br />

Oscar Cruz Barney en su estudio sobre la codificación<br />

en México menciona que “en materia<br />

de prisiones se reglamentaron las cárceles de la<br />

ciudad de México en 1814, y se reformó su reglamento<br />

en 1820 y 1826. Se emitieron disposiciones<br />

sobre la materia el 24 de marzo de 1824, el 11<br />

de abril y el 6 de mayo de 1833.”<br />

En la Constitución de 1824, que es la primera<br />

del México independiente, no hay ninguna referencia<br />

a nuestra materia, porque si bien es cierto que<br />

el castigo, sobre todo el de prisión, es un control<br />

social ineludible, en una nación que está naciendo<br />

esto es plato de segunda mesa y también sucede en<br />

una nación muriente. No obstante existen otros<br />

elementos constitucionales previos nacidos al fragor<br />

de la lucha independentista, como fueron los<br />

documentos trascendentales de Hidalgo y Rayón,<br />

la Constitución de Apatzingán y el Plan de Iguala.<br />

Luego vendrá el reglamento político del primer<br />

imperio mexicano, las bases constitucionales expedidas<br />

por el Congreso Constituyente de 1835<br />

y las Bases de la Organización Política de 1853<br />

que si bien rozan en alguna de sus partes sobre la<br />

ejecución de las penas no hacen referencia directa<br />

a las prisiones.<br />

La Constitución de 1857, presidida por el<br />

acta constitutiva y de reformas y las Bases Orgánicas<br />

para Administración de la República, de la<br />

propia constitución, fue, desde luego un cuerpo de<br />

leyes supremo que en nuestro país contuvo, por<br />

primera vez en su historia, la Declaración de los<br />

Derechos del Hombre y del Ciudadano, de la cual<br />

emanan múltiples principios que se refieren a la<br />

protección del ser humano que se encuentra en<br />

conflicto con la ley penal. Así sucede con el artículo<br />

18 en el cual se establece que sólo habrá prisión<br />

por delito que merezca pena corporal y cuando no<br />

se le compruebe ésta deberá ser puesto en libertad<br />

de inmediato bajo fianza y deja también asentado<br />

que ni la pena de prisión ni la detención podrán<br />

continuar por falta de pago de honorarios o cualquiera<br />

otra ministración de dinero.<br />

Su artículo 19 estableció que ninguna detención<br />

podría ser mayor del término de tres días sin<br />

auto motivado de prisión y que el solo lapso de<br />

este término constituye en responsable a la autoridad<br />

que la ordena o consiente y a los ministros,<br />

alcaldes o carceleros que la ejecuten y culmina<br />

con el texto siguiente: “todo maltratamiento en la<br />

aprehensión o en las prisiones, toda molestia que<br />

se infiera sin motivo legal, toda gabela o contribución<br />

en la cárceles es un abuso que deben corregir<br />

las leyes, y castigar severamente las autoridades.”<br />

28<br />

El artículo 23 manifiesta: “Para la abolición<br />

de la pena de muerte queda a cargo del poder administrativo<br />

el establecer a la mayor brevedad posible<br />

el régimen penitenciario”.<br />

Los códigos penales<br />

El primer Código Penal Federal de México<br />

vio la luz en 1871. Llevó el nombre de Código de<br />

Martínez de Castro (como hemos dicho) por ser el<br />

jurista Antonio de idénticos apellidos del redactor<br />

principal del mismo. También se le nombró Código<br />

Juárez, en virtud a que don Benito Juárez era el<br />

presidente en el tiempo que el código entró en vigencia.<br />

Desde luego que hubo otros antecedentes<br />

que aquí no citaremos porque exceden al pequeño<br />

resumen que en memoria de nuestros doscientos<br />

años de “independencia” hacemos aquí.<br />

Este buen cuerpo de leyes fue creado dentro<br />

de la corriente utilitaria del correccionalismo. En<br />

él se implanta el sistema celular de Auburn: silencio<br />

y trabajo como bases del mismo. De igual forma<br />

implantó un periodo de prueba antes de la total<br />

libertad. Esto para comprobar que las primeras<br />

letras, la moral y la religión habían producido buenos<br />

resultados. También brilló como nuevo aporte<br />

la figura de la libertad preparatoria que podía ser<br />

hasta por la mitad de la condena otorgada por el<br />

juez del conocimiento de causa. Fue un adelanto<br />

en la ejecución de la pena porque hacía penetrar<br />

el humanismo en la prisión quizá por primera vez<br />

en nuestra patria, aunque sólo fuera en el papel.<br />

En el mismo tren de deseos humanos se propiciaban<br />

las relaciones familiares y de personas que<br />

pudieran ayudar a su moralización. Se adelantó<br />

también lo que sería figura relevante de avance<br />

<strong>10</strong>0 años después, la libertad anticipada.<br />

La reclusión sólo se podía ejecutar en lugares<br />

destinados a la corrección y a personas mayores de<br />

nueve y menores de 18; había prisión ordinaria en<br />

aposento separado de los menores y comunicación<br />

de día y de noche total o parcial. Y las mujeres<br />

compurgaban su pena en recintos independientes<br />

de los destinados a los hombres. Por último, diremos<br />

para finalizar con el análisis de este código<br />

penal, que la prisión extraordinaria se aplicaba en<br />

sustitución de la pena de muerte.<br />

El Código Penal de 1929<br />

Fue la primera reacción en contra del Código<br />

anterior de 1871. Se le denominó código penal Almaraz<br />

porque su autor fue el jurista José Almaraz<br />

Harris, quien había estudiado en Alemania y quería<br />

implantar la corriente germana de esa época.


Su vigencia fue breve (hasta 1931) porque hubo<br />

reacción unánime de otro grupo de juristas. De<br />

él, en el presente resumen, sólo diremos lo que<br />

quedó en su exposición de motivos. Se considera:<br />

“fundamentalmente a la personalidad del delincuente<br />

y a su peligrosidad desde un punto de vista<br />

científico positivista y humaniza en sus tendencias<br />

el tradicional resabio de represión exclusiva<br />

que caracterizaba el anterior Código”. Los fines de<br />

la pena eran la prevención y la readaptación, además<br />

de la utilización del delincuente en labores<br />

sociales. La readaptación se haría por medio del<br />

trabajo y la corrección. Fue un cuerpo de leyes que<br />

trató de evolucionar el derecho penal, pero que<br />

suscitó reacciones de índole tradicional.<br />

El Código Penal Federal de 1931<br />

De conformidad con lo que manifestó Alfonso<br />

Teja Zabre, uno de los redactores de este código<br />

penal, se fundamentó a partir de una tendencia, ecléctica<br />

y pragmática y realizable. Considerando a la<br />

pena como un mal necesario que sólo se justificaba<br />

por la intimidación, la ejemplaridad y la expiación<br />

en aras del bien colectivo, la necesidad de evitar<br />

la venganza privada, pero fundamentalmente, teniendo<br />

como fin la conservación del orden social.<br />

También se fijó como objeto –que desde luego resalta<br />

nuestro interés– la reforma de las prisiones y<br />

la creación de nuevos establecimientos adecuados<br />

para lograr la readaptación social y la reinserción<br />

de los infractores a la vida social por medio de la<br />

libertad preparatoria o condicional, la reeducación<br />

profesional y otras medidas, según sus redactores,<br />

más humanas. La prisión fue la pena más importante<br />

dentro de todo su elenco de castigos cuya<br />

ejecución correspondía al órgano delegado por el<br />

Ejecutivo Federal: El Departamento de Prevención<br />

y Defensa social. El trabajo era el elemento primordial<br />

a través del cual se debería lograr la readaptación<br />

y el beneficio de la libertad preparatoria (que<br />

se alcanzaría cuando se cumplieran las dos terceras<br />

partes de la condena, uniendo el trabajo realizado<br />

y la buena conducta. Este código sigue vigente hasta<br />

la fecha con muchas reformas, algunas de ellas<br />

afortunadas otras no tanto.<br />

La Legislación Adjetiva<br />

Los códigos procesales federales, en relación<br />

con el derecho penitenciario y la ejecución penal,<br />

como todas nuestras leyes tienen sus antecedentes.<br />

El maestro, perito en la materia, don Juan<br />

José González Bustamante, afirma que en nuestro<br />

derecho procesal hubo tres etapas:<br />

Doscientos Años de Violación de los Derechos Humanos en las Prisiones de México<br />

a) Leyes del procedimiento penal vigentes en<br />

la Nueva España antes de la consumación<br />

de la independencia.<br />

b) Leyes vigentes desde la consumación de<br />

la independencia hasta la expedición del<br />

código de 1880.<br />

c) Leyes vigentes desde 1880 hasta nuestros<br />

días.<br />

No nos referiremos a los antecedentes coloniales<br />

porque prácticamente son los mismos que<br />

en materia sustantiva: siete partidas, leyes de Indias<br />

(primera y segunda compilación), etc. De la<br />

consumación de la independencia a 1880 existen<br />

estos antecedentes: El 4 de septiembre de 1824 se<br />

expide la primera ley para mejorar la administración<br />

de justicia y los procedimientos judiciales. Después<br />

vinieron las leyes del 16 de mayo de 1831 y la<br />

del 23 de mayo de 1847. No obstante, en general<br />

se continuaron aplicando las leyes españolas. Cabe<br />

mencionar, igualmente, que el 23 de noviembre de<br />

1855, se derogaron los principios del centralismo<br />

propuesto por las Bases Orgánicas de 1836. El 5<br />

de enero de 1857 y el 4 de mayo del mismo año,<br />

se promulgó un decreto que cimentó las formas en<br />

que las cárceles deberían ser visitadas.<br />

La promulgación del Código Penal de 1871<br />

reclamó la presencia de un código de procedimientos<br />

penales. Esto ocurrió en 1880. El 15 de septiembre,<br />

entró en vigor hasta el 1 de noviembre del<br />

mismo año para administrar la justicia del Distrito<br />

Federal y la del territorio de Baja California.<br />

En 1891, y en virtud de los problemas procesales<br />

que se presentaron en torno a los jurados<br />

populares, se procedió a reformar el Código mencionado,<br />

con lo cual apareció uno nuevo el 6 de<br />

junio de 1894. En este compuesto legal se exige<br />

que las penas, incluyendo las de prisión, se ejecuten<br />

puntualmente.<br />

En 1908 se promulgó por primera vez un Código<br />

Federal de procedimientos penales que siguió<br />

los lineamientos del de 1894.<br />

Durante el año de 1929 y como complemento<br />

del Código Almaraz, vio la luz el Código de<br />

Organización, Competencia y Procedimientos en<br />

materia penal para el Distrito y Territorios.<br />

El Código Federal de 1934 merece consideración<br />

especial porque, como se dice en la exposición<br />

de motivos, “no tuvo por objeto el simple deseo<br />

de innovar, sino de ajustar la nueva ley procesal<br />

a los preceptos contenidos en La Constitución<br />

Federal de la República y en el Código Penal de<br />

1931”. En el adjetivo (y también en el sustantivo)<br />

29


Antonio Sánchez Galindo<br />

se consignan los capítulos de ejecución de la pena<br />

de prisión, en relación con el trabajo de los reos, la<br />

retención (que fue abolida hasta 1994) y el órgano<br />

que se encargaría de ejecutarla.<br />

La reforma penal de 1971<br />

En 1971, a <strong>10</strong>0 años de la promulgación del<br />

primer código penal, al que ya nos hemos referido,<br />

apareció una nueva reforma integral que abarcó<br />

todos los cuerpos de leyes penales y los adicionó,<br />

creando otros nuevos instrumentos.<br />

En primer término, las reformas al Código<br />

Federal de Procedimientos Penales de 1934 comprendieron<br />

la redistribución de la competencia;<br />

el órgano jurisdiccional monocrático; el procedimiento<br />

sumario, las pruebas, preparación del juicio<br />

y audiencia, libertades por desvanecimiento de<br />

datos, potestatoria y previa; libertad preparatoria<br />

y la creación de los Servicios Coordinados de Prevención<br />

y Readaptación social como órgano ejecutor<br />

de sanciones. Para nuestro trabajo las figuras<br />

que importan son la libertad preparatoria, la remisión<br />

parcial de la pena, la prelibertad y el sistema<br />

penitenciario en su integridad. Todo esto inserto en<br />

la Ley de Normas Mínimas sobre Readaptación Social<br />

de Sentenciados, en la cual aparece también la<br />

institución de protección para liberados.<br />

También en esta reforma se incluyó el artículo<br />

18 Constitucional, en el cual se separa tajantemente<br />

procesados de sentenciados, hombres de<br />

mujeres y menores de adultos y se establece que la<br />

forma de tratamiento (como fin de la pena de prisión)<br />

sea el trabajo, la capacitación para el mismo<br />

y la educación. Asimismo, se faculta a la Federación<br />

para que celebre convenios con las entidades<br />

federativas con vistas al intercambio de reos para<br />

que compurguen su pena privativa de libertad en<br />

instituciones federales.<br />

De igual forma aconteció con los artículos<br />

de la Constitución 4º, 5º y 123 para otorgar igualdad<br />

de derechos al hombre y la mujer, el derecho<br />

a la libertad de trabajo con excepción a la que se<br />

impone como pena por la autoridad judicial, sujetándose<br />

a lo dispuesto por las fracciones I y II, del<br />

mencionado artículo 123.<br />

En 1976, apareció una reforma al párrafo V<br />

del artículo 18 Constitucional relativa a la posibilidad<br />

de que los reos que se encuentren compurgando<br />

una sentencia en el extranjero, puedan<br />

ser trasladados a la República para que cumplan<br />

sus condenas en nuestro país y, a su vez, los extranjeros<br />

que estén sentenciados en nuestro país<br />

puedan ser trasladados a su país de origen. Todo<br />

esto para que se readapten de conformidad a los<br />

30<br />

usos y costumbres en los que fueron criados y a<br />

los que se van a reintegrar una vez que alcancen<br />

su plena libertad.<br />

Iniciado el siglo XXI, se procedió a realizar<br />

las reformas últimas: el 12 de diciembre de 2005,<br />

el tantas veces reformado artículo 18 ha sufrido<br />

la reforma en la parte correspondiente a los menores<br />

infractores que desde ese momento se denominarán<br />

adolescentes en conflicto con la ley.<br />

Haciéndolos imputables en igual forma que los<br />

adultos delincuentes, esta reforma ha traído innumerables<br />

problemas que, hasta la fecha, no se<br />

han resuelto. El 18 de julio de 2008 se publica<br />

la última reforma a este vilipendiado artículo en<br />

el que se cambia el fin de la pena de prisión (que<br />

era la readaptación social) por el de reintegración<br />

social y los elementos conforme a los cuales se logrará<br />

este nuevo concepto son el trabajo, la capacitación<br />

para el mismo, la educación, la salud y el<br />

deporte. La reinserción se hará en la familia y en<br />

la sociedad y se luchará por evitar la reincidencia.<br />

Las principales Instituciones (cloacas<br />

humanas) penitenciarias en estos últimos<br />

doscientos años de independencia<br />

Ponemos entre paréntesis cloacas humanas<br />

porque eso han sido nuestras prisiones, muchas<br />

de la cuales desde la Colonia española subsistieron<br />

en el México independiente hasta bien entrado<br />

el siglo XX. En ellas se han violado los derechos<br />

humanos en toda su extensión, salvo en raros momentos<br />

en algunas.<br />

Estos edificios destinados a la privación de<br />

libertad revelan, en mayor o menor grado, la actitud<br />

sádica y brutal del control social que establecen<br />

los gobiernos en un tiempo y lugar determinado<br />

y marcan la actitud deshumanizada con la cual<br />

aniquilan a sus vulnerables sociales. Las prisiones<br />

coloniales fueron las cárceles de la Inquisición: las<br />

cárceles de Perpetua o de la Misericordia, la cárcel<br />

Secreta y la de la Ropería y la Real Cárcel de Corte<br />

que estuvo dentro del propio Palacio Virreinal<br />

(después Palacio Nacional). También destacó la<br />

cárcel de la Acordada, creada a partir del tribunal<br />

del propio nombre, cuya erección atendía a la<br />

delincuencia organizada de aquella época (bandas<br />

que asolaban los caminos). Esta prisión subsistió<br />

hasta 1862. En las provincias existieron muchos<br />

edificios destinados a prisión, pero exceden a este<br />

pequeño estudio; sin embargo, todas ellas en verdadero<br />

estado de miseria.<br />

El Segundo Imperio (el de Maximiliano de<br />

Habsburgo y Carlota) también tuvo sus prisiones.


Maximiliano como liberal convencido que era decidió<br />

que todos los delincuentes deberían estar<br />

encarcelados porque sueltos afectaban el progreso<br />

del país. Fue como en esa breve época de nuestro<br />

segundo imperio existieron la Cárcel de Belén, edificio<br />

del tiempo colonial que subsistió hasta 1933,<br />

y que se denominó Cárcel Nacional y la Cárcel de<br />

la Plaza Francesa y la cárcel de la Ciudad.<br />

Para finales del siglo XIX se empezó a construir<br />

la Penitenciaría del Distrito Federal, ya en<br />

pleno régimen del dictador Porfirio Díaz, la cual<br />

fue concluida en 1900. Ella fue inaugurada por el<br />

propio presidente Díaz. Su reglamento fue publicado<br />

en 190l. Inicialmente su capacidad fue para<br />

800 reos sentenciados varones y 180 mujeres. La<br />

arquitectura fue el panóptico benthamiano en su<br />

variante radial. Con el tiempo se fue saturando y<br />

tuvo que ser ampliada y en 1933, cuando se cerraron<br />

para siempre las puertas de la cárcel colonial<br />

de Belén tuvo que albergar sentenciados y procesados,<br />

lo que provocó una sobrepoblación que llegó<br />

a alcanzar hasta los tres mil ochocientos internos<br />

con los inconvenientes que esto crea siempre: corrupción,<br />

promiscuidad, enrarecimiento de servicios<br />

y disturbios. Así se dio final de esta terrible<br />

prisión que, siendo modelo en su época, en sus<br />

postrimerías consolidó el mote de “Palacio Negro”<br />

por la siniestra situación infrahumana a la que<br />

había llegado.<br />

Las Islas Marías<br />

La Colonia Penal de las Islas Marías fue destinada<br />

a prisión el 12 de mayo de 1905 durante<br />

la gestión de Porfirio Díaz y no ha dejado de<br />

funcionar desde esa fecha con anomalías diversas.<br />

En múltiples ocasiones hemos mencionado<br />

que las colonias penales ya son parte del pasado<br />

y que son lugares inhóspitos en donde los derechos<br />

humanos se violan constantemente y en las<br />

cuales no se puede establecer un verdadero sistema<br />

penitenciario que haga mejor al delincuente;<br />

que, de igual manera, en ellas se implementan<br />

penas trascendentes ya que se lleva a la esposa y<br />

a los niños en una sociedad fundamentalmente<br />

criminógena. Con terquedad inaudita, sin embargo,<br />

nuestros gobiernos se obstinan en conservar<br />

este penal. No obstante, hay que considerar que<br />

dadas las circunstancias en que actualmente se<br />

encuentran todas las otras prisiones de nuestra<br />

República, incluyendo las federales de alta seguridad,<br />

esta colonia penal representa un “remanso<br />

de paz” porque no tiene, aún, exceso de población<br />

y personas (reos y familiares y autoridades) viven<br />

con cierta comodidad. En la actualidad se quiere<br />

cometer un error garrafal porque se piensa hacer<br />

Doscientos Años de Violación de los Derechos Humanos en las Prisiones de México<br />

en ellas un reclusorio de máxima seguridad en el<br />

cual se alberguen incluso menores: vamos de mal<br />

en peor con nuestra política que no sólo podemos<br />

catalogarla de criminológica, sino verdaderamente<br />

de criminal, en el sentido estricto de esta palabra.<br />

El Centro Femenil de Readaptación Social<br />

Este centro, que vino a aliviar por un momento<br />

la promiscuidad y el abandono de las<br />

mujeres que infraccionaban el derecho penal, se<br />

inauguró en 1952 y empezó a funcionar en 1954.<br />

Las instalaciones cuya construcción se debió al<br />

arquitecto español Ramón Marcos Noriega contó<br />

con todos los servicios: clínica, escuela, servicios<br />

generales (cocina, panadería, tortillería, lavandería,<br />

huertas, auditorio), celdas unitarias y pentarias,<br />

áreas para visita familiar, comedor, deportes,<br />

talleres y gobierno).<br />

La Penitenciaría del Distrito Federal de<br />

Santa Martha Acatitla<br />

Desde que se celebró el segundo Congreso<br />

Nacional Penitenciario en 1952 se manifestó que<br />

era menester contar con una nueva penitenciaría,<br />

destinada exclusivamente para condenados,<br />

ya que en el Palacio Negro de Lecumberri, se encontraban<br />

hacinados procesados y sentenciados y<br />

mujeres procesadas. Esto motivó al gobierno de<br />

aquella época para que se construyera la nueva<br />

penitenciaría que complementaría el sistema de<br />

tratamiento penitenciario del Distrito Federal que<br />

ya era insostenible con el penal construido a principios<br />

del siglo bajo el régimen, como hemos dicho<br />

líneas arriba, del dictador Porfirio Díaz. Esta<br />

nueva institución de ejecución de penas privativas<br />

de libertad, fue levantada en los terrenos de Santa<br />

Martha Acatitla, en la Delegación de Ixtapalapa,<br />

en parte de lo que había sido el antiguo lago de<br />

Texcoco. Su arquitecto fue también Ramón Marcos<br />

y su capacidad inicial alcanzó el número de<br />

1500 internos. Como el Palacio Negro de Lecumberri,<br />

fue una institución modelo en sus inicios.<br />

Desafortunadamente, como aquél, su deterioro y<br />

sobrepoblación hicieron que se agregaran nuevas<br />

construcciones y se echara a perder su diseño original.<br />

En la actualidad es un penal desvencijado,<br />

sucio, mal oliente y lleno de corrupción y sobrepoblación<br />

que amenaza su ruina total. Esto no<br />

sólo porque el tiempo ha sido su insaciable en su<br />

destrucción sino porque las autoridades no le han<br />

dado el mantenimiento requerido y los internos,<br />

quienes son como niños en etapa lúdica, se han<br />

encargado de hacerlo prácticamente polvo. Pero<br />

polvo corrompido. El ilustre jurista y penitencia-<br />

31


Antonio Sánchez Galindo<br />

rista brasileño César Oliveira de Barros Leal, que<br />

tanta huella ha dejado en México, hace referencia<br />

a esta prisión en sus libros que son dignos de leerse<br />

por todo aquel que desee informarse sobre las<br />

prisiones latinoamericanas.<br />

El Centro Penitenciario del Estado de<br />

México<br />

En la historia de las prisiones de México dentro<br />

de sus doscientos años de independencia merece<br />

una cita especial el Centro Penitenciario del<br />

Estado de México que también fue modelo y ejemplo,<br />

en su tiempo (1967-1976), de lo que debe hacerse<br />

en las prisiones para que éstas sean dignas y<br />

marchen dentro de lo que establece la Carta de los<br />

Derechos Humanos de las Naciones Unidas. Su<br />

arquitecto fue Guillermo Beguerisse y fue erigida<br />

en los terrenos del municipio de Almoloya de Juárez,<br />

cerca de su cabecera. En sus inicios, primero<br />

se promulgó su principio de legalidad, luego sus<br />

instalaciones (que abarcaron institución cerrada<br />

para procesados y sentenciados, perfectamente separados;<br />

prisión femenina, también independiente<br />

y en forma de casa-hogar para que ni siquiera<br />

en el aspecto arquitectónico tuviese reminiscencias<br />

de punición; institución abierta, talleres para<br />

todos los internos e internas en niveles industrial,<br />

semindustrial, agropecuario y artesanal). Éstas –<br />

las mujeres– tenían, además, una guardería para<br />

sus niños que se quedaban a su lado hasta que<br />

cumplían seis años, fecha en la cual se entregaban<br />

a los familiares de la interna o una institución<br />

infantil del sistema de ayuda a los niños. Se fabricaban<br />

mosaicos, tabiques para la construcción,<br />

uniformes, postes telefónicos, muebles para las<br />

escuelas, pan, tortillas. Se explotaban la porcicultura,<br />

la cunicultura y la piscicultura y se cultivaban<br />

hortalizas para consumirse en la dieta de los internos.<br />

En <strong>10</strong> años no hubo un solo homicidio, situación<br />

inusitada en un país violento como es México<br />

que tiene una tasa de dos homicidios por mes.<br />

Los resultados positivos fueron múltiples. Enumeraremos<br />

sólo algunos:<br />

32<br />

1. Cumplir en el país, por primera vez, con la<br />

separación de procesados, hombres y mujeres.<br />

2. Contar con un principio de legalidad<br />

integral.<br />

3. Selección y capacitación del personal en<br />

todos sus niveles antes de la asunción del<br />

cargo.<br />

4. Establecimiento de una clasificación científica<br />

dentro de los derechos humanos.<br />

5. Capacitación para el trabajo al ciento por<br />

ciento de la población de internos.<br />

6. Tratamiento individualizado dentro de un<br />

sistema progresivo técnico interdisciplinario,<br />

con fases de estudio y diagnóstico,<br />

tratamiento propiamente dicho y fase de<br />

prelibertad.<br />

7. Creación de una institución abierta.<br />

8. Establecimiento de un Patronato para liberados.<br />

9. Aplicación del principio de la remisión<br />

parcial de la pena.<br />

<strong>10</strong>. Promulgación de la primera Ley de Auxilio<br />

a la Víctima del Delito.<br />

11. Establecimiento de métodos colectivos<br />

consistentes en acercamiento de la comunidad<br />

a los preliberados y excursiones culturales<br />

e industriales para los efectos de<br />

que en los internos se crearan valores y la<br />

comunidad les abriera puertas de trabajo.<br />

12. Abatimiento de la reincidencia de un<br />

30% a un 1.2% en <strong>10</strong> años.<br />

13. Liberación de la carga que implicaba la<br />

atención de los internos hasta en un 80%.<br />

14. Creación de un fondo de ahorro para cada<br />

interno depositado en los bancos para el<br />

momento en que quedara en libertad.<br />

15. Visita familiar e íntima al <strong>10</strong>0% de internos<br />

una vez por semana.<br />

16. Publicación de los Cuadernos del Centro<br />

Penitenciario sobre temas científico-<br />

-penitenciarios.<br />

17. Motivación para la creación de una nueva<br />

política de tratamiento penitenciario<br />

a nivel nacional y dentro de los derechos<br />

humanos.<br />

Este sistema fue creado por el Dr. Sergio García<br />

Ramírez con el apoyo de múltiples penalistas<br />

mexicanos entre los que destacaron el Dr. Alfonso<br />

Quiroz Cuarón y el maestro Javier Piña y Palacios.<br />

Las últimas y futuras prisiones del Distrito<br />

Federal<br />

Antes de mencionar las más recientes construcciones<br />

penitenciarias de la capital de nuestro<br />

país, es preciso destacar la vigencia momentánea,<br />

pero brillante y pionera, que tuvo el Centro Médico<br />

de Reclusorios que fue de 1976 a 1979. Este<br />

Centro Médico sirvió para que se trataran, en todos<br />

los niveles, los enfermos de las prisiones de<br />

nuestra ciudad de México, incluyendo, por prime-


a vez a los enfermos mentales. Esta Institución se<br />

construyó a semejanza del hospital Louis Phillipe<br />

Pinel, de Canadá. Empero, en el sexenio del Lic.<br />

José López Portillo, y bajo la regencia del Profesor<br />

Carlos Hank González, este notable y humano<br />

adelanto fue cancelado, alegándose que no existía<br />

presupuesto para su manutención: se transformó<br />

en cárcel de mujeres y se cerró la Santa Martha<br />

Acatitla que se había puesto a funcionar apenas,<br />

como ya dijimos, en 1954. En México, en muchos<br />

aspectos vivimos como los niños en una constante<br />

etapa lúdica en la cual construimos para destruir,<br />

no para conservar.<br />

Para sustituir el Centro Médico de Reclusorios<br />

se destinó el dormitorio 9 del Reclusorio Preventivo<br />

Sur de la propia ciudad de México para<br />

que albergara a los enfermos mentales hombres y<br />

el sector de procesadas para las enfermas.<br />

Esto nos permite hacer referencia a la construcción<br />

de los Reclusorios Preventivos de la Ciudad<br />

de México, puestos a funcionar en 1976. Se<br />

programaron cuatro (uno por cada punto cardinal<br />

de la ciudad), pero sólo se pudieron terminar 2 (el<br />

Norte y el Oriente; posteriormente se construyó<br />

el Sur y el poniente nunca vio la luz del funcionamiento.<br />

Estos reclusorios (el Norte, el Sur y el<br />

Oriente) que fueron construidos bajo la asesoría<br />

de un grupo de peritos –Alfonso Quiroz Cuarón,<br />

Javier Piña y Palacios, Ignacio Machorro Delmonte,<br />

Victoria Adato Green, el médico Ruiz Esparza,<br />

y el que este artículo escribe co mo coordinador,<br />

entre otros.<br />

Actualmente un Centro Femenil funciona en<br />

lo que fue el Centro Médico y en la torre del mismo<br />

un centro médico con limitaciones. Ahora el<br />

centro de tratamiento psiquiátrico, denominado<br />

CEVAREPSI, funciona con adaptaciones en lo que<br />

originalmente fue destinado al sector femenino<br />

del Reclusorio Preventivo Sur. El último reclusorio<br />

construido en el área del Distrito Federal es el denominado<br />

CERESOVA (Centro de Readaptación<br />

Social Varonil) que originalmente estuvo destinado<br />

a los jóvenes adultos sentenciados.<br />

En virtud de que la política criminológica se<br />

ha incrementado en dureza, por el pavor que provoca<br />

social y políticamente el crimen organizado,<br />

se han creado varias cárceles federales de –máxima<br />

seguridad– en distintos lugares de la geografía mexicana,<br />

lo que aumenta lo que en alguna ocasión<br />

mencionara John Howard: la geografía del dolor.<br />

Ellas se encuentran en Almoloya de Juárez (La<br />

Palma), en Jalisco (Puente Grande), en Tamaulipas<br />

y en Nayarit. Independientemente de que<br />

están próximos a realizar una en Islas Marías, lo<br />

Doscientos Años de Violación de los Derechos Humanos en las Prisiones de México<br />

que sería un penal dentro de una Colonia Penal,<br />

otra en Veracruz que van a denominar de –supermáxima<br />

seguridad–. Aquí hay que contemplar las<br />

aberraciones continuas y continuadas que se están<br />

realizando y que no resuelven ningún problema<br />

y sólo incrementan la violación de los derechos<br />

humanos y la aplicación de penas trascendentes.<br />

Independientemente de lo dicho líneas arriba,<br />

el Distrito Federal se encuentra construyendo<br />

un nuevo reclusorio vertical y múltiples Estados<br />

de la Federación construyen nuevas cárceles cada<br />

vez más llenas de elementos de seguridad y más<br />

vacías de humanitarismo. Nuestro discurso, de<br />

hace treinta o cuarenta años, cuando hablábamos<br />

de que había que humanizar las prisiones, ahora<br />

suena hueco y obsoleto. Lo que importa es la dureza<br />

y la seguridad brutal: alambradas electrizadas,<br />

controles electrónicos, aislamientos absolutos,<br />

dosificación al mínimo de visitas, control brutal<br />

con tratos militares y perros de bravura insólita.<br />

Los Reclusorios Preventivos<br />

de la Ciudad de México<br />

Cuando se inauguró en 1957 la Penitenciaría<br />

de Santa Martha Acatitla, el Palacio Negro de<br />

Lecumberri se convirtió en Cárcel Preventiva.<br />

Más tarde, se construyeron los reclusorios norte<br />

y oriente, ambos preventivos a los que ya nos referimos,<br />

con posterioridad el del sur. Todos ellos<br />

siguieron y siguen siendo una pena adelantada<br />

que no se va a resolver con el nuevo sistema de reforma<br />

penal que se está implantando: juicio acusatorio,<br />

oral y adversarial. El catálogo de delitos<br />

graves impide la libertad bajo fianza e implica a<br />

casi todas la especies criminosas del Código Penal<br />

que impiden el otorgamiento de fianza o bien el<br />

transcurso del juicio, en reclusión domiciliaria o<br />

bien en libertad.<br />

Los órganos de ejecución<br />

El Ejecutivo, tanto federal como estatal, siempre<br />

ha tenido sus representantes para la ejecución<br />

de las sentencias condenatorias, en quienes delega<br />

su autoridad: Primero fueron los secretarios generales<br />

de gobierno, más tarde fueron los secretarios<br />

de gobernación quienes delegaban su autoridad en<br />

los departamentos de prevención y readaptación<br />

social o en las direcciones de servicios coordinados<br />

de prevención y readaptación social y en los<br />

secretaríos de seguridad pública, las cuales, a su<br />

vez, delegan su autoridad en las subsecretarías de<br />

prevención y reinserción social. Ya no importa –<br />

como casi nunca ha importado,– la prevención en<br />

sus diversas etapas, que es lo que verdaderamente<br />

33


Antonio Sánchez Galindo<br />

se debería realizar. Lo que importa es la seguridad<br />

a ultranza, porque no importa ya ni el individuo<br />

ni la sociedad: lo valioso es la punición, el castigo:<br />

la cadena perpetua y la eliminación disimulada.<br />

Desde luego quedan a salvo algunos esfuerzos loables<br />

como los que realiza el Distrito Federal que es<br />

una gota de agua en pleno desierto.<br />

La asistencia a liberados<br />

Este capítulo que era la culminación del tratamiento<br />

institucional, como éste mismo, ha sido<br />

nulificado. Hay algunos esfuerzos por resucitarlo.<br />

En la reforma de 1971 y a imagen y semejanza<br />

de lo que se logró en el Estado de México con<br />

el Dr. Sergio García Ramírez, proliferaron estas<br />

posinstituciones como dieron en llamarse también.<br />

Prácticamente cada entidad federativa tuvo su<br />

propio patronato para liberados. Hoy por hoy sólo<br />

queda vivo el que fundamos en Jalisco a principios<br />

de los años ochenta del siglo pasado.<br />

El personal de prisiones<br />

A lo largo de la siniestra historia de las prisiones<br />

de nuestro país, desde hace doscientos años<br />

de independencia, lo que ha primado es la improvisación<br />

de este contingente humano, a pesar de<br />

que, como decía un penitenciarista empírico de<br />

hace cincuenta años –yo no sé nada de prisiones,<br />

pero tengo buena voluntad–. Así ha pasado casi<br />

siempre: ha habido –buena voluntad–, pero por<br />

lo mismo, completa improvisación tanto en los<br />

ejecutivos (directores y subdirectores), como en<br />

el personal administrativo, técnico y de custodia<br />

Desde luego ha habido momentos en que se ha<br />

intentado cumplir cabalmente con la selección y<br />

capacitación del personal: Ya en el Distrito Federal,<br />

Estado de México, Jalisco, Nuevo León, entre<br />

otras entidades y, a nivel federal, con el <strong>Instituto</strong><br />

Nacional de Ciencias Penales (también obra original<br />

de Sergio García Ramírez). Por lo demás en<br />

gran parte se sigue dando la improvisación y el<br />

aprendizaje sobre la marcha.<br />

Los sistemas de tratamiento<br />

La influencia de Jeremías Bentham y el<br />

correccionalismo de Roeder se dejaron sentir<br />

durante el siglo XIX. Mariano Otero, un ilustre<br />

jurisconsulto jalisciense, a mediados del siglo<br />

mencionado, promueve para el Distrito Federal<br />

un sistema penitenciario con las siguientes características:<br />

34<br />

a) La adopción del sistema de Filadelfia (con<br />

variantes).<br />

b) La construcción de edificios donde hubiera<br />

separación de procesados y sentenciados.<br />

c) Sector para jóvenes delincuentes.<br />

d) Trabajo y educación.<br />

e) Frecuente comunicación con la familia.<br />

De hecho, como sistema, el trabajo y la educación<br />

existieron a través de todo el siglo XIX,<br />

pero sólo como una idea, o bien como un mandato<br />

escrito en reglamentos y disposiciones secundarias.<br />

El trabajo tenía una doble significación:<br />

trabajo en el interior de la prisión y trabajo fuera<br />

de ella, situación semejante inclusive al –ad opus<br />

publicum– romano.<br />

En el Código de 1871, su coordinador, don<br />

Antonio Martínez de Castro, afirmaba que la prisión<br />

debería ser aflictiva, ejemplar y correccional.<br />

En nuestro país, por primera vez en su historia,<br />

se estableció un verdadero sistema de tratamiento<br />

hasta 1967, cuando se puso en marcha<br />

el Centro Penitenciario del Estado de México. El<br />

sistema que se aplicó fue el progresivo técnico de<br />

Rebibbia, de Italia. Con fases de estudio y diagnóstico,<br />

tratamiento interdisciplinario y preliberacional,<br />

éste dividido en fases de salidas de fin<br />

de semana, salidas durante la semana y reclusión<br />

de fin de la misma, salida diaria al trabajo con reclusión<br />

nocturna y habitación en la prisión abierta,<br />

con trabajo en el exterior, además de métodos<br />

colectivos, los cuales consistían en visitas a centros<br />

culturales e históricos, teatro o cine, debate<br />

y acceso a industrias de la periferia de Toluca y<br />

el Distrito Federal. Este mismo sistema se trató<br />

de aplicar en todo el país después de la reforma<br />

penal de 1971. Sin mucho eco en la actualidad<br />

este sistema se encuentra totalmente anulado y<br />

sólo se habla de la reinserción social, ya no más<br />

de la readaptación por medio del trabajo, la capacitación<br />

para el mismo, la salud y el deporte.<br />

Desafortunadamente esto sólo existe en el papel,<br />

porque en la realidad ni se da trabajo (más que<br />

en pequeñas formas) ni se concede educación, el<br />

deporte se realiza sin programas y la salud marcha<br />

al desgaire. Un ejemplo es la mala, insuficiente o<br />

ninguna atención médica a aquellos que padecen<br />

de Sida. Podemos decir que aún el deficiente programa<br />

de sistema penitenciario que se propone en<br />

los textos legales, empezando con la Constitución<br />

de la República, en la realidad no existe: no hay<br />

sistema penitenciario. Las prisiones son reservorios,<br />

lugares de hacinamiento y promiscuidad,<br />

donde el hombre y la mujer penados languidecen<br />

en un chiquero sobrepoblado. Así hemos iniciado<br />

la nueva centuria e inició el tercer milenio en


nuestras prisiones. Esto no obsta para que el discurso<br />

oficial triunfe siempre.<br />

Otros Capítulos<br />

Dejaremos para otro estudio, un poco más<br />

ampliado, la lucha que hemos realizado por incorporar<br />

al drama y explosión que significa la criminalidad,<br />

a la víctima del delito que ha logrado incorporarse<br />

a la Constitución Federal y desde 1979 a<br />

algunas legislaciones estatales. También dejaremos<br />

para posterior empresa la narración de los Congresos<br />

penitenciarios nacionales e internacionales que<br />

tuvieron vida desde 1872 con Benito Juárez y cuya<br />

vigencia, con lapsos irregulares se prolonga hasta<br />

nuestros días, independientemente de nuestra<br />

participación en los correspondientes a las Naciones<br />

Unidas, a los que hemos asistido y signado y<br />

ratificado por el Senado de la República.<br />

Futuro de las prisiones en México<br />

En nuestra opinión, el México independiente<br />

funciona en sus movimientos y desarrollos sociales<br />

por centurias. Fue así como sucedió con la<br />

independencia en 18<strong>10</strong>, la Revolución de 19<strong>10</strong> y<br />

Doscientos Años de Violación de los Derechos Humanos en las Prisiones de México<br />

la lucha –que prácticamente implica una revolución–<br />

del 20<strong>10</strong> que engloba la crisis de seguridad,<br />

el “rompimiento” económico que estamos viviendo,<br />

el desgaste de los valores sociales, la entrada a<br />

una globalización cuyo asentamiento o conformación<br />

total todavía no hemos comprendido o adaptado<br />

bien, el neoliberalismo que ha incrementado<br />

la pobreza extrema, la pérdida de los bienes no renovables<br />

(el petróleo entre otros), el incremento de<br />

la deuda nacional y las particulares, la tambaleante<br />

economía y el crimen organizado que prácticamente<br />

nos está rebasando. Todo esto se resuelve a<br />

cien años de la Revolución social de 19<strong>10</strong> y a 200<br />

de la de independencia de 18<strong>10</strong> en nuestra materia,<br />

si es cierto el apotegma de que “las prisiones<br />

son el reflejo de la sociedad” –, en un solo corolario:<br />

la continuación de todo nuestro sistema penitenciario<br />

en un espantoso acto social fallido que sólo<br />

se refleja en la violación, cada vez más intensa, de<br />

los derechos humanos de los vulnerables sociales:<br />

hijos que producimos en la miseria física, social y<br />

espiritual, para seguir tratándolos con una reacción<br />

social cada vez más intensa y brutal: la muerte<br />

social en vida. ¡Dostoievski ha resucitado!<br />

35


Antonio Sánchez Galindo<br />

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del Delito e Investigación Penitenciaria,<br />

1996.


ADDRESS TO THE MANAGUA MEETING<br />

OF INTERNATIONAL AND REGIONAL COURTS<br />

OF JUSTICE OF THE WORLD (2007)<br />

It is a singular pleasure to be here today on<br />

behalf of the International Court of Justice, in a<br />

year which marks the <strong>10</strong>0th anniversary of the establishment<br />

of the First Central American Court<br />

of Justice. As you well know, for its part, the International<br />

Court of Justice celebrated its 60th<br />

anniversary last year. In 1946, our Court stood<br />

virtually alone as the forum for the resolution of<br />

international disputes. Since then, as is evidenced<br />

by the bodies represented here today, a plethora of<br />

new international courts and tribunals have been<br />

established to deal with a variety of international<br />

issues, including the law of the sea, international<br />

trade, human rights, investment disputes, and<br />

the accountability of individuals for international<br />

crimes. It is incumbent upon all of our courts and<br />

tribunals to forge strong working relationships<br />

with one another.<br />

For our part, the International Court of Justice<br />

has opened informal channels of exchange<br />

whereby we regularly receive and provide summaries<br />

or relevant excerpts of cases that address<br />

legal questions of relevance to the different institutions<br />

involved. This Conference and the proposal<br />

to hold it on a bi-annual basis are - and I<br />

speak on behalf of the Court’s in this regard - very<br />

important in beginning to forge the necessary<br />

working relationships between the International<br />

and Regional Courts of Justice around the world.<br />

Members of our Court are carefully following the<br />

decisions and judgments of their counterparts on<br />

other benches. This is seen not only be seen from<br />

the individual opinions of Members of the Court,<br />

where such decisions and articles are extensively<br />

cited, but also in the decisions and judgments of<br />

the Court itself.<br />

With your kind indulgence, I would like to<br />

take a brief tangent and refer to some of our recent<br />

case law, namely the LaGrand 1 and Avena 2 cases,<br />

in which our Court determined that Article 36,<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Awn AL-KHASAWNEH<br />

Vice-President of the International Court of Justice.<br />

paragraph 1, of the Vienna Convention on Consular<br />

Relations contained individual rights.Germany,<br />

the Applicant in LaGrand, had suggested<br />

that these individual rights should be categorized<br />

as human rights. 3<br />

This suggestion was supported by Advisory<br />

Opinion 16/99 of the Inter-American Court of<br />

Human Rights, which had been requested by the<br />

Government of Mexico to pronounce on the ‘nature’<br />

of the rights contained in the very same provision<br />

of the Vienna Convention. 4 In its dispositif,<br />

the Inter-American Court of Human Rights held<br />

that Article 36 of the Vienna Convention on Consular<br />

Relations is part of the body of International<br />

Human Rights Law. 5<br />

In the LaGrand case, the International<br />

Court limited itself to finding that Article 36,<br />

paragraph 1, was an individual right but refrained<br />

from replying to the claim that it was also a human<br />

right. 6 In the Avena case, it was Mexico that<br />

contended that Article 36, paragraph 1, of the<br />

Vienna Convention was to be classified as a human<br />

right, again basing itself on the Opinion of<br />

the Inter-American Court. Again; the International<br />

Court made no determination on this point;<br />

instead; stating in obiter that neither the text nor<br />

the object and purpose of the Convention, nor any<br />

indication in the travaux préparatoires; appeared<br />

to support the conclusion that Mexico drew from<br />

its contention in that regard. 7<br />

More recently, the judgments of two different<br />

Latin American courts have been invoked before<br />

our Court by different Parties. I am sure that<br />

you understand that as these are pending cases I<br />

will limit myself to briefly outline how they have<br />

been presented to us:<br />

As you know, Nicaragua has instituted proceedings<br />

against Honduras with regard to «legal<br />

issues subsisting» between the two States «concerning<br />

maritime delimitation» in the Caribbean Sea.<br />

37


Awn al-khasawneh<br />

In April 2007, in its oral submissions to the<br />

Court in the Case concerning Maritime Delimitation<br />

between Nicaragua and Honduras in the Caribbean<br />

Sea, Nicaragua invoked the judgment of the<br />

Central American Court of Justice in the Incumplimento<br />

o Violación de Normas Comunitarias del<br />

Sistema de la Integración Centroamericana’case,<br />

where Honduras was found to have breached its<br />

international obligations by concluding a treaty<br />

with Colombia concerning maritime delimitation.<br />

In its submissions, Nicaragua relied upon<br />

the judgment of the Central American Court as<br />

evidence before the International Court of Honduras’<br />

breach. 8<br />

Argentina seised the International Court<br />

of a dispute between itself and Uruguay concerning<br />

alleged breaches by Uruguay of obligations<br />

incumbent upon it under the Statute of the River<br />

Uruguay, a treaty signed by the two countries.<br />

Argentina charges Uruguay with having, “unilaterally<br />

authorized... the construction of a pulp mill<br />

near the town of Fray Bentos... without complying<br />

with the obligatory prior notification and consultation<br />

procedure” and thus breaching the Statute.<br />

In November 2006, Uruguay filed a claim for<br />

provisional measures to require Argentina to remove<br />

roadblocks in Argentina territory protesting<br />

against the construction of the pulp mill. Uruguay<br />

alleged that these roadblocks were seriously<br />

inhibiting trade between the two countries.<br />

Argentina, in its defence against this claim,<br />

made reference to a Mercosur ad hoc Tribunal decision<br />

also concerning roadblocks erected in Argentina<br />

to protest against the construction of the<br />

pulp mill, claiming that this Tribunal’s decision<br />

was final and binding and constituted res judicata<br />

between the Parties. The Court took note of the<br />

decision of the Mercosur ad hoc Tribunal in an<br />

Order dated 23 January 2007, although it rejected<br />

Uruguay’s request for provisional measures for different<br />

reasons. 9<br />

Besides taking note of decisions and judgments<br />

of other international judicial bodies, the<br />

International Court also takes into consideration<br />

the judgments of municipal courts and tribunals.<br />

As you might remember, the so-called “Yerodia”-<br />

-case <strong>10</strong> was an example of this. In its judgment<br />

in that case, the Court took note of certain decisions<br />

of national courts, and in particular on the<br />

judgments rendered by the House of Lords of the<br />

United Kingdom and by the Court of Cassation of<br />

France in the Pinochet and Qaddafi cases respectively,<br />

and upon which Belgium, the Defendant,<br />

relied upon to support its claim that an exception<br />

38<br />

to the immunity rule was accepted in the case of<br />

serious crimes in international law. […] 11<br />

However, the Court found that, after careful<br />

examination of State practice, including national<br />

legislation and those few decisions of national higher<br />

courts, it was been unable to deduce from this<br />

practice that there exists, under customary international<br />

law, any form of exception to the rule according<br />

immunity from criminal jurisdiction and<br />

inviolability to incumbent Ministers for Foreign<br />

Affairs, where they are suspected of having committed<br />

war crimes or crimes against humanity.<br />

The Court further laid emphasis on the fact<br />

that the rules governing the jurisdiction of national<br />

courts must be carefully distinguished from<br />

those governing jurisdictional immunities: jurisdiction<br />

does not imply absence of immunity,<br />

while absence of immunity does not imply jurisdiction.<br />

Thus, although various international<br />

conventions on the prevention and punishment<br />

of certain serious crimes impose on States obligations<br />

of prosecution or extradition, such extension<br />

of jurisdiction in no way affects immunities<br />

under customary international law, including those<br />

of Ministers for Foreign Affairs.<br />

These few examples quite impressively demonstrate<br />

that the International Court of Justice,<br />

when hearing cases, increasingly needs to deal<br />

with decisions and judgments of other judicial<br />

bodies, international and municipal, whose determinations<br />

or findings were found to be important<br />

to the Parties for the settlement of the legal dispute<br />

at hand.<br />

The attention demonstrated above that international,<br />

regional, but also municipal courts<br />

pay towards each other’s decisions is crucial in<br />

helping to dispel the obvious concern that an<br />

increase in the number of judicial bodies might<br />

lead to the “fragmentation” of international law.<br />

As a matter of fact, all courts and tribunals are<br />

given a mission, which is to establish the law, one<br />

law. This common purpose, the unity of the law<br />

as such, requires a unity of jurisprudence. At the<br />

same time, it has to be kept in mind that, quite<br />

apart from dealing with different subject matters,<br />

not all of the Courts have the same role.<br />

For some, such as the ICJ, the parties who<br />

come before them are only States, either on their<br />

own behalf or on behalf of their nationals; for<br />

others the parties before them are generally individuals,<br />

or may be individuals or States. The different<br />

categories of parties that come before the<br />

Courts ultimately lead to different roles and functions<br />

for the Courts. 12


Now, as I am only representing the ICJ, I will<br />

limit myself to presenting you our Court, let me<br />

therefore briefly turn to what the distinguished<br />

organizers of the present “Encuentro” have kindly<br />

asked me to present to you today: the goals,<br />

purposes, principles and instruments of action of<br />

the ICJ. I will try to follow the proposed structure.<br />

First, let us turn to the goals, purposes and<br />

instruments of action of the International Court<br />

of Justice. The primary function of the Court is<br />

to decide, in conformity and on the basis of international<br />

law, on legal disputes submitted by<br />

States (contentious cases). The Court can also be<br />

requested to give advisory opinions on legal questions<br />

referred to it by United Nations organs and<br />

specialized agencies (advisory proceedings).<br />

As far as contentious cases are concerned,<br />

only States (States Members of the United Nations<br />

and other States which have become parties<br />

to the Statute of the Court or which have accepted<br />

its jurisdiction under certain conditions) may be<br />

parties to contentious cases. The Court is competent<br />

to entertain a dispute only if the States<br />

concerned have accepted its jurisdiction in the<br />

following ways: a) by entering into a special agreement;<br />

b) by virtue of a jurisdictional clause; and c)<br />

through the reciprocal effect of declarations made<br />

by them under the Statute.<br />

Let me now turn to the instruments of action<br />

the Court has in the event that it considers<br />

that it has jurisdiction (or prima facie jurisdiction).<br />

Upon request of the Parties, the Court can<br />

indicate provisional measures “if it considers that<br />

circumstances so require”, in order to ‘preserve<br />

respective rights and interests of either party.’ Orders<br />

of the Court indicating provisional measures<br />

are binding upon the Parties. The Court, in its<br />

judgment in the LaGrand case, unambiguously<br />

put an end to discussions about the nature of its<br />

provisional measures. Until those proceedings, the<br />

Court had not been asked to make findings about<br />

the binding nature of its provisional measures, but<br />

the issue had been discussed in academia. 13<br />

In LaGrand, the Court was confronted with<br />

conflicting versions of Article 41 in the two original<br />

languages of the Statute and therefore had to<br />

turn to examine the object and purpose of the Statute.<br />

The Court found that: “The object and purpose<br />

of the Statute is to enable the Court to fulfill<br />

the functions provided for therein, and in particular,<br />

the basic function of judicial settlement of<br />

international disputes by binding decisions in accordance<br />

with Article 59 of the Statute. It follows<br />

from that object and purpose, as well as from the<br />

Address to the Managua Meeting of International and Regional Courts of Justice of the World (2007)<br />

terms of Article 41 when read in their context,<br />

that the power to indicate provisional measures<br />

entails that such measures should be binding,<br />

inasmuch as the power in question is based on<br />

the necessity, when the circumstances cal1 for it,<br />

to safeguard, and to avoid prejudice to, the rights<br />

of the parties as determined by the final judgment<br />

of the Court. The contention that provisional<br />

measures indicated under Article 41 might not<br />

be binding would be contrary to the object and<br />

purpose of that Article. 14 The binding nature of<br />

provisional measures has been reaffirmed by the<br />

Court several times since the LaGrand case. 15<br />

As you know, the judgments of the Court are<br />

final, binding on the parties to a case and without<br />

appeal. They may be referred back to the Court for<br />

interpretation or revision. Revision is only possible<br />

in very limited cases, 16 which explains why requests<br />

for revision are hardly ever made before our<br />

Court. In the sixty years of the Court’s existence<br />

only three requests for revision were made, but<br />

the Court has never accepted to revise one of its<br />

judgments. In each case, the Court found that the<br />

requirements of article 61 were not met. 17<br />

Once the judgment of the Court is rendered,<br />

it is binding; however; it is a crucial issue to<br />

ensure that the judgment is not only a piece of<br />

paper but that it is enforced. How does the Court,<br />

or indeed the international legal system ensure<br />

compliance? There exist several mechanisms<br />

whereby compliance with the judgments of the<br />

Court are secured. Pursuant to the Charter, each<br />

Member State of the United Nations undertakes<br />

to comply with any decision of the Court in a<br />

case to which it is a party. Furthermore, a case<br />

can only be submitted to the Court and decided<br />

by it if the parties have consented to its jurisdiction<br />

over the case: thus, it is rare for a decision<br />

not to be implemented.<br />

The records also show that a high percentage<br />

of disputes brought to the Court have been<br />

satisfactorily resolved and implemented. In a case<br />

where a State contends that the other side has failed<br />

to perform the obligations incumbent upon it<br />

under a judgment rendered by the Court, that State<br />

may lay the matter before the Security Council,<br />

which is empowered to recommend or decide<br />

upon the measures to be taken to give effect to<br />

the judgment. This procedure clearly shows the<br />

complementarity of roles of the Court and the<br />

Security Council in ensuring peace and security<br />

between States.<br />

In practice, legal questions may arise under<br />

the auspices of the United Nations, that are<br />

39


Awn al-khasawneh<br />

not susceptible of resolution through contentious<br />

proceedings, which being adversarial in nature require<br />

two or more States involved in a dispute to<br />

consent to bring that dispute before the ICJ. It is<br />

in such cases that advisory proceedings might be<br />

considered more suitable. Let me thus briefly outline<br />

the advisory jurisdiction of the Court.<br />

Ad visory opinions can be requested solely by<br />

five organs of the United Nations and by sixteen<br />

Specialized Agencies. 18 Distinguished authors<br />

have criticized these limitations, and some have<br />

proposed amendments to the statute in order to<br />

allow other international organizations, individual<br />

States or even non-state actors to file requests<br />

for advisory opinions. 19 So far, no serious attempt<br />

has been made to amend the Statute of the Court.<br />

The United Nations General Assembly and<br />

Security Council may request advisory opinions<br />

on “any legal question”. Other United Nations<br />

organs and specialized agencies which have been<br />

authorized to seek advisory opinions can only do<br />

so with respect to “legal questions arising within<br />

the scope of their activities”. The Court is empowered<br />

to hold written and oral proceedings,<br />

certain aspects of which recall the proceedings in<br />

contentious cases. In theory, the Court may do<br />

without such proceedings, but it has never dispensed<br />

with them entirely.<br />

It is not usual, however, for the ICJ to allow<br />

international organizations other than the one<br />

having requested the opinion to participate in advisory<br />

proceedings. With respect to non-governmental<br />

international organizations, the only one<br />

ever authorized by the ICJ to provide information<br />

did not in the end do so (International Status of<br />

South West Africa) 20 . The Court has rejected all<br />

other such requests by private parties.<br />

The written proceedings are shorter but as<br />

flexible as in contentious proceedings between<br />

States. Participants may file written statements,<br />

which are regarded as confidential, but are generally<br />

made available to the public at the beginning<br />

of the oral proceedings. States are then usually invited<br />

to present oral statements at public sittings.<br />

It is the essence of such opinions that they<br />

are advisory, i.e., that, unlike the Court’s judgments,<br />

they have no binding effect. The requesting<br />

organ, agency or organization remains free to<br />

give effect to the opinion by any means open to it,<br />

or refrain from doing so. Certain instruments or<br />

regulations can, however, provide beforehand that<br />

an advisory opinion by the Court shall have binding<br />

force (e.g., conventions on the privileges and<br />

immunities of the United Nations). It remains<br />

40<br />

nevertheless that, to some extent, the authority<br />

and prestige of the Court might contribute to the<br />

acceptance of its advisory opinions and that sometimes<br />

States or organs endorse that opinion.<br />

The recent advisory opinion of the Court<br />

was given in 2004 on the “Legal Consequences of<br />

the Construction of the Wall in the occupied Palestinian<br />

territory”. The Court by 14 votes against<br />

1, inter alia, found that “The construction of the<br />

wall being built by Israel, the occupying Power, in<br />

the Occupied Palestinian Territory, including in<br />

and around East Jerusalem, and its associated régime,<br />

are contrary to international law.”<br />

You all know that the reactions to the advisory<br />

opinion have been, to put it delicately, divergent:<br />

they were either harsh or laudatory, with<br />

little in between. The sensitivity of the issues at<br />

stake certainly contributed to these reactions,<br />

but they also demonstrate that the findings of<br />

the Court, whether made in contentious cases or<br />

in advisory proceedings, are certainly of note for<br />

both the general public and political circles. 21<br />

In conclusion, it is today undisputable that<br />

the International Court of Justice plays an important<br />

role in the peaceful settlement of disputes;<br />

but the Court is not alone it is joined in its endeavors<br />

by other international or regional judicial<br />

bodies playing a determining role in the judicial<br />

settlement of disputes within the limits of their<br />

jurisdiction. I mentioned in the introduction that<br />

members of the Court study with great interest<br />

the decisions and judgments of other judicial organs.<br />

The Court notes with great satisfaction that<br />

its jurisprudence is also taken into consideration<br />

by other judicial bodies.<br />

It might be useful to recall that the role of<br />

the ICJ is not only to settle a determined dispute<br />

but also to declare the law (juris dicere/juris diction)<br />

within its jurisdiction. The ICJ is the only<br />

universal judicial body with general jurisdiction.<br />

The Court is not only universal by its composition,<br />

but also the Parties coming from all the corners<br />

of the world before it reflect the universality<br />

of the Courts mission. The Court has been asked<br />

to make findings on very different legal issues:<br />

boundary delimitation, human rights, environmental<br />

law, law of armed conflicts and state responsibility<br />

for genocide, to name just a few. When<br />

sitting in those cases, the Court never forgets the<br />

origins of international adjudication. The Peace<br />

Conferences of The Hague led to the creation of<br />

the Permanent Court of Arbitration believing that<br />

wars and armed conflicts could be prevented by<br />

judicial settlement. The ideal of peace through


justice proved to be a well intended but ultimately<br />

utopian rather than a realistic political goal.<br />

The First and Second World Wars could not be<br />

prevented.<br />

The Court as the principal judicial organ of<br />

the United Nations, the International Court also<br />

seeks to contribute to the goal enshrined in Article<br />

1 of the Charter and shared by the other organs<br />

of the United Nations: the maintenance of<br />

international peace and security through the settlement<br />

of disputes in conformity with principles<br />

of justice and international law (which are not<br />

always equivalent). Whether the Court has been<br />

successful in meeting the expectations laid in it is<br />

not up to me to decide. Recently, the docket of the<br />

Court showed cases in which international armed<br />

conflicts were at stake. The damage had already<br />

been done. The Court’s role then is a limited but<br />

Address to the Managua Meeting of International and Regional Courts of Justice of the World (2007)<br />

not less important one: make findings about the<br />

lawfulness of the conduct of the respective parties<br />

and eventually grant reparation for it. 22<br />

It is difficult to ascertain whether the Court,<br />

by its decisions and judgments has ever contributed<br />

to prevent armed conflicts, but I believe that<br />

there are elements indicating that the Court contributes<br />

to a climate which encourages States to<br />

enter into a dialogue and to eventually facilitate<br />

peaceful settlement of disputes.<br />

The Court is conscious of the fact that the<br />

maintenance of peace and security (perpetual peace)<br />

is an ongoing challenge; but in all fairness one<br />

cannot but acknowledge that the Court has made<br />

a considerable contribution to the development of<br />

international law and to the promotion of the rule<br />

of law in international relations.<br />

41


Awn al-khasawneh<br />

1. LaGrand, 2001 I.C.J. Rec. p. 466.<br />

2. Avena and Other Mexican Nationals, 2004<br />

I.C.J. Rec. p. 12<br />

3. LaGrand, 2001 I.C.J. Rec. p. 494, para. 78.<br />

4. The Right to Information on Consular Assistance<br />

in the Framework of the Guarantees of<br />

the Due Process of Law, Advisory Opinion OC-<br />

16/99 of October 1, 1999.<br />

5. Avena, 2004, ICJ Rec. at para. 141(2).<br />

6. LaGrand, 2001 I.C.J. Rec. at p. 494, paras.<br />

77-78.<br />

7. Id. at para. 124.<br />

8. Case concerning Maritime delimitation between<br />

Nicaragua and Honduras in the Caribbean<br />

Sea, CR 2007/5para. 65e<br />

9. Case concerning Pulp Mills on the River Uruguay,<br />

(Argentinia v. Uruguay), Order of 23 January<br />

2003, at para 21<br />

<strong>10</strong>. Arrest Warrant of 11 April 2000 (Democratic<br />

Republic of the Congo v. Belgium)<br />

11. ICJ Rep. 2000, p. 23.<br />

12. See in particular the discussions about the Tadic-test<br />

v Nicaragua-test in the Case Application<br />

of the Convention on the Prevention and<br />

Punishment of the Crime of Genocide (Bosnia<br />

and Herzegovina v. Serbia and Montenegro)<br />

13. See for example: Thirlway, The indication<br />

of provisional measures by the International<br />

Court of Justice 1994 In: Bernhardt (ed) Interim<br />

measures indicated by international<br />

courts, p. 1-26; Frowein, Provisional measures<br />

by the International Court of Justice - the La-<br />

Grand Case, In: Zeitschrift für ausländisches<br />

öffentliches Recht und Völkerrecht (ZaöRV),<br />

vol. 62, issue 1-2, p. 55-60<br />

14. LaGrand, 2001, ICJ Rec.<br />

15. Avena (Mexico v. USA), 2004, Armed activities<br />

on the territory of the Congo (Democratic Republic<br />

of Congo v. Uganda) 2005; Application<br />

of the Convention on the Prevention and Punishment<br />

of the Crime of Genocide (Bosnia and<br />

Herzegovina v. Serbia-and-Montenegro) 2007.<br />

16. Article 61 of the Statute reads as follows:<br />

42<br />

1. An application for revision of a judgment<br />

may be made only when it is based upon the<br />

discovery of some fact of such a nature as to<br />

NOTES<br />

be a decisive factor, which fact was, when the<br />

judgment was given, unknown to the Court<br />

and also to the party claiming revision, always<br />

provided that such ignorance was not due to<br />

negligence.<br />

2. The proceedings for revision shall be opened<br />

by a judgment of the Court expressly recording<br />

the existence of the new fact, recognizing that<br />

it has such a character as to lay the case open to<br />

revision, and declaring the application admissible<br />

on this ground.<br />

3. The Court may require previous compliance<br />

with the terms of the judgment before it admits<br />

proceedings in revision.<br />

4. The application for revision must be made at<br />

latest within six months of the discovery of the<br />

new fact.<br />

5. No application for revision may be made after<br />

the lapse of ten years from the date of the<br />

judgment.<br />

17. Land, Island and Maritime Frontier Dispute<br />

(El Salvador/Honduras) El Salvador/Honduras,<br />

Application of the Convention on the Prevention<br />

and Punishment of the Crime of Genocide<br />

(Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro),<br />

Tunesia/Lybia, (Continental Shelf)<br />

18. Article 96 of the Charter<br />

1. The General Assembly or the Security Council<br />

may request the International Court of Justice<br />

to give an advisory opinion on any legal<br />

question.<br />

2. Other organs of the United Nations and specialized<br />

agencies, which may at any time be so<br />

authorized by the General Assembly, may also<br />

request advisory opinions of the Court on legal<br />

questions arising within the scope of their activities.<br />

19. G. Guillaume, “La CIJ, Cour suprême mondiale?”<br />

in R. Chemain and A. Pellet, La Charte des<br />

Nations Unies, Constitution Mondiale? (Pedone:<br />

Paris, 2006) 189, 193; L. Gross, “The International<br />

Court of Justice: Consideration of<br />

Requirements for Enhancing its Role in the International<br />

Legal Order”, in L Gross (ed.), Future<br />

of the ICJ, vol. I, 22-<strong>10</strong>4; I. Seidl-Hohenveldern,<br />

“Access of international organizations<br />

to the International Court of Justice” in A.S<br />

Muller, D. Raiæ and J.M. Thuránszky, The International<br />

Court of Justice: its future role after<br />

fifty years (Martinus Nijhoff: Leiden, 1997). C.


Address to the Managua Meeting of International and Regional Courts of Justice of the World (2007)<br />

Romano, “International Organisations and the<br />

International Judicial Process: An Overview”,<br />

in L. Boisson de Chazournes, C. Romano & R.<br />

Mackenzie (eds), International Organisations<br />

and International Dispute Settlement–Trends<br />

and Prospects (Ardsley, Transnational Publishers<br />

Inc.: New York, 2002).<br />

20. There is considerable debate on this question,<br />

as the precise sequence of events was not recorded.<br />

However, the International League for the<br />

Rights of Man, a non-governmental organisation,<br />

upon learning that the South West Africa<br />

case was pending before the Court, requested<br />

in writing that the League be permitted to participate<br />

by oral or written statement in the proceedings.<br />

The Registrar’s response via telegram<br />

is reproduced below:<br />

Your letter March 7 readvisory opinion South-<br />

-West Africa stop Am instructed to let you<br />

know that International court Justice is prepared<br />

to receive from you before April <strong>10</strong> 1950 a<br />

written statement of the information likely to<br />

assist Court in its examination of legal questions<br />

put to it in Assembly request concerning<br />

South-West Africa stop This information confined<br />

to legal questions must not include any<br />

statement of facts which Court has not been<br />

asked to appreciate stop Court does not contemplate<br />

resorting further to League for Rights<br />

of Man in present case.<br />

21. The League failed to meet the <strong>10</strong> April deadline,<br />

but submitted a statement on 9 May. The<br />

Deputy Registrar wrote the League on 12 May<br />

1950 to inform them that their failure to meet<br />

the prescribed time-limit prevented their statement<br />

from being included in the proceedings.<br />

Notwithstanding Practice Direction XII, recently<br />

enacted by the Court, this is the only<br />

recorded instance of an NGO being requested<br />

to submit a written statement to the Court,<br />

and the only instance in which the Court has<br />

publicly acknowledged having recourse to such<br />

statements.<br />

See A. Paulus, “Article 66”, in A. Zimmerman,<br />

C. Tomuschat and K. Oellers-Frahm, The<br />

Statute of the International Court of Justice:<br />

A Commentary (Oxford: Oxford University<br />

Press, 2006) 1427, 1439<br />

22. See also R. Ago, “Binding” Advisory Opinions<br />

of the International Court of Justice, (1991)<br />

85(3) American Journal of International Law<br />

439-451.<br />

23. Armed Activities on the Territory of the Congo<br />

(Democratic Republic of the Congo v.<br />

Uganda), Application of the Convention on<br />

the Prevention and Punishment of the Crime<br />

of Genocide (Bosnia and Herzegovina v. Serbia<br />

and Montenegro)<br />

43


LA JUSTICIA RESTAURATIVA: UNA VISIÓN GLOBAL<br />

Y SU APLICACIÓN EN LAS CÁRCELES*<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

César Barros Leal<br />

Procurador del Estado de Ceará (Brasil); Profesor de la Facultad de Derecho de la Universidad Federal de Ceará;<br />

Presidente del <strong>Instituto</strong> Brasileño de Derechos Humanos; Doctor en Derecho por la Universidad Nacional Autónoma<br />

de México; Posdoctor en Estudios Latinoamericanos (Facultad de Ciencias Políticas y Sociales de la UNAM).<br />

1. NOTA INTRODUCTORIA<br />

Permítanme que les cuente una anécdota,<br />

narrada por Daniel Van Ness sobre Steven<br />

Williams, un joven de 18 años detenido por allanamiento<br />

de morada en su ciudad natal. Mientras<br />

esperaba su juicio, fue llevado a una cárcel local,<br />

sobrepoblada. En su primer día fue advertido de<br />

que tendría que pagar por la celda que compartiría<br />

con cinco otros prisioneros. Steven nos narró<br />

que era violentado todos los días y llegó a ser<br />

vendido, como si fuera una mercancía, para los<br />

reclusos que estaban en una celda vecina. Nunca<br />

recibió ninguna asistencia médica y las visitas de<br />

sus familiares, que en las primeras semanas eran<br />

frecuentes, se volvieron escasas y después simplemente<br />

dejaron de ocurrir. Sus padres nunca<br />

aceptaron el hecho de que su hijo era un criminal.<br />

Steven tiene hoy 22 años de edad. Se volvió<br />

homosexual, usuario de drogas pesadas y después<br />

de condenado a una pena corta se involucró en<br />

un motín que causó la muerte de un custodio, un<br />

crimen que agregó varios años a su pena. Hoy tiene<br />

sida, es miembro de una de las pandillas que<br />

actúan intramuros y se convirtió en uno de los<br />

más violentos internos de la prisión.<br />

No, definitivamente ésta no es la historia<br />

real de Steven Williams, narrada por Daniel Van<br />

Ness en su libro Crime and its Victims (Crimen<br />

y sus Víctimas), publicado en 1985. La historia<br />

de Steven Williams es enteramente distinta. Él<br />

de hecho tenía 18 años cuando fue arrestado por<br />

allanamientos que ocasionaron un perjuicio de<br />

150.000 dólares. Muchos habitantes de su ciudad,<br />

asustados, instalaron equipos de seguridad en sus<br />

casas. Poco tiempo después, Steven fue descubierto<br />

y declaró a las autoridades que había sido movido<br />

por el deseo de comprar un coche y mantener<br />

un nivel elevado de vida. La comunidad hizo<br />

entonces mucha presión sobre el juez para que le<br />

aplicara una sentencia rigurosa. Éste, sin embar-<br />

go, al examinar el caso, percibió que era la primera<br />

prisión de Steven y decidió aplicarle una pena dividida<br />

en tres partes: Primero: haría, en los fines de<br />

semana, servicios comunitarios, como pintura de<br />

edificios y limpieza del parque. Segundo: debería<br />

reparar los daños causados a las víctimas, es decir,<br />

les pagaría el valor de mercado por lo que había<br />

robado y vendido. El juez le comunicó que debería<br />

vender su coche y todo lo demás que poseía, excepto<br />

sus ropas y su cama, a fin de garantizar las<br />

restituciones. Tercero: tendría que sentarse con<br />

las víctimas para hablar con ellas sobre los crímenes.<br />

Steven dijo después que el diálogo con las<br />

víctimas fue la parte más difícil de la sentencia,<br />

incluso porque muchas estaban demasiado enojadas.<br />

Una pareja tenía una colección de muebles<br />

orientales antiguos y el mueble robado por Steven,<br />

el recuerdo de un viaje que habían hecho a Europa<br />

diez años antes, era uno de los más valiosos. Para<br />

ellos, mucho más que el valor económico, el objeto<br />

tenía un valor afectivo. La pareja sugirió que<br />

él fuera a una tienda de antigüedades y comprara<br />

algo que, a su ver, podría agradarles. Steven fue a<br />

varias tiendas y finalmente encontró una mesa de<br />

café oriental con delicados dibujos de flores. Se la<br />

mostró y ellos asintieron. La pareja se sorprendió<br />

con la sensibilidad del muchacho. Él pasó a cuidar<br />

a su jardín, como parte de la pena, y siempre<br />

que se veían aprovechaban para platicar. El joven<br />

muchacho llevaría mucho tiempo para cumplir su<br />

pena pero estaba contento, mientras las víctimas<br />

superaron su miedo, su furia, y sus pérdidas fueron<br />

poco a poco reparadas. Cuando los visitantes<br />

llegaban a la casa de la pareja y se admiraban de<br />

la pequeña mesa oriental, ellos decían: “hay una<br />

historia interesante sobre esta mesa.” Al fin y al<br />

cabo, dijo Daniel Van Ness, el muchacho se hizo<br />

responsable de sus acciones, las víctimas fueron<br />

restauradas financiera y emocionalmente y la comunidad<br />

ganó con la reconciliación.<br />

45


César Barros Leal<br />

Ésta fue, en verdad, señoras y señores, la primera<br />

vez que tuve contacto virtual con una práctica<br />

restaurativa y me hace ahora recordar a los jóvenes<br />

de Canadá acusados de vandalismo contra<br />

algunas propiedades, en el distante año de 1974,<br />

cuya conciliación con sus víctimas inauguró esta<br />

forma singular de hacer justicia: desburocratizada,<br />

rápida, sensible y reparadora.<br />

2. UN NUEVO PARADIGMA<br />

Ante el fiasco unánimemente reconocido de<br />

la pena privativa de libertad, máxime en su ilusoria<br />

propuesta de rehabilitación, además de la<br />

decadencia de los modelos de control autoritarios<br />

y la notoria incapacidad del derecho penal tradicional<br />

(represivo) de vencer los desafíos de la criminalidad<br />

contemporánea, se robustece cada vez<br />

más, en el ámbito del proceso penal y de la ejecución<br />

de la pena, la percepción de que se impone<br />

un cambio profundo en el paradigma de la justicia<br />

criminal, con la adopción de nuevos conceptos,<br />

de estrategias más eficaces y legítimas, entre las<br />

cuales se incluyen las formas o vías alternativas<br />

de punición y de resolución de conflictos, en especial<br />

a través de medidas constructivas como la<br />

mediación y la conciliación.<br />

En este contexto, muy distinto de los patrones<br />

ordinarios de la justicia penal (que no se pretende<br />

reemplazar), de corte nítidamente disuasorio, punitivo,<br />

retributivo, en el que los actores principales<br />

son estatales - policía, fiscal del ministerio<br />

público y juez (puesto que el delito es visto como<br />

una ofensa contra el Estado), emerge complementariamente<br />

la Justicia Restaurativa, una experiencia<br />

relativamente reciente, definida por la ONU,<br />

que se pronunció a su favor en la Resolución n.<br />

12, del 24 de julio de 2002, del Consejo Económico<br />

y Social, como:<br />

46<br />

“todo proceso en que la víctima, el delincuente<br />

y, cuando proceda, cualquier otra persona<br />

o miembro de la comunidad afectados por un<br />

delito, participen de forma activa en la resolución<br />

de cuestiones derivadas del delito, por lo<br />

general con la ayuda de un facilitador.” 1<br />

3. PUNTOS BÁSICOS<br />

Teniendo como marco inicial a Nueva Zelanda,<br />

país cuyo sistema incorporó las prácticas de<br />

justicia de los nativos maoríes -y que hoy por hoy<br />

exhibe programas orientados a adultos (community<br />

group conferences) y menores (family group<br />

conferences)-, así como a Estados Unidos (donde<br />

se promovió a partir de la década de 70 el contac-<br />

to cara a cara entre inculpados y sus víctimas), la<br />

JR se ha transformado en un notable ejemplo de<br />

eficacia, en base a cinco puntos básicos:<br />

a) el encuentro: del ofensor (uno de los términos<br />

preferidos al de delincuente, de nítido<br />

matiz estigmatizante), de la víctima<br />

y otras personas, quienes, teniendo con<br />

ambos vínculos de afecto o atención, puedan<br />

ofrecerle su asistencia, siendo indispensable<br />

la participación de un facilitador<br />

(mediador) capacitado, con una visión<br />

clara de las reglas y principios, amén de<br />

una formación psicológica y sociológica;<br />

el encuentro permite que las personas involucradas<br />

compartan sus miedos, sus dolores<br />

y puedan juntos reflexionar sobre lo<br />

ocurrido, sus razones y sus consecuencias,<br />

y definir formas de restauración;<br />

b) la reparación: consistente en la devolución<br />

o restitución del bien, pago monetario (indemnización),<br />

prestación de servicio a favor<br />

de la víctima (concreta) o, en su caso, a<br />

las víctimas secundarias o la comunidad.<br />

Se evalúa la toma de responsabilidad del<br />

perpetrador en lo que al perjuicio resultante<br />

se refiere, su prestación de cuentas y,<br />

además, la satisfacción de la víctima, resultando<br />

innegable que la reparación procedida<br />

de esa forma es más satisfactoria<br />

que aquella oriunda de una orden judicial<br />

formal. Dígase de paso que a los aspectos<br />

materiales se agregan los sociales, relacionales<br />

y psicológicos en un amplio proceso<br />

restaurador. Además de material, la<br />

reparación puede ser simbólica (pedido de<br />

disculpas, pruebas de pesar y de remordimiento,<br />

etc.);<br />

c) reintegración: se trata en este caso no sólo<br />

del ofensor sino también de la víctima (estigmatizada<br />

en ciertos casos, a veces con<br />

complejo de culpa); la cuestión va mucho<br />

más allá de la somera tolerancia al reingreso<br />

del infractor; la propuesta es aceptar<br />

su retorno y contribuir, de modo tangible,<br />

a su enmienda, su integración productiva<br />

y completa, evitando la reincidencia;<br />

d) participación o inclusión: se brinda a las<br />

partes una participación activa (apoderamiento),<br />

en condiciones de igualdad, en todas<br />

las fases del proceso tras una solución<br />

de consenso, justa y certera;<br />

e) transformación: se busca transformar a<br />

las personas (ofensor y víctima) y a la comunidad,<br />

creando vínculos más fuertes


de comprensión y solidaridad. Ello trasciende<br />

al retorno a la situación anterior,<br />

proponiéndose construir una realidad más<br />

humana, un nuevo tiempo, con menos<br />

inseguridad e injusticia, con más amor y<br />

responsabilidad individual y social.<br />

La idea es atender a todos los involucrados:<br />

al autor del hecho delictivo, quien escapa de los<br />

maleficios de la cárcel, de la cohabitación forzada,<br />

de la prisionización, y se percata del mal causado;<br />

a la víctima, por cuanto ve que el daño (material<br />

y/o moral) es reparado, propende a no exhibir<br />

traumas y conoce mejor, de buena fuente, al<br />

reo, evaluando su actitud y las circunstancias que<br />

condujeron a su vida marginal y al acto delictivo;<br />

y a los miembros (afectados o no) de la comunidad,<br />

incluyendo eventualmente a los familiares y<br />

amigos de los infractores y de las víctimas, en la<br />

proporción en que éstos juegan un papel proactivo<br />

al favorecer la paz pública, contribuyendo a su<br />

reinserción social.<br />

Uno de los principios de la Justicia Restaurativa<br />

es la voluntariedad (las partes la aceptan<br />

sponte propia). Además de eso, se agregan los<br />

principios de la informalidad (ninguna definición<br />

previa de formas o procedimientos amordaza a la<br />

práctica), la imparcialidad, la equidad (o sea, la<br />

igualdad entre las partes), etcétera.<br />

Damásio de Jesús, renombrado penalista<br />

brasileño, añade:<br />

“Es fundamental reiterar que las prácticas restaurativas<br />

presuponen un acuerdo libre y plenamente<br />

conciente entre las partes involucradas.<br />

Sin ese consenso, no habrá otra alternativa<br />

sino recurrir al procedimiento tradicional.” 2<br />

Se recomienda que ocurra en un locus comunitario<br />

y se haga con la presencia de un mediador.<br />

Aplicable en distintas fases del proceso criminal<br />

(antes, durante o después, o sea, antes del inicio<br />

de la demanda, después de su interposición y después<br />

de la sentencia condenatoria), es sustancialmente<br />

un instrumento cooperativo de curación<br />

de heridas y traumas, de toma de conciencia, de<br />

asunción de responsabilidades, que se resume en<br />

un punto común: la convergencia de intereses hacia<br />

una solución ideal para la pacificación de las<br />

relaciones personales implicadas en el conflicto.<br />

4. TEORÍA CONCEPTUAL SOBRE LA<br />

JUSTICIA RESTAURATIVA<br />

Paul MacCold y Ted Wachtel, en su teoría<br />

conceptual sobre la Justicia Restaurativa (que, por<br />

su claridad y pertinencia, es hoy de mención obli-<br />

La Justicia Restaurativa: Una Visión Global y su Aplicación en las Cárceles<br />

gatoria), presentada en la ponencia En busca de un<br />

paradigma: Una teoría sobre justicia restaurativa,<br />

impartida en el XIII Congreso Mundial de Criminología,<br />

del <strong>10</strong> al 15 de agosto de 2003, en Río de<br />

Janeiro, definieron que son tres sus estructuras<br />

conceptuales, relacionadas entre sí: a) la ventana<br />

de la disciplina social; b) el rol de las partes interesadas;<br />

y c) la tipología de las prácticas restaurativas.<br />

El conocimiento de las tres estructuras resulta<br />

esencial para que conozcamos el fundamento<br />

de esta propuesta, su funcionamiento y los beneficiarios<br />

(primarios y secundarios).<br />

4.1. La ventana de la disciplina social<br />

(Social discipline window)<br />

Las personas, que detentan alguna forma de<br />

autoridad (padres, maestros, empleadores, profesionales<br />

de la justicia), tienen un desafío: el mantener<br />

la disciplina social, suponiéndose que la<br />

mejor forma de reaccionar ante un crimen sería a<br />

través de un castigo riguroso que consista de preferencia<br />

en la privación de libertad.<br />

Paul McCold y Ted Wachtel, quienes establecen<br />

combinaciones de control social alto o bajo y<br />

apoyo social alto o bajo, señalaron que el control<br />

alto es caracterizado por límites muy bien demarcados<br />

y el cumplimiento riguroso de los “principios<br />

conductuales”; el control bajo, por principios<br />

imprecisos o débiles de conducta y normas de<br />

comportamiento inexistentes o poco rigurosas; el<br />

apoyo alto, por una asistencia activa y una preocupación<br />

por el bienestar; y el apoyo bajo, por la<br />

ausencia de incentivo y un interés mínimo respecto<br />

a las necesidades de orden físico o emocional.<br />

A partir de dichas combinaciones, la Ventana<br />

de la Disciplina Social establece cuatro enfoques<br />

para reglamentar la conducta: punitivo, permisivo,<br />

negligente y restaurativo.<br />

En palabras de Paul McCold y Ted Wachtel:<br />

“El enfoque punitivo, con control alto y apoyo<br />

bajo, se denomina también ‘retributivo.’ Tiende<br />

a estigmatizar a las personas, marcándolas<br />

indeleblemente con una etiqueta negativa. El<br />

enfoque permisivo, con control bajo y apoyo<br />

alto, se denomina también ‘rehabilitativo’ y<br />

tiende a proteger a las personas para que no<br />

sufran las consecuencias de sus delitos. Un<br />

control bajo y un apoyo bajo son simplemente<br />

negligentes, un enfoque caracterizado por la<br />

indiferencia y la pasividad.<br />

El enfoque restaurativo, con control alto y<br />

apoyo alto, confronta y desaprueba los delitos<br />

al tiempo que ratifica el valor intrínseco de los<br />

47


César Barros Leal<br />

48<br />

delincuentes. La esencia de la justicia restaurativa<br />

es la resolución de problemas de manera<br />

colaboradora. Las prácticas restaurativas<br />

brindan una oportunidad para que aquellas<br />

personas que se hayan visto más afectadas<br />

por un incidente se reúnan para compartir<br />

sus sentimientos, describir cómo se han visto<br />

afectadas y desarrollar un plan para reparar el<br />

daño causado o evitar que ocurra nuevamente.<br />

El enfoque restaurativo es reintegrativo y<br />

permite que el delincuente se rectifique y se<br />

quite la etiqueta de delincuente.” 3<br />

Los autores utilizan cuatro palabras – NO (o<br />

NADA), POR, AL y CON, para identificar distintos<br />

enfoques: Siendo negligente el enfoque, NO se<br />

hará NADA en respuesta al crimen. Siendo permisivo,<br />

todo se hará POR el ofensor, tratándolo<br />

con respeto, requiriéndose muy poco en cambio y<br />

a menudo buscándose justificar la afrenta. Siendo<br />

punitivo, habrá una respuesta, una reacción,<br />

cuando se le hará algo AL ofensor (amonestación<br />

o castigo), sin esperar mucha participación activa<br />

y reflexiva de su parte. Siendo restaurativo, se<br />

asume un compromiso CON el ofensor (a efectos<br />

de su participación activa y reflexiva) y las demás<br />

personas, invitándolos a tener una participación<br />

directa en el proceso de reparación y asunción de<br />

responsabilidad.<br />

4.2. El papel de las partes interesadas<br />

(Stakeholder roles)<br />

Esta segunda estructura define una relación<br />

entre el daño provocado por el delito con las necesidades<br />

específicas de las partes interesadas (primarias<br />

o secundarias). Esas necesidades se originaron<br />

a partir de dicho delito y con las respuestas<br />

restaurativas necesarias para satisfacerlas.<br />

Partes interesadas primarias o principales:<br />

víctimas, trasgresores (partes directamente impactadas),<br />

padres, cónyuges, hermanos, amigos,<br />

maestros o compañeros de trabajo, quienes fueron<br />

afectados puesto que tienen un vínculo afectivo<br />

relevante con la víctima o el perpetrador del delito<br />

y constituyen las comunidades de apoyo.<br />

Partes interesadas secundarias: vecinos o<br />

personas pertenecientes a organizaciones de carácter<br />

social, educativo, comercial o religioso,<br />

“cuya área de responsabilidad o participación<br />

abarca el lugar o las personas afectadas por el incidente”;<br />

la sociedad, representada por funcionarios<br />

gubernamentales.<br />

Lília Maia de Morais Sales y Emanuela Cardoso<br />

Onofre de Alencar, en La Justicia Restaurativa<br />

como Medio de Resolución de Conflictos Penales,<br />

agregan al respecto:<br />

“Para los autores (2003, p.04), todas las partes<br />

interesadas principales necesitan de una<br />

oportunidad para expresar sus sentimientos y<br />

tener voz activa en el proceso de restauración<br />

del daño. Las víctimas son perjudicadas por<br />

la falta de control que sienten como consecuencia<br />

de la agresión. Ellas necesitan readquirir<br />

su sentimiento de poder personal. Los<br />

delincuentes perjudican su relación con sus<br />

comunidades de asistencia al traicionar sus<br />

confianzas. Para reconquistar éstas, ellos deben<br />

ser fortalecidos y así poder asumir responsabilidades<br />

por sus malas acciones. Las<br />

comunidades de asistencia cumplen sus necesidades<br />

garantizando que algo será hecho<br />

sobre el incidente, que tendrán conocimiento<br />

del acto equivocado, que serán tomadas medidas<br />

para evitar nuevas transgresiones y que<br />

las víctimas y los agresores serán reintegrados<br />

a sus comunidades.<br />

Las partes interesadas secundarias, a su vez,<br />

por no estar conectadas emocionalmente con<br />

las víctimas o sus agresores, no deben interferir<br />

en la oportunidad de reconciliación y reparación.<br />

La respuesta restaurativa máxima que<br />

las partes interesadas secundarias deben ofrecer<br />

es apoyar y facilitar los procedimientos en<br />

los que las propias partes interesadas principales<br />

determinan lo que se debe hacer. Estos<br />

procedimientos reintegrarán a las víctimas y<br />

a los infractores, fortaleciendo la comunidad,<br />

aumentando la cohesión y ampliando la capacidad<br />

de los ciudadanos de solucionar sus<br />

problemas”. 4<br />

4.3. La tipología de las prácticas restaurativas<br />

(Restorative practices<br />

typology)<br />

El proceso de interacción es vital en la satisfacción<br />

de las necesidades emocionales de las<br />

partes interesadas. El intercambio emocional necesario<br />

para satisfacer las necesidades de todas las<br />

personas directamente afectadas no resulta posible<br />

si sólo interviene un grupo de dichas partes<br />

interesadas, es decir, la participación activa de<br />

los tres grupos de partes interesadas primarias es<br />

elemental para los procesos más restaurativos. El<br />

grado según el cual toda forma de disciplina social


puede ser calificada como completamente restaurativa<br />

es, en definitiva, aquel en el que las tres<br />

partes participan en intercambios emocionales<br />

significativos y en la toma de decisiones.<br />

Se dice parcialmente restaurativo cuando las<br />

prácticas de la justicia penal incluyen sólo a un<br />

grupo de partes interesadas primarias, a ejemplo<br />

del resarcimiento económico para las víctimas por<br />

parte del gobierno. Es mayormente restaurativo<br />

cuando un procedimiento, como es el caso de la<br />

mediación entre víctimas y ofensores, incluye a<br />

dos partes interesadas principales, pero no incluye<br />

a las comunidades de apoyo. En fin, sólo es completamente<br />

restaurativo cuando los tres grupos<br />

de partes interesadas primarias participan activamente,<br />

como en los círculos o las reuniones de<br />

restauración.<br />

5. JUSTICIA RESTAURATIVA EN PRISIÓN<br />

A pesar de utilizarse primordialmente como<br />

alternativa a la prisión, la Justicia Restaurativa<br />

también se emplea en la ejecución de la pena privativa<br />

de libertad (“pos mediación de sentencia”),<br />

donde los resultados son de carácter emocional y<br />

relacional.<br />

En Europa y los Estados Unidos (en Texas,<br />

por ejemplo) se sigue utilizando el careo entre las<br />

víctimas y los ofensores quienes no pueden ser<br />

vistos como irrecuperables, sino como personas<br />

que son superiores al error que hayan cometido.<br />

Las víctimas, en esta hipótesis, no están necesariamente<br />

relacionadas con sus ofensores. Por ello<br />

dichos encuentros se denominan “substitutos”.<br />

Son diversas las razones que los justifican: se desconoce<br />

la identidad del autor del delito; es imposible<br />

tener acceso a él; o se trata de un primer paso –<br />

preparatorio – a la reunión entre víctima y agresor.<br />

Cualquier tentativa de implantación de la<br />

Justicia Restaurativa en prisión pasa por una inmensa<br />

labor de información y sensibilización de<br />

la comunidad carcelaria (reclusos, custodios, directores,<br />

etc.) y de las víctimas, así como de los<br />

representantes de la comunidad y demás actores<br />

del proceso: abogados, fiscales y jueces. Es un largo<br />

camino que exige seriedad y competencia.<br />

La Sociedad Carcelaria Internacional (Prison<br />

Fellowship International), una sociedad cristiana<br />

de naturaleza ecuménica, cuyas sedes principales<br />

están en Washington y Singapur y tiene actualmente<br />

112 países afiliados en todo el mundo, ha<br />

desarrollado experiencias exitosas en el ámbito<br />

penitenciario.<br />

La Justicia Restaurativa: Una Visión Global y su Aplicación en las Cárceles<br />

La Confraternidad Carcelaria de Colombia<br />

–que cuenta con 22 sedes regionales– emplea<br />

una metodología denominada Árbol Sicómoro,<br />

que consiste en encuentros entre víctimas y victimarios<br />

pero no del mismo delito. Tómese como<br />

ejemplo: homicidas con personas que tuvieron a<br />

un pariente asesinado, secuestradores con víctimas<br />

de secuestros. Se persigue, a través de esos<br />

encuentros de restauración, el conocimiento mutuo<br />

(la descubierta del otro, de sus idiosincrasias,<br />

de sus circunstancias), la pérdida del rencor, el<br />

cese del espíritu de vindicta, el perdón (simbolizado<br />

en el gesto del Papa Juan Pablo II al perdonar<br />

en un presidio de Roma a su agresor 5 ) y el arrepentimiento.<br />

Se suele reunir a seis u ocho personas<br />

de cada grupo. El <strong>Instituto</strong> Nacional Penitenciario<br />

y Carcelario (INPEC) ha autorizado a la Confraternidad<br />

la implementación del programa, en este<br />

año de 2009, en seis prisiones, incluso en la Penitenciaría<br />

La Picota.<br />

Daniel W. Van Ness nos habla también de un<br />

régimen prisional restaurativo, esto es, una ejecución<br />

fundada en los principios y valores de la Justicia<br />

Restaurativa, citando como modelo a la Asociación<br />

de Protección y Asistencia al Condenado<br />

– APAC, una notable experiencia que empezó en<br />

Brasil (país donde la Justicia Restaurativa ensaya<br />

sus primeros pasos y tramita en la Cámara de Diputados<br />

un proyecto de ley que propone cambios<br />

en el Código Penal, el Código de Proceso Penal y<br />

la Ley de los Juzgados Especiales Criminales con<br />

miras a la aplicación facultativa de procedimientos<br />

restaurativos) y que hoy se desarrolla en varios países<br />

del mundo, caracterizada por la labor de voluntarios,<br />

la ayuda mutua, la valorización humana,<br />

la disciplina y la atención religiosa. En dichas prisiones,<br />

en respuesta a la crítica formulada de que<br />

en sus programas no se involucraba a la víctima,<br />

se han implantado recientemente programas de<br />

estímulo para que los reclusos trabajen su culpa,<br />

asuman la responsabilidad por sus actos delictivos<br />

y vean a sus víctimas con amor y compasión. 6<br />

6. CONSIDERACIONES FINALES<br />

La Justicia Restaurativa, asentada hoy en<br />

tres modelos básicos (las conferencias familiares,<br />

en Nueva Zelanda y Australia), los círculos<br />

(en Canadá) y la mediación víctima-ofensor (en<br />

Estados Unidos, Inglaterra, Austria, Finlandia y<br />

Noruega), apuesta en la convicción de que las personas<br />

son capaces de perdonar, de aceptar al otro,<br />

de reconocer sus equívocos y de buscar participativamente<br />

una convivencia más armónica y res-<br />

49


César Barros Leal<br />

petuosa de los derechos humanos sea del ofensor,<br />

sea del ofendido.<br />

Howard Zehar, profesor de Sociología y codirector<br />

del Center for Justice and Peacebuilding,<br />

en su obra pionera Cambio de Lentes (Changing<br />

Lenses) decía que se trata de un cambio de lentes<br />

en una cámara fotográfica: la imagen es la misma<br />

pero cada uno de los lentes la capta desde ángulos<br />

y perspectivas distintas. Aquí las preguntas clásicas:<br />

¿Quién cometió el delito?, ¿Cuáles leyes fueron<br />

violadas? ¿Cuál es la pena a ser aplicada?, son<br />

reemplazadas por nuevos interrogantes: ¿Quién<br />

sufrió el daño? ¿Cuáles son sus necesidades en este<br />

exacto instante? ¿De qué modo podemos ayudarlo?<br />

Como forma particular e innovadora de resolución<br />

de conflictos, una imposición del aggiornamento<br />

del derecho y de la política criminal, la<br />

Justicia Restaurativa es, tal y como hemos visto,<br />

nítidamente transformadora, por su capacidad de<br />

sanar las heridas físicas y morales, restablecer relaciones<br />

y reincorporar a la víctima y al victimario<br />

a la sociedad. Así, por su conveniencia, sus logros<br />

positivos, debe ser implementada, inclusive en el<br />

interior de los centros penitenciarios, para que se<br />

alcance, en todas partes, el equilibrio que sólo es<br />

50<br />

posible a partir del conocimiento mutuo, del diálogo<br />

transparente, de la tolerancia hacia el prójimo<br />

y del poder purificador de la verdad.<br />

Sin presentarse como una panacea (algunas<br />

personas no la aceptan y no se recomiendan para<br />

delincuentes habituales y sexuales, hipótesis que<br />

se reservarían a la justicia común), preocupada<br />

por los daños infringidos y las consecuencias producidas<br />

por la trasgresión, la Justicia Restaurativa<br />

resulta ser, en definitiva, una opción válida (la Declaración<br />

de Bangkok destacó la importancia de<br />

avanzarse en su desarrollo), una alternativa más<br />

célere y más barata 7 a la cárcel, una institución<br />

medieval, perversa, nociva, que se ha revelado un<br />

error histórico, lo cual nos remite a Schwitzgebel,<br />

quien inauguró la experiencia de la vigilancia<br />

electrónica a distancia en Estados Unidos: “…algún<br />

día las prisiones serán museos o monumentos<br />

a la inhumanidad y a la ineficacia del castigo<br />

social” 8 . Un vaticinio semejante hizo la poetisa<br />

brasileña Cora Coralina: “Y los hombres inmunizados<br />

contra el crimen, ciudadanos de un nuevo<br />

mundo, contarán a los niños del futuro historias<br />

absurdas de prisiones, celdas, altos muros de un<br />

tiempo superado.”


* Ponencia impartida en el Seminario Internacional<br />

“Proceso Penal Acusatorio. Justicia Alternativa<br />

y Juicios Orales”, en Guanajuato, México,<br />

el 14 de noviembre de 2009.<br />

1. Principios Básicos sobre la Utilización de Programas<br />

de Justicia Restaurativa en Materia Penal,<br />

del 07 de enero de 2002.<br />

2. JESÚS, Damásio de, Justiça Restaurativa no<br />

Brasil (Justicia Restaurativa en Brasil). Disponible<br />

en la web.<br />

3. Real Justice an IIRP Program. Disponible en Internet.<br />

4. MAIA DE MORALES SALES, Lília y CARDO-<br />

SO ONOFRE DE ALENCAR, Emanuela, La<br />

Justicia Restaurativa como Medio de Resolución<br />

de Conflictos Penales, Inecipe, México, 20<strong>10</strong>.<br />

La Justicia Restaurativa: Una Visión Global y su Aplicación en las Cárceles<br />

NOTAS<br />

5. En OTTOBONI, Mário, Seja Solução, não Vítima!:<br />

Justiça Restaurativa, Uma Abordagem<br />

Inovadora, Cidade Nova, São Paulo, 2004, p. 9.<br />

6. Léase el capítulo “E a Vítima?”, op. cit., pp. 35-38.<br />

7. Para Francisco Anadi Ferreira, los principios de<br />

la Justicia Restaurativa son: voluntarismo, consensualidad,<br />

complementariedad, confidencialidad,<br />

celeridad, ahorro de costos, mediación y<br />

disciplina (En Justiça Restaurativa: Natureza,<br />

Finalidades e Instrumentos, Coimbra Editora,<br />

Coimbra, 2005, p. 29).<br />

8. En VITORES, Anna y DOMÈNECH, Miquel,<br />

Tecnología y Poder: Un Análisis Foucaultiano<br />

de los Discursos Acerca de la Monitorización<br />

Electrónica, Forum Qualitative Social Research,<br />

volumen 8, n. 2, mayo 2007, disponible en<br />

http//www.qualitative-research.net/fqs.<br />

51


RECENT TRENDS IN THE CASE-LAW OF THE EUROPEAN<br />

COURT OF HUMAN RIGHTS –<br />

IS THE UNIVERSAL DECLARATION OF HUMAN<br />

RIGHTS OBSOLETE?*<br />

1. THE SPIRIT OF THE UNIVERSAL<br />

DECLARATION OF HUMAN RIGHTS<br />

AS UNDERLYING THE CASE-LAW OF<br />

THE EUROPEAN COURT OF HUMAN<br />

RIGHTS<br />

a) Introductory remarks<br />

It is for me a great honour to address this<br />

distinguished assembly here at University College<br />

London. It is also a great pleasure for me to return<br />

to London and in particular to this University and<br />

especially its Law faculty, genuinely dedicated to<br />

the study of Human Rights Law.<br />

The launch of the UCL Human Rights Law<br />

Review coincides more or less with the 60 th anniversary<br />

of the Universal Declaration of Human<br />

Rights. 1 This anniversary will offer the occasion<br />

to reflect once again on this important document<br />

which has inspired many international treaties<br />

and changed the status of the individual in international<br />

law.<br />

The international concern about Human<br />

Rights has its roots in the horrors experienced<br />

during the Second World War. It has been hailed<br />

during the final session of the General Assembly<br />

sitting in Paris in December 1948 “as an historic<br />

event of profound significance and as one of the<br />

greatest achievements of the United Nations” and<br />

by the rapporteur 2 as “the greatest effort yet made<br />

by mankind to give society new legal and moral<br />

foundations” and as thus marking ‘a decisive stage<br />

in the process of uniting a divided world.” 3<br />

Although the Members of the United Nations<br />

were almost unanimous in stressing the importance<br />

of the Declaration they equally repudiated<br />

the idea that the Declaration imposed upon<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Dean SPIELMANN<br />

Judge of the European Court of Human Rights.<br />

them a legal obligation to respect human rights<br />

and fundamental freedoms which it proclaimed.<br />

Almost all delegations stressed the absence of<br />

any element of legal obligation in order to draw<br />

attention to the necessity of the Declaration being<br />

followed by a legally binding instrument – a covenant<br />

– provided with means of international supervision<br />

and enforcement. 4<br />

But as Sir Hersch Lauterpacht has pointed<br />

out in his famous book on International Law<br />

and Human Rights, “[t]he fact that the Universal<br />

Declaration of Human Rights is not a legal instrument<br />

expressive of legally binding obligations<br />

is not in itself a measure of its importance.” 5 He<br />

continued by calling for much care not to infuse<br />

an artificial legal existence in a document which<br />

was never intended to have that character by<br />

saying that “[i]t is possible that, if divested of any<br />

pretence to legal authority, it may yet prove to,<br />

by dint of a clear realisation of that very fact, a<br />

significant landmark in the evolution of a vital<br />

part of international law. Undoubtedly, extreme<br />

care must be taken, in respect of a document of<br />

this nature, not to gauge by rigid legalistic standards<br />

what was intended by many States to be an<br />

historic demonstration of loyalty to the ideals of<br />

the Charter. Nor would even a suspicion of sterile<br />

scepticism or lack of reverence be appropriate<br />

in relation to a document which is the result of<br />

much faith, patient labour, and devotion.” 6<br />

My Belgian colleague, Judge Françoise<br />

Tulkens, whilst explaining human rights instruments<br />

to children who recently visited the Court,<br />

compared the Universal Declaration with international<br />

human rights treaties by saying that the<br />

Declaration is like a “declaration of love”, whereas<br />

the treaties are like “contracts of marriage”.<br />

This beautiful image is self-explanatory. Nothing<br />

needs to be added.<br />

53


Dean Spielmann<br />

The Preamble of the European Convention<br />

on Human Rights refers explicitly to the Universal<br />

Declaration of Human Rights by “[c]onsidering<br />

that this declaration aims at securing the universal<br />

and effective recognition and observance of<br />

the Rights therein declared.” The Preamble also<br />

states that “[b]eing resolved, as the Governments<br />

of European countries which are likeminded and<br />

have a common heritage of political traditions,<br />

ideals, freedom and the rule of law to take the first<br />

steps for the collective enforcement of certain of<br />

the Rights stated in the Universal Declaration.”<br />

This link between the Universal Declaration<br />

and the European Convention is highlighted<br />

by Alexander Orakhelashvili (Oxford University)<br />

who rightly emphasises that “as the preamble of<br />

the European Convention suggests, the aim of<br />

the Convention is to create a mechanism for the<br />

collective enforcement of certain rights enshrined<br />

in the Universal Declaration of Human Rights of<br />

1948. The Universal Declaration is referred to in<br />

the Preamble as a starting-point and guideline for<br />

the European human rights protection. The likemindedness<br />

and common heritage of traditions<br />

is invoked only as a reason for establishment of<br />

the enforcement machinery. This fact clearly indicates<br />

that the rights and freedoms as such are<br />

universal, supplemented by the European enforcement<br />

machinery. Thus, it must be reiterated<br />

that the basis of the public order of Europe is the<br />

nature, legal force and place in the international<br />

legal hierarchy of the right and freedoms enshrined<br />

in the European Convention.” 7<br />

The jurisprudence of the European Court of<br />

Human Rights, either explicitly or implicitly, reflects<br />

the importance of the principles enounced<br />

by the Universal Declaration.<br />

b) The Universal Declaration and absolute<br />

rights<br />

In many cases, the Court referred explicitly<br />

to the Declaration as a means of interpretation.<br />

For example, in Streletz, Kessler and Krenz v. Germany<br />

8 the Court explained in the case concerning<br />

the conviction of leaders of the GDR after German<br />

reunification on account of their responsibility<br />

for the deaths of East Germans attempting to<br />

flee to the West that<br />

54<br />

“93. Article 3 of the Universal Declaration<br />

of Human Rights of <strong>10</strong> December 1948, for<br />

example, provides: ‘Everyone has the right to<br />

life.’ That right was confirmed by the International<br />

Covenant on Civil and Political Rights<br />

of 16 December 1966, ratified by the GDR<br />

on 8 November 1974, Article 6 of which provides:<br />

“Every human being has the inherent<br />

right to life” and “No one shall be arbitrarily<br />

deprived of his life” (see paragraph 40 above).<br />

It is also included in the Convention, Article<br />

2 § 1 of which provides:<br />

Everyone’s right to life shall be protected by<br />

law. No one shall be deprived of his life intentionally<br />

save in the execution of a sentence of<br />

a court following his conviction of a crime for<br />

which this penalty is provided by law.”<br />

“94. The convergence of the above-mentioned<br />

instruments is significant: it indicates that<br />

the right to life is an inalienable attribute of<br />

human beings and forms the supreme value<br />

in the hierarchy of human rights.”<br />

In Al-Adsani v. the United Kingdom 9 the<br />

Court emphasised the prohibition of torture by<br />

stating that,<br />

“60. Other areas of public international law<br />

bear witness to a growing recognition of the<br />

overriding importance of the prohibition of<br />

torture. Thus, torture is forbidden by Article<br />

5 of the Universal Declaration of Human<br />

Rights and Article 7 of the International<br />

Covenant on Civil and Political Rights. The<br />

United Nations Convention against Torture<br />

and Other Cruel, Inhuman and Degrading<br />

Treatment or Punishment requires, by Article<br />

2, that each State Party should take effective<br />

legislative, administrative, judicial or other<br />

measures to prevent torture in any territory<br />

under its jurisdiction, and, by Article 4, that<br />

all acts of torture should be made offences under<br />

the State Party’s criminal law (see paragraphs<br />

25-29 above). In addition, there have<br />

been a number of judicial statements to the<br />

effect that the prohibition of torture has attained<br />

the status of a peremptory norm or jus<br />

cogens. For example, in its judgment of <strong>10</strong><br />

December 1998 in Furundzija (see paragraph<br />

30 above), the International Criminal Tribunal<br />

for the Former Yugoslavia referred, inter<br />

alia, to the foregoing body of treaty rules and<br />

held that ‘[b]ecause of the importance of the<br />

values it protects, this principle [proscribing<br />

torture] has evolved into a peremptory norm<br />

or jus cogens, that is, a norm that enjoys a<br />

higher rank in the international hierarchy<br />

than treaty law and even ‘ordinary’ customary<br />

rules’. Similar statements have been made in<br />

other cases before that tribunal and in national<br />

courts, including the House of Lords in the<br />

case of ex parte Pinochet (Nº. 3).”


Recent Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights – Is the Universal Declaration of Human Rights Obsolete?<br />

The recent Saadi v. Italy judgment <strong>10</strong> , hailed by<br />

one commentator as “the great judgment Europe<br />

needed to show to the rest of the world that her essential<br />

values will resist to the 9/11 attacks” 11 clearly<br />

reflects the spirit of the Universal Declaration in<br />

the context of fight against terrorism.<br />

2. EMBARKING IN UNCHARTERED<br />

WATERS<br />

I think that it is indeed more the spirit than<br />

the letter of the Declaration that underlies our recent<br />

case-law.<br />

Especially, the Court’s judgments embarking<br />

in unchartered waters are relevant.<br />

The fascinating articles in your new UCL<br />

Human Rights Review that I had the privilege to<br />

consult in advance, deal with subjects which are<br />

at the cutting edge of modern human rights adjudication.<br />

These major contributions, - and this<br />

is their main merit -, are not only descriptive but<br />

contain a thorough legal theoretical analysis of<br />

the recent Strasbourg trends.<br />

a) Adjudicating Socio-Economic Rights<br />

Adjudication of Socio-Economic Rights is<br />

currently a matter of great concern. 12<br />

Article 25 of the Universal Declaration refers<br />

to certain socio-economic rights:<br />

“Everyone has the right to a standard of living<br />

adequate for the health and well-being of himself<br />

and of his family, including food, clothing,<br />

housing and medical care and necessary social<br />

services, and the right to security in the event<br />

of unemployment, sickness, disability, widowhood,<br />

old age or other lack of livelihood in<br />

circumstances beyond his control.<br />

Motherhood and childhood are entitled to<br />

special care and assistance. All children, whether<br />

born or out of wedlock, shall enjoy the<br />

same social protection.”<br />

The Court is introducing, albeit timidly, a socio-economic<br />

dimension in the scope of Article 8. 13<br />

Certainly, the Court is conscious of the danger of<br />

the inflation of human rights claims 14 but it has at<br />

the same time already accepted the permeability of<br />

rights or the integrated approach. 15 Already in the<br />

Airey judgment 16 , the Court held that<br />

“26. (…) the mere fact that an interpretation<br />

of the Convention may extend into the sphere<br />

of social and economic rights should not be<br />

a decisive factor against such an interpretation;<br />

there is no water-tight division separa-<br />

ting that sphere from the field covered by the<br />

Convention.”<br />

b) Fight against poverty<br />

Fight against poverty might become an issue.<br />

17 The House of Lords ruling in Limbuela, 18<br />

concerning destitution, contains interesting developments<br />

in respect of Article 3 of the Convention<br />

19 and the Strasbourg Court has recently<br />

(12 February 2008) communicated the Budina<br />

v. Russia case 20 , under the same provision. So<br />

maybe the scope of ECHR rights to found socio-<br />

-economic claims is not so “extremely limited” as<br />

feared by Tara Usher who rightly points out that<br />

“there will always be some measure of subjectivity<br />

in deciding precisely what level of provision (of<br />

housing, education or healthcare etc) constitutes<br />

a minimum core necessary for human dignity.” 21<br />

Article 1 of the Universal Declaration of<br />

Human Rights states that “all human beings are<br />

born free and equal in dignity and rights.”<br />

As Riza Turmen points out “freedom and<br />

equality are two essential conditions to ensure<br />

human dignity and human rights.” 22 He quotes<br />

Ronald Dworkin who argues that “anyone who<br />

professes to take rights seriously … must accept<br />

… two important ideas. The first is human dignity.<br />

This idea …supposes that there are ways of treating<br />

a man that are inconsistent with recognizing<br />

him as a full member of the human community,<br />

and holds that such treatment is profoundly unjust.<br />

The second is the idea of political equality.<br />

This supposes that the weaker members of a political<br />

community are entitled to the same concern<br />

and respect of their government as the more powerful<br />

members have secured for themselves.” 23<br />

In a recent article Christopher Mc Crudden argues<br />

that the basic minimum content of ‘human<br />

dignity’ seems to include as an element that every<br />

human being possesses an intrinsic worth, merely<br />

by being human. 24 And as Pierre-Henri Imbert<br />

has eloquently put it: “Poverty is not only a denial<br />

of economic and social rights, but also a violation<br />

of civil and political rights.” 25<br />

The Court might have a closer look at poverty<br />

and its impact on the human rights safeguarded<br />

in the Convention. Admittedly the relationship<br />

between poverty and human rights is not<br />

readily accepted by the Court. However, poverty<br />

is often assessed by a modern society as the main<br />

impediment in the fulfilment of human rights.<br />

Today, poverty is usually defined in terms of lack<br />

of basic capabilities to live in dignity; “deprivation<br />

of basic capability rather than merely a lowness<br />

55


Dean Spielmann<br />

of incomes” 26 , as well as “denial of a whole range<br />

of rights pertaining to the human being, based on<br />

each individual’s dignity and worth.” 27 Although<br />

it is true that there is no specific right not to be<br />

poor or to a higher standard of living safeguarded,<br />

as such, in the Convention, one cannot but agree<br />

that effective protection of human rights requires<br />

giving closer consideration to the level of satisfaction<br />

of certain very basic and fundamental need<br />

of individuals.<br />

During the past decades the Court tended<br />

to interpret the Convention so as encompassing<br />

protection at times linked with certain economic<br />

and social rights. Although arguments expressing<br />

concern about poverty and denial of an individual’s<br />

most basic needs have been submitted to<br />

the Court, primarily under Articles 2, 3, and 8<br />

of the Convention, the Court has treated them<br />

with caution. No violation has been found in this<br />

respect so far. 28<br />

In Jane Smith v the United Kingdom 29 , the<br />

Court emphasised the objective of eradication of<br />

poverty by recalling that on 21 April 1994, the<br />

European Parliament passed a Resolution on the<br />

situation of Gypsies in the Community, calling<br />

on the governments of member states ‘to introduce<br />

legal, administrative and social measures to<br />

improve the social situation of Gypsies and Travelling<br />

People in Europe’; and recommending that<br />

‘the Commission, the Council and the governments<br />

of Member States should do everything in<br />

their power to assist in the economic, social and<br />

political integration of Gypsies, with the objective<br />

of eliminating the deprivation and poverty in<br />

which the great majority of Europe’s Gypsy population<br />

still lives at the present time.’ 30<br />

56<br />

The Court nevertheless concluded:<br />

“118. Moreover, given that there are many<br />

caravan sites with planning permission, whether<br />

suitable sites were available to the applicant<br />

during the long period of grace given to<br />

her was dependent upon what was required of<br />

a site to make it suitable. In this context, the<br />

cost of a site compared with the applicant’s<br />

assets, and its location compared with the<br />

applicant’s desires are clearly relevant. Since<br />

how much the applicant has by way of assets,<br />

what outgoings need to be met by her, what<br />

locational requirements are essential for her<br />

and why they are essential are factors exclusively<br />

within the knowledge of the applicant<br />

it is for the applicant to adduce evidence on<br />

these matters. She has not placed before the<br />

Court any information as to her financial situation,<br />

or as to the qualities a site must have<br />

before it will be locationally suitable for her.<br />

The Court is therefore not persuaded that<br />

there were no alternatives available to the<br />

applicant besides remaining in occupation on<br />

land without planning permission in a Green<br />

Belt area. As stated in the Buckley case,<br />

Article 8 does not necessarily go so far as to<br />

allow individuals’ preferences as to their place<br />

of residence to override the general interest<br />

(judgment cited above, p. 1294, § 81). If the<br />

applicant’s problem arises through lack of<br />

money, then she is in the same unfortunate<br />

position as many others who are not able to<br />

afford to continue to reside on sites or in houses<br />

attractive to them.<br />

119. In the circumstances, the Court considers<br />

that proper regard was had to the<br />

applicant’s predicament both under the terms<br />

of the regulatory framework, which contained<br />

adequate procedural safeguards protecting her<br />

interest under Article 8 and, by the responsible<br />

planning authorities when exercising<br />

their discretion in relation to the particular<br />

circumstances of her case. The decisions were<br />

reached by those authorities after weighing in<br />

the balance the various competing interests.<br />

It is not for this Court to sit in appeal on the<br />

merits of those decisions, which were based<br />

on reasons which were relevant and sufficient,<br />

for the purposes of Article 8, to justify<br />

the interferences with the exercise of the<br />

applicant’s rights.<br />

120. The humanitarian considerations which<br />

might have supported another outcome at<br />

national level cannot be used as the basis of<br />

a finding by the Court which would be tantamount<br />

to exempting the applicant from<br />

the implementation of the national planning<br />

laws and obliging governments to ensure that<br />

every gypsy family has available for its use accommodation<br />

appropriate to its needs. Furthermore,<br />

the effect of these decisions cannot<br />

in the circumstances of the case be regarded<br />

as disproportionate to the legitimate aim<br />

being pursued.” 31<br />

The Court will have a new opportunity to<br />

examine this issue and it has recently communicated<br />

under Articles 8 and 14 the alleged claim<br />

that public authorities did not fulfil their duties<br />

leaving gypsies in a precarious situation. 32<br />

c) Racial discrimination<br />

This brings me to the protection of Roma<br />

under the Convention.


Recent Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights – Is the Universal Declaration of Human Rights Obsolete?<br />

The Declaration on Race and Racial Prejudice<br />

adopted by the UNESCO General Conference<br />

on 27 November 1978 recalling in its Article<br />

6.2 inter alia the principles embodied in the<br />

Universal Declaration of Human Rights has been<br />

used by the Court in its important D.H. v. Czech<br />

Republic judgment 33 setting out the principles<br />

on indirect indiscrimination and rightly praised<br />

by Colm O’Cinneide as “marking a distinct shift<br />

away from the relatively tame and formalistic nature<br />

of the Court’s previous Article 14 jurisprudence”<br />

and “linking the decision with the seminal<br />

impact of the US Supreme Court’s judgment in<br />

Brown v. Board of Education.” “The Court”, the<br />

author says, “appears to have nailed its colours<br />

in a conscious and deliberate manner to the mast<br />

of the post-Brown Anglo-American equality jurisprudence.”<br />

34<br />

If it is true that until 2000, as Judge Bonello<br />

pointed out in his dissenting opinion in Anguelova<br />

35 , “the Court, in over fifty years of pertinacious<br />

judicial scrutiny has not, to that date, found<br />

one single instance of violation of the right to life<br />

(Article 2) or the right not to be subjected to torture<br />

or to other degrading or inhuman treatment<br />

or punishment (Article 3) induced by race, colour<br />

or place of origin of the victim”, the Court in the<br />

Grand Chamber judgment of 2005 in Nachova 36 ,<br />

finding a violation of Article 14 of the Convention<br />

37 taken in conjunction with Article 2 38 in that<br />

the authorities failed to investigate possible racist<br />

motives behind the events that led to the deaths<br />

of Mr Angelov and Mr Petkov, took the opportunity<br />

to state in para 145 that<br />

“145. Discrimination is treating differently,<br />

without an objective and reasonable justification,<br />

persons in relevantly similar situations<br />

(see Willis v. the United Kingdom, nº.<br />

36042/97, § 48, ECHR 2002-IV). Racial violence<br />

is a particular affront to human dignity<br />

and, in view of its perilous consequences, requires<br />

from the authorities special vigilance<br />

and a vigorous reaction. It is for this reason<br />

that the authorities must use all available<br />

means to combat racism and racist violence,<br />

thereby reinforcing democracy’s vision of a<br />

society in which diversity is not perceived as<br />

a threat but as a source of enrichment.”<br />

d) Family life and privacy<br />

Dr. Letsas, in his article 39 indicates that the<br />

European Court may be retreating from its arguably<br />

over-heavy reliance on the use of the margin<br />

of appreciation and the idea of consensus 40 clai-<br />

ming that in E.B., 41 the European Court made no<br />

reference to the margin of appreciation and to the<br />

lack of consensus among Contracting States on<br />

whether homosexuals should be given authorization<br />

to adopt, as it had done in Fretté. 42 You understand<br />

that it is difficult for me to comment on<br />

Dr. Letsas suggestion that this would amount to<br />

“… a positive development that should be welcomed<br />

and that hopefully be applied by the Court<br />

across the board in the future.” 43<br />

Be that as it may, I would like to emphasise<br />

that in Dickson, 44 the Court found “that the absence<br />

of proportionality assessment as regards a<br />

matter of significant importance for the applicants<br />

must be seen as falling outside any acceptable margin<br />

of appreciation so that a fair balance was not<br />

struck between the competing public and private<br />

interests involved and that there has, accordingly,<br />

been a violation of Article 8 of the Convention.” 45<br />

Of course there have been many other outcomes<br />

pointing to a different direction and maintaining<br />

the role of the margin of appreciation. 46<br />

For example in Evans 47 , the Court considered<br />

that since the use of in vitro fertilisation<br />

(‘IVF’) treatment gave rise to sensitive moral<br />

and ethical issues against a background of fastmoving<br />

medical and scientific developments, and<br />

since the questions raised by the case touched on<br />

areas where there was no clear common ground<br />

amongst member States, the margin of appreciation<br />

to be afforded to the respondent State had<br />

to be a wide one. 48 This margin of appreciation<br />

must, according to the Court, in principle extend<br />

both to the State’s decision whether or not to enact<br />

legislation governing the use of IVF treatment<br />

and, once having intervened, to the detailed rules<br />

it lay down in order to achieve a balance between<br />

the competing public and private interests. 49<br />

And in the recent inadmissibility decision<br />

in Pay, concerning the dismissal of a probation<br />

officer, the Court held that given the sensitive nature<br />

of the applicant’s work with sex offenders,<br />

it did not consider that the national authorities<br />

exceeded the margin of appreciation available to<br />

them in adopting a cautious approach as regards<br />

the extent to which public knowledge of the applicant’s<br />

sexual activities could impair his ability<br />

effectively to carry out his duties. 50<br />

e) Freedom of expression and the right to<br />

reputation<br />

To strike a balance in freedom of expression<br />

cases is particularly difficult. As David Norris<br />

points out a number of jurisdictions “have long<br />

57


Dean Spielmann<br />

recognised that it is a legitimate curtailment of<br />

free expression to proscribe hate speech targeted<br />

at racial distinctions.” 51<br />

The recent judgment delivered by the Court<br />

on <strong>10</strong> July 2008 in the case of Soulas and others<br />

v. France 52 , albeit not applying the abuse of rights<br />

article 17 53 , is very clear on that.<br />

The complementary, but different approach<br />

offered by Professor Guest is equally challenging. If<br />

respect is due to all human beings and that respect<br />

is a form of transmitted self-respect, self-initiating<br />

freedom of thought marks out a fundamental identifying<br />

criterion of what it is to be human. And the<br />

author claims that respect for humanity requires<br />

that I must be free to have whatever thoughts I<br />

please to have and where those thoughts manifest<br />

themselves in actions that do not unjustifiably interfere<br />

with the freedom of others we must respect<br />

the right to these actions as well. 54<br />

This brings me to the question of balancing<br />

freedom of expression against other rights. Our<br />

case-law on the right to reputation has been recently<br />

developed. 55<br />

Article 12 of the Universal Declaration of<br />

Human Rights expressly states that<br />

58<br />

“no one shall be subjected to arbitrary interference<br />

with his privacy, …nor to attacks upon<br />

his honour and reputation.”<br />

The Convention does not explicitly refer to<br />

the right of reputation. 56<br />

Until recently, the Court has paid tribute to<br />

the protection of reputation by applying the limitation<br />

clause under Article <strong>10</strong> 57 .<br />

For example, as mentioned in our study dedicated<br />

to Judge Pranas K ris, 58 in the case of Lindon,<br />

Otchakovsky-Laurens and July v. France 59 ,<br />

the Court found justified the criminal conviction<br />

of defamation for publication of a novel which presented<br />

a well known politician as the “chief of a<br />

gang of killers” and to whom responsibility for a<br />

fictional murder was attributed. The politician had<br />

been described as a “vampire who thrives on the<br />

bitterness of his electorate, but sometimes also on<br />

their blood.” The majority of the Grand Chamber<br />

of the Court believed that the publication had overstepped<br />

the applicable limits and considered that<br />

“regardless of the forcefulness of political struggles,<br />

it is legitimate to try to ensure that they abide by<br />

a minimum degree of moderation and propriety,<br />

especially as the reputation of a politician, even a<br />

controversial one, must benefit from the protection<br />

afforded by the Convention.” 60<br />

But the mere fact that there is no explicit reference<br />

to the right to reputation in the Convention,<br />

save in the limitation clause of Article <strong>10</strong>, is<br />

not decisive to deny the independent existence of<br />

this right. As we have emphasised in the article<br />

published in the book dedicated to Judge Pranas<br />

K ris, “the Convention does not explicitly refer to<br />

the right of reputation unlike other International<br />

human rights instruments like, for example, the<br />

International Covenant on Civil and Political<br />

Rights. Arguing, however, that the rights to protection<br />

of individual reputation is not guaranteed by<br />

the Convention on such a basis would amount to<br />

a call for interpretation of the Convention on the<br />

basis of its framers’ intent; a suggestion that clearly<br />

contradicts the Court’s principle of dynamic<br />

and evolutive interpretation of the Convention.” 61<br />

It has also been emphasised in the same<br />

study that “[a]lthough much has been written<br />

about the right to freedom of expression, the protection<br />

of the right to individual reputation has<br />

been somewhat neglected. However, protection<br />

of reputation is based on the same notion of respect<br />

for human dignity that underpins all of the<br />

substantive rights of the Convention and has been<br />

consistently protected by the Court by its acknowledgement<br />

of the limits of the right to freedom of<br />

expression and recognition that it falls part of the<br />

general rights of personality protected by Article<br />

8 of the Convention. This is hardly surprising given<br />

the value attached to good reputation by most<br />

people, which is linked to the innate worthiness<br />

and ability to lead a normal life as a social being<br />

of each person.” 62<br />

It is therefore “difficult to sustain an argument<br />

that the interest of an individual to be protected<br />

from unjustified and calumnious attacks on<br />

his personal integrity falls outside the scope of the<br />

personality rights guaranteed by Article 8 of the<br />

Convention. The Court has often reiterated that<br />

the Convention must be interpreted in a way that<br />

guarantees rights which are practical and effective<br />

as opposed to theoretical and illusory.” 63<br />

As we have pointed out in the already quoted<br />

article dedicated to Judge Pranas K ris, “[a]n explicit<br />

recognition of the right to reputation under<br />

Article 8 of the Convention” 64 has been provided<br />

by the Court in its recent judgment of 15 November<br />

2007 in the case of Pfeifer v. Austria 65 concerning<br />

the failure by the domestic courts to protect<br />

the applicant’s reputation in defamation proceedings<br />

following the publication of a letter accusing<br />

him of acts tantamount to a criminal offence.


Recent Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights – Is the Universal Declaration of Human Rights Obsolete?<br />

The applicant published a commentary that<br />

was strongly critical of a professor who had written<br />

an article alleging that the Jews had declared<br />

war on Germany in 1933 and trivialising the crimes<br />

of the Nazi regime. Some five years later, the<br />

professor was prosecuted on account of his article<br />

under the National Socialism Prohibition Act. He<br />

committed suicide shortly before his trial. Subsequently,<br />

the chief editor of a right-wing magazine,<br />

Zur Zeit, addressed a letter to subscribers asking<br />

for financial support and claiming that a group of<br />

anti-fascists was trying to damage it by means of<br />

disinformation in the media and by instituting<br />

criminal proceedings and civil actions. The letter<br />

repeated an allegation the magazine had already<br />

made in an earlier article that the applicant was<br />

a member of a “hunting association” that had<br />

driven the professor to his death. The domestic<br />

courts acquitted the chief editor of defamation<br />

charges on the grounds that the letter contained<br />

a value judgment which had a sufficient factual<br />

basis. The complaint was that the State had failed<br />

to protect the applicant’s reputation from interference<br />

by third parties.<br />

In its judgment of 15 November 2007 the<br />

Court elaborated first on the question of applicability<br />

of Article 8 summing up the relevant case-law<br />

and concluded that a person’s reputation, even if<br />

that person is criticised in the context of a public<br />

debate, forms part of his or her personal identity<br />

and psychological integrity and therefore also falls<br />

within the scope of his or her ‘private life’.<br />

As to the merits, the Court examined whether<br />

the respondent State had achieved a fair balance<br />

between the applicant’s right to protection<br />

of his reputation, as an element of his “private<br />

life” and the competing right to freedom of expression<br />

guaranteed by Article <strong>10</strong> of the Convention.<br />

It went on to examine whether the Austrian<br />

courts had adequately protected the applicant<br />

from excessive criticism. It concluded that<br />

“[e]ven if the statement were to be understood<br />

as a value judgment in so far as it implied<br />

that the applicant and others were morally<br />

responsible for P.’s death, the Court considers<br />

that it lacked a sufficient factual basis. The<br />

use of the term ‘member of a hunting society’<br />

implies that the applicant was acting in<br />

cooperation with others with the aim of persecuting<br />

and attacking P. There is no indication,<br />

however, that the applicant, who merely<br />

wrote one article at the very beginning of a<br />

series of events and did not take any further<br />

action thereafter, acted in such a manner or<br />

with such an intention. Furthermore, it needs<br />

to be taken into account that the article<br />

written by the applicant, for its part, did not<br />

transgress the limits of acceptable criticism.<br />

In those circumstances the Court is not<br />

convinced that the reasons advanced by the<br />

domestic courts for protecting freedom of<br />

expression outweighed the right of the applicant<br />

to have his reputation safeguarded. The<br />

Court therefore considers that the domestic<br />

courts failed to strike a fair balance between<br />

the competing interests involved.” 66<br />

CONCLUDING REMARKS<br />

I share the view expressed by Judge Cançado-Trindade<br />

in his 2005 Hague Lectures that “[d]<br />

espite the recurrence of atrocities in the last decades,<br />

human conscience has reacted in fostering<br />

the current process of humanization of International<br />

Law.” 67 After all, and to quote Sir Hersch Lauterpacht<br />

again, “the individual is the final subject<br />

of all law”. 68 One of the fathers of the Universal<br />

Declaration, René Cassin, President of the European<br />

Court of Human Rights, justified the Declaration<br />

in these terms: “Protéger tout l’homme et<br />

protéger les droits de tous les hommes” (“Protect<br />

wholly the human being and protect the rights of<br />

all human beings”). Freedom and equality are the<br />

two basic ideas that ground the universality of human<br />

rights. 69 There can therefore be no hierarchy<br />

of fundamental rights and the balancing exercise<br />

is therefore of utmost importance. As several<br />

judges have pointed out in one of their separate<br />

opinions, “…the Court must examine whether a<br />

fair balance has been struck between competing<br />

interests. It is not, therefore, a question of determining<br />

which interest must, in a given case, take<br />

absolute precedence over others.” 70 This is in my<br />

view the spirit of the Universal Declaration and<br />

therefore I think that this Declaration is far from<br />

being obsolete.<br />

59


Dean Spielmann<br />

* A paper delivered on 29 October 2008 at University<br />

College London on the occasion of the<br />

launch of the UCL Human Rights Law Review.<br />

The author is deeply grateful to Ms. Leto Cariolou,<br />

Legal Secretary at the Court for her valuable<br />

comments on this paper. The paper does<br />

not represent the views of any institution. For<br />

all errors and omissions: Mea culpa.<br />

1. See R. Cassin, “La déclaration universelle et la<br />

mise en œuvre des Droits de l’homme”, Hague<br />

Recueil, vol. 79 (1951-II), 237-368.<br />

2. The representative of Haiti.<br />

3. H. Lauterpacht, International Law and Human<br />

Rights, London, Stevens & Sons, 1950, pp. 394<br />

et seq.<br />

4. Lauterpacht, op. cit. at p. 399.<br />

5. at p. 417.<br />

6. Ibidem.<br />

7. A. Orakhelashvili, “The European Convention<br />

on Human Rights and International Public<br />

Order,” (2002-2003) 5 Cambridge Yearbook of<br />

European Legal Studies, 237-270, at 242-243,<br />

footnote omitted.<br />

8. Streletz, Kessler and Krenz v. Germany [GC],<br />

nos. 34044/96, 35532/97 and 44801/98, ECHR<br />

2001 II.<br />

9. Al-Adsani v. the United Kingdom [GC], nº.<br />

35763/97, ECHR 2001 XI. On this case see,<br />

A. Orakhelashvili, “State Immunity in National<br />

and International Law: Three Recent Cases<br />

Before the European Court of Human Rights”,<br />

(2002) 15 Leiden Journal of International Law,<br />

703-714 and by the same author, “Restrictive<br />

Interpretation of Human Rights treaties in the<br />

Recent Jurisprudence of the European Court of<br />

Human Rights”, (2003) 14 European Journal of<br />

International Law, 529-568, esp. 551 et seq.<br />

<strong>10</strong>. Saadi v. Italy [GC], nº. 37201/06, ECHR 2008<br />

…<br />

11. J.-P. Marguénaud, “Droits de l’homme – Jurisprudence<br />

de la Cour européenne des droits de<br />

l’homme”, (2008) Revue de science criminelle<br />

et de droit comparé, at 694.<br />

12. See on that, E. Palmer, Judicial Review, Socio-<br />

-Economic Rights and the Human Rights Act,<br />

(Oxford and Portland, Oregon, Hart, 2007).<br />

13. Article 8 of the Convention reads as follows:<br />

60<br />

NOTES<br />

“1. Everyone has the right to respect for his private<br />

and family life, his home and his correspondence.<br />

2. There shall be no interference by a public<br />

authority with the exercise of this right except<br />

such as is in accordance with the law and is<br />

necessary in a democratic society in the interests<br />

of national security, public safety or the<br />

economic well-being of the country, for the prevention<br />

of disorder or crime, for the protection<br />

of health or morals, or for the protection of the<br />

rights and freedoms of others.”<br />

14. G. Letsas, A Theory of Interpretation of the European<br />

Convention on Human Rights, (Oxford,<br />

Oxford University Press, 2007).<br />

15. Virginia Mantouvalou, (2005) 30 European<br />

Law Review, 573-585, commenting Sidabras<br />

and Džiautas v. Lithuania, nos. 55480/00<br />

and 59330/00, ECHR 2004 VIII. For an earlier<br />

view, see F. Sudre, ‘La “perméabilité” de la<br />

Convention européenne des droits de l’homme<br />

aux droits sociaux’, in Pouvoir et liberté. Etudes<br />

offertes à Jacques Mourgeon, (Brussels,<br />

Bruylant, 1998), 468-478. For an analysis of<br />

the moral justification for protection of socio-<br />

-economic rights, see J. Waldron, “Liberal Rights:<br />

Two Sides of the Coin”, in Waldron, Liberal<br />

Rights – Collected Papers 1981-1991<br />

(Cambridge, Cambridge University Press),<br />

1993, p. 1 at 4-17.<br />

16. Airey v. Ireland, 9 October 1979, Series A nº.<br />

32. See also the joint dissenting opinion by judges<br />

Tulkens, Bonello and Spielmann in N. v. the<br />

United Kingdom [GC], nº. 26565/05, 27 May<br />

2008 and the critical case-note of N. v. the United<br />

Kingdom by J.-P. Marguénaud: “La trahison<br />

des étrangers sidéens”, Revue trimestrielle de<br />

droit civil, forthcoming. Adde, the case-note on<br />

N. by the same author in (2008) Revue de science<br />

criminelle et de droit comparé, at 694.<br />

17. See R. Turmen, “Human Rights and Poverty”,<br />

Human rights – Strasbourg Views, Liber Amicorum<br />

Luzius Wildhaber, (Kehl, Strasbourg, Arlington,<br />

2007), 447-469.<br />

18. Regina v. Secretary of State for the Home Department,<br />

ex parte Limbuela, [2005] UKHL 66.<br />

19. Article 3 of the Convention reads as follows:<br />

“No one shall be subjected to torture or to inhuman<br />

or degrading treatment or punishment.”


Recent Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights – Is the Universal Declaration of Human Rights Obsolete?<br />

20. Budina v. Russia, nº. 45603/05, (dec.), 12 February<br />

2008.<br />

In 2002, a Russian case, Larioshina v. Russia<br />

(nº. 56869/00, (dec.), 23 April 2002, has been<br />

examined by a Chamber and found inadmissible,<br />

given inter alia, that the total amount of<br />

the applicant’s pension and other social benefits,<br />

albeit very small (also about 25 euros), has<br />

not been demonstrated to raise issues under<br />

the Convention. The Court noted, however,<br />

that a complaint about a wholly insufficient<br />

amount of pension and the other benefits may,<br />

in principle, raise issue under Article 3 of the<br />

Convention.<br />

On this case, see, F. Sudre, “La protection des<br />

droits sociaux par la Cour européenne des droits<br />

de l’homme: Un exercice de ‘jurisprudence fiction’?”<br />

(2003) 15 Revue trimestrielle des droits<br />

de l’homme, 755-779, at 761, mentioning also<br />

Recommendation R (2000) 3 of the Committee<br />

of Ministers of the Council of Europe.<br />

21. T. Usher, “Adjudication of Socio-Economic<br />

Rights: One Size Does Not Fit All”, (2008) 1<br />

UCLHRR, pp.154 et seq. esp. at p.164.<br />

22. R. Turmen, op. cit., p. 451.<br />

23. R. Dworkin, Taking Rights Seriously, (Cambridge,<br />

Harvard University Press, 1977), pp.<br />

198-199.<br />

24. C. McCrudden, “Human Dignity and judicial<br />

Interpretation of Human Rights”, (2008) 19 European<br />

Journal of International Law, 655 at 679.<br />

25. P.-H. Imbert, “Rights of the Poor, Poor Rights?,<br />

Reflections of Economic, Social and Cultural<br />

Rights”, in The Review, International Commission<br />

of Jurists, special issue, nº. 55 – Bangalore<br />

Conference (December 1995), p. 93, quoted by<br />

R. Turmen, op. cit., p. 450.<br />

26. Amartya Sen, Development as Freedom, (London,<br />

Oxford University Press, 2006), at p.87,<br />

quoted by R. Turmen, op. cit., p. 447.<br />

27. UN Commission on Human Rights, Summary<br />

Records, 41st meeting, “Economic, Social and<br />

Cultural Rights”, May 2000, paragraph 2.<br />

28. In Van <strong>Vol</strong>sem v. Belgium (nº. 14641/89, (1990)<br />

2 Revue Universelle des Droits de l’Homme,<br />

349, critical case-note by F. Sudre, “La première<br />

decision quart-monde de la Commission européenne<br />

des droits de l’homme: Une bavure<br />

dans une jurisprudence dynamique”, 349-353)<br />

the first explicit “poverty case”, the Commission<br />

rejected the complaint under Article 3<br />

(allegations of a degrading treatment) as inadmissible,<br />

having found that the complaint of<br />

a single mother having three minor children,<br />

concerning the electricity cut-off due to the failure<br />

to pay for it did not attaint the minimum<br />

level of severity in order to fall under the scope<br />

of Article 3 of the Convention. The Commission,<br />

however, did not make any in-depth<br />

analysis of this complaint in its decision. In<br />

O’Rourke v United Kingdom (nº. 39022/97,<br />

decision of 26 June 2001) the Court held that<br />

the applicant’s suffering, notwithstanding that<br />

he had remained on the streets for 14 months<br />

to the detriment of his health, had not attained<br />

the requisite level of severity to engage Article<br />

3. However, had the applicant’s predicament<br />

been the result of State action rather than his<br />

own volition (he was unwilling to accept temporary<br />

accommodation and refused two offers<br />

of permanent accommodation), and had he<br />

been ineligible for public support (which he<br />

was not), the Court’s conclusion could be different.<br />

In Nitecki v. Poland, (nº. 65653/01, decision<br />

of 21 March 2002) the Court found the<br />

applicant’s complaint concerning the State’s<br />

refusal to refund him the full price of a life-<br />

-saving drug inadmissible under Article 2 of<br />

the Convention. However, it stated with respect<br />

to the scope of the State’s positive obligations<br />

in the provision of health care, that an<br />

issue may arise under Article 2 where it is shown<br />

that the authorities of a Contracting State<br />

put an individual’s life at risk through the denial<br />

of health care which they have undertaken to<br />

make available to the population generally (see<br />

Cyprus v. Turkey [GC], nº. 25781/94, § 219,<br />

ECHR 2001-IV). In the Nitecki case 70% of the<br />

drug price was compensated by the State and the<br />

applicant only had to stand for the outstanding<br />

30%. The Court came to the conclusion that the<br />

State had complied with its positive obligation<br />

under Article 2 in this respect. In Goudswaard-<br />

-Van der Lans v. The Netherlands, the Court<br />

accepted that the introduction of the ANW has<br />

had effects on the applicant’s disposable income.<br />

However, although the Convention, supplemented<br />

by its Protocols, binds Contracting Parties to<br />

respect lifestyle choices to the extent that it does<br />

not specifically admit of restrictions, it does not<br />

place Contracting Parties under a positive obligation<br />

to support a given individual’s chosen lifestyle<br />

out of funds which are entrusted to them<br />

as agents of the public weal. (Goudswaard-Van<br />

der Lans v. the Netherlands (dec.), nº. 75255/01,<br />

ECHR 2005 XI).<br />

29. Jane Smith v. the United Kingdom [GC],<br />

nº. 25154/94, 18 January 2001.<br />

30. Para 67.<br />

61


Dean Spielmann<br />

31. Compare with Dogan v. Turkey, in the context<br />

of internally displaced persons. Dogan and<br />

Others v. Turkey, nos. 8803-8811/02, 8813/02<br />

and 8815-8819/02, ECHR 2004 VI (extracts).<br />

On this case, see J.-F. Flauss, “Le double standard<br />

dans la jurisprudence de la Cour européenne<br />

des droits de l’homme, fiction ou réalité?”,<br />

in Les droits de l’homme et la constitution,<br />

Etudes en l’honneur du Professeur Giorgio Malinverni,<br />

(Geneva, Zurich, Basel, Schulthess,<br />

2007), at p. 148.<br />

“154. While the Court acknowledges the<br />

Government’s efforts to remedy the situation<br />

of the internally displaced persons generally,<br />

for the purposes of the present case it considers<br />

them inadequate and ineffective. In this<br />

connection, it points out that the return to<br />

village and rehabilitation project referred to by<br />

the Government has not been converted into<br />

practical steps to facilitate the return of the<br />

applicants to their village. According to the<br />

visual records of 29 December 2003, Boydaº<br />

village seems to be in ruins and without any<br />

infrastructure (see paragraph 38 above). Besides<br />

the failure of the authorities to facilitate<br />

return to Boydaþ, the applicants have not been<br />

provided with alternative housing or employment.<br />

Furthermore, apart from the aid given<br />

to Mr Kazým Balýk and Mr Müslüm Yýlmaz<br />

by the Social Aid and Solidarity Fund, which<br />

in the Court’s opinion is insufficient to live<br />

on, the applicants have not been supplied with<br />

any funding which would ensure an adequate<br />

standard of living or a sustainable return<br />

process. For the Court, however, the authorities<br />

have the primary duty and responsibility<br />

to establish conditions, as well as provide the<br />

means, which allow the applicants to return<br />

voluntarily, in safety and with dignity, to their<br />

homes or places of habitual residence, or to resettle<br />

voluntarily in another part of the country<br />

(see in this respect Principles 18 and 28 of<br />

the United Nations Guiding Principles on Internal<br />

Displacement, E/CN.4/1998/53/Add.2,<br />

dated 11 February 1998).”<br />

32. Laetitia Winterstein and others v. France, nº.<br />

27013/07.<br />

33. D.H. and Others v. the Czech Republic [GC],<br />

nº. 57325/00, ECHR 2007 …See on this case,<br />

Leto Cariolou, “Recent Case-Law of the European<br />

Court of Human Rights Concerning the<br />

Protection of Minorities” (August 2006-December<br />

2007), (2006/7) 6 European Yearbook<br />

of MinorityIssues, 409-427, esp. at 4<strong>10</strong>-415.<br />

62<br />

34. C. O’Cinneide, ‘The Right to Equality: A Substantive<br />

legal Norm or Vacuous Rhetoric?’,<br />

(2008) 1 UCLHRR, 78-<strong>10</strong>1.<br />

35. Anguelova v. Bulgaria, nº. 38361/97, ECHR<br />

2002 IV.<br />

36. Nachova and Others v. Bulgaria [GC], nos.<br />

43577/98 and 43579/98, ECHR 2005 VII.<br />

37. Article 14 of the Convention reads as follows:<br />

“The enjoyment of the rights and freedoms<br />

set forth in [the] Convention shall be secured<br />

without discrimination on any ground such as<br />

sex, race, colour, language, religion, political or<br />

other opinion, national or social origin, association<br />

with a national minority, property, birth<br />

or other status.”<br />

38. Article 2 of the Convention reads as follows:<br />

“1. Everyone’s right to life shall be protected by<br />

law. No one shall be deprived of his life intentionally<br />

save in the execution of a sentence of<br />

a court following his conviction of a crime for<br />

which this penalty is provided by law.<br />

2. Deprivation of life shall not be regarded as<br />

inflicted in contravention of this article when it<br />

results from the use of force which is no more<br />

than absolutely necessary:<br />

(a) in defence of any person from unlawful violence;<br />

(b) in order to effect a lawful arrest or to prevent<br />

the escape of a person lawfully detained;<br />

(c) in action lawfully taken for the purpose of<br />

quelling a riot or insurrection.”<br />

39. G. Letsas, “No human right to adopt?”, (2008)<br />

1 UCLHRR, 134-153.<br />

40. See also G. Letsas, A Theory of Interpretation<br />

of the European Convention on Human Rights,<br />

(Oxford, Oxford University Press, 2007).<br />

41. E.B. v. France [GC], no/nº. 43546/02, ECHR<br />

2008 …<br />

42. Fretté v. France, nº. 36515/97, ECHR 2002 I.<br />

43. G. Letsas, “No human right to adopt?”,<br />

UCLHRR, 2008, 134-153.<br />

44. Dickson v. the United Kingdom [GC], nº.<br />

44362/04, ECHR 2007 …<br />

45. Para 85.<br />

46. R. St. J. Macdonald, “The Margin of Appreciation”,<br />

in R. St. J. Macdonald, F. Matscher<br />

and H. Petzold [eds.], The European System<br />

for the Protection of Human Rights (Dordrecht,<br />

Boston, London, Martinus Nijhoff Publishers,<br />

1993), pp. 83 et seq., esp. at pp. 84<br />

and 124, quoted by E. Brems, “The Margin of


Recent Trends in the Case-Law of the European Court of Human Rights – Is the Universal Declaration of Human Rights Obsolete?<br />

Appreciation Doctrine in the Case-Law of the<br />

European Court of Human Rights”, (1996) 56<br />

Zeitschrift für ausländisches öffentliches Recht<br />

und Völkerrecht, at p. 313. See also the<br />

critical appraisal of the ‘margin of appreciation’<br />

theory by M. R. Hutchinson, “The Margin<br />

of Appreciation Doctrine in the European<br />

Court of Human Rights”, (1999) 48 International<br />

and Comparative Law Quarterly, 638-50<br />

and G. Letsas, A Theory of Interpretation of<br />

the European Convention on Human Rights,<br />

(Oxford, Oxford University Press, 2007) and by<br />

the same author, “Two Concepts of the Margin<br />

of Appreciation”, (2006) 26 Oxford Journal of<br />

Legal Studies, 705-732.<br />

47. Evans v. the United Kingdom [GC], nº.<br />

6339/05, ECHR 2007 …<br />

48. Para 81.<br />

49. Para 82. For a critique see the joint dissenting<br />

opinion of judges Turmen, Tsatsa-Nikolovska,<br />

Spielmann and Ziemele.<br />

50. Pay v. the United Kingdom, nº. 32792/05 (dec.),<br />

16 September 2008.<br />

51. D. Norris, “Are Laws Proscribing Incitement to<br />

Religious Hatred Compatible with Freedom of<br />

Speech?”, (2008) 1 UCLHRR, <strong>10</strong>2-117.<br />

52. Soulas and Others v. France, nº. 15948/03, <strong>10</strong><br />

July 2008.<br />

53. Article 17 of the Convention reads as follows:<br />

“Nothing in [the] Convention may be interpreted<br />

as implying for any State, group or person<br />

any right to engage in any activity or perform<br />

any act aimed at the destruction of any of the<br />

rights and freedoms set forth herein or at their<br />

limitation to a greater extent than is provided<br />

for in the Convention.”<br />

54. S. Guest, “Respect for Bad Thoughts”, (2008) 1<br />

UCLHRR, 118-133.<br />

55. See Dean Spielmann and Leto Cariolou, “The<br />

right to Protection of reputation under the European<br />

Convention on Human Rights”, in Law<br />

in the Changing Europe, Liber Amicorum Pranas<br />

Kûris,(2008), 401-424.<br />

56. By contrast other international human rights<br />

instruments like, for example, the International<br />

Covenant on Civil and Political Rights contain<br />

a specific reference to protection of reputation.<br />

Article 17 of the International Covenant reads<br />

as follows:<br />

“1. No one shall be subjected to arbitrary or<br />

unlawful interference with his privacy, family,<br />

home or correspondence, nor to unlawful attacks<br />

on his honour and reputation.<br />

2. Everyone has the right to the protection of the<br />

law against such interference or attacks.”<br />

57. Article <strong>10</strong> of the Convention reads as follows:<br />

“1. Everyone has the right to freedom of expression.<br />

This right shall include freedom to hold<br />

opinions and to receive and impart information<br />

and ideas without interference by public<br />

authority and regardless of frontiers. This Article<br />

shall not prevent States from requiring the<br />

licensing of broadcasting, television or cinema<br />

enterprises.<br />

2. The exercise of these freedoms, since it carries<br />

with it duties and responsibilities, may<br />

be subject to such formalities, conditions,<br />

restrictions or penalties as are prescribed by<br />

law and are necessary in a democratic society,<br />

in the interests of national security, territorial<br />

integrity or public safety, for the prevention of<br />

disorder or crime, for the protection of health<br />

or morals, for the protection of the reputation<br />

or rights of others, for preventing the disclosure<br />

of information received in confidence, or for<br />

maintaining the authority and impartiality of<br />

the judiciary.”<br />

58. See Spielmann and Cariolou, op. cit.<br />

59. Lindon, Otchakovsky-Laurens and July v. France<br />

[GC], nos. 21279/02 and 36448/02, ECHR<br />

2007 …<br />

60. Para 57. Spielmann and Cariolou, op.cit., p.<br />

405.<br />

61. Spielmann and Cariolou, op.cit., p. 412.<br />

62. Spielmann and Cariolou, op. cit., pp. 411-412.<br />

63. Ibidem, footnotes omitted.<br />

64. Spielmann and Cariolou, op. cit., p. 422.<br />

65. Pfeifer v. Austria, nº. 12556/03, ECHR 2007 …<br />

On this case, see T. Hochmann, “La protection<br />

de la réputation”, (2008) 19 Revue trimestrielle<br />

des droits de l’homme, 1171-1190.<br />

66. Para 49. See also for the procedural aspect of Article<br />

8, protecting the right to reputation Taliadorou<br />

and Stylianou v. Cyprus, nos. 39627/05<br />

and 39631/05, 16 October 2008 and Kyriakides<br />

v. Cyprus, nº. 39058/05, 16 October 2008.<br />

67. A.A. Cançado Trindade, “International Law for<br />

Humankind. Towards a new Jus Gentium”,<br />

Hague Receuil, vol. 317, (2005), at 27.<br />

68. Op.cit., pp. 69, 61 and 51. See also, A.A. Cançado<br />

Trindade, op. cit., <strong>Vol</strong>. 316, p. 269.<br />

69. G. Cohen-Jonathan, “Déclaration Universelle<br />

des Droits de l’Homme”, in J. Andriantsimbazovina,<br />

H. Gaudin, J.-P. Marguénaud, S. Rials<br />

63


Dean Spielmann<br />

64<br />

and F. Sudre (dir.), Dictionnaire des Droits de<br />

l’Homme, Paris, PUF, 2008, pp. 249 et seq.<br />

70. Joint dissenting opinion of judges Wildhaber,<br />

Sir Nicolas Bratza, Bonello, Loucaides, Cabral<br />

Barreto, Tulkens and Pellonpää in Odièvre v.<br />

France [GC], nº. 42326/98, ECHR 2003 III.


INTRODUCCIÓN<br />

EL DERECHO HUMANO A LA PAZ<br />

Desde tiempos inmemoriales el ser humano<br />

ha buscado – o por lo menos algunos de sus<br />

miembros – una palabra mágica de la cual sabían<br />

que, puesta al servicio del hombre, podría traerles<br />

como consecuencia un disfrute inagotable de<br />

felicidades y de ese néctar de ambrosía que significaría<br />

perpetuarnos como especie en este planeta<br />

llamado Tierra y con ausencia de cualquier tipo de<br />

violencia. Esa palabra se denominaría: Paz.<br />

Pues bien, estos hombres que buscaban la<br />

paz lo hacían porque creían sin lugar a ningún<br />

género de dudas que esa paz se podría conseguir,<br />

que esa paz podría ser duradera e, incluso, que esa<br />

paz podría generar, como consecuencia de un nuevo<br />

estado social y emocional entre los hombres,<br />

un nivel superior de conciencia para que los seres<br />

humanos se dedicaran a evolucionar en todos los<br />

campos del saber.<br />

Sin embargo, la cruda realidad de los hechos<br />

ha evidenciado que la paz – y en algunos casos en<br />

nombre de la paz – no ha sido posible entre los<br />

hombres, exceptuando algunos periodos de tranquilidad;<br />

y que la violencia y los estallidos sociales<br />

entre las naciones entre sí, incluso entre los habitantes<br />

de una misma nación o pueblo entre sí, ha<br />

sido la norma imperante a través de los siglos. Las<br />

opiniones de cada individuo o grupo; las razones,<br />

las causas innumerables, los odios soterrados, las<br />

venganzas indiscriminadas, las verdades unilaterales,<br />

tan sólo han servido para justificar incontables<br />

crímenes contra una humanidad desolada.<br />

Todo ello ha venido a demostrar que la paz,<br />

como valor universal, en sólo contadas ocasiones<br />

ha podido demostrar que tiene fuerza por ella<br />

misma para conseguir que no existan estallidos de<br />

violencia. Y que, por todo ello, la paz, la anhelada<br />

paz, tiene que venir acompañada inevitablemente<br />

por otros valores sustanciales como pudieran ser,<br />

por ejemplo, la educación 1 , los derechos humanos<br />

y la democracia. Principios inalterables que vienen<br />

a auxiliar la paz que debe nacer del corazón<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Emilio José García Mercader<br />

Presidente de la Fundación de Victimología (España).<br />

de los hombres, aunque ese es otro tema que dejaremos<br />

para más adelante.<br />

DEMOCRACIA PARA LA PAZ<br />

La democracia surge como la esperanza de<br />

los pueblos oprimidos y también como esperanza<br />

de las naciones democráticas ya consolidadas, y<br />

que esperan que esa realidad política continúe en<br />

beneficio de los actores sociales y humanos que<br />

la integran. La democracia, quizás, pudiera no ser<br />

un paraíso; pero tampoco es el infierno del que<br />

quieren salir los pueblos sojuzgados por tiranos<br />

inmisericordes. Por todo ello, la democracia se<br />

convierte de hecho y por derecho en un baluarte<br />

firme en donde se pueden desarrollar todos y cada<br />

uno de los derechos que los humanos, por nuestra<br />

condición de género humano, tenemos como<br />

patrimonio. Sin democracia no hay desarrollo humano<br />

sostenible para las personas ni desarrollo<br />

social duradero para las naciones.<br />

Uno de los factores en que la democracia influye<br />

decisivamente para el fortalecimiento de la<br />

paz es porque sirve para reconciliar 2 a las nuevas<br />

sociedades después de que han sufrido conflictos<br />

convulsivos en su historia más reciente, o que han<br />

atravesado una guerra de consideraciones apocalípticas,<br />

y quizás entre hermanos de un mismo país.<br />

Esta influencia de la democracia para la construcción<br />

de la paz deviene del ejercicio de la construcción<br />

3 y el fortalecimiento de sus instituciones, del<br />

sistema político basado en el ejercicio de la libertad<br />

de expresión y en la participación y relación pacífica<br />

entre ciudadanos para la negociación, la concertación<br />

y la solución equitativa de los conflictos que<br />

surgen en toda relación humana y social.<br />

Sin embargo, hay que tener muy en cuenta que<br />

el desarrollo de la democracia o la comprensión de<br />

lo que realmente significa para el común de los<br />

ciudadanos, se debe basar igualmente en cultivar<br />

los valores 4 que favorecen la paz, promoviendo el<br />

desarrollo de la paz interior 5 en la mente de los<br />

estudiantes para que puedan asentar con mayor<br />

65


Emilio José García Mercader<br />

firmeza lo que significa la tolerancia, solidaridad,<br />

voluntad de compartir y atención a los demás.<br />

VALORES<br />

Desde el principio de este artículo el lector<br />

podrá comprobar que una vez y otra vez se habla<br />

de los “valores”. La verdad: no es que yo pretenda<br />

entrar en el tema los “valores”, sino que ellos<br />

mismos son una parte inexcusable y de primer<br />

orden legislativo en cuanto repasamos las correspondientes<br />

Declaraciones que sobre estos temas<br />

vienen abaladas por Naciones Unidas y la Unión<br />

Europea. Pero para comprender lo que significan<br />

los valores me gustaría aportar algunas definiciones:<br />

Es el apoyo o base ética, moral, espiritual,<br />

filosófica o ideal sobre el que se asienta la persona<br />

para actuar y orientar su vida e influir en la de los<br />

demás y en el universo mismo. Es una definición,<br />

un criterio de lo bueno y de lo malo, de lo aceptable<br />

o no aceptable, de lo prohibido y no prohibido,<br />

de lo que hay que hacer y de lo que no hay que<br />

hacer, al que nos adherimos racional y emocionalmente.<br />

Es una virtud, una actitud, una cualidad<br />

que el hombre inteligentemente elige y asume, y<br />

por la cual libremente guía sus actitudes y conductas<br />

por lo que tiene de bondad y de ideal. Es<br />

aquello, aquel constructo mental, conocimiento,<br />

creencia o intuición, por el que tenemos la certeza<br />

de que nuestra vida, nuestro desarrollo personal y<br />

nuestro proyecto vital tienen sentido y una dirección<br />

coherente. Es una creencia duradera de que<br />

un específico modo de conducta o un estado final<br />

de existencia es personal o socialmente preferible.<br />

Pero, ¿qué son los valores?: “Son cualidades<br />

irreales, intemporales, carecen de corporeidad,<br />

captables por intuición e ideales absolutos percibidos<br />

de un modo no intelectual; su forma no es el<br />

ser real sino el ser valioso, a cuya realización tiende<br />

la vida humana y de lo que depende la validez<br />

de nuestros juicios normativos, ya en un sentido<br />

mental o afectivo”. Los valores no existen como<br />

realidades aparte de las cosas y del hombre, sino<br />

como la valoración que el hombre hace de las cosas<br />

mismas. No podemos reducir los valores a las<br />

valoraciones, ya que sobreviven independientemente<br />

de que yo las valore o no. Los valores son<br />

relativos en el sentido de que para realizarse necesitan<br />

de determinados portadores. Por tanto, la<br />

objetividad significa que pertenecen por entero al<br />

objeto valioso. La belleza de una obra de arte está<br />

en la misma obra. El sujeto que valora no la crea<br />

o proyecta sobre el objeto: la descubre en ella. La<br />

bondad de una acción es la de la acción misma<br />

66<br />

que porta ese valor moral, con independencia de<br />

que alguien lo reconozca. Hay, por tanto, valores<br />

objetivos e intrínsecos, en virtud de los cuales<br />

deseamos determinadas cosas por ellas mismas.<br />

Los valores humanos son positivos como la bondad,<br />

belleza, justicia, verdad, salud, etc. y crean<br />

un “contrapolo necesario”, un valor antagónico,<br />

que viene a ser su contrario o antítesis, llamado<br />

también contravalor o valores negativos, como la<br />

maldad, falsedad, injusticia, fealdad, mentira, etc.<br />

Siendo considerados, los primeros, estimables, y<br />

los segundos, despreciables.<br />

DERECHOS HUMANOS<br />

Antes de adentrarnos en el estudio de los derechos<br />

humanos, es necesario precisar el contenido<br />

de este concepto. En el contexto del pensamiento<br />

del Occidente, derechos humanos son aquellos<br />

que cada hombre posee por el hecho de serlo. Es<br />

decir, que toda persona, en virtud de su dignidad,<br />

posee una serie de derechos fundamentales que<br />

deben serle universalmente reconocidos. Cuando<br />

decimos que el hombre es una persona, queremos<br />

decir que el ser humano, además de ser un ente<br />

natural como los demás seres del Universo, es<br />

algo que, de alguna forma, sobrepasa, trasciende,<br />

cuanto de natural existe en él; es, en términos filosóficos,<br />

una sustancia individual de naturaleza<br />

racional, dotada, por consiguiente, de la capacidad<br />

de entender y querer. Al ser humano, la existencia<br />

no le es dada ya hecha. Cada hombre tiene necesariamente<br />

que construir su propia vida, decidiendo<br />

en cada momento los actos que va a realizar y<br />

ajustándolos a unos valores morales que más o<br />

menos libremente acepta. El valor supremo de la<br />

persona humana es, como consecuencia, la libertad.<br />

Esta capacidad de elegir la adecuación moral<br />

de sus actos hace de cada ser humano algo único,<br />

especial, irrepetible y, a la vez, digno, merecedor<br />

de respeto. La dignidad intrínseca a todos y cada<br />

uno de los hombres engendra inexcusablemente<br />

el hecho de que existen derechos que son propios<br />

de cada persona, de tal forma que no podrían ser<br />

desconocidos sin que al mismo tiempo su naturaleza<br />

fuese alterada y, por tanto, el ser humano degradado<br />

en su calidad de hombre. Estos derechos<br />

básicos e inalienables son los derechos humanos.<br />

La paz no puede conseguirse sin la eliminación<br />

del execrable racismo y xenofobia y eliminando<br />

los derechos desiguales por los diversos grupos raciales<br />

6 , especialmente a la política de apartheid 7 ,<br />

apostando por el redescubrimiento de la diversidad<br />

8 y riqueza de las identidades culturales.


Si de verdad queremos apostar por una paz<br />

basada en derechos humanos tenemos que tener<br />

en cuenta los siguientes parámetros 9 :<br />

a) ser globales y sistémicos, o sea, tener en<br />

cuenta una gran diversidad de factores,<br />

algunos de los cuales se exponen más pormenorizadamente<br />

a continuación;<br />

b) poder aplicarse a todos los tipos, niveles y<br />

formas de educación;<br />

c) dar cabida a todos los partícipes en la educación<br />

y a los diversos agentes de socialización,<br />

incluidas las organizaciones no<br />

gubernamentales y las organizaciones comunitarias;<br />

d) aplicarse en los planos local, nacional, regional<br />

y mundial;<br />

e) comprender modos de gestión y administración,<br />

coordinación y evaluación que<br />

concedan mayor autonomía a los establecimientos<br />

de enseñanza, para que puedan<br />

elaborar formas específicas de acción y de<br />

articulación con la comunidad local, fomentar<br />

las innovaciones y favorecer una<br />

participación activa y democrática de todos<br />

los actores en la vida del establecimiento;<br />

f) estar adaptados a la edad y la psicología de<br />

los educandos y tomar en cuenta la evolución<br />

de la capacidad de aprendizaje de<br />

cada persona;<br />

g) aplicarse de manera continua y coherente.<br />

Hay que evaluar los resultados y los obstáculos,<br />

a fin de velar para que las estrategias<br />

se adapten constantemente a condiciones<br />

que se transforman;<br />

h) proveerse de los medios idóneos para alcanzar<br />

los fines antes mencionados, por lo<br />

que se refiere a la educación en su conjunto<br />

y más especialmente a la que se destina<br />

a los grupos marginados y desatendidos.<br />

Pues bien, otro de los aspectos muy importantes<br />

a destacar es el que los pueblos comprometidos<br />

con la paz y la cooperación <strong>10</strong> mundial necesitan<br />

ser libres e independientes de otras naciones<br />

para guiar libremente su desarrollo económico,<br />

social y cultural 11 , siendo respetados siempre y en<br />

todo momento los derechos de los pueblos y su<br />

integridad territorial 12 .<br />

La paz no se suele regalar, hay que conquistarla<br />

a través de los valores y derechos humanos<br />

y a través de la participación e involucración de<br />

diversos agentes sociales de primera magnitud<br />

como pueden ser, por ejemplo, los medios de comunicación,<br />

que en algunos casos son los que su-<br />

El Derecho Humano a la Paz<br />

fren con más crueldad lo que se denomina abuso<br />

de poder.<br />

Por todo ello y con miras al fortalecimiento<br />

de la paz, de la lucha contra el racismo, el apartheid<br />

y algo tan importante como es la incitación<br />

a la guerra 13 , los medios de comunicación pueden<br />

contribuir a promover los derechos humanos, haciendo<br />

oír la voz de los pueblos más oprimidos,<br />

por medio de la difusión de la información relativa<br />

a los ideales, aspiraciones, culturas y exigencias<br />

de los pueblos 14 .<br />

De igual manera todos los pueblos que son<br />

las naciones que configuran nuestra tierra, necesitan<br />

desarrollarse; pero no sólo desarrollarse a nivel<br />

de estructura social o política, sino como un derecho<br />

humano inalienable en virtud del cual todo<br />

ser humano necesita contribuir al desarrollo 15 de<br />

su nación y disfrutar de los derechos y libertades<br />

fundamentales que le corresponden; es decir, a su<br />

plena soberanía y a la propiedad de todas sus riquezas<br />

y recursos naturales 16 .<br />

EDUCACIÓN PARA LA PAZ<br />

Las personas y las sociedades necesitamos<br />

construirnos día a día, en valores y derechos humanos;<br />

y esa construcción debe estar vinculada<br />

a un programa extenso y excelso de un sistema<br />

educativo que llene de conocimiento a todas las<br />

capas sociales de las naciones. Esa construcción<br />

no puede llevarse a cabo sin que medie en todo<br />

momento la educación y el sistema educativo especialmente<br />

en la Juventud y en los estratos más<br />

vulnerables de la sociedad. Por todo ello, si queremos<br />

llegar a esa paz desde la educación, debemos<br />

buscar igualmente que esa denominada educación<br />

llegue acompañada de toda una política de acción<br />

social emancipadora.<br />

Si todas las personas tenemos necesidad de<br />

que se desarrolle y aplique el derecho humano a la<br />

paz, necesitamos para conseguirlo los siguientes<br />

objetivos:<br />

- Eliminación de la violencia directa y estructural.<br />

- Tratamiento interdisciplinar de esta área<br />

de trabajo.<br />

- Propuestas concretas de acción.<br />

- Se sugiere propiciar debates desde distintas<br />

posturas; la investigación creativa, la<br />

organización democrática, la organización<br />

democrática de las instituciones, el uso<br />

del trabajo en grupo, la participación en<br />

acciones concretas…<br />

67


Emilio José García Mercader<br />

68<br />

- Metodología: análisis sincrónico y diacrónico<br />

de la sociedad, para recopilar datos<br />

y valores. Formulación de fines que<br />

concreten la idea de paz. Elaboración de<br />

propuestas para pasar del mundo real al<br />

imaginado y, por último, pasar a acciones<br />

concretas.<br />

CONCEPCIONES ACTUALES<br />

En la actualidad existen varias corrientes que<br />

focalizan el trabajo sobre la educación para la paz<br />

desde diferentes perspectivas:<br />

1. Estudios sobre otras culturas, o “educación<br />

para la comprensión y cooperación<br />

internacional”. Es un enfoque potenciado<br />

por la UNESCO.<br />

2. Estudios sobre las relaciones internacionales<br />

y los problemas globales de la humanidad,<br />

“educación para la igualdad y<br />

justicia social, la participación política y el<br />

equilibrio ecológico”.<br />

3. Educación para el desarrollo, que se centra<br />

en el análisis de los países subdesarrollados.<br />

4. Estudio de los conflictos y su regulación.<br />

La paz y la convivencia, son un conflicto;<br />

hay que educar para la desobediencia, contra<br />

el conformismo.<br />

En síntesis, podemos decir que la paz queda<br />

conceptualizada como un valor; es un valor fundamental<br />

para la realización humana, que depende de<br />

los valores de libertad y de justicia para lograr una<br />

convivencia democrática. Este proceso, que tiende<br />

hacia la paz, la convivencia…, requiere un aprendizaje<br />

que desde el diálogo, participación, cooperación<br />

y comunicación, dé como fruto la regulación,<br />

como factor positivo y natural para el crecimiento<br />

del ser humano, evitando la violencia directa o estructural<br />

y elevando el nivel de justicia.<br />

La Educación para la Paz ha de ser concebida<br />

como un proceso de desarrollo de la personalidad,<br />

continuo y permanente, inspirado en una forma<br />

de vivir consigo mismo y con los demás en la no<br />

violencia y en la creación de ámbitos de justicia,<br />

de respeto y de armonía. Es, por tanto, una educación<br />

que supone el nacimiento de una ética personal<br />

y social de la convivencia basada en la cultura<br />

de la paz.<br />

La Educación para la Paz entronca con el desarrollo<br />

global de la personalidad de los alumnos<br />

y alumnas y no puede limitarse a un simple aprendizaje<br />

ocasional de conocimiento o de recetas de<br />

comportamiento externo; ha de ser una educación<br />

transformadora y enriquecedora de valores y de<br />

actitudes profundas.<br />

Hablar de Educación para la Paz es hablar de<br />

una educación en los valores y exige un entramado<br />

con otros valores y el cuestionamiento crítico<br />

y el rechazo consciente de otros valores que la<br />

agreden como pueden ser los de la insolidaridad,<br />

la discriminación, el conformismo, el individualismo<br />

o la injusticia.<br />

La Educación para la Paz ha de ser vivencial<br />

y ha de realizarse desde la experiencia, entendida<br />

como interacción dinámica y creativa del alumno o<br />

la alumna con su realidad. Enmarcada y desarrollada<br />

en el micro mundo personal y relacional más<br />

cercano y el macro nivel de las estructuras sociales.<br />

En todo programa de Educación para la Paz<br />

hay que plantear dos campos básicos de reflexión<br />

y de acción:<br />

La Educación en la no violencia y en la creación<br />

de estructuras y situaciones de justicia.<br />

La educación en la resolución positiva, dialogante<br />

y armónica de los conflictos, buscando y<br />

forjando formas creativas que los resuelvan en el<br />

respeto a las personas, a su dignidad y a los derechos<br />

de los más débiles.<br />

La Educación para la Paz entroncará con los<br />

siguientes ámbitos:<br />

- Educación para la comprensión internacional.<br />

- Educación para los Derechos Humanos.<br />

- Educación mundialista y multicultural.<br />

- Educación para el desarme.<br />

- Educación para el desarrollo.<br />

- Por último, la Educación para la Paz, en el<br />

ámbito escolar implica un cambio profundo<br />

en las relaciones que se establecen diariamente<br />

en el Centro, y en aula, evitando<br />

la competitividad, el individualismo y la<br />

discriminación que las estructuras académicas<br />

provocan muchas veces.<br />

Al hablar de Educación para la Paz se ha hecho<br />

referencia a una serie de valores relacionados<br />

entre sí, y que se implican mutuamente y con la<br />

paz. Estos valores, como dice Lucini, son los de<br />

tolerancia, justicia, solidaridad y libertad. De cada<br />

uno de esos valores se desprenden una serie de<br />

actitudes a desarrollar en los alumnos.<br />

ÁREAS CURRICULARES<br />

Dentro del análisis anterior, se proponen<br />

los siguientes objetivos educativos a integrar


en el currículo y el contexto de todas las Áreas<br />

Curriculares:<br />

- Descubrir, sentir, valorar y vivir con esperanza<br />

las capacidades personales como<br />

realidades y como medios eficaces que podemos<br />

poner al servicio de los demás y que<br />

pueden contribuir a un desarrollo positivo<br />

y armónico de la vida y el humanismo.<br />

- Reconocer y valorar la propia agresividad<br />

como una forma positiva de autoafirmación<br />

de la personalidad, y ser capaz de<br />

canalizarla permanentemente, hacia conductas<br />

y actividades que promuevan y favorezcan<br />

el bien común.<br />

- Desarrollar la sensibilidad, la afectividad y<br />

la ternura en el descubrimiento y en el encuentro<br />

con las personas que nos rodean,<br />

tanto a un nivel más próximo, como a un<br />

nivel más universal.<br />

- Sentir el gozo que produce el encuentro<br />

interpersonal cuando se desarrolla en un<br />

clima de afectividad, de confianza, de respeto,<br />

de colaboración y de ayuda mutua.<br />

- Construir y potenciar unas relaciones de<br />

diálogo, de paz y de armonía en el ámbito<br />

escolar y, en general, en todas nuestras relaciones<br />

cotidianas.<br />

- Reconocer y tomar conciencia de las situaciones<br />

de conflicto que pueden presentarse,<br />

descubriendo y reflexionando sobre<br />

sus causas y siendo capaces de tomar decisiones,<br />

frente a ellas, para solucionarlas de<br />

una forma creativa, fraterna y no violenta.<br />

- Desarrollar la atención y el interés ante<br />

el hecho de la diversidad de las personas<br />

y de las culturas de los pueblos, recono-<br />

El Derecho Humano a la Paz<br />

ciendo y potenciando esa diversidad como<br />

un gran valor, y actuando siempre, frente<br />

a ella, con una actitud abierta, respetuosa<br />

y tolerante.<br />

- Promover, desde el conocimiento de lo<br />

propio y desde la autoestima, el conocimiento<br />

de otras realidades sociales, culturales<br />

y personales, colaborando en la<br />

autoafirmación, en el desarrollo y en el<br />

enriquecimiento de los pueblos.<br />

- Conocer y potenciar los derechos humanos<br />

y desarrollar la sensibilidad, la solidaridad<br />

y el compromiso frente a aquellas<br />

situaciones, próximas y lejanas, en las que<br />

se atente contra ellos.<br />

- Mostrar especial atención y sensibilidad<br />

ante las situaciones de violencia, de injusticia<br />

y de subdesarrollo que se viven hoy<br />

en el planeta.<br />

- Conocer y colaborar activamente con<br />

aquellas organizaciones, gubernamentales<br />

o no, que se comprometan en la lucha<br />

contra la miseria y la injusticia en el mundo<br />

y, especialmente, con el desarrollo de<br />

los pueblos menos favorecidos.<br />

CONCLUSIÓN<br />

El Derecho Humano a la Paz 17 consiste en el<br />

desarrollo profundo y humano en respetar la vida<br />

y la dignidad de cada persona; rechazar la violencia<br />

en todas sus formas; mostrar solidaridad<br />

y compasión por aquellos en situación de necesidad;<br />

escuchar y comprender a los demás; aprender<br />

a vivir juntos, preservando el medio ambiente; y<br />

proteger nuestro planeta para las generaciones<br />

presentes y futuras.<br />

69


Emilio José García Mercader<br />

1. Declaración de la 44ª Reunión de la Conferencia<br />

Internacional de Educación: Ginebra, Suiza,<br />

octubre de 1994. Ratificada por la Conferencia<br />

General de la Unesco en su 28ª reunión.<br />

“La finalidad principal de una educación para la<br />

paz, los derechos humanos y la democracia ha<br />

de ser el fomento, en todos los individuos, del<br />

sentido de los valores universales y los tipos de<br />

comportamiento en que se basa una cultura de<br />

paz. Incluso en contextos socioculturales diferentes<br />

es posible identificar valores que pueden<br />

ser reconocidos individualmente.<br />

2. Declaración del I Foro Militar Centroamericano<br />

para la Cultura de la Paz. San Salvador, El<br />

Salvador, 27 de junio de 1996.<br />

3. “Llamamiento de San Salvador”. San Salvador.<br />

28 de abril de 1993.<br />

4. Declaración de Antigua Guatemala sobre Derechos<br />

Humanos y Cultura de Paz. Guatemala,<br />

30 de julio de 1996. Esta Declaración fue desarrollada<br />

por los Ombudsman de Argentina,<br />

Costa Rica, El Salvador, España, Guatemala,<br />

México y Puerto Rico.<br />

5. Nota del autor: aunque de forma correcta se incide<br />

en que los “valores” deben de ser dirigidos<br />

a la mente de los estudiantes con la intención<br />

de que a nivel cognitivo puedan entender el<br />

significado de los mismos, considero que hubiera<br />

sido conveniente que también se hubiera<br />

expresado de la siguiente manera: “a la mente<br />

de los estudiantes y al corazón de los estudiantes”,<br />

debido a que quien no siente los valores<br />

como propios, como suyos, y los interioriza de<br />

forma natural, en ningún momento será capaz<br />

de desarrollarlos cualitativamente, y siempre<br />

más preocupado con sus acciones ante lo que<br />

pudiera ocurrirle con el Código Penal, que con<br />

una correcta actuación de su persona como ser<br />

humano. A las personas hay que transmitirles<br />

los “valores” dentro de un correcto equilibrio<br />

entre la mente y el corazón.<br />

6. Artículo segundo. Declaración de las Naciones<br />

Unidas sobre la eliminación de todas las formas<br />

de discriminación racial. Proclamada por<br />

la Asamblea General de Naciones Unidas el 20<br />

de noviembre de 1963.<br />

7. Artículo quinto. Declaración de las Naciones<br />

Unidas sobre la eliminación de todas las formas<br />

de discriminación racial. Proclamada por<br />

70<br />

NOTAS<br />

la Asamblea General de Naciones Unidas el 20<br />

de noviembre de 1963.<br />

8. Artículo 2.2.- Declaración de la 44ª Reunión<br />

de la Conferencia Internacional de Educación.<br />

Ginebra, Suiza, octubre de 1994. Ratificada por<br />

la Conferencia General de la Unesco en su 28ª<br />

reunión. París. Francia, noviembre de 1995.<br />

9. Artículo sexto. Declaración de la 44ª Reunión<br />

de la Conferencia Internacional de Educación.<br />

Ginebra, Suiza, octubre de 1994. Ratificada por<br />

la Conferencia General de la Unesco en su 28ª<br />

reunión. París. Francia, noviembre de 1995.<br />

<strong>10</strong>. Artículo primero. Declaración sobre la concesión<br />

de la independencia a los países y pueblos<br />

coloniales. Resolución 1514 (XV) de la Asamblea<br />

General, del 14 de diciembre de 1960.<br />

11. Artículo segundo. Declaración sobre la concesión<br />

de la independencia a los países y pueblos<br />

coloniales. Resolución 1514 (XV) de la Asamblea<br />

General, del 14 de diciembre de 1960.<br />

12. Artículo séptimo. Declaración sobre la concesión<br />

de la independencia a los países y pueblos<br />

coloniales. Resolución 1514 (XV) de la Asamblea<br />

General, del 14 de diciembre de 1960.<br />

13. Artículo II.3.- Declaración sobre los Principios<br />

fundamentales relativos a la contribución de<br />

los medios de comunicación al fortalecimiento<br />

de la paz y la comprensión internacional, a<br />

la promoción de los derechos humanos y a la<br />

lucha contra el racismo, el apartheid y la incitación<br />

a la guerra. Proclamada el 28 de noviembre<br />

de 1978 en la vigésima reunión de la<br />

Conferencia General de la Organización de las<br />

Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia<br />

y la Cultura, celebrada en París.<br />

14. Artículo III del anterior: “En la lucha contra la<br />

guerra de agresión, el racismo y el apartheid,<br />

así como contra las otras violaciones de los<br />

derechos humanos que, entre otras cosas, son<br />

resultado de los prejuicios y de la ignorancia,<br />

los medios de comunicación, por medio de la<br />

difusión de la información relativa a los ideales,<br />

aspiraciones, culturas y exigencias de los<br />

pueblos, contribuyen a eliminar la ignorancia<br />

y la incomprensión entre los pueblos, a sensibilizar<br />

a los ciudadanos de un país a las exigencias<br />

y las aspiraciones de los otros, a conseguir<br />

el respeto de los derechos y la dignidad<br />

de todas las naciones, de todos los pueblos y


de todos los individuos, sin distinción de raza,<br />

de sexo, de lengua, de religión o de nacionalidad,<br />

y a señalar a la atención de los grandes<br />

males que afligen a la humanidad, tales como<br />

la miseria, la desnutrición y las enfermedades.<br />

Al hacerlo así favorecen la elaboración por los<br />

Estados de las políticas más aptas para reducir<br />

las tensiones internacionales y para solucionar<br />

de manera pacífica y equitativa las diferencias<br />

internacionales”.<br />

15. Artículo 1.1. Declaración sobre el derecho de<br />

los pueblos a la paz. Adoptada por la Asamblea<br />

El Derecho Humano a la Paz<br />

General en su resolución 39/11, del 12 de noviembre<br />

de 1984.<br />

16. Artículo 2. Declaración sobre el derecho de los<br />

pueblos a la paz. Adoptada por la Asamblea General<br />

en su resolución 39/11, del 12 de noviembre<br />

de 1984.<br />

17. Llamamiento de Moscú para el Año 2000,<br />

adoptado por aclamación en el Foro Internacional<br />

“Para una cultura de Paz y Diálogo entre<br />

Civilizaciones en el Tercer Milenio”. Moscú.<br />

Federación de Rusia, 15 de mayo de 1999.<br />

71


HUMANITARISMO PENITENCIARIO Y CRIMINOLOGÍA<br />

1. EL MUNDO PENITENCIARIO AL INICIO<br />

DEL TERCER MILENIO<br />

El inicio del siglo nos atrapa en la lucha permanente<br />

por el reconocimiento del Derecho Penitenciario<br />

como la única manera de hacer efectivo<br />

y respetuoso el derecho de castigar, del Derecho<br />

Penal que sin la rama ejecutiva se queda sin posibilidades<br />

reales.<br />

Su nacimiento formal podemos encontrarlo<br />

en 1955, con la aprobación de las Reglas Mínimas<br />

de las Naciones Unidas, como un marco más<br />

abajo el cual no resultaba aceptable justificar la<br />

existencia de las prisiones, reglas motivadas por<br />

el descubrimiento de lo sucedido en los campos<br />

de concentración utilizados durante la guerra por<br />

los países derrotados, especialmente Japón y Alemania,<br />

esta última con todos los programas utilizados<br />

con el tétrico nombre de “solución final”.<br />

Con la esperanza de que ahora sí sea real el<br />

“nunca jamás”, la Organización de las Naciones<br />

Unidas promueve, a partir de 1955, con el Primer<br />

Congreso de Naciones Unidas Sobre Prevención<br />

del Delito y Tratamiento del Delincuente, entre<br />

sus integrantes, la aprobación de leyes de ejecución<br />

penal que contemplen los principios proclamados<br />

en las Reglas y la adopción de metas penales y tratamientos<br />

penitenciarios que limiten los abusos<br />

del Estado sobre los prisioneros.<br />

En un mundo aún sin la intensa comunicación<br />

con que se cuenta actualmente las decisiones<br />

se toman su tiempo y es en 1971 que en México<br />

se genera la primera Ley de ejecución de la pena de<br />

prisión, totalmente inspirada en las ideas contenidas<br />

en las Reglas Mínimas que comentamos.<br />

Vale la pena comentar que, siendo México<br />

una República Federal, a la creación de la Constitución<br />

que nos rige, cayó la determinación de permitir<br />

que la ejecución penal fuera responsabilidad<br />

de las Entidades Federativas que la integran, tratándose<br />

de delitos del orden común, conservándo-<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Emma Mendoza Bremauntz<br />

Profesora por Oposición en la Universidad Nacional Autónoma de México.<br />

Al Dr. César Oliveira de Barros Leal, con el afecto ganado por su actitud generosa y su profunda preocupación social.<br />

se al gobierno federal la administración y manejo<br />

solamente de las prisiones para reos, procesados<br />

o sentenciados, en su caso, por delitos federales.<br />

En el artículo constitucional relativo, se contempló<br />

la posibilidad de acordar, gobiernos locales<br />

y federal, la posibilidad de enviar reos de una u<br />

otra materia a compurgar sus penas de prisión en<br />

instituciones de la Federación, para en una reforma<br />

constitucional de 2008, se ampliara esta posibilidad<br />

para hacerlo en uno u otro sentido, tanto<br />

reos locales a instituciones federales como reos<br />

federales a instituciones locales.<br />

Los inicios de los años setenta constituyen<br />

una etapa de búsqueda en que el mundo rebasa<br />

la Guerra Fría y entiende que es una oportunidad<br />

de realizar ideales. Se generan grupos de países<br />

pobres que logran su independencia sin violencia,<br />

aún cuando con gravosos compromisos hacia sus<br />

antiguos conquistadores, también se crean asociaciones<br />

internacionales para tratar de hacer valer<br />

sus ideales de mejores oportunidades para su población,<br />

obteniendo reconocimiento de derechos<br />

por parte de los países más adelantados y ricos, inclusive<br />

logrando ejercer ciertas presiones económicas<br />

para lograrlo, originando lo que en principio se<br />

llamó el Nuevo Orden Económico Internacional.<br />

Se sucede una etapa más o menos pacífica<br />

hasta que los intereses económicos presionan<br />

especialmente a los organismos internacionales<br />

fundados al final de la II Guerra Mundial.<br />

Nace entonces la tendencia globalizadora<br />

que busca uniformar medidas e inclusive lenguaje<br />

jurídico, se justifica con la necesidad de facilitar la<br />

intercomunicación entre los países para la creación<br />

de una aldea global en la que todos los pobladores<br />

tengan la posibilidad de vivir en condiciones más o<br />

menos semejantes de alimentación, salud y posibilidades<br />

de mejorar sus oportunidades de vida.<br />

En los años finales del siglo XX, las cosas<br />

cambian y la economía con perfil social desaparece,<br />

los intereses de las grandes empresas transna-<br />

73


Emma Mendoza Bremauntz<br />

cionales dominan las propuestas económicas y la<br />

búsqueda del beneficio de dichas empresas sustituye<br />

la visión social de equidad global.<br />

La política económica internacional cambia<br />

e impacta a las políticas internas de los países que<br />

por sus características de subdesarrollo o de bajo<br />

desenvolvimiento, han tenido que aprovechar los<br />

apoyos brindados tanto por el Banco Mundial como<br />

por el Fondo Monetario Internacional para intentar<br />

alcanzar un mejor avance en su desarrollo y una<br />

mejor opción de vida para su población, obteniendo<br />

préstamos y financiamientos internacionales.<br />

Por desgracia la meta no se alcanza y<br />

para eso influyen tanto el volumen del retraso<br />

como la corrupción, interna e internacional que<br />

pugnan por sus intereses, nulificando los esfuerzos<br />

realizados y multiplicando las deudas sin que<br />

se haya mejorado la vida de la población más miserable<br />

de todos estos países.<br />

Los países acreedores presionan y los organismos<br />

internacionales lo hacen también, haciendo<br />

en muchos casos imposible pagar la deuda internacional<br />

obligándose a establecer las políticas dictadas<br />

por ellos, rompiendo la armonía aparente que<br />

es sustituida por una tendencia a buscar uniformidades<br />

en diversas áreas de decisión internas, sustituyendo<br />

el poder de los Estados nacionales por las<br />

decisiones y políticas impuestas desde el exterior.<br />

Todas estas condiciones generan resentimientos<br />

sociales al reconocerse y actuar los países<br />

más vigorosos, económicamente hablando, de<br />

manera vertical sobre los menos avanzados, ocasionando<br />

la imposibilidad y la desatención a los<br />

aspectos sociales de la población sumergida en la<br />

miseria y lanzando a la población de clase media a<br />

los niveles más bajos que la hacen improductiva y<br />

frecuentemente victimable.<br />

Estas condiciones prevalecen entre los países<br />

capitalistas de segunda o emergentes como se<br />

intenta rebautizarlos para no utilizar el término de<br />

tercermundistas que suena peyorativo, en los cuales<br />

la autoridad estatal se ve disminuida para la<br />

toma de decisiones, cada vez de forma más notoria<br />

y si bien la persistencia de la corrupción parece<br />

justificar superficialmente las medidas dictadas<br />

por los organismos internacionales para cambiar<br />

las políticas internas. La realidad es que dichas<br />

políticas generan mayor pobreza y al aplicarse de<br />

manera indiscriminada en los países pobres, se<br />

omite el analizar circunstancias individuales diferenciadas<br />

que exigirían políticas también diferenciadas,<br />

entre otras cuestiones, dándose lugar<br />

a una visión muy diferente del Nuevo Orden Económico<br />

Mundial.<br />

74<br />

Otro de los efectos de este cambio internacional<br />

de la tendencia globalizadora es la presión sobre<br />

aspectos como el jurídico que se intenta uniformar<br />

con cambios que representan modificaciones legales<br />

en áreas como la penal, pero que desentonan totalmente<br />

con el resto de la organización jurídica de<br />

los países, cosa que podemos apreciar claramente<br />

en las reformas de fin de siglo y desde luego en las<br />

verificadas en estos primeros diez años del nuevo<br />

milenio en México, de clara tradición romano canónica,<br />

con la introducción de terminología e instituciones<br />

de tradición sajona, lo cual ocasiona un<br />

gran desorden social y jurídico.<br />

Todo esto facilita, al inicio de este siglo, a que<br />

se cometan las violentas agresiones del terrorismo<br />

internacional, por primera vez en territorio americano<br />

con el brutal ataque a las torres gemelas en<br />

Nueva York, impulsado al parecer por la organización<br />

patrocinada por Bin Laden, un millonario<br />

quien encabeza la organización del Oriente Medio<br />

denominada Al Qaeda, con una meta de venganza<br />

y odio hacia los Estados Unidos por considerarlos<br />

invasores de sus territorios e intereses originarios.<br />

En principio, por la guerra en contra del<br />

terrorismo, aunque lo económico parece haber<br />

ocultado otros motivos de intervención, se le<br />

atribuye al entonces gobernante de Irak el estar<br />

organizando una guerra química contra ese país,<br />

lo que justifica ante los ojos de la población norteamericana<br />

la invasión y la búsqueda de Saddam<br />

Hussein, quién finalmente fue aprehendido y permaneció<br />

después en lugares desconocidos hasta<br />

finalmente ser ejecutado, y se dio a conocer su<br />

ubicación, pero no el sitio en el que estuvo preso.<br />

Tal vez esa fue la primera vez que se sospechó<br />

públicamente de la existencia de cárceles<br />

secretas, que tal vez inspiradas en el estilo de la<br />

zona, permitían ocultar el paradero de los prisioneros<br />

para evitar rescates violentos y chantajes o<br />

secuestros para lograr su liberación, además de<br />

evadir el cumplimiento extraterritorial de la normatividad<br />

vigente en los Estados Unidos sobre el<br />

procesamiento de personas detenidas.<br />

Después de la muerte de Hussein, se comenzó<br />

a dar publicidad de que la persecución a los individuos<br />

sospechosos de militar en la organización Al<br />

Qaeda y sus desapariciones tenían que ver con la<br />

existencia de cárceles secretas del gobierno norteamericano,<br />

en donde podían permanecer por<br />

tiempo indefinido y sin ningún derecho ni conocimiento<br />

de sus familias o naciones, los señalados<br />

para estas investigaciones.<br />

Se organizaron por parte de algunos grupos<br />

internacionales defensores de los Derechos


Humanos e inclusive de origen europeo como la<br />

Comisión Parlamentaria organizada por el Parlamento<br />

de la Unión Europea, búsquedas e investigaciones<br />

para tratar de descubrir algunos de estos<br />

lugares, investigación coincidente con quejas<br />

respecto a la aplicación oficial de la tortura como<br />

instrumento de investigación para obligar a hablar<br />

a los detenidos y confesarse partícipes de Al<br />

Qaeda o simplemente terroristas enemigos de los<br />

Estados Unidos y comenzaron a circular cada vez<br />

con mayor intensidad estas aseveraciones sobre la<br />

existencia de las cárceles secretas.<br />

Los datos obtenidos y publicados por algunas<br />

organizaciones y comisiones de países diferentes,<br />

concluyeron carecer de pruebas para afirmar la<br />

existencia de las cárceles “off shore” norteamericanas,<br />

apoyadas por la cabeza de su ejército el entonces<br />

Secretario de la Defensa norteamericano,<br />

pero se proporcionaron datos y fotografías de las<br />

prácticas de tortura por los militares norteamericanos<br />

en tierras del medio Oriente.<br />

En enero de 2004, se inició en Estados Unidos<br />

la investigación criminal y en abril el programa<br />

de televisión “60 minutos” exhibió las fotografías<br />

que comprobaban los abusos cometidos y<br />

se desató el escándalo internacional, que generó<br />

una débil reacción por parte del Departamento<br />

de Defensa que sólo procedió en contra de algunos<br />

militares por lesiones, además condenándose<br />

en corte marcial a unos 7 soldados más dos<br />

especialistas condenados a varios años de prisión<br />

y la Comandante de la prisión, Janis Karpinski<br />

fue degradada de Brigadier General a Coronel en<br />

mayo de 2005.<br />

Esta General del Ejército Norteamericano,<br />

degradada por estas acusaciones a Coronel, ha<br />

ofrecido testimonio en algún juicio en Europa<br />

señalando con precisión la forma como se ordenó<br />

la práctica de estas torturas en un memorándum<br />

firmado por Rumsfeld y reforzado por órdenes directas<br />

de Geoffrey Miller, director de la prisión de<br />

Guantánamo quien personalmente fue a capacitar<br />

a los responsables de los interrogatorios en Abu<br />

Ghraib, nombres que se han manejado con datos<br />

muy específicos en 2009, incluyendo el nombre<br />

del (en época de Bush), Vicepresidente Cheney.<br />

Nuevamente en 2006 un programa de televisión<br />

australiano exhibe otras fotografías y videos,<br />

cuando un tribunal americano ordena al Pentágono<br />

hacer públicas las imágenes existentes sobre<br />

los abusos cometidos no sólo en Abu Ghraib sino<br />

también en Bagdad.<br />

Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

LA ENSEÑANZA DE LA TORTURA Y SU<br />

UTILIZACIÓN EN LAS PRISIONES<br />

Sabemos que al terminar la guerra Fría y con<br />

la caída del Muro de Berlín, terminó la guerra<br />

contra el comunismo, planteado como el enemigo<br />

mayor de la democracia norteamericana, y que<br />

los fabricantes de productos bélicos se quedaron<br />

sin mercado y el país productor mayor buscó<br />

nuevos mercados iniciando la guerra contra los<br />

narcotraficantes que en muchas ocasiones fueron<br />

sus apoyos en la guerra anterior. El ataque de<br />

11/09 enfocó los esfuerzos del gobierno en otro<br />

sentido y la persecución de los terroristas se convirtió<br />

en la nueva meta y justificó las acciones<br />

que comentamos.<br />

Se ha publicado que Rumsfeld afirmó con absoluta<br />

certeza que los torturadores descubiertos y<br />

señalados por sus víctimas no serían castigados,<br />

siguiendo la línea marcada a finales de la II Guerra<br />

Mundial en cuanto a proteger a los nazis asesinos<br />

y posteriormente a la caída de Indochina, la protección<br />

y apoyo a la Escuela Francesa de tortura<br />

y secuestro que sin duda tuvo sus orígenes en la<br />

lucha por la liberación realizada por la población<br />

y en contra de ella por parte del ejército francés<br />

que usufructuaba la explotación de Argelia para<br />

vivir como conquistadores en esa etapa y que utilizaron<br />

los medios más crueles para mantenerse<br />

en el poder.<br />

Así se genera una rama del ejército conquistador<br />

de Francia en Argelia que en algún momento<br />

pasa con sus perversos conocimientos a otro país<br />

también sometido al dominio francés, en Indochina,<br />

donde desarrolla aún más sus conocimientos<br />

y organización.<br />

Estas organizaciones perversas fueron apoyadas<br />

por un organismo político del país, para continuar<br />

su actividad de enseñar a secuestrar, chantajear,<br />

torturar y todas las actividades que los nazis<br />

practicaban en los campos de concentración y los<br />

militares franceses desarrollaron para retener los<br />

territorios conquistados en Argelia e Indochina.<br />

El apoyo consistió en darles “trabajo” a los<br />

integrantes de dicha escuela y fueron enviados al<br />

Cono Sur de América a apoyar con sus “conocimientos”<br />

las dictaduras impulsadas por la CIA y<br />

sus antecesores para proteger a las grandes empresas<br />

transnacionales como United Fruit e ITT que<br />

dominaban los países semifeudales sur y centroamericanos<br />

en esa época, según se ha hecho público<br />

al abrirse los archivos ocultos por mucho tiem-<br />

75


Emma Mendoza Bremauntz<br />

po, de acuerdo con las leyes que finalmente una<br />

parte importante de los norteamericanos respeta.<br />

Y todas esas rutinas que se exhibenen la televisión,<br />

como nuestros tercermundistas guanajuatenses<br />

estaban (¿están?) enseñando a sus policías,<br />

practicando al ahogar a sus compañeros en cursos<br />

de “capacitación” en excusados de sus cuarteles<br />

y que también fueron exhibidas como ejercicios<br />

normales de los policías federales que detuvieron<br />

al narcotraficante que fue gobernador de Quintana<br />

Roo, al internarlo en la prisión de máxima seguridad<br />

ahora llamada de Altiplano, pasando en una<br />

fila franqueada con perros de ataque sin bozal, muy<br />

cerca del aterrorizado prisionero.<br />

Dichos métodos fueron también aplicados<br />

cuando la guerra en Afganistán, pero el escándalo<br />

se dio a conocer cuando la guerra en Irak, iniciada<br />

con el pretexto de evitar nuevos ataques terroristas<br />

del Oriente Medio y con el nunca comprobado<br />

pretexto de que los países de la zona estaban preparando<br />

ataques terroristas con bacterias y bombas<br />

químicas que ya hemos comentado líneas arriba.<br />

Se tomó como pretexto también la dictadura<br />

de Hussein, con la idea de imponer una democracia<br />

que tal vez les proporcionaría energéticos en<br />

cantidades importantes para sus industrias, por lo<br />

que se exportaron algunas de las llamadas guerras<br />

preventivas de Bush y de las cuales surgió la idea,<br />

tal vez, de estas prisiones secretas que les permitían<br />

a los militares encarcelar sin control ni proceso<br />

a los sospechosos de terrorismo.<br />

A la larga, aunque por mucho tiempo se afirmó<br />

que no existían dichas prisiones, se tuvieron<br />

datos absolutos de su existencia, aunque fuera de<br />

dos muy mencionadas en los periódicos, Guantánamo<br />

en Cuba y Abu Ghraib en Irak. Procurando<br />

mantener las demás en secreto especialmente en<br />

cuanto a su ubicación, lo que más recientemente<br />

se ha dado a conocer por investigadores internacionales,<br />

que puede presumirse en países en los<br />

cuales han existido dictaduras y abusos de poder<br />

recientemente y que en la realidad se encuentran<br />

por tradición, alejados del respeto a los derechos<br />

humanos y a los principios jurídicos que habían<br />

regido al derecho penal actual, países cuyos gobiernos<br />

pueden ser presionados con chantajes y<br />

amenazas diversas o corrompidos por los intereses<br />

de la organización política de la que venimos<br />

de hacer mención.<br />

El impacto de estas medidas en los sistemas<br />

legales de otros países<br />

Lo doloroso de todos estos hechos, admitidos<br />

ya públicamente por el ex presidente de los Esta-<br />

76<br />

dos Unidos George W. Bush, con la justificación,<br />

a su criterio incuestionable, de estar defendiendo<br />

a su país y evitando nuevos ataques terroristas, y<br />

de que las críticas a sus decisiones son emitidas<br />

por personajes que no viven en Estados Unidos y<br />

por ello entienden que no están en peligro, por lo<br />

cual decidió no retroceder en su lucha y apoyar la<br />

tortura y los medios utilizados para interrogar a<br />

los sospechosos de terrorismo.<br />

Las técnicas de interrogatorio comprobadas<br />

mediante fotografías y videos presentados en diversos<br />

informes, incluían desde puñetazos y pisotones<br />

en los pies desnudos de los detenidos, grabaciones<br />

de estos, desnudos y bañados en heces fecales,<br />

obligados a permanecer de pie, conectados a alambres<br />

eléctricos en sus pies, manos y partes genitales,<br />

sodomizados con luces químicas, garrotes<br />

y palos de escoba, permitiendo ataques de perros<br />

amaestrados para ello, entre otras barbaridades<br />

inenarrables que hemos conocido en la historia<br />

de las guerras mundiales y de las dictaduras latinoamericanas,<br />

que fueron conocidas y aprobadas<br />

por las autoridades, en tanto se practicaran fuera<br />

de los límites de aplicabilidad de la Constitución<br />

Política y de las leyes reglamentarias derivadas<br />

de ella, lejos de la exigibilidad de cualquier defensa<br />

legal.<br />

Podemos pensar cuál ha sido el impacto del<br />

reconocimiento de la existencia de estas cárceles,<br />

de las respuestas soberbias de las autoridades que<br />

las permitieron e inclusive las autorizaron y justificaron<br />

y ante el escándalo internacional y las protestas<br />

innumerables de organizaciones internacionales<br />

de Derechos Humanos, la reacción fue de<br />

negar y finalmente de reconocer y considerar justa<br />

la realización de estas prácticas, conservando los<br />

locales existentes en países muy dependientes de<br />

los Estados Unidos, como puestos de seguridad y<br />

observación, muy a pesar de las intenciones declaradas<br />

y decretadas por el actual Presidente Obama<br />

que ha preparado una prisión en territorio norteamericano<br />

para desalojar Guantánamo.<br />

¿Qué pasa en México?<br />

Históricamente, con la aprobación de las Reglas<br />

Mínimas de las Naciones Unidas para el Tratamiento<br />

de Reclusos durante el 1er Congreso de<br />

las Naciones Unidas sobre Prevención del Delito<br />

y Tratamiento del Delincuente en 1955, las que<br />

recientemente festejaron su cumpleaños número<br />

50 motivaron en nuestro país al cumplir los primeros<br />

21 años, en 1971, que se promulgara la Ley<br />

de Normas Mínimas para sentenciados, primera<br />

de muchas leyes de ejecución penal que entraron


en vigor en todas nuestras Entidades Federativas,<br />

quizá impulsadas por el prestigio del Dr. Sergio<br />

García Ramírez, promotor importante de la materia<br />

y jurista de reconocimiento internacional.<br />

Es a partir de entonces que por primera vez<br />

se atiende el tema penitenciario con mayor seriedad<br />

y no sólo con la actitud crítica de difundir los<br />

hechos vergonzosos que suceden en las cárceles.<br />

Se presenta entonces la más importante reforma<br />

penitenciaria por cuanto a las acciones verificadas<br />

en la materia, además de la aprobación de la primera<br />

Ley de ejecución penal, la construcción de<br />

establecimientos pensados en lugares en que se<br />

pudiera cumplir con las previsiones de las leyes<br />

para el tratamiento o manejo de internos, con la<br />

idea de la readaptación social y regímenes pensados<br />

y diseñados adecuadamente, con los cuales se<br />

pudiera alentar la superación educativa y la capacitación<br />

laboral ante la imposibilidad de cerrar las<br />

cárceles, buscando hacerlas lo más útiles posible,<br />

con el diseño arquitectónico, por ejemplo, del talentoso<br />

y añorado amigo Ignacio Machorro.<br />

Un diseño que incluyera los talleres para<br />

cumplir con el trabajo y la capacitación para el<br />

mismo, como ordenaba el art. 18 constitucional,<br />

además contar con áreas para educación, deporte<br />

y cultura, estas dos incluidas en la educación, con<br />

pequeños auditorios para el desarrollo de obras de<br />

teatro, proyección de películas, conferencias, salones<br />

de clase, espacio para las actividades artísticas,<br />

en fin, los diversos medios que facilitan la educación<br />

para los adultos, tanto formal como informal.<br />

Se previó un sitio con los cubículos para<br />

que el personal técnico realizara sus entrevistas<br />

discretamente, con dormitorios alejados de la población<br />

para conocer primero a los internos antes<br />

de asignarles su lugar en el interior y un espacio<br />

adecuado para verificar las reuniones del Consejo<br />

Técnico y proponer el otorgamiento de beneficios,<br />

analizando la vida en reclusión de cada uno de los<br />

internos que estuviera en tiempo y con posibilidades<br />

de obtenerlos.<br />

Es lógico que no se contara con estos espacios,<br />

en los edificios que hasta mediados del<br />

siglo pasado se utilizaban como prisiones, construcciones<br />

coloniales abandonadas, cuarteles en<br />

malas condiciones y pequeños anexos a las inspecciones<br />

de policía; pero nada que fueran construcciones<br />

especiales para realizar las actividades<br />

previstas en la ley a fin de lograr una aceptable<br />

readaptación social.<br />

Personajes como Quiroz Cuarón, como Piña<br />

y Palacios, como Hilda Marchiori, esa extraordinaria<br />

argentina mexicana, como Antonio Sánchez<br />

Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

Galindo, penitenciarista de hueso colorado, como<br />

el mencionado Ignacio Machorro con más conocimiento<br />

penitenciario que cualquier abogado o<br />

legislador, como Rafael Ruiz Harrel, escritor, criminólogo<br />

y periodista, crítico permanente de la<br />

corrupción y la estulticia hasta su muerte, Roberto<br />

Tocavén, nuestro hermano inolvidable con un<br />

profundo conocimiento de la problemática de los<br />

menores infractores, como el muchas veces mencionado<br />

Sergio García Ramírez, incansable constructor<br />

a pesar de los retrocesos periódicos que se<br />

presentan en el medio penitenciario, como Julia<br />

Sabido, trabajadora social entregada a su fe de superación<br />

interminable, como mi siempre presente<br />

hermano de luchas Luis Rodríguez Manzanera,<br />

y tantos otros que víctimas del sistema y de sus<br />

convicciones perdieron algo más que tiempo.<br />

Como en su caso Juan Pablo de Tavira cuyo<br />

asesinato nunca se aclaró, Juan Castillo y muchos<br />

otros que han sido eliminados o que cayeron en<br />

las trampas de la delincuencia y que fueron los<br />

primeros soldados de un ejército que no se dio<br />

nunca por vencido y que nos sigue inspirando para<br />

que aún con los riesgos que representa, seguir luchando<br />

por el respeto a los derechos de víctimas y<br />

victimarios, de niños y niñas abandonados, explotados,<br />

traficados, violados y asesinados…..de mujeres<br />

maltratadas, indefensas y humilladas, de los<br />

mismos delincuentes miserables, víctimas de los<br />

abusos del poder, de las víctimas de su ignorancia<br />

y de sus necesidades, de todo ese inframundo de<br />

la delincuencia de las cárceles, víctimas también<br />

de la corrupción.<br />

La problemática de la Delincuencia<br />

Global<br />

El fin de siglo nos sorprende con un nuevo<br />

cambio en lo penitenciario, la tendencia a enfrentar<br />

a la delincuencia con mayor represión, mayores<br />

penas, menos garantías, menos interés en la<br />

readaptación y la reeducación, la aprobación de<br />

una Ley contra la Delincuencia Organizada, primer<br />

paso en sentido inverso en cuanto al reconocimiento<br />

del libre arbitrio judicial, de las garantías<br />

individuales sin distingos, normatividad de<br />

la aplicación inmisericorde de penas cuyo cumplimiento<br />

resulta inalcanzable, por su duración y<br />

sin opciones de mejorar las sentencias por buena<br />

conducta y capacitación laboral o por su mejor desempeño<br />

humano.<br />

Un primer paso criticado, pero sostenido<br />

por las autoridades, más allá del razonamiento<br />

histórico de los abusos y la negociación del delito<br />

por la supuesta delación, fue lo que significó<br />

77


Emma Mendoza Bremauntz<br />

en la realidad esta ley que pasó por encima de<br />

garantías y principios penales, con el pretexto<br />

de enfrentar a una delincuencia al parecer más<br />

poderosa que el propio Estado, tal vez por estar<br />

profundamente infiltrada en él.<br />

Una de las banderas para pasar por encima<br />

de las críticas y las oposiciones fue la necesidad<br />

de acabar con la impunidad que entonces y ahora,<br />

excede los niveles tolerables, aun cuando entonces<br />

y ahora, tampoco se ha dicho que la primera<br />

impunidad que debe atacarse para lograr el apoyo<br />

real de la población, es la de los funcionarios públicos<br />

corrompidos y cómplices de esa criticada<br />

delincuencia organizada, que en tanto no sean sometidos<br />

a la ley, no superarán la imagen popular<br />

de participantes en el delito.<br />

Es así como el mundo penitenciario nos encuentra<br />

en el inicio del siglo XXI, sin el balance<br />

ético necesario para proclamar la validez de los<br />

principios penales y penitenciarios, con un mundo<br />

dividido frente a una globalización deshumanizada<br />

y ambiciosa, y aún en la búsqueda de un<br />

desarrollo equilibrado que beneficie a todos, especialmente<br />

a aquellos que no han logrado ni siquiera<br />

un crecimiento físico adecuado mediante una<br />

alimentación correcta y una educación respetuosa<br />

de la convivencia y de los derechos de los demás.<br />

¿Qué vamos a enfrentar y cómo en este nuevo<br />

siglo? Diez años después no podemos aún recuperar<br />

el ideal de oportunidades para todos. Seguimos<br />

enfrentando los más horribles delitos sin<br />

recuperar la capacidad de asombro frente a estos.<br />

¿Cuántos niños desaparecen en el país sin dejar<br />

huella, sin que sus padres tengan idea de donde<br />

pueden estar y sin que las autoridades se inmuten<br />

frente a ese problema social?¿Por qué las autoridades<br />

siguen negando que exista tráfico de menores<br />

para explotación sexual y laboral, de mujeres o<br />

peor aún, de órganos?<br />

¿Cómo llegan y cómo desaparecen todas esas<br />

mujeres extranjeras que bailan y se exhiben en los<br />

prostíbulos y en las “table dancing” sin que nadie<br />

intente ayudarlas y sancionar a sus explotadores?<br />

¿Qué pasa con todos los traficantes que las trasladan<br />

de un lugar a otro sin que nadie se los impida?<br />

¿Cómo sucede esto y mucho más sin que<br />

las autoridades realmente lo detengan? Los pobres<br />

intentos sin fundamento de encerrar a los<br />

franeleros, a los bachicheros, con políticas de tolerancia<br />

cero no han servido para nada y la introducción<br />

del ejército a la “guerra” contra el narco,<br />

contra la delincuencia organizada, el aumento<br />

desorbitado de la duración de la pena de prisión,<br />

sólo ha logrado desestabilizar a la sociedad para<br />

78<br />

que casi nadie ni siquiera los obligados a hacerla<br />

cumplir, obedezcan la ley, porque se va delegando<br />

su cumplimiento y respeto en “el otro” que ya<br />

nadie sabe quien es.<br />

Esta delincuencia grave, global, incontrolable,<br />

forma ya parte de la vida cotidiana y nos asusta<br />

el futuro de nuestros niños, de nuestro mundo,<br />

cuando a nadie más parece interesarle.<br />

Las propuestas académicas llueven pero nadie<br />

parece escucharlas, probarlas intentarlas, razonarlas,<br />

prevenirlas, son palabras que no caben<br />

en el vocabulario político y la desesperación con<br />

la desesperanza cunden.<br />

Hace unos días apenas escuchábamos a Edgardo<br />

Buscaglia en una entrevista con Carmen<br />

Aristegui, reiterar sus dudas respecto a las medidas<br />

decididas y tomadas para el combate a la delincuencia<br />

y las actitudes de los más altos funcionarios<br />

mexicanos, frente a las críticas populares y<br />

periodísticas que en lugar de públicamente reconocer<br />

errores y tratar de rectificarlos, se presentan<br />

como ofendidos por la crítica y anuncian la detención<br />

de las cabezas de algunos grupos delictivos.<br />

En vez de buscar una forma realista de atacar<br />

a la organización criminal que se encuentra<br />

en más de 40 países del mundo, con individuos<br />

como el Chapo Guzmán, el Azul Esparragoza, el<br />

Mayo Zambada, Nacho Coronel y otros, que además<br />

son gente que tienen técnicas de reemplazo<br />

al más alto nivel.<br />

Buscaglia insiste en que la única manera de<br />

destruir a estos grupos criminales es acabando con<br />

sus empresas de construcción, sus empresas agropecuarias,<br />

sus casas de cambio, sus empresas, sus<br />

fideicomisos que en México no están regulados.<br />

Al considerar que la única manera de desmantelar<br />

a estos grupos criminales es sacarles<br />

toda su estructura patrimonial y en este aspecto,<br />

no hay un informe del Presidente de la República<br />

que narre en detalle cuántas empresas ligadas a<br />

Sinaloa, empresas, entidades morales se han visto<br />

sujetas a incautaciones y decomisos comprobables.<br />

Comenta Edgardo Buscaglia que la intención<br />

es apoyar a un estado como el mexicano cuando<br />

esté aplicando las prácticas que ya han dado resultados<br />

en más de 15 países del mundo. Colombia es<br />

el ejemplo más cercano que tenemos, queremos ver<br />

que se aplique lo mismo. …. El autor que comentamos<br />

piensa que la falta de decisiones adecuadas “es<br />

un problema de política pública, porque un estado<br />

que ha sido corrompido e infiltrado no puede aplicar<br />

estas mejores prácticas de desmantelamiento<br />

patrimonial de empresas privadas que están a la<br />

vez infiltradas por los grupos criminales y finan-


ciando campañas políticas. ¿Te das cuenta, no? Sería<br />

un suicidio político para muchos de estos políticos<br />

que son financiados por los delincuentes…..” 1<br />

¿Qué entender por humanitarización<br />

en las prisiones?<br />

Busco en cualquier diccionario la palabra<br />

humanitarismo. La encuentro en el Diccionario<br />

Enciclopédico Ilustrado Océano 2 : Humanidad.<br />

Compasión por la desgracia ajena.<br />

¿Existe una cosa así en la actualidad? Me<br />

pregunto si en el horror en que vivimos, familiarizados<br />

como parece que estamos con los asesinatos,<br />

las decapitaciones, los secuestros y las<br />

amputaciones, llegamos a sentir compasión por<br />

los privados de la libertad que han cometido algún<br />

delito y sido sentenciados a largos años de prisión,<br />

sin ninguna posibilidad de libertad.<br />

No lo sé, tal vez debería desarrollar alguna<br />

encuesta, preguntar a alguien que conoce la vida<br />

en la prisión si siente compasión por aquellos que,<br />

sin nombre y casi sin número, viven, si es que es<br />

vivir en celdas de tres por cuatro metros en las que<br />

ni siquiera pueden permanecer de pie, menos acostarse<br />

para pasar la noche, apeñuscados los 50 ó 60<br />

individuos que deben permanecer encerrados por<br />

toda la noche, turnándose para alcanzar un tramo<br />

de suelo y permanecer en descanso algún tiempo.<br />

Recuerdo las narraciones escalofriantes de<br />

las prisiones en Bolivia y otros países de América<br />

Central o la del Sur, en la boca de Quiroz Cuarón<br />

o de Antonio Sánchez Galindo, tratando de imaginarme<br />

las condiciones de supervivencia de esos<br />

infelices colgados de las rejas de su celda medio<br />

atados a un pedazo de tela con la cual sostenerse<br />

para descansar un poco.<br />

Los de las cárceles de edificios antiguos que<br />

cavaban en las profundas paredes de adobe, huecos<br />

para poderse recostar un poco, como en las catacumbas<br />

y ahora que los conozco igual, después<br />

de haberse vivido en los años setenta la Reforma<br />

penitenciaria, con edificios nuevos, con esperanzas<br />

nuevas y la certeza de que eso funcionaría, tal<br />

vez en bajos porcentajes, pero con algunos resultados<br />

positivos. Entiendo la desilusión de muchos<br />

estudiosos, de ex funcionarios honestos, porque<br />

los ha habido, que se preguntan qué fue lo que<br />

pasó, dónde quedó la convicción penitenciaria de<br />

que podríamos recuperarlos, de aquellas mujeres<br />

presas que modificaron sus actitudes y participaron<br />

conmigo en tantas actividades culturales, con<br />

emoción de sentirse nuevas, capaces de hacer cosas<br />

buenas.<br />

Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

Los funcionarios, los legisladores, ¿conocerán<br />

realmente lo que está pasando en las prisiones<br />

con la sobrepoblación, con las penas de<br />

cientos de años y la prohibición de otorgar disminuciones<br />

por buena conducta, estudios, trabajos,<br />

aprendizaje? O tal vez sólo leyeron los expedientes<br />

de los condenados, los periódicos que “venden”<br />

detallando los delitos y no se ocupan más<br />

de los sentenciados.<br />

Sentir compasión no significa desearles que<br />

les vaya mejor que a las víctimas, es una actitud<br />

diferente, también la víctima suscita compasión,<br />

pero más necesita apoyo y recuperar el ejercicio de<br />

sus derechos, recuperar su patrimonio perdido y<br />

los autores del delito, requieren enfrentar los resultados<br />

de sus acciones, entenderlos, convencerse<br />

de lo equivocado de sus acciones.<br />

Creo que el apoyo a la víctima no puede estar<br />

reñido con el trato humanitario a los presos.<br />

Insisto, no confundir venganza con justicia, con<br />

cumplimiento de la ley. Pero tampoco la ley es<br />

siempre justa, puede ser demasiado dura, seguir<br />

una política equivocada.<br />

Los Principios que deben regir la creación<br />

y el cumplimiento de la ley<br />

Existe una serie de normas que sólo enunciaremos<br />

de manera general y son las que deben regir<br />

la creación y ejecución de la ley, los reglamentos<br />

y que parecen ser ignorados por los “penitenciaristas<br />

prácticos” por llamarlos de alguna forma<br />

distintiva.<br />

a) el Principio de legalidad que debe regir<br />

todo el sistema jurídico y especialmente el<br />

penal,<br />

b) el Principio de humanización de las penas,<br />

c) el Principio de judicialización de la Ejecución<br />

Penal,<br />

d) el Principio de Sujeción Especial del Condenado,<br />

e) el Principio de Resocialización,<br />

f) el Principio del Debido Proceso,<br />

g) el Principio de Oficialidad,<br />

h) el Principio de Invariabilidad,<br />

i) el Principio de Celeridad, y<br />

j) el Principio de Reeducación y Reinserción<br />

Brevemente podemos hacer la referencia a<br />

cada uno de ellos de la siguiente forma.<br />

a) La legalidad que parece sobrevivir dando<br />

traspiés en este inicio de siglo, como algo<br />

innecesario o que autoridades y delin-<br />

79


Emma Mendoza Bremauntz<br />

80<br />

cuentes pueden impunemente violentar,<br />

pasando sobre el histórico acuerdo, especialmente<br />

en el Derecho Penal, de que<br />

nada en sociedad debe realizarse sin que la<br />

ley lo autorice, que no debe aplicarse pena<br />

alguna que no esté prevista en la norma y<br />

cumpliendo las condiciones que en ella se<br />

prevén, entre ellas y fundamentalmente,<br />

habiéndose verificado un proceso cumpliendo<br />

y respetando las garantías fundamentales<br />

también contempladas en la ley,<br />

para todos y habiéndose comprobado debidamente<br />

la culpabilidad del procesado.<br />

b) Respecto a la humanización de las penas,<br />

es un principio reiterado desde que la sociedad<br />

legisla en relación con las prisiones,<br />

en el sentido de no hacer más penoso el<br />

castigo aplicado al sentenciado, en cuanto<br />

a incrementar innecesariamente su sufrimiento,<br />

ya doloroso por implicar la pérdida<br />

de uno de los valores más preciados del ser<br />

humano, la libertad, pero custodios y carceleros<br />

siempre lo han incrementado con<br />

abusos, malos tratos, golpes y aislamientos<br />

que van más allá de la pérdida de la libertad<br />

y que deben ser evitados y reprimidos por<br />

las leyes o en su caso, aplicados de manera<br />

transparente, contradictoria y piadosa, mediante<br />

un procedimiento claro.<br />

c) La Judicialización de la Ejecución está<br />

igualmente ligada a la humanización de las<br />

penas y ha estado implícita en los sistemas<br />

penales desde el momento de creación de la<br />

pena de prisión, para suprimir la brutalidad<br />

de las penas físicas como amputaciones,<br />

extracción de ojos, despellejamiento y descuartizamiento,<br />

practicadas profusamente<br />

en etapas anteriores y que eventualmente<br />

reviven en las investigaciones policiales y<br />

en especial la pena de muerte que aparece<br />

y reaparece en las legislaciones penales de<br />

los países. Al precisar como finalidad de<br />

la pena la educación y socialización de los<br />

sentenciados, utilizando los diferentes términos<br />

que se han ensayado para decirlo,<br />

se busca darle un sentido utilitario práctico<br />

a las penas y favorecer a la sociedad al<br />

no inutilizar al individuo y privilegiar la<br />

sana convivencia que llevará a la paz.<br />

d) Y la vigilancia del cumplimiento de los<br />

fines y la atención a la solución de los<br />

conflictos que pueden surgir durante la<br />

ejecución penal corresponden, como ya lo<br />

subrayamos líneas arriba, al poder judicial,<br />

por su propia naturaleza.<br />

e) La Sujeción Especial del Condenado a una<br />

pena se refiere al hecho de que al haber<br />

sido sentenciado a sufrir la pena de prisión<br />

no significa la supresión de sus derechos<br />

fundamentales de los cuales debe<br />

seguir disfrutando con la sola restricción<br />

de los que expresamente señalen la sentencia<br />

ejecutoriada o la naturaleza misma<br />

de la pena.<br />

f) En cuanto a la resocialización, que como<br />

todas las “re” empleadas por el Derecho<br />

penitenciario al tratar de precisar los fines<br />

de la pena, ha sido criticada pero es<br />

muy claro que se aplica al hecho de que<br />

el tiempo de prisión deberá emplearse en<br />

desarrollar la capacidad del interno para<br />

comprender y respetar la ley de suerte que<br />

se logre una adecuada reinserción, un regreso<br />

a la libertad disminuida o neutralizada<br />

su inclinación delictiva mediante<br />

tratamientos educativos adecuados.<br />

g) En lo que respecta al debido proceso que ha<br />

sido también aplicable al proceso penal que<br />

lo llevó a la institucionalización, ya en esta<br />

etapa se refiere a la determinación y cumplimiento<br />

de las competencias del JVEP,<br />

en lo relativo a los actos de las autoridades<br />

penitenciarias y las del Juez mismo, que<br />

deben seguir los mecanismos establecidos<br />

en la Constitución y las leyes correspondientes,<br />

respetando las normas y valores<br />

en ellas, consignados para permitir que los<br />

individuos puedan ejercer debidamente su<br />

derecho de defensa ante todas las instancias<br />

procesales, tanto respecto a la causa original<br />

como respecto a los incidentes y quejas<br />

que han de desahogarse en el desarrollo del<br />

cumplimiento de la pena.<br />

h) El Principio de Oficialidad se refiere a la<br />

firmeza de la sentencia condenatoria que<br />

da lugar al inicio de la ejecución penal y<br />

que debe ser impulsada por el tribunal de la<br />

causa para el cumplimiento de su decisión.<br />

i) La invariabilidad se refiere al hecho de que<br />

una vez firmado el fallo no podrá ser modificado<br />

fuera de los cauces legalmente establecidos<br />

para el respeto de un principio<br />

procesal de “cosa juzgada” y la “seguridad<br />

jurídica” haciendo efectiva la tutela judicial<br />

prevista en la ley.<br />

j) Reconociendo el derecho a un proceso sin<br />

dilaciones indebidas, aplicable a todo el<br />

procedimiento penal, no se puede exceptuar<br />

de esta celeridad a los procedimientos


esultantes del cumplimiento de la pena, a<br />

partir de que sea irrevocable la sentencia,<br />

iniciando con las comunicaciones correspondientes<br />

entre el tribunal de la causa<br />

y el juzgado de Ejecución para continuar<br />

con todos los procedimientos previstos en<br />

la normatividad.<br />

k) Ahora bien, si la aspiración utilitaria de<br />

la aplicación de la pena de prisión ha sido<br />

prevista inclusive constitucionalmente<br />

como un sistema de reeducar al sentenciado<br />

para su adecuada reinserción a la<br />

sociedad, la política criminal y penitenciaria<br />

debe orientarse a la práctica de las<br />

acciones necesarias para lograrlo, presentándose<br />

aquí una discusión en cuanto a<br />

si se debe o no considerar como un derecho<br />

subjetivo del sentenciado, que se le<br />

presten los apoyos correspondientes para<br />

lograrlo, y encontraremos que puede ser<br />

legislado en ambas formas como el diseño<br />

de las autoridades de una política de reeducación<br />

o como derecho del sentenciado,<br />

dando lugar a diferentes procedimientos y<br />

acciones legales, según el caso. 3<br />

La posible creación del Juez de Vigilancia<br />

de la Ejecución Penal en México<br />

La Reforma Constitucional Penal de 2008 en<br />

México representa en muchos aspectos la oportunidad<br />

de mejorar o hacer más discutible, el sistema<br />

penal mexicano, al incluir en nuestra Carta<br />

Magna cuestiones que pueden permitir la organización<br />

de un sistema moderno, humanitario, integral<br />

en el sentido de incluir los aspectos procesales<br />

de la ejecución penal y la judicialización de<br />

ésta, como ya desde hace muchos años, los treinta<br />

para precisar, se viene haciendo en muchos países<br />

y en los años más recientes, ante la corriente de<br />

reforma penal global que ha inundado casi todos<br />

los países del mundo, especialmente en América<br />

Latina, de la cual, no sé si para bien o para mal,<br />

México había quedado excluido.<br />

Sin embargo esta posibilidad no se enunció<br />

con la claridad con la cual se anotaron otras cuestiones<br />

que quizá no deberían haberse incluido en<br />

la Constitución, pues si bien se habla de jueces de<br />

control y se señala precisamente que le corresponde<br />

a la autoridad judicial no sólo la imposición de<br />

penas sino también su modificación y duración,<br />

en el tercer párrafo del artículo 21, el cual evidentemente<br />

hace referencia a las modificaciones posteriores<br />

a la ejecutoria de la sentencia, se carece<br />

de la claridad necesaria que fortalezca la seguridad<br />

Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

jurídica y en tanto transcurren los años necesarios<br />

para la implementación de la Reforma, los sentenciados<br />

parece que seguirán dependiendo inconstitucionalmente<br />

de la autoridad administrativa<br />

para la obtención de beneficios o modificaciones<br />

benéficas a su sentencia, basadas en su cambio de<br />

conducta y su posible resocialización.<br />

México tiene una interesante historia legislativa<br />

en la cual la influencia del pensamiento<br />

europeo, desde la Conquista española, ha tenido<br />

un gran peso en el diseño y desarrollo de todo el<br />

sistema de leyes y reglamentos, incluyendo el impulso<br />

que el pensamiento de la Ilustración tuvo<br />

sobre los inicios de la lucha de Independencia y<br />

el diseño de nuestras constituciones y todos los<br />

estudios y reformas hechos al sistema jurídico que<br />

nos había regido hasta hace poco tiempo sirvieron<br />

a la vez, de modelo y guía muchas veces para otros<br />

países latinoamericanos.<br />

Pero las presiones de la globalización han tenido<br />

un profundo impacto en el país y el mundo<br />

jurídico no ha sido una excepción, por lo que en<br />

los años finales del siglo XX y los inicios de este<br />

XXI, hemos contemplado la “sajonización” por<br />

llamarla de algún modo, de nuestras leyes, y especialmente<br />

en el ámbito penal, se han adoptado<br />

términos y figuras ajenas al mundo jurídico hispánico<br />

canónico que existe aún en el País.<br />

Pero en lo que hace a la ejecución penal, no<br />

se ha evolucionado de manera notable, ya que por<br />

ejemplo, tanto en generar el reconocimiento del<br />

Derecho Penitenciario como una parte obligatoria<br />

de estudio en las Escuelas y Facultades de Derecho<br />

está pendiente, como la creación del Juez de<br />

Vigilancia de la Ejecución Penal, que sigue siendo<br />

aún desconocido y con una muy incipiente operación<br />

en México, a pesar de que se reconoce el<br />

estado patético de nuestras cárceles, la situación<br />

horrorosa de la vida en nuestras prisiones, cada<br />

vez más congestionadas por la utilización excesiva<br />

de la pena de prisión y la adopción de políticas<br />

criminales más represivas cada día.<br />

Otra vez se presenta la posibilidad de la creación<br />

del marco legal para esta figura en el Derecho<br />

Penitenciario o si se quiere, Ejecutivo Penal<br />

y algunos autores y leyes los contemplan como<br />

“fiscalizadores del accionar del Estado en materia<br />

penal y penitenciaria, con el fin de que las<br />

diferencias de criterio no afecten a las personas<br />

privadas de libertad” 4<br />

Otros autores consideran que “es el funcionario<br />

del orden judicial que tiene como función<br />

principal garantizar al condenado o condenada<br />

por sentencia irrevocable, el goce de los derechos<br />

81


Emma Mendoza Bremauntz<br />

y garantías fundamentales que le reconocen la<br />

Constitución, los Tratados Internacionales, el Código<br />

Procesal Penal, la Ley (224) sobre el Régimen<br />

Penitenciario vigente y demás leyes especiales,<br />

quien además controla y vigila la legalidad de la<br />

ejecución de la pena.” 5<br />

En realidad, debe ser un contralor de la ejecución<br />

penal quien va a resolver las controversias<br />

y problemas que puedan surgir durante la etapa de<br />

ejecución de la pena, pero conforme ha pasado el<br />

tiempo, sus funciones se han ido ampliando y su<br />

definición está en relación con los poderes y funciones<br />

que la ley le otorga a partir de “a) El reconocimiento<br />

expreso de los derechos de la población<br />

penal; b) El reconocimiento de la ejecución como<br />

una fase más del proceso penal ordinario y la creación<br />

de una vía penal especial para la tutela de los<br />

derechos de la población penada; y c) El reconocimiento<br />

de la vigencia del principio de legalidad<br />

de la ejecución de la sanción”, como lo expresan<br />

textualmente los fundamentos de la Reforma Procesal<br />

Penal de Costa Rica. 6<br />

El Juez de Vigilancia y/o de Ejecución<br />

de la Pena y de Ejecución de Medidas<br />

al Menor<br />

Es de especial interés hacer una breve referencia<br />

a la Conferencia Centroamericana de Jueces<br />

de Vigilancia y/o de Ejecución de la Pena y de<br />

Ejecución de Medidas al Menor, reunidos con el<br />

fin de hacer propuestas a los legisladores de sus<br />

respectivos países y buscar soluciones a los problemas<br />

que enfrentan; llevada a cabo en San Salvador,<br />

uno de los países de la región que avanzó<br />

en la implementación de dicho juzgado, siendo de<br />

comentar que la primera jueza (sic) fuera una salvadoreña<br />

que estudió en el <strong>Instituto</strong> Nacional de<br />

Ciencias Penales en nuestro país, la Mtra. Josefa<br />

Novais; y quienes después de intercambiar experiencias<br />

y comentar problemas, formularon una<br />

interesante declaración final más o menos en los<br />

siguientes términos, que nos permite ver cuáles<br />

son los problemas que estos jueces han enfrentado<br />

para el desarrollo de su trabajo.<br />

“Concientes de la crisis del modelo penal<br />

penitenciario de la región y del excesivo uso del<br />

encarcelamiento en detrimento de las medidas alternativas,”<br />

“De que los centros de reclusión no están<br />

cumpliendo con su papel reeducador y resocializador<br />

de los presos y se han vuelto en muchos<br />

casos en un ámbito propicio para la violación de<br />

las garantías individuales.”<br />

82<br />

“Que continúa haciéndose excesivo uso de la<br />

pena de prisión y no de las alternativas al encarcelamiento<br />

que han demostrado ser más efectivas y<br />

de menor costo, generando severos problemas de<br />

hacinamiento que generan una serie de violaciones<br />

de derechos humanos.”<br />

“Que se requiere la elaboración de una adecuada<br />

política criminal con políticas sociales y<br />

preventivas en lugar de crear políticas represivas<br />

que solo llevan a agravar más el actual problema<br />

penal y penitenciario.”<br />

“Que, además, es necesario contar con políticas<br />

sociales específicas dirigidas a solventar los<br />

problemas estructurales que enfrentan los jóvenes<br />

para reducir la delincuencia juvenil que amenaza<br />

en convertirse en un serio problema regional (Que<br />

ya trasciende a México)”<br />

“Que se debe fortalecer el papel de los Jueces<br />

de Vigilancia y/o de Ejecución de la Pena y de Ejecución<br />

de Medidas al Menor, como fiscalizadores<br />

del accionar del Estado en la materia penal y penitenciara<br />

para garantizar el respeto a los derechos<br />

humanos, constitucionales y penitenciarios de las<br />

personas privadas de libertad.” (Así claramente<br />

diferenciados, aunque en nuestro país haya legisladores<br />

que no distinguen entre medidas y penas)<br />

“Que esto exige la precisa limitación de las<br />

facultades de los jueces y la administración penitenciara<br />

para que las diferencias de criterio no<br />

afecten a los internos.”<br />

“Que estos jueces son un instrumento importante<br />

y efectivo para fiscalizar los derechos de<br />

las personas privadas de libertad, pero no son la<br />

solución de los amplios problemas penitenciarios<br />

que afectan a los países de la Región (yo diría americana)<br />

que son responsabilidad de los Estados”,<br />

Por lo tanto<br />

RECOMENDAMOS<br />

1. La capacitación continua de estos jueces<br />

por lo que las Escuelas Judiciales deben contar con<br />

programas actualizados y permanentes para ellos<br />

desde el momento de ser nombrados y luego de<br />

manera regular.<br />

2. Se tenga un criterio objetivo para nombrarlos<br />

con una idoneidad preestablecida.<br />

3. El aumento progresivo de jueces que permita<br />

atender a los privados de libertad en cada país.<br />

4. Que se difunda adecuadamente la importancia<br />

que tiene su función en el sistema penal<br />

para su adecuada jerarquización y reconocimiento.<br />

5. Mejorar los mecanismos de acceso a la<br />

justicia para asegurar su derecho de defensa para<br />

los internos. Es importante verificar la capaci-


tación de los defensores públicos, abogados de<br />

ONGs y Colegios de abogados en la materia.<br />

6. Asegurar la intervención del MP en los incidentes<br />

relativos a las cuestiones carcelarias.<br />

7. Que se generen las Leyes Penitenciarias<br />

o Ejecución de Penas y sus reglamentos respecto<br />

a las funciones de estos Jueces, incorporando los<br />

siguientes aspectos:<br />

8. Establecer una clara diferenciación de Jueces<br />

de Ejecución y/o Vigilancia para adultos de los<br />

Jueces de Vigilancia para Adolescentes (o menores<br />

infractores) precisando la función de la Administración<br />

Penitenciaria y la de los Jueces para garantizar<br />

su funcionamiento y asegurar la vigencia<br />

del principio de judicialización de la ejecución y<br />

garantizar el control judicial de las decisiones más<br />

trascendentes del ámbito carcelario.<br />

9. Crear un espacio de coordinación para<br />

el intercambio de experiencias y de capacitación<br />

para estos jueces en coordinación con las Escuelas<br />

Judiciales de los distintos países centroamericanos<br />

(lo que se ha hecho en España al interior). 7<br />

En España, el inolvidable amigo Marino Barbero<br />

Santos quién encabezara desde los más altos<br />

puestos de la judicatura la humanización de<br />

las penas, impulsó la creación de esta figura en<br />

1977 y señalaba que “El interno es un ser humano,<br />

titular de todos los derechos no afectados por<br />

la privación de libertad. La mera reglamentación<br />

tiene que reconocerlo solemnemente. Pero para<br />

conseguir su respeto, la autoridad penitenciaria<br />

tiene que estar sometida a la autoridad judicial.<br />

La instauración de un juez de ejecución de penas<br />

nos parece por ello necesaria.” 8<br />

Todo este reconocimiento demanda la integración<br />

del Derecho con la Criminología, como<br />

conocimientos sociales enlazados para enfrentar<br />

la delincuencia desde sus raíces, en la educación,<br />

en la geografía estadística que enseñe al legislador<br />

dónde y cómo atacar, que le proponga los medios<br />

preventivos para lograrlo, y le permita superar la<br />

demagogia con medidas eficaces, desarrollando<br />

una prevención delictiva real, sin simulaciones y<br />

sin visiones equivocadas.<br />

El juez de Ejecución en el proyecto más<br />

reciente de legislación de la Ejecución<br />

Penal Federal en México<br />

Fue según expresa su exposición de motivos,<br />

elaborado y presentado por diputados integrantes<br />

de la LX legislatura del Congreso, describiendo su<br />

contenido y haciendo referencia a la obsolescen-<br />

Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

cia 9 de la Ley que Establece las Normas Mínimas<br />

mencionada y a la evolución de las condiciones<br />

penitenciarias por lo cual consideraron necesaria<br />

una ley que estableciera el equilibrio entre la población<br />

penitenciaria existente y la capacidad instalada,<br />

razón del título de su proyecto.<br />

Se propone la creación del Juez de Ejecución<br />

como parte del poder judicial de la Federación con<br />

los siguientes objetivos: 1. La observación (sic. Tal<br />

vez quisieron decir observancia) de la legalidad de<br />

la ejecución de las sanciones penales, 2. Control y<br />

vigilancia del cumplimiento adecuado del régimen<br />

penitenciario. 3. La solución de controversias que<br />

se susciten entre la autoridad penitenciaria local y<br />

los particulares.<br />

Para lograrlo se proponen las siguientes funciones:<br />

a) Conocer y otorgar beneficios de preliberación,<br />

libertad preparatoria, reducción de<br />

la sanción y remisión parcial de la pena,<br />

señalando requisitos de procedencia, causas<br />

de revocación y supuestos en que no<br />

proceden,<br />

b) Resolver el recurso de reclamación de los<br />

internos contra las sanciones disciplinarias,<br />

c) Acordar las peticiones de los internos respecto<br />

al régimen y tratamiento penitenciario<br />

y<br />

d) Realizar visitas de verificación.<br />

Con ello se consideró que se lograría transparencia,<br />

eficacia e imparcialidad para el caso de<br />

las preliberaciones. Se trata de imponer un sistema<br />

de oficio para la constante y permanente revisión<br />

de los expedientes con sentencias ejecutoriadas,<br />

establecer un sistema de trabajo obligatorio<br />

visto como elemento restitutivo de la reparación<br />

del daño a favor de la víctima y para el pago del<br />

costo de inversión del penal y la manutención del<br />

sistema penitenciario, además para el ahorro de<br />

los internos y su familia, pero siempre con pleno<br />

respeto a sus derechos fundamentales.<br />

Se fundamenta el proyecto en que la imposición<br />

de penas es propia y exclusiva de la autoridad<br />

judicial por lo que sus modificaciones, que hasta<br />

ahora han correspondido al Poder Ejecutivo, deben<br />

ser acordadas por la autoridad Judicial, conservando<br />

para la autoridad administrativa la responsabilidad<br />

del manejo de la prisión, dirección,<br />

administración y desarrollo de las tareas resocializadoras<br />

mediante los grupos técnicos que además<br />

asesorarán al Juez y al MP para su buen proceder.<br />

83


Emma Mendoza Bremauntz<br />

Esta idea se expresa en la exposición de motivos<br />

y curiosamente en la Reforma Penal Constitucional<br />

2008 lo dice textualmente, aun cuando<br />

entonces no estaba aprobada dicha Reforma, sin<br />

duda pertenece a un paquete que se llevó al legislador<br />

en fechas diferentes pero basado en las<br />

mismas ideas complementarias.<br />

Así quedaría en manos del Juez asegurar el<br />

cumplimiento de la pena y el respeto a los derechos<br />

humanos por una vía exclusivamente judicial,<br />

eliminando las discrecionalidades de la<br />

autoridad administrativa que se han prestado a<br />

innumerables abusos en contra de la seguridad jurídica,<br />

la defensa y debido proceso legal.<br />

El proyecto que comentamos pasó como primer<br />

paso a Comisiones y se organizó de la forma<br />

propuesta, suprimiendo errores gramaticales<br />

y sistematizando las previsiones, quedando solamente<br />

pendiente su aprobación final por la Asamblea<br />

General de la Cámara de Diputados para<br />

continuar con el proceso legislativo, sin embargo<br />

quedan muchas funciones que pueden dar lugar a<br />

conflicto, en manos de la Secretaría de Seguridad<br />

Pública y sin intervención del Juez de Ejecución,<br />

mismas que se han precisado como facultades del<br />

Juez al cual se denomina Juez de Vigilancia de la<br />

Ejecución Penal en otras latitudes con más trayectoria<br />

en la materia.<br />

84<br />

De cualquier manera, debemos reconocer<br />

la necesidad de precisar el procedimiento para<br />

cualquier asunto, ante el Juez de Vigilancia de la<br />

Ejecución que finalmente tiene un carácter sui generis<br />

técnico, criminológico y jurídico por lo cual<br />

deberá tener la autonomía y preparación necesaria<br />

para no limitarse a una aplicación rígida de la ley<br />

sino complementar sus decisiones con el apoyo de<br />

un grupo profesional al servicio del área judicial,<br />

independiente de la administración penitenciaria,<br />

ensayando modelos que han tenido buenos efectos<br />

en otros países hispano parlantes, por ejemplo.<br />

Es muy importante reconocer que en algunas<br />

Entidades federativas ya funciona esta figura judicial,<br />

con algunas limitaciones. Parece desarrollar<br />

una actividad interesante y benéfica, aunque resulta<br />

iluso imaginar que su existencia pudiera resolver<br />

los innumerables problemas de la prisión<br />

que requieren inclusive modificaciones políticas y<br />

legislativas significativas.<br />

La idea de esta presentación no ha sido otra<br />

que suscitar inquietudes y reiterar la importancia<br />

del estudio de la Criminología tan ligado al<br />

Derecho Penal y al Derecho Penitenciario, en un<br />

medio que ahora sí, con la unificación, tendrá<br />

la capacidad y el reconocimiento necesario para<br />

apoyar, prevenir y combatir, con sentido común y<br />

humanitarismo, la delincuencia.


1. Entrevista televisiva de Edgardo Buscaglia y<br />

Carmen Aristegui.<br />

2. Diccionario Enciclopédico Ilustrado Océano.<br />

Barcelona, MMVI, p. 476.<br />

3. Curso del Centro de Capacitación y Orientación<br />

Jurídica sobre Antecedentes del Juez de la<br />

Ejecución de la Pena en el Código Procesal Penal<br />

de República Dominicana. En línea, 12 de<br />

mayo de 2009.<br />

4. Conferencia Centroamericana de Jueces de Vigilancia<br />

y/o de Ejecución de la Pena y de Ejecución<br />

de Medidas al Menor. San Salvador, El<br />

Salvador, marzo de 2003. DECLARACIÓN FI-<br />

NAL.<br />

5. Curso del Centro de Capacitación y Orientación<br />

Jurídica sobre Antecedentes del Juez de la Ejecu-<br />

NOTAS<br />

Humanitarismo Penitenciario y Criminología<br />

ción de la Pena en el Código Proc. Penal de Rep.<br />

Dominicana. En línea, 12 de mayo de 2009.<br />

6. Ídem.<br />

7. Conferencia….op.cit.<br />

8. Citado por Niño Luis Fernando, op. cit. p. 248.<br />

9. No coincido en manera alguna con entender<br />

como obsoleta la Ley de Normas Mínimas<br />

para sentenciados cuyos verdaderos defectos<br />

son quizá las reformas que se le han hecho a<br />

la redacción original. Hay que reconocer que<br />

las Reglas Mínimas de Naciones Unidas para<br />

Reclusos, de las cualles es un muy breve resumen,<br />

sigue teniendo validez. Tanto es así que<br />

es el fundamento de las Bases de la Unión Europea<br />

para el mismo fin y en todos los países<br />

que la integran.<br />

85


A “CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA” NO BRASIL:<br />

DA SUBCOMISSÃO DO ITAMARATI À CONSTITUIÇÃO<br />

FEDERAL DE 1988<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Filomeno Moraes<br />

Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional/Mestrado e Doutorado da Universidade de<br />

Fortaleza; Professor da Universidade Estadual do Ceará; Procurador do Estado do Ceará; Mestre em Ciência Política<br />

pelo <strong>Instituto</strong> Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro; Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo.<br />

I<br />

A Constituição Federal completou vinte anos<br />

de promulgação. É a terceira constituição brasileira<br />

em grau de durabilidade, depois da Constituição<br />

do Império e da primeira Constituição Republicana,<br />

e visto que a Constituição de 1946 foi<br />

desnaturada a partir de abril de 1964. Ademais,<br />

não é temerário afirmar que é a mais efetiva de<br />

todas as que já se teve.<br />

A Constituição de 1988 consagra, a partir<br />

do seu Preâmbulo, a idéia de um Estado Democrático<br />

e Social de Direito. Ali, os constituintes<br />

proclamaram-se reunidos para instituir “um Estado<br />

Democrático, destinado a assegurar o exercício<br />

dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança,<br />

o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade<br />

e a justiça como valores supremos de uma<br />

sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,<br />

fundada na harmonia social e comprometida, na<br />

ordem interna e internacional, com a solução das<br />

controvérsias” (Brasil, 1988).<br />

A soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa<br />

humana, os valores sociais do trabalho e da<br />

livre iniciativa e o pluralismo político foram erigidos<br />

como fundamentos do Estado Democrático<br />

de Direito (art. 1º), proclamando-se que o poder<br />

emana do povo, que o exercerá por meio de representantes<br />

eleitos ou diretamente.<br />

Carregado de programaticidade (Canotilho,<br />

2005, p.<strong>10</strong>4) e diretividade, o texto constitucional<br />

de 1988 estabeleceu como “objetivos fundamentais<br />

da República Federativa do Brasil” a construção<br />

de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia<br />

do desenvolvimento nacional, a erradicação<br />

As coisas transformam-se mais do que evoluem.<br />

Murilo Mendes<br />

da pobreza e da marginalização e a redução das<br />

desigualdades sociais e regionais e a promoção do<br />

bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,<br />

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.<br />

No capítulo “dos direitos sociais”,<br />

foram erigidos como direitos pertinentes à sociedade<br />

como um todo a educação, a saúde, o trabalho,<br />

o lazer, a segurança, a previdência social, a<br />

proteção à maternidade e à infância, bem como a<br />

assistência aos desamparados.<br />

Ademais, ao tratarem da “ordem econômica<br />

e financeira”, os constituintes consignaram que<br />

“a ordem econômica, fundada na valorização do<br />

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim<br />

assegurar a todos existência digna, conforme os ditames<br />

da justiça social”, observando-se os seguintes<br />

princípios: I - soberania nacional; II - propriedade<br />

privada; III - função social da propriedade;<br />

IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor;<br />

VI - defesa do meio ambiente; VII - redução das<br />

desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do<br />

pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as<br />

empresas de pequeno porte (Brasil, 1988).<br />

Conforme acentua Eros Roberto Grau, “[...] a<br />

Constituição do Brasil é – tem sido – uma Constituição<br />

dirigente, e vincula o legislador. E, ainda que<br />

tenha sido múltiplas vezes emendada, seu cerne,<br />

que identifico fundamentalmente nos preceitos dos<br />

seus arts. 3º, 1º e 170, resta intocado” (2005, p.<br />

366). Por sua vez, Gilberto Bercovici ressalta que<br />

a Constituição de 1988 “contém em seu texto as<br />

bases de um projeto nacional de desenvolvimento,<br />

em que torna possível a reestruturação do Estado<br />

brasileiro para conduzir as transformações sociais<br />

necessárias para a superação do subdesenvolvi-<br />

87


Filomeno Moraes<br />

mento” (2005, p. 9). Neste diapasão, pois, é que a<br />

“constituição econômica” contida no texto constitucional<br />

vigente assume particular relevância.<br />

88<br />

II<br />

Efetivamente, o Estado moderno nasce sob<br />

a vocação de atuar no campo econômico (Ferrarese,<br />

1992; Polanyi, 2000; Irti, 2001; Torre-Schaub,<br />

2002; Grau, 2005; Gargarella, 2006). Particularmente<br />

no que concerne à “constituição econômica”,<br />

consiste ela no cabedal de normas que versam<br />

o econômico, regulando a infra-estrutura societal,<br />

inclusive, com pretensões de discipliná-la e de limitar<br />

o poder econômico.<br />

Todavia, se somente a partir do século XX<br />

os textos constitucionais passaram a explicitar e<br />

sistematizar a matéria econômica, as anteriores –<br />

mesmo quando não possuíam “normas que visassem<br />

diretamente à disciplina da economia” –, ou<br />

tinham “regras de repercussão econômica” (Ferreira<br />

Filho, 1990, p.7), ou a matéria econômica<br />

se fazia presente exatamente pelo silêncio normativo.<br />

No caso, a presença se dava pela ausência,<br />

ou pela presença direta ou indireta de aspectos<br />

concernentes à matéria econômica, tais como o<br />

direito de propriedade, a liberdade de comércio e<br />

de indústria, a livre concorrência, entre outros.<br />

De fato, da segunda metade do século XVIII,<br />

quando vieram à luz, até os dias atuais, quando se<br />

marcam pela diretividade, as constituições escritas<br />

compreendem um “conjunto de normas compreensivo<br />

de uma ordem econômica, ainda que<br />

como tal não formalmente referido” (Grau, 2005,<br />

p. 17). As transformações por que o direito passou<br />

– como mecanismo de harmonização de conflitos,<br />

de legitimação do poder e, mais recentemente, de<br />

instrumento de realização de políticas públicas –<br />

fizeram com que, mais e mais, abarcasse normas<br />

de conteúdo econômico, a fazerem das constituições<br />

estatuto do poder político e estatuto do poder<br />

econômico.<br />

De modo geral, a “constituição econômica”<br />

atém-se às pedras angulares da organização jurídica<br />

da economia. Sua explicitação remonta ao<br />

esforço constituinte mexicano, na esteira revolucionária<br />

de 19<strong>10</strong>, prosseguindo com o texto constitucional<br />

de Weimar, de 1919, e adquirindo pompa<br />

e circunstância com os textos constitucionais<br />

de Portugal, de 1976, da Espanha, de 1978, e do<br />

Brasil, de 1988. Destarte, a atividade econômica<br />

como objeto explícito das constituições escritas é<br />

acontecimento recente, datando-se da passagem<br />

do Estado liberal para o Estado social, isto é, a partir<br />

da segunda década do século XX, quando, em<br />

decorrência de uma multiplicidade de causas econômicas,<br />

políticas, sociais e culturais, cuidou-se<br />

de colocar no texto constitucional propriamente<br />

dito “um corpo de normas destinado a reger o fato<br />

econômico” (Mendes et al., 2007, p. 1.288), com<br />

a idéia de encaminhamento das tensões presentes<br />

entre duas instituições inseparáveis, a saber, o Estado<br />

e o mercado.<br />

Logo, se o mercado é uma instituição jurídica,<br />

visto que criação histórica, política e social,<br />

ele não é um locus naturalis, mas um locus artificialis,<br />

isto é, uma instituição que nasce graças<br />

a determinadas reformas institucionais, operando<br />

com fundamento em normas jurídicas que o regulam,<br />

o limitam e o conformam (Irti, 2001); portanto<br />

busca uma ordem garantidora da regularidade e<br />

previsibilidade de comportamentos. Assim, a intervenção<br />

do Estado na vida econômica tem o condão<br />

de estabelecer o benefício do cálculo de previsão,<br />

reduzindo os riscos (Weber, 2004), buscando uma<br />

justiça correta (Lassalle, 1995) e entronizando o<br />

princípio da segurança (Nunes, 2003).<br />

A passagem do Estado liberal para o Estado<br />

que intervém assistiu à mudança do paradigma<br />

constitucional. Passou-se, então, das constituições<br />

estatutárias ou orgânicas, que definem o estatuto<br />

do poder, que se formulam como instrument of<br />

government, estabelecendo competências, estruturando<br />

o poder político e regulando os processos<br />

políticos em sentido estrito, para as constituições<br />

diretivas. Nestas últimas, a ordem econômica<br />

mais do que pressuposta é posta.<br />

No Brasil, o processo constituinte de<br />

1987/1988 e a constituição dirigente dele originada<br />

tiveram na devida conta todas as funções<br />

estatais reconhecidas modernamente, pois dirige<br />

ao Estado os objetivos fundamentais de “construir<br />

uma sociedade livre, justa e solidária”, “garantir<br />

o desenvolvimento nacional”, “erradicar a pobreza<br />

e a marginalização e reduzir as desigualdades<br />

sociais e regionais” e “promover o bem de todos,<br />

sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade<br />

e quaisquer outras formas de discriminação”.<br />

Curiosamente, o tiveram em momento em que o<br />

egoísmo e a competição como motores da atividade<br />

econômica, nos termos de Adam Smith (1999<br />

e 2002), recuperados por Friedrich von Hayek<br />

(1979) e instrumentalizados por Milton Friedman<br />

(1953 e 1980) e seus Chicago’s Boys, buscavam<br />

novamente a hegemonia.<br />

Na verdade, no “momento constituinte” brasileiro,<br />

já se espraiava por muitos rincões o “desejo<br />

de constituição” que fazia contraponto à utopia<br />

keynesiana, ao welfare state e à vigência dos direi-


tos sociais, econômicos e culturais. Todavia, enquanto<br />

o capitalismo e o mercado reivindicavam<br />

graus de liberdade então inexistentes, e em outros<br />

países os processos constituintes acompanhavam<br />

a maré montante, o Brasil construía uma constituição<br />

que ia de encontro a tal realidade. Não<br />

deixa de ser relevante, pois, a observação de tal<br />

conjuntura constituinte.<br />

Efetivamente, a Constituição Federal, promulgada<br />

em 5 de outubro de 1988, como constituição<br />

dirigente econômica e social – possível<br />

em virtude da manifestação peculiar que tomou<br />

o poder constituinte na conjuntura de funcionamento<br />

do Congresso Constituinte – tem fundamentalmente<br />

na “constituição econômica” um<br />

dos sustentáculos de um projeto de construção<br />

nacional. Na verdade, a transição brasileira do<br />

autoritarismo-burocrático, ultrapassando a lógica<br />

“lenta, gradual e segura”, acabou por encontrar no<br />

Congresso Constituinte a tentativa de construção<br />

de um Estado de bem-estar, por isso, “ao revés do<br />

que dizem os seus inimigos”, a CF/88 é a “melhor<br />

das Constituições brasileiras de todas as nossas<br />

épocas constitucionais” (Bonavides, 2001, p. 204).<br />

III<br />

A Revolução de 1930 definiu de forma aguda<br />

o impasse político-constitucional que caracterizou<br />

a República Velha, com as fortes críticas que, desde<br />

a promulgação da Constituição de 1891, eram<br />

veiculadas. A cidadania restrita e a hegemonia das<br />

oligarquias já eram objetos das revoltas tenentistas<br />

dos anos 20, das cisões inter-oligárquicas e das<br />

demandas relativas ao sistema eleitoral, ao respeito<br />

pelo voto, ao reconhecimento dos candidatos<br />

eleitos, além da organização do movimento operário,<br />

que se manifestava, inclusive, pela emergência<br />

de greves a partir da segunda década.<br />

O Governo Provisório foi instituído por<br />

meio do Decreto nº 19.938, de 11 de novembro de<br />

1930 (Brasil, 1930). Tal decreto, com força constituinte<br />

similar à do Decreto n° 1 (Brasil, 1889),<br />

do primeiro governo republicano, estabelecia que<br />

o Governo Provisório passava a exercer discricionariamente<br />

todas as funções e atribuições do<br />

Poder Executivo, como também do Poder Legislativo,<br />

até que, eleita a Assembléia Constituinte,<br />

se restabelecesse a organização jurídica do país.<br />

Somente em 14 de maio de 1932, o Governo Provisório<br />

expediu o Decreto n o 21.402 (Brasil, 1932)<br />

que determinava o dia 3 de maio do ano seguinte<br />

para a realização das eleições à Assembléia Nacional<br />

Constituinte (ANC), assim como criava, sob a<br />

presidência do ministro da Justiça e dos Negócios<br />

A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988<br />

Interiores, comissão incumbida de elaborar o anteprojeto<br />

da Constituição.<br />

Quando Antunes Maciel assume o Ministério<br />

da Justiça, é criada a Subcomissão do Itamarati,<br />

encarregada de dar início aos trabalhos de<br />

confecção do anteprojeto e em cuja composição<br />

estavam presentes, além de “notáveis”, diversos<br />

ministros do Governo Provisório. Entre outros,<br />

compunham a Subcomissão do Itamarati o ministro<br />

das Relações Exteriores, Afrânio de Melo<br />

Franco, que representava o ministro da Justiça e<br />

a presidiu; Temístocles Brandão Cavalcanti, secretário-geral;<br />

Assis Brasil, ministro da Agricultura;<br />

Osvaldo Aranha, ministro da Fazenda; José<br />

Américo de Almeida, ministro da Viação de Obras<br />

Públicas; Carlos Maximiliano; Antonio Carlos de<br />

Andrada, ex-presidente do Estado de Minas Gerais;<br />

Arthur Ribeiro; Prudente de Moraes Filho;<br />

Agenor de Roure; João Mangabeira; Oliveira Viana<br />

e o general Góes Monteiro. 1<br />

Baseado no Anteprojeto da Subcomissão do<br />

Itamarati, a Constituição de 1934 introduziu a<br />

questão social e econômica, com os seus consectários,<br />

nos textos constitucionais brasileiros. Já na<br />

segunda sessão da Subcomissão, João Mangabeira<br />

pontuou a alternativa entre a “revolução” e a “reação”<br />

que se antepunha na conjuntura, qual seja:<br />

“[...] todas as constituições modernas têm como<br />

orientação acabar com as desigualdades sociais. Se<br />

a constituição brasileira não marchar na mesma<br />

direção, deixará de ser revolucionária para se tornar<br />

reacionária [...]” (Apud Azevedo, 2004, p. 20).<br />

Os debates ocorridos durante as reuniões da<br />

Subcomissão demonstram a disposição da maioria<br />

dos seus componentes no sentido de formular<br />

um anteprojeto concorde com o constitucionalismo<br />

social. Buscava-se a organização da ordem<br />

econômica com fulcro nos princípios da justiça e<br />

nas necessidades da vida nacional, como o fito de<br />

garantir “uma existência digna do homem”. A “liberdade<br />

econômica do indivíduo” deveria se conformar<br />

a tais parâmetros (art. 9º do Anteprojeto).<br />

IV<br />

Os frutos advindos das assembléias constituintes<br />

representam contrapontos importantes aos<br />

surtos de autoritarismo que, periodicamente, marcaram<br />

a história político-constitucional brasileira<br />

e que, excetuada alguma teoria de curto-circuito<br />

institucional, parecem não estar em qualquer projeção<br />

de cenários. No seu tempo, tais assembléias<br />

estabeleceram arenas privilegiadas da participação<br />

política da sociedade, mesmo se se impuser um<br />

nível de exigência maior em relação às mesmas.<br />

89


Filomeno Moraes<br />

Merece atenção a assertiva de Raymundo Faoro<br />

(2007, pp. 257 e 258), trazida a lume antes da<br />

Constituinte de 1987/1988, segundo a qual nunca<br />

o poder constituinte conseguira, nas suas quatro<br />

tentativas, “vencer o aparelhamento de poder, firmemente<br />

ancorado ao patrimonialismo de Estado,<br />

mas essas investidas foram as únicas que arvoraram<br />

a insígnia da luta, liberando energias parcialmente<br />

frustradas” e que “todos os passos, insuficientes<br />

na verdade, no caminho das liberdades e<br />

da democracia, nos quase 160 anos de país independente,<br />

foram dados pelas constituintes, que legaram<br />

à sociedade civil as bandeiras, frustradas e<br />

escamoteadas, de sua emancipação”.<br />

Acompanhando a linha de raciocínio estabelecida<br />

por Raymundo Faoro, pode-se afirmar que<br />

o texto constitucional de 1988 pôde vir à luz em<br />

virtude da peculiar modalidade que o poder constituinte<br />

adquiriu na efervescência da sociedade<br />

brasileira nos anos 80. De fato, na década de 80,<br />

sobretudo na esteira da convocação do Congresso<br />

Constituinte estabelecida pela Emenda Constitucional<br />

n o 26, de 27 de novembro de 1985 (Brasil,<br />

1985) e prosseguindo até a promulgação do<br />

texto constitucional de 1988, o Brasil vivenciou<br />

um dos mais importantes momentos de ativação<br />

política da sociedade civil organizada, momento<br />

este que, dando continuidade ao processo de mudança<br />

política iniciado na década de 70, acabou<br />

por contribuir para a inflexão do regime militar e a<br />

construção de instituições representativas e multipartidárias<br />

(Moraes, 2005) (Moraes; Lima, 2006).<br />

Mesmo Fernando Henrique Cardoso (2006, pp.14<br />

e 15), que, na presidência da República e em função<br />

da racionalidade econômica, do alinhamento<br />

à globalização e da continuidade no poder, desembaraçou-se<br />

ou tentou desembaraçar-se de diversos<br />

comandos constitucionais originários, haveria de<br />

reconhecer a importância do esforço constituinte.<br />

A propósito, afirma que “a grande causa da minha<br />

geração não foi a da estabilização da economia.<br />

Tampouco a do desenvolvimento econômico. Foi<br />

a da democracia” e que “a História contemporânea<br />

da política brasileira começa nos anos 1970,<br />

com as lutas pela volta da democracia”. E conclui<br />

que “o resultado desse borbulhar da sociedade acabaria<br />

sendo a convocação da Assembléia Nacional<br />

Constituinte, finalmente eleita em 1986”.<br />

Apesar das limitações constantes do ato<br />

convocatório do Congresso Constituinte, como<br />

diz Dalmo de Abreu Dallari (1999, pp. 49 e 53),<br />

“o resultado de seu trabalho ficou mais próximo<br />

das aspirações dos progressistas e democratas do<br />

que das preferências conservadoras dos oligarcas<br />

e autoritários”, porque foi a que recebeu “maior<br />

90<br />

influência do povo em sua elaboração”. Ademais,<br />

“conseqüência da ampla mobilização do povo no<br />

momento da Constituinte e de sua influência nas<br />

decisões foi a garantia de seu conteúdo democrático,<br />

muito evidente pelos princípios expressamente<br />

afirmados em normas constitucionais, assim<br />

como pelo grande número de artigos relacionados<br />

com os direitos humanos e suas garantias”.<br />

V<br />

Alguma normatização a respeito do que se<br />

denominaria depois, com variações, de “ordem<br />

econômica e social” está presente no Brasil desde<br />

a primeira constituição, que estatuiu “a inviolabilidade<br />

dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos<br />

Brasileiros”, tendo “por base a liberdade, a segurança<br />

individual, e a propriedade”, “garantida pela<br />

Constituição do Império, pela maneira seguinte”,<br />

entre outros direitos e garantias: “Nenhum gênero<br />

de trabalho, de cultura, indústria, ou comércio<br />

pode ser proibido, uma vez que não se oponha aos<br />

costumes públicos, à segurança, e saúde dos Cidadãos”<br />

(art. 179, XXIV) (Brasil, 1824).<br />

Por sua vez, a Constituição de 1891 (Brasil,<br />

1891) comportou vários dispositivos que tratavam<br />

da propriedade, da indústria, do comércio, do<br />

transporte, das finanças e, inclusive, do desenvolvimento<br />

das letras, artes e ciências, bem como a<br />

imigração, a agricultura, a indústria e o comércio.<br />

Tirante a de 1988, a problemática da ordem<br />

econômica foi mais detalhadamente posta<br />

na Constituição outorgada que inaugurou o Estado<br />

Novo, em 1937. Embora considere que, “na<br />

iniciativa individual, no poder de criação, de organização<br />

e de invenção do indivíduo, [...] funda-<br />

-se a riqueza e a prosperidade nacional”, o texto<br />

constitucional restringia tal iniciativa individual e<br />

tal poder de criação, de organização e de invenção<br />

do indivíduo aos “limites do bem público”. Em<br />

contrapartida, prescrevia “a intervenção do Estado<br />

no domínio econômico”, legitimando-a “para<br />

suprir as deficiências da iniciativa individual e<br />

coordenar os fatores da produção, de maneira a<br />

evitar ou resolver os seus conflitos e introduzir no<br />

jogo das competições individuais o pensamento<br />

dos interesses da Nação, representados pelo Estado”.<br />

Ademais, dispôs o texto constitucional que<br />

a intervenção no domínio econômico poderia ser<br />

mediata e imediata, a revestir-se da forma de controle,<br />

de estímulo ou de gestão direta (art. 135)<br />

(Brasil, 1937).<br />

Ímpetos liberal-econômicos fizeram com que<br />

a Constituição de 1946 retrocedesse em matéria<br />

de ordem econômica, quando comparada ao cons-


titucionalismo dos anos 30. Aquele texto constitucional<br />

apenas estabeleceu, parcimoniosamente,<br />

que “a ordem econômica deve ser organizada conforme<br />

os princípios da justiça social, conciliando<br />

a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho<br />

humano” e que “a todos é assegurado trabalho<br />

que possibilite existência digna. O trabalho é<br />

obrigação social” (art. 145) (Brasil, 1946).<br />

As constituições editadas no período da ditadura<br />

iniciada em 1964, as de 1967 e 1969, foram<br />

bem intervencionistas no que atine à constituição<br />

econômica formal. Para a Constituição de 1967,<br />

“a ordem econômica tem por fim realizar a justiça<br />

social, com base nos seguintes princípios: I - liberdade<br />

de iniciativa; II - valorização do trabalho como<br />

condição da dignidade humana; III - função social<br />

da propriedade; IV - harmonia e solidariedade entre<br />

os fatores de produção; V - desenvolvimento econômico;<br />

VI - repressão ao abuso do poder econômico,<br />

caracterizado pelo domínio dos mercados, a eliminação<br />

da concorrência e o aumento arbitrário dos<br />

lucros (art. 167) (Brasil, 1967).<br />

Por sua vez, a Constituição outorgada de<br />

1969, juntando “ordem econômica e social”, atribuiu-lhe<br />

“por fim realizar o desenvolvimento nacional<br />

e a justiça social”, com base nos mesmos<br />

princípios arrolados no texto de 1967, alterando<br />

apenas “os fatores de produção” por “categorias<br />

sociais de produção” (item IV) e acrescentando o<br />

item VI, que se eleva à categoria de princípio a<br />

“expansão das oportunidades de emprego produtivo”<br />

(art. 160).<br />

A seu tempo, os constituintes de 1987/1988,<br />

realizando uma constituição realmente dirigente,<br />

atribuíram à “ordem econômica, fundada na valorização<br />

do trabalho humano e na livre iniciativa”,<br />

um rol de fins e objetivos, para “assegurar a todos<br />

existência digna, conforme os ditames da justiça<br />

social, observados os seguintes princípios: I - soberania<br />

nacional; II - propriedade privada; III - função<br />

social da propriedade; IV - livre concorrência;<br />

V - defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente;<br />

VII - redução das desigualdades regionais e<br />

sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento<br />

favorecido para as empresas brasileiras de<br />

capital nacional de pequeno porte (art. 170).<br />

VI<br />

A par da reordenação jurídico-política do<br />

Estado, os anseios de reordenação econômica e<br />

social do país, como parte das “dívidas” (a “externa”,<br />

a “interna”, a “social” e a “política”) de que<br />

falava Teotônio Vilela, 2 estavam no horizonte que<br />

se buscava com a democratização.<br />

A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988<br />

Tancredo Neves deu o tom da preocupação<br />

com o desenvolvimento, acentuando, inclusive,<br />

os impactos da “árdua competição internacional”<br />

e “a luta pelo domínio de mercados, pelo controle<br />

de matérias-primas, pela hegemonia política”.<br />

Para ele, “as ideologias, tão fortes no século passado<br />

[XIX] e na primeira metade do século XX,<br />

empalidecem, frente a um novo nacionalismo” e,<br />

“fenômeno típico do desenvolvimento industrial<br />

e da expansão do capitalismo, surge nova realidade<br />

supranacional nas grandes corporações empresariais.<br />

Aparentemente desvinculadas de suas<br />

pátrias de origem, tais organizações servem, fundamentalmente,<br />

a seus interesses”. 3<br />

Para tanto, a política econômica deveria buscar<br />

o “pleno emprego” como norte da retomada<br />

do crescimento, pois “retomar o crescimento é<br />

criar empregos”. Assim, “toda a política econômica”<br />

do novo governo estaria “subordinada a esse<br />

dever social. Enquanto houver, neste País, um só<br />

homem sem trabalho, sem pão, sem teto e sem<br />

letras, toda a prosperidade será falsa”. Ademais,<br />

em contraponto ao discurso hegemônico do autoritarismo-burocrático,<br />

que tendia a ver o desenvolvimento<br />

social como função do crescimento<br />

econômico, vislumbrava-se, agora, a autonomia<br />

entre “desenvolvimento econômico” e “desenvolvimento<br />

político”. 4<br />

Sem rupturas no modo de produção, o capitalismo<br />

brasileiro, sem perda de perspectiva das<br />

novas configurações que se enxergavam no plano<br />

internacional, deveria ter como parâmetro a busca<br />

do “bem-estar”, a “assentar-se sobre a livre iniciativa<br />

e a propriedade privada”, encarecendo-se<br />

“medidas que venham a democratizar o acesso à<br />

propriedade, e a proteção às pequenas empresas.<br />

A defesa do regime de livre iniciativa não pode ser<br />

confundida, como muitos o fazem, com a proteção<br />

aos privilégios de forças econômicas e financeiras.<br />

Defender a livre iniciativa e a propriedade privada<br />

é defendê-las dos monopólios e do latifúndio” (In:<br />

Bonavides; Andrade, 1989, p. 798).<br />

De outra parte, a doutrina reclamava de “todo<br />

um elenco de assuntos ausentes aos textos constitucionais<br />

brasileiros”, entregue “a tratamento arbitrário,<br />

com os mais conhecidos prejuízos para o<br />

país, enquanto que as Cartas Magnas de países<br />

cuja realidade assemelha-se à brasileira, já os consignaram<br />

de maneira explícita” (Souza, 1985, p.<br />

294). Entre tais assuntos, estavam o tratamento<br />

a ser dado ao capital estrangeiro, a caracterização<br />

do que deva ser considerado empresa nacional,<br />

estrangeira ou multinacional, o problema da<br />

obtenção de empréstimos pelo país, bem como o<br />

investimento, além da tecnologia e da sua trans-<br />

91


Filomeno Moraes<br />

ferência, do apoio e incentivo à formação de recursos<br />

humanos.<br />

Em relação ao constitucionalismo do regime<br />

militar, Washington Peluso Albino de Souza (1985,<br />

p. 294) argumentava mais que “não se registram ali,<br />

nem mesmo referências às bases político-econômicas<br />

de enfrentamento do problema e muito menos a<br />

instrumentos legais ou judiciais para tanto”. 5<br />

92<br />

VII<br />

A história constitucional republicana mostra<br />

diversidade relativamente aos modelos, propostas<br />

e anteprojetos apresentados às Assembléias Constituintes,<br />

ou delas derivados. A primeira Constituinte<br />

republicana recebeu um projeto pronto e<br />

acabado, inclusive, já dotado das cláusulas pétreas<br />

atinentes à federação e à república. A Constituinte<br />

de 1933/1934 recebeu também um projeto,<br />

formulado pela Subcomissão do Itamarati. Em<br />

1946, a Assembléia Constituinte foi substancialmente<br />

inicial, visto que, durante o Estado Novo,<br />

não existiam partidos políticos legais, o Poder Legislativo<br />

havia sido suprimido nos níveis federal,<br />

estadual e municipal, a sociedade civil fora inibida<br />

e o interregno entre a queda do Estado Novo e a<br />

abertura dos trabalhos constituintes fora exíguo.<br />

A própria sociedade civil, apesar das limitações<br />

próprias do seu tempo, no manifestar-se, participou<br />

ativamente da formulação de projetos, planos<br />

e propostas, pelo menos em dois momentos do<br />

evoluir constitucional brasileiro, a saber, nas conjunturas<br />

das constituintes de 1823 e 1933/1934.<br />

O Congresso Constituinte de 1987/1988 recebeu<br />

diversos influxos diretos ou indiretos, entre<br />

outros, o anteprojeto da Comissão Constitucional<br />

de Estudos Provisórios e o anteprojeto assumido<br />

pelo Partido dos Trabalhadores (PT).<br />

O anteprojeto da Comissão Provisória de<br />

Estudos Constitucionais (Brasil, 1986), tendo em<br />

conta o constitucionalismo anterior e em relação<br />

à “constituição econômica”, inovou substancialmente.<br />

Algumas dessas inovações formais podem<br />

ser observadas quando, entre outras, propõem “títulos”<br />

autônomos, um para “a ordem econômica”<br />

e outro para “a ordem social”, fugindo à tradição<br />

do constitucionalismo brasileiro, que, a partir de<br />

1934 e seguindo-se em 1946, 1967 e 1969, manteve<br />

a técnica de um título relativo à “ordem econômica<br />

e social”.<br />

Agora, como proposta importante, transmutou-se<br />

a problemática do “trabalho” 6 da ordem<br />

econômica para a ordem social, apresentando parâmetros<br />

modernos e alargando programas existentes,<br />

ou inovando no que diz respeito à esfera<br />

a ser constitucionalizada como ordem social. Assim,<br />

passa-se a ver no “trabalho” mais um direito<br />

fundamental, com todos os consectários de tal entendimento,<br />

do que um mero “fator de produção”.<br />

Na verdade, o anteprojeto não é infenso ao<br />

capitalismo, à livre iniciativa e à propriedade privada,<br />

devendo “o exercício da atividade econômica,<br />

seja qual for seu agente, estar subordinado ao<br />

interesse geral”. Quer, pois, a “ordem econômica”<br />

fundamentada na “justiça social e no desenvolvimento”,<br />

com o fito de “assegurar a todos uma<br />

existência digna” (art. 316). Para tanto, pretende<br />

que a atividade econômica seja ordenada nos<br />

seguintes princípios: a valorização do trabalho; a<br />

liberdade de iniciativa; a função social da propriedade<br />

e da empresa; a harmonia entre as categorias<br />

sociais de produção; o pleno emprego; a redução<br />

das desigualdades sociais e regionais; o fortalecimento<br />

da empresa nacional; o estímulo às tecnologias<br />

inovadoras e adequadas ao desenvolvimento<br />

nacional.<br />

Assim, “a atividade econômica será realizada<br />

pela iniciativa privada”, todavia, “resguardada a<br />

ação supletiva e reguladora do Estado, bem como<br />

a função social da empresa”, repita-se, tanto a iniciativa<br />

privada, principal, como ação supletiva e<br />

reguladora do Estado, devendo subordinar-se ao<br />

“interesse geral”.<br />

No que diz respeito ao capital estrangeiro,<br />

o anteprojeto houve por bem em estabelecer os<br />

princípios a regê-lo, a saber, “a função supletiva<br />

do capital estrangeiro”, o “regime especial” relativo<br />

à remessa de lucros, incidência de juros, entre<br />

outros aspectos, a proibição às pessoas físicas e<br />

jurídicas do acesso à propriedade de terras em que<br />

se localizem minas e jazidas. Ademais, o anteprojeto<br />

determinava a nacionalização dos bancos (art.<br />

327, par. ún.).<br />

Por sua vez, o anteprojeto estabeleceu um<br />

conceito de “empresa nacional” – que é aquela<br />

que, ao mesmo tempo tenha capital controlado<br />

por brasileiros, seja constituída no Brasil e possua<br />

aqui sua sede e o seu centro decisório – cercado de<br />

cuidados e limitações (art. 323).<br />

Há que observar também o especial destaque<br />

dado ao planejamento, estabelecendo-se, inclusive,<br />

“planejamento imperativo para o setor privado”.<br />

Este deverá visar ao atendimento das necessidades<br />

coletivas, à eliminação das diferenças<br />

regionais e setoriais, ao estímulo do crescimento<br />

da riqueza e da renda, à justa distribuição dessa<br />

riqueza e dessa renda, harmonizando também “o<br />

desenvolvimento econômico com a preservação


do equilíbrio ecológico e da qualidade do meio<br />

ambiente” (art. 324, § 2º).<br />

A seu tempo, o art. 324, § 1º, almejou o<br />

planejamento realizado com a participação de<br />

pessoas jurídicas de direito público, comissões<br />

especiais, organizações profissionais e entidades<br />

de classe.<br />

Ademais, pretendeu-se, com uma série de requisitos,<br />

que a propriedade rural pudesse alcançar<br />

a sua função social, de tal modo como toda propriedade.<br />

No que diz respeito à propriedade rural,<br />

estaria ela “condicionada pela sua função social”,<br />

o que se alcançaria à medida que se assegurasse<br />

aos que nela trabalhem e às suas famílias “nível<br />

adequado de vida”, “a manutenção adequada dos<br />

equipamentos comunitários”, a “exploração racional<br />

da terra” e a observância das normas reguladoras<br />

das relações trabalhistas (art. 331).<br />

No que se refere à propriedade territorial<br />

urbana, o proprietário de terreno deverá dar-lhe<br />

“utilização socialmente adequada, sob pena de<br />

desapropriação por interesse social, mediante<br />

prévia e justa indenização em dinheiro”, ou de<br />

“incidência de medida de caráter tributário” (art.<br />

337). Acresce-se que, em relação à propriedade urbana,<br />

o anteprojeto (art. 139, § 2º) dispunha que<br />

o imposto sobre a propriedade predial e territorial<br />

urbana adquiriria a qualidade de imposto sobre o<br />

patrimônio, com alíquota progressiva “em função<br />

do número de imóveis do mesmo contribuinte”,<br />

ou de sanção punitiva em razão do “tempo decorrido<br />

sem utilização socialmente adequada no caso<br />

de imóveis construídos”.<br />

Por fim, o anteprojeto tem preocupação com<br />

os monopólios estatais. Largueia o monopólio da<br />

União Federal no que concerne ao petróleo, que<br />

passa a abranger “a refinação, o processamento,<br />

o transporte marítimo e em condutos”. Dá maior<br />

dimensão também ao monopólio do gás natural.<br />

Além do mais, dispõe que a pesquisa, a lavra, o<br />

enriquecimento, a industrialização e o comércio<br />

de minérios necessários e matérias fósseis (art.<br />

330) pertencem à União Federal.<br />

Por sua vez, o anteprojeto formulado por Fábio<br />

Konder Comparato e assumido pelo Partido<br />

dos Trabalhadores (PT) 7 parte da perspectiva de<br />

que o subdesenvolvimento não se confunde com<br />

uma situação qualquer de atraso econômico, mas<br />

representa estado permanente de desequilíbrio social,<br />

caracterizado pela desigualdade crescente de<br />

condições de vida, entre classes, setores econômicos<br />

e regiões. Ademais, “não obstante o eventual<br />

crescimento econômico global e o progresso técnico,<br />

acaba sempre reproduzindo, no interior de<br />

A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988<br />

suas fronteiras, a mesma situação de dominação<br />

e exploração, característica da vida internacional”<br />

(Comparato, 1987, p. 55). Assim, tendo em consideração<br />

que, no país, como os índices de desigualdade<br />

social estão entre os mais elevados do<br />

mundo, a organização das políticas públicas deve<br />

visar à instauração da igualdade fundamental<br />

concernente às condições básicas de vida – saúde<br />

pública, alimentação, educação e instrução, trabalho<br />

e habitação –, como condições mínimas para<br />

“uma vida digna e feliz, finalidade de toda organização<br />

de poderes” (art. 1). No documento em<br />

análise, o eixo central da ordenação econômica e<br />

social é o planejamento, implicando a periódica<br />

fixação de objetivos gerais a serem atingidos e a<br />

mobilização de toda a sociedade para a consecução<br />

de tais objetivos. Assim, “os principais setores<br />

da atividade econômica não devem se desenvolver<br />

de modo irracional, arbitrário e egoísta, mas<br />

de forma harmônica e disciplinada, para a realização<br />

dos grandes objetivos, que a própria sociedade<br />

aceita e considera como metas obrigatórias”<br />

(Comparato, 1987, p. 55).<br />

Destarte, trata-se de planejamento imperativo,<br />

como mecanismo para a sociedade brasileira<br />

não entregar à “‘mão muito visível’ dos interesses<br />

particulares a realização do desenvolvimento nacional”,<br />

formulando-se, ao contrário, como “atribuição<br />

legal dos centros de poder, organizados e<br />

consentidos de acordo com os ditames constitucionais.<br />

A democracia social não é apenas o regime<br />

do consentimento popular para a designação<br />

dos governantes; ela é, também, o regime de legitimação<br />

de todo o poder – político, econômico<br />

e social – pela sua aptidão a satisfazer a comunidade<br />

nacional” (Comparato, 1987, p. 55).Atribuiu-se<br />

grande atenção à execução dos planos de<br />

desenvolvimento. Previu-se, inclusive, a hipótese<br />

de intervenção federal nos Estados, “em razão do<br />

descumprimento, pelas autoridades estaduais, do<br />

dever fundamental de cooperação com a União<br />

Federal, na realização dos interesses nacionais,<br />

notadamente quanto à execução do plano nacional<br />

de desenvolvimento, caso o conflito não possa<br />

ser resolvido pelo Judiciário” (art. 196, III). De<br />

igual modo, previu-se a intervenção no município<br />

(art. 202, III).<br />

Afirma ainda Fábio Konder Comparato que,<br />

“especialmente na Parte relativa à ordem econômica<br />

e social, timbrou-se em eliminar todas as<br />

disposições ditas programáticas e em reduzir o<br />

conjunto normativo a regras capazes de impulsionar<br />

a transformação da sociedade” (Comparato,<br />

1987, pp. 27 e 54).<br />

93


Filomeno Moraes<br />

O anteprojeto introduz “sensíveis modificações<br />

em relação ao direito vigente”, no que diz<br />

respeito ao regime de propriedade, “copiado de<br />

países que seguiram evolução bem diferente da do<br />

nosso”, por entender que “um dos grandes obstáculos<br />

ao desenvolvimento nacional tem sido o<br />

regime da propriedade”. Acentuando o “princípio<br />

de que a propriedade existe para satisfação dos interesses<br />

do próprio titular” e é “uma das garantias<br />

de proteção à dignidade da pessoa humana, desde<br />

que limitada aos bens indispensáveis à realização<br />

dessa finalidade”, pois, “em si mesma, não tem<br />

a propriedade nenhuma função social: não é um<br />

poder atribuído para a satisfação dos interesses de<br />

terceiros” (Comparato, 1987, p. 56).<br />

De tal entendimento, exsurgem duas conseqüências<br />

básicas, a saber, a propriedade, enquanto<br />

garantia de proteção à pessoa humana, não pode<br />

ser suprimida ou sacrificada aos interesses sociais,<br />

porque a dignidade da pessoa humana é o<br />

primeiro e mais fundamental valor social e, nas<br />

hipóteses em que ela não é condição da dignidade<br />

da pessoa humana, a propriedade privada deve<br />

ceder o passo à realização dos interesses sociais,<br />

com indenização limitada, ou mesmo sem indenização<br />

alguma, no caso de abuso manifesto.<br />

Ao tratar da garantia da “liberdade de iniciativa<br />

empresarial” (art. 213), o anteprojeto não a<br />

está erigindo, absolutamente, em liberdade fundamental<br />

da pessoa humana, mas apenas reconhecendo<br />

que ela representa um instrumento útil e<br />

mesmo necessário à defesa dos interesses dos consumidores<br />

(e não dos próprios concorrentes, portanto).<br />

Logo, a atividade empresarial do Estado,<br />

em concorrência com as empresas particulares,<br />

tem o fim exclusivo de suplementar a iniciativa<br />

privada deficiente no atendimento desses mesmos<br />

interesses. Como a concorrência empresarial<br />

é mero instrumento de defesa dos consumidores,<br />

impõe-se ao Poder Público a exploração das atividades<br />

consideradas de interesse público, tanto no<br />

setor de prestação de serviços, quanto nos de produção<br />

e distribuição de bens, nas quais o regime<br />

de competição não traz benefícios ao consumidor<br />

(art. 214).<br />

No que se refere à atividade econômica de estrangeiros,<br />

deve estar jungida: 1. à submissão para<br />

a autorização federal da instalação de qualquer<br />

empresa sob controle estrangeiro, bem como a das<br />

alienações a pessoas domiciliadas no exterior, ou<br />

controladas por estas, do controle de empresas já<br />

instaladas no país; 2. à facilitação do ingresso no<br />

país e a permanência, temporária ou definitiva, de<br />

estrangeiros dotados de competência técnica ou<br />

científica.<br />

94<br />

Em suma, o anteprojeto afirma o princípio<br />

de que é dever do Estado regular a atividade econômica,<br />

em todos os setores, a fim de preservar<br />

o poder aquisitivo da moeda nacional, bem como<br />

proteger os interesses dos consumidores, o equilíbrio<br />

ecológico, a saúde, a segurança e a moralidade<br />

públicas (art. 217).<br />

VIII<br />

Geralmente, constituições tendem a não ter<br />

vida longa (Lane, 1996), pois, aqui e alhures, estão<br />

sujeitas às vicissitudes dos fatos e aos coeficientes<br />

de “sentimento constitucional”, isto é, a consciência<br />

social que, maior ou menor e transcendendo<br />

os antagonismos, integra detentores e destinatário<br />

do poder político no marco de uma ordem comunitária<br />

obrigatória (Loewenstein, 1976).<br />

No que diz respeito à história política brasileira,<br />

nos menos de duzentos anos de existência<br />

do Estado nacional, observa-se a fertilidade em<br />

matéria de assembléias constituintes, que foram<br />

instaladas em 1823, 1890, 1933, 1946 e 1987.<br />

Constituições, além das provenientes das assembléias<br />

constituintes, as de 1891, 1934, 1946 e<br />

1988, existiram mais ainda as oriundas das sístoles<br />

autocráticas de ocasião: a Constituição de<br />

1824, já que Pedro I dissolvera a assembléia constituinte<br />

instalada após a Independência, foi a primeira<br />

da série de ordenamentos constitucionais<br />

autoritários; 1937 assistiu a outra manifestação<br />

do autoritarismo no processo constitucional; em<br />

1967 se editou nova carta, a qual, embora passando<br />

pelo Congresso Nacional, não se livrou do<br />

travo da imposição; finalmente, em 1969 se coroou,<br />

com a impropriamente chamada Emenda<br />

Constitucional nº 1, o conjunto de constituições<br />

outorgadas no Brasil.<br />

Evidentemente, como observa J. J. Gomes<br />

Canotilho (2005, pp. 26 e 201), as instâncias de<br />

temporalidade “deverão ser convocadas numa teoria<br />

da Constituição temporalmente adequada”.<br />

Uma constituição é o “presente do passado”, pois<br />

“não deixa de ser ‘memória na história’ mesmo<br />

quando propõe rupturas (revolucionárias ou não)<br />

com o passado”; é o “presente do presente”, já que<br />

“ela dedica sempre uma indispensável atentio à<br />

conformação da ordem jurídica atual”; é presente<br />

do futuro, “ao proclamar tarefas e fins para o futuro,<br />

mas sobretudo, ao antecipar expectativas de se<br />

converter em lei para as gerações futuras”. Tudo,<br />

com o sentido de fugir da “negação da possibilidade<br />

e pensabilidade de uma constituição divorciada<br />

do Estado e da Nação”.


Destarte, “se o mal da Constituição de 1946,<br />

como o da Constituição de 1934 e da Constituição<br />

de 1937, é o mesmo da Constituição de Vaimar<br />

[sic]: não ter fins precisos, se bem que a crítica<br />

mais apanhe a de 1946” (Miranda, 1953, p. 467),<br />

a Constituição de 1988 estabeleceu os “objetivos<br />

fundamentais da República Federativa do Brasil”,<br />

nomeadamente: I - construir uma sociedade livre,<br />

justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento<br />

nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização<br />

e reduzir as desigualdades sociais e regionais;<br />

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos<br />

de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras<br />

formas de discriminação.<br />

No Brasil, passados vinte anos da conclusão<br />

do esforço constituinte, e apesar do rol de emendas<br />

constitucionais que configuram a vontade de<br />

abrir-se a economia ao mercado internacional, a<br />

CF continua dirigente e, por conseguinte, vinculando<br />

o legislador. Repetindo Eros Roberto Grau<br />

(2005, p. 366), o “seu cerne”, identificado “fundamentalmente<br />

nos preceitos dos seus arts. 3º, 1º e<br />

170, resta intocado”. Tudo isto, apesar do discurso<br />

dos fundamentalistas da religião do mercado, que<br />

insistem em pôr a constituição dirigente das políticas<br />

públicas e dos direitos sociais como fonte dos<br />

males do país, causadora última das crises econômicas,<br />

do déficit público e de uma tal “ingovernabilidade”,<br />

invertendo-a em favor da busca de uma<br />

“constituição dirigente das políticas neoliberais de<br />

ajuste fiscal” (Bercovici; Massoneto, 2006, p. 22)<br />

é vista como algo positivo para a credibilidade e<br />

a confiança do país junto ao sistema financeiro<br />

internacional. Esta, a constituição dirigente invertida,<br />

é a verdadeira constituição dirigente, que<br />

vincula toda a política do Estado brasileiro à tutela<br />

estatal da renda financeira do capital, à garantia<br />

da acumulação de riqueza privada.<br />

Importante a ressaltar é que na deliberação<br />

constituinte há um modelo econômico de bem-<br />

-estar, acobertado, inclusive, de modificações que<br />

o desnaturem, embora compatível com mudanças<br />

que a dinâmica social e política exigirem e apto<br />

a concretizá-las. No limite, tal modelo poderá levar<br />

a “adequação do Brasil ao relógio do Ocidente<br />

moderno” (Carvalho, 2004. p. 7) e evitar que o<br />

Brasil se torne “terra natal da exceção sem regra”<br />

(Arantes, 2007, p.165). Os desafios da sua eficácia<br />

jurídica e social continuam a desafiar o engenho<br />

e arte, diante das tendências à desconstitucionalização<br />

e da desregulamentação, com a mudança<br />

para a contratualização, que, em grande medida,<br />

antes mais, agora menos talvez, perpassaram os<br />

anos 90 e seguintes.<br />

A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988<br />

Enfim, a “constituição econômica” vazada no<br />

texto constitucional de 1988 configura-se como a<br />

expressão verdadeira do seu caráter dirigente. O<br />

mundo do dever-ser aponta, pois, caminhos para<br />

o mundo do ser, Estado e sociedade, tendo como<br />

objetivo a alcançar uma ordem econômico-social<br />

que, a despeito da convivência com o capitalismo,<br />

possibilite que todos convivam na conformidade<br />

dos ditames da justiça social.<br />

A condução do processo constituinte de<br />

1987/1988, fugindo das mãos do governo, inclusive,<br />

do estamento militar ainda com muita influência,<br />

da exclusividade de grupos ou classes e<br />

corporações, e refugiando-se na esfera do “político”,<br />

permitiu que a incerteza se descolasse na<br />

direção da construção de um texto constitucional<br />

democrático e progressista. De fato, se não há<br />

normas “revolucionárias” na Constituição Federal<br />

de 1988, a “narratividade emancipatória” está<br />

presente, tendo na “constituição econômica” um<br />

dos seus pontos nodais. A “constituição econômica”<br />

inscrita na Constituição Federal de 1988 possibilita<br />

que se afirme que o esforço constituinte de<br />

1987/1988 rompeu com o paradigma, segundo o<br />

qual nunca houve manifestação do poder constituinte<br />

do povo. Obviamente, se avançou consideravelmente<br />

no sentido de possibilitar um salto de<br />

qualidade no constitucionalismo nacional.<br />

Decididamente, o último fato constituinte<br />

transcende, pela primeira vez na história brasileira,<br />

o caráter elitista que, de maneira geral, caracterizou<br />

as demais manifestações constituintes.<br />

De um lado, um conjunto de fatores ocasionou a<br />

abertura de frações das elites para uma visão mais<br />

ampla da problemática do país, reentronizando<br />

a preocupação com a “nação”. Do outro lado, o<br />

“povo” – que ingressou no cenário político-constitucional<br />

a partir dos anos 30 e que, desde então,<br />

buscou a autonomia e cuja busca foi interrompida<br />

pela ruptura autoritário-burocrática em 1964 – rearticula-se<br />

durante a transição para a democracia.<br />

Durante o processo constituinte, o setor popular<br />

é verdadeiramente partícipe, assistindo-se a momento<br />

de efervescência política extremamente<br />

importante em torno do Congresso Constituinte.<br />

Se a sociedade se moldara menos em uma estrutura<br />

de classes a empreender a luta pelos seus interesses,<br />

e mais na configuração de corporações,<br />

a diferença, agora, é que tais corporações cortam<br />

verticalmente o tecido da sociedade civil organizada.<br />

De maneira efetiva, o processo constituinte é<br />

marcado pelas reivindicações de corporações das<br />

classes dominantes e das classes subalternas, dos<br />

empresários e dos empregados, dos funcionários<br />

95


Filomeno Moraes<br />

públicos, dos diversos entes federativos, dos militares<br />

e dos civis.<br />

Sem dúvida, a ideologia dominante é a capitalista,<br />

nas suas diversas manifestações, maximalistas<br />

ou minimalistas, mais afeitas ao despotismo<br />

na fábrica, no latifúndio e na banca, ou mais preocupadas<br />

com o bem-estar, ou simplesmente conscientes<br />

de que o Estado capitalista é, na falta de<br />

melhor expressão, garante de burgueses e proletários.<br />

O modo de produção capitalista não foi ameaçado,<br />

sequer, esteve em jogo. Todavia, a tentativa<br />

de compatibilidade dos “valores sociais do trabalho<br />

e da livre iniciativa” (CF, art. 1º, IV) e a busca de<br />

uma “ordem econômica, fundada na valorização do<br />

trabalho humano e na livre iniciativa”, com o fim<br />

de “assegurar a todos existência digna, conforme<br />

os ditames da justiça social” (CF, art. 170, caput),<br />

representam uma mudança qualitativa no processo<br />

político-constitucional nacional.<br />

Evidentemente, as normas constitucionais<br />

que melhor representam a continuidade do passado<br />

com o presente e do presente com o futuro<br />

são as normas de princípios. Vivencia-se, pois,<br />

a partir de 1988, um texto constitucional que<br />

se insere num modelo de constituição dirigente,<br />

ao mesmo tempo em que possibilita a espontaneidade<br />

da vida social como a competência para<br />

assumir a direção política. No que atine à “constituição<br />

econômica”, tais normas de princípios já<br />

têm uma longa caminhada no constitucionalismo<br />

nacional. Poder-se-ia dizer que tudo começou com<br />

o anteprojeto da Subcomissão do Itamarati, nos<br />

anos 30, estatuídas as suas diretrizes, em seguida,<br />

no texto constitucional de 1934.<br />

Nas duas últimas décadas, sob a vigência<br />

da Constituição Federal de 1988, transformações<br />

ocorreram no capitalismo, com a desconstituição<br />

do padrão regulatório keynesiano, a expansão dos<br />

mercados, a relativização do Estado, muito mais<br />

no plano da constituição econômica real do que<br />

da constituição econômica jurídica. A Constituição<br />

Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988,<br />

pouco tempo em seguida se trouxeram à baila o<br />

“mal-estar da Constituição” e as “incertezas epistêmicas<br />

da directividade constitucional”. De fato,<br />

ganhou vida o discurso segundo o qual a constituição<br />

dirigente das políticas públicas, dos direitos<br />

sociais, da função social da propriedade, do equilíbrio<br />

entre o valor social do trabalho e da livre<br />

iniciativa, da ordem econômica baseada na justiça<br />

96<br />

social, promovia o desencontro com interesses<br />

nacionais. Ademais, teria o condão de fomentar as<br />

crises econômicas e produzir a ingovernabilidade,<br />

invertendo, por conseguinte, a vontade de constituição<br />

de 1987/1988 na “constituição dirigente<br />

das políticas neoliberais de ajuste fiscal”.<br />

Todavia, os acontecimentos internacionais<br />

parecem indicar a precariedade da veleidade<br />

neoliberal diante da crise que ganhou terreno nos<br />

últimos tempos, a apontar para a insanidade de<br />

substituir a racionalidade coletiva simplesmente<br />

pelas leis da economia de mercado. A conclusão<br />

inevitável dos novos tempos aponta, por sua<br />

vez, para o necessário fortalecimento do Estado<br />

nacional. No Brasil, se a nossa fortuna tem sido<br />

a pluralidade e a diferença de grupos sociais, de<br />

interesses, de ideologias e de projetos, a nossa<br />

virtù é a realização constitucional, tudo no sentido<br />

de tornar efetivos os objetivos fundamentais<br />

de “construir uma sociedade livre, justa e solidária”,<br />

“garantir o desenvolvimento nacional”, “erradicar<br />

a pobreza e a marginalização e reduzir as<br />

desigualdades sociais e regionais” e “promover o<br />

bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,<br />

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.<br />

Como suma das sumas, pode-se dizer<br />

que se tem no texto de 1988 uma constituição<br />

dirigente econômica e social, incólume depois de<br />

vinte anos, um instrumento capaz de contribuir<br />

para o alcance dos objetivos fundamentais da República<br />

Federativa do Brasil, a saber, o desenvolvimento<br />

econômico, a sociedade de bem-estar e a<br />

democracia política. Por fim, não é ocioso lembrar<br />

que se sabe, desde pelo menos Nicolò Machiavelli<br />

(2000, p.164), “[...] gli è tanto discoto da come<br />

se vive a como si doverebbe vivere, che colui che<br />

lascia quello chi si fa per quello che si doverrebbe<br />

fare, impara più presto la ruína che la perservazione<br />

sua”. Ademais, ao se tratar de processo<br />

constituinte, originário ou derivado, e de realização<br />

constitucional, está-se a tratar de esfera fundamentalmente<br />

política. Não inoportuna, pois,<br />

a exortação de Max Weber (2000, pp. 123-124),<br />

segundo a qual “a política é como a perfuração<br />

lenta de tábuas duras. Exige tanto paixão como<br />

perspectiva”. Além do que, e “certamente, toda a<br />

experiência histórica confirma a verdade – que o<br />

homem não teria alcançado o possível se repetidas<br />

vezes não tivesse tentado o impossível”.


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1. Perfil detalhado da Subcomissão do Itamarati<br />

foi proporcionado por Afonso Arinos de Melo<br />

Franco (1976, p. 1.044): “Percorrendo-se as<br />

opiniões manifestadas nos debates, nota-se a<br />

existência de uma espécie de inclinação fascistizante<br />

nos espíritos revolucionários dos mais<br />

jovens. Góis Monteiro exprimia um nacionalismo<br />

militarista, desconfiando das tradições<br />

liberais e da técnica de democracia clássica,<br />

que, de resto, conhecia muito pela rama. Oliveira<br />

Vianna - grande figura intelectual - tinha<br />

as convicções sociologicamente aristocráticas e<br />

autoritárias, que compendia em toda a sua obra<br />

de discípulo dileto de Alberto Torres. José Américo<br />

e Osvaldo Aranha flutuavam nas indecisas<br />

aspirações de uma justiça social e de uma<br />

organização estatal influenciadas pelos novos<br />

modelos ditatoriais da Europa. João Mangabeira<br />

era o ilustre jurista e insigne orador de<br />

sempre: como sempre brilhante e impetuoso,<br />

cedendo, às vezes, às perigosas impressões do<br />

momento, que vestia com as roupagens sedutoras<br />

de sua dialética e de sua contraditória<br />

cultura, ao mesmo tempo liberal à maneira de<br />

Rui e esquerdista à maneira da filosofia marxista.<br />

Surpreendente é o equilíbrio de Antônio<br />

Carlos. O que faltava ao Andrada em preparação<br />

intelectual sobrava em finura, sensatez e<br />

experiência. Francamente, [...] considero acima<br />

da expectativa a firmeza e o acerto de muitas<br />

de suas atitudes, na discussão de temas delicados,<br />

atitudes que ele disfarçava com um ar<br />

de displicente bonomia. Temístocles Cavalcanti<br />

dava, então, os primeiros passos na carreira<br />

de cultor do Direito Público em que, depois, se<br />

notabilizou. Àquele tempo suas opiniões pareciam<br />

fortemente coloridas da influência autoritária<br />

a que há pouco aludi. O esforço de Melo<br />

Franco, quase sempre bem sucedido, era o de<br />

coordenar os debates, esclarecer as obscuridades,<br />

contornar habilmente os choques, afastar,<br />

quando necessário, os desatinos, aceitar as inovações<br />

úteis ou inevitáveis, reunir tudo, enfim,<br />

no notável projeto que pôde ser submetido à<br />

Constituinte”.<br />

2. FEHLBERG, Carlos. Teotônio Vilela, o senador<br />

que tentou mudar o Brasil. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 22 maio 2008. Teotônio Vilela já<br />

em 1975 salientava “pelo menos três pontos<br />

que precisam ser preservados e ampliados”:<br />

1. a soberania da nação; 2. a dignidade do ser<br />

A “Constituição Econômica” no Brasil: Da Subcomissão do Itamarati à Constituição Federal de 1988<br />

NOTAS<br />

humano, que compreende o direito aos bens<br />

essenciais, ao emprego, à saúde, à educação, à<br />

moradia e à vigência plena do Estado de Direito;<br />

3. as riquezas do país, como seus recursos<br />

naturais, seu parque industrial, sua infra-estrutura<br />

física. Ibid.<br />

3. Discurso de Tancredo Neves no Congresso Nacional,<br />

após sua escolha pelo Colégio Eleitoral,<br />

em 15 de janeiro de 1985. In: BONAVIDES;<br />

ANDRADE, 1989, p. 797). Por isso, “ao lado<br />

da ordem constitucional, que é tarefa prioritária”,<br />

haveria [...] que cuidar da situação econômica.<br />

A inflação é a manifestação mais clara<br />

da desordem na economia nacional. Iremos<br />

enfrentá-la desde o primeiro dia. Não cairemos<br />

no erro, grosseiro, de recorrer à recessão<br />

como instrumento deflacionário. Ao contrário:<br />

vamos promover a retomada do crescimento,<br />

estimulando o risco empresarial e eliminando,<br />

gradativamente, as hipertrofias do egoísmo e<br />

da ganância. O ritmo de nossa ação saneadora<br />

dependerá unicamente da colaboração que nos<br />

prestarem os setores interessados. Contamos,<br />

para isso, com o patriotismo de todos. Ibid.,<br />

1989, p. 797.<br />

4. Assim, “cabe acentuar que o desenvolvimento<br />

social não pode ser considerado mera decorrência<br />

do desenvolvimento econômico. A Nação é<br />

essencialmente constituída pelas pessoas que a<br />

integram, de modo que cada vida humana vale<br />

muito mais do que a elevação de um índice estatístico.<br />

Preservá-la constitui portanto um dever<br />

que transcende a recomendação de caráter<br />

econômico, tão indeclinável quanto a defesa<br />

das nossas fronteiras. Nessas condições temos<br />

de reconhecer e admitir, como objetivo básico<br />

da segurança nacional, a garantia de alimento,<br />

saúde, habitação, educação e transporte para<br />

todos os brasileiros”. Ibid., 1989, p. 798.<br />

5. “[...] Do mesmo modo, dispositivos que já figuraram<br />

em nosso discurso constitucional<br />

anterior, como o da nacionalização de bens de<br />

estrangeiros, e que dele foram retirados, constituem<br />

hoje o que há de mais moderno e importante<br />

nos regimes jurídicos dos países. Os<br />

autores europeus, afeitos a um sistema acentuadamente<br />

conservador neste particular, refletindo<br />

a realidade atual em que se encontram<br />

aqueles próprios países no relacionamento<br />

econômico e financeiro internacional, tomam<br />

o assunto como uma autêntica ‘revolução’ e<br />

99


Filomeno Moraes<br />

<strong>10</strong>0<br />

exaltam o ‘direito das nacionalizações’ como a<br />

demonstração da passagem de um direito ‘in<br />

statu morendi’ para um ‘in statu nascendi’, ao<br />

ponto de figurar na própria Carta dos Direitos e<br />

Deveres Econômicos dos Estados”. Ademais, a<br />

anarquia ou falta de coerência jurídica também<br />

era registrada por Washington Peluso Albino<br />

de Souza, que atribuía ênfase à necessidade da<br />

“presença do Direito Econômico no discurso<br />

constitucional”, com [...] uma Constituição<br />

que atenda às exigências da ordem jurídica brasileira,<br />

tão tumultuada e comprometida com a<br />

pletora de instrumentos legais emitidos durante<br />

decênios seguidos, cheia de contradições, de<br />

intenções arbitrárias, de oposição aos efetivos<br />

interesses econômicos do cidadão e da coletividade,<br />

das empresas e da própria Nação, não<br />

pode mais eximir-se de uma referência explícita<br />

ao Direito Econômico, sob pena de assumir deliberadamente<br />

a posição de adotar o mesmo estado<br />

de coisas e de permitir a continuidade dos<br />

expedientes predatórios da economia nacional,<br />

como um todo, e prejudiciais à economia privada<br />

do cidadão, em particular. A presença do<br />

Direito Econômico no discurso constitucional<br />

impõe-se como a única maneira de torná-lo<br />

atual, eficiente e consentâneo com a realidade<br />

brasileira. Souza, 1985, pp. 295 e 319.<br />

6. Entre os aspectos inovadores em relação à matéria,<br />

destacam-se a duração (máximo de quaren-<br />

ta horas semanais); obrigatoriedade de medidas<br />

que visem a eliminar ou reduzir a insalubridade<br />

dos locais de trabalho; permissão de trabalho<br />

da mulher nas indústrias insalubres; fixação<br />

em quatorze anos da idade mínima para<br />

o trabalho; obrigatoriedade de manutenção de<br />

creches para os filhos de seus empregados até<br />

um ano de idade, e de escola-maternal para os<br />

de até quatro anos; fixação de o mínimo de dois<br />

terços de empregados brasileiros nas empresas,<br />

salvo as micro e as familiares; participação nos<br />

lucros e participação no faturamento; obrigatoriedade<br />

de participação dos empregados na<br />

direção da empresa; vedação da prescrição durante<br />

a relação de emprego; direito de greve; autonomia<br />

sindical.<br />

7. Em discurso na Assembléia Nacional Constituinte,<br />

o então deputado Luiz Inácio Lula da<br />

Silva ressaltou: “O Partido dos Trabalhadores<br />

apresentou, em março de 1987, um Projeto de<br />

Constituição que não era, de forma alguma,<br />

um projeto socialista. Era o Projeto de Constituição<br />

nos parâmetros permitidos pelo capitalismo,<br />

mas entendíamos que, com o nosso<br />

projeto, poderíamos, mesmo dentro do sistema<br />

capitalista, minorar o sofrimento da classe trabalhadora<br />

brasileira”. Anais da Assembléia Nacional<br />

Constituinte, 23 set. 1988, p. 14.313.


POBREZA Y DERECHOS HUMANOS, CAMBIOS<br />

EN LA CIUDADANIA Y NUEVAS DEMOCRACIAS<br />

EN AMÉRICA LATINA<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Gerardo Caetano<br />

Historiador y Politólogo; Doctor en Historia, Universidad Nacional de La Plata, Argentina; Coordinador Académico<br />

del Observatorio Político del <strong>Instituto</strong> de Ciencia Política, Universidad de la República (desde el 2005 a la fecha);<br />

Integrante a título individual del Consejo Superior de la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO);<br />

Investigador y Catedrático Titular Grado 5 en la Universidad de la República.<br />

En América Latina, luego de la visión triunfalista<br />

que siguió a la caída de las dictaduras de<br />

la “seguridad nacional” en los 80, en las últimas<br />

dos décadas ha avanzado la preocupación sobre la<br />

“calidad” y la “baja intensidad” de nuestras democracias,<br />

sobre la endeblez de sus instituciones<br />

y autoridades, las consecuencias de la persistencia<br />

en la miseria de millones de seres humanos, el<br />

también fuerte distanciamiento crítico de los ciudadanos<br />

respecto a los partidos y a los políticos.<br />

La nueva cultura de los derechos humanos, que se<br />

arraigó como una de las claves identificatorias de<br />

las luchas populares contra las dictaduras y que<br />

estuvo en la base de la creciente exigencia para la<br />

profundización de los procesos de justicia transicional,<br />

no ha terminado de proyectarse en el terreno<br />

de los modelos de desarrollo ni de las políticas<br />

públicas en la región. La persistencia de fuertes<br />

márgenes de pobreza e indigencia, así como la<br />

no superación de cuadros de desigualdad escandalosa,<br />

han generado reclamos crecientes en torno<br />

a la asunción de prismas más radicales para<br />

rearticular la emergencia de una nueva cultura<br />

de los derechos humanos que tenga como eje el<br />

combate efectivo contra la pobreza. Esta rearticulación<br />

entre ambos asuntos ha estado en la base<br />

de cambios y giros políticos muy visibles en la<br />

región durante los últimos diez años, muchos de<br />

ellos identificados con el impulso de procesos de<br />

reformas políticas y constitucionales en verdad<br />

“refundacionales”. 1<br />

Sobre el telón de fondo de este giro político,<br />

que en sí mismo no ha estado exento de turbulencias<br />

y conflictos, desde el 2008 se ha sumado<br />

al contexto general de la región el impacto a distintos<br />

niveles de la crisis económica y financie-<br />

ra internacional más importante desde los años<br />

treinta, lo que ha abonado aun más un cuadro de<br />

inestabilidad y temores acrecidos; En un contexto<br />

de fuertes transformaciones de toda índole, en<br />

un escenario de auténtica “encrucijada institucional”,<br />

América Latina y el Caribe (ALC) recibieron<br />

el impacto de una severa crisis internacional, que<br />

venía a poner a prueba radical los cambios en curso<br />

a nivel de las ciudadanías del continente y la<br />

evolución de sus visiones acerca de la democracia<br />

y sus fundamentos.<br />

Fue en ese contexto histórico que el <strong>Instituto</strong><br />

Interamericano de Derechos Humanos (IIDH)<br />

desarrolló una propuesta de trabajo que procura<br />

“centrar la exclusión y los factores que determinan<br />

la pobreza como causa y efecto de violación<br />

de los derechos humanos, teniendo en cuenta las<br />

capacidades de los grupos y entidades civiles, la<br />

doctrina y acción del sistema interamericano y el<br />

papel del Estado en la formulación de políticas públicas<br />

y estrategias de desarrollo inclusivas”. 2 La<br />

propuesta partía de una definición multidimensional<br />

e integral del fenómeno de la pobreza, en<br />

tanto el producto de “estructuras de poder que<br />

reproducen estratificación social y una visión excluyente<br />

que discrimina a vastos sectores del continente”.<br />

Desde esa perspectiva de análisis en verdad<br />

radical, el IIDH ya desde el año 2000 orientó<br />

su compromiso con la promoción de la democracia<br />

y con los derechos humanos bajo la interpelación<br />

de interrogantes como el siguiente: “¿Cuál es la<br />

eficacia de los derechos humanos y qué sentido<br />

tienen para los pobres la democracia y la justicia,<br />

el debido proceso y la participación en el ejercicio<br />

del poder político, el voto y la libertad de expresión,<br />

la igualdad y el crecimiento económico?”<br />

<strong>10</strong>1


Gerardo Caetano<br />

En esa dirección, adaptó sus enfoques en<br />

relación a sus cuatro campos temáticos (“acceso<br />

a la justicia, participación política, derechos económicos,<br />

sociales y culturales y educación en derechos<br />

humanos”) y a sus tres ejes transversales<br />

(“género, diversidad cultural y relación sociedad<br />

civil-Estado”). De ese modo, desde la generación<br />

de una masa crítica que apuntara a una comprensión<br />

más abarcativa y profunda de las causas de<br />

la pobreza, el IIDH impulsó su nueva propuesta<br />

de trabajo con cuatro objetivos centrales: “i) proponer<br />

e incidir en el sistema interamericano para<br />

colocar en su agenda la dimensión de la pobreza;<br />

ii) articular un amplio diálogo entre las organizaciones<br />

civiles y representativas de las personas en<br />

condición de pobreza y el resto de actores de la<br />

sociedad civil; iii) estimular el cumplimiento de<br />

las obligaciones de los Estados en esta materia; y<br />

iv) orientar la organización política del IIDH”. 3<br />

En la adhesión a ese nuevo enfoque de la acción<br />

del IIDH y con el centro analítico radicado en<br />

la interpelación de los procesos de cambio político<br />

que caracterizan la coyuntura latinoamericana actual,<br />

bajo la prueba agregada del impacto de una<br />

crisis global, el texto que sigue se propone examinar<br />

algunas pistas de reflexión para debatir en<br />

torno a nuevas formas de relación entre las construcciones<br />

democráticas y la vigencia de los derechos<br />

humanos en América Latina. En procura de<br />

ese objetivo, se propone como eje central del estudio<br />

la asunción del prisma insoslayable de una<br />

respuesta eficaz e integral al flagelo de la pobreza.<br />

I. ALGUNAS PREMISAS CONCEPTUALES. 4<br />

El “derecho a tener derechos”: hacia una resignificación<br />

de la ciudadanía.<br />

Las discusiones sobre el concepto de ciudadanía<br />

y de democracia ocupan un lugar central en<br />

la agenda política y académica internacional. En<br />

América Latina, el replanteo de estas problemáticas<br />

se anudó en sus comienzos con los efectos<br />

aún persistentes de los procesos de transición a<br />

la democracia en América Latina y a los procesos<br />

de “reacción antipolítica” posteriores al fracaso<br />

estrepitoso de varios gobiernos que aplicaron de<br />

manera ortodoxa las recetas y postulados del llamado<br />

“neoliberalismo”, en boga en el continente<br />

durante buena parte de los 90. Pero no cabe duda<br />

que ya desde hace unos años, el fenómeno que<br />

impulsa más decisivamente este debate tiene que<br />

ver con el advenimiento -en especial en varios países<br />

del subcontinente sudamericano- de gobiernos<br />

de izquierda o de signo más o menos progresista<br />

(Argentina, Bolivia, Brasil, Chile hasta la asun-<br />

<strong>10</strong>2<br />

ción del nuevo gobierno presidido por Sebastián<br />

Piñera, en febrero de 20<strong>10</strong>, Paraguay, Uruguay,<br />

Venezuela). Los mismos, más allá de sus diferencias,<br />

en algunos casos notorias, han sido electos<br />

desde la esperanza de electorados que con claridad<br />

emitían una demanda de cambios profundos<br />

a distintos niveles. La explosión de expectativas<br />

que acompañó y aun acompaña la sucesión de estos<br />

procesos, acrecentada por la coincidencia de<br />

un nutrido calendario electoral en la región en<br />

los próximos años, ha comenzado, sin embargo,<br />

a mitigar algunos de sus signos de renovación, en<br />

medio de señales de impaciencia o de desencanto<br />

ante los desempeños de los nuevos gobiernos.<br />

Más allá de los debates y de las críticas suscitadas<br />

acerca de los modelos aplicados en cada caso, de<br />

los perfiles por cierto diferentes de estas experiencias<br />

en curso, del debilitamiento de las novedades<br />

efectivamente concretadas ante las promesas emitidas<br />

durante los procesos preelectorales, resulta<br />

en verdad muy pesada la carga de exigencias, de<br />

derechos conculcados cuya satisfacción no puede<br />

postergarse más en América Latina, el continente<br />

que se ha convertido en el más desigual del planeta.<br />

La expectativa de cambios y las realidades críticas<br />

que muestran las sociedades latinoamericanas<br />

vuelven absolutamente legítima la impaciencia de<br />

personas cuyo objetivo central podría muy bien<br />

sintetizarse en el objetivo de alcanzar, en algunos<br />

casos por primera vez, el “derecho a tener derechos”,<br />

en suma, convertirse efectivamente en ciudadanos.<br />

A nuestro juicio, en este punto radica<br />

uno de los ejes fundamentales de la encrucijada<br />

institucional en sentido radical que atraviesa el<br />

subcontinente en lo que se refiere al cruce entre<br />

democracia, derechos humanos y superación de la<br />

pobreza en la actualidad.<br />

A nivel de la teoría, el concepto de ciudadanía<br />

está vinculado a las exigencias de justicia y de<br />

pertenencia, de posesión y ejercicio de derechos y<br />

de dimensión personal-comunitaria. La ciudadanía<br />

tiende a asociarse a la idea de derechos individuales<br />

y a la noción de vínculo con un nosotros<br />

particularizado desde la experiencia cotidiana. No<br />

se trata simplemente de un estatuto legal definido<br />

por un conjunto de derechos y responsabilidades,<br />

sino que es también una identidad, la expresión<br />

de la pertenencia a una comunidad política. En un<br />

sentido amplio, la política determina quién obtiene<br />

qué tipo de cosas, refiere en suma de manera<br />

radical al tema del poder en toda sociedad, el que<br />

entre otras cosas se define en ese conjunto de creencias<br />

y sentidos comunes que en todo colectivo<br />

definen la percepción de “lo-que-se-puede-hacer”<br />

y de “lo-que-no-se-puede-hacer”. El “pensamien-


to único” del “neoconservadurismo contemporáneo”<br />

ha planteado la inamovilidad de esa frontera.<br />

Precisamente, lo que caracteriza en forma genérica<br />

una propuesta “progresista” sustentada en una<br />

perspectiva de afirmación efectiva e integral de los<br />

derechos humanos, en todo el mundo contemporáneo<br />

pero tal vez con especial énfasis en América<br />

Latina, es la confrontación radical de esa concepción,<br />

lo que supone la reivindicación irrenunciable<br />

del “derecho a tener derechos” para todos, en<br />

forma concreta, universal y sustentable.<br />

Para ser beneficiario de este tipo de ventajas<br />

cívicas, la condición de ciudadano supone la<br />

pertenencia a: i) una comunidad “psicológica”<br />

que reconozca el valor intrínseco de una persona<br />

o grupo (nacional, étnico, etc.); ii) una comunidad<br />

social que reconozca el estatuto de la persona o<br />

grupo como valioso para la interacción (grupo de<br />

interés, representante, ciudadano, etc.); y iii) una<br />

comunidad interactiva que juzgue y disponga qué<br />

bienes y servicios desea y controla. El estatuto de<br />

una persona o grupo está directamente relacionado<br />

con la proximidad a bienes y servicios. Esto determina<br />

las exigencias de identidad comunitaria<br />

para participar cabalmente de la ciudadanía. 5<br />

En las investigaciones contemporáneas se<br />

propone a menudo una reflexión teórica sobre la<br />

reinvención de la política como nexo redefinidor<br />

de la ciudadanía, de las relaciones entre cultura y<br />

democracia y de las nuevas formas institucionales<br />

de la representación y participación políticas. La<br />

pretensión de estas indagatorias teóricas se orienta<br />

a atender no tanto a los rasgos o actitudes que<br />

caracterizan al ciudadano particularmente considerado,<br />

sino al potencial de revitalización de la<br />

política que permita el fortalecimiento de una sociedad<br />

civil con espacios para comprensiones diferentes<br />

y aún conflictivas sobre la individualidad,<br />

la comunidad, las identidades políticas y culturales,<br />

el ejercicio pleno de los derechos, la legitimidad<br />

de las demandas de desarrollo social, económico<br />

y cultural. Para ello resulta indispensable<br />

explorar conceptos densos de ciudadanía en sus<br />

aspectos de pertenencia y constitución de identidades,<br />

abordando por ejemplo cuestiones como la<br />

relación entre ciudadanía y cultura, identidad y<br />

diferencia. Los conceptos abstractos de “ciudadanía”,<br />

“identidad”, “diferencia”, “cultura política”<br />

y “representación” son hoy cada vez más familiares<br />

en los análisis políticos, como resultado de<br />

transformaciones políticas y culturales recientes<br />

a nivel global, que desafían tanto las nociones de<br />

universalidad y agencia como las tradiciones del<br />

liberalismo, del nacionalismo y del pluralismo.<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

En ese marco, la construcción de nuevos pactos<br />

de ciudadanía, capaces de refundar las lógicas<br />

democráticas y los canales de participación política<br />

de cara a las exigencias de una nueva cultura<br />

de los derechos humanos, afincada en un enfoque<br />

integrador del combate a la pobreza, constituye<br />

uno de los mayores desafíos actuales para repensar<br />

el rumbo de las democracias en el continente.<br />

En efecto, en ese contexto de exigencias convergen<br />

las consecuencias de múltiples transformaciones,<br />

desde la progresiva reformulación de las pautas<br />

tradicionales de representación, legitimidad y<br />

participación, hasta los cambios vigorosos en la<br />

relación entre actores o la revaloración de lo político<br />

y aun de lo público en nuestras sociedades.<br />

También en esa coyuntura más general y estructural<br />

debe ubicarse la peripecia de estos nuevos<br />

gobiernos progresistas en América del Sur y de su<br />

agenda programática. 6<br />

Todo este haz de transformaciones representa<br />

también un desafío para las ciencias sociales y<br />

para el debate propiamente ideológico, pues obliga<br />

a repensar con radicalidad muchos de los modelos<br />

y categorías más utilizados en referencia a los temas<br />

de la democracia, la ciudadanía, el desarrollo<br />

y los derechos. Por tanto la renovación de la mirada<br />

puede ser útil para una comprensión más cabal<br />

de muchos de los procesos mencionados. Esta<br />

última percepción se refuerza al constatar que los<br />

cambios en curso cuestionan varios aspectos de la<br />

interpretación convencional acerca de las relaciones<br />

entre ciudadanía, sociedad civil, democracia<br />

y vigencia de los derechos humanos en nuestros<br />

países, considerados incluso en el largo plazo.<br />

Son muchas las preguntas que surgen desde<br />

la consideración de estos asuntos. ¿De qué<br />

manera se redefine el vínculo entre ciudadanía y<br />

representación política en los nuevos contextos?<br />

¿Bajo qué formas, instituciones y procedimientos<br />

se establecen los nuevos pactos de ciudadanía en<br />

un mundo mass-mediatizado con fuertes poderes<br />

fácticos extra-institucionales? ¿Cómo se vinculan<br />

el concepto de homogeneidad cultural propio del<br />

modelo clásico y universalista de ciudadanía con<br />

los desafíos emergentes del multiculturalismo y<br />

de los Estados “plurinacionales”? ¿Cómo se reformula<br />

la ciudadanía y qué significa representar o<br />

participar en los tiempos de la posmodernidad o<br />

de la llamada por otros modernidad tardía? ¿Qué<br />

cambios o reformas deben sufrir las instituciones<br />

clásicas de la democracia para afrontar estas<br />

nuevas exigencias? ¿Cómo se reconceptualiza la<br />

perspectiva de los derechos humanos para incluir<br />

en ella, de manera central, una consideración más<br />

integral de la pobreza como el fenómeno que en<br />

<strong>10</strong>3


Gerardo Caetano<br />

el continente coadyuva en forma más decisiva<br />

con la mayor parte de las situaciones de violación<br />

flagrante de los mismos? ¿Cómo se reformula la<br />

noción de Estado, de modelo de desarrollo y de<br />

las políticas públicas para encarar estas demandas<br />

impostergables? ¿De qué manera se reformulan,<br />

de cara a estos nuevos desafíos, los instrumentos<br />

e instituciones para la promoción y el resguardo de<br />

estrategias de respeto y satisfacción de los derechos<br />

humanos, tanto a nivel nacional como interamericano?<br />

¿Cómo se alcanza una operatividad manifiesta<br />

para las ideas y propuestas innovadoras en<br />

la materia?<br />

Algunos desafíos teóricos: de modelos y<br />

secuencias rígidas a una renovación analítica<br />

desde la pluralidad<br />

En la dirección que demandan estas y otras<br />

preguntas similares, se impone reseñar algunas<br />

notas teóricas a propósito de ciertos ejes contemporáneos<br />

sobre la cuestión de la ciudadanía, las<br />

formas de representación política y las políticas<br />

de integración social. En primer término, los estudios<br />

más recientes sobre estos temas han tomado<br />

como punto de partida casi insoslayable cierto<br />

consenso tácito respecto a la caducidad o la insuficiencia<br />

de muchas de las visiones y modelos<br />

interpretativos tradicionales sobre este tipo de<br />

problemáticas. Por ejemplo, más allá de algunos<br />

méritos persistentes, 7 el modelo de Marshall aparece<br />

cuestionado –teórica y empíricamente- por la<br />

reflexión académica contemporánea en el campo<br />

de las ciencias sociales.<br />

Sin embargo, no es sólo el modelo de Marshall<br />

y su capacidad explicativa lo que hoy se pone<br />

en tela de juicio, sino también aquellos planteos<br />

que en algún sentido se formularon como sus alternativas.<br />

Tomemos, por ejemplo, el caso singular<br />

de los autores que han tratado de explicar el<br />

derrotero de las viejas experiencias populistas latinoamericanas<br />

(de los años 40 y 50 fundamentalmente)<br />

como fruto de secuencias diversas y hasta<br />

inversas a la de Marshall, proponiendo diferencias<br />

no sólo de ruta sino también de categorías conceptuales<br />

básicas, como las de ciudadanía regulada o<br />

democracia participativa, o a través de consideraciones<br />

diferentes y novedosas sobre los alcances<br />

del Welfare State 8 .<br />

La revisión crítica en curso y sus desafíos<br />

teóricos parecen empujar decididamente en una<br />

dirección exploratoria de enfoques novedosos y<br />

plurales. En ese sentido, a partir de experiencias<br />

concretas de análisis comparado, aparece cuestionada<br />

hasta la posibilidad (también la pertinencia)<br />

<strong>10</strong>4<br />

de una modelización rígida de procesos como el<br />

de la expansión de la ciudadanía y los de fortalecimiento<br />

de la representación y la participación políticas,<br />

mucho más si se trata de una modernización<br />

amplia que pretenda abarcar a la mayoría de<br />

los casos nacionales en la diversidad característica<br />

de un continente como América Latina.<br />

Se trata por cierto de una revisión teórica que<br />

trasciende los límites de la Ciencia Política latinoamericana,<br />

para apuntar a una problemática que<br />

también preocupa a otras disciplinas y en otras<br />

latitudes. 9 En el debate de la cuestión aparecen<br />

involucrados algunos de los temas más relevantes<br />

de la reflexión politológica contemporánea:<br />

los sustentos de las nuevas teorías democráticas;<br />

la consistencia y especificidad de lo político; las<br />

relaciones entre partidos, Estado y sociedad civil;<br />

las pautas de reconfiguración de las relaciones entre<br />

cultura y democracia; los fundamentos de una<br />

nueva cultura democrática; los cruzamientos entre<br />

lógicas ciudadanas y otras lógicas (étnicas, de<br />

género, de clase, corporativas, etc.); las redefiniciones<br />

en torno a la noción de espacio público y sus<br />

modalidades de construcción y conceptualización;<br />

la cuestión de los procesos de constitución y renovación<br />

del significado de las identidades políticas,<br />

sociales y culturales; las tensiones en la construcción<br />

de ciudadanía, identidad y diferencia, entre<br />

enfoques y tradiciones más universalistas o más<br />

particularistas; los nuevos tópicos e itinerarios de<br />

los debates sobre este particular desde tradiciones<br />

ideológicas diferentes como el liberalismo, el republicanismo<br />

y el comunitarismo; las reformas o<br />

transformaciones en las instituciones democráticas<br />

en procura de mejorar sus capacidades representativas<br />

y participativas; los vínculos estrechos<br />

entre reconceptualización democrática y asunción<br />

plena de una perspectiva radical de derechos humanos;<br />

la incorporación efectiva de las demandas<br />

de cumplimiento y monitoreo efectivos sobre los<br />

derechos económicos, sociales y culturales (los ya<br />

famosos “DESC”); entre otros.<br />

Para atender este tipo de requerimientos ya<br />

no bastan las interpretaciones tradicionales sobre<br />

los procesos de configuración de las democracias<br />

occidentales y el espacio y consideración de los<br />

derechos humanos en ellos. Tampoco resultan<br />

demasiado fecundas las estrategias heurísticas de<br />

índole sociocéntrica que imperaron en los años<br />

sesenta y setenta, las cuales tendieron a visualizar<br />

los fenómenos políticos como meros epifenómenos<br />

subordinados a los avatares de otras áreas<br />

del acontecer social. Como hemos dicho, en las<br />

condiciones actuales, la exploración teórica y conceptual<br />

se vuelve más libre y abierta; parece más


interesada en abarcar la pluralidad de las preguntas<br />

y significaciones analíticas, que en modelizar<br />

urbi et orbi las nuevas explicaciones.<br />

En esta dirección, tal vez se requiera antes<br />

que nada un ejercicio teórico que ponga de manifiesto<br />

las múltiples implicaciones de un proceso<br />

de fundación y expansión de la ciudadanía<br />

democrática en tanto implantación de todo un<br />

modelo de asociación política fundado en la vigencia<br />

de una perspectiva de derechos humanos,<br />

con sus múltiples implicaciones: delimitación de<br />

lo privado y lo público; establecimiento de ideales<br />

morales con pretensión genuinamente universalista;<br />

construcción de síntesis superadoras entre<br />

tradiciones, lealtades cívicas y recursos diversos<br />

de cultura política; dimensión de pacto (social,<br />

étnico, cultural) renovado y realizable; convocatoria<br />

a interlocuciones competentes y responsables;<br />

emergencia de relatos y referentes colectivos con<br />

legitimidad aceptada; rediseño eficaz de los arreglos<br />

institucionales; reinvención de las pautas de<br />

solidaridad, de integración y de resolución de las<br />

asimetrías y particularismos sociales de diversa<br />

índole; entre otras muchas que podrían citarse.<br />

A partir del reconocimiento de esta multiplicidad<br />

de significados, el análisis de los procesos<br />

de expansión de la ciudadanía y de renovación del<br />

vínculo entre democracia y derechos humanos en<br />

los actuales contextos cobra otras proyecciones.<br />

Se trata en suma de estudiar fenómenos que se articulan<br />

directamente con la constitución de nuevas<br />

matrices políticas y sociales que tengan como<br />

base primera la lucha frontal contra la pobreza y<br />

la exclusión.<br />

En este marco, si un buen punto de partida<br />

para afrontar el replanteamiento de esta temática<br />

supone escapar de modelizaciones rígidas y<br />

diseñar una estrategia teórica y heurística que recoja<br />

antes que nada la pluralidad de los procesos<br />

estudiados, la agenda de temas y de perspectivas<br />

analíticas que deben explorarse no puede menos<br />

que desbordar los límites estrechos de cualquier<br />

disciplina y aun de la propia academia, reforzando<br />

por ejemplo una profundización del diálogo entre<br />

políticos e intelectuales. Esto no significa que los<br />

estudios más clásicos sobre democracia, ciudadanía<br />

y derechos humanos ya no sirvan más. De lo<br />

que se trata es de asumir las exigencias renovadas<br />

que indican que para profundizar en el análisis de<br />

estos temas hoy resulta imperativo el ampliar los<br />

repertorios de asuntos, preguntas e interpelaciones<br />

conceptuales. En esta dirección, el estudio de los<br />

itinerarios de las prácticas y modelos ciudadanos<br />

adquiere a nuestro juicio una relevancia singular.<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

Retos e interpelaciones para “democratizar<br />

la democracia” en América Latina<br />

A pesar de la alarma que producen los acontecimientos<br />

vividos en Honduras y a los perfiles autoritarios<br />

y confrontativos que exhiben los contextos<br />

políticos de distintos países latinoamericanos, no<br />

parece que se esté en el continente en los umbrales<br />

de una nueva era de dictaduras civil-militares al<br />

estilo de las de los años setenta. Sí en cambio las<br />

preocupaciones se centran en la deriva autoritaria<br />

de varios gobiernos, en los embates polarizadores<br />

de oposiciones irreductibles, en situaciones de confrontación<br />

profunda e inestable y en la emergencia<br />

de formatos de lo que más de un autor ha llamado<br />

“democracias de baja intensidad” o “democracias<br />

inciertas”. Desde luego, a una “democracia de baja<br />

intensidad” suele corresponder una “ciudadanía de<br />

baja intensidad”. Para que la ciudadanía activa opere<br />

como sustento de la democracia, no sólo es necesario<br />

que prevalezcan y se reproduzcan los valores<br />

democráticos (la libertad, la justicia, la tolerancia,<br />

el control del poder, etc.) dentro de la comunidad,<br />

sino también que existan instituciones y reglas que<br />

permitan canalizar las demandas y propuestas de<br />

todos los ciudadanos, más allá de las diferencias<br />

sociales, étnicas, culturales o de otro tipo. Como se<br />

señalaba en el informe sobre el estado de la democracia<br />

en América Latina, presentado por el PNUD<br />

hace ya varios años: “... aun en regiones donde el<br />

sistema legal tiene alcance, suele ser aplicado con<br />

sesgos discriminatorios contra varias minorías y<br />

también mayorías, tales como las mujeres, ciertas<br />

etnias y los pobres. Este sistema legal truncado genera<br />

lo que se ha llamado una ciudadanía de baja<br />

intensidad.” <strong>10</strong><br />

Por definición, toda construcción democrática<br />

resulta inacabada e inacabable, vive en el<br />

cambio y a través del cambio. Democratizar la<br />

democracia constituye una tarea compleja, que<br />

con seguridad demandará en el corto plazo reformas<br />

políticas, institucionales, electorales y sociales,<br />

pero que también deberá enfatizar en las<br />

dimensiones del poder tal como éste se ejerce a<br />

diferentes niveles de la sociedad, en la satisfacción<br />

de demandas urgentes y concretas que refieren a<br />

los dramas de la pobreza y de la indigencia, en la<br />

educación en principios democráticos de la ciudadanía,<br />

así como en la reafirmación y renovación<br />

de aspectos sustantivos de una nueva cultura política<br />

de los derechos humanos. En otras palabras,<br />

a contramano de algunas propuestas simplistas,<br />

las demandas no se agotan en la apelación –a menudo<br />

retórica y sin correspondencia efectiva en la<br />

realidad- a mayores cauces de participación social,<br />

<strong>10</strong>5


Gerardo Caetano<br />

como vía de configuración de una “democracia<br />

participativa” que tendería paulatinamente a sustituir<br />

a la “democracia representativa” clásica, en<br />

una lógica de alternativa rígida sin posibilidades<br />

de síntesis superadoras. Por cierto que también se<br />

necesitan cambios estructurales más profundos y<br />

concretos, dentro de los cuales resulta necesario<br />

incluir propuestas (específicas y no meramente<br />

enunciativas) sobre cómo implementar una democracia<br />

inclusiva que a la vez pueda ser más<br />

efectivamente participativa y mejorar de modo simultáneo<br />

la calidad de las políticas públicas y de<br />

la representación que les otorga legitimidad. Pero<br />

las exigencias resultan mucho mayores: se busca<br />

que la trayectoria de las democracias latinoamericanas<br />

apunte a la prioridad de rearticular la satisfacción<br />

de los derechos humanos y la superación<br />

de la pobreza como pilares de nuevos modelos de<br />

desarrollo de crecimiento y equidad.<br />

Como es sabido, los debates académicos e<br />

ideológicos acerca de las definiciones y contenidos<br />

de la democracia, además de eternos, viven en estos<br />

tiempos una coyuntura especialmente agitada.<br />

Hoy enfrentamos un nuevo problema que ha dado<br />

en calificarse como el de la “confusión democrática”:<br />

bajo el rótulo prestigioso y hoy incontrastable<br />

de la democracia se “hacen pasar” contenidos y<br />

prácticas muy poco democráticos, lo que redobla<br />

la exigencia de una mirada rigurosa y atenta, lejana<br />

por igual de la autocomplacencia conformista<br />

como del atajo catastrofista.<br />

Teniendo en cuenta las dificultades y la indeseabilidad<br />

de cualquier posición absolutista en<br />

sociedades democráticas, a la hora de respetar la<br />

heterogeneidad interna que marcan las complejas<br />

y plurales sociedades de la América Latina contemporánea,<br />

no podemos aspirar a respuestas<br />

concluyentes ni mucho menos a recetas aplicables<br />

a tan distintos contextos. Lo que sí podemos promover<br />

es la renovación de espacios de discusión<br />

político-intelectual de proyección efectivamente<br />

regional, en los que, entre otras cuestiones, sea<br />

posible debatir de manera consistente y sin “dobleces”<br />

sobre ciertos “filtros conceptuales” inclaudicables<br />

para la calificación de una democracia genuina,<br />

para precisar qué pertenece o no al ámbito<br />

de la política democrática, qué significa o no ser<br />

un ciudadano, cómo incorporar las dimensiones<br />

comunitarias y étnicas en las fraguas de sistemas<br />

políticos que legítimamente pueden reivindicar su<br />

condición plurinacional, 11 analizar (en el respeto a<br />

la diversidad pero también desde el reconocimiento<br />

de la necesaria convergencia de principios irrenunciables)<br />

a qué democracia aspiramos, cómo es<br />

que han devenido las que son a través de los ava-<br />

<strong>10</strong>6<br />

tares de nuestras historias y cómo pueden llegar<br />

a ser. Si se trata de responder con rigor a demandas<br />

de esta envergadura, el prisma analítico de los<br />

derechos humanos debe servir como instrumento<br />

de interpelación concreta, lo que en América Latina<br />

no puede sino afincarse en la exigencia por<br />

la incorporación del protagonismo de los pobres y<br />

excluidos. Eludir esta demanda o interponer ante<br />

ella una respuesta inconvincente equivale entre<br />

nosotros a escapar de la agenda prioritaria.<br />

Es cierto que una cosa es cómo funciona de<br />

hecho una democracia particular y bien otra cómo<br />

deseamos que se estructure y satisfaga demandas<br />

concretas en la vida cotidiana. Las democracias<br />

varían con el tiempo, con las circunstancias<br />

históricas y hemos de convenir que la defensa de<br />

cualquier concepción, tanto de democracia como<br />

de ciudadanía o de derechos humanos, mueve no<br />

sólo justificaciones económicas, políticas e incluso<br />

psicológicas, sino también sociales y culturales.<br />

Significa en su dimensión más profunda la rediscusión<br />

de la legitimidad del poder y de su ejercicio<br />

concreto en el día a día. A su vez, una definición de<br />

ciudadanía no escapa a lo implícito –y explícito- del<br />

proceso histórico de su adquisición específica. Sin<br />

embargo, después de todo lo ocurrido en la región<br />

y en el mundo en los últimos 25 años, los usos<br />

conceptuales de la voz democracia y sus implicaciones<br />

específicas en el campo de la perspectiva de<br />

los derechos humanos, requieren límites y alcances<br />

más precisos pero también más profundos que<br />

en décadas anteriores. 12<br />

Nuevos indicadores y conceptos para calificar<br />

las democracias<br />

Esta exigencia renovada en el plano de las definiciones<br />

incorpora ciertas dimensiones clásicas<br />

del debate pero no cabe duda que hoy resulta imprescindible<br />

la asunción de retos nuevos, de exigencias<br />

de renovación insoslayables, de cara a las<br />

consecuencias políticas de muchos de los cambios<br />

de las sociedades contemporáneas. En ese sentido,<br />

los índices definidores y operativos de una democracia<br />

enfrentan actualmente desafíos importantes<br />

y en ciertos aspectos inéditos. Los indicadores<br />

tradicionales de autores clásicos como Robert<br />

Dahl (derecho al voto, derecho a ser elegido, derecho<br />

a la competencia política, elecciones libres<br />

y justas, libertad de asociación, libertad de expresión,<br />

existencia de fuentes alternativas de información,<br />

solidez de las instituciones, sustentatibilidad<br />

de las políticas públicas, etc.), por ejemplo,<br />

en su aplicabilidad concreta a las condiciones de<br />

muchos países del planeta, enfrentan exigencias y


dificultades renovadas. Lo mismo podría señalarse<br />

respecto a muchos otros autores e índices internacionales.<br />

13 Si resulta por demás claro que en un<br />

continente como el de América Latina, las definiciones<br />

procedimentales minimalistas (elecciones<br />

libres, sufragio universal, participación plena, libertades<br />

civiles) son insuficientes, la aplicabilidad<br />

y conceptualización de definiciones de democracia<br />

desde opciones ampliadas o maximalistas (que<br />

incorporan otros indicadores como las exigencias<br />

de que los gobernantes electos tengan poder efectivo<br />

para gobernar o que existan ciertos niveles básicos<br />

de equidad socio-económica y altos niveles<br />

de participación popular) también se ven interpeladas<br />

desde diversas perspectivas. Adviértase, por<br />

ejemplo, la amplificación de los debates en torno<br />

a la idea de la justicia, desde tradiciones como la<br />

del pensamiento de John Rawls hasta desarrollos<br />

más contemporáneos como los que aparecen en<br />

los últimos trabajos de Amartya Sen, 14 y podrá<br />

registrarse la envergadura de una rediscusión a<br />

fondo de la teoría democrática y de sus exigencias<br />

actuales en el campo de los derechos humanos y<br />

en el de la superación de la pobreza.<br />

En lo que se refiere a un marco de análisis<br />

más específicamente político, téngase en cuenta,<br />

por ejemplo, las dudas que podrían emerger<br />

de un cuadro de análisis que aplicara una regla<br />

de evaluación rigurosa e independiente sobre la<br />

situación de todos y cada uno de los actuales gobiernos<br />

de América Latina en general y de América<br />

del Sur en particular, en relación a factores como<br />

los que integran la reseña que sigue: manipulación<br />

de leyes electorales, usos clientelísticos, presiones<br />

y acciones directas promovidas desde los entornos<br />

gobernantes, convocatorias electorales de dudosa<br />

constitucionalidad y de uso plebiscitario a favor de<br />

los proyectos oficialistas, impulso de proyectos de<br />

reforma constitucional signados por la coyuntura,<br />

restricciones a medios de comunicación opositores<br />

o manipulación directa o indirecta de medios<br />

afines, escrutinios cuestionables en las instancias<br />

electorales, peso de poderes fácticos y extraterritoriales,<br />

circuitos ilegales o ilegítimos de financiamiento<br />

de las acciones partidarias, restricciones<br />

a los sistemas públicos y privados de contralor,<br />

presiones sobre los poderes judiciales, la consideración<br />

efectiva de los procedimientos legales e<br />

institucionales, entre otros que podrían agregarse.<br />

Si a estos factores de perfil más “procedimental”<br />

le sumáramos otros con proyección más<br />

socio-política (distorsiones profundas en el ejercicio<br />

de los derechos humanos a partir de niveles<br />

especialmente graves de pobreza, indigencia y<br />

desigualdad; impacto de la violencia a distintos<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

niveles como terrorismo de Estado, inseguridad<br />

ciudadana, narcotráfico, organizaciones delictivas<br />

de nivel macro; prácticas generalizadas de<br />

corrupción; desigualdades flagrantes en términos<br />

de poder; inseguridad jurídica; insatisfacción de<br />

los derechos económicos, sociales y culturales de<br />

amplios sectores de la sociedad; etc.), con seguridad<br />

se podrá convenir en un panorama no homogéneo<br />

pero sí con preocupaciones severas y<br />

perfiles críticos respecto a la situación general y<br />

particular de las democracias del continente. En<br />

cualquier hipótesis, pocos podrán rechazar con<br />

fundamento que el impacto de la crisis global actual<br />

viene a profundizar los fundamentos de un<br />

imperativo histórico en la región: la necesidad de<br />

democratizar la democracia.<br />

El problema de la definición de la ciudadanía,<br />

central en estos renovados debates sobre el<br />

concepto político y social de democracia, no sólo<br />

se refiere a los cambios sociales en sociedades<br />

democráticas sino que es también un problema<br />

histórico y antropológico. 15 Para ello, si hemos<br />

de realizar una propuesta de democratización de<br />

nuestras democracias actuales, resulta imperativo<br />

antes que nada abrir espacios tanto para la crítica<br />

de nuestro quehacer sobre ésta, así como instancias<br />

de debate público que nos permitan hacernos<br />

cargo de las caras y contracaras de un sistema<br />

cívico siempre en transformación y sometido a<br />

fraguas interminables. Los debates y la reflexión<br />

sobre las cuestiones a atender en un proceso de<br />

democratización de estas proyecciones implican,<br />

a la vez, la discusión sobre qué valores democráticos<br />

se pretende preservar y promover y cuál es el<br />

alcance de su proyección específica en el campo<br />

de una visión integral de los derechos humanos. Y<br />

ésta última, en América Latina, hoy debe priorizar<br />

el reto interpelante de la pobreza y sus múltiples<br />

consecuencias. Y aquí, sin duda, nos encontraremos<br />

también frente a miradas a su vez diversas.<br />

Desde nuestra perspectiva esto implica reconsiderar<br />

las configuraciones del poder, que<br />

ocurren no sólo a nivel de las especializaciones<br />

que recortan -cada cual a su modo- aspectos parciales<br />

de la realidad, sino a través de una efectiva<br />

redistribución del poder de las distintas elites<br />

y actores en juego, a sabiendas que este tipo de<br />

procesos se definen en el conjunto del sistema de<br />

relaciones y prácticas que articulan, constituyen y<br />

organizan las relaciones sociales en su conjunto.<br />

Cabe señalar que no es posible asumir que todos<br />

los elementos de un contexto están disponibles de<br />

una buena vez para ser utilizados en la comprensión<br />

de una democracia determinada. Sólo especificando<br />

y contextualizando es posible mostrar las<br />

<strong>10</strong>7


Gerardo Caetano<br />

conexiones entre estructuras, relaciones, procesos,<br />

ensamblajes de poder y diferentes registros de<br />

significación. Pero lo que aquí importa es brindar<br />

un panorama general de algunas cuestiones para<br />

realizar en otras instancias las especificaciones de<br />

cada registro señalado.<br />

Todo esto se radicaliza en sus alcances y en<br />

sus exigencias analíticas cuando se estudia la (re)<br />

visión de ciudadanías en transformación, en el<br />

marco de democracias diversas dentro de un continente<br />

siempre heterogéneo y fragmentado. En<br />

especial esto se radicaliza cuando la región experimenta<br />

los variados y profundos impactos de<br />

una crisis global que no nació en ninguno de sus<br />

países pero que, en mayor o menor medida, los<br />

impacta a todos con una profundidad considerable.<br />

Contextualizar estas visiones en un contexto<br />

de crisis global como la que se encuentra en curso<br />

involucra muchas tareas, entre ellas la que apunta<br />

al esfuerzo de poner en claro los diversos elementos<br />

vinculantes de una constelación política dada.<br />

No resulta pertinente ni tal vez posible reducir la<br />

perspectiva sobre el poder al tema del Estado ni<br />

abogar sólo por cuestiones procedimentales, arreglos<br />

institucionales y constitucionales, ya que de<br />

este modo pudiera pensarse que tanto el conflicto,<br />

como las luchas políticas y sociales, propias de<br />

cualquier democracia deseable y particularmente<br />

relevantes para entender lo que ocurre en las<br />

sociedades latinoamericanas actuales, quedarían<br />

muy restringidos en este contexto. Desde una<br />

perspectiva que entiende que la historia no tiene<br />

un propósito predeterminado ni mucho menos teleológico,<br />

al intentar iluminar el presente, desde<br />

este recorte, no se pretende clausurar en modo alguno<br />

la interpretación sobre nuestro pasado sino,<br />

por el contrario, se busca abrirlo en su contingencia<br />

más radical, habilitando siempre nuevas instancias<br />

de discusión sobre el mismo.<br />

El enfoque de los derechos en una “democracia<br />

de ciudadanos”<br />

¿Qué democracia pretendemos democratizar?<br />

Como anotáramos, lo que habitualmente<br />

consideramos como “normalidad” democrática<br />

suele referirse, de modo general, al ejercicio de<br />

nuestro derecho al voto, de nuestras libertades,<br />

al normal funcionamiento de los tres poderes<br />

del Estado, etc. Estas cuestiones suelen ser vistas<br />

como indicadores de nuestra estabilidad democrática,<br />

del logro de la institucionalización de<br />

nuestros derechos fundamentales. Sin embargo,<br />

esta “normalidad” encubre la enorme distancia<br />

que existe entre el ejercicio del voto y el ejerci-<br />

<strong>10</strong>8<br />

cio efectivo (real) de nuestros derechos humanos<br />

y ciudadanos. Encubre también lo que refiere a la<br />

aplicación eficiente de las normas e ideales de justicia<br />

y las posibilidades reales de fortalecimiento<br />

de una sociedad civil que logre organizar, expresar<br />

y sostener una ciudadanía democrática integral.<br />

Para esto, es imperioso advertir que la exclusión<br />

social de los pobres supone en los hechos su exclusión<br />

del ejercicio cabal de los derechos de la<br />

ciudadanía política. ¿Cómo atender a un modelo<br />

de ciudadanía más diversificado y pluralista, basado<br />

en demandas de inclusión y de transformación<br />

de las comunidades políticas existentes, por parte<br />

de distintos grupos marginados en diferentes contextos<br />

culturales e históricos?<br />

La organización política de la vida social resulta<br />

prioritaria en la agenda de una propuesta<br />

política inclusiva y esto se advierte de modo muy<br />

particular en los procesos contemporáneos en<br />

América del Sur. ¿Cuáles serían los modos de fortalecerla?<br />

¿Qué elementos podemos encontrar en<br />

nuestras sociedades para lograr una revitalización<br />

democrática? ¿Cómo fomentar que las instituciones<br />

en vigencia –no sólo de los Estados nacionales<br />

sino del sistema interamericano y de los bloques<br />

de integración o concertación regional- atiendan<br />

al empoderamiento efectivo del ciudadano común<br />

y de sus organizaciones primarias, tanto en el conocimiento<br />

como en la viabilización del ejercicio<br />

real de sus derechos, instalados además en esa<br />

intersección ineludible entre comunidad y persona<br />

que resulta tan central en muchos países latinoamericanos?<br />

¿Cómo profundizar de acuerdo a<br />

las exigencias de marginalidades ancestrales y en<br />

un contexto de crisis esa dimensión emergente de<br />

nuevas formas de “democracias de ciudadanos”?<br />

¿Cómo recombinar derechos y acciones sociales<br />

en el reconocimiento de esa acrecida pluralidad de<br />

identidades, intereses, autonomías y reivindicaciones<br />

que caracteriza a las ciudadanías del continente?<br />

¿Cuáles son los vectores e instrumentos<br />

más idóneos para promover esos cambios? ¿Qué<br />

papel juegan las leyes y las constituciones en un<br />

país democrático? ¿Hasta dónde es posible cambiar<br />

la política sin revisarlas? ¿Hasta dónde llegan<br />

nuestros derechos de inclusión? ¿Cómo se hace<br />

para que dejen de ser meramente formales? ¿Cuáles<br />

son nuestras instituciones de base a través de<br />

las cuales canalizar este tipo de propuestas y de<br />

satisfacción de demandas desde lógicas efectivamente<br />

ciudadanas y no en lógicas de “hipermovilización”<br />

pero de contornos fragmentarios y particularistas?<br />

¿Cuáles son en cada caso las virtudes y<br />

los peligros en juego? Tal vez el registro del impacto<br />

en el continente de una crisis global, como se


ha señalado, con sus múltiples efectos políticos,<br />

aporte posibilidades inesperadas para contribuir a<br />

responder con mayor consistencia varias de estas<br />

preguntas.<br />

Hoy resulta claro que las instituciones del<br />

Estado y las instituciones políticas no aseguran<br />

por sí solas un buen gobierno democrático y mucho<br />

menos la satisfacción de los derechos fundamentales.<br />

La democracia se funda también en ciudadanos<br />

individuales y en la acción de colectivos<br />

muy diversos y cambiantes, de proyección social y<br />

política, pero también comunitaria, étnica, de género,<br />

religiosa. Para ser efectivas, estas nuevas democracias<br />

han de proteger y comprometerse con<br />

el debate sobre los derechos económicos, sociales<br />

y culturales de nuevo cuño, en la posibilidad de su<br />

ejercicio real y de sus responsabilidades inherentes.<br />

En este tipo de indagatorias cívicas y mucho<br />

más dentro de un contexto de transformación y<br />

de crisis global, se requiere de la participación de<br />

organizaciones sociales y políticas de diversos orígenes<br />

y proyecciones, de acuerdo a las trayectorias<br />

y características diferentes de cada país. Esto involucra<br />

averiguar también en qué consiste la membresía<br />

de los ciudadanos con respecto a la amplia<br />

y cambiante red de nuestras instituciones en vigencia.<br />

El empoderamiento de nuestro ciudadano<br />

del siglo XXI pasa por la capacidad que tengan los<br />

agentes sociales y políticos para escuchar, atender<br />

y promover el interés y las actividades del ciudadano<br />

común, intentando salvar las distancias entre<br />

sus aspiraciones democráticas y los modos en los<br />

que estas se pueden ir completando adecuadamente<br />

en el ejercicio concreto de los derechos. ¿Cómo<br />

hacerlo posible?<br />

Las discusiones sobre el concepto de ciudadanía<br />

abarcan hoy todo el espectro político.<br />

Desde fines de los años ochenta, el concepto de<br />

ciudadanía se utiliza en debates teórico-políticos<br />

tan dispares como los que surgen de la reseña<br />

siguiente de asuntos: los Estados de bienestar,<br />

gobernabilidad, recombinación de formas comunitarias<br />

y autonomía del sujeto individual,<br />

derechos humanos, educación, libre expresión,<br />

rearticulación entre pluralismo cultural e igualdad<br />

política, fracaso en el apoyo voluntario de los<br />

individuos a políticas de medio ambiente, apatía<br />

de votantes, ágora mediática, entre otros muchos.<br />

Los estudios de los años setenta y ochenta<br />

se centraron fundamentalmente en problemas<br />

estructurales estatales restando importancia al<br />

ciudadano. Si bien en cualquier análisis de la ciudadanía<br />

el Estado es el mediador que equilibra lo<br />

legal con lo legítimo, 16 no es posible omitir hoy<br />

que una adecuada concepción de la ciudadanía<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

parece requerir un equilibrio entre derechos y<br />

responsabilidades, así como una toma de posición<br />

frente al controvertido tema de la participación<br />

democrática y su promoción. T.H. Marshall<br />

en su clásico “Citizenship and Social Class”<br />

de 1949, definía la ciudadanía en términos de<br />

posesión de derechos. Para Marshall cada uno<br />

debía de ser tratado como un miembro pleno en<br />

una sociedad de iguales. Como vimos, a nivel de<br />

la teoría, el concepto de ciudadanía está vinculado<br />

a las exigencias de justicia y de pertenencia<br />

comunitaria.<br />

La ciudadanía sugiere entonces una tensión<br />

permanente entre los diferentes componentes que<br />

articulan la identidad política y colectiva de los<br />

miembros de una sociedad democrática. Se trata<br />

de un concepto político con pretensiones de universalidad,<br />

que encarnan individuos particulares<br />

en una tensión que constituye la arena de conflictos<br />

abiertos y latentes. Pertenencia y responsabilidad<br />

son caras de la misma moneda pero es claro<br />

que no alcanza con eso, sobre todo si asumimos<br />

las claves conceptuales más radicales de los derechos<br />

humanos y la pobreza. Ya si pensamos en el<br />

proceso de globalización, en la pertenencia a aldeas<br />

o junglas globales, el sentido de desarraigo resulta<br />

bastante generalizado y por motivos diversos.<br />

Cuando lidiamos con el uso clásico de la ciudadanía,<br />

lo que juega un rol importante es el tema de<br />

las inclusiones y las exclusiones, un viejo problema<br />

que tiene nuevos giros con el aumento de la<br />

emancipación de grupos minoritarios, los ataques<br />

al Estado de bienestar y los problemas en torno a<br />

la marginalización. Y estas discusiones alcanzan<br />

una relevancia superlativa en torno al contexto<br />

latinoamericano, en el que el impacto previsible<br />

de la crisis apunta, como veremos, a una desaceleración<br />

en el combate a la pobreza y a una más<br />

difícil promoción de políticas redistributivas cuya<br />

implementación es impostergable. De este modo<br />

el impacto de la crisis global se despliega sobre<br />

una América Latina en tránsito de cambios políticos<br />

inciertos, con ciudadanías sensibilizadas<br />

sobre los tópicos del cruce renovado entre democracia<br />

y derechos humanos en el seno de sus<br />

respectivas sociedades políticas. Se trata sin duda<br />

de una coyuntura especial, que sirve como observatorio<br />

privilegiado e indispensable para abordar<br />

estos temas.<br />

Sobre los sentidos de la democracia<br />

Queda claro entonces que no se puede pretender<br />

reducir la perspectiva sobre el poder al Estado<br />

ni abogar sólo por cuestiones procedimentales,<br />

arreglos institucionales y constitucionales, ya<br />

<strong>10</strong>9


Gerardo Caetano<br />

que de este modo pudiera pensarse que tanto el<br />

conflicto, como las luchas, propias de cualquier<br />

democracia deseable, quedarían excluidos en este<br />

contexto. En este sentido, ninguna democracia, ni<br />

siquiera la más institucionalizada, no se sostiene<br />

exclusivamente en una suerte de monopolio de las<br />

“mallas” de la representación política por parte de<br />

sus partidos políticos. De aquí la propuesta sobre<br />

la necesidad de no limitar los procesos de politización<br />

y de búsqueda de los modos de alentar la<br />

participación de la sociedad en su conjunto en el<br />

marco de un proceso de democratización que los<br />

tenga como actores políticos monopólicos. Desde<br />

una perspectiva que entiende que la historia no<br />

tiene un propósito predeterminado ni mucho menos<br />

teleológico, al intentar iluminar el presente,<br />

desde este recorte, no pretendemos clausurar en<br />

modo alguno la interpretación sobre nuestro pasado<br />

sino, por el contrario, pretendemos abrirlo en<br />

su contingencia más radical, habilitando siempre<br />

nuevas instancias de discusión sobre el mismo.<br />

A más de doscientos años de sus orígenes<br />

modernos con la revolución de 1789, el concepto<br />

de ciudadanía relacionado con las ideas de derechos<br />

universales, libertad de expresión y libertad<br />

política sobre la base de la “voluntad popular”,<br />

hoy da lugar a nuevas situaciones problemáticas y<br />

“revolucionarias”, que alteran no sólo los panoramas<br />

políticos locales sino también los internacionales.<br />

Eventos políticos que se registran en todo<br />

el mundo han mostrado que el vigor y la estabilidad<br />

de una democracia moderna no dependen<br />

solamente de la justicia de su “estructura de base”<br />

sino también de las cualidades y actitudes de sus<br />

ciudadanos. 17<br />

Los estudios de los años setenta y ochenta<br />

se centraron fundamentalmente en problemas<br />

estructurales estatales restando importancia al<br />

ciudadano. Si bien en cualquier análisis de la ciudadanía<br />

el Estado es el mediador que equilibra lo<br />

legal con lo legítimo, 18 no es posible omitir hoy<br />

que una adecuada concepción de la ciudadanía<br />

parece requerir un equilibrio entre derechos y responsabilidades,<br />

así como una toma de posición<br />

frente al controvertido tema de la participación<br />

democrática y su promoción. T.H. Marshall en<br />

“Citizenship and Social Class” de 1949 definía la<br />

ciudadanía en términos de posesión de derechos.<br />

Para Marshall cada uno debía de ser tratado como<br />

un miembro pleno en una sociedad de iguales.<br />

Desde la garantía de la democratización y extensión<br />

de los derechos civiles, políticos y sociales<br />

a todos, el Estado de bienestar liberal democrático<br />

supuestamente asegura que cada integrante de la<br />

sociedad se sienta como un miembro pleno, capaz<br />

1<strong>10</strong><br />

de participar y disfrutar de la vida en común. Este<br />

punto de vista ha recibido varias críticas. Entre estas,<br />

una se refiere a la consideración de la ciudadanía<br />

como derivada de las nociones de democracia<br />

y de justicia, implicando una noción pasiva de la<br />

misma que no atiende a la necesidad de fomentar<br />

la responsabilidad ciudadana; otra se refiere a la<br />

dificultad de dicha noción para atender al creciente<br />

pluralismo social y cultural de las sociedades<br />

modernas. 19<br />

Como se ha señalado anteriormente, a nivel<br />

conceptual, el concepto de ciudadanía está<br />

vinculado a las exigencias de justicia y de pertenencia<br />

comunitaria. La ciudadanía se asocia<br />

a la idea de derechos individuales y a la noción<br />

de vínculo con una comunidad particular. No se<br />

trata simplemente de un estatuto legal definido<br />

por un conjunto de derechos y responsabilidades,<br />

sino que es también una identidad, la expresión<br />

de la pertenencia a una comunidad política. Los<br />

conceptos abstractos de “ciudadanía”, “identidad”<br />

y “diferencia” son hoy tan familiares como triviales,<br />

como resultado de transformaciones políticas<br />

y culturales recientes a nivel global, que desafían<br />

tanto las nociones de universalidad y de agencia,<br />

como las tradiciones del liberalismo, del nacionalismo<br />

y del pluralismo. Cuando hoy lidiamos con<br />

el uso clásico de la ciudadanía, lo que juega un rol<br />

cada vez más importante es el tema de las inclusiones<br />

y las exclusiones, un viejo problema que<br />

tiene nuevos giros con el aumento de la emancipación<br />

de grupos minoritarios, los ataques al<br />

Estado de bienestar y los problemas en torno a la<br />

marginalización social y cultural.<br />

Democracia y democratización están también<br />

en las agendas políticas contemporáneas de América<br />

Latina, pero hay una creciente indiferencia al<br />

hiato también creciente entre ricos y pobres. En<br />

este sentido, la igualdad importa, pero ¿igualdad de<br />

qué? Igualdad de oportunidades y oportunidad de<br />

resultados. Las igualdades políticas importan cada<br />

vez más que nunca pero la desigualdad económica<br />

suele tomarse como un hecho de la vida, como la<br />

lotería natural, como el nacer discapacitado. Sin<br />

embargo, sigue siendo bien distinta la cuestión de<br />

si es posible justificar las desigualdades de punto de<br />

partida según el sexo o la raza.<br />

Las respuestas a todas estas preguntas se elucidan<br />

en el campo de la política, entendida ahora<br />

como excediendo el ámbito de lo institucional y<br />

de lo partidario y que comprende además el conjunto<br />

de prácticas y discursos que constituyen el<br />

tejido social. La diferencia sexual, por ejemplo,<br />

permea todos los arreglos institucionales y es central<br />

para el ejercicio de la fuerza normativa y del


poder de todas las instituciones sociales que a su<br />

vez se encuentran interconectadas. La ciudadanía<br />

sugiere una tensión permanente entre los diferentes<br />

miembros de una sociedad democrática e implica<br />

un debate teórico en torno a los significados<br />

que la constituyen. La ciudadanía es un concepto<br />

clave para analizar, comprender y recuperar su potencial<br />

en respuesta a los cambios políticos, sociales<br />

y culturales contemporáneos, a través de un<br />

diálogo que incluye debates teóricos internacionales,<br />

regionales y locales ineludibles para cualquier<br />

intento de renovación democrática. Estos debates<br />

no sólo remiten a la teoría partidocrática y a los<br />

debates en torno a la transición entre modelos de<br />

dominación, sino que la globalización, la inmediatez<br />

de las nuevas tecnologías, las reivindicaciones<br />

sociales y los nuevos derechos hacen del concepto<br />

de ciudadanía una clave para entender que<br />

la titularidad de deberes atañe a la aceptación de<br />

la diferencia, pero también enfatiza las distintas<br />

realidades en juego en una auténtica democracia.<br />

¿Cómo conceptualizar entonces las responsabilidades<br />

morales que los individuos y las instituciones<br />

tienen en relación con la situación de los<br />

derechos humanos y con los problemas sociales y<br />

políticos estructurales, a los que contribuyen con<br />

sus acciones pero que no pueden ser atribuidos directamente<br />

a estas? Hay diversas teorías y conceptos<br />

contrapuestos sobre la responsabilidad moral,<br />

legal -la responsabilidad frente a un crimen, teorías<br />

sobre la responsabilidad colectiva, compartida,<br />

sobre lo que se denomina hoy “accountability”<br />

o responsabilidad corporativa-, pero no hay ninguna<br />

teoría que provea de todas las respuestas al<br />

tema de la responsabilidad moral. A este respecto<br />

sólo disponemos de conceptos factibles de ser extraídos<br />

de las diferentes teorías que nos ayudan<br />

a ir dando respuestas provisionales a la pregunta<br />

general planteada al comienzo y aplicarlos a diversos<br />

temas prácticos o políticos. Estos, por su<br />

parte, van desde lo que pensamos sobre la justicia<br />

transnacional y nuestra visión específica acerca de<br />

los derechos humanos de los pobres y excluidos,<br />

hasta cómo encaramos injusticias presentes o pasadas<br />

y los problemas éticos. Sin una auténtica<br />

reinvención democrática frente a estos retos nos<br />

enfrentaremos en nuestra práctica cotidiana a la<br />

falta de una brújula consistente.<br />

Las denominadas desigualdades durables o<br />

perdurables que nos aquejan por éste y otros lados<br />

del planeta han sido y siguen siendo moldeadas<br />

por procesos relacionales, algunos intencionales y<br />

otros en base a la resignificación de ciertos lazos<br />

y redes transnacionales, institucionales, sociales,<br />

etc. Las desigualdades diversas que nos permean<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

cultural-social y económicamente se han acentuado<br />

por el trillado fenómeno de la denominada<br />

globalización de modo variopinto. En estos temas<br />

encontramos omisiones mayores: poca investigación<br />

de fuentes no materiales de desigualdad, de<br />

persistencia de culturas y de culturas políticas de<br />

la desigualdad, todo lo que también afecta los temas<br />

que denominamos como de responsabilidad<br />

y “accountability”. En esa misma dirección, estas<br />

inacciones alteran en forma significativa los modos<br />

de encarar lo que denominamos ética.<br />

Todo esto, que parece tan general por cierto,<br />

afecta nuestras prácticas cotidianas, tan arraigadas<br />

a su vez en viejos paradigmas, modos de pensamiento,<br />

etc., que parecen proveernos de pocas<br />

claves para enfrentar consistentemente hasta los<br />

dilemas más cotidianos. Lo más corriente entonces<br />

es caer en desideratas de responsabilidad ética,<br />

que no son más que eso.<br />

Frente a estas perplejidades se impone el<br />

registro afinado de algunos procesos, la mayoría<br />

de proyección global, pero con radicación especial<br />

en nuestro continente: los órdenes democráticos<br />

están mutando y muchas de las viejas premisas<br />

clásicas del régimen vienen erosionándose y traen<br />

aparejadas nuevas tensiones y ansiedades. Los<br />

presupuestos de algunas narraciones colectivas de<br />

la modernidad se nos están viniendo abajo desde<br />

hace algunas décadas, pero es dentro de éstos que<br />

todavía vivimos como si fueran los órdenes legítimos<br />

y es a éstos que aún pertenecemos como ciudadanos.<br />

Por cierto que la noción de derechos humanos<br />

prevalente ostenta la misma procedencia.<br />

La incertidumbre es un aspecto básico del modo<br />

de vida humano más actual, pero hemos de rescatar<br />

siempre la importancia del antidogmatismo<br />

y del antideterminismo como ejes fundamentales<br />

para una reflexión consistente sobre los límites y<br />

las posibilidades de todo conocimiento, así como<br />

del carácter inacabado y perecible de nuestros<br />

arreglos institucionales. La teoría democrática<br />

siempre partió de esos presupuestos y hoy debe<br />

alentarlos tal vez más que nunca.<br />

En ese sentido, resulta trivial el señalamiento<br />

en torno a qué es la democracia y qué es posible<br />

esperar de ella en múltiples teorías. Algunos,<br />

como Sartori, sostienen que la teoría sobre la democracia<br />

posee un cuerpo central y que las llamadas<br />

“teorías alternativas” de la democracia no son<br />

tales: o son falsas o son teorías parciales. Otros<br />

sostienen que en base a los cánones actuales, la<br />

democracia no es posible. Definir la democracia<br />

es importante para establecer qué esperamos de<br />

ella. Esto implica reflexionar no sólo sobre la democracia,<br />

el liberalismo, el socialismo, la libertad<br />

111


Gerardo Caetano<br />

y la igualdad desde sus orígenes, los derechos en<br />

todas sus acepciones, hasta llegar a nuestro actual<br />

uso, comprensión y aplicación de estos conceptos<br />

y valores. Hace falta también analizar con<br />

radicalidad las nuevas relaciones entre política y<br />

economía, revolución y reforma, las fronteras de<br />

inclusión y exclusión, los vínculos entre Estado,<br />

sociedad civil e individuo. También resulta plausible<br />

reflexionar sobre nuestra historia, la actualidad<br />

de la democracia y los modos en los que el<br />

“poder” gobierna en ella.<br />

No podemos perder de vista los niveles distintos<br />

cuando reflexionamos sobre una democracia<br />

deseada y aquélla en la que vivimos. Establecer cuál<br />

es la democracia ideal es una tarea más o menos<br />

fácil, lo realmente difícil es saber cuáles son las<br />

condiciones y realidades de la democracia posible.<br />

II. MARCO DE ANÁLISIS Y HORIZONTE<br />

DE INDAGATORIA<br />

A partir del horizonte conceptual de estas<br />

consideraciones previas, la propuesta apunta a fundar<br />

una indagatoria cuyo foco de análisis es una<br />

reconceptualización de la democracia con el eje en<br />

una visión renovada de los derechos humanos con<br />

centro en el tema de la pobreza. El marco histórico<br />

y espacial de esa investigación es la América<br />

Latina de las últimas dos décadas. Lo primero que<br />

debe decirse es que los países latinoamericanos han<br />

experimentado en las últimas dos décadas un proceso<br />

de expansión de la democracia. La región, al<br />

igual que otras áreas del mundo, ha asistido a lo<br />

que algunos analistas políticos y académicos han<br />

denominado la “tercera ola” democrática. Tras la<br />

primera ola expansiva de la democracia, desatada<br />

por las revoluciones norteamericana y francesa,<br />

y la segunda ola de las primeras décadas del siglo<br />

veinte, asistiríamos en las últimas décadas a un<br />

visible avance a escala mundial de las instituciones<br />

democráticas. La recuperación de la democracia<br />

y su posterior consolidación en varios países de<br />

América del Sur durante los años ochenta (Argentina,<br />

Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay), los procesos<br />

de pacificación en América Central y el derrumbe<br />

del llamado “socialismo real” en los países de Europa<br />

del Este hace poco más de diez años, abrieron un<br />

nuevo cauce en la expansión universal de las ideas<br />

y prácticas democráticas.<br />

Si se compara el escenario latinoamericano<br />

de las décadas del cuarenta o cincuenta del siglo<br />

pasado –cuando sólo dos o tres países podían ser<br />

calificados como democráticos, incluso de acuerdo<br />

a estándares minimalistas– con el presente,<br />

resulta imposible no advertir el avance de las ins-<br />

112<br />

tituciones, los valores y los hábitos de la democracia.<br />

Asimismo, es posible apreciar en la región<br />

una clara, consistente y auspiciosa tendencia a la<br />

consolidación, por una parte, de los instrumentos<br />

vigentes en materia de integración política, y,<br />

por otra, a la construcción de nuevos gobiernos<br />

orientados a transformar (en el marco de fuertes<br />

restricciones internas) las tendencias ultraliberales<br />

provenientes del llamado “Consenso de Washington”<br />

hacia orientaciones programáticas de<br />

un signo más progresista, mucho más atentas a<br />

responder a las demandas de la agenda social en<br />

términos generales.<br />

Cabe destacar también que el avance de la<br />

democracia en el continente no ha permitido garantizar<br />

el respeto por los derechos humanos, en<br />

particular de las mujeres, los sectores más pobres y<br />

las minorías ancestralmente excluidas (los pueblos<br />

indígenas, los afrodescendientes, etc.). Seguramente,<br />

una de las principales asignaturas pendientes de<br />

las democracias latinoamericanas es la persistencia<br />

de altos niveles de pobreza, desigualdad económica<br />

y carencias en términos de desarrollo humano<br />

(desnutrición, falta de acceso a la salud y baja calidad<br />

e inequidad educativa), lo que ha generado la<br />

circunstancia lamentable de que la región se haya<br />

convertido en estas últimas dos décadas en el continente<br />

más desigual del planeta. El derecho de los<br />

pueblos a la democracia también requiere de modo<br />

ineludible avances y consolidaciones efectivas en<br />

estos campos sustantivos de los derechos humanos,<br />

de cara a la exigencia de millones de latinoamericanos<br />

que no pueden esperar.<br />

A esta enumeración de deudas (como diría<br />

el filósofo político y jurista italiano Norberto Bobbio,<br />

“promesas incumplidas”) que las democracias<br />

de la región aún no han saldado con sus pueblos,<br />

habría que adosar también algunos déficits<br />

de carácter político e institucional, a los que, por<br />

otra parte, no escapan tampoco las sociedades<br />

más desarrolladas: nos referimos por ejemplo a<br />

la persistencia de fenómenos de corrupción política<br />

y a la frecuente falta de transparencia en los<br />

aparatos estatales.<br />

Si como se ha señalado, la expansión de<br />

principios y valores democráticos en el continente<br />

constituye un signo alentador de los tiempos que<br />

corren, el panorama político más actual no está<br />

pues libre de señales preocupantes y, en algunos<br />

casos, auténticamente alarmantes. Las diversas<br />

crisis que han atravesado varios países de la región<br />

en los últimos años, los avances aún insuficientes<br />

en materia social, los fenómenos de corrupción y<br />

la inseguridad física que afecta a importantes segmentos<br />

de la población en las grandes metrópolis


y en las áreas rurales, los cuadros de polarización<br />

política y social, la dificultad en algunos casos creciente<br />

por vislumbrar y concretar un futuro mejor<br />

para nuestros países en lo que hace a su inserción<br />

competitiva en los nuevos contextos internacionales,<br />

la persistencia de países con evidentes síntomas<br />

de “malestar” con la política, dibujan un<br />

escenario en el que la afirmación de la democracia<br />

resulta una tarea de primer orden, faena por otra<br />

parte inacabada e inacabable.<br />

La contestación a las “democracias limitadas”<br />

de los 90 y las incertidumbres de un<br />

orden post neoliberal en América Latina<br />

No por casualidad es posible apreciar, particularmente<br />

en la región sudamericana, una tendencia<br />

a la consolidación, por una parte, de varias<br />

experiencias en materia de integración política y<br />

económico-comercial, en cierto modo postuladas<br />

como alternativas ante los avasallamientos del<br />

formato unipolar y hegemonista de la globalización<br />

“realmente existente” de la última década<br />

del siglo XX. Por otro lado, como señalamos, se<br />

advierte el advenimiento creciente de nuevos gobiernos<br />

orientados a transformar las tendencias<br />

ultraliberales provenientes del llamado “Consenso<br />

de Washington”, dominantes como fuente inspiradora<br />

de las políticas desplegadas en la región<br />

en los años 90, para dirigirse hacia orientaciones<br />

más heterodoxas en materia de políticas sociales,<br />

20 en algunos casos con líneas programáticas<br />

de un signo “progresista”, en otros con evoluciones<br />

inciertas de estilo más o menos “populista”. 21<br />

Como se verá, todos estos procesos (que<br />

más de un autor ha calificado como propios de<br />

una “transición postneoliberal”) tienen lugar en<br />

el marco de un amplio espectro de propuestas<br />

que no permiten una caracterización homogénea.<br />

Adviértanse, por ejemplo, las diferencias entre las<br />

estrategias desplegadas por los gobiernos de Brasil,<br />

Chile (mientras gobernaron los cuatro presidentes<br />

de la Concertación) y Uruguay por una parte, con<br />

las impulsadas por Bolivia, Ecuador o Venezuela<br />

por el otro, con situaciones intermedias o erráticas<br />

como las de Argentina o Paraguay. La frecuente<br />

asimilación de estos ocho gobiernos sudamericanos<br />

de “nuevo tipo” con una orientación genérica<br />

“progresista” o de izquierda no puede en verdad<br />

ocultar el signo diverso de las políticas concretas de<br />

estos gobiernos en muchos planos, lo que no obsta<br />

para registrar también algunas convergencias. ¿El<br />

peso de estas últimas fundamenta la mención de<br />

un “giro a la izquierda” en el subcontinente? Esta<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

calificación resulta al menos discutible y exige una<br />

problematización conceptual. 22<br />

En este marco, en la última década han podido<br />

registrarse algunas señales más generales en<br />

el panorama político regional de América del Sur.<br />

Las profundas crisis políticas e institucionales que<br />

algunos países de la región han padecido en estos<br />

años dan cuenta de muchos fenómenos ya inocultables.<br />

Advirtamos dos de ellos:<br />

Los formatos democráticos clásicos y sus actores<br />

tradicionales han deteriorado su legitimidad<br />

en varios países de la región y hoy presentan –en<br />

mayor o menor medida según los casos- insuficiencias<br />

claras para consolidar democracias nuevas<br />

y arraigadas en el continente. Al tiempo que<br />

varios sistemas de partidos se han desplomado y<br />

han sido sustituidos por formaciones radicalmente<br />

nuevas (Venezuela, Bolivia, Ecuador), otros se<br />

revelan sumamente débiles o de rumbo incierto<br />

(Argentina, Perú, Colombia), mientras que en varias<br />

sociedades del continente emergen nuevos<br />

actores sociales y políticos de signo contestatario,<br />

en gran medida como rebelión inorgánica frente a<br />

las “democracias limitadas y de baja intensidad”<br />

de los años 90. En mucho de esos casos, las innovaciones<br />

políticas han encontrado su legitimación<br />

popular en tanto apuestas de renovación o profundización<br />

democrática, orientadas a incorporar la<br />

participación de grandes franjas de la población,<br />

desplazadas históricamente del ejercicio efectivo<br />

de la ciudadanía, del “derecho a tener derechos”<br />

como antes se ha señalado. En muchos casos, estos<br />

fenómenos novedosos se expresan a través de<br />

modalidades y liderazgos renovadores, en procura<br />

de dar voz a los “invisibles” ancestrales de los<br />

regímenes anteriores (indígenas, pobres, negros,<br />

mujeres, sectores marginados en general, etc.) y a<br />

exigir el cumplimiento largamente postergado de<br />

sus legítimas demandas de justicia y de vigencia<br />

de derechos, tanto en materia política, económica,<br />

social como cultural. En otros casos, en cambio,<br />

se reitera el histórico síndrome latinoamericano<br />

de los liderazgos mesiánicos, con culto a la personalidad<br />

e identificación personalista del régimen.<br />

El consenso acrítico imperante en los 90 sobre<br />

las bondades poco menos que indiscutibles del<br />

recetario liberal ortodoxo, emanado de los organismos<br />

financieros internacionales, cada vez genera<br />

más críticas y rebeldías, incrementadas aún<br />

más luego del estallido de la actual crisis financiera<br />

internacional, con las múltiples evidencias que<br />

ha dejado respecto a las consecuencias negativas<br />

del dogmatismo desregulador del “capitalismo sin<br />

reglas y sin miedo” de las últimas décadas. Más<br />

allá de la fuerza y profundidad extendidas de es-<br />

113


Gerardo Caetano<br />

tas visiones críticas, también debe advertirse que<br />

muchas de estas posturas resultan más consistentes<br />

desde los discursos de oposición y resistencia,<br />

que en los contenidos mismos de las políticas implementadas<br />

desde el ejercicio del gobierno. En<br />

este sentido, resulta notorio que las alternativas<br />

presentadas por los gobiernos latinoamericanos<br />

antes referidos resultan –según los casos- más o<br />

menos sólidas y defendibles en términos de cambio<br />

efectivo y, en algunas experiencias, bastante<br />

retóricas y poco viables. Parece poco discutible el<br />

señalamiento sobre que los actuales contextos de<br />

crisis internacional constituyen –en especial para<br />

los gobiernos que invocan la bandera del cambio<br />

social- una coyuntura muy desafiante para aquilatar<br />

la consistencia efectiva de sus propuestas<br />

transformadoras, en especial en relación a políticas<br />

económicas y a modelos de desarrollo genuinamente<br />

alternativos, que no sólo logren éxitos<br />

en abatir la pobreza sino que también generen<br />

procesos arraigados de redistribución efectiva<br />

del ingreso. Como vimos, la coyuntura de la crisis<br />

global con sus impactos en la región refuerza<br />

la radicalidad de este auténtico test acerca de la<br />

profundidad del signo alternativo y del sustento<br />

efectivo de modelos de desarrollo efectivamente<br />

consistentes. La aprobación efectiva de este test<br />

configura un reto insoslayable si se quiere el arraigo<br />

sólido de una nueva cultura de los derechos que<br />

priorice el combate a la pobreza.<br />

Desde esta relevancia estratégica, las claves<br />

y posibilidades de este “nuevo orden post neoliberal”<br />

en la región se han traducido en efecto en<br />

cambios electorales y políticos tan espectaculares<br />

como impensables hace algunos años. La profundización<br />

del rechazo popular en las sociedades<br />

latinoamericanas a la política exterior implementada<br />

por la administración Bush entre el 2001 y el<br />

2009, la crítica creciente a las políticas “neoconservadoras”<br />

y a sus defensores en el subcontinente,<br />

así como la lentitud en los procesos de superación<br />

efectiva de los cuadros de pauperización, desigualdad,<br />

marginación y concentración del ingreso,<br />

constituyeron en efecto factores no únicos pero sí<br />

de los más decisivos para explicar el advenimiento<br />

de los cambios políticos anotados en la región.<br />

Es así que la América Latina que recibe en el<br />

2008 el impacto de una nueva crisis global es un<br />

continente que en términos políticos revela profundos<br />

cambios que recrudecen la fragmentación<br />

114<br />

y las asimetrías en la perspectiva de sus gobiernos<br />

y ciudadanías. También debe advertirse que el<br />

continente ha podido exhibir frente al impacto de<br />

la crisis fortalezas en muchos sentidos inéditas en<br />

los campos macroeconómico, fiscal, cambiario,<br />

de acumulación de reservas, entre otros. Por su<br />

parte, se despliegan en el continente concepciones<br />

muy contrastantes acerca de los modelos y prácticas<br />

concebidas como democráticas. Más allá de<br />

retóricas, los procesos de reforma o “refundación”<br />

de los Estados latinoamericanos tampoco han<br />

podido avanzar de acuerdo a los requerimientos<br />

planteados y ello constituye un factor de bloqueo<br />

para la adopción de políticas innovadoras y eficaces,<br />

en especial en lógicas de promoción del cambio<br />

social, sometidas además –pese a las fortalezas<br />

apuntadas- al impacto restrictivo de la crisis. En<br />

ese marco, a partir también de la legítima presión<br />

de sociedades con largas historias de marginación<br />

y relanzadas en la última década a nuevas formas<br />

de protesta y movilización, no resulta aventurado<br />

augurar que es posible que las tensiones políticas<br />

aumenten en los países del continente y que esto<br />

genere situaciones de inestabilidad y polarización.<br />

Ello no necesariamente debería resultar<br />

una preocupación para un proceso de democratización<br />

de la democracia en América del Sur. Si<br />

como creemos, democracia también significa hoy<br />

en el continente reempoderamiento social y político,<br />

mayor grado de involucramiento de las<br />

ciudadanías, nuevos espacios para la “agencia”<br />

(entendida como participación política genuina e<br />

idoneidad de los actores para impulsar los cambios),<br />

exigencia más radical de un orden fundado<br />

en la perspectiva de los derechos humanos, toda<br />

propuesta de democratización tiene que aportar<br />

formas nuevas de incorporación de los conflictos.<br />

En cualquier hipótesis, la consolidación de la<br />

gobernabilidad democrática, que ya era un tema<br />

central en la agenda del continente previo al impacto<br />

de la crisis, no hace más que reforzarse en<br />

su centralidad en esta coyuntura. Asimismo, la<br />

crisis actual vuelve a confirmar que la estabilidad<br />

política y la solidez de las formas de gobierno<br />

democrático no son asuntos que los países puedan<br />

resolver a cabalidad desde caminos solitarios<br />

o aisladamente, refieren también la centralidad<br />

renovada de la dimensión de lo regional en toda<br />

la coyuntura.


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pobreza como violación de los derechos humanos”.<br />

Montevideo, <strong>Instituto</strong> del Tercer<br />

Mundo, 2006.<br />

Asimismo se han consultado publicaciones,<br />

informes y contenidos de páginas web de múltiples<br />

instituciones como IIDH, OEA, ONU, FAO,<br />

FMI, Banco Mundial, BID, UNESCO, PNUD,<br />

CEPAL, Transparency Internacional, Freedom House,<br />

MERCOSUR, ALADI, UNIÓN EUROPEA,<br />

UNCTAD, OMC, IBGE, Latinobarómetro, <strong>Instituto</strong><br />

Real Elcano y de Eurolat-Celare, entre otras.<br />

117


Gerardo Caetano<br />

1. Tal es el caso de los procesos de reforma constitucional<br />

de perfil “refundacional”, impulsados<br />

por los gobiernos de Rafael Correa en Ecuador y<br />

de Evo Morales en Bolivia y, en un sentido que<br />

creemos por lo menos parcialmente diferente<br />

en sus orígenes y apuestas, por el gobierno de<br />

Hugo Chávez en Venezuela. En los dos primeros<br />

casos se postula y en ciertos aspectos se perfila<br />

el proyecto de una refundación del Estado.<br />

2. IIDH, “Los derechos humanos desde la dimensión<br />

de la pobreza. Una ruta por construir en<br />

el sistema interamericano”. San José de Costa<br />

Rica, ASDI-DANIDA, 2007, p. 7.<br />

3. Ibidem, pp. 8 y 9.<br />

4. Las consideraciones que siguen derivan de sendos<br />

proyectos de investigación que el suscrito<br />

coordinó en colaboración con Laura Gioscia,<br />

en el marco de las actividades del Área de Ciudadanía<br />

del Departamento de Ciencia Política,<br />

FCS, UDELAR. Se trata del proyecto de investigación<br />

“La reinvención de la política” financiado<br />

en el marco del llamado a concurso de I<br />

+ D de la Comisión Sectorial de Investigación<br />

Científica (CSIC), Universidad de la República,<br />

agosto de 2002, y del proyecto “Valores y virtudes<br />

cívicas”, también financiado en el marco<br />

del llamado a concurso de I + D de la Comisión<br />

Sectorial de Investigación Científica (CSIC),<br />

Universidad de la República, agosto de 2006.<br />

Muchas de las ideas que se manejan son tributarias<br />

también de la Tesis Doctoral de Laura<br />

Gioscia publicada bajo el título Ciudadanía y<br />

Diferencia, Serie Tesis de Posgrado Nº. 1, <strong>Instituto</strong><br />

de Ciencia Política, Facultad de Ciencias<br />

Sociales, Montevideo, 2004.<br />

5. Cfr. Laura Gioscia, “Ciudadanía y diferencia”.<br />

Serie Tesis Nº 1 – Setiembre de 2004. Montevideo,<br />

ICP-FCS-UDELAR, 2004.<br />

6. Aclaramos que en este texto se priorizará –aunque<br />

no de manera excluyente- la consideración<br />

analítica de las experiencias de gobierno progresista<br />

en América del Sur. Ello por cierto no<br />

supone en modo alguno dejar atrás la referencia<br />

plenamente vigente a América Latina ni<br />

mucho menos aceptar la contrastación interesada<br />

de las dos.<br />

7. El modelo evolutivo planteado por Marsahll<br />

en sus textos ya clásicos de los años cincuenta<br />

resulta hoy claramente insuficiente, sobre<br />

todo en lo que respecta a su propuesta implíci-<br />

118<br />

NOTAS<br />

ta de trayectorias optimizadoras de expansión<br />

de la ciudadanía con independencia del grado<br />

de acierto y desacierto de las orientaciones y<br />

arreglos institucionales observados en cada caso.<br />

Sin embargo, no deben olvidarse ciertos méritos<br />

persistentes de su enfoque, como el énfasis acerca<br />

de la necesidad de historizar debidamente la<br />

explicación de estos procesos y el acento en el<br />

papel clave de las políticas de sesgo integrador e<br />

inclusivo en la consecución de los derechos sociales.<br />

Cfr. T. H. Marshall, “Class, Citizenship<br />

and Social Development.” Nueva York, Anchor,<br />

19655.<br />

8. Un ejemplo a este respecto lo podría constituir<br />

el enfoque dado por Wanderley Guilherme dos<br />

Santos al análisis de la expansión de la ciudadanía<br />

en el caso brasileño. Dos Santos confronta<br />

la secuencia evolutiva de Marshall y sugiere<br />

que en el caso latinoamericano la secuencia<br />

óptima se encuentra alterada e invertida. En<br />

su opinión, los populismos latinoamericanos<br />

procesaron la incorporación política de importantes<br />

segmentos de la población a partir de<br />

canales de atención estatal previos a la plena<br />

institucionalización del debate y la competencia<br />

política en un orden democrático liberal.<br />

De este modo, se construyó una ciudadanía<br />

regulada sin la referencia de los partidos como<br />

agentes centrales. Cf. Wanderley G. dos Santos,<br />

Ciudadanía y Justicia, Campus, Rio de Janeiro,<br />

1987; o del mismo autor, Razões da Desordem,<br />

2ª. ed. Rocco, Río de Janeiro, 1993.<br />

9. Sobre este particular podría señalarse el ejemplo<br />

dado por los estudios de Robert A. Dahl acerca<br />

de la poliarquía, en particular a propósito de la<br />

vinculación que establece entre la liberalización<br />

y ampliación del debate y la participación política<br />

como indicadores centrales de los procesos<br />

de institucionalización democrática. De manera<br />

más global y comprensiva, podrían citarse<br />

las compilaciones recientes sobre enfoques renovados<br />

sobre el tema de la ciudadanía, tales<br />

como: W. Kymlicka, W. Norman, D. Held, D.<br />

Miller, F. Ovejero, D. Zolo, C. Taylor, R. Darhendorf,<br />

“Ciudadanía. El debate contemporáneo”,<br />

en La Política, Revista de estudios sobre<br />

el Estado y la sociedad. 1997. Octubre. Paidós;<br />

y Held, Kymlicka, Norman, Zolo, Miller, Jelin,<br />

Smulovitz, González Bombal, Andrenacci,<br />

“Ciudadanía. El debate contemporáneo”, en<br />

Ágora. Cuadernos de Estudios Políticos. Invierno<br />

de 1997, N° 7.


<strong>10</strong>. PNUD, La democracia en América Latina. Hacia<br />

una democracia de ciudadanas y ciudadanos.<br />

Montevideo, PNUD, 2004, p. 63.<br />

11. Tal es el caso a nuestro juicio de la República de<br />

Bolivia.<br />

12. Una mera presentación de los principales enfoques<br />

teóricos e ideológicos que hoy confrontan<br />

–en la región y en el mundo- en los ámbitos académico<br />

y político en torno al tema de la democracia<br />

y de su resignificación en tiempos de crisis<br />

excede largamente los límites de este texto.<br />

13. Aquí vale lo mismo que para la cita anterior.<br />

14. Cfr., por ejemplo, Amartya Sen, “La idea de la<br />

Justicia”. Madrid, Taurus, 20<strong>10</strong>. La primera edición<br />

de este texto fundamental fue publicada en<br />

inglés bajo el título de “The Idea of Justice”, por<br />

el sello editorial Penguin Books en el 2009.<br />

15. Ricard Zapata Barrero, “Hacia una Teoría Normativa<br />

de la Ciudadanía Democrática”, en Leviatán<br />

59, Madrid, 1995, p. 86.<br />

16. Ibidem, p. 88.<br />

17. Cfr. a Rawls en Kymlicka, Will y Norman, Wayne,<br />

“El retorno del ciudadano” en Cuadernos<br />

del Claeh, Montevideo, 1996, p. 82.<br />

18. Zapata, “Hacia una Teoría … etc. ob. cit. p. 88.<br />

19. Cfr. Kymlicka y Norman, “El retorno … etc. ob.<br />

cit. p. 85.<br />

Pobreza y Derechos Humanos, Cambios en la Ciudadania y Nuevas Democracias en América Latina<br />

20. La heterodoxia que apareció en las políticas sociales<br />

no se ha visto casi en el campo de las<br />

políticas macroeconómicas. La mayoría de los<br />

nuevos gobiernos “progresistas” no variaron<br />

casi las políticas que en ese campo heredaron<br />

de sus antecesores.<br />

21. El concepto de “populismo” suele utilizarse<br />

con mucha confusión y equívoco y con frecuente<br />

intencionalidad política descalificadora<br />

en relación con los procesos políticos latinoamericanos<br />

contemporáneos. Para precisar<br />

mejor los límites y alcances de la categoría,<br />

cfr. María Moira Mackinnon y Mario Alberto<br />

Petrone (Comp.), “Populismo y neopopulismo<br />

en América Latina. El problema de la<br />

Cenicienta”. Buenos Aires, EUDEBA, 1999; y<br />

Francisco Panizza (compilador), “El populismo<br />

como espejo de la democracia”. Buenos Aires,<br />

Fondo de Cultura Económica, 2009.<br />

22. Sobre el particular cfr.: José Natanson, “La nueva<br />

izquierda. Triunfos y derrotas de los gobiernos<br />

de Argentina, Brasil, Bolivia, Venezuela,<br />

Chile, Uruguay y Ecuador”. Buenos Aires, Sudamericana,<br />

2008; Emir Sader. “El nuevo topo.<br />

Los caminos de la izquierda latinoamericana”.<br />

Buenos Aires, Siglo Veintiuno – CLACSO,<br />

2009; entre otras publicaciones recientes.<br />

119


MOVIMIENTOS MIGRATORIOS Y MOVIMIENTOS<br />

FORZADOS DE PERSONAS EN EL MUNDO<br />

CONTEMPORÁNEO<br />

MOVIMIENTOS MIGRATORIOS Y MOVI-<br />

MIENTOS FORZADOS DE PERSONAS EN<br />

EL MUNDO CONTEMPORÁNEO<br />

I. Movimientos migratorios<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Jaime Ruiz de Santiago<br />

Ex Profesor de la Universidad Iberoamericana de México; ex Encargado de Misión del<br />

Alto Comisionado de Naciones Unidas para los Refugiados (ACNUR) en Brasil;<br />

ex Delegado del ACNUR en San José – Costa Rica; Conferencista en Universidades de varios países.<br />

Es un hecho que los seres humanos siempre<br />

se han desplazado fuera de los lugares de origen o<br />

residencia habitual. Las motivaciones han sido diferentes<br />

a lo largo de la historia: curiosidad, búsqueda<br />

de alimentos, condiciones difíciles en el sitio<br />

de origen, deseo de explorar nuevos horizontes, etc.<br />

En el siglo XX, sin embargo, estos movimientos<br />

migratorios alcanzaron proporciones<br />

muy considerables y configuraron el mundo que<br />

nos toca vivir. Pero éste a su vez presenta un panorama<br />

caracterizado por el cambio constante y<br />

acelerado. Los movimientos de personas alcanzan<br />

dimensiones asombrosas y se aceleran cada vez<br />

más rápidamente.<br />

El objetivo del presente estudio reside en<br />

señalar algunas características de estos movimientos<br />

migratorios, presentar las consecuencias que<br />

han tenido en el Derecho Internacional y precisar<br />

el modo como se presentan en nuestro mundo los<br />

diversos movimientos forzados de personas, entre<br />

los cuales destacan por sus características aquellos<br />

que se realizan en el interior de los propios países<br />

de origen, al igual que aquellos movimientos de<br />

refugiados, los movimientos migratorios causados<br />

por razones económicas y el terrible azote representado<br />

por la trata de personas. Interesa también<br />

destacar los esfuerzos realizados por el Derecho<br />

Internacional para hallar una solución justa a esos<br />

movimientos.<br />

a) Las migraciones durante el siglo XX<br />

De manera sumaria, se puede decir que durante<br />

el siglo XX existieron significativos movimientos<br />

migratorios antes de la Primera guerra<br />

mundial, entre ésta y el inicio de la Segunda<br />

guerra mundial, así como los movimientos que<br />

se llevaron a cabo durante y luego de haberse<br />

finalizado dicho conflicto.<br />

La primera etapa se inicia a mediados del<br />

siglo XIX y llega hasta los inicios de la Primera<br />

guerra mundial, cuando muchos millones de personas<br />

pobres, perseguidas y en condiciones de inseguridad<br />

dejaron el sur y el este del continente<br />

europeo para buscar nuevos horizontes en América<br />

Latina, el Pacífico del Sur, África del Norte y<br />

otros países europeos más desarrollados e industrializados.<br />

Las personas dejaron los países europeos<br />

en torno al Mediterráneo, Alemania, el Imperio<br />

austríaco y el Imperio ruso, en tanto que los<br />

destinos más importantes se localizan en América<br />

del Sur. La República Argentina pudo aumentar<br />

su población gracias a la enorme cantidad de inmigrantes<br />

que recibió: una tercera parte de la migración<br />

alemana e italiana y la mitad de la migración<br />

española, rusa y austríaca. Uruguay, Chile y Venezuela<br />

conocieron un fenómeno semejante gracias a<br />

los numerosos irlandeses que llegaron a Venezuela<br />

y aquellos alemanes que arribaron a Chile. Por su<br />

parte, Brasil comenzó a recibir también grandes<br />

cantidades de migrantes europeos, de modo que<br />

hacia 1914 dicho país fue el que recibió el mayor<br />

número de migrantes en el mundo. Una tercera<br />

parte de la migración rusa, la mitad de los migrantes<br />

irlandeses y una cuarta parte del movimiento<br />

migratorio procedente de Italia, Portugal y Austria.<br />

121


Jaime Ruiz de Santiago<br />

Francia y sus colonias recibieron a su vez<br />

grandes cantidades de la migración española, italiana<br />

y la procedente de Bélgica. Eso ayudó a permitir<br />

la prosperidad francesa y el crecimiento de<br />

sus centros industriales urbanos.<br />

También Canadá, los Estados Unidos, Australia<br />

y África del Sur recibieron a numerosos migrantes<br />

europeos.<br />

La situación del Imperio ruso fue interesante<br />

porque, a pesar del rápido crecimiento de las poblaciones<br />

eslavas, éstas fueron poco numerosas en<br />

los movimientos descritos con anterioridad. Cierto<br />

que unos dos millones de ucranianos y medio<br />

millón de lituanos se trasladaron a América del<br />

Sur, pero la mayor parte de la migración rusa y<br />

ucraniana se movió hacia las poco pobladas Siberia<br />

y Turkestán. Hubo un fuerte contingente<br />

de polacos y judíos (más de cinco millones) que<br />

migraron a Francia y Sudamérica, en tanto que,<br />

debido a una creciente persecución, un 40% de<br />

los judíos rusos se trasladó a Europa occidental, al<br />

continente americano y a las diferentes colonias<br />

británicas y francesas del hemisferio sur.<br />

En este período de movimientos humanos<br />

hubo otras importantes corrientes migratorias<br />

procedentes de países como la India y China. Las<br />

migraciones de la India se dirigieron principalmente<br />

a colonias del imperio británico y, de este<br />

modo, hubo nuevos asentamientos de la India en<br />

la Guyana británica, en Fiji, las diferentes islas<br />

del Océano Índico, Malasia, Trinidad y en el sur y<br />

este de África. Los movimientos de China se hicieron<br />

muy presentes en Tailandia, en la Indochina<br />

francesa, en las Filipinas españolas y en las Indias<br />

orientales holandesas. Entre 1850 y 19<strong>10</strong>, un<br />

millón y medio de afro-brasileños, de migrantes<br />

de las Antillas francesas y de africanos franceses<br />

occidentales se instalaron en Guyana francesa.<br />

La Primera guerra mundial causó enormes<br />

movimientos de personas. Los países que más padecieron<br />

y que más movimientos migratorios provocaron<br />

fueron los europeos del centro y del sur,<br />

en particular Polonia, Bavaria, Austria y Grecia. A<br />

Francia y a sus colonias llegaron casi la mitad de<br />

los migrantes (medio millón de personas). A Chile<br />

y Venezuela llegó también medio millón de personas<br />

procedentes de Bavaria y Austria. La Gran<br />

Bretaña recibió por vez primera un gran número<br />

de migrantes procedentes del norte de Europa y<br />

de Rusia, y esta migración ayudó a elevar el bajo<br />

porcentaje de crecimiento poblacional.<br />

A causa de dicha guerra se crearon dos grandes<br />

diásporas en Europa y en el continente europeo:<br />

la de los armenios y la de los rusos. Ambos<br />

122<br />

grupos constituyeron contingentes importantes<br />

de refugiados. Así llegaron numerosos armenios<br />

a Francia, Argentina, Brasil y Australia. Y unos<br />

tres millones de rusos provocados por la revolución<br />

ocurrida en Rusia llegaron a la gran Polonia<br />

(sobre todo a la actual Ucrania) y a otras ciudades:<br />

a París, Praga y Constantinopla, principalmente.<br />

En la década de 1920-30, los países de América<br />

del Sur y de Australia, al igual que los Estados<br />

Unidos y Canadá, comenzaron a cerrar sus fronteras<br />

a los movimientos migratorios, en tanto que<br />

Francia acogió a una gran población procedente de<br />

Argelia. Pero la ausencia de solución a otros movimientos<br />

europeos –procedentes de Polonia y Alemania–<br />

contribuyó a preparar la terrible Segunda<br />

guerra mundial. La tendencia a crear problemas<br />

para permitir la migración iría creciendo con los<br />

años. El fenómeno de movimiento creciente de<br />

migraciones debió haber empujado a los países a<br />

adoptar políticas migratorias adecuadas que reflejasen<br />

los valores políticos y éticos fundamentales.<br />

Pero esto representa, todavía hoy, un reto de gran<br />

dramatismo.<br />

La Segunda guerra finalizó con una Europa<br />

devastada y con millones de personas fuera de sus<br />

hogares y de sus lugares de origen. Aparecieron<br />

movimientos migratorios sumamente vastos e<br />

incontrolados. Más de siete millones de personas<br />

de origen alemán fueron expulsadas de Polonia y<br />

de la Unión Soviética, de los cuales, la mayoría<br />

pudieron ser reasentadas en los países que sucedieron<br />

a Alemania, con exclusión de Bavaria<br />

y Austria, que prohibieron el reasentamiento de<br />

alemanes “extranjeros”. Este complejo movimiento<br />

sólo pudo ser terminado hacia la década de los<br />

sesenta. El resto de la población judía europea<br />

emigró masivamente al nuevo Estado de Israel, a<br />

Argentina, Francia y África del Sur, además de los<br />

numerosos refugiados alemanes y judíos, más de<br />

un cuarto de millón de personas provenientes de<br />

los países dominados por los soviéticos, aquellos<br />

de Polonia, quienes partieron principalmente para<br />

Escandinavia, África del Sur y Argentina.<br />

Durante la década de los años cincuenta se<br />

llevó a cabo un gran desarrollo en la mayor parte de<br />

Europa occidental, que atrajo a numerosos trabajadores<br />

europeos procedentes de países poco desarrollados<br />

como España, Portugal, del sur de Italia y<br />

de los Balcanes. Con la formación de la floreciente<br />

Unión Europea, un gran número de personas procedentes<br />

de Argelia, Líbano, Turquía y Siria fue<br />

igualmente atraído hacia dicho continente. Un fenómeno<br />

similar ocurrió con personas procedentes<br />

de países andinos, que se dirigieron básicamente a


Argentina, Chile y Brasil. A Nueva Caledonia llegaron<br />

numerosos polinesios e indochinos y a Japón<br />

personas procedentes de Taiwán y Corea.<br />

Los Estados Unidos constituyen, de manera<br />

constante, un fuerte foco de atracción para<br />

migrantes, y la adopción de normas migratorias<br />

liberales en los años cincuenta permitió la presencia,<br />

en dos décadas, de diez millones de mexicanos<br />

en la parte sur del país y de dos millones de<br />

franco-canadienses en Nueva Inglaterra. Esto ha<br />

hecho de los Estados Unidos un país constituido<br />

por personas de múltiples orígenes, lo que explica<br />

la presencia de amplias zonas en las que coexisten<br />

diversas lenguas y grupos étnicos.<br />

A partir de los años ochenta, comenzó a notarse<br />

en Europa una fuerte baja de población, que<br />

coincidió con situaciones de gran crisis en África<br />

y en Oriente medio, lo que produjo un movimiento<br />

migratorio de 20 millones de personas a Europa.<br />

La mayor parte de los migrantes provenían de<br />

países francófonos de la África subsahariana, de<br />

Argelia, Túnez, Egipto y Siria. En los años noventa,<br />

esta migración comenzó a declinar, pero fue<br />

reemplazada por migrantes provenientes de re-<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Principales Movimientos Migratorios<br />

giones como el Kurdistán y continuaron aquellos<br />

provenientes de África del Norte. Australia conoció<br />

un fenómeno similar al recibir a dos millones<br />

de personas de Indonesia y Filipinas. Igualmente,<br />

Japón se ha convertido en un punto de migraciones<br />

masivas a causa de los numerosos asiáticos<br />

que llegaron para llenar el vacío producido por la<br />

guerra. También en los años noventa, Egipto fue<br />

el destino de numerosos migrantes provenientes<br />

de Yemen y África del este. Sudamérica recibió innumerables<br />

personas provenientes del África meridional,<br />

y numerosos de sus nacionales pudieron<br />

retornar a sus países de origen debido a la regularización<br />

de la situación política democrática.<br />

Durante la década de los ochenta, en numerosos<br />

países, los motivos laborales incrementaron<br />

las políticas restrictivas de las migraciones y durante<br />

la década de los noventa éstas se intensificaron<br />

con la impresión de la saturación de los<br />

servicios sociales disponibles. A estos motivos se<br />

añadieron los temas de seguridad interna, que se<br />

ve amenazada por tres diferentes flagelos: el narcotráfico,<br />

el terrorismo y el tráfico de personas.<br />

1. América del Sur – EE.UU.; 2. México – EE.UU.; 3. China – EE.UU.; 4. América Latina – Unión Europea;<br />

5. África Subsahariana – Unión Europea; 6. Magreb – Unión Europea; 7. y 8. Egipto – Países productores de<br />

petróleo (Argelia y Golfo Pérsico); 9. Europa Oriental – Unión Europea. <strong>10</strong>. Europa – EE.UU.; 11. Sudeste<br />

Asiático – Unión Europea. 12. Sudeste Asiático – Países productores de petróleo (Golfo Pérsico); 13. Sudeste<br />

asiático – Australia; 14. Sudeste Asiático – Japón. 15. África Central y Oriental – República Surafricana.<br />

Fuente: http://ficus.pntic.mec.es/ibus0001/poblacion/Movimientos_ migratorios.html.<br />

123


Jaime Ruiz de Santiago<br />

b) Algunas cifras relativas a migraciones<br />

Se define como migrante internacional a las<br />

personas que viven en un país distinto al de su<br />

nacimiento. 1 Esta primera definición no hace ninguna<br />

referencia a las razones por las cuales dichas<br />

personas han abandonado su país de origen. Más<br />

tarde, en una segunda división, es posible referirse<br />

a quienes han dejado el país de origen de manera<br />

voluntaria para diferenciarlas de las personas que<br />

se han visto obligadas a abandonarlo de manera<br />

involuntaria. En el primer grupo caben los turistas,<br />

los estudiantes, los inversionistas, los funcionarios<br />

internacionales, etc. Dentro del segundo<br />

se encuentrar los migrantes económicos (quienes<br />

han sido llevados a buscar un nuevo país a fin de<br />

encontran los medios de subsistencia necesarios<br />

para ellos y sus familias), los refugiados, las víctimas<br />

del tráfico internacional de personas, etc.<br />

124<br />

Inmigrantes por continente, 1960-20<strong>10</strong><br />

De acuerdo con la División de Población del<br />

Departamento de Asuntos Económicos y Sociales<br />

de las Naciones Unidas, en el año de 1960 el<br />

número de migrantes internacionales era de 77<br />

millones de personas. En 1990, este número casi<br />

se duplicó, al llegar a 156 millones. Se estima que<br />

para el año 20<strong>10</strong> habrá cerca de 214 millones de<br />

seres humanos en esta situación. 2<br />

Es interesante observar que el crecimiento poblacional<br />

entre 1960 y 1990 fue de 1.9% anual, en<br />

tanto que la migración internacional creció 2.4%.<br />

Si se comparan los años que van de 1990 al 20<strong>10</strong><br />

se observa que el creciemiento poblacional fue de<br />

1.3%, en tanto que la migración internacional creció<br />

1.8% promedio anual. 3<br />

Veamos ahora la distribución de inmigrantes<br />

en el año 20<strong>10</strong> en los diferentes continentes<br />

y países. Como ya se indicó, en ese año un total<br />

de 214 millones de personas vivieron fuera de su<br />

Miles de personas<br />

1960 1990 1995 2000 2005 20<strong>10</strong><br />

África 9,176 15,973 17,921 17,062 17,736 19,263<br />

Asia 28,495 50,876 48,768 51,915 55,128 61,324<br />

Europa 17,512 49,401 54,718 57,639 64,399 69,819<br />

Latinoamérica y el Caribe 6,151 7,130 6,234 6,471 6,869 7,480<br />

Norteamérica 13,604 27,774 33,595 40,395 45,597 50,042<br />

Oceanía 2,143 4,365 4,733 5,016 5,516 6,015<br />

Mundial 77,080 155,518 165,969 178,499 195,245 213,944<br />

Distribución porcentual<br />

1960 1990 1995 2000 2005 20<strong>10</strong><br />

África 11.9% <strong>10</strong>.3% <strong>10</strong>.8% 9.6% 9.1% 9.0%<br />

Asia 37.0% 32.7% 29.4% 29.1% 28.2 289.7%<br />

Europa 22.7% 31.8% 33.0% 32.3% 33.0% 32.6%<br />

Latinoamérica y el Caribe 8.0% 4.6% 3.8% 3.6% 3.5% 3.5%<br />

Norteamérica 17.6% 17.9% 20.2% 22.6% 23.4% 23.4%<br />

Oceanía 2.8% 2.8% 2.9% 2.8% 2.8% 2.8<br />

Mundial <strong>10</strong>0.0% <strong>10</strong>0.0% <strong>10</strong>0.0% <strong>10</strong>0.0% <strong>10</strong>0.0% <strong>10</strong>0.0%<br />

Crecimiento promedio anual<br />

1960-1990 1990-1995 1995-2000 2000-2005 2005-20<strong>10</strong><br />

África 1.9% 2.3% -1.0% 0.8% 1.7%<br />

Asia 2.0% -0.8% 1.3% 1.2% 2.2%<br />

Europa 3.5% 2.1% 1.0% 2.2% 1.6%<br />

Latinoamérica y el Caribe 0.5% -2.7% 0.7% 1.2% 1.7%<br />

Norteamérica 2.4% 3.9% 3.8% 2.5% 1.9%<br />

Oceanía 2.4% 1.6% 1.2% 1.9% 1.7%<br />

Mundial 2.4% 1.3% 1.5% 1.8% 1.8%<br />

Fuente: elaborado con datos del PNUD, Informes sobre Desarrollo Humano, 2009. Superando barreras: movilidad y<br />

desarrollo humanos, Nueva York, 2009; y Naciones Unidas, División de Población, International migrant<br />

Stock: The 2008 Revision, página Internet: http://esa.un.org/migration/indexasp?panel=1, consultada el 1 de<br />

marzo de 20<strong>10</strong>.


país de nacimiento, cifra que representa el 3% de<br />

la población mundial. De esa cantidad, el continente<br />

con mayor número de inmigrantes es Europa,<br />

con 69.8 millones, lo que representa 33% del<br />

total; el segundo, Asia, con 61.324 inmigrantes,<br />

es decir, el 28.6% del total; el tercero es América,<br />

con 57.5 millones, es decir 26.9%; le sigue África,<br />

que recibió 19 millones, esto es 9%; y, finalmente<br />

Oceanía, con 6 millones, que representa el 2.8%.<br />

La comparación de los 13 principales países<br />

que reciben inmigrantes en el mundo resulta<br />

interesante: el país que más recibe son los<br />

Estados Unidos con 42.8 millones de inmigrantes,<br />

es decir, 13% de la población total del país.<br />

Le sigue Rusia con 12.3 millones de inmigrantes<br />

(8.4% de la población del país) y Alemania con<br />

<strong>10</strong>.8 millones (12.9% de la población). Tras ella<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Los 13 países con mayor número de población inmigrante, 1960-20<strong>10</strong><br />

Miles de personas<br />

1960 1990 2005 20<strong>10</strong><br />

Estados Unidos <strong>10</strong>,826 23,251 39,267 42,813<br />

Rusia 2,942 11,525 12,080 12,270<br />

Alemania 2,003 5,936 <strong>10</strong>,598 <strong>10</strong>,758<br />

Arabia Saudita 63 4,743 6,337 7,289<br />

Canadá 2,766 4,498 6,304 7,202<br />

Francia 3,507 5,897 6,479 6,685<br />

Reino Unido 1,662 3,716 5,838 6,452<br />

España 211 830 4,608 6,378<br />

India 9,411 7,493 5,887 5,436<br />

Ucrania n.d. 6,893 5,391 5,258<br />

Australia 1,698 3,581 4,336 4,712<br />

Italia 460 1,428 3,068 4,463<br />

Pakistán 6,350 6,556 3,554 4,234<br />

Fuente: elaborado con datos del PNUD, Informes sobre Desarrollo Humano, 2009. Superando barreras: movilidad y<br />

desarrollo humano, Nueva York, 2009.<br />

se sitúa Arabia Saudita con 7.3 millones de inmigrantes<br />

(<strong>10</strong>.2% de la población), Canadá con 7.22<br />

millones (19.5% de la población), Francia con 6.7<br />

millones (<strong>10</strong>.6% de la población), Reino Unido<br />

con 6.5 millones (9.7% de la población), España<br />

con un 6.4 millones (<strong>10</strong>.7% de la población), India<br />

con 5.4 millones (0.5% de la población), Ucrania<br />

con 5.3 millones (11.5% de la población), Australia<br />

con 4.7 millones (21.3% de la población), Italia<br />

con 4.5 millones (5.2% de la población) y Pakistán<br />

con 4.2 millones (2.1% de la población).<br />

Otra realidad que es necesario tener en cuenta<br />

es la tasa anual de crecimiento demográfico de<br />

los países que generan movimientos migratorios<br />

o que los reciben. Con excepción de Arabia Saudita,<br />

Pakistán e India, cuyas tasas de crecimiento<br />

poblacional promedio durante 1990 y el 2007 se<br />

Población en los 13 países con mayor número de inmigrantes<br />

1990<br />

Miles de habitantes<br />

2007<br />

Crecimiento 1990-2007<br />

Estados Unidos 254.9 308.7 1.13%<br />

Rusia 148.1 141.9 -0.25%<br />

Alemania 79.4 82.3 0.21%<br />

Arabia Saudita 16.3 24.7 2.48%<br />

Canadá 27.7 32.9 1.02%<br />

Francia 56.8 61.7 0.49%<br />

Reino Unido 57.2 60.9 0.37%<br />

España 38.8 44.1 0.76%<br />

India 862.2 1,164.7 1.78%<br />

Ucrania 51.6 46.3 -0.64%<br />

Australia 17.1 20.9 1.19%<br />

Italia 57.0 59.3 0.23%<br />

Pakistán 115.8 173.2 2.40%<br />

Fuente: elaborado con datos del PNUD, Informes sobre Desarrollo Humano, 2009. Superando barreras: movilidad y<br />

desarrollo humano Nueva York, 2009.<br />

125


Jaime Ruiz de Santiago<br />

ubicaron arriba del 1.8%, los países con mayor<br />

número de inmigrantes presentan tasas de crecimiento<br />

muy bajas. En Ucrania y Rusia son incluso<br />

negativas (-0.64% y -0,25%, respectivamente).<br />

c) Las migraciones y el Derecho internacional<br />

El fenómeno de las migraciones debe su importancia<br />

no sólo a su aumento creciente, sino<br />

también a causa de la relevancia que tiene en el<br />

Derecho Internacional ya que, además de ser un<br />

tema obligado en las relaciones internacionales y<br />

que requiere un adecuado tratamiento, representa<br />

el origen mismo de esta rama del Derecho.<br />

En efecto, los orígenes del Derecho Internacional<br />

se encuentran fundamentalmente en la<br />

escuela salmantina de teólogos del siglo XVI, en<br />

concreto en la obra de Francisco de Vitoria, O.P.<br />

Como lo han hecho notar los más importantes<br />

investigadores del tema, Francisco de Vitoria fue<br />

el primero en sostener no sólo “la idea de la sociedad<br />

internacional con el derecho que le es propio,<br />

sino gran parte de aquellos principios que hasta<br />

hoy rigen la vida de las naciones”. 4 La gran idea<br />

del dominico se presenta en dos pequeñas obras<br />

intituladas Relecciones del Estado de los Indios y<br />

del Derecho de la Guerra (Relectiones de Indis et<br />

de Iure Belli).<br />

La Relección De Indis está dedicada a investigar<br />

las razones o títulos que los españoles daban<br />

para justificar su presencia en las tierras americanas<br />

recién descubiertas. El punto de partida de<br />

su investigación, y que es el tema decisivo en la<br />

controversia, es si los indios, antes de la llegada<br />

de los españoles, eran en verdad dueños y señores<br />

de sus posesiones. Tras mostrar que efectivamente<br />

lo eran (“Antes de la llegada de los españoles,<br />

eran ellos [los indios] verdaderos señores, así en<br />

derecho público como en derecho privado”) 5 pasa<br />

a analizar con detalle y precisión aquellas razones<br />

que se dan para justificar el hecho y que le parecen<br />

incorrectas e ilegítimas para después pasar revista<br />

a aquellas otras justificaciones que le parecen válidas.<br />

La obra es apasionante.<br />

No cabe detenerse en esta gran obra y basta<br />

decir que, entre los títulos inválidos de la conquista,<br />

se encuentra aquel que consideraba al Emperador<br />

como poseedor de un dominio universal y,<br />

tras ello, al Sumo Pontífice como monarca temporal<br />

de todo el orbe. Al negar ambas pretensiones,<br />

el dominico afirma la doctrina moderna de<br />

separación entre lo espiritual y lo temporal: 6 Vitoria<br />

sostiene que los españoles, al desembarcar y<br />

conquistar el nuevo mundo, no llevaban ningún<br />

126<br />

título originario de conquista y que éste sólo podría<br />

ser adventicio, es decir, debido a circunstancias<br />

posteriores al encuentro de esos dos pueblos.<br />

Son siete los títulos adventicios que el dominico<br />

encuentra capaces de legitimar esa presencia, a<br />

condición de ser correctamente comprendidos en<br />

sus justos términos.<br />

Interesa señalar el primero, el llamado derecho<br />

de la sociedad natural y comunicación (Ius<br />

naturalis societatis et communications), gracias<br />

al cual “los españoles tienen derecho de recorrer<br />

aquellas provincias y de permanecer allí, sin que<br />

puedan prohibírselo los bárbaros, pero sin daño a<br />

alguno de ellos”. 7 Con ello, se establece el derecho<br />

de circulación y de comercio (Ius peregrinandi, degendi<br />

et negotiandi) y se afirma el fundamento de<br />

la libertad de los mares, que el día de hoy implica<br />

el derecho de libre navegación en alta mar y el de<br />

paso inocente por aguas territoriales.<br />

Gracias al Ius peregrinandi los españoles pueden<br />

encontrarse en las nuevas tierras y sus habitantes<br />

deben evitar por derecho natural “tratar y recibir<br />

mal a los huéspedes y peregrinos sin motivo alguno<br />

especial […] a no ser que los extranjeros reportaran<br />

daño a la nación”. 8 Observa también que “al principio<br />

del mundo [como todas las cosas fuesen comunes],<br />

era lícito a cualquiera dirigirse y recorrer las<br />

regiones que quisiese. Y no se ve que haya sido esto<br />

abolido por la división de las tierras; pues nunca fue<br />

la intención de las gentes evitar la mutua comunicación<br />

de los hombres por esta repartición”. 9<br />

La idea que sostiene dicho derecho es la llamada<br />

doctrina del destino universal de los bienes,<br />

la que implica que, por naturaleza, ningún bien,<br />

ningún territorio, pertenece como propio a una<br />

persona o a un Estado. Los bienes no son un fin<br />

en sí mismos, sino un medio para hacer posible la<br />

vida, y una vida digna del ser humano. Para llegar<br />

a tal finalidad, los bienes deben poder llegar a todas<br />

las personas y pueblos.<br />

La organización que tras Vitoria adoptará<br />

la comunidad humana en forma de Estados no<br />

destruye esta doctrina, sino bien debe ser parte<br />

integrante de la vida y de las relaciones internacionales.<br />

Naturalmente, esta doctrina del destino<br />

universal de los bienes debe complementarse con<br />

la exigencia del bien común propio de cada una de<br />

las organizaciones estatales. Sin embargo, esto no<br />

debe olvidar que, como lo establece el mismo Vitoria,<br />

existe el derecho especial y propio de la comunidad<br />

internacional y que se encuentra por encima<br />

del arbitrio de los Estados particulares. Es la<br />

idea vitoriana de Totus Orbis que aparece cuando<br />

dice que “el derecho de gentes no sólo tiene fuer-


za por el pacto y convenio de los hombres, sino<br />

que tiene verdadera fuerza de ley. Y es que el orbe<br />

todo, que en cierto modo es una república, tiene<br />

el poder de dar leyes justas y a todos convenientes,<br />

como son las del derecho de gentes… [Por ello] a<br />

ninguna nación, en efecto, le es lícito eximirse del<br />

derecho de gentes, porque está promulgado por la<br />

autoridad de todo el orbe”. <strong>10</strong><br />

Por ello, el derecho a la libre circulación (Ius<br />

peregriandi) debe estar recogido y regulado por las<br />

ordenaciones de los diferentes Estados, las cuales<br />

a su vez no pueden olvidar aquellas normas que<br />

poseen un carácter imperativo para todos los Estados,<br />

por brotar de las exigencias de “todo el orbe”<br />

o de la comunidad internacional.<br />

Estos textos hacen ver la íntima relación que<br />

existe entre el derecho de libre circulación, concebido<br />

como un derecho humano fundamental,<br />

y aquellas normas que todo Estado debe observar<br />

independientemente de que hayan sido aceptadas<br />

por un tratado o pacto suscrito por el Estado (es<br />

lo que, en Derecho Internacional de los Derechos<br />

Humanos se conoce con el nombre de Ius Cogens,<br />

que crea obligaciones erga omnes, es decir, imperativas<br />

para todos los Estados).<br />

Todas estas reflexiones estuvieron presentes<br />

cuando se elaboraron los catálogos de Derechos<br />

Humanos a nivel universal o a nivel regional.<br />

Así, cuando se elaboró la Declaración Universal<br />

de Derechos Humanos, que sería discutida y<br />

adoptada por la Asamblea General de las Naciones<br />

Unidas el <strong>10</strong> de Diciembre de 1948, se enunció en<br />

el artículo 13 el derecho mencionado. Conocer la<br />

discusión suscitada por el texto del artículo posee<br />

gran interés pues permite ver los diferentes factores<br />

que estaban en juego: el de los seres humanos<br />

a circular libremente y el derecho de los Estados a<br />

regular los movimientos migratorios.<br />

El artículo finalmente fue aprobado por unanimidad<br />

por la Asamblea General, estableciendo<br />

que “toda persona tiene derecho a abandonar<br />

cualquier país, comprendido el suyo. El ideal sería<br />

que pudiera entrar en cualquier país. Pero el mínimo<br />

exigible actualmente es que pueda por lo menos<br />

volver a su propio país cuando le parezca”. 11<br />

De este modo el artículo 13 de la Declaración<br />

Universal dice:<br />

1. Toda persona tiene derecho a circular libremente<br />

y a elegir su residencia en el territorio<br />

de un Estado.<br />

2. Toda persona tiene derecho a salir de cualquier<br />

país, incluso del propio, y a regresar<br />

a su país.<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Algo semejante ocurre con la disposición que<br />

aparece en el artículo 12 del Pacto Internacional<br />

de Derechos Civiles y Políticos, añadiendo a la<br />

fracción primera las palabras: “Toda persona que<br />

se halle legalmente en el territorio de un Estado<br />

tendrá derecho a circular libremente por él y a escoger<br />

libremente en él su residencia”. El sentido<br />

de la segunda fracción es el mismo.<br />

La Declaración Americana de los Derechos y<br />

Deberes del Hombre adoptada también en el año<br />

de 1948 sólo habla del “Derecho de residencia y<br />

tránsito” y dice que “toda persona tiene el derecho<br />

de fijar su residencia en el territorio de un Estado<br />

del que es nacional, de transitar por él libremente<br />

y no abandonarlo sino por su voluntad”.<br />

Aunque la Convención Americana sobre Derechos<br />

Humanos de 1969 o Pacto de San José trata<br />

largamente en el artículo 22 del “derecho de circulación<br />

y de residencia”, no consagra el ideal de<br />

que una persona pueda entrar en cualquier país. 12<br />

De este modo, el tema de las migraciones<br />

forma parte del campo de los derechos humanos;<br />

las migraciones hacen referencia a un derecho<br />

fundamental; los Estados tienen el derecho (y el<br />

deber) de establecer normas que regulen los movimientos<br />

migratorios, pero las mismas deben tomar<br />

en consideración los derechos fundamentales<br />

de los migrantes y las exigencias del bien común,<br />

comprendido tanto a nivel nacional como internacional.<br />

II. MOVIMIENTOS FORZADOS DE PER-<br />

SONAS<br />

Pasemos ahora a examinar las diversas formas<br />

que adoptan los movimientos migratorios<br />

forzados, formas que siempre han existido en la<br />

historia de la humanidad, pero que el día de hoy<br />

alcanzan proporciones enormes. Vamos a dedicar<br />

nuestra atención al movimiento de los refugiados;<br />

a las poblaciones que han sido obligadas a abandonar<br />

su lugar de residencia habitual, pero que<br />

permanecen aún en el país de origen; a las migraciones<br />

internacionales, causadas por motivos<br />

económicos; y, finalmente, a la trata de personas.<br />

Los Refugiados<br />

a) La protección de los refugiados antes<br />

del nacimiento de la ONU<br />

No constituye objetivo del presente estudio<br />

el referirse a la historia de la protección de los<br />

refugiados y sólo interesa exponer algunos de los<br />

127


Jaime Ruiz de Santiago<br />

rasgos que ha presentado la protección internacional<br />

de los refugiados en el seno de la sociedad<br />

internacional organizada.<br />

A modo de nota introductoria, es bueno acordarse<br />

que, como recuerda la historia, siempre han<br />

existido personas que se han visto obligadas a buscar<br />

protección en un país diferente al propio debido<br />

a alguna clase de intolerancia o persecución, motivada<br />

por razones raciales, religiosas, de opiniones<br />

políticas u otras causas semejantes. Es lo que aparece<br />

en el período de la Grecia clásica en aquella<br />

tragedia de Esquilo intitulada Las Suplicantes.<br />

Esta tragedia se refiere a un grupo de mujeres que<br />

llegan a una ciudad griega, se dirigen a donde se<br />

encuentra el ara o altar para depositar en ella su<br />

súplica de protección, pues se encuentran huyendo<br />

de la persecución de sus parientes provenientes<br />

de Egipto. La súplica de este grupo de mujeres<br />

causa espanto e hilaridad en el gobernante de la<br />

ciudad griega, pues percibe que, en caso de brindar<br />

la protección solicitada, se puede originar una<br />

fuerte ira en los hijos de Egipto y fomentar una<br />

guerra. La decisión es de tal importancia que convoca<br />

en la plaza pública a los ciudadanos libres, a<br />

fin de que la resolución final sea adoptada por la<br />

libre decisión de los mismos, siendo plenamente<br />

conscientes de las consecuencias de la actitud que<br />

decidan adoptar. Esta decisión debe sopesar dos<br />

diferentes opciones: por una parte, la necesidad<br />

de protección expresada por ese grupo de mujeres<br />

indefensas y que son perseguidas; y, por otra,<br />

la posibilidad real de que, si se decide otorgarles<br />

protección, se pueda desencadenar una violenta<br />

guerra contra los hijos de Egipto. La ciudad griega<br />

discute el asunto y toma la decisión final que se<br />

funda en la percepción de la importancia que reviste<br />

el otorgar protección a ese grupo de mujeres<br />

perseguidas.<br />

En relación al pueblo de Israel, es bien claro<br />

que los israelitas siempre tuvieron la percepción de<br />

vivir como “extranjeros y huéspedes” (Lev. 25,23),<br />

de ser un “pueblo santo” (Det. 7,6; 14,2.21; 26,<br />

19;28,9), teniendo como domicilio una tierra que<br />

pertenece a Dios y cuya vocación es “vivir como<br />

extranjeros” (Jer. 35,7), habiendo conocido la catástrofe<br />

y el exilio en Babilonia. Debido a ello, una<br />

norma fundamental recibida por los israelitas es<br />

aquella de “amar a los extranjeros” (Dt. <strong>10</strong>,19), de<br />

“no oprimir a los extranjeros” (Ex. 23,9), pues ellos<br />

mismos fueron extranjeros en la tierra de Egipto. El<br />

amor debido a los extranjeros se funda en el amor<br />

mismo de Dios por su pueblo, lo que se recuerda<br />

en la celebración anual de la fiesta de Pascua. Al<br />

instalarse en “la tierra prometida”, Israel estable-<br />

128<br />

ció diez diferentes ciudades que deberían acoger a<br />

todos aquellos que llegasen buscando protección.<br />

En el Nuevo Testamento fue el mismo Jesús<br />

quien tuvo que ser llevado por sus padres a Egipto,<br />

una tierra extranjera, a fin de librarlo de la muerte.<br />

El rey Herodes había ordenado la muerte de<br />

todos aquellos niños que tuviesen menos de dos<br />

años de edad. De esta manera, la sagrada familia<br />

se constituyó en modelo típico de “familia refugiada”,<br />

que tan frecuente había de ser en los siglos<br />

posteriores…<br />

Durante la Edad Media, el asilo podía ser<br />

otorgado en diversos edificios de la Iglesia: en los<br />

monasterios, iglesias o en cualquier otro edificio<br />

público de naturaleza eclesiástica.<br />

En la Edad Moderna, el otorgamiento del asilo<br />

quedó en manos de los Estados y a ellos correspondía<br />

decidirlo. Este carácter “constitutivo” de la<br />

institución de protección se refleja con nitidez en<br />

los instrumentos jurídicos regionales adoptados<br />

en América Latina en materia de asilo.<br />

De este modo, llegamos al siglo XX, periodo<br />

en el cual, en buena parte como consecuencia<br />

de las conflagraciones bélicas ocurridas desde un<br />

principio, se dio la necesidad de crear una sociedad<br />

internacional organizada. Así nació la Sociedad<br />

de Naciones, en 1919; desde el principio se<br />

vio ante el tremendo desafío existente en Europa<br />

de varios miles de personas que, a consecuencia<br />

de la Primera guerra mundial, se encontraban fuera<br />

de sus países de origen y encaraban la necesidad<br />

de ser repatriadas o de buscar ser integradas en<br />

aquellos países en los cuales se encontraban. En<br />

1921, la Sociedad de Naciones nombró como Alto<br />

Comisionado para los Refugiados al noruego Fridtjof<br />

Nansen (1861-1930), quien era conocido por<br />

haber llegado al Polo Norte pocos años antes en el<br />

barco “Fram”. Nansen, dotado de un poderoso espíritu<br />

humanitario, debió enfrentar diversas crisis<br />

planteadas por refugiadas, resueltas fundamentalmente<br />

gracias a los esfuerzos de integración local<br />

de tales refugiados o a los programas de repatriación<br />

voluntaria que logró estructurar. Esos esfuerzos<br />

se vieron coronados por el Premio Nobel de la<br />

Paz, que le fue otorgado en 1925.<br />

Tres fueron los más importantes retos que<br />

Nansen debió enfrentar como Alto Comisionado<br />

para los Refugiados: a) ante todo, aquel de las<br />

víctimas producidas por la Primera guerra; este<br />

conflicto produjo enorme cantidad de víctimas,<br />

al igual que personas obligadas a buscar protección<br />

en otros países diferentes al propio; b) pero,<br />

ya cerca de que terminase esa “Gran guerra”, estalló<br />

la violencia en Rusia y, a partir de Octubre


de 1917, numerosos rusos abandonaron su país<br />

natal y requirieron encontrar una solución a su lamentable<br />

situación; c) no mucho tiempo después,<br />

se habría de producir el colapso del Imperio otomano,<br />

el cual tuvo unos siete siglos de duración,<br />

pues nació hacia el año 1300 y llegó a abarcar tres<br />

continentes. Su expansión fue detenida en 1529,<br />

cuando Solimán I fue vencido en la batalla de<br />

Viena y, no mucho tiempo después, en 1571, las<br />

fuerzas turcas fueron derrotadas en Lepanto. En<br />

1683, el Imperio otomano conoció una segunda<br />

derrota en Viena y más tarde en Rusia. En 1829,<br />

Grecia logró su autonomía y, al año siguiente, su<br />

independencia. Lentamente se independizaron<br />

nuevas naciones: Serbia, Rumania y Montenegro;<br />

en 1912 estallaron las guerras balcánicas. Durante<br />

la Primera guerra mundial, los turcos se tornaron<br />

aliados de los alemanes y, tras la derrota de<br />

los mismos, en 1922, se produjo la abolición de<br />

la dinastía otomana, que puso fin al Imperio. En<br />

1923, fue substituido por la República de Turquía<br />

gracias al Tratado de Lausanne y con ello emerge<br />

el nuevo Estado turco con las acciones de Mustafá<br />

Kemal Ataturk. Entretanto, de los años 1915 a<br />

1923, se realiza el genocidio, por parte de los turcos,<br />

de un millón de armenios, y de 1919 a 1922<br />

se produjo la guerra greco-turca, que creó grandes<br />

movimientos de refugiados. A todas estas crisis<br />

Nansen debió encontrar remedio en lo que se referían<br />

a miles de personas que fueron las víctimas<br />

producidas por las mismas. Uno de los grandes<br />

logros del Alto Comisionado para los Refugiados<br />

fue que los países aceptasen como documento válido<br />

de viaje de los refugiados el llamado “Pasaporte<br />

Nansen”, gran precedente del “Documento<br />

de Viaje” de la Convención de Ginebra de 1951.<br />

Gracias a él, numerosos refugiados pudieron desplazarse<br />

legalmente entre países y ser admitidos<br />

para lograr su integración o su reasentamiento.<br />

Nansen falleció en 1930 y, a su muerte, la<br />

comunidad internacional expresó el vivo dolor<br />

que sentía por su desaparición, ocurrida en momentos<br />

de gran agitación en Europa, cuando la<br />

Sociedad de Naciones declinaba y estaban a punto<br />

de producirse profundos movimientos de violencia<br />

en España y en aquellos países que pronto serían<br />

arrasados por la expansión alemana.<br />

Los primeros en aparecer fueron los refugiados<br />

provenientes de la propia Alemania, seguidos<br />

poco después por aquellos de Austria. Para remediar<br />

esa situación, se firmó en 1933 la ‘Convención<br />

relativa al Estatuto Internacional de Refugiados’<br />

(Convention relating to the Internacional<br />

Status of Refugees) y, en 1938 se creó el Comité<br />

Intergubernamental para Refugiados (IGCR), el<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

cual habría de ser seguido, en 1946, por la Organización<br />

Internacional para Refugiados (International<br />

Refugee Organisation, IRO), la cual duraría<br />

hasta la aparición del Alto Comisionado de<br />

Naciones Unidas para los Refugiados (ACNUR), 13<br />

que se habría de producir a partir de 1948.<br />

b) La ONU y la protección internacional de<br />

los refugiados 14<br />

En 1945 nació la Organización de Naciones<br />

Unidas (ONU), segunda forma de sociedad<br />

internacional organizada que vino a tomar el lugar<br />

de la ya desaparecida Sociedad de Naciones.<br />

Creada al término de la Segunda guerra mundial,<br />

la Asamblea General de la ONU logró producir,<br />

en diciembre de 1948, la Declaración Universal<br />

de Derechos Humanos (DUDH), resolución<br />

que pronto conocería los avatares de la llamada<br />

“Guerra Fría” y que sería el germen de una serie<br />

de instrumentos jurídicos internacionales que,<br />

debido a la situación mencionada, sólo comenzaría<br />

a iniciarse a partir de 1966, con la aprobación<br />

del texto de los dos grandes Pactos sobre la materia:<br />

el Pacto Internacional sobre Derechos Civiles<br />

y Políticos y el Pacto Internacional sobre Derechos<br />

Económicos, Sociales y Culturales.<br />

Un año después de adoptada la DUDH, la<br />

Asamblea General decidió la creación de un Alto<br />

Comisionado para Refugiados (Resolución 319 A<br />

IV), cuyo Estatuto sería aprobado por medio de la<br />

resolución 428 (V) del 14 de diciembre de 1950.<br />

Dicho Estatuto de la Oficina del Alto Comisionado<br />

de las Naciones Unidas para los Refugiados<br />

(ACNUR) contiene un mandato específico,<br />

mencionado en el número 1 de ese documento:<br />

“El Alto Comisionado de las Naciones Unidas<br />

para los Refugiados, actuando bajo la autoridad<br />

de la Asamblea General, asumirá la función de<br />

proporcionar protección internacional, bajo los<br />

auspicios de las Naciones Unidas, a los refugiados<br />

[…], y de buscar soluciones permanentes al<br />

problema de los refugiados”. Ese mismo número<br />

1 menciona dos de esas “soluciones permanentes”:<br />

“ayudando […] a facilitar la repatriación voluntaria<br />

de tales refugiados o su asimilación en<br />

nuevas comunidades nacionales”. 15<br />

Como se ha dicho, este documento tiene la<br />

gran importancia de dar al ACNUR un mandato<br />

emanado de la Asamblea General de la ONU<br />

que es sumamente concreto: el de proteger a los<br />

refugiados donde quiera que se encuentren. Esto<br />

significa dos cosas básicamente: que el ACNUR<br />

debe estar presente, en razón de su mandato,<br />

en aquellas situaciones en que la protección a<br />

los refugiados lo haga necesario; que el manda-<br />

129


Jaime Ruiz de Santiago<br />

Afirma el derecho de asociación, de acceder a los<br />

tribunales y los criterios relativos a las actividades<br />

lucrativas, sean éstas las de empleo remunerado,<br />

trabajo por cuenta propia o profesiones liberales.<br />

130<br />

La Convención establece las reglas que se deben<br />

seguir en caso de racionamiento, en materia de<br />

acceso a la vivienda y a la educación pública, del<br />

mismo modo que se refiere a cómo se debe apli-


to esencial del organismo es de protección y que,<br />

en consecuencia, la ayuda humanitaria que pueda<br />

prestar depende, como lo dice el propio Estatuto<br />

más adelante, de las contribuciones voluntrias que<br />

se puedan recoger. La ayuda humanitaria que se<br />

pueda prestar depende de esas contribuciones voluntarias,<br />

en tanto que el mandato de protección es<br />

categórico y no está sometido a condiciones.<br />

Principios básicos<br />

Como organización humanitaria, apolítica y social,<br />

el ACNUR tiene dos objetivos básicos estrechamente<br />

relacionados: proteger a los refugiados y buscar<br />

soluciones duraderas, para que vuelvan a iniciar sus<br />

vidas en un ambiente normal.<br />

Es cierto que, en numerosas ocasiones, la<br />

protección significa ante todo y principalmente<br />

la asistencia humanitaria (piénsese, por ejemplo,<br />

en los numerosos campos de refugiados que<br />

existen en África), pero no sucede esto siempre.<br />

¿Qué significa en términos prácticos, la protección<br />

internacional que debe prestar el ACNUR?<br />

Significa cosas tan concretas como asegurar que<br />

las fronteras de los países permanezcan abiertas<br />

para acoger a los solicitantes de asilo; el que estos<br />

solicitantes de asilo no sean devueltos a su<br />

país de origen o a donde su vida o libertad se encuentren<br />

en peligro; que sus solicitudes de asilo<br />

sean debidamente recibidas; que sean resueltas<br />

en un término breve, etc.<br />

En segundo lugar, significa que la presencia<br />

del ACNUR en el país que recibe refugiados no depende<br />

de que el mismo haya firmado las convenciones<br />

que regulan esta materia. Un buen ejemplo<br />

lo representa México, país que firmó esas convenciones<br />

sólo hasta el año 2000, pero en el cual el<br />

ACNUR se ha encontrado trabajando desde 1983,<br />

cuando hicieron su aparición en el país los que<br />

habrían de llegar a ser unos 50,000 refugiados<br />

guatemaltecos.<br />

El Estatuto de la Oficina del ACNUR precisa,<br />

además, que la labor de este organismo “tendrá<br />

carácter enteramente apolítico; será humanitaria<br />

y social” (2), y establece que debe seguir las<br />

instrucciones que reciba de la Asamblea General<br />

o del Consejo Económico y Social (ECOSOC) (3).<br />

Al tratar, en el Capítulo II, de las Funciones<br />

del Alto Comisionado, el Estatuto precisa cuáles<br />

son las personas que deben ser consideradas como<br />

refugiadas y que están, por ende, bajo su competencia(6),<br />

con lo cual se precisa una definición<br />

que habrá de ser repetida en documentos posteriores<br />

y que se explicará más adelante. También<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

se mencionan las condiciones gracias a las cuales<br />

los refugiados dejan de estar bajo la competencia<br />

del ACNUR (cesación del estatuto de refugiado)<br />

y las personas que no están bajo su competencia<br />

(exclusión del estatuto de refugiado) (7). Estos<br />

puntos, sin embargo, van a ser recogidos por la<br />

Convención de 1951 sobre el Estatuto de los Refugiados,<br />

que se explicará también más adelante.<br />

Para finalizar con este punto relativo al Estatuto<br />

del ACNUR, baste señalar que el documento<br />

establece que, para asegurar la realización de su<br />

mandato, el ACNUR debe promover “la conclusión<br />

y ratificación de convenios internacionales<br />

para proteger a los refugiados, vigilando su aplicación<br />

y proponiendo modificaciones a los mismos”<br />

(8a).<br />

En razón de este señalamiento, han sido<br />

propuestos y aceptados los dos grandes convenios<br />

internacionales relativos a los refugiados: la Convención<br />

de Ginebra de 1951 sobre el Estatuto de<br />

los Refugiados y el Protocolo de 1967 sobre el Estatuto<br />

de los Refugiados. Ambos documentos han<br />

recibido la adhesión de unos 145 países.<br />

Documentos universales de operación del<br />

ACNUR<br />

• Estatuto de la Oficina del Alto Comisionado<br />

de las Naciones Unidas para los Refugiados<br />

(1950).<br />

• Convención sobre el Estatuto de los Refugiados<br />

(1951).<br />

• Protocolo sobre el Estatuto de los Refugiados<br />

(1967).<br />

La Convención de Ginebra de 1951 debe<br />

su importancia a que regula con toda claridad el<br />

tema de los refugiados, estableciendo los derechos<br />

y deberes de los refugiados y de los Estados que<br />

les reciben.<br />

Además de definir con claridad lo que es un<br />

refugiado, la Convención establece las obligaciones<br />

del mismo: “Todo refugiado tiene, respecto del<br />

país donde se encuentra, deberes que, en especial,<br />

entrañan la obligación de acatar sus leyes y reglamentos,<br />

así como las medidas adoptadas para el<br />

mantenimiento del orden público” (Art. 2).<br />

La Convención prohíbe la discriminación,<br />

establece la libertad de religión y señala los criterios<br />

que se deben observar respecto de los bienes<br />

muebles e inmuebles que puedan poseer los<br />

refugiados, lo mismo que lo relacionado con los<br />

derechos de propiedad intelectual e industrial.<br />

131


Jaime Ruiz de Santiago<br />

car la legislación del trabajo y seguros sociales. El<br />

artículo 26 trata de la libertad de circulación, y<br />

el artículo 27 puntualiza los 26 documentos de<br />

identidad que los refugiados deben recibir para ser<br />

identificados como tales.<br />

El artículo 28 trata de los documentos de viaje<br />

y es el fundamento del “Documento de Viaje de<br />

la Convención” que deben recibir los refugiados<br />

en caso de que precisen viajar, del mismo modo<br />

que los artículos posteriores regulan el tema de los<br />

gravámenes fiscales que los puedan afectar.<br />

De especial importancia es el Art. 32, que<br />

prohíbe la expulsión de los refugiados, así como la<br />

prohibición de expulsión y de devolución (refoulement).<br />

Este último enuncia uno de los principios<br />

fundamentales del Derecho de los Refugiados,<br />

que incluye la prohibición de devolución en<br />

las fronteras y que se considera hoy día como representando<br />

una norma imperativa (Ius cogens)<br />

para los Estados.<br />

c) La definición de refugiado<br />

Como se ha mencionado, la Convención del<br />

51 es importante porque estableció por vez primera<br />

una definición de refugiado universalmente<br />

aceptada. Esta definición, que aparece en el artículo<br />

primero, señala que el estatuto de refugiado<br />

se caracteriza por las siguientes notas esenciales:<br />

Lo primero es el hecho de que un refugiado<br />

debe ser una persona. Esta primera nota, que<br />

parece gozar de evidencia, no siempre es reconocida.<br />

Significa que la gran tragedia de los refugiados<br />

–que hoy día suman más de 20 millones de<br />

personas– es que todos ellos son seres humanos.<br />

En consecuencia, no debe decirse, si se habla con<br />

precisión, que existan cosas (p. ej. capitales financieros)<br />

o animales refugiados. Puede suceder<br />

que una gran cantidad de aves u otros animales<br />

se hayan visto obligados a abandonar el país en el<br />

cual se encontraban a causa de un incendio o de<br />

otro fenómeno natural, o que hayan sido obligados<br />

a llegar a un sitio diferente; no por ello deben<br />

ser considerados como ‘refugiados’ en el sentido<br />

apropiado del término.<br />

La persona debe encontrarse fuera del país<br />

de origen. Una persona nunca puede ser considera<br />

como refugiado en tanto permanece en su propio<br />

país. Esto distingue el refugio de las Naciones<br />

Unidas (en donde el término “refugio” es sinónimo<br />

de “asilo”) del asilo latinoamericano (en especial<br />

el “asilo diplomático”) que puede otorgarse<br />

en legaciones diplomáticas, barcos de guerra, etc.<br />

De acuerdo con la Convención del 51, no<br />

pueden existir refugiados en el país de origen; el<br />

132<br />

ACNUR se rehúsa a la petición –no poco frecuente–<br />

hecha por algunos países para que haga la determinación<br />

o establezca la calificación de refugiado<br />

en el interior de países que están provocando<br />

un número importante de refugiados.<br />

El solicitante de asilo debe mostrar “un fundado<br />

temor de persecución”, lo que da lugar a dos<br />

diferentes consideraciones.<br />

Ante todo, que el temor debe encontrarse objetivamente<br />

motivado, lo que implica un aspecto<br />

subjetivo –el miedo, el temor– y el hecho de que<br />

debe responder a una situación objetiva. Las autoridades<br />

que realizan la decisión de si un solicitante<br />

de refugio es en verdad un refugiado deben<br />

poseer fuentes fiables de información con relación<br />

a la situación que existe en el país de origen del<br />

solicitante. Y por ello, el ACNUR aconseja que<br />

sea una comisión compuesta por diversos miembros<br />

(normalmente las secretarías o ministerios<br />

que se ven afectados por la presencia de refugiados)<br />

quienes sean encargados de esta delicada tarea.<br />

El ACNUR también aconseja que, como se<br />

trata de verificar si una cierta calificación se realiza<br />

en una persona, se prevea la posibilidad de que,<br />

si la decisión es en primera instancia negativa,<br />

exista la posibilidad de solicitar la revisión de tal<br />

decisión, que debe estar encomendada a una instancia<br />

diferente.<br />

Este elemento de la definición de refugiado<br />

también suscita la cuestión de quién debe ser<br />

el agente de persecución. Normalmente lo es el<br />

Estado, agentes que representan al Estado, pero<br />

también es frecuente que los Estados, para no ser<br />

vistos precisamente como aquellos que persiguen,<br />

recurren a otros subterfugios, como crear cuerpos<br />

de persecución que no son formalmente agentes<br />

del Estado (cuerpos paramilitares), o tolerar a<br />

quienes realizan la persecución. Cabe la posibilidad,<br />

y esto es cada vez más frecuente en Estados<br />

que son débiles, de que un Estado no pueda controlar<br />

a quienes realizan la persecución: no está de<br />

acuerdo con ésta, pero no puede hacer nada para<br />

impedirla. El resultado práctico es que el ciudadano<br />

se encuentra desprovisto de la protección que<br />

el Estado le debería otorgar. Nace entonces la posibilidad<br />

del refugio.<br />

La definición establece que las causas que<br />

pueden explicar el refugio son de diversa naturaleza:<br />

la raza, la nacionalidad, la religión, la pertenencia<br />

a un determinado grupo social o las opiniones<br />

políticas. Y, en el amplio mundo de refugiados, los<br />

hay por estos diversos motivos. Refugiados debido<br />

a la raza y/o nacionalidad que aparecieron en la<br />

guerra de los Balcanes o en los grandes lagos de


África, aquellos que llegan principalmente a Polonia<br />

y a otros países europeos procedentes de Chechenia;<br />

los que son causados por la persecución<br />

religiosa (como es el caso de los bahais); refugiados<br />

por formar parte de cierta clase social, como<br />

pueden ser ‘los capitalistas’ o ‘burgueses’; por ser<br />

periodistas o extranjeros; por ser miembros de determinados<br />

sindicatos o asociaciones; refugiados,<br />

en fin, a causa de sus opiniones políticas. Este último<br />

ha sido muy conocido en América Latina.<br />

Es interesante observar que, para ser refugiado,<br />

no es necesario haber padecido una persecución<br />

(basta el fundado temor, como se dijo en el punto<br />

anterior), como tampoco es cierto que todos los refugiados<br />

lo sean debido a sus posiciones políticas.<br />

Por estas razones, el refugiado no quiere o no<br />

puede retornar a su país de origen.<br />

Estas notas hacen ver que la definición universal<br />

de refugiado, que se aplica en Canadá, los<br />

Estados Unidos, Europa… se caracteriza como<br />

elemento primordial por (el temor de) la persecución<br />

individualizada. Y muchos países, en especial<br />

aquellos que son miembros de la Unión Europea,<br />

tienden a hacer una interpretación, en ocasiones<br />

demasiada restrictiva, de los elementos propios<br />

del estatuto de refugiado. Los solicitantes que el<br />

día de hoy pueden llegar a tales los territorios –y<br />

esta es una tarea cada día más complicada–, deben<br />

poder mostrar que no son refugiados económicos,<br />

ni víctimas de ningún desastre natural (hambrunas,<br />

desastres ecológicos…); que no han dejado su<br />

país de origen debido a la situación prevalente en<br />

el mismo (de violación de derechos humanos, de<br />

guerra…), sino que realmente tienen un fundado<br />

temor de persecución por alguna de las razones<br />

mencionadas en la definición. A veces incluso, se<br />

¿Quién es un refugiado?<br />

De acuerdo con la Convención de Ginebra sobre<br />

el Estatuto de los Refugiados, un refugiado<br />

es una persona que “debido a fundados temores<br />

de ser perseguida por motivos de raza, religión,<br />

nacionalidad, pertenencia a un determinado<br />

grupo social u opiniones políticas, se encuentre<br />

fuera del país de su nacionalidad y no pueda o,<br />

a causa de dichos temores, no quiera acogerse a<br />

la protección de su país; o que, careciendo de nacionalidad<br />

y hallándose, a consecuencia de tales<br />

acontecimientos, fuera del país donde antes tuviera<br />

su residencia habitual, no pueda o, a causa<br />

de dichos temores no quiera regresar a él”.<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

tiene la impresión de que son muchos los países<br />

que son donantes para los programas del ACNUR,<br />

a condición de que no sean ellos los que deban<br />

recibir refugiados. Y países que durante mucho<br />

tiempo fueron ejemplo de generosidad y conductas<br />

humanitarias, comienzan a transformarse en<br />

países caracterizados por su egoísmo, xenofobia e<br />

insensibilidad a problemas de refugiados que, por<br />

razones históricas, ellos mismos ayudaron a producir.<br />

Además, la dificultad para acceder a ciertos<br />

países ha originado un aumento creciente del número<br />

de víctimas del tráfico de personas.<br />

En todo caso, lo que ahora interesa añadir<br />

es que, en algunos continentes, pronto se vio que<br />

esta definición de refugiado era insuficiente para<br />

resolver el fenómeno que se presentó de manera<br />

inesperada: los flujos o movimientos masivos de<br />

personas. Claro que esta realidad fue la que se presentó<br />

en Europa tras la Segunda guerra mundial,<br />

pero la definición que se adoptó en 1951 respondía<br />

a una situación europea donde ese problema<br />

había sido básicamente resuelto. ¡Jamás se pensó<br />

que en Europa se volvería a conocer una gran conflagración!<br />

La violencia desatada posteriormente<br />

en la región de los Balcanes hizo ver la ilusión de<br />

tal presunción.<br />

Cuando en África se inició el período de descolonización<br />

y de independencia de los nuevos<br />

países, comenzaron a estallar numerosas guerras<br />

simultáneamente e hicieron su aparición dichos<br />

movimientos masivos de refugiados. El continente<br />

pronto sintió la necesidad de ampliar la definición<br />

de refugiado y, por ello, en 1969 la Organización<br />

de Unidad Africana (OUA) adoptó una<br />

“Convención por la que se regulan los aspectos<br />

específicos de problemas de refugiados en África”,<br />

que tuvo el gran mérito de responder a la realidad<br />

que se vivía.<br />

Principales países que produjeron refugiados<br />

(2008)<br />

Afganistán: 2,800,000<br />

Irak: 1,900,000<br />

Somalia: 561,000<br />

Sudán: 419,000<br />

Colombia: 374,000<br />

R.D. Congo: 368,000<br />

Fuente: www.unhcr.org.2008. Global Trends.<br />

133


Jaime Ruiz de Santiago<br />

La Convención ha sido extremadamente útil<br />

y ha sido aplicada en África a refugiados provenientes<br />

de la República Democrática del Congo,<br />

de Guinea Bissau, de Angola, del Chad, de Somalia<br />

y de Sudán, de Liberia y de Sierra Leona, de<br />

Ruanda y de Eritrea…<br />

No mucho tiempo después, América Central<br />

se vio envuelta en una serie de guerras sangrientas:<br />

El Salvador, Nicaragua, Guatemala. Aparecieron<br />

en la región movimientos masivos de refugiados<br />

y se experimentó la necesidad de ampliar<br />

el concepto de refugiado. Para tratar de llegar a<br />

ello, la UNAM organizó un coloquio sobre asilo<br />

y refugio en 1981, 16 que sirvió para preparar una<br />

reunión en Cartagena de Indias (Colombia), que<br />

adoptó en 1984 la “Declaración de Cartagena”. En<br />

este importante documento, que ha sido adoptado<br />

básicamente por todos los países de América<br />

Latina, se logró, entre otras cosas, adoptar una<br />

definición más amplia de refugiado. Esta se inspira<br />

expresamente en la Convención de la OUA<br />

de 1969 y establece que “la definición o concepto<br />

de refugiado recomendable para su utilización en<br />

la región es aquella que, además de contener los<br />

elementos de la Convención de 1951 y el Protocolo<br />

de 1967, considere también como refugiados a<br />

las personas que han huido de sus países porque<br />

su vida, seguridad o libertad han sido amenazadas<br />

por la violencia generalizada, la agresión extranjera,<br />

los conflictos internos, la violación masiva de<br />

los derechos humanos u otras circunstancias que<br />

hayan perturbado gravemente el orden público”.<br />

Esta definición, que existe el día de hoy en<br />

diversos países latinoamericanos, ha sido fundamental<br />

para resolver numerosos problemas en la<br />

región: no sólo aquellos originados en Guatemala,<br />

Nicaragua y El Salvador, sino también a refugiados<br />

provenientes de Colombia e inclusive de África.<br />

Así, Brasil pudo resolver el problema de los<br />

refugiados angolanos llegados a partir de 1993, a<br />

causa de una terrible guerra civil.<br />

Es necesario señalar que, en los últimos<br />

años, América Latina ha conocido un importante<br />

período de paz, sólo turbada por algunas situaciones<br />

puntuales. El número de refugiados procedentes<br />

de esta parte del continente americano se ha<br />

reducido drásticamente y, por ello, la presencia<br />

del ACNUR ha disminuido de manera paralela.<br />

Países latinoamericanos que no hace mucho tiempo<br />

generaban gran cantidad de refugiados se han<br />

convertido ahora en receptores de los mismos y<br />

ayudan al ACNUR a realizar programas de reasentamiento.<br />

En otros continentes, nuevos focos<br />

134<br />

Principales países que recibieron refugiados<br />

(2008)<br />

Pakistán: 1,780,900<br />

Siria: 1,<strong>10</strong>5,700<br />

Irán: 980,000<br />

Alemania: 562,700<br />

Jordania: 500,400<br />

Chad: 330,500<br />

Fuente: www.unhcr.org. 2008 Global Trends.<br />

generadores de refugiados han estallado: Sudán,<br />

Irak, la República Democrática del Congo…<br />

Personas desplazadas en el interior del<br />

país (PDI)<br />

Se trata de una realidad muy semejante a<br />

aquella de los refugiados. Las causas por las cuales<br />

han dejado su lugar de origen pueden ser las<br />

mismas que aquellas existentes en el caso de los<br />

refugiados; la única diferencia es que no han cruzado<br />

la frontera, permanecen en su país de origen.<br />

Las personas desplazadas en el interior del<br />

país (en inglés se les conoce como Internally<br />

Displaced Personas –IDP’s–) se encuentran, en<br />

principio, bajo la protección del país al cual pertenecen,<br />

que es el encargado de velar por su protección.<br />

Pero se ha visto, en el panorama internacional<br />

los últimos años, que son cada vez más los<br />

países que, por diversos motivos, se encuentran<br />

ante la imposibilidad de realizar esta importante<br />

misión. No existe ningún organismo internacional<br />

que pueda tomar el lugar del Estado al cual<br />

pertenecen esas personas. La gran dificultad para<br />

atender a estas poblaciones desprotegidas es la soberanía<br />

de los países.<br />

Ante esta creciente emergencia, se ha sugerido<br />

que alguna agencia especializada de la ONU<br />

podría intervenir; por las tareas que realiza, se ha<br />

pensado en el ACNUR. Mas, como el ACNUR<br />

carece del mandato para atender a estas poblaciones,<br />

a fin de que esta organización pueda atender<br />

el problema de personas desplazadas en el interior<br />

del país, se necesitan varios requisitos: que el país<br />

solicite esta intervención ante el Secretario General<br />

de la ONU o ante la Asamblea General y que<br />

ésta acepte hacerlo; que se provea al ACNUR de<br />

los medios económicos para ello, y que se disponga<br />

del personal suficiente. Es muy frecuente que<br />

el ACNUR se encuentre en situaciones difíciles a<br />

causa de las limitadas donaciones recibidas para


los programas de atención a los refugiados o que<br />

se vea sumergido en operaciones de emergencia.<br />

Pero la limitación más importante está representada<br />

por la soberanía de los países. Debido<br />

a ello, por ejemplo, las autoridades de Myanmar<br />

(antigua Birmania) han prohibido acceder a numerosos<br />

desplazados, representados por minorías<br />

étnicas con las que está en guerra. Durante muchos<br />

años, y durante la insurrección del PKK en<br />

Kurdistán, Turquía impidió que se pudiera acceder<br />

a centenares de miles de desplazados turcos.<br />

Lo mismo sucedió en Argelia, en la cual nunca se<br />

ha sabido cuántos desplazados internos existen o<br />

cuáles son sus necesidades, debido a que las autoridades<br />

no han permitido acceder a ellos.<br />

Es muy frecuente que los Estados traten a<br />

dichas poblaciones desplazadas como “extranjeros”<br />

o “terroristas” a fin de no hacerse cargo de<br />

ellos. ¡Y no es sencillo recordar a los Estados sus<br />

obligaciones! Esto es muy claro en el caso de las<br />

guerras civiles, cuando los gobiernos piensan que<br />

cualquier ayuda prestada a los desplazados puede<br />

significar fortalecer los movimientos insurgentes.<br />

Pero, como el número de PDI ha ido aumentando<br />

considerablemente, a tal punto que el día<br />

de hoy excede a aquel de los refugiados, la actitud<br />

de los Estados ha ido cambiando paulatinamente.<br />

Por ello, el día de hoy existe la aceptación<br />

generalizada de que las personas necesitadas de<br />

ayuda y protección en su propio país poseen motivos<br />

justificados para solicitar la intervención de<br />

la comunidad internacional. De este modo, las<br />

Naciones Unidas han podido adoptar diferentes<br />

resoluciones que, reconociendo la soberanía del<br />

Estado, deciden crear corredores de ayuda y actuaciones<br />

a través de las fronteras para llegar a las<br />

personas necesitadas. Así, se ha decidido el acceso<br />

para poder distribuir ayuda a poblaciones en<br />

Bosnia-Herzegovina, Darfur (Sudán), el norte de<br />

Irak, Mozambique, Somalia y Timor Este, entre<br />

otros casos. Incluso en ocasiones se ha decidido<br />

usar la fuerza para garantizar la distribución de<br />

ayuda y protección.<br />

De esta manera, se ha podido acceder a poblaciones<br />

desplazadas en Sri Lanka, en Turquía, en<br />

el Cáucaso (Georgia), en Azerbaiyán, en Colombia,<br />

en la República Democrática del Congo, en Pakistán,<br />

en Uganda… El ACNUR se ha visto cada vez<br />

más comprometido en este tipo de operaciones.<br />

A fin de atender debidamente este problema,<br />

en 1992 el Secretario General de la ONU –Butros<br />

Butros-Ghali– decidió nombrar representante<br />

sobre esta materia al Sr. Francis Deng, quien ela-<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Personas desplazadas al interior del país<br />

• Hoy suman más de 25 millones.<br />

• Gran semejanza con los refugiados.<br />

• Diferencia: permanecen en el interior del<br />

país.<br />

• El Sr. Francis Deng, representante del Secretario<br />

General, elaboró una serie de Principios<br />

Rectores.<br />

• En 1998, la Comisión de Derechos Humanos<br />

aprobó los “Principios Rectores de los Desplazamientos<br />

Internos”.<br />

boró una serie de principios que deben ser observados<br />

en estas situaciones. En 1998, la Comisión<br />

de Derechos Humanos aprobó esos “Principios<br />

Rectores de los Desplazamientos Internos”, que<br />

constituyen un patrón mínimo exhaustivo para<br />

el trato de los desplazados en su propio país. Los<br />

principios enuncian los derechos de los desplazados<br />

y las obligaciones de los gobiernos, los grupos<br />

insurgentes y otros protagonistas para con esas<br />

poblaciones. Tales principios, aunque carecen de<br />

carácter vinculante, derivan de tratados internacionales<br />

sobre derechos humanos y derecho humanitario.<br />

Desde hace ya más de diez años, son<br />

aplicados por gobiernos, agencias de la ONU, organismos<br />

universales y regionales, y ONG’s en<br />

casos de desplazamientos internos. Constituyen<br />

hoy día un instrumento fundamental para tratar<br />

este problema.<br />

Los Principios Rectores de los Desplazamientos<br />

Internos han ayudado y ayudan en situaciones<br />

prevalentes en Angola, Sierra Leona, Chad, Burundi,<br />

Filipinas, Sri Lanka, Uganda y Colombia.<br />

Principales países con desplazados internos<br />

(2008)<br />

1. Colombia, con más de 3 millones<br />

2. Irak, con más de 2.6 millones<br />

3. R. de Congo, con más de 1.5 millones<br />

4. Somalia, con más de 1.3 millones<br />

5. Sudán, con más de 1.2 millones<br />

6. Uganda, con más de 853,000 mil<br />

Fuente: www.unhcr.org. 2008 Global Trends.<br />

135


Jaime Ruiz de Santiago<br />

Los programas con desplazados internos resultan<br />

difíciles y complejos, por basarse en el principio<br />

de colaboración: la responsabilidad compete<br />

al Coordinador de Ayuda de Emergencia, 17 que<br />

está al frente de la Oficina para la Coordinación<br />

de Asuntos Humanitarios (en inglés, OCHA) 18 , y<br />

cuenta con la participación de numerosas agencias<br />

de la ONU (ACNUR, UNICEF, OMS, Banco<br />

Mundial, etc.), al igual que de muchas ONG’s<br />

universales y regionales. El Coordinador de Ayuda<br />

de Emergencia (Under Secretary General/Emergency<br />

Relief Coordinator) funciona como “centro”<br />

de las Naciones Unidas para los Desplazados<br />

Internos. El representante del Secretario General<br />

para los Derechos Humanos de los Desplazados<br />

Internos –en el año 2004, el Sr. Francis Deng fue<br />

reemplazado en el cargo por el Sr. Walter Kalin– le<br />

presta igualmente su estrecha colaboración.<br />

De esta forma, para el tratamiento de los<br />

desplazados internos las Naciones Unidas decidieron<br />

no ampliar el mandato del ACNUR ni crear<br />

una agencia especializada.<br />

La aplicación de los Principios Rectores, y<br />

la presencia de la “unidad de colaboración” mencionada,<br />

permiten ver las fuerzas y debilidades de<br />

este sistema. A fin de remediar esta situación, se<br />

ha creado una División Inter-agencial de Desplazamientos<br />

Internos en el interior de la Oficina<br />

para la Coordinación de Asuntos Humanitarios<br />

(OCHA).<br />

En cuanto a los Principios, se componen<br />

de diversas partes o secciones: tras referirse en<br />

la primera sección a los principios generales, la<br />

segunda sección enuncia los principios relativos<br />

a la protección contra los desplazamientos. Aquí<br />

se afirma que estas situaciones de desplazamiento<br />

interno requieren la aplicación coordinada del sistema<br />

protector de derechos humanos, del derecho<br />

de refugiados y del derecho humanitario. Por ello,<br />

“todo ser humano tendrá derecho a la protección<br />

contra desplazamientos arbitrarios que le alejen<br />

de su hogar o de su lugar de residencia habitual”<br />

(principio 6.1). Esta prohibición incluye posibles<br />

casos de alejamiento por políticas de apartheid,<br />

de ‘limpieza étnica’, en situaciones de conflictos<br />

armados o de proyectos de desarrollo en gran escala,<br />

en casos de desastres (a menos que la seguridad<br />

y la salud de las personas afectadas requieran<br />

su evacuación) o cuando se usen como medida de<br />

castigo colectivo.<br />

La sección tercera establece los principios<br />

relativos a la protección durante el desplazamiento,<br />

en donde se enuncian los derechos humanos<br />

básicos de los desplazados que deben ser prote-<br />

136<br />

gidos: derecho a la vida, a la dignidad y a la integridad.<br />

Igualmente, se menciona el derecho de<br />

los desplazados internos a la libertad y seguridad<br />

personales, la libertad de circulación y la libertad<br />

de escoger su residencia; libertad de abandonar el<br />

país, buscar asilo, conocer el destino y el paradero<br />

de los desplazados internos desaparecidos; de<br />

que se respete su vida familiar, de un nivel de vida<br />

adecuado, del reconocimiento de su personalidad<br />

jurídica; de no ser privado arbitrariamente de su<br />

propiedad y posesiones, de educación.<br />

La sección cuarta contiene los principios relativos<br />

a la asistencia humanitaria, que debe ser<br />

otorgada conforme a los principios de imparcialidad<br />

y no discriminación. La obligación de dar<br />

ayuda humanitaria corresponde primariamente<br />

a las autoridades nacionales, pero pueden solicitar<br />

la colaboración de organizaciones internacionales<br />

humanitarias. Se debe proteger a las organizaciones<br />

y personas que brinden la asistencia<br />

humanitaria.<br />

La última sección contiene los principios relativos<br />

al retorno, al reasentamiento y la reintegración.<br />

Son similares a aquellos que se aplican en<br />

el caso de los refugiados.<br />

Como estos principios son fundamentalmente<br />

de protección, es claro el papel fundamental<br />

que deben jugar en estas operaciones el AC-<br />

NUR y el Comité Internacional de la Cruz Roja<br />

(CICR), pues son las únicas agencias que poseen<br />

tal mandato legal específico. Mas también ellas<br />

tienen ese mandato limitado y esto determina las<br />

posibilidades de su intervención.<br />

Migrantes económicos<br />

Una de las consecuencias que se siguen de la<br />

aceleración en los cambios de todo tipo que experimenta<br />

un mundo cada vez más globalizado es el<br />

aumento en los movimientos migratorios, tanto a<br />

nivel interno como internacional, tanto voluntarios<br />

como forzados.<br />

La migración económica implica movimientos<br />

que pueden ser –además de internos o internacionales–,<br />

voluntarios o forzados. Y estos movimientos<br />

se han incrementado en todo el mundo.<br />

Por otra parte, los movimientos migratorios<br />

aparecen insertados, cada vez más, en la temática<br />

del desarrollo de los países. Los análisis de Amartya<br />

Sen han hecho ver con claridad que el estudio<br />

del desarrollo de los países no debe incluir simplemente<br />

la referencia a elementos económicos sino<br />

que el desarrollo es una realidad muy compleja que<br />

debe ser determinada por una multiplicidad de<br />

realidades, que representan dimensiones básicas


Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Población desplazada internamente asistida por el ACNUR (2008)<br />

Fuente: www.unhcr.org. 2008 Global Trends.<br />

del ser humano. Resulta absurdo hablar de desarrollo<br />

de países sin referirse a las dimensiones<br />

propias del ser humano. Un error del economicismo<br />

es querer reducir la temática del desarrollo<br />

sólo a ingredientes de naturaleza económica. ¡Visión<br />

simplista y excesivamente reductora! Como<br />

indica el mismo Amartya Sen: “el proceso de<br />

crecimiento económico resulta bastante pobre<br />

para juzgar el progreso de un país; naturalmente<br />

que no carece de relevancia, pero resulta tan sólo<br />

un factor en medio de otros”. 19 El paradigma del<br />

desarrollo humano requiere de crecimiento económico<br />

pero no es condición suficiente para el<br />

mismo. Los años más recientes han visto el reconocimiento<br />

del vínculo indivisible que existe entre<br />

crecimiento-desigualdad-pobreza y la verificación<br />

de aquello que el modelo (pattern) y la estructura<br />

de desarrollo aportan para el alivio de la pobreza.<br />

El paradigma del desarrollo humano implica<br />

tener en consideración elementos tales como<br />

el acceso a la educación en sus diferentes niveles<br />

existentes en un país; la participación de las<br />

mujeres en la política; los índices de natalidad;<br />

los promedios de vida; el acceso de la población a<br />

los servicios sanitarios; a la esperanza de vida; el<br />

número de desplazados internos existentes en un<br />

determinado país; el número de refugiados (que<br />

se reciben y/o que se producen), etc. Todo esto es<br />

lo que se ha procurado reflejar desde hace una decena<br />

de años en el Índice de Desarrollo Humano,<br />

elaborado anualmente por el Programa de Nacio-<br />

nes Unidas para el Desarrollo (PNUD). Llama la<br />

atención que el Informe correspondiente a 2009<br />

destaque los desafíos representados por la migración,<br />

tanto dentro como fuera de las fronteras.<br />

Las migraciones aparecen así como un elemento<br />

que es fundamental para el desarrollo,<br />

especialmente aquellas que son originadas por<br />

razones económicas. “Las consecuencias de las<br />

migraciones internacionales en el desarrollo pueden<br />

analizarse, a su vez, desde distintas perspectivas:<br />

que el objetivo sea el impacto en la economía<br />

global o en los mercados de trabajo de la sociedad<br />

receptora, o bien que el propósito se centre en los<br />

efectos sobre la situación socioeconómica de la<br />

población o sobre la economía global de las sociedades<br />

expulsoras”. 20<br />

Si Europa fue durante las últimas décadas<br />

del siglo XIX y las primeras del XX un continente<br />

mayoritariamente productor de migraciones causadas<br />

por motivos económicos y políticos, los últimos<br />

25 años han visto invertirse tal movimiento;<br />

si durante las últimas décadas del siglo los países<br />

de América del Sur recibieron grandes cantidades<br />

de tales migrantes, ha sucedido lo contrario en el<br />

período mencionado. Al iniciarse la primera década<br />

de este siglo, gran parte de los países de América<br />

Latina y el Caribe contaban con más emigrantes<br />

que inmigrantes. Los países latinoamericanos<br />

que más emigrantes producen son El Salvador (en<br />

torno a un 15% de su población), Nicaragua, México<br />

y República Dominicana (en torno a un <strong>10</strong>%<br />

137


Jaime Ruiz de Santiago<br />

de su población). Y los países latinoamericanos<br />

que más inmigrantes reciben son Costa Rica, Venezuela<br />

y Argentina. Existen importantes corrientes<br />

migratorias interregionales de Perú y Ecuador<br />

hacia Chile; de Bolivia y Paraguay hacia Argentina;<br />

de Haití a República Dominicana; de Nicaragua<br />

a Costa Rica, y de diversos países centroamericanos<br />

hacia México. Y México es el principal<br />

país generador de emigrantes latinoamericanos a<br />

Estados Unidos, que representan la mayor proporción<br />

de los extranjeros residentes en ese país. Los<br />

principales destinos extraregionales de emigrantes<br />

latinoamericanos son los Estados Unidos, España,<br />

Canadá y el Reino Unido. España, desde la<br />

segunda mitad de los años noventa, es el país que<br />

recibe cada vez más inmigrantes provenientes de<br />

América Latina.<br />

Las migraciones económicas internacionales<br />

tienen un efecto inmediato, tanto en los países<br />

que las producen como en aquellos que las reciben:<br />

así, los países “productores” pueden perder<br />

importantes recursos humanos calificados (RHC)<br />

o no calificados e, inversamente, pueden comenzar<br />

a recibir importantes remesas periódicas de<br />

dinero. Los países que reciben migraciones pueden<br />

experimentar una mejoría en sus índices de<br />

crecimiento humano y aquellos países que producen<br />

migraciones pueden ver reducirse los mismos<br />

índices en un momento ya crítico desde ese punto<br />

de vista. Ante tales posibilidades, aparece de<br />

nuevo la necesidad de que los países cuenten con<br />

políticas migratorias claras y precisas.<br />

En lo relativo a la protección de los migrantes<br />

económicos, tanto dentro como fuera de las<br />

fronteras, el criterio que existe al respecto es claro:<br />

tales migrantes deben recibir la protección jurídica<br />

del país al cual pertenecen. Parece necesario recordar<br />

que los migrantes que han abandonado su país<br />

de origen pueden haber ingresado al nuevo país de<br />

una manera legal y con la debida documentación<br />

o que, por el contrario, pueden encontrarse en la<br />

situación de “ilegales” o “indocumentados”. La<br />

situación de aquellos migrantes “regulares”, “legales”<br />

o “documentados” parece ser sencilla: deben<br />

contar con la protección de su país de origen;<br />

su situación debe encontrarse fijada con precisión<br />

desde un punto de vista jurídico. Muy diferente es<br />

la situación de los migrantes “ilegales” o “indocumentados”.<br />

El número de migrantes “irregulares” ha<br />

aumentado drásticamente en los últimos años, a<br />

causa de la crítica situación económica que existe<br />

en muchos países. Los países receptores no han<br />

respondido con la elaboración de políticas migratorias<br />

justas y adecuadas, sino con medidas res-<br />

138<br />

trictivas, que sólo parecen responder al verdadero<br />

pánico creado por opiniones políticas partidistas<br />

y por medios masivos de comunicación irresponsables.<br />

La consecuencia directa de ello ha sido el<br />

aumento de la xenofobia y la intolerancia en numerosos<br />

países. En este sentido, se puede recordar<br />

la reflexión del Director General de la Organización<br />

Internacional para las Migraciones (OIM):<br />

“La percepción de sistemas reguladores fuera de<br />

control fomenta contragolpes dirigidos a los migrantes<br />

y a la migración, y constituye una amenaza<br />

para los beneficios que puede aportar la migración<br />

planificada y ordenada a sociedades que,<br />

incluso hoy y en muchos casos, desean, necesitan<br />

y buscan migrantes. Empero, nada se resolverá si<br />

se aborda el problema y el contragolpe levantando<br />

barreras. Es necesario contar con estrategias<br />

mundiales y globales que reconozcan, en primer<br />

lugar, que la acción preventiva a tiempo es mil veces<br />

más preferible a la reacción de emergencia en<br />

situación de crisis”. 21<br />

La adopción de normas restrictivas para la<br />

inmigración se presenta con claridad en Europa y<br />

en el continente americano. Existen, sin embargo,<br />

diferencias que es necesario recordar: en el esfuerzo<br />

realizado por crear una “Europa unida”, por<br />

medio del proyecto iniciado por Konrad Adenauer,<br />

Alcide De Gasperi y Robert Schuman, y que resultó<br />

en la llamada “Unión Europea”, un principio<br />

fundamental es aquel de la libre circulación de<br />

personas, capitales, bienes y servicios.<br />

En diversas ocasiones se ha insistido en que<br />

la libre circulación de personas es idea esencial en<br />

la creación de este proyecto. 22 Y la creación del<br />

llamado “Espacio Schengen” representa la realización<br />

de este proyecto, con la eliminación de los<br />

controles fronterizos entre los países que forman<br />

parte del mencionado espacio. 23 Se distinguen con<br />

nitidez los espacios europeos de aquellos “extra-<br />

-europeos”. La apertura que existe ad intra contrasta<br />

con las restricciones ad extra. Las diferentes<br />

“Directivas” que se adoptan actualmente en<br />

Bruselas en materias tan delicadas como las reglas<br />

mínimas a observar por los países miembros para<br />

la acogida de los solicitantes de asilo, llevan incluso<br />

a hablar de una “Fortaleza europea” o de un<br />

“Telón de acero”, que tiene su equivalente con el<br />

“cerco” con el cual los Estados Unidos intentan<br />

detener la inmigración que llega a su frontera sur.<br />

Y si 1989 es el año en que se destruye el muro de<br />

Berlín, símbolo que representa el final de la llamada<br />

“guerra fría”, muy pocos años después comienzan<br />

a aparecer otros muros que intentan separar<br />

ahora a las regiones ricas de las pobres.


Las Naciones Unidas, sobre todo tras la realización<br />

de la Conferencia Mundial de Derechos<br />

Humanos, efectuada en 1993 en Viena, que sirvió<br />

para afirmar, entre otras muchas cosas, la solidaridad<br />

e indivisibilidad que existen entre los diferentes<br />

derechos humanos, han hecho un esfuerzo<br />

para subrayar la importancia que tiene la protección<br />

que debe gozar todo ser humano, sobre todo<br />

aquellos que se encuentran en una situación de debilidad<br />

y desamparo. De ahí la deseada aplicación<br />

de esa triple vertiente jurídica representada por el<br />

Derecho Internacional de los Derechos Humanos,<br />

el Derecho Internacional Humanitario y el<br />

Derecho Internacional de los Refugiados. 24<br />

Este esfuerzo ha tenido aplicación concreta<br />

en la aprobación, por parte de la Asamblea General<br />

de la ONU, de la Convención Internacional<br />

sobre la Protección de los Derechos de todos los<br />

Trabajadores Migrantes y de sus Familiares, de<br />

1990. Con gran esfuerzo se logró que esta Convención<br />

entrara en vigor el 13 de marzo de 2003 y,<br />

lentamente, diversos países se han ido adhiriendo<br />

a este importante instrumento. México lo ratificó<br />

en 1999 y el día de hoy son cerca de 50 países los<br />

pertenecientes.<br />

La Convención descansa sobre el Principio<br />

de la No Discriminación (Art. 7) y establece para<br />

todos los trabajadores migrantes y sus familiares<br />

una serie de derechos humanos fundamentales,<br />

tales como el derecho a la vida, a no ser sometido<br />

a esclavitud ni servidumbre, a la libertad de<br />

pensamiento, de creencia y de religión; el derecho<br />

de opinión, a no ser sometido a injerencias<br />

arbitrarias o ilegales en su vida privada, a no ser<br />

privado arbitrariamente de sus bienes; el derecho<br />

a la libertad y la seguridad personales, a no ser sometidos<br />

a detención o prisión arbitrarias. En caso<br />

de ser detenidos, los trabajadores migrantes y sus<br />

familiares deben ser informados en el momento<br />

de su detención, de ser posible en un idioma que<br />

comprendan, de los motivos de esta detención y<br />

de las acusaciones que obran en su contra (Art.<br />

16.5). Las autoridades consulares o diplomáticas<br />

del Estado de origen deben ser informados de inmediato,<br />

si lo solicita el detenido, de la detención<br />

y de los motivos de la misma (Art. 16.7).<br />

La Convención establece también que los<br />

migrantes detenidos y sus familiares no deben ser<br />

puestos con los detenidos condenados y deben ser<br />

tratados humanamente. Ante los tribunales, gozarán<br />

de los mismos derechos que los nacionales<br />

y su inocencia debe ser presumida. Ningún trabajador<br />

migratorio o familiar debe ser encarcelado<br />

por no cumplir obligaciones contractuales. Se<br />

prohíbe la expulsión colectiva de los trabajadores<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

migrantes y de sus familiares (Art. 22). Ellos tienen<br />

derecho a solicitar la protección y asistencia<br />

de las autoridades consulares o diplomáticas de su<br />

país de origen (Art. 23). En cuanto a su remuneración,<br />

se establece que ésta no debe ser menor que<br />

aquella que los nacionales reciben, al igual que las<br />

ventajas de la seguridad social. Los hijos de los<br />

trabajadores migrantes poseen el derecho fundamental<br />

de acceso a la educación en condiciones<br />

semejantes al trato dado a los nacionales del país<br />

en que se encuentren. Al terminar su permanencia<br />

en el Estado de empleo, los trabajadores migrantes<br />

tendrán derecho a transferir sus ingresos<br />

y ahorros, al igual de sus efectos personales, de<br />

acuerdo con la legislación aplicable de los Estados<br />

de que se trate.<br />

La Convención regula otros derechos propios<br />

de los trabajadores migrantes documentados<br />

o regulares (p. ej., libertad de movimiento,<br />

de formar sindicatos, etc.), al igual que trata de<br />

la situación especial de ciertas categorías de trabajadores,<br />

como aquellos fronterizos, itinerantes, de<br />

temporada o vinculados a un determinado proyecto.<br />

Es interesante señalar que la Convención<br />

crea un Comité de protección de todos los trabajadores<br />

migrantes y de sus familiares, compuesto<br />

hoy en día de diez expertos de gran integridad moral,<br />

imparciales y de reconocida competencia en el<br />

sector cubierto por la Convención (Art. 72).<br />

Los Estados deben presentar al Comité, en el<br />

plazo de un año a partir del momento de la entrada<br />

en vigor de la Convención en el Estado del que<br />

se trate, y después cada cinco años, un informe<br />

sobre las medidas legislativas, judiciales y administrativas<br />

que se hayan adoptado para dar efecto<br />

a la Convención (Art. 73). El Comité hará al Estado<br />

las observaciones y comentarios que juzgue<br />

adecuados. México presentó su primer informe el<br />

año de 2006 y recibió muy interesantes observaciones<br />

y recomendaciones. 25<br />

La Convención abre la posibilidad de que el<br />

Comité sea facultado por un Estado para recibir<br />

comunicaciones de otros Estados, señalando su<br />

no observancia de los términos de la Convención,<br />

y lo mismo se establece con relación a la recepción<br />

de comunicación de particulares de dicho Estado<br />

(Art. 77).<br />

Como se comprende, esta Convención existente<br />

a nivel internacional procura crear un sistema<br />

adecuado de protección de cualquier migrante<br />

trabajador.<br />

Países como México, que producen una gran<br />

cantidad de trabajadores emigrantes, tienen especial<br />

interés en estas materias migratorias, sobre<br />

139


Jaime Ruiz de Santiago<br />

todo porque, al mismo tiempo, el país es receptor<br />

de gran cantidad de trabajadores inmigrantes. La<br />

preocupación, especialmente por la situación de<br />

trabajadores migrantes mexicanos en los Estados<br />

Unidos, ha llevado a México a plantear ante la<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos la<br />

solicitud de dos opiniones consultivas que han<br />

producido importantes decisiones en la materia.<br />

La primera de éstas se refiere al derecho a la<br />

información relativa a la asistencia consular en el<br />

marco de las garantías del debido proceso legal.<br />

Esta opinión consultiva fue solicitada por México<br />

con relación a las garantías judiciales mínimas y<br />

al debido proceso legal en el marco de la pena de<br />

muerte, impuesta judicialmente a extranjeros a<br />

quienes el Estado receptor no ha informado de su<br />

derecho fundamental de solicitar y recibir la asistencia<br />

de las autoridades consulares del Estado del<br />

cual son nacionales.<br />

Tal petición se debió a la situación de muchos<br />

mexicanos acusados en Estados Unidos, que<br />

corren el riesgo de ser ajusticiados con la pena de<br />

muerte, y a quienes no se les hace saber de su<br />

derecho a ser defendidos por las autoridades consulares<br />

de su país.<br />

La opinión consultiva, resuelta el 1 de octubre<br />

de 1999, establece con claridad el derecho<br />

básico del detenido extranjero a la información<br />

sobre la asistencia consular. El Estado receptor tiene,<br />

entre los deberes correlativos a este derecho, el<br />

de informar al detenido sobre los derechos que le<br />

son debidos. Esta información debe proporcionarse<br />

en el momento de privarlo de la libertad y, en<br />

todo caso, antes de que rinda su primera declaración<br />

ante la autoridad.<br />

La opinión consultiva (OC-16) declara que,<br />

al no observarse este derecho a la información del<br />

detenido extranjero, se afectan las garantías del<br />

debido proceso legal y, en consecuencia, la imposición<br />

de la pena de muerte representa una violación<br />

del derecho a no ser privado ‘arbitrariamente’<br />

de la vida, en los términos de diversos tratados<br />

sobre derechos humanos.<br />

La resolución de la Corte Interamericana<br />

permitió a su Presidente, el entonces juez Antônio<br />

A. Cançado Trindade, formular un voto concurrente<br />

que representa una pieza fundamental<br />

del Derecho Internacional relativo al Derecho de<br />

los Migrantes.<br />

El juez Cançado Trindade trata en su voto<br />

concurrente de la evolución del Derecho, posibilitada<br />

por nuevas necesidades de protección, pues<br />

“las soluciones jurídicas no pueden dejar de tomar<br />

en cuenta el tiempo de los seres humanos”. 26<br />

140<br />

En efecto, la ciencia jurídica contemporánea establece<br />

que el contenido y la eficacia de las normas<br />

jurídicas acompañan la evolución del tiempo,<br />

sin ser independientes de éste. En este sentido, la<br />

aportación del Derecho Internacional de los Derechos<br />

Humanos es fundamental: “los tratados<br />

sobre derechos humanos son, efectivamente, instrumentos<br />

nuevos, que acompañan la evolución<br />

de los tiempos y del medio social en que se ejercen<br />

los derechos protegidos”. 27<br />

Gracias a esta evolución, el día de hoy se<br />

reconoce la primacía y centralidad de la persona<br />

humana en las reflexiones y disposiciones jurídicas,<br />

contra el autoritarismo estatal propiciado<br />

por la época del positivismo jurídico. “Con la<br />

desmitificación de los postulados del positivismo<br />

voluntarista, se tornó evidente que sólo se puede<br />

encontrar una respuesta al problema de los fundamentos<br />

y de la validez del Derecho Internacional<br />

general en la conciencia jurídica universal, a<br />

partir de la aserción de la idea de una justicia objetiva.<br />

Como una manifestación de esta última,<br />

se han afirmado los derechos del ser humano,<br />

emanados directamente del derecho universal, y<br />

no sometidos, por lo tanto, a las vicisitudes del<br />

derecho interno”. 28<br />

Gracias a esto, es necesario reconocer que<br />

“la acción de protección, en el ámbito del Derecho<br />

Internacional de los Derechos Humanos, no<br />

busca regir las relaciones entre iguales sino proteger<br />

las ostensiblemente más débiles y vulnerables.<br />

Tal acción de protección asume importancia<br />

creciente en un mundo lacerado por distinciones<br />

entre nacionales y extranjeros (inclusive discriminaciones<br />

de iure, especialmente frente a los<br />

migrantes [económicos], en un mundo ‘globalizado’,<br />

en que las fronteras se abren a los capitales,<br />

inversiones y servicios, pero no necesariamente<br />

a los seres humanos). Los extranjeros<br />

detenidos, en un medio social y jurídico y en un<br />

idioma diferente de los suyos, que no conocen<br />

suficientemente, experimentan muchas veces<br />

una condición de particular vulnerabilidad, que<br />

el derecho a la información sobre la asistencia<br />

consular, enmarcado en el universo conceptual<br />

de los derechos humanos, busca remediar”. 29<br />

México, tras haber obtenido esta primera<br />

opinión consultiva, decidió dirigirse nuevamente<br />

a la Corte Interamericana de Derechos Humanos<br />

para solicitar, en el año 2003, una nueva y<br />

segunda opinión consultiva que produjo otro importante<br />

pronunciamiento de la Corte, el 17 de<br />

septiembre de 2003, sobre “la Condición Jurídica<br />

y los Derechos de los Migrantes Indocumentados”.<br />

30 Gracias a este documento, se ha dado un


importante progreso en el campo de los migrantes<br />

irregulares, indocumentados o “ilegales”.<br />

En esta opinión consultiva, la Corte Interamericana<br />

asienta que los Estados tienen la obligación<br />

de respetar y garantizar los derechos fundamentales<br />

de quienes se encuentren en su territorio<br />

y que su violación significa para el Estado un acto<br />

que acarrea responsabilidad internacional. La<br />

protección de los trabajadores migrantes –documentados<br />

o no documentados– descansa sobre<br />

el doble principio internacional de igualdad y no<br />

discriminación, derechos que el día de hoy deben<br />

ser reconocidos por todos los Estados, hayan o no<br />

firmado los tratados o convenciones sobre la materia.<br />

Estos derechos deben ser respetados por el<br />

Estado, el cual igualmente debe hacerlos vigentes<br />

en su territorio. Tal obligación recae no sólo sobre<br />

el Estado y los órganos que lo representan, sino<br />

también sobre los sujetos no estatales –organizaciones,<br />

empresas, asociaciones, propietarios de<br />

negocios y de explotaciones agrícolas y comerciales–<br />

que se encuentren en el Estado. Y tales principios,<br />

como se ha indicado, se aplican a todos<br />

los trabajadores migrantes, incluidos aquellos que<br />

se encuentran como indocumentados, irregulares<br />

o ‘ilegales’. La calidad migratoria de una persona<br />

no puede constituir una justificación para privarla<br />

del goce y ejercicio de sus derechos humanos, entre<br />

ellos los de carácter laboral.<br />

De este modo, se puede comprender la irracionalidad<br />

de aquellas posturas y opiniones que<br />

sostienen que es la situación de un extranjero “regular”,<br />

“legal” o “documentada”, la que le otorga<br />

la garantía del respeto a sus derechos fundamentales.<br />

Esto es totalmente falso: cualquier persona,<br />

independientemente de cual sea su situación<br />

migratoria, posee una serie de derechos humanos<br />

fundamentales que le deben ser reconocidos y<br />

respetados, y el trabajador migrante posee igualmente<br />

una serie de derechos básicos que nacen<br />

simplemente de la relación laboral, con independencia<br />

de la situación migratoria del trabajador. La<br />

Corte Interamericana determina con claridad que<br />

los Estados no pueden subordinar o condicionar<br />

la observancia del principio de igualdad ante la ley<br />

y la no discriminación a la realización de los objetivos<br />

de sus políticas públicas, cualesquiera que<br />

sean éstas, incluidas las de carácter migratorio.<br />

Esta decisión permitió al Presidente de la<br />

Corte, el ya mencionado juez Antônio A. Cançado<br />

Trindade, emitir un voto concurrente, que<br />

representa una referencia fundamental en el tratamiento<br />

de esta delicada materia. Entre los diversos<br />

aspectos que trata, vale la pena destacar<br />

que subraya el hecho de que, en el actual Derecho<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Internacional, la persona humana es afirmada<br />

como sujeto del Derecho, tanto nacional como<br />

internacional, sujeto dotado de capacidad jurídica<br />

internacional. “En el marco de la nueva concepción<br />

universalista […] se erigió a la libertad de<br />

movimiento y de intercambio comercial [ius communicationis]<br />

como uno de los pilares de la propia<br />

comunidad internacional. Los controles de ingreso<br />

de extranjeros sólo se manifestaron en épocas<br />

históricas más bien recientes, a la par de los grandes<br />

flujos migratorios y del desarrollo del derecho<br />

de los refugiados y desplazados”. 31 En el actual<br />

mundo “globalizado”, observa Cançado Trindade,<br />

los migrantes se encuentran en situación de<br />

suma vulnerabilidad. La “falta administrativa”<br />

de la indocumentación ha sido “criminalizada”<br />

en sociedades intolerantes y represivas, agravando<br />

aún más los problemas sociales que padecen<br />

los migrantes en situación “irregular”. 32 Esto ha<br />

suscitado una fuerte preocupación en la comunidad<br />

jurídica internacional, que se ha expresado<br />

en las diversas conferencias mundiales organizadas<br />

por las Naciones Unidas. En ellas, se revela<br />

la reacción de una conciencia jurídica universal<br />

que ha subrayado el papel de sujeto de la persona<br />

humana en cualquier tipo de ordenación jurídica.<br />

La persona humana es el centro de valores fundamentales<br />

que deben ser reconocidos con base en<br />

una justicia objetiva. “Si es cierto que el drama de<br />

los numerosos refugiados, desplazados y migrantes<br />

indocumentados representa hoy un enorme<br />

desafío a la labor de la protección internacional<br />

de los derechos de la persona humana, también<br />

es cierto que las reacciones a las violaciones de<br />

sus derechos fundamentales son hoy inmediatas<br />

y contundentes, en razón precisamente del despertar<br />

de la conciencia jurídica universal para la<br />

necesidad de la prevalencia de la dignidad de la<br />

persona humana en cualquier circunstancia”. 33<br />

La persona humana posee una serie de derechos<br />

humanos inalienables que deben ser justamente<br />

reconocidos y protegidos. Los Estados<br />

deben reconocer y respetar esos derechos básicos<br />

de todas las personas que se encuentran bajo sus<br />

jurisdicciones, a la luz del principio de igualdad y<br />

no discriminación, con independencia de que esas<br />

personas sean nacionales o extranjeras, extranjeras<br />

documentadas o ‘regulares’ o indocumentadas o<br />

“irregulares”. Los principios muestran los fines a<br />

realizar: el bien común, la justicia, el primado del<br />

derecho sobre la fuerza, la realización de la paz.<br />

El juez Cançado Trindade finaliza su voto<br />

concurrente con palabras que merecen ser meditadas:<br />

“el hecho de que, a pesar de todos los sufrimientos<br />

de las generaciones pasadas, persistan<br />

141


Jaime Ruiz de Santiago<br />

en nuestros días nuevas formas de explotación del<br />

hombre por el hombre, tales como la explotación<br />

de la fuerza laboral de los migrantes indocumentados,<br />

la prostitución forzada, el tráfico de niños,<br />

el trabajo forzado y esclavo, en medio del aumento<br />

comprobado de la pobreza y la exclusión y marginación<br />

sociales, el desarraigo y la desagregación<br />

familiar, no significa que “falta reglamento” o que<br />

el Derecho no exista. Significa más bien que el<br />

Derecho está siendo ostensiva y flagrantemente<br />

violado hoy día, en detrimento de millones de seres<br />

humanos, entre los cuales se encuentran los<br />

migrantes indocumentados en todo el mundo.” 34<br />

Víctimas del tráfico de seres humanos<br />

Una de las realidades más dolorosas de nuestros<br />

tiempos es la existencia y el aumento incesante<br />

del tráfico de seres humanos. Sin lugar a<br />

dudas, representa un fenómeno de los más vergonzosos<br />

que es provocado con frecuencia por la<br />

pobreza y la falta de oportunidades, que conducen<br />

a las personas a buscar un futuro mejor a pesar<br />

de los riesgos que deban correr. Se trata de una<br />

forma moderna de esclavitud y la de más rápido<br />

crecimiento; se calcula que son víctimas entre<br />

800,000 y 2 millones de personas cada año.<br />

De esta cantidad, un 50% son menores de edad<br />

y 80% mujeres y niñas. Después del narcotráfico,<br />

constituye la segunda fuente más importante<br />

del crimen organizado y, en algunas regiones<br />

como Rusia, Europa del Este, Hong Kong, Japón y<br />

Colombia, se encuentra controlado por organizaciones<br />

criminales. Se estima que el tráfico de personas<br />

con fines de comercio sexual y de trabajos<br />

forzados produce una ganancia anual que fluctúa<br />

entre 9 y 11 billones de dólares anuales. Resulta<br />

interesante señalar que, a mediados de 2009,<br />

la Agencia de los Derechos Fundamentales de la<br />

Unión Europea, destacó la importancia que tiene<br />

la desaparición de numerosos niños en los centros<br />

de acogida existentes en Europa.<br />

Existen algunas organizaciones nacionales e<br />

internacionales que comienzan a reaccionar en contra<br />

de esta plaga que se extiende, mediante acciones<br />

de prevención, información y adopción de medidas<br />

que tienden a sancionar este crimen y ayudar a las<br />

víctimas. El International Network of Religious<br />

Against Trafficking in Persons (INTRATIP), es una<br />

institución católica que reúne a diferentes congregaciones<br />

religiosas femeninas y que tiene su sede<br />

en Australia. 35 En los Estados Unidos, el Departamento<br />

de Estado ha creado una “Oficina para Dar<br />

Seguimiento y Combatir el Tráfico de Personas”, 36<br />

que ha permitido la adopción de un “Acta Federal<br />

de Reautorización de Protección de Víctimas de<br />

142<br />

la Trata de Personas” y que establece normas que<br />

buscan dar protección a los trabajadores que inmigran<br />

y a los menores de edad a quienes se descubre<br />

sometidos a la trata de personas. Se busca sancionar<br />

todas las formas de esclavitud, comprendido el<br />

tráfico de personas, así como prevenir este delito.<br />

Igualmente, el Departamento de Estado anualmente<br />

publica un informe sobre el tráfico de personas<br />

que resulta un instrumento muy importante para<br />

poder dar seguimiento a las características que presenta<br />

este fenómeno. 37<br />

Por su parte, el Consejo de Europa aprobó la<br />

“Convención Europea contra el Tráfico de Seres<br />

Humanos”, que entró en vigor el 1 de febrero de<br />

2008. La Convención establece los niveles más<br />

altos de protección para las víctimas del tráfico<br />

de personas e incluye el mandato para los gobiernos<br />

de proporcionar apoyo y asistencia a las víctimas,<br />

la ausencia de sanción para las mismas y<br />

el otorgamiento de permisos de residencia. Esta<br />

Convención amplía las medidas que se han podido<br />

adoptar a nivel de Naciones Unidas.<br />

A nivel internacional, ha existido un esfuerzo<br />

para llegar a establecer con precisión el<br />

fenómeno y las normas necesarias para poderlo<br />

sancionar. Así, ya en 1993, cuando se realizó en<br />

Viena la Conferencia de Naciones Unidas sobre<br />

Derechos Humanos, se estableció que la trata<br />

de personas constituye un acto violatorio de los<br />

derechos humanos. Se pudo avanzar gracias a la<br />

Cuarta Conferencia Internacional de la Mujer,<br />

que se llevó a cabo en Beijing, China, en 1975,<br />

y el primer diagnóstico mundial sobre el tema<br />

de la trata se dio un año más tarde. Entre 1997<br />

y el año 2000, se elaboró en Viena el texto de la<br />

Convención contra la Delincuencia Organizada<br />

Transnacional, acompañado de dos Protocolos<br />

que la perfeccionan. 38 El primero es el Protocolo<br />

para prevenir, reprimir y sancionar la trata de personas,<br />

en tanto el segundo es el Protocolo contra<br />

el tráfico ilícito de migrantes por tierra, mar y<br />

aire. Estos instrumentos internacionales fueron<br />

presentados en la reunión de Palermo, Italia, el<br />

año 2000 y a finales de 2003 entraron en vigor.<br />

A fines de 2009, se ha logrado que 147 países<br />

hayan firmado la Convención contra el Crimen<br />

Organizado Transnacional y sus dos Protocolos<br />

Complementarios.<br />

A nivel de las Naciones Unidas, es igualmente<br />

importante recordar las medidas establecidas<br />

por la Convención sobre los Derechos del<br />

Niño, de 1989, que fue seguida por otros dos<br />

instrumentos: el Protocolo Facultativo relativo<br />

a la participación de los niños en los conflictos<br />

armados, del año 2000, y el Protocolo relativo


a la venta de niños, la prostitución infantil y la<br />

utilización de niños en la pornografía, también<br />

del año 2000.<br />

El día de hoy se distingue el tráfico de la trata<br />

de personas. Como lo hace notar la Organización<br />

Internacional de Migraciones (OIM), 39 las diferencias<br />

fundamentales se pueden establecer de la<br />

siguiente manera:<br />

El Protocolo para prevenir, reprimir y sancionar<br />

la trata de personas la define como “la captación,<br />

el transporte, el traslado, la acogida o la<br />

recepción de personas, recurriendo a la amenaza o<br />

al uso de la fuerza u otras formas de coacción, al<br />

rapto, al fraude, al engaño, al abuso de poder o de<br />

una situación de vulnerabilidad, o a la concesión o<br />

recepción de pago o beneficios para obtener el consentimiento<br />

de una persona que tenga autoridad<br />

sobre otra, con fines de explotación. Esa explotación<br />

incluirá, como mínimo, la explotación de la<br />

prostitución ajena u otras formas de explotación<br />

sexual, los trabajos o servicios forzados, la esclavitud<br />

o las prácticas análogas a la esclavitud, la<br />

servidumbre o la extracción de órganos” (Art. 3).<br />

Esta definición trata de cubrir las diferentes formas<br />

de trata de personas. El hecho de que la persona<br />

haya dado su consentimiento a cualquiera de<br />

las formas de explotación intencional que se han<br />

señalado no será tenido en cuenta si ha recurrido<br />

a cualquiera de los medios que se han mencionado<br />

en el citado artículo.<br />

Es fácil ver que, en el caso de personas que<br />

desean ingresar a un país extranjero y carecen de<br />

los documentos necesarios para hacerlo, la posibilidad<br />

se abrirá al recurrir a un traficante de per-<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

Diferencia entre tráfico y trata de personas<br />

sonas. Así los migrantes económicos y numerosos<br />

peticionantes de asilo recurren con frecuencia<br />

a este medio. En caso de necesidad, el tráfico se<br />

transformará fácilmente en trata de personas.<br />

Diversos son los objetivos que puede tener<br />

este último fenómeno: es muy frecuente la trata<br />

de personas con fines laborales, aportando “mano<br />

de obra barata” a fábricas y maquiladoras, a trabajos<br />

agrícolas o a la construcción; personas para el<br />

trabajo doméstico o para practicar la mendicidad.<br />

En los últimos años, este tipo de comercio proporciona<br />

vientres de alquiler. Igualmente extendida<br />

está la trata de personas con fines de explotación<br />

sexual, es decir, personas (mayoritariamente mujeres<br />

y menores) destinadas a la prostitución forzada<br />

o a la pornografía, a la pedofilia o al turismo<br />

sexual. Hacen su aparición sospechosas agencias<br />

matrimoniales que se comprometen a la entrega<br />

de personas con las cuales contraer matrimonio<br />

en muy diversas circunstancias.<br />

La trata de personas puede tener como finalidad<br />

la venta de niños para permitir falsas<br />

adopciones, o bien, proporcionar seres humanos<br />

para la realización de labores sucias y degradantes.<br />

Igualmente, en ciertas regiones del mundo el<br />

objetivo de la trata puede ser de carácter militar,<br />

al proporcionar seres humanos que pueden ser<br />

usados como niños soldados. Así, la UNICEF ha<br />

estimado que son más de 300,000 los niños, con<br />

edad inferior a los 18 años, los que son explotados<br />

de este modo en más de 30 conflictos armados alrededor<br />

del mundo. Y mientras la mayoría de los<br />

niños-soldados tienen una edad que media entre<br />

los 15 y los 18 años, muchos tienen una edad que<br />

fluctúa entre los 7 y los 8 años de edad. Tampoco<br />

Tráfi co Trata<br />

• El migrante establece contacto directo con el trafi<br />

cante.<br />

• El contacto se da bajo engaño y/o abuso, y/o<br />

coacción.<br />

• Implica siempre cruce de fronteras internacionales. • Dentro o fuera de un país.<br />

• El dinero es factor esencial.<br />

• La relación trafi cante-migrante termina con el<br />

traslado.<br />

• Lo importante es someter a la persona a deuda<br />

económica.<br />

• Esta relación se prolonga.<br />

• Mayoritariamente varones. • Mayoritariamente mujeres y menores.<br />

• Riesgos de vida y salud durante el traslado. • Se minimizan los riesgos.<br />

• Es básicamente un delito contra el Estado. • Es básicamente un delito contra el individuo.<br />

143


Jaime Ruiz de Santiago<br />

es extraño, por desgracia, que la trata de personas<br />

sirva para alimentar un floreciente mercado negro<br />

de órganos humanos.<br />

El Protocolo dedica toda su segunda parte<br />

a la protección y asistencia a las víctimas de la<br />

trata de personas. Se establece, por ejemplo, que<br />

en todos los casos se deben respetar los derechos<br />

humanos de las víctimas, subrayando los<br />

criterios de privacidad y confidencialidad. Es<br />

muy importante comprender la vulnerabilidad<br />

en la cual se encuentra la víctima del infame<br />

comercio, a la cual se le debe informar con toda<br />

claridad y exactitud de su situación legal y, en<br />

caso necesario, la posibilidad de pedir asilo.<br />

Esto es muy importante porque, con gran frecuencia,<br />

la víctima de la trata desconoce esta<br />

posibilidad. Es necesario documentar cada una<br />

de las etapas de atención y brindar a la víctima<br />

un período adecuado de reflexión. Igualmente,<br />

es fundamental fomentar la capacidad de autodeterminación<br />

de la persona por medio de la<br />

toma de decisiones personales que le permitan<br />

recuperar control sobre la propia vida.<br />

Así como la protección a migrantes irregulares<br />

o indocumentados se basa en los principios<br />

de igualdad y no-discriminación, este doble princi-<br />

144<br />

Estimaciones del número de víctimas de trabajo forzoso y trata (2009)<br />

<strong>Número</strong> de víctimas en<br />

situación de explotación y<br />

sumisión al trabajo forzoso<br />

<strong>Número</strong> de<br />

víctimas de la trata<br />

Economías industrializadas 113.000 74.113<br />

Economías en transición 61.500 59.096<br />

Asia y el Pacífi co 6.181.00 408.969<br />

América Latina y el Caribe 995.500 217.470<br />

África Subsahariana 537.500 112.444<br />

Oriente Medio y África del Norte 229.000 203.029<br />

Total 8.117.500 1.075.141<br />

Nota: de los cálculos se ha excluido a las víctimas de la explotación sexual forzosa con fines comerciales.<br />

Fuente: www.ilo.org/declaration.<br />

pio es también fundamental en el caso de la protección<br />

a las víctimas de la trata de personas. Es<br />

claro que, en el caso de niñas, niños y adolescentes,<br />

se deben tener consideraciones especiales, siempre<br />

pensando en su interés superior o prioritario, tal<br />

como lo establece la Convención sobre los Derechos<br />

del Niño. Esta Convención ha sido perfeccionada<br />

por los dos Protocolos adoptados en el año<br />

2000, a los cuales ya hemos hecho referencia.<br />

Todo esto muestra que, frente a realidades<br />

humanas que con mucha frecuencia aparecen<br />

como negativas y desoladoras, el ser humano es<br />

interpelado y responde en no pocas ocasiones con<br />

gran dignidad: es un esfuerzo que requiere la intervención<br />

de personas concretas, de instituciones<br />

civiles y políticas, de los diferentes gobiernos y de<br />

la totalidad de la comunidad internacional. Los<br />

esfuerzos de los unos no anula ni hace inútiles<br />

aquellos de los demás: más bien se precisa de una<br />

acción ordenada y bien coordinada en un esfuerzo<br />

que, finalmente, debe ser siempre a favor del ser<br />

humano.<br />

Y mientras uno viaja con tranquilidad no<br />

debe olvidar los millones de seres humanos –<br />

hombres y mujeres, niños y niñas–, que lo hacen<br />

en una situación desesperada…


Formas de esclavitud<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

145


Jaime Ruiz de Santiago<br />

1. Haití, República Dominicana<br />

Tráfico de mano de obra (sobre todo haitiana) hacia<br />

las plantaciones dominicanas de caña de azúcar.<br />

Servidumbre doméstica: Los “restaveks”, en Haití.<br />

2. México, Honduras<br />

Explotación de mano de obra en fábricas subcontratadas:<br />

las “maquiladoras”.<br />

3. Bolivia, Colombia<br />

Explotación de menores en las minas de carbón,<br />

oro y esmeralda: los “niños-topo”.<br />

4. Perú<br />

Explotación de menores indígenas en las minas<br />

de oro.<br />

Explotación de jóvenes indígenas en los campos de<br />

búsqueda de oro de la selva amazónica.<br />

5. Brasil<br />

Persistencia de la esclavitud por deudas en las “fazendas”<br />

del Noreste.<br />

Explotación de menores en campos de carbón, de<br />

madera de la selva amazónica.<br />

Explotación de menores en las fábricas de calzado.<br />

Servidumbre doméstica en las grandes ciudades.<br />

6. Mauritania<br />

Persistencia de esclavitud tradicional (unas<br />

<strong>10</strong>0,000 personas) al servicio de los grandes propietarios<br />

o de las élites de la capital.<br />

7. Senegal<br />

Mercados de contratación de menores sirvientas.<br />

8. República Democrática del Congo, Sierra Leona,<br />

Guinea.<br />

Explotación de menores en minas de diamante.<br />

9. Costa de Marfil, Burkina Fasso<br />

Explotación de menores en minas de oro.<br />

<strong>10</strong>. Benin, Ghana, Togo, Costa de Marfil<br />

Persistencia de esclavitud tradicional: menores<br />

son ofrecidos a dirigentes religiosos y a familias<br />

pudientes.<br />

11. Níger<br />

Explotación de menores en minas.<br />

12. Nigeria<br />

Tráfico de menores esclavos a partir de países vecinos<br />

(Benin, Camerún).<br />

146<br />

Formas de esclavitud<br />

13. Camerún<br />

Persistencia de esclavitud tradicional. Tráfico de<br />

mano de obra hacia países vecinos.<br />

14. Sudán<br />

Esclavitud tradicional reactivada por las milicias<br />

en detrimento de las poblaciones del Sur (los<br />

Dinka) o de Darfur.<br />

15. Tanzania<br />

Explotación de menores en minas de piedras preciosas<br />

(los ‘Snake Boys’).<br />

16. Zimbawe<br />

Explotación de menores en minas de cromo.<br />

17. Tailandia, Myanmar, Laos, Camboya<br />

Tráfico de menores comprados por intermediarios<br />

a familias pobres y vendidos como sirvientes domésticos,<br />

trabajadores y para prostitución.<br />

18. China, Bangladesh, Indonesia, Camboya,<br />

Vietnam<br />

Empleo de menores en la fabricación de grandes<br />

firmas (vestido, calzados deportivos).<br />

19. Nepal<br />

Persistencia de esclavitud tradicional de la “Kamaiya”<br />

y en la producción de tapetes.<br />

20. India<br />

Servidumbre por deudas en las fábricas de alfombras,<br />

en Uttar Pradesh y de Rajasthan.<br />

Empleo de mano de obra servil en diversas regiones<br />

industriales.<br />

21. Pakistán<br />

Servidumbre por deudas de familias enteras en las<br />

tabiquerías, en la agricultura y en las fábricas de<br />

alfombras.<br />

22. Bangladesh, Pakistán, India, Nepal, Filipinas,<br />

Sri Lanka, Indonesia<br />

Esclavitud doméstica.<br />

23. Emiratos Árabes Unidos, Arabia Saudita,<br />

Kuwait<br />

Trata de mano de obra proveniente de Filipinas,<br />

Pakistán, India o Bangladesh y sometida a servidumbre<br />

por familias pudientes.<br />

24. Reino Unido, Alemania<br />

Servidumbre doméstica.<br />

25. Portugal, España, Italia<br />

Explotación de trabajo de menores


1. En países donde no se dispone del lugar de nacimiento,<br />

la ciudadanía es la base para identificar<br />

a la migración internacional.<br />

2. Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo<br />

(PNUD), Informes sobre Desarrollo<br />

Humano, 2009. Superando barreras: movilidad<br />

y desarrollo humanos, Nueva York, 2009.<br />

3. Los crecimientos porcentuales de la población se<br />

calcularon en base a la información de las Naciones<br />

Unidads, División de Población, World<br />

Population Prospects: The 2008 Revisión, de la<br />

página de Internet http://esa.un.org/unpp/, consultada<br />

el 1 de marzo de 20<strong>10</strong>.<br />

4. Antonio Gómez Robledo, “Política de Victoria”,<br />

Obras 6, 2001, México, El Colegio Nacional,<br />

p. 400.<br />

5. Reelección sobre los Indios, I, 24.<br />

6. Vale la pena hacer notar que esta posición de<br />

“avanzada” le valió al dominico que, en 1588,<br />

el Papa Sixto V colocara las reelecciones de Vitoria<br />

en el índice de libros prohibidos.<br />

7. Reelección sobre los Indios, III, 2. Por ello el<br />

ilustre dominico juzgaría totalmente condenable<br />

cualquier supuesto “derecho de conquista”<br />

que pretendiese justificarse en nombre de la extensión<br />

de la libertad o de la cultura.<br />

8. Reelección sobre los Indios, III, 2, 1.<br />

9. Reelección sobre los Indios, III, 2.2.<br />

<strong>10</strong>. Antonio Gómez Robledo, Introducción a las<br />

Reelecciones del Estado, de los Indios y del Derecho<br />

de Guerra de Francisco de Vitoria, México,<br />

Porrúa, col. ‘Sepan Cuántos’, p. XLIV.<br />

11. Albert Verdoot, La Declaración Universal de los<br />

Derechos del Hombre. Nacimiento y Significación,<br />

1969, Bilbao, Mensajero.<br />

12. Es lo que expresaba el entonces Presidente de la<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos,<br />

Antônio A. Cançado Trindade, en su voto concurrente<br />

de la opinión consultiva, OC 18 del<br />

17.IX.2003.<br />

13. Copiosa bibliografía. Véase La Situación de los<br />

Refugiados en el Mundo. Desplazamientos Humanos<br />

en el Nuevo Milenio, publicación del<br />

ACNUR, 2006, Barcelona, y la página de este<br />

organismo: www.acnur.org.<br />

14. Además de la página del ACNUR, son muy<br />

importantes las “Introducciones” a los cuatro<br />

primeros volúmenes de la Colección de Ins-<br />

Movimientos Migratorios y Movimientos Forzados de Personas en el Mundo Contemporáneo<br />

NOTAS<br />

trumentos Jurídicos Internacionales relativos<br />

a Refugiados, Derechos Humanos y Temas Conexos,<br />

de autoría de Francisco Galindo Vélez<br />

y publicados conjuntamente por la CNDH,<br />

UNHCR-ACNUR, UIA, 2002, México.<br />

15. Para los documentos jurídicos de refugiados<br />

que se citan, ver la página citada www.acnur.<br />

org, en la sección Base de Datos Legal.<br />

16. Las actas han sido publicadas en el volumen<br />

Asilo y Protección Internacional de Refugiados<br />

en América Latina, 1982, México, UNAM.<br />

17. En 2007 fue designado como Coordinador el<br />

británico Sr. Jan Egeland<br />

18. Véase www.ochaonline.org. También es importante<br />

www.internal-displacement.org<br />

19. Human Development Index. A statistical update,<br />

2008, UNDP, p. 2.<br />

20. Lelio Mármora, Las políticas de migraciones internacionales,<br />

2002, Bs. As., Paidós, p. 127.<br />

21. Cit. por Lelio Mármora, op. cit., p. 50.<br />

22. Este principio, esencial en la construcción europea,<br />

ha sido cuidadosamente eliminado de<br />

los proyectos de unión propuestos en el continente<br />

americano, tales como el NAFTA.<br />

23. Las realidades de “Unión Europea” y “Espacio<br />

Schengen” no se cubren, pues existen países<br />

de la primera que no lo son del segundo –es el<br />

caso del Reino Unido e Irlanda–, en tanto que<br />

existen otros que son miembros del “Espacio<br />

Schengen” sin ser miembros de la “Unión Europea”,<br />

como Suiza, Noruega e Islandia.<br />

24. Al respecto, se puede consultar la obra Las Tres<br />

Vertientes de la Protección Internacional de los<br />

Derechos de la Persona Humana, de Antônio<br />

A. Cançado Trindade, Gérard Peytrignet y Jaime<br />

Ruiz de Santiago, 2003, Porrúa, México.<br />

25. Se debe igualmente anotar que existe hasta el<br />

año 2011 un mexicano, el Sr. Francisco Alba,<br />

como miembro del Comité.<br />

26. Opinión consultiva OC-16 (1.X.1999). El Derecho<br />

a la Información sobre la Asistencia Consular<br />

en el Marco de las Garantías del Debido<br />

Proceso Legal. Corte Interamericana de Derechos<br />

Humanos, San José, Costa Rica, voto concurrente<br />

del juez Antônio A. Cançado Trindade,<br />

núm. 5.<br />

27. Voto concurrente, núm. <strong>10</strong>.<br />

28. Opinión consultiva, núm. 14.<br />

147


Jaime Ruiz de Santiago<br />

29. Voto concurrente, núm. 23.<br />

30. OC-18/03.<br />

31. Voto concurrente, núm. 12.<br />

32. Voto concurrente, núm. 15.<br />

33. Voto concurrente, núm. 28.<br />

34. Voto concurrente, núm. 88.<br />

35. www.catholicreligiousaustralia.org. La red,<br />

puesta en marcha en 36 países, implica a más<br />

de 500 religiosas y 252 congregaciones femeninas.<br />

148<br />

36. Office to Monitor and Combat Trafficking in<br />

Persons.<br />

37. Algunas informaciones para el presente artículo<br />

fueron obtenidas del Trafficking in Persons<br />

2008 Report, al cual se puede acceder en www.<br />

state.gov/g/tip/tiprep/2008.<br />

38. Estos documentos jurídicos se pueden consultar<br />

en www.acnur.org, en la sección Base de Datos<br />

Legal.<br />

39. Cfr. La Trata de Personas. Aspectos Básicos.<br />

CIM-OEA-IOM-INM, 2006, México.


LOS ESTÁNDARES NORMATIVOS INTERNACIONALES<br />

Y LA SENTENCIA T-025 DE 2004 DE LA CORTE<br />

CONSTITUCIONAL COLOMBIANA: SU INCIDENCIA<br />

EN LA POBLACIÓN INTERNAMENTE DESPLAZADA<br />

I. CONSIDERACIONES GENERALES<br />

El presente capítulo ofrece una mirada sobre<br />

la población desplazada en Colombia desde<br />

la óptica del Derecho internacional. El marco<br />

jurídico sobre el que nos basamos es el Derecho<br />

internacional de los derechos humanos y el Derecho<br />

internacional humanitario, teniendo también<br />

en consideración, aunque de manera tangencial,<br />

el Derecho internacional de los Refugiados. Así<br />

mismo, nos detendremos en el análisis de la legislación<br />

y jurisprudencia colombiana referente al<br />

desplazamiento interno. Todo ello con el objetivo<br />

de identificar las normas que imponen al Estado<br />

colombiano la obligación de proteger los derechos<br />

fundamentales de la población desplazada.<br />

Las carencias del Derecho internacional en<br />

lo que afecta a la protección de la población internamente<br />

desplazada se han ido cubriendo en el<br />

ámbito interno del Derecho colombiano a través<br />

de su propia legislación y jurisprudencia. La Ley<br />

387 de 18 de julio de 1997 1 establece un marco<br />

jurídico e institucional para atender a las personas<br />

desplazadas por la violencia. Pese a ello, siete años<br />

después de ser promulgada, la Corte Constitucional<br />

colombiana declaró, por medio de la Sentencia<br />

T-025 de diciembre de 2004, que la situación en<br />

la que viven los desplazados representa un “estado<br />

de cosas inconstitucional” 2 . La Corte respondió<br />

así a <strong>10</strong>9 acciones de tutela presentadas por 1150<br />

núcleos familiares, todos pertenecientes a población<br />

desplazada.<br />

La Corte Constitucional constató la falta de<br />

correspondencia entre el reconocimiento formal<br />

de los derechos y la ausencia de políticas institucionales<br />

que permitan el acceso efectivo a los bienes<br />

y servicios básicos 3 . En palabras de la Corte,<br />

el hecho mismo del desplazamiento constituye la<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Joana Abrisketa<br />

Profesora Doctora de Derecho Internacional Público en la Facultad de Derecho y en el <strong>Instituto</strong><br />

de Derechos Humanos Pedro Arrupe de la Universidad de Deusto.<br />

vulneración de una serie de derechos fundamentales<br />

cuya garantía corresponde al Estado. Los derechos<br />

que la Corte estimó conculcados fueron los<br />

siguientes: el derecho a la vida digna, a la integridad<br />

personal, a la igualdad, de petición, al trabajo,<br />

a la salud, a la seguridad social, a la educación,<br />

al mínimo vital y a la protección especial debida<br />

a las personas de la tercera edad, a la mujer cabeza<br />

de familia y a los niños. Todo ello por dos<br />

motivos, el primero, por las condiciones de vulnerabilidad<br />

extrema en las cuales se encuentra la<br />

población desplazada, y específicamente su grave<br />

deterioro alimentario y de salud; y el segundo,<br />

por la omisión reiterada de brindar una protección<br />

oportuna y efectiva por parte de las autoridades<br />

encargadas de su atención 4 . Posteriormente,<br />

con el fin de hacer frente al “estado de cosas<br />

inconstitucional”, la Corte adoptó una serie de<br />

Autos 5 en los que se formulan un conjunto de<br />

indicadores para evaluar el grado de realización<br />

de los derechos de la población.<br />

Por encargo de la Corte, se constituyó la Comisión<br />

de Seguimiento de la Política Pública sobre<br />

el Desplazamiento Forzado en mayo de 2007,<br />

con el fin de que elaborara los informes relativos<br />

al cumplimiento de los mencionados Autos. Esta<br />

Comisión 6 publica mensualmente, en formato de<br />

informes enviados a la Corte Constitucional, el<br />

instrumento metodológico más adecuado y completo<br />

para evaluar el grado de cumplimiento de<br />

los derechos que corresponden a la población colombiana<br />

desplazada. De la lectura de sus informes<br />

se deduce que la respuesta del gobierno aún<br />

es insuficiente.<br />

No es extraño, por tanto, que la crisis del<br />

desplazamiento interno colombiano preocupe a<br />

la comunidad internacional. Aunque los aspectos<br />

que desde la perspectiva del Derecho inter-<br />

149


Joana Abrisketa<br />

nacional podrían ser abordados son abundantes,<br />

habida cuenta de que en Colombia, además del<br />

desplazamiento en sí mismo, encontramos otros<br />

fenómenos que llaman nuestra atención, como<br />

las decisiones sobre la extradición de algunos jefes<br />

paramilitares o el escándalo de los conocidos<br />

eufemísticamente como “falsos positivos”, es decir,<br />

civiles aparecidos con uniformes de las FARC<br />

y presentados por el gobierno como muertos en<br />

combate, reprobado por el Relator Especial sobre<br />

ejecuciones sumarias y arbitrarias, Philip Alston,<br />

tras su visita a Colombia en junio de 2009 7 . Por<br />

lo que se refiere al Derecho penal internacional,<br />

si bien los cuatro procedimientos abiertos en la<br />

Corte Penal Internacional versan sobre la presunta<br />

responsabilidad individual de personas procedentes<br />

de varios países del continente africano, el<br />

Fiscal, Luis Moreno Ocampo, ha iniciado investigaciones<br />

sobre Colombia.<br />

De modo que, las obligaciones internacionales<br />

que vinculan al Estado colombiano – y a otros<br />

actores no estatales activos en el conflicto – son<br />

tan numerosas que su análisis completo desbordaría<br />

los límites de este capítulo. Respondiendo<br />

a su título, nos detendremos en las obligaciones<br />

internacionales que, respecto a los más de tres<br />

millones de desplazados internos, corresponden<br />

al Estado de Colombia. Puede resultar un aporte<br />

complementario a los estudios ya realizados, el<br />

análisis sobre la regulación internacional relativa<br />

al desplazamiento interno, enfocado desde la convergencia<br />

entre el Derecho internacional humanitario<br />

y el Derecho internacional de los derechos<br />

humanos.<br />

II. LA DEFINICIÓN INTERNACIONAL DE<br />

DESPLAZADO INTERNO Y LA LEY<br />

387 DE 1997 SOBRE LOS DESPLAZA-<br />

DOS INTERNOS POR LA VIOLENCIA<br />

EN LA REPÚBLICA DE COLOMBIA<br />

El hecho de que la formulación internacional<br />

de “desplazado interno” fuera acuñada por<br />

el antiguo Representante Especial del Secretario<br />

General para los desplazados internos, Sr. Francis<br />

Deng, en el marco de los llamados “Procedimientos<br />

especiales de protección de los derechos<br />

humanos”, propio del Derecho internacional de<br />

los derechos humanos, nos obliga a iniciar la lectura<br />

desde este campo.<br />

Para comenzar, la aprobación de los Principios<br />

Rectores de los Desplazamientos Internos<br />

(en adelante Principios Rectores) en 1998 supuso<br />

150<br />

un cambio de gran alcance. Asistimos a la primera<br />

formalización jurídico-internacional sobre los<br />

desplazados internos. Se entiende por tales:<br />

“las personas o grupos de personas que se han<br />

visto forzadas u obligadas a huir de su hogar<br />

o de su lugar de residencia habitual, en particular<br />

como resultado o para evitar los efectos<br />

de un conflicto armado, de situaciones de<br />

violencia generalizada, de violaciones de los<br />

derechos humanos o de catástrofes naturales<br />

o provocadas por el ser humano, y que no han<br />

cruzado una frontera estatal internacionalmente<br />

reconocida” 8 (la cursiva es nuestra).<br />

La transcrita definición de desplazado interno<br />

reviste la forma de una descripción en la que<br />

destaca, de manera imprecisa, la situación fáctica<br />

en la que se debe encontrar una persona o grupo<br />

de personas que se hallan fuera de su hogar o de<br />

su lugar de residencia habitual, pero en el interior<br />

de las fronteras de su Estado. También podemos<br />

apreciar una importante imprecisión y generalidad<br />

en la identificación de las causas que deben provocar<br />

el desplazamiento. Se refiere al que huye como<br />

resultado o para evitar los efectos, “en particular”:<br />

- de un conflicto armado,<br />

- de situaciones de violencia generalizada,<br />

- de violaciones de derechos humanos,<br />

- o de catástrofes naturales o provocadas<br />

por el ser humano.<br />

El grupo de personas será considerado desplazado<br />

siempre que concurra alguna de estas<br />

causas u otras análogas. Si bien podríamos decir<br />

que la característica común es que se trata de<br />

causas traumáticas por las que los desplazados se<br />

ven forzados a huir, en la práctica, la exposición<br />

directa al conflicto armado o a la violencia, destacada<br />

en la definición, no es siempre tan marcada<br />

o evidente. En este orden de cosas, la Corte Constitucional<br />

colombiana observa que la vulneración<br />

de los derechos de los desplazados responde a causas<br />

estructurales que afectan a toda la política de<br />

atención diseñada por el Estado 9 .<br />

Como señala la profesora Ponte Iglesias en<br />

relación al desplazamiento interno, “las causas<br />

son en general las mismas que generan refugiados,<br />

hasta el punto de que esta población podría<br />

convertirse en refugiada si, llegado el caso, decide<br />

cruzar la frontera” <strong>10</strong> . Si la línea que distingue entre<br />

el refugiado por razones políticas y el refugiado<br />

por razones económicas no está aún definida en<br />

términos legales, menos aún en lo que se refiere<br />

al desplazado por razones políticas y el desplazado


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

por razones económicas 11 . Lo que a efectos prácticos<br />

tiene enormes consecuencias puesto que a la<br />

población desplazada colombiana se le exige demostrar<br />

las causas del desplazamiento, que, como<br />

veremos más adelante, deben estar vinculadas a<br />

la violencia.<br />

Se podría afirmar que la definición de Naciones<br />

Unidas no es útil en términos operativos,<br />

puesto que abarca un grupo tan amplio y con necesidades<br />

tan variadas que excede las capacidades<br />

y la experiencia de cualquier organización. En numerosas<br />

ocasiones, las poblaciones desplazadas<br />

han alcanzado protección y seguridad en grandes<br />

núcleos urbanos y sus condiciones son comparables<br />

a las de otros grupos que se han trasladado<br />

a zonas urbanas únicamente por motivos económicos.<br />

En estos contextos, que responden a la<br />

realidad colombiana, el CICR no considera, ni<br />

legítimo proporcionar asistencia solamente a un<br />

segmento de la población, ni efectivo el proporcionarla,<br />

puesto que el problema radica en el modelo<br />

de desarrollo socio-económico del país 12 .<br />

Al problema anterior hay que añadir que<br />

la formulación contenida en los Principios Rectores<br />

no confiere un estatus legal especial, tal<br />

como se hace respecto al refugiado conforme a<br />

la Convención sobre el Estatuto de los Refugiados<br />

de 1951 13 . El refugiado necesita de la protección<br />

internacional puesto que su propio Estado no se<br />

la otorga. A diferencia de los refugiados, en teoría,<br />

los derechos y garantías que corresponden a<br />

los desplazados internos, como nacionales de su<br />

Estado, se mantienen intactos. Esto viene a decir<br />

que el interesado, el desplazado interno, podrá hacer<br />

valer sus derechos merced a los mecanismos<br />

que le ofrece su propio Derecho interno, lo cual<br />

resulta una paradoja, porque el desplazamiento,<br />

en gran parte, se produce por hechos o medidas<br />

atribuibles al Estado. De modo que el desplazado,<br />

aún encontrándose dentro de las fronteras de su<br />

Estado, se encuentra en una situación de especial<br />

vulnerabilidad 14 . Si el deber del gobierno es mantener<br />

el orden público dentro de las fronteras de su<br />

territorio, y el Estado es el principal protector de<br />

los derechos humanos de su población, como tal,<br />

dentro del marco constitucional, deberá utilizar<br />

los medios a su alcance para conseguirlo. Si no lo<br />

hace, si se detectan carencias o la incompetencia<br />

del Estado en este sentido, de manera subsidiaria<br />

se ponen en práctica los mecanismos internacionales<br />

de protección de los derechos humanos 15 .<br />

Aquí es donde el Derecho internacional de los<br />

Derechos humanos y el Derecho internacional<br />

humanitario entran a jugar un papel relevante.<br />

Otra de las razones por las que en el orden<br />

internacional se quiso dar respuesta al problema<br />

del desplazamiento interno – al menos mediante<br />

la elaboración de una definición que hasta entonces<br />

no existía – es que éste puede causar inseguridad<br />

e inestabilidad más allá de las fronteras del<br />

Estado. Ante la apremiante necesidad de un marco<br />

normativo e institucional, la Comisión de Derechos<br />

Humanos, en 1992, estableció el mandato<br />

del Representante del Secretario General sobre los<br />

desplazados internos, que seis años después aprobó<br />

los Principios Rectores señalando:<br />

“9. Los Principios Rectores tienen por objeto<br />

tratar las necesidades específicas de los desplazados<br />

internos de todo el mundo, determinando<br />

los derechos y garantías necesarios<br />

para su protección. Los Principios reflejan y<br />

no contradicen la normativa internacional<br />

de Derechos humanos y el Derecho humanitario<br />

internacional. Reafirman las normas<br />

aplicables a los desplazados internos, que se<br />

encuentran sumamente dispersas en los instrumentos<br />

existentes, esclarecen las ambigüedades<br />

que puedan existir y tratan de colmar<br />

las lagunas identificadas en la compilación y<br />

análisis. Se aplican a las diferentes fases de<br />

los desplazamientos, ya que conceden protección<br />

contra los desplazamientos arbitrarios,<br />

proporcionan acceso a la protección y asistencia<br />

durante los desplazamientos y garantías<br />

durante el regreso o el asentamiento y la reintegración<br />

sustitutorios” 16 .<br />

Se dice “principios” donde podría decirse “derechos<br />

de los desplazados y obligaciones vinculantes<br />

para los Estados”. La terminología obedece a la<br />

necesidad de alcanzar, en el menor tiempo posible,<br />

un consenso sobre el régimen aplicable a una realidad<br />

preocupante para Naciones Unidas y vacía<br />

en regulación.Tras haber desarrollado un marco<br />

normativo traducido en los Principios Rectores y<br />

de haber llevado a cabo un plan de visitas a países,<br />

con motivo del décimo aniversario de los Principios<br />

Rectores, el actual Representante del Secretario<br />

General sobre los Derechos Humanos de los<br />

Desplazados internos, Walter Kälin, presentó un<br />

manual dirigido a legisladores, responsables políticos<br />

nacionales y grupos de la sociedad civil, con<br />

objetivo de asesorar sobre cómo formular leyes y<br />

políticas que traten las necesidades de protección<br />

y asistencia. El manual, en el que hace numerosas<br />

alusiones a Colombia, dicta las pautas que en el<br />

plano interno, deberán adoptar los Estados para<br />

respetar y cumplir los Principios Rectores 17 . Hoy,<br />

no obstante, la mayoría de los Estados afectados<br />

151


Joana Abrisketa<br />

por el desplazamiento interno siguen sin disponer<br />

de leyes o políticas relativas al desplazamiento 18 .<br />

En el manual se recogen los denominados<br />

“Elementos esenciales mínimos de la regulación<br />

estatal” relativa al desplazamiento y se dice que<br />

el concepto sobre desplazado interno que adopten<br />

los Estados nunca será más restrictivo que el recogido<br />

en los Principios Rectores. Sin embargo, lo<br />

estipulado en la Ley 387 de 1997 de Colombia no<br />

concuerda totalmente con la calificación internacional<br />

recogida en los Principios Rectores. El fenómeno<br />

del desplazamiento y su cuasi-regulación<br />

internacional a través de los Principios Rectores,<br />

digamos que no “desplaza” al Estado soberano colombiano.<br />

La ley interna, después de definir quién<br />

será desplazado interno, establece que será el Gobierno<br />

Nacional que reglamente lo que se entiende<br />

por condición de desplazado:<br />

152<br />

“Artículo 1. Es desplazado toda persona que se<br />

ha visto forzada a migrar dentro del territorio<br />

nacional abandonando su localidad de residencia<br />

o actividades económicas habituales,<br />

porque su vida, su integridad física, su seguridad<br />

o libertad personales han sido vulneradas<br />

o se encuentran directamente amenazadas,<br />

con ocasión de cualquiera de las siguientes<br />

situaciones: conflicto armado interno, disturbios<br />

y tensiones interiores, violencia generalizada,<br />

violaciones masivas de los derechos humanos,<br />

infracciones al derecho internacional<br />

humanitario u otras circunstancias emanadas<br />

de las situaciones anteriores que puedan alterar<br />

o alteren drásticamente el orden público.<br />

El Gobierno Nacional reglamentará lo que se<br />

entiende por condición de desplazado”.<br />

De modo que se abre la posibilidad de utilizar<br />

esta disposición normativa interna de manera<br />

un tanto estratégica, ya que ofrece matices respecto<br />

a la acepción internacional. Ya no se trata de<br />

una situación de hecho, como se establece en el<br />

modelo internacional, sino que la eventual admisión<br />

o denegación de la condición de desplazado<br />

queda en manos del gobierno o de la entidad pública<br />

que corresponda. Conforme a la ley interna,<br />

la declaración de desplazado interno tiene carácter<br />

constitutivo. Además, la Ley 387 hay que leerla en<br />

combinación con el Código Penal colombiano, en<br />

virtud del cual:<br />

“La definición de desplazado forzado no cubre<br />

los movimientos de población ocasionados<br />

por la fuerza pública, cuando se trata de la<br />

seguridad de la población o por razones militares<br />

imperativas, conforme al Derecho in-<br />

ternacional humanitario” (artículo 284 A del<br />

Código Penal).<br />

Una vez declarada la condición de desplazado<br />

interno, se dará efecto, en la medida de las<br />

posibilidades y de la voluntad política, al sistema<br />

de ayudas que la Ley 387 estipula. Quien sea declarado<br />

desplazado tendrá derecho a la asistencia<br />

humanitaria – en forma de ayuda alimentaria<br />

principalmente –, que puede extenderse hasta un<br />

máximo de tres meses, si es necesario. También se<br />

conceden ayudas a medio y largo plazo de cara a la<br />

estabilización socioeconómica de los desplazados.<br />

En esta línea, el Decreto 951 de 2001 extendió la<br />

política social de vivienda a los desplazados internos<br />

a través de un sistema mixto de subsidios,<br />

créditos y ahorro. No obstante, la Comisión Colombiana<br />

de Juristas manifestó sus críticas ante<br />

el Consejo de Derechos Humanos en la sesión<br />

celebrada en marzo de 2009 19 . El gobierno aún no<br />

ha acatado la sentencia relativa a los programas<br />

de restitución de bienes a la población desplazada,<br />

ordenados por la Corte Constitucional 20 , ni se<br />

han aplicado los “Principios sobre restitución de<br />

las viviendas y el patrimonio de los refugiados y<br />

las personas desplazadas” 21 .<br />

Después de promulgar la Ley 387, el Presidente<br />

de la República de Colombia dictó el Decreto<br />

2569 de 2000, cuyo objeto era evitar la dispersión<br />

institucional respecto a la atención de la<br />

población desplazada. Adjudicó a la llamada Red<br />

de Solidaridad Social la coordinación del sistema<br />

nacional de información y atención integral a la<br />

población desplazada. Conforme al Decreto, el<br />

gobierno nacional, a través de la Dirección General<br />

para los Derechos Humanos del Ministerio<br />

del Interior o la entidad que ésta delegue, declara<br />

que se encuentra en condición de desplazamiento<br />

aquella persona que solicite tal reconocimiento y<br />

cumpla con los requisitos establecidos en la Ley<br />

387. De nuevo la última palabra corresponde al<br />

poder ejecutivo.<br />

III. EL DESPLAZAMIENTO INTERNO EN<br />

EL DERECHO INTERNACIONAL HU-<br />

MANITARIO<br />

1. La protección de la población civil<br />

frente al desplazamiento<br />

Lo ideal, para el tratamiento jurídico del<br />

desplazamiento, sería que el actual gobierno colombiano<br />

reconociera la existencia de un conflicto<br />

armado. Éste, sin embargo, rechaza la existencia<br />

del conflicto y tiende a caracterizar la situación


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

colombiana como un problema de terrorismo que<br />

amenaza la democracia. Es confuso que al mismo<br />

tiempo, y de manera reiterada, aluda a las normas<br />

del Derecho internacional humanitario, principalmente,<br />

a los Convenios de Ginebra de 1949<br />

y a los Protocolos Adicionales de 1977 de los que<br />

Colombia es Estado parte 22 . Ahora bien, junto a la<br />

declaración gubernamental, cabe tener en consideración<br />

otros hechos objetivos que muestran la<br />

existencia de una confrontación armada de cierta<br />

intensidad. Sin ser exhaustivos, puesto que no son<br />

el objeto concreto de este estudio, destacamos:<br />

- Las acciones de las FARC y del ELN,<br />

guerrillas ubicadas en diferentes zonas del<br />

país, que ponen de manifiesto a diario, la<br />

rutina del conflicto armado, a través del<br />

control de una parte del territorio colombiano.<br />

- La presencia de grupos paramilitares, con<br />

estructuras permanentes, que hoy persisten<br />

con diferentes nombres, en diversas<br />

regiones del país, con el propósito de actuar<br />

en defensa de intereses políticos y<br />

militares.<br />

- Más de diez años de conversaciones de paz<br />

entre los sucesivos gobiernos y los grupos<br />

guerrilleros, que han dado lugar a acuerdos<br />

de desmovilización, pero que no han logrado<br />

la firma de un acuerdo de paz global.<br />

- El CICR está presente en el país desde<br />

1969 y hoy operan en Colombia más de<br />

veinte delegaciones de esta organización<br />

humanitaria, cuya misión principal es<br />

proteger y asistir a las víctimas de los conflictos<br />

armados.<br />

Recordemos que la Asociación de Derecho<br />

Internacional (International Law Association)<br />

trabaja actualmente un texto sobre la Reparación<br />

de las víctimas de los conflictos armados. En el<br />

mismo, define el conflicto armado teniendo en<br />

consideración elementos tales como la intensidad<br />

y la duración del mismo. Sin perjuicio de que debamos<br />

tenerlo en cuenta, hasta el momento, la<br />

formulación más moderna es la adoptada en el<br />

artículo 8(2)(g) del Estatuto de Roma, tomada a<br />

su vez, del caso Prosecutor v. Tadic en la que el<br />

Tribunal para la Antigua Yugoslavia declaró:<br />

“se entiende que existe un conflicto armado<br />

cuando se recurre a la fuerza entre Estados o<br />

hay una situación de violencia armada prolongada<br />

entre autoridades gubernamentales<br />

y grupos armados organizados o entre estos<br />

grupos dentro de un Estado” 23 .<br />

De modo que la definición más novedosa,<br />

acuñada por la jurisprudencia del Tribunal ad<br />

hoc y después en el Estatuto de la Corte Penal<br />

Internacional, adopta un umbral de intensidad<br />

armada menor que el del artículo 1.1 del Protocolo<br />

II de 1977.<br />

En correspondencia con lo anterior, en caso<br />

de conflicto armado sin carácter internacional,<br />

cabe preguntarse por la aplicabilidad del artículo<br />

3 común a los cuatro Convenios de Ginebra de<br />

1949 y del Protocolo Adicional II de 1977. Ambos<br />

difieren a la hora de describir su ámbito de aplicación<br />

material. El artículo 3 común es general, se<br />

refiere a “cualquier” conflicto armado que no tenga<br />

el carácter de internacional. De él se desprende<br />

la obligación de salvaguardar los derechos fundamentales<br />

de las personas que no participan en<br />

las hostilidades. El Protocolo II, que desarrolla y<br />

completa el artículo 3 común, se remite a los conflictos<br />

armados internos que reúnen unas características<br />

definidas y concretas 24 , que entendemos,<br />

concurren en el caso de Colombia. El Protocolo<br />

II protege a la población civil contra los efectos de<br />

las hostilidades. La población civil se beneficiará<br />

de la protección general contra los peligros de las<br />

operaciones militares 25 . No será objeto de ataque,<br />

y quedan prohibidos los actos o las amenazas de<br />

violencia cuya finalidad principal sea aterrorizar a<br />

la población civil. Por otra parte, queda prohibido,<br />

como método de combate, hacer padecer hambre<br />

a las personas civiles 26 .<br />

En el Protocolo II se prohíben, también, los<br />

desplazamientos forzados de la población civil,<br />

salvo que así lo exijan la seguridad de los civiles<br />

o razones militares imperiosas. En tal caso, se tomarán<br />

las medidas posibles para que la población<br />

civil sea acogida en condiciones satisfactorias de<br />

alojamiento, salubridad, higiene, seguridad y alimentación<br />

27 .<br />

Debemos destacar que la prohibición de los<br />

desplazamientos forzados de población civil se<br />

considera, además, una norma consuetudinaria<br />

de Derecho internacional humanitario. En concreto,<br />

la Norma 129.B de la Compilación de las<br />

normas consuetudinarias de Derecho Internacional<br />

Humanitario, lleva por título “Desplazamientos<br />

y personas desplazadas”, lo que es un<br />

avance significativo, como veremos en las líneas<br />

siguientes, en relación al Derecho internacional<br />

humanitario convencional. En concreto, la norma<br />

consuetudinaria dicta:<br />

“Las partes en un conflicto armado no internacional<br />

no pueden ordenar el desplazamien-<br />

153


Joana Abrisketa<br />

154<br />

to, total o parcial, de la población civil por<br />

razones relacionadas con el conflicto, a no ser<br />

que lo exijan la seguridad de la población civil<br />

o razones militares imperiosas” (CANI) 28 .<br />

Literalmente, la acepción “persona desplazada<br />

en el interior de su país” no figura en ninguna<br />

disposición del Derecho internacional humanitario<br />

convencional. Sin embargo, dicho corpus<br />

normativo protege a la “población civil frente al<br />

conflicto”, adopta un enfoque general que tiende a<br />

la salvaguarda del conjunto de la población civil y<br />

de este modo, también a la población desplazada.<br />

En este sentido, la población desplazada es protegida<br />

por su calidad de persona civil afectada por el<br />

advenimiento de las hostilidades.<br />

Hasta aquí hemos analizado exclusivamente<br />

las normas del Derecho internacional humanitario<br />

relativas a los conflictos armados sin carácter<br />

internacional. No obstante, en las últimas décadas<br />

se evidencia el proceso hacia un conjunto unificado<br />

de normas que cubren todos los conflictos<br />

armados – tanto internos como internacionales –.<br />

Se ha venido superando la distinción entre conflicto<br />

armado internacional y conflicto armado<br />

sin carácter internacional 29 . Se pone de manifiesto<br />

una interdependencia constante y creciente entre<br />

los regímenes jurídicos de unos y otros. Lo que era<br />

una superación propuesta en el plano académico,<br />

hoy queda plasmada en la jurisprudencia del Tribunal<br />

para la Antigua Yugoslavia en la medida<br />

en que proyecta las normas del Derecho internacional<br />

humanitario aplicables a los conflictos armados<br />

internacionales y a los conflictos armados<br />

internos 30 . De modo que, en esta misma línea,<br />

podemos recurrir a las normas relativas a la protección<br />

de la población desplazada en conflictos<br />

armados internacionales.<br />

En este orden de cosas, la norma consuetudinaria<br />

129.A se refiere al desplazamiento en los<br />

siguientes términos:<br />

“Las partes en un conflicto armado internacional<br />

no pueden deportar o trasladar a la<br />

fuerza a toda la población civil de un territorio<br />

ocupado, o a parte de ella, a no ser que lo exijan<br />

la seguridad de la población civil o razones<br />

militares imperiosas” (CAI) 31 .<br />

Más que una norma sobre protección a la<br />

población civil, es una norma sobre el comportamiento<br />

en las hostilidades, en la que se prohíben<br />

medidas destinadas al traslado forzoso de la población,<br />

bien dentro del territorio, bien fuera de<br />

las fronteras.<br />

En lo que se refiere a los conflictos armados<br />

internacionales, es subrayable la prohibición de<br />

traslados forzosos, en masa e individuales, sea<br />

cual fuere el motivo, salvo si lo requieren la seguridad<br />

de la población o imperiosas razones militares<br />

32 . Análogamente, sin mencionar expresamente<br />

que la causa sea el desplazamiento, serían<br />

aplicables las normas que establecen la obligación<br />

de proteger a la población civil 33 ; las que obligan<br />

a crear espacios protegidos 34 ; las normas sobre la<br />

prestación de socorro 35 ; las normas destinadas a<br />

facilitar la comunicación entre familiares, la búsqueda<br />

de familiares y la reunión de familias dispersas<br />

como consecuencia del conflicto armado 36 ;<br />

normas todas ellas que establecen la protección<br />

mínima a favor de las personas que estén en poder<br />

de una parte en conflicto.<br />

2. Sobre cómo exigir el cumplimiento<br />

del Derecho internacional humanitario<br />

a los actores no estatales<br />

El Representante del Secretario General sobre<br />

los derechos humanos de los desplazados internos,<br />

tras su visita a Colombia en 2006, declaró<br />

que “todas las partes en el conflicto y los grupos<br />

armados son responsables en mayor o menor grado<br />

del desplazamiento forzado” 37 (la cursiva es<br />

nuestra). La multiplicidad de los actores implicados<br />

se pone de manifiesto en la estadística abajo<br />

transcrita. Los grupos familiares incluidos en el<br />

Registro Único de Población Desplazada (RUPD)<br />

respondieron a la pregunta, que versaba, “¿a quién<br />

atribuye usted el primer desplazamiento?”, de la<br />

siguiente manera:<br />

- el 37 % , a los grupos paramilitares (Autodefensas<br />

Unidas de Colombia),<br />

- el 29,8 % a las FARC (Fuerzas Armadas<br />

Revolucionarias de Colombia),<br />

- el 3 % al ELN (Ejército de Liberación Nacional),<br />

- el 2,3 % a los combates entre grupos armados,<br />

- el 1,6 % a las bandas delincuentes emergentes,<br />

- y el 1 % a la Fuerza Pública.<br />

La violencia puede provenir del Estado, de<br />

los grupos paramilitares, de la guerrilla o de todos<br />

de una vez. No sólo se puede atribuir la responsabilidad<br />

de haber provocado el desplazamiento a<br />

las fuerzas del Estado. De hecho, el desplazamiento<br />

se incrementó con el paramilitarismo durante


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

la década de los noventa. Surge de inmediato la<br />

pregunta sobre cómo hacer respetar y aplicar el<br />

Derecho internacional humanitario – y el Derecho<br />

internacional de los Derechos humanos – a<br />

los actores no estatales (paramilitares, FARC y<br />

ELN), ya que a ellos también es atribuible la violación<br />

de las normas, en este caso, la de provocar el<br />

desplazamiento de la población civil.<br />

Los instrumentos tradicionales relativos a la<br />

protección de las víctimas de los conflictos armados,<br />

esto es, los cuatro Convenios de Ginebra de<br />

1949 y los dos Protocolos Adicionales de 1977,<br />

salvo algunas excepciones que veremos más adelante,<br />

se desarrollaron para ser aplicables, de manera<br />

primordial, a los Estados. Éstos, en tanto que<br />

únicos sujetos legitimados para celebrar tratados<br />

internacionales y ser partes en los mismos, son<br />

los destinatarios principales del Derecho internacional<br />

humanitario. Durante la elaboración de los<br />

Convenios de Ginebra de 1949, los actos violentos<br />

de los grupos armados no estatales se concebían<br />

como asuntos domésticos respecto de los cuales el<br />

Estado afectado debía hacer frente mediante medidas<br />

legislativas, judiciales, políticas o militares<br />

internas. Sin embargo, debido a la lenta pero creciente<br />

atención que la comunidad internacional<br />

viene prestando a los actores no estatales, consecuencia<br />

de hechos recientes – Somalia, Darfur,<br />

Afganistán, Colombia –, se ha extendido el marco<br />

jurídico aplicable hasta abarcar a los grupos irregulares.<br />

El Derecho internacional humanitario se<br />

impone a todas las partes en el conflicto y los actores<br />

no estatales son responsables por sus infracciones<br />

38 . Si el Derecho internacional humanitario<br />

no fuera exigible a toda una facción del conflicto,<br />

ofrecería una protección incompleta y quedaría totalmente<br />

desvirtuado su objetivo. De modo que si<br />

retomamos la lectura del artículo 3 común a los<br />

cuatro Convenios de Ginebra de 1949:<br />

“cada una de las Partes contendientes tendrá<br />

la obligación de aplicar, por lo menos, las disposiciones<br />

siguientes […]” 39 .<br />

Ahora bien, cualquier intento de demostrar<br />

que los actores no estatales deben quedar obligados<br />

por los estándares de derechos humanos exige<br />

un razonamiento un tanto sofisticado 40 . Pone en<br />

duda el ejercicio de la soberanía por parte del Estado<br />

y desvela la tensión en las limitaciones del<br />

ejercicio del poder estatal. En este orden de cosas,<br />

Anne-Marie la Rosa, Consejera Legal del CICR,<br />

describe las características esenciales que deben<br />

reunir los grupos armados de cara a poder exigirles<br />

el cumplimiento del Derecho internacional<br />

humanitario. A modo de hipótesis, la autora lo<br />

plantea en los siguientes términos:<br />

a) Un cierto grado de organización<br />

Para que le sea aplicable el Derecho internacional<br />

humanitario es necesario que exista, en<br />

primer término, un cierto grado de organización<br />

dentro del grupo armado. Esto es, se exigirá un nivel<br />

de coherencia organizacional y de jerarquía 41 ,<br />

una estructura de mando y la capacidad de liderar<br />

la formación en Derecho internacional humanitario<br />

42 . Sólo cuando exista esta estructura podrán<br />

los líderes formar al grupo, dar órdenes e instrucciones,<br />

estar informados sobre las acciones de sus<br />

subordinados y reaccionar. Este mínimo grado de<br />

organización dentro de la jerarquía del grupo armado<br />

hará posible atribuir a los mandos superiores<br />

responsabilidad por sus acciones u omisiones,<br />

habida cuenta del control efectivo y la autoridad<br />

que ejercen sobre sus subordinados.<br />

No obstante, en la práctica actual, la mera<br />

organización del grupo armado no asegura que<br />

el grupo se encuentre en posición suficiente para<br />

aplicar el Derecho y sancionar sus violaciones.<br />

Otros factores, como la misma voluntad de actuar<br />

en consonancia con las normas, juegan un papel<br />

preponderante 43 .<br />

b) Un cierto grado de control territorial<br />

Para que sea de aplicación el artículo 1 (1)<br />

del Protocolo II de 1977 es una condición esencial<br />

que el grupo armado mantenga un cierto grado de<br />

control territorial. Cuando el grupo armado ejerce<br />

un alto control sobre parte del territorio, el Estado<br />

no tiene capacidad para asegurar la implementación<br />

del Derecho. En el caso de infracciones<br />

al Derecho internacional humanitario, será<br />

extremadamente difícil para el Estado imponer<br />

sanciones a los miembros de los grupos armados.<br />

Por otra parte, si los grupos armados ostentan tan<br />

alto grado de control territorial, es porque disponen<br />

de los medios financieros y militares durante<br />

largos periodos de tiempo 44 . En consecuencia, en<br />

este contexto de control del territorio, en palabras<br />

de Anne-Marie La Rosa y Carolin Wuerzner, para<br />

los grupos armados sería más factible tomar las<br />

medidas necesarias tendientes a asegurar el conocimiento<br />

y el cumplimiento del Derecho internacional<br />

humanitario, e incluso responder con<br />

sanciones criminales. Esta es la aportación más<br />

innovadora que hasta el momento hemos visto en<br />

relación a la posibilidad de que, en el seno de los<br />

propios grupos armados, se impongan sanciones<br />

155


Joana Abrisketa<br />

en los casos de contravención del Derecho internacional<br />

humanitario.<br />

c) La voluntad del grupo armado de<br />

respetar el Derecho internacional<br />

humanitario<br />

El ánimo de respetar el Derecho internacional<br />

humanitario y de exhibir que el grupo armado<br />

puede responder a las infracciones que sus<br />

miembros cometan estará vinculado a los propios<br />

objetivos del grupo. Si se trata de un grupo cuyo<br />

objetivo se confunde con la violación del Derecho<br />

internacional humanitario, como, por ejemplo, la<br />

limpieza étnica, al grupo le será indiferente el respeto<br />

de las normas. Ahora bien, los grupos que desean<br />

el reconocimiento y apoyo de la comunidad<br />

internacional tendrán un interés en prevenir las<br />

violaciones 45 . En ambos casos, el problema radica<br />

en demostrar la autoridad del grupo armado, el<br />

control sobre sus miembros, la organización y la<br />

disciplina. En el caso colombiano, cuanto menos,<br />

exigiría adentrarnos, por caminos intransitables,<br />

en la tupida selva.<br />

Me permitiría agregar que esta interpretación,<br />

aportada por Anne-Marie La Rosa y Carolin Wuerzner,<br />

parece sugerir una excesiva confianza en los<br />

grupos armados y en su intención de acomodarse a<br />

las normas relativas a los conflictos armados.<br />

d) Acuerdos especiales<br />

El artículo 3 común a los cuatro Convenios<br />

de Ginebra propicia la posibilidad de que las partes<br />

contendientes – actores no estatales- asuman<br />

el compromiso de respetar el Derecho internacional<br />

humanitario a través de acuerdos especiales.<br />

Los ejemplos de dichos acuerdos son, sin embargo,<br />

escasos, bien porque a los Estados les preocupa<br />

reconocer indirectamente legitimidad a los<br />

grupos armados; bien porque los grupos armados<br />

no están dispuestos a asumir la posibilidad de ser<br />

procesados por el incumplimiento del Derecho internacional<br />

humanitario.<br />

Insistimos, se trata de consideraciones propuestas<br />

en el plano teórico que plantean numerosos<br />

interrogantes en la práctica. Reconocer el<br />

estatus de beligerancia de las FARC es impensable<br />

por el gobierno de Uribe. Desde fuentes gubernamentales<br />

siempre se ha afirmado que el Estado<br />

colombiano no se lo puede permitir. Esta firmeza<br />

responde a la concepción del Estado, dotado de<br />

una justicia independiente, que no se podría ni<br />

invalidar, ni desautorizar en favor de la guerrilla<br />

(o del grupo terrorista).<br />

156<br />

3. El Consejo de Seguridad no se pronuncia<br />

ni sobre el respeto al Derecho<br />

internacional humanitario en<br />

Colombia, ni sobre la responsabilidad<br />

de proteger del Estado colombiano<br />

Resulta paradójico que el Consejo de Seguridad,<br />

tan proclive, desde el inicio de la década de<br />

los noventa, a calificar el problema de los refugiados<br />

y desplazados como una cuestión susceptible<br />

de amenazar la paz y a la seguridad internacional<br />

y en consecuencia, a autorizar operaciones de<br />

mantenimiento de la paz, no lo haya hecho respecto<br />

a Colombia, el país, en la actualidad, con<br />

más desplazados internos en el mundo después de<br />

Sudán 46 . En lo que se refiere a Colombia, tampoco<br />

ha hecho llamamientos a las partes sobre la vulneración<br />

del Derecho internacional humanitario.<br />

Es conocida la evolución en la interpretación<br />

de las amenazas a la paz hecha por el Consejo<br />

de Seguridad 47 y la revitalización de sus capacidades<br />

operacionales desde el fin de la guerra fría.<br />

El punto de partida fue la calificación como amenaza<br />

a la paz de la situación de Bosnia Herzegovina,<br />

exhortando a los Estados a tomar las medidas<br />

necesarias para facilitar la distribución de la<br />

asistencia humanitaria en Sarajevo y otros lugares<br />

del país 48 . Posteriormente, identificó la tragedia<br />

humana causada por el conflicto de Somalia<br />

como una amenaza a la paz. Autorizó el empleo<br />

de las medidas necesarias para establecer condiciones<br />

de seguridad y llevar a cabo las operaciones de<br />

socorro humanitario 49 . Más tarde, el Consejo de<br />

Seguridad utilizó la misma calificación para Ruanda,<br />

autorizando una operación para proteger a<br />

los refugiados y a la población civil (desplazada o<br />

no) en peligro 50 . Podríamos valernos de la expresión<br />

“omisión absoluta” utilizada por la profesora<br />

López-Jacoíste 51 para describir el comportamiento<br />

del Consejo de Seguridad respecto al conflicto armado<br />

de Colombia, puesto que, si durante 2009<br />

se pronunció sobre la situación en Guinea-Bissau,<br />

Chipre, Somalia, Sáhara Occidental, Bosnia Herzegovina,<br />

Afganistán, Timor Leste, Georgia y Costa<br />

de Marfil, parecería coherente que exhortara a<br />

los actores del conflicto colombiano. Como hace<br />

notar, entre otros, el profesor Arcari, en el Consejo<br />

de Seguridad está ausente el principio de coherencia<br />

y de justicia que podría paliar las patentes<br />

contradicciones que acompañan a su acción en el<br />

ámbito de los derechos humanos 52 .


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

Al clásico binomio Derecho de La Haya y<br />

Derecho de Ginebra, como afirma Carrillo Salcedo,<br />

habría que añadir el “Derecho de Nueva<br />

York” 53 , esto es, el conjunto de textos relativos al<br />

Derecho internacional humanitario elaborados<br />

bajo los auspicios de la Organización de las Naciones<br />

Unidas, que hasta 1968 era terreno exclusivo<br />

del Comité Internacional de la Cruz Roja 54 . No se<br />

puede decir que en el caso de Colombia el Consejo<br />

de Seguridad haya asumido un papel relevante en<br />

el desarrollo progresivo del Derecho internacional<br />

humanitario. Por el momento, a lo largo del año<br />

2009, el Consejo de Seguridad no adoptó una sola<br />

resolución relativa a Colombia. Como señala la<br />

autora Comellas Aguirrezábal, ante la imposible<br />

neutralidad del Consejo de Seguridad, podemos<br />

concluir la “eventual politización de lo humanitario”,<br />

que convierte su acción en discrecional, lo<br />

que constituye un grave riesgo para el Derecho internacional<br />

humanitario 55 .<br />

El concepto de soberanía, unida a la responsabilidad<br />

del Estado, se articula en la llamada<br />

“Responsabilidad de proteger” 56 , formulada a iniciativa<br />

de Canadá en 2001 y recogida posteriormente<br />

por el entonces Secretario General de la<br />

ONU, Kofi Annan, en su informe del 21 de marzo<br />

de 2005. No ha ido más allá de ser una suma de<br />

declaraciones de intenciones. Transcender la soberanía<br />

de los Estados y que la comunidad internacional<br />

asuma la responsabilidad de proteger – o<br />

el deber de intervenir – y actúe cuando un gobierno<br />

oprime de manera masiva y sistemática a su<br />

población es ideal en otro Derecho internacional,<br />

no en el presente, en el que, no se ha recogido esta<br />

intención en el plano normativo 57 , ni se ha dado<br />

un paso en el seno del órgano que debería establecer<br />

los parámetros, el Consejo de Seguridad.<br />

Una interpretación de mayor calado sobre<br />

la acepción “Responsabilidad de proteger” sugiere<br />

que el Estado ha de mostrarse proactivo, en lugar<br />

de reactivo, ante el riesgo de erosión de los intereses<br />

fundamentales de la comunidad internacional.<br />

Responde así a la idea recogida en el último<br />

Informe del Secretario General, en el que aúna la<br />

responsabilidad de prevenir, de reaccionar y de reconstruir<br />

58 . Esta responsabilidad correspondería<br />

principal y fundamentalmente al Estado, derivada<br />

de su soberanía y de la legislación preexistente relativa<br />

a sus obligaciones.<br />

IV. Aplicar de manera acumulativa el<br />

Derecho internacional de los Derechos<br />

Humanos y el Derecho Internacional<br />

Humanitario<br />

Haciendo una interpretación maximalista<br />

del régimen internacional de los Derechos humanos,<br />

las obligaciones internacionales de los<br />

Estados respecto a la población internamente desplazada<br />

deberían ser vistas desde el prisma de la<br />

convergencia entre tres cuerpos normativos, esto<br />

es, el Derecho internacional de los Derechos Humanos,<br />

el Derecho internacional humanitario, y<br />

de modo tangencial, el Derecho de los refugiados.<br />

La protección general a la población civil es su<br />

denominador común 59 . Si bien el Derecho internacional<br />

de los derechos humanos y el Derecho<br />

internacional humanitario tienen orígenes diferentes<br />

y en su contenido, presentan elementos<br />

de esa misma índole, no es menos cierto que su<br />

objetivo es de carácter común, puesto que buscan<br />

la protección efectiva del ser humano. Sin distorsionar<br />

los límites entre ambos cuerpos jurídicos,<br />

constitutivos de dos ramas del Derecho internacional,<br />

y sin referirnos a un conjunto unificado,<br />

retomamos para este caso, la hipótesis de la necesaria<br />

convergencia y superposición de áreas.<br />

De ser considerados campos inconexos e infranqueables,<br />

Derecho Internacional de los Derechos<br />

Humanos y Derecho Internacional Humanitario<br />

pasaron a considerarse complementarios,<br />

y hoy, convergentes. La teoría de la convergencia<br />

supera los límites de la complementariedad y se<br />

dirige a proporcionar la mayor protección efectiva<br />

al ser humano, a través de la aplicación acumulativa<br />

de ambos cuerpos de normas. El Derecho<br />

internacional de los derechos humanos continúa<br />

aplicándose en tiempo de conflicto armado, a excepción<br />

de las cláusulas derogatorias en estados<br />

de emergencia 60 . El hoy magistrado de la Corte Internacional<br />

de Justicia, Cançado Trindade, ya en<br />

1987 invocaba esta convergencia denominándola<br />

“interacción” 61 . Posteriormente, la clásica distinción<br />

entre el Derecho internacional humanitario,<br />

aplicable únicamente en tiempo de conflicto<br />

armado (ius in bello) y el Derecho internacional<br />

de los derechos humanos, aplicable en tiempo de<br />

paz, ha sido desdibujada y superada a través, entre<br />

otros, de un creciente número de pronunciamientos<br />

de la propia Corte Internacional de Justicia.<br />

La Opinión Consultiva emitida por la Corte<br />

Internacional de Justicia sobre la Licitud del em-<br />

157


Joana Abrisketa<br />

pleo de armas nucleares por un Estado en un conflicto<br />

armado:<br />

158<br />

“La Corte observa que la protección prevista<br />

en el Pacto Internacional de Derechos Civiles<br />

y Políticos no cesa en tiempo de guerra, excepto<br />

cuando se aplica el artículo 4 del Pacto,<br />

según el cual algunas disposiciones pueden<br />

ser suspendidas cuando se da una situación<br />

de emergencia nacional” 62 .<br />

En consonancia con esta idea, la Corte Internacional<br />

de Justicia, en la Opinión consultiva sobre<br />

las Consecuencias jurídicas de la edificación de un<br />

muro en el territorio palestino ocupado declaró:<br />

“la protección que ofrecen los convenios y<br />

convenciones de derechos humanos no cesa<br />

en caso de conflicto armado, salvo en caso de<br />

que se apliquen disposiciones de suspensión<br />

como las que figuran en el artículo 4 del Pacto<br />

de Derechos Civiles y Políticos. En cuanto<br />

a la relación entre el derecho internacional<br />

humanitario y el derecho de los derechos humanos,<br />

pueden presentarse tres situaciones:<br />

algunos derechos pueden estar contemplados<br />

exclusivamente en el derecho internacional<br />

humanitario, otros pueden estar contemplados<br />

exclusivamente en el derecho de<br />

los derechos humanos, y otros pueden estar<br />

contemplados en ambas ramas del Derecho<br />

internacional. Para responder a la cuestión<br />

que se le ha planteado, la Corte tendrá que<br />

tomar en consideración ambas ramas del Derecho<br />

internacional, es decir, el derecho de los<br />

derechos humanos y, como lex especialis, el<br />

derecho internacional humanitario” 63 .<br />

La relación entre Derecho internacional humanitario<br />

y derechos humanos no es, por tanto, de<br />

exclusión, sino de coordinación. Cuando el Derecho<br />

internacional de los Derechos humanos prohíbe,<br />

en términos generales, la privación arbitraria<br />

de la vida, recogida en mayor detalle por el Derecho<br />

internacional humanitario, este último dará<br />

contenido a la norma aplicable. Como el Derecho<br />

internacional de los derechos humanos prohíbe la<br />

tortura sin excepciones, entonces la tortura será<br />

internacionalmente ilegal en cualquier situación,<br />

incluso en caso de conflicto armado u ocupación.<br />

Por seguir un orden cronológico en cuanto a<br />

la jurisprudencia de la Corte Internacional de Justicia,<br />

que tiene especial sentido en este análisis,<br />

en la Sentencia sobre el Asunto de las actividades<br />

armadas sobre el territorio del Congo (República<br />

Democrática del Congo contra Uganda), la Corte<br />

eliminó la idea de lex especialis respecto del De-<br />

recho internacional humanitario e insistió en que<br />

“las dos ramas del Derecho internacional deberían<br />

ser tomadas en consideración” 64 .<br />

La Corte Internacional de Justicia, junto con<br />

la de otros tribunales internacionales, no rechaza<br />

la distinción entre el Derecho de la guerra y el<br />

Derecho de la paz, sino que redefine el Derecho<br />

de la guerra para incluir, bajo determinadas condiciones,<br />

los aspectos de la protección de los derechos<br />

humanos 65 , puesto que comparten bases comunes.<br />

De modo que la existencia del conflicto armado no<br />

provoca la suspensión del régimen del Derecho internacional<br />

de los derechos humanos. Podríamos<br />

afirmar que el artículo 3 común a los cuatro Convenios<br />

de Ginebra de 1949, al referirse al trato con<br />

humanidad, sin distinción alguna de índole desfavorable,<br />

alude a ambos cuerpos jurídicos. Concurren<br />

los rasgos de uno y de otro. Este artículo 3<br />

común es la primera disposición de los Convenios<br />

de Ginebra de 1949 que tiende un puente al Derecho<br />

internacional de los derechos humanos puesto<br />

que se orienta a proteger a las personas que no<br />

participan en las hostilidades, sean desplazadas o<br />

no lo sean, y se inclina más hacia lo que hoy consideramos<br />

las características del Derecho internacional<br />

de los derechos humanos, que las del Derecho<br />

internacional humanitario.<br />

Más concretamente, el artículo 17 del Protocolo<br />

II alude de modo expreso a la vivienda, la<br />

salud, la seguridad, la alimentación y la libertad<br />

de circulación en los siguientes términos:<br />

“1. No se podrá ordenar el desplazamiento<br />

de la población civil por razones relacionadas<br />

con el conflicto, a no ser que así lo exijan la<br />

seguridad de las personas civiles o razones<br />

militares imperiosas. Si tal desplazamiento<br />

tuviera que efectuarse, se tomarán todas las<br />

medidas posibles para que la población civil<br />

sea acogida en condiciones satisfactorias de<br />

alojamiento, salubridad, higiene, seguridad y<br />

alimentación.<br />

2. No se podrá forzar a las personas civiles<br />

a abandonar su propio territorio por razones<br />

relacionadas con el conflicto”.<br />

Queda plasmado así el binomio: el derecho<br />

a no ser desplazado y los derechos del desplazado.<br />

También en el Derecho internacional de los<br />

derechos humanos se recogen las normas que<br />

protegen a los desplazados, mas no en su condición<br />

de desplazados internos, sino como personas<br />

cuyos derechos fundamentales están siendo violados.<br />

Los derechos se podrían agrupar del modo<br />

siguiente:


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

a) el derecho a la vida y a la integridad personal<br />

(artículos 6 y 7 del Pacto de Derechos<br />

Civiles y Políticos y artículo 4 de la<br />

Convención Americana sobre Derechos<br />

Humanos);<br />

b) el derecho a circular libremente y a elegir<br />

la residencia (artículo 12 del Pacto de Derechos<br />

Civiles y Políticos y artículo 22 de<br />

la Convención Americana sobre Derechos<br />

Humanos);<br />

c) el derecho a un proceso legal (artículo 14<br />

del Pacto de Derechos Civiles y Políticos y<br />

artículo 25 de la Convención Americana<br />

sobre Derechos Humanos);<br />

d) el derecho a la salud y a la alimentación<br />

(artículo 12 del Pacto de Derechos Económicos,<br />

Sociales y Culturales);<br />

e) el derecho al trabajo y a ejercer una profesión<br />

(artículo 6 del Pacto de Derechos<br />

Económicos, Sociales y Culturales).<br />

Las derogaciones admitidas por el Pacto de<br />

Derechos Civiles y Políticos y por la Convención<br />

Interamericana de Derechos Humanos no afectan<br />

al llamado núcleo duro de los derechos humanos.<br />

El inconveniente surge en la interpretación de los<br />

derechos económicos, sociales y culturales enumerados,<br />

respecto de los que no rigen las cláusulas<br />

derogatorias con el mismo rigor.<br />

Mediante la aplicación acumulativa se logra<br />

que el Derecho Internacional de los Derechos<br />

Humanos otorgue mayor fuerza al Derecho internacional<br />

humanitario y concrete las obligaciones<br />

de los Estados parte en sus diversos aspectos<br />

ya que en materia de mecanismos de protección<br />

internacional, el Derecho internacional humanitario<br />

es precario. En este caso, el Derecho penal<br />

interno se convierte en la herramienta de aplicabilidad<br />

de las normas internacionales. De hecho,<br />

el origen de esta discusión académica puede<br />

encontrarse en la ausencia de mecanismos para<br />

hacer efectivo el Derecho internacional humanitario,<br />

dado que los Estados no han avanzado aún<br />

en fórmulas asimilables a las del DIDH que permitan<br />

a las víctimas acceder a una administración<br />

de justicia ante una situación de conflicto<br />

armado o estado de excepción.<br />

Es relevante en este sentido que el Alto Comisionado<br />

de las Naciones Unidas para los Derechos<br />

Humanos estableciera la Oficina en Bogotá,<br />

mediante acuerdo de noviembre de 1996, con el<br />

mandato de monitorear o vigilar la situación y<br />

“promover el respeto y la observancia de los derechos<br />

humanos y el Derecho Internacional Humanitario<br />

en Colombia” 66 .<br />

V. LA APORTACIÓN DE LA CORTE<br />

CONSTITUCIONAL COLOMBIANA<br />

EN LA SENTENCIA T-025 DE 2004:<br />

“UN ESTADO DE COSAS INCONSTI-<br />

TUCIONAL”<br />

1. Algunas consideraciones previas<br />

Las dos ideas fundamentales en lo que se refiere<br />

a la aportación de la Corte Constitucional<br />

colombiana ante el desplazamiento son, en primer<br />

lugar, que la población desplazada deja de ser<br />

considerada una categoría exclusivamente humanitaria<br />

para adquirir el estatuto de “ciudadano en<br />

situación de desplazamiento” - con la connotación<br />

participativa y de sujeto activo de derechos<br />

que conlleva y; en segundo lugar, que la Corte encuentra<br />

el fundamento normativo para declarar la<br />

obligación de proteger a la población desplazada<br />

en el denominado “bloque de constitucionalidad”.<br />

A través de esta categoría, vincula la obligación<br />

del Estado con los tratados internacionales ratificados<br />

por Colombia. Conforme a los artículos<br />

4 y 93 de la Constitución Colombiana, la Corte<br />

Constitucional ha sostenido que el “bloque de<br />

constitucionalidad” está conformado por las leyes<br />

orgánicas, las leyes estatutarias en algunos casos,<br />

los tratados internacionales que determinan los<br />

límites geográficos del territorio, los que señalan<br />

principios y reglas generales para limitar la soberanía<br />

estatal y dirimir conflictos particulares entre<br />

Estados y por los tratados internacionales que reconocen<br />

los derechos humanos, incluidos los referentes<br />

al Derecho internacional humanitario 67 .<br />

Al mismo tiempo, como subrayan Andrea<br />

Acosta y Yasser Pérez, la acción de tutela se ha<br />

convertido en el único mecanismo jurídico de protección<br />

disponible para la protección desplazada,<br />

y haciendo uso de ella, entre 1997 y 2006 la Corte<br />

Constitucional emitió alrededor de 25 pronunciamientos<br />

en los que estableció las obligaciones del<br />

Estado en la materia 68 .<br />

A partir del año 2000, la Corte Constitucional<br />

advirtió de manera expresa que el desplazamiento<br />

forzado es un “fenómeno social que da<br />

lugar a la vulneración múltiple, masiva y continua<br />

de los derechos fundamentales de los colombianos”<br />

69 . Se refirió a la violación del “derecho a<br />

escoger el domicilio” y al “libre desarrollo de la<br />

personalidad del desplazado”. Así mismo, dadas<br />

las condiciones en las que se ven obligadas a desplazarse,<br />

y al ambiente intimidatorio que precede<br />

al desplazamiento, también los “derechos de expresión<br />

y de asociación” se ven conculcados 70 .<br />

159


Joana Abrisketa<br />

Antes de la emblemática sentencia T-024 de<br />

2004, la Corte había sido tajante a la hora de calificar<br />

la situación de los desplazados internos en<br />

el país. Sin ánimo de hacer un recuento exhaustivo<br />

sobre la jurisprudencia constitucional en la<br />

materia, cabe destacar la sentencia SU-1150 del<br />

año 2000 relativa a los procesos de revisión de tres<br />

fallos, adoptados por la Sala Penal del Tribunal Superior<br />

de Medellín, el Juzgado Octavo Penal del<br />

Circuito de Cali y la Sala de Familia del Tribunal<br />

Superior de Santafé de Bogotá, respectivamente,<br />

dentro de las acciones de tutela presentadas, una<br />

de ellas por la Defensoría del Pueblo de Antioquía<br />

y las otras dos, por personas particulares. En los<br />

tres casos, los demandantes denunciaban que se<br />

habían visto obligados a desalojar su residencia<br />

habitual de manera violenta e inmediata. Las causas<br />

del desplazamiento no son las mismas en los<br />

tres casos, por esta razón, en las próximas líneas<br />

resumiremos los hechos.<br />

En el primer caso, los demandantes tuvieron<br />

que desalojar su residencia habitual debido a que<br />

un Decreto municipal declaró una serie de sectores<br />

de ciudad como de alto riesgo potencial de<br />

desastres naturales. En la acción de tutela los demandantes<br />

se declaran desplazados por la violencia<br />

y denuncian la ausencia de una política de gobierno<br />

que dé cumplimiento a lo establecido tanto<br />

en el artículo 17 del Protocolo II, la Ley 171/94, la<br />

Ley 387/97 y el Decreto 178/98, como en la jurisprudencia<br />

de la Corte Constitucional 71 .<br />

En el segundo caso, el señor Marco Tulio residía<br />

en el corregimiento de Puerto Trujillo, en el<br />

departamento de Meta, donde trabajaba en una<br />

finca de su propiedad, hasta que el 15 de diciembre<br />

de 1997, debido a amenazas recibidas por un<br />

grupo armado, se vio obligado a abandonarlo todo<br />

y a trasladarse con su familia a la ciudad de Villavicencio.<br />

En su declaración manifestó: “la guerrilla<br />

pensó que yo estaba llevando información a las<br />

autodefensas y por eso me dieron dos días para<br />

que desocupara, por lo que yo abandoné todo” 71 .<br />

La razón del desplazamiento proviene de las amenazas<br />

realizadas por la guerrilla.<br />

Finalmente, en el último caso, el señor Jairo<br />

Reyes y su familia, junto con otras veinte familias,<br />

entablaron acción de tutela contra el gerente de la<br />

Red de Solidaridad Social porque éste había vulnerado<br />

sus derechos a la vida, la salud y la dignidad. El<br />

actor afirmó que él y su familia fueron desplazados<br />

por la violencia y que la entidad demandada había<br />

incumplido su deber de lograr su establecimiento<br />

en el municipio de Guayabal para desarrollar el<br />

proyecto de trabajo que se le había ofrecido 73 .<br />

160<br />

En el proceso de revisión de los tres casos<br />

se trataba de establecer si las entidades oficiales<br />

demandadas vulneraron los derechos fundamentales<br />

de los actores, todos ellos personas desplazadas<br />

por causa de la violencia. Sin entrar en los<br />

detalles sobre la resolución de los casos, cabe resaltar<br />

que la Corte mostró su acuerdo acerca de<br />

que la vulneración de los derechos mencionados<br />

implica la violación de los instrumentos internacionales<br />

de derechos humanos y de Derecho<br />

Internacional humanitario, mencionando expresamente<br />

el Pacto Internacional de Derechos Civiles<br />

y Políticos, el Pacto Internacional de Derechos<br />

Económicos, Sociales y Culturales, la Convención<br />

sobre los Derechos del Niño, la Convención sobre<br />

la Eliminación de todas las formas de discriminación<br />

contra la mujer, la Convención Americana<br />

de Derechos Humanos, el artículo 3 común a los<br />

Convenios de Ginebra y el Protocolo II Adicional<br />

a los Convenios de Ginebra 74 . A pesar de que en<br />

un gran número de casos, los desplazados abandonan<br />

sus lugares de origen por causa de las amenazas<br />

y el temor que generan las acciones de los<br />

llamados grupos de autodefensa o paramilitares,<br />

en palabras de la Corte “al Estado colombiano le<br />

corresponde velar por las personas desplazadas y<br />

no ha cumplido con esta obligación” 75 . Fue novedoso<br />

que la Corte también aludiera, de modo extenso,<br />

a los Principios Rectores 76 .<br />

Desde el punto de vista de su trayectoria, la<br />

jurisprudencia constitucional colombiana dio un<br />

paso más significativo un año después, al afirmar<br />

el carácter vinculante de los Principios Rectores<br />

con las siguientes palabras:<br />

“la interpretación más favorable a la protección<br />

de los derechos humanos de los desplazados<br />

hace necesaria la aplicación de los Principios<br />

Rectores del Desplazamiento Interno<br />

consagrados en el Informe del Representante<br />

Especial del Secretario General de Naciones<br />

Unidas para el tema de los Desplazamientos<br />

Internos de Personas, los cuales son parte del<br />

cuerpo normativo supranacional que integra el<br />

bloque de constitucionalidad de este caso” 77 .<br />

Superando la dialéctica entre Derecho interno<br />

y Derecho internacional, la Corte Constitucional<br />

exige al Estado que proteja a la población<br />

desplazada, se involucra en la aplicación de los<br />

tratados internacionales y muestre su potencial<br />

para albergar instrumentos de este carácter sobre<br />

la base del bloque de constitucionalidad.


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

2. La Sentencia T-025 de 2004 de la<br />

Corte Constitucional Colombiana<br />

La Corte debía responder a <strong>10</strong>8 acciones de<br />

tutela interpuestas por 1150 núcleos familiares,<br />

todos pertenecientes a población desplazada, con<br />

un promedio de cuatro personas por núcleo 78 . Se<br />

admite que la exigencia de presentar directamente<br />

o a través de abogado las acciones de tutela resulta<br />

excesivamente onerosa para la población desplazada,<br />

y por ello, las asociaciones de desplazados<br />

pueden actuar como agentes oficiosos de los desplazados<br />

y así lo hicieron. El concepto de estado<br />

de cosas inconstitucional se venía utilizando por<br />

la jurisprudencia desde 1997. En este caso, la Corte,<br />

para constatar oficialmente la existencia de un<br />

“estado de cosas inconstitucional en la población<br />

desplazada” recurre a varias razones que se pueden<br />

sintetizar como sigue:<br />

a) La gravedad de la situación de vulneración<br />

de derechos que enfrenta la población desplazada<br />

fue expresamente reconocida en<br />

la Ley.<br />

b) El elevado volumen de acciones de tutela<br />

señala que la vulneración de derechos<br />

afecta a buena parte de la población desplazada,<br />

en múltiples lugares del territorio<br />

nacional y que las autoridades han omitido<br />

adoptar los correctivos requeridos.<br />

c) La continuación de la vulneración de tales<br />

derechos no es imputable a una única<br />

entidad.<br />

d) La vulneración de los derechos de los desplazados<br />

reposa en factores estructurales<br />

dentro de los que destaca la falta de correspondencia<br />

entre lo que dicen las normas y<br />

los medios para cumplirlas 79 .<br />

Para calificar el “estado de cosas inconstitucional”,<br />

la Corte valora una serie de factores tales<br />

como la vulneración masiva y generalizada de<br />

varios derechos constitucionales, la prolongada<br />

omisión de las autoridades en el cumplimiento<br />

de sus obligaciones, la no expedición de medidas<br />

presupuestarias y en definitiva, la existencia de un<br />

problema social que requiere la adopción de un<br />

conjunto complejo y coordinado de acciones 80 .<br />

La sentencia refleja el acercamiento entre<br />

Derecho interno e internacional. La disquisición<br />

teórica sobre la convergencia entre Derecho internacional<br />

de los Derechos humanos y Derecho<br />

internacional humanitario queda superada implícitamente<br />

por la Corte interna colombiana al<br />

hacer referencia a la “normatividad internacional”<br />

81 . Así, con el objeto de determinar el alcan-<br />

ce de los derechos de la población desplazada,<br />

reproducimos la declaración de la Corte ya que<br />

tiene en cuenta:<br />

“tanto el marco constitucional y legal, como<br />

la interpretación del alcance de tales derechos<br />

compilados en el documento internacional de<br />

los Principios Rectores del Desplazamiento<br />

Forzado Interno de 1998. Este último documento<br />

compendia lo dispuesto sobre desplazamiento<br />

interno en el Derecho internacional<br />

de los derechos humanos, en el Derecho internacional<br />

humanitario y –por analogía- en el<br />

Derecho internacional de los refugiados, y contribuye<br />

a la interpretación de las normas que<br />

hacen parte de este sistema de protección” 82 .<br />

A partir de este criterio, la Corte hace una interpretación<br />

sobre los Principios Rectores y considera<br />

que los derechos mínimos encuadrados en<br />

este marco son: el derecho a la vida, los derechos<br />

a la dignidad y a la integridad física, psicológica<br />

y moral, el derecho a la familia y a la unidad familiar,<br />

el derecho a una subsistencia mínima y la<br />

participación plena de las mujeres en condición<br />

de desplazamiento en la distribución de prestaciones<br />

básicas, el derecho a la salud, el derecho a<br />

la protección y para el caso de los niños en situación<br />

de desplazamiento, el derecho a la educación<br />

básica hasta los 15 años 83 . Todos ellos recogidos<br />

expresamente en los Principios Rectores. Un instrumento<br />

internacional de protección de derechos<br />

humanos que en sí mismo no posee la virtualidad<br />

jurídica de un convenio internacional, conocido<br />

como los Principios Rectores del Desplazamiento<br />

Interno se convierte en un estándar mínimo para<br />

la interpretación del Derecho interno.<br />

VI. CONCLUSIONES<br />

El objetivo de este capítulo era indagar el<br />

grado de incidencia de los estándares normativos<br />

internacionales en el desplazamiento interno en<br />

Colombia. En las líneas precedentes hemos tratado<br />

de responder al objetivo mediante el análisis<br />

de las relaciones entre el Derecho internacional<br />

humanitario, el Derecho internacional de los derechos<br />

humanos y los Principios Rectores del Desplazamiento<br />

Interno. A su vez, nos hemos servido<br />

de la sentencia más relevante de la Corte Constitucional<br />

colombiana en este ámbito, la T-025 de<br />

2004. Digamos que la complementariedad y la interacción<br />

entre los distintos cuerpos normativos<br />

han sido las notas características del análisis.<br />

La interpelación hecha por la Corte Constitucional<br />

a las convenciones internacionales y el<br />

rescate de los Principios Rectores de Desplaza-<br />

161


Joana Abrisketa<br />

miento Interno muestra que no estamos ante un<br />

sistema inamovible. La Corte, con cierto valor, se<br />

sirve de este último instrumento sin fuerza legal<br />

vinculante para exigir del Estado el cumplimiento<br />

de las obligaciones internacionales e internas con<br />

respecto a la población internamente desplazada.<br />

Hemos querido mostrar la forma en la que<br />

pueden incidir en el plano interno los instrumentos<br />

internacionales de protección de los derechos<br />

humanos. Para hacer efectivos los derechos fundamentales,<br />

es positivo superar la separación entre<br />

el Derecho internacional de los derechos humanos<br />

y el Derecho internacional humanitario en un Estado<br />

como el colombiano. La interpretación de los<br />

derechos y deberes ha de referirse a ambos cuerpos<br />

de normas ante una desafortunada tendencia<br />

a fraccionar o fracturar el ámbito de protección del<br />

Derecho internacional en materia de derechos humanos.<br />

La convergencia es una respuesta de flexibilización<br />

a la teoría de la separación de estas dos<br />

ramas. El Derecho Internacional de los derechos<br />

humanos fortalece las normas del Derecho Internacional<br />

Humanitario porque formula con<br />

mayor exactitud las obligaciones de los Estados.<br />

La Corte Constitucional colombiana, sin explicitarlo,<br />

se decanta por esta posición y exige más<br />

claridad y eficacia al sistema institucional. Por<br />

otra parte, este caso ilustra que otras formas de<br />

generación de derechos y obligaciones, con una<br />

intensidad normativa relativa, como los Principios<br />

Rectores, al menos en clave interpretativa,<br />

pueden resultar útiles.<br />

Podemos afirmar que la sentencia T-025 de<br />

2004 de la Corte Constitucional colombiana fue<br />

transcendental, no sólo por el avance cualitativo en<br />

la formulación de sus fundamentos jurídicos, sino<br />

también, porque sin ella, el fenómeno del desplazamiento<br />

estaría en un lugar secundario en la agenda<br />

162<br />

gubernamental. La respuesta de la Corte no ha sido<br />

estéril, y ha respondido con cierta creatividad al desafío.<br />

Ahora bien, cabe preguntarse qué incidencia<br />

ha tenido la sentencia, tanto en la toma de decisiones<br />

políticas de la práctica interna, como en<br />

el plano regional e internacional. El problema es<br />

que la Sentencia haya podido generar expectativas<br />

difíciles de cumplir en el contexto actual colombiano.<br />

También cabe advertir que aún existen motivos<br />

para la incertidumbre puesto que apenas<br />

desciende el desplazamiento, ni son claros los indicadores<br />

sobre el goce efectivo de los derechos de<br />

la población desplazada, a pesar de la sentencia de<br />

la Corte Constitucional. Dicho de otro modo, la<br />

actual política gubernamental deslegitima la sentencia<br />

de la Corte Constitucional. Se ven exacerbadas<br />

las tensiones entre la política pública del<br />

Estado y el orden constitucional.<br />

Aún peor, la realidad no presenta una imagen<br />

distinta, a pesar de la efervescencia legislativa,<br />

judicial y política. Al contrario, se agudizan los<br />

problemas del desplazamiento. Un fenómeno que<br />

se dilata tanto en el tiempo demuestra el fracaso<br />

estrepitoso del gobierno de Uribe en sus intentos<br />

de ponerse a la altura de un modelo de Estado democrático<br />

y de Derecho.<br />

A modo de reflexión final, no es casual que el<br />

2 de octubre de 2009 se aprobara el primer Convenio,<br />

en el continente africano, sobre desplazamiento<br />

interno, la Convención de la Unión Africana<br />

para la protección y la asistencia de las poblaciones<br />

internamente desplazadas en África (Convención<br />

de Kampala). Es un hecho que la comunidad internacional<br />

se halla inmersa en la búsqueda de nuevas<br />

fórmulas para reforzar, en el plano del desarrollo<br />

institucional internacional, la protección de la población<br />

internamente desplazada.


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

1. Ley 387 del 18 de julio de 1997 por la cual se<br />

adoptan medidas para la prevención del desplazamiento<br />

forzado; la atención, protección, consolidación<br />

y estabilización socioeconómica de<br />

los desplazados internos por la violencia en la<br />

República de Colombia, en Diario Oficial, Año<br />

CXXXIII, n. 43091, 24 de julio de 1997, p. I.<br />

2. Sentencia T-025 de diciembre de 2004, pp. 4,<br />

5, 8, 38-40, 51, 80, 87-91, <strong>10</strong>2-113.<br />

3. Sentencia T-025, de diciembre de 2004, pp. 88<br />

y<strong>10</strong>7. Romero, M. A., “El año de los derechos de<br />

las personas desplazadas en Colombia”, en Revista<br />

Migraciones Forzadas, n. 29, 2008, p. 58.<br />

4. Sentencia T-025 de febrero de 2004, p. 39.<br />

5. Entre otros, Autos 176, 177 y 178 de agosto de<br />

2005; Auto 218 de agosto de 2006 y Auto 233<br />

de 2007.<br />

6. En colaboración con el Centro de Investigaciones<br />

para el Desarrollo de la Universidad Nacional<br />

(CID) y la Consultoría para los Derechos<br />

Humanos y el Desplazamiento (CODHES).<br />

7. Declaración del Profesor Philip Alston, Relator<br />

Especial de las Naciones Unidas para las ejecuciones<br />

arbitrarias. Misión a Colombia del 8 al<br />

18 de junio de 2009.<br />

http://www.unhchr.ch/huricane/huricane.nsf/vi<br />

ew01/7DDCDEC9249C5EEFC12575D90076<br />

B2D5?opendocument<br />

8. Los desplazados internos. Informe del Representante<br />

del Secretario General, Sr. Francis M.<br />

Deng, presentado con arreglo a la Resolución<br />

1997/39 de la Comisión de Derechos Humanos.<br />

Adición. Principios Rectores de los Desplazados<br />

Internos, Doc. E/CN.4/1998/53/Add.2, del 11<br />

de febrero de 1998. Lavoyer, J. Ph., “Comments<br />

on the Guiding Principles on Internal Displacement”,<br />

IRRC, nº 324, 1998, pp. 467-480. Sobre<br />

el proceso de elaboración de los Principios<br />

Rectores véase el excelente artículo de Mutua,<br />

M., “Standard Setting in Human Rights: Critique<br />

and Prognosis”, Human Rights Quarterly,<br />

nº 29, 2007, pp. 547-630.<br />

9. Sentencia T-025 de diciembre de 2004, p. 39.<br />

<strong>10</strong>. Ponte Iglesias, M.T., “Un marco normativo e<br />

institucional para los desplazados internos en<br />

el Derecho internacional”, Revista Española de<br />

Derecho Internacional, vol. LII, 2000, pp. 49-<br />

81, en nota 1 y Ponte Iglesias, M.T., Conflictos<br />

armados, refugiados y desplazados internos en<br />

NOTAS<br />

el Derecho internacional actual, Santiago de<br />

Compostela, Tórculo Edicións, Colección Estudios<br />

Internacionales, 2000.<br />

11. Gabor, F. y Rosenquest, J., “The Unsettled Status<br />

of Economic Refugees from the American<br />

and International Legal Perspectives. A Proposal<br />

for Recognition Under Existing International<br />

Law”, Texas International Law Journal, vol.<br />

41, 2006, pp. 275-295.<br />

12. COMITÉ INTERNACIONAL DE LA CRUZ<br />

ROJA “Internally displaced persons”, International<br />

Review of the Red Cross, 2000, vol. 82,<br />

nº. 838, pp. 491-500.<br />

13. Hathaway, J., Rights of Refugees under International<br />

Law, Cambridge University Press, 2005<br />

y Hoffmann, R., “Contemporary challenges facing<br />

International Refugee Law: The case of internally<br />

displaced persons”, Nouvelles forms de<br />

discrimination, Paris, 1995, pp. 145-147 y 149.<br />

14. Pfirter Armas enumera los motivos por los que<br />

permanecen en su país, entre los que destaca,<br />

la ubicación geográfica y los recursos financieros<br />

escasos; razones familiares o de comunidades<br />

que se desplazan juntas; la asistencia<br />

que les prestan las organizaciones nacionales<br />

o internacionales o la imposibilidad de salir<br />

del país por motivos de salud o edad. Pfirter<br />

Armas, F. M., “La protección internacional<br />

de los desplazados internos. Cuando la realidad<br />

impone soluciones creativas”, Anuario<br />

I.H.L.A.D.I., nº 14, 1999, p. 171.<br />

15. Kälin, W., “Guiding Principles on Internal Displacement.<br />

Annotations”, en Studies in Transnational<br />

Legal Policy, nº. 32, American Society<br />

of International Law y The Brookings Institution<br />

Project on Internal Displacement, 2000,<br />

pp. 2-3.<br />

16. Los desplazados internos. Informe del Representante<br />

del Secretario General, Sr. Francis M.<br />

Deng, presentado con arreglo a la Resolución<br />

1997/39 de la Comisión de Derechos Humanos,<br />

Principios Rectores de los Desplazados Internos,<br />

op.cit.<br />

17. Protecting Internally Displaced Persons: A Manual<br />

for Law and Policymakers, Brookings –<br />

Universität Bern, 2008.<br />

Disponible en http://www.brookings.edu/papers/2008/<strong>10</strong>16_internal_displacement.aspx<br />

18. Holmes, J., en el Prólogo de la Revista Migraciones<br />

Forzadas, Universidad de Alicante, Ins-<br />

163


Joana Abrisketa<br />

164<br />

tituto Universitario de Desarrollo Social y Paz,<br />

diciembre 2008, p. 3.<br />

19. Comisión Colombiana de Juristas, Declaración<br />

oral presentada por la Comisión Colombiana<br />

de Juristas ante el Consejo de Derechos Humanos<br />

de Naciones Unidas, <strong>10</strong>º período de sesiones,<br />

2-27 de marzo de 2009.<br />

20. Sentencia de la Corte Constitucional T-821 de<br />

2007.<br />

21. Comisión de Derechos Humanos, Subcomisión<br />

de Promoción y Protección de los Derechos<br />

Humanos, 57 periodo de sesiones, Restitución<br />

de viviendas y de patrimonio con motivo del regreso<br />

de los refugiados y desplazados internos,<br />

Informe definitivo del Relator Especial, Sr. Paulo<br />

Sergio Pinheiro, E/CN.4/Sub.2/2005/17, 28<br />

de junio de 2005.<br />

22. A/HRC/WG.6/3/COL.I, Informe Nacional presentado<br />

de conformidad con la Resolución 5/1<br />

del Consejo de Derechos Humanos, del 19 de<br />

septiembre de 2008, párr. 47.<br />

23. Case N.IZ 94-1. Decision on the Defense Motion<br />

for Interlocutory Appeal on Jurisdiction, P<br />

70, 2 de octubre de 1995, para. 70.<br />

24. Artículo 1 del Protocolo II adicional a los Convenios<br />

de Ginebra del 12 de agosto de 1949,<br />

relativo a la protección de las víctimas de los<br />

conflictos armados sin carácter internacional:<br />

“El presente Protocolo, que desarrolla y completa<br />

el artículo 3 común a los Convenios de<br />

Ginebra del 12 de agosto de 1949, sin modificar<br />

sus actuales condiciones de aplicación se<br />

aplicará a todos los conflictos armados que no<br />

estén cubiertos por el artículo 1 del Protocolo<br />

adicional a los Convenios de Ginebra del 12 de<br />

agosto de 1949 relativo a la protección de las<br />

víctimas de los conflictos armados internacionales<br />

(Protocolo I) y que se desarrollen en el<br />

territorio de una Alta Parte contratante entre<br />

sus fuerzas armadas y fuerzas armadas disidentes<br />

o grupos armados organizados que, bajo la<br />

dirección de un mando responsable, ejerzan sobre<br />

una parte de dicho territorio un control tal<br />

que les permita realizar operaciones militares<br />

sostenidas y concertadas y aplicar el Presente<br />

Protocolo”.<br />

25. Artículo 13 del Protocolo II.<br />

26. Artículo 14 del Protocolo II.<br />

27. Artículo 17 del Protocolo II.<br />

28. Comité Internacional de la Cruz Roja, “Lista<br />

de las normas consuetudinarias del Derecho<br />

Internacional Humanitario”, Internatio-<br />

nal Review of the Red Cross, vol. 87, n. 857,<br />

2005, p. 43.<br />

29. Mangas Martín, A., Conflictos armados internos<br />

y derecho internacional humanitario, Salamanca,<br />

Universidad de Salamanca, 1992, pp.<br />

55-65.<br />

30. Le Procureur c. Dusko TADIC (Caso nº IC-<br />

TY-94-1-A), JUDGEMENT, 15 de julio de<br />

1999, en http://www.un.org/icty<br />

31. Comité Internacional de la Cruz Roja, “Lista<br />

de las normas consuetudinarias del Derecho<br />

Internacional Humanitario”, International<br />

Review of the Red Cross, vol. 87, n. 857,<br />

2005, p. 43.<br />

32. Artículos 49 y 147 del IV Convenio de Ginebra<br />

y artículos 85.4 y 78.1 del Protocolo Adicional I.<br />

33. Ponte Iglesias divide esta obligación general en<br />

dos: por un lado, los heridos, enfermos, inválidos<br />

y ancianos en ningún caso serán objeto de<br />

ataque y las mujeres y los niños menores de<br />

quince años huérfanos o separados de sus familias<br />

serán objeto de protección y respeto (artículos<br />

16, 17 y 24 del IV Convenio de Ginebra<br />

de 1949 y artículos 76, 77 y 78 del protocolo I<br />

de 1977); por otro lado, se impone la obligación<br />

de distinguir la población civil de los combatientes,<br />

prohibiéndose los medios de guerra que<br />

puedan causar males superfluos (artículos 48,<br />

51, 57 y 58 del Protocolo I).<br />

34. Las zonas y localidades sanitarias y de seguridad<br />

y zonas neutralizadas (artículos 14 y 145<br />

del IV Convenio de Ginebra, artículo 59 sobre<br />

localidades no defendidas y artículo 60 sobre<br />

zonas desmilitarizadas del Protocolo I).<br />

35 El derecho a la asistencia humanitaria de las<br />

víctimas de los conflictos armados deriva de las<br />

disposiciones relativas a la obligación del Estado<br />

de autorizar el libre paso de medicamentos,<br />

material sanitario, y de objetos necesarios para<br />

el culto, así como los víveres indispensables,<br />

ropas y tónicos para niños y mujeres embarazadas<br />

o parturientas, que se concretan en los<br />

artículos 23, 55 y 59 del IV Convenio de Ginebra<br />

de 1949.<br />

36. Artículos 25, 26 y 140 del IV Convenio de Ginebra<br />

y arts. 32 y 74 del Protocolo Adicional I.<br />

37. A/HRC/4/38/Add.3, Informe presentado por el<br />

Representante del Secretario General sobre los<br />

derechos humanos de los desplazados internos,<br />

Sr. Walter Kälin, 24 de enero de 2007, párr. 16.<br />

38. Henckaerts, J.M. y Doswald-Beck, L. (eds.),<br />

Customary International Humanitarian Law,


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

<strong>Vol</strong>umen I: Rules, Cambridge, International<br />

Committee of the Red Cross, Cambridge University<br />

Press, 2005, p. 299. También Tomuschat,<br />

Christian, “The Applicability of Human<br />

Rights Law to Insurgent Movements”, en Fischer,<br />

H. et al., Crisis Management and Humanitarian<br />

Protection, Berliner Wissenschatfts-<br />

-Verlag, Berlín, 2004, pp. 573-591. El Comité<br />

que estudia el tema relativo a los actores no estatales<br />

de la Asociación de Derecho Internacional<br />

subraya que los actores no estatales no son<br />

sujetos de deberes en Derecho internacional,<br />

salvo en las obligaciones que dimanan del ius<br />

cogens y de la regulación de los crímenes internacionales,<br />

en International Law Association,<br />

Non State Actors, Rio de Janeiro Conference,<br />

2008, p. 3.<br />

39. También recogido en la Sentencia de la Corte<br />

Internacional de Justicia, Actividades Militares<br />

y Paramilitares en y contra Nicaragua, (Nicaragua<br />

c. Estados Unidos de América), Fondo, 27<br />

de Junio de 1986, ICJ Rep. , párr. 220 y la Regla<br />

139 consuetudinaria de Derecho Internacional<br />

Humanitario confirma la aplicabilidad de dicha<br />

provisión en conflictos armados internacionales<br />

y no internacionales, en Henckaerts, J.M.<br />

y Doswald-Beck, L. (eds.), Customary International<br />

Humanitarian Law, ICRC y Cambridge<br />

University Press, Ginebra y Cambridge, 2005,<br />

vol. I, pp. 495-8.<br />

40. Tomuschat, C., “The Applicability of Human<br />

Rights Law to Insurgent Movements”, op.cit.,<br />

p. 574.<br />

41. No necesariamente similar a la organización<br />

militar de un grupo armado regular, en Commentary<br />

to the Protocol Additional to the<br />

Geneva Conventions of 12 August 1949, and<br />

relating to the Protection of Victims of Non-<br />

-International Armed Conflicts (Protocol II),<br />

8 june 1977, p. 1351, párr. 4463 en http://<br />

www.icrc.org/IHL.NSF/WebPrint/475-760004-<br />

COM?OpenDocument.<br />

42. La Rosa, A.M. y Werzner, C., “Armed groups,<br />

sanctions and the implementation of international<br />

humanitarian law”, International Review<br />

of the Red Cross, vol. 90, nº. 870, 2008,<br />

pp. 327-341. Sobre las diferentes estructuras<br />

organizativas de los grupos armados véase Policzer,<br />

P., “Human rights and armed groups:<br />

toward a new policy architecture”, Armed<br />

Groups Project, Working Paper, nº 1, 2002, en<br />

www.armedgroups.org/sites/armedgroups.org/<br />

files/_1_Policzer.pdf<br />

43. La Rosa, A.M. y Werzner, C., op. cit., p. 330.<br />

44. Ibid.<br />

45. La Rosa, A.M. y Werzner, C., op. cit., p. 331.<br />

46. El Informe del Secretario General de Naciones<br />

Unidas sobre los niños y el conflicto armado en<br />

Colombia comienza declarando que Colombia<br />

no figura entre los países de los que se ocupa el<br />

Consejo de Seguridad, en S/2009/434, del 28 de<br />

agosto de 2009, párr.1.<br />

47. Abellán Honrubia, V., “La ampliación del concepto<br />

de mantenimiento de la paz y la seguridad<br />

internacional por el Consejo de Seguridad<br />

de las Naciones Unidas: Fundamento jurídico<br />

y discrecionalidad política”, AA.VV.: Hacia un<br />

nuevo orden internacional y europeo. Homenaje<br />

al Profesor Manuel Díez de Velasco, Tecnos,<br />

Madrid, 1993, pp. 3-26.<br />

48. Resolución 770 (1992) del 13 de agosto de<br />

1992.<br />

49. Resolución 794 (1992) del 3 de diciembre de<br />

1992.<br />

50. Resolución 929 (1994) del 22 de junio de 1994.<br />

51. López-Jacoiste, M. E., Actualidad del Consejo<br />

de Seguridad de las Naciones Unidas. La legalidad<br />

de sus decisiones y el problema de su control,<br />

Madrid, Cívitas, Garrigues, Universidad<br />

de Navarra, 2003, pp. 135-144.<br />

52. Arcari, M., “Remarques occasionelles sur les<br />

contradictions de l’action du Conseil de Sécurité<br />

dans le domaine des Droits de l’Home”, Anuario<br />

de Derecho Internacional, XX, 2004, pp. 3-33<br />

y Fernández de Casadevante, C., “El poder y el<br />

Derecho en las Naciones Unidas: la discrecionalidad<br />

del Consejo de Seguridad”, en Fernández<br />

de Casadevante, C., y Quel, F. J., (eds.), Las Naciones<br />

Unidas y el Derecho Internacional, Ariel,<br />

Barcelona, 1997, pp. 48 y ss.<br />

53. Carrillo Salcedo, J.A., en el prólogo al libro de<br />

Comellas Aguirrezábal, M.T., La incidencia de<br />

la práctica del Consejo de Seguridad en el Derecho<br />

internacional humanitario, Pamplona,<br />

Thomson, Aranzadi, 2007.<br />

54. En la Primera Conferencia Mundial de Derechos<br />

Humanos, en Teherán se puso de manifiesto<br />

por primera vez en la Organización de<br />

las Naciones Unidas, la necesidad de proteger<br />

los derechos humanos durante los conflictos<br />

armados en Proclamación de Teherán. Acta<br />

Final de la Conferencia Internacional de Derechos<br />

Humanos, Teherán, del 22 de abril al 13<br />

de mayo de1968, A/CONF.32/41.<br />

55. Comellas Aguirrezábal, M.T., La incidencia de<br />

la práctica del Consejo de Seguridad en el De-<br />

165


Joana Abrisketa<br />

166<br />

recho internacional humanitario, Thomson,<br />

Aranzadi, Cizur Menor, Navarra, 2007.<br />

56. Implementing the responsibility to protect. Report<br />

of the Secretary-General. A/63/677 del 12<br />

de enero de 2009.<br />

57. Remiro Brotóns, A., Derecho Internacional, Valencia,<br />

Tirant lo Blanch, 2007, pp. 1295-1301;<br />

Espósito, C., “La responsabilidad de proteger<br />

y el uso de la fuerza en el debate sobre la reforma<br />

de la ONU”, Papeles de Cuestiones Internacionales,<br />

nº 91, 2005; García Pérez, R.,<br />

“La “responsabilidad de proteger”: un nuevo<br />

papel para NU en la gestión de la seguridad<br />

internacional”, Revista Electrónica de Estudios<br />

Internacionales, www.reei.org, nº11, 2006 y<br />

López-Jacoíste, M. E., “La responsabilidad de<br />

proteger: reflexiones sobre su fundamento y articulación”,<br />

Anuario de Derecho Internacional,<br />

XXII, 2006, pp. 285-315.<br />

58. Implementing the responsibility to protect. Report<br />

of the Secretary-General, op.cit.<br />

59. Contat Hickel, M., “Protection of internally…”,<br />

op.cit., pp. 699-711 y Goldman, R., “Derechos<br />

humanos y Derecho internacional humanitario<br />

aplicable a los desplazados internos”, Estudios<br />

Básicos de Derechos Humanos VI, San José de<br />

Costa Rica, 1996, pp. 285-302.<br />

60. Henckaerts, J.M. y Doswald-Beck, L., Customary<br />

International Humanitarian Law, <strong>Vol</strong>ume<br />

I: Rules, International Committee of the<br />

Red Cross, Cambridge University Press, 2005,<br />

p. 299. Las cláusulas derogatorias se recogen<br />

en el artículo 4 del Pacto de Derechos Civiles y<br />

Políticos; artículo 15 del Convenio Europeo de<br />

Derechos Humanos y el artículo 27 del Convenio<br />

Interamericano de Derechos Humanos.<br />

La Carta Africana de los Derechos Humanos y<br />

de los Pueblos no contiene cláusula derogatoria<br />

alguna, pero sí son posibles las limitaciones de<br />

derechos sobre la base del artículo 27 (2). El<br />

Comité de Derechos Humanos hizo una interpretación<br />

sobre el artículo 4 en su Comentario<br />

General n. 29 (artículo 4 del Pacto de Derechos<br />

Civiles y Políticos), 24 de julio de 2001, en especial,<br />

párrafo 3.<br />

61. Cançado Trindade, A. A., “Co-existence and<br />

Co-ordination of Mechanisms of International<br />

Protection of Human Rights (At Global Regional<br />

Levels)”, Recueil des Cours de l’Académie<br />

de Droit International de La Haye, 1987, vol.<br />

202 y Cançado Trindade, A. A., El Derecho Internacional<br />

de los Derechos Humanos en el siglo<br />

XXI, Santiago de Chile, ed. Jurídica de Chile,<br />

2001. En el mismo sentido, Pérez González,<br />

M., “Las relaciones entre el Derecho internacional<br />

de los derechos humanos y el Derecho<br />

internacional humanitario”, Cursos Euromediterráneos<br />

Bancaja de Derecho Internacional,<br />

vol. 1, 1997, pp. 315-393 y Eide, A., “The Laws<br />

of War and Human Rights. Differences and<br />

Convergences”, Études et essays sur le Droit<br />

international humanitaire et sur les principles<br />

de la Croix Rouge en l’honneur de Jean Pictet,,<br />

Nijhoff, 1984, pp. 675-697.<br />

62. Corte Internacional de Justicia, Licitud del empleo<br />

de armas nucleares por un Estado en un<br />

conflicto armado, Opinión Consultiva, 8 de julio<br />

de 1996, CIJ, Reports, (1996), párr. 25. La<br />

versión en español fue enviada por el Secretario<br />

General a la Asamblea General de las Naciones<br />

Unidas anexa al Documento A/51/218 del 19<br />

de julio de 1996.<br />

63 Corte Internacional de Justicia, Consecuencias<br />

jurídicas de la edificación de un muro en el territorio<br />

palestino, Opinión Consultiva, 9 de julio<br />

de 2004, párr. <strong>10</strong>6. Versión en español en A/<br />

ES-<strong>10</strong>/273, del 13 de julio de 2004.<br />

64. Corte Internacional de Justicia, Case concerning<br />

armed activities on the territory of the<br />

Congo (Democratic Republic of the Congo v.<br />

Uganda), 19 December 2005, párr. 216.<br />

65. Verdirame, G. “Human Rights in Wartime: A<br />

Framework for Analysis”, en European Human<br />

Rights Law Review, 2008, vol. 13, nº 6,<br />

pp. 689-705 y Byron, C., “A Blurring of the<br />

Boundaries: The Application of International<br />

Humanitarian Law by Human Rights Bodies”,<br />

Virginia Journal of International Law, nº. 47,<br />

Issue 839, 2007, pp. 839-896.<br />

66. www.unhchr.ch/html/menu2/5/colombia.htm<br />

67. Ramelli Arteaga, A., La Constitución colombiana<br />

y el Derecho internacional humanitario, Bogotá,<br />

Universidad Externado de Colombia, 2ª<br />

ed., 2003 y Comisión Colombiana de Juristas,<br />

Colombia, derechos humanos y derecho humanitario:<br />

de 1997 a 2001. Tomo II: El Estado colombiano<br />

y la comunidad internacional frente<br />

a la situación en Colombia, Bogotá, Comisión<br />

Colombiana de Juristas, 2004, pp. 185-260.<br />

68. Andrea Acosta, P. y Yasser Pérez, M., “Derechos<br />

fundamentales de la población desplazada según<br />

la jurisprudencia constitucional colombiana”,<br />

en Cátedra Unesco: Derechos Humanos y violencia:<br />

gobierno y gobernanza. El desplazamiento<br />

forzado interno en Colombia: un desafío a los<br />

derechos humanos, Universidad Externado de<br />

Colombia, Bogotá, 2007, pp. 355-373.


Los Estándares Normativos Internacionales y la Sentencia T-025 de 2004 de la Corte Constitucional Colombiana:<br />

Su Incidencia en la Población Internamente Desplazada<br />

69. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, párr. 30. En el mismo sentido,<br />

Mooney, E., “The Concept of Internal Displacement<br />

and the Case for Internally Displaced<br />

Persons as a Category of Concern”, Refugee<br />

Survey Quarterly 24, n. 3, 2005, pp. 9-26.<br />

70. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, párr. 31.<br />

71. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, Antecedentes T-186589, párrs.2.1<br />

y 2.6<br />

72. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, Antecedentes T-201615, párr. 1.4.<br />

73. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, Antecedentes T-254941, párr. 1.1.<br />

74. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, párr. 32.<br />

75. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, párr. 33.<br />

76. Sentencia de la Corte Constitucional SU-<br />

1150/2000, párr. 38.<br />

77. Sentencia T-327 de 2001 de la Corte Constitucional.<br />

La Corte se ha basado en el llamado<br />

“bloque de constitucionalidad”, entre otras,<br />

en las Sentencias C-225 de 1995, C-578 de<br />

1995, T-477 de 1995, C-135 de 1996, C-358<br />

de 1997, C-191 de 1998, C-0<strong>10</strong>/00, C-177 de<br />

2001 y C-551/03. Sobre la categoría “bloque de<br />

constitucionalidad” véase el excelente trabajo<br />

de Uprimny, R., “El Bloque de Constitucionalidad<br />

en Colombia. Un análisis jurisprudencial<br />

y un ensayo de sistematización doctrinal”, en<br />

Compilación de jurisprudencia y doctrina nacional<br />

e internacional, vol. 1, Bogotá, Oficina<br />

del Alto Comisionado de Naciones Unidas<br />

para los Derechos Humanos, 2003, pp. 97-154;<br />

Arango, M. “El bloque de constitucionalidad en<br />

la Jurisprudencia de la Corte Constitucional<br />

Colombiana”, en Precedente, 2004, pp. 80-<strong>10</strong>2<br />

y Monroy, M., Derecho Internacional Público,<br />

Bogotá, Temis, 5ª ed., pp. 206-208.<br />

78. Los demandantes interpusieron acción de tutela<br />

contra la Red de Solidaridad Social, el Departamento<br />

Administrativo de la Presidencia de la<br />

República, el Ministerio de Hacienda y Crédito<br />

Público, el Ministerio de Salud y del Trabajo y<br />

Seguridad Social, el Ministerio de Agricultura,<br />

el Ministerio de Educación, y otras administraciones<br />

municipales y departamentales, por<br />

considerar que incumplían su misión de protección<br />

de la población desplazada.<br />

79. Sentencia T-025 de 2004, pp. 5-6.<br />

80. Sentencia T-025 de 2004, p. 4.<br />

81. Sentencia T-025 de 2004, p. 7.<br />

82. Sentencia T-025 de 2004, p. 50.<br />

83. Sentencia T-025 de 2004, pp. 98-<strong>10</strong>0.<br />

167


DE NUREMBERG A HAIA – UMA ANÁLISE HISTÓRICA<br />

SOBRE O DESENVOLVIMENTO DOS TRIBUNAIS<br />

INTERNACIONAIS PENAIS 1<br />

INTRODUÇÃO<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Amazonas com Habilitação em Direito Internacional;<br />

Tribuno do <strong>Ano</strong> de 2009 no VII Júri Simulado do MPE/AM, congratulado com a medalha Flávio Queiroz de Paula.<br />

Em tempos onde, sob o argumento de uma<br />

“guerra ao terror”, vemos o Estado imperialista<br />

perpetrar invasões e cometer atrocidades na persecução<br />

de seus interesses escusos, inúmeras vezes<br />

sob a guarida de instituições que pretendiam garantir<br />

a paz mundial, o mundo observa atônito a<br />

fragilidade de seus supostos valores democráticos.<br />

Por sua vez, o discurso dos direitos humanos<br />

torna-se mais eloquente, mais pujante, visando<br />

ultrapassar as fronteiras estatais.<br />

De fato, o início do século XXI parece estar<br />

em face da mesma problemática e oferece o mesmo<br />

caudal de respostas e afirmativas que no final<br />

da primeira metade do século XX, quando os resultados<br />

da hecatombe fascista puderam ser contabilizados<br />

e mecanismos de resposta acionados.<br />

Quando observamos as análises teóricas que<br />

se debruçam sobre a formação das Nações Unidas<br />

e a afirmação do Direito Internacional dos<br />

Direitos Humanos, resta nítido que a evolução de<br />

tais institutos sustenta-se como uma resposta aos<br />

abusos realizados na Segunda Grande Guerra.<br />

A recente consolidação de um Tribunal Penal<br />

Internacional, para julgar certos delitos considerados<br />

“atrocidades inimagináveis que chocam<br />

profundamente a consciência da humanidade”, é<br />

o resultado da conscientização coletiva da necessidade<br />

de se punir quem afronta a raça humana<br />

naquilo que lhe é mais caro?<br />

O mundo contemporâneo parece encontrar-<br />

-se afoito por saídas e alternativas do impasse em<br />

que se encontra.<br />

A aparente derrocada das ideologias de igualdade<br />

e fraternidade, a corrida pelo lucro e o mercado<br />

cada vez mais predatório lançam um homem<br />

em um dilema e nos encontramos em um beco<br />

sem saída.<br />

Neste cenário, vemos emergir o Tribunal<br />

Penal Internacional como o resultado da arregimentação<br />

de esforços na tentativa de se constituir<br />

uma Corte, de caráter global, para punir aquele<br />

que cometer os crimes mais atrozes e que afetem<br />

diretamente a comunidade internacional.<br />

O universalismo dos preceitos de um Tribunal<br />

deste jaez é o cume de um longo processo de<br />

organização de mecanismos punitivos, cada vez<br />

mais internacionalizados, no intuito de instituir<br />

uma rede global de prevenção e punição, um Direito<br />

Internacional Penal diretamente relacionado<br />

com as demandas da nova ordem mundial.<br />

1. Um breve esboço sobre a relação<br />

entre Direito e História<br />

As diversas vertentes do pensamento marxista<br />

atribuem e debruçam-se sobre o direito através<br />

de perspectivas distintas, atribuindo valores<br />

diferenciados e observando a relação entre direito<br />

e poder econômico sob pesos diversos.<br />

Contudo, é indubitável que o direito exerce<br />

peculiar função na sociedade, pois, além de ser<br />

um fenômeno de expressão das relações materiais<br />

de um tempo e de certos homens, possui a função<br />

de estatuir e codificar o status de sua origem.<br />

A primeira implicação envolvida está em separar<br />

o que Karl Marx define como elementos de<br />

superestrutura e infraestrutura.<br />

Elementos de infraestrutura seriam os alicerces<br />

da dominação, as relações econômicas que<br />

produzem os elementos de superestrutura.<br />

À guisa de exemplo, salutar é a análise feita<br />

por Gramsci sobre a divisão de poderes e os atritos<br />

entre classes:<br />

A divisão dos poderes e toda a discussão havida<br />

para sua efetivação e dogmática jurídica<br />

169


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

170<br />

derivada de seu advento constituem o resultado<br />

da luta entre a sociedade civil e a sociedade<br />

política de um determinado período<br />

histórico, com certo equilíbrio instável entre<br />

as classes [...]<br />

Importância essencial da divisão dos poderes<br />

para o liberalismo político e econômico: toda<br />

a ideologia liberal, com suas forças e suas<br />

fraquezas, pode ser resumida no princípio da<br />

divisão dos poderes, e surge a fonte da debilidade<br />

do liberalismo: a burocracia, isto é, a<br />

cristalização do pessoal dirigente, que exerce<br />

o poder coercitivo e que, num determinado<br />

ponto, se transforma em casta 2 .<br />

Os elementos de superestrutura, na qualidade<br />

de expressões das relações econômicas, dariam<br />

legitimidade discursiva às relações de dominação,<br />

segundo Alysson Mascaro:<br />

Na terminologia de Marx, no todo da vida<br />

social há uma base real, uma infra-estrutura<br />

das relações sociais, na qual se situa o eixo<br />

central da exploração produtiva, e, a partir<br />

dela, uma superestrutura das relações sociais.<br />

Mais nos determina a infra-estrutura,<br />

como um alicerce determina as paredes que<br />

se levantarão posteriormente num prédio 3.<br />

Entre os elementos de superestrutura, inclui-se<br />

a ideologia, a cultura e o direito, como<br />

aparelho normativo que atende às necessidades<br />

da classe dominante, havendo uma determinação<br />

imediata entre tais elementos e a base econômica,<br />

como informa Márcio Naves:<br />

No período da ideologia alemã Marx estabelece<br />

o principio de determinação imediata<br />

entre a base econômica e a superestrutura,<br />

resultando disso que esta última aparece<br />

como uma “emanação direta” das relações<br />

econômicas. Ele estabelece também o princípio<br />

do primado das forças produtivas sobre<br />

as relações de produção, segundo o qual são<br />

as forças produtivas que “comandam” o desenvolvimento<br />

histórico 4 .<br />

Sem sombra de dúvida, o papel do direito<br />

é fundamental na articulação do capitalismo em<br />

suas diferentes fases, de tal forma que Marx considera<br />

que apenas durante o capitalismo podemos<br />

falar em instituições jurídicas propriamente ditas,<br />

assim ressalta Alysson Mascaro:<br />

Ao olhar para essa longa história dos modos<br />

de produção, Marx verifica que somente na<br />

dominação do tipo capitalista houve instituições<br />

que possam ser denominadas de especi-<br />

ficamente jurídicas. Claro está que antes do<br />

capitalismo, outras sociedades chamavam<br />

seus arranjos políticos de direito, mas esse<br />

direito do passado, assim chamado em sentido<br />

lato, não tem a mesma estrutura específica<br />

do direito no capitalismo 5 .<br />

O fundamento do direito encontra base nas<br />

relações de poder, sendo tais relações expressões<br />

de circunstâncias materiais propriamente ditas,<br />

não de um consenso universal, um contrato civilizatório<br />

coletivo ou um direito natural. Assim<br />

afirmam Marx e Engels:<br />

Na história real, aqueles teóricos que consideravam<br />

o poder como fundamento do direito<br />

formavam a oposição frontal àqueles que<br />

encaravam a vontade como a base do direito.<br />

[...]<br />

Se o poder é suposto como a base do direito,<br />

como fazem Hobbes etc., então direito, lei<br />

etc. são apenas sintomas, expressões de outras<br />

relações nas quais se apóia o poder do Estado.<br />

A vida material dos indivíduos, que de<br />

modo algum depende de sua mera “vontade”,<br />

seu modo de produção e as formas de intercâmbio<br />

que se condicionam reciprocamente<br />

são a base real do Estado e continuam a sê-lo<br />

em todos os níveis em que a divisão do trabalho<br />

e a propriedade privada ainda são necessárias,<br />

de forma inteiramente independente da<br />

vontade dos indivíduos. Essas condições reais<br />

de modo algum foram criadas pelo poder do<br />

Estado; elas são, antes, o poder que o cria.<br />

Os indivíduos que dominam nessas condições,<br />

abstraindo o fato de que seu poder deve<br />

constituir como Estado, têm de conferir à sua<br />

vontade condicionada por essas condições<br />

bem determinadas uma expressão geral como<br />

vontade do Estado, como lei – uma expressão<br />

cujo conteúdo sempre é dado pelas condições<br />

dessa classe, do que o direito privado e o direito<br />

criminal são a prova mais cabal 6 .<br />

O poder pessoal deve se constituir então<br />

como a expressão das condições de vida de uma generalidade,<br />

expressão condensada na lei como imperativo<br />

geral que ocasiona ao dominar renúncia de<br />

poder excepcionalmente e controle na média.<br />

Após a ascensão e derrocada do projeto fascista<br />

na Europa e o desdobramento de um mundo<br />

bipolarizado, as formações discursivas se reorganizaram<br />

formando novos paradigmas:<br />

Ao tempo em que trevas se anunciavam na<br />

Europa, as armas dos liberais e dos socialistas<br />

foram ambas soterradas em favor de


De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

mistificados argumentos de raça e da força<br />

de exércitos imperialistas. Tempos de obscuridade<br />

e de guerra, como, de outro modo,<br />

parecem ser os atuais novamente. Naquela<br />

altura, boa parte da política, da filosofia e das<br />

religiões se lançou ou ao silêncio ou ao pacto<br />

de legitimação dos poderes existentes. Ao<br />

pensamento crítico, restou a retaguarda.<br />

No direito, o resultado de tal política de trevas<br />

foi a destruição de qualquer respeito institucional<br />

aos direitos humanos, à dignidade<br />

existencial, em troca dos argumentos da<br />

força do Estado ou de distinções como a de<br />

amigo-inimigo. Em oposição a esse quadro,<br />

as velhas forças humanistas – a maior parte<br />

delas vinculada às mesmas religiões que, em<br />

sua outra faceta, silenciavam quanto ao Reich<br />

– proclamaram, sem maior crítica, a volta<br />

do direito natural, eterno, metafísico e quase<br />

que revelado 7 .<br />

Se a experiência devastadora das duas grandes<br />

guerras mundiais ainda se processava no imaginário<br />

social em meio às transformações cada vez<br />

mais rápidas do espaço material, logo o homem<br />

precisaria lidar com uma nova ordem mundial bipolarizada.<br />

A afirmação dos direitos humanos liderada<br />

pelas correntes humanistas do direito internacional<br />

em coalizão com doutrinas religiosas e movimentos<br />

pacifistas associou-se teoricamente à base<br />

ideológica do direito natural, criado séculos antes,<br />

sem maiores condições e ressalvas.<br />

O resultado foi o desenvolvimento dentro do<br />

direito internacional de um direito internacional<br />

dos direitos humanos.<br />

Nesse sentido, o desenvolvimento das leis<br />

penais, que vão se encaminhando para uma certa<br />

uniformidade, e o desenvolvimento da ideia e das<br />

práticas de colaboração internacional em repressão<br />

aos delitos concorrem para a formação de uma<br />

civilização homogênea, com um ordenamento jurídico<br />

uniforme, com iguais necessidades, regras<br />

morais e hábitos de vida.<br />

No âmbito do direito penal interno é evidente<br />

a aplicação desta esfera do direito como mecanismo<br />

do Estado-Nação de subordinar seus cidadãos.<br />

O Estado é por essência titular do direito de<br />

punir, o jus puniendi, vedando a vingança privada.<br />

Ocorre que, na articulação de uma justiça<br />

penal universal, inúmeros atores entram em cena<br />

diferentemente da articulação nacional interna.<br />

Por exemplo, as organizações não governamentais<br />

exerceram um papel determinante na criação do<br />

Tribunal Penal Internacional:<br />

Nos trabalhos preparatórios do tratado, em<br />

Roma, estavam presentes nada mais nada<br />

menos do que 124. A organização No Peace<br />

Without Justice exerceu uma pressão particularmente<br />

determinante. Mais do que uma<br />

ONG no sentido estrito do termo, tratava-se<br />

de um comité englobando parlamentares, juristas,<br />

edis e cidadãos, reunidos sob a causa<br />

da justiça internacional, cujas posições foram<br />

fortemente difundidas pelo Transnational Radical<br />

Party, sob a batuta de Emma Bonino.<br />

Esta estrutura informal oferecia os seus serviços<br />

aos governos mais pobres para pagar aos<br />

seus peritos ou manter uma delegação durante<br />

cinco semanas em Roma 8 .<br />

As ONGs constituem novos poderes, móveis<br />

e transnacionais, que entram em cena na consolidação<br />

da nova ordem mundial que encontramos.<br />

A justiça penal universal apresenta um conteúdo<br />

teórico utópico e um plano realista prático.<br />

Segundo as vozes doutrinárias, a evolução deste último<br />

plano é a aproximação do primeiro, ou seja:<br />

O desenvolvimento de uma justiça penal<br />

universal cada vez mais consciente, transparente,<br />

democrática e universal se desvincula de seu contexto<br />

político e histórico e atinge a tão sonhada<br />

universalidade.<br />

Por que é que a opinião pública democrática<br />

se mostra mais sensível do que qualquer outra às<br />

violações dos direitos do homem? O apoio das sociedades<br />

ditas livres à ideia da justiça penal internacional<br />

explica-se pelo traço comum dos países<br />

democráticos:<br />

Na perspectiva liberal, nenhuma actividade<br />

humana, nenhum poder – mesmo o de fazer a<br />

guerra – deve estar à margem do direito. A lei<br />

deve delimitar toda a actividade humana e permitir<br />

a um juiz ponderar a força. O legalism, a<br />

crença nas virtudes do direito, pressupõe uma<br />

maneira justa de fazer as coisas, regulada a<br />

partir do exterior, prevista de antemão e assim<br />

subtraída à arbitrariedade pela intervenção de<br />

um terceiro poder independente. O governo<br />

“segundo as regras e não segundo os homens”<br />

é, efectivamente, um dos dogmas do liberalismo:<br />

é essa a ideia do rule of law.<br />

(...)<br />

O aparecimento de uma justiça penal internacional<br />

marca a passagem para uma sociedade<br />

mais individualista, para a qual a vida<br />

171


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

172<br />

de um homem, independentemente das suas<br />

pertenças nacional, cultural ou política, tem<br />

um valor superior. A omnipresença dos corpos<br />

na justiça penal universal – do corpo em<br />

sofrimento da vítima ou do corpo do soberano<br />

acusado 9 .<br />

O sonho de julgar a História se alimenta da<br />

decrepitude desta diante da eterna juventude dos<br />

valores da justiça.<br />

Sem o seu uniforme, Pinochet não é mais<br />

do que um idoso doente destituído de toda a<br />

sua soberba. O corpo simbólico desertou do<br />

corpo físico: sem ele, este não é senão um<br />

corpo velho e doente. A cerimônia judiciária<br />

alimenta-se do declínio do poder totalitário,<br />

da desinvestidura dos tiranos, do inverso da<br />

sagração. É a vez do ditador se apresentar “nu<br />

entre as pessoas vestidas”. A sua dimensão<br />

política está agora confinada a seu próprio<br />

corpo, a um corpo semelhante àqueles que<br />

submeteu à tortura. O seu uniforme fulgurante<br />

surge como um traje de impostura, como<br />

uma túnica falsa. Isso só é possível graças ao<br />

universo simbólico do palco judiciário <strong>10</strong> .<br />

É importante frisar que, o que se tem em<br />

consideração não é a condescendência com as<br />

barbáries praticadas, muito menos se recusa o benefício<br />

em se julgar tais condutas. O que se espera<br />

é realizar uma análise crítica da utopia da justiça<br />

universal, observando suas contradições implícitas,<br />

a origem de seus ideais e a inevitável falibilidade<br />

de certos aspectos seus.<br />

2. A JUSTIÇA DOS VENCEDORES<br />

Em um primeiro momento, a articulação do<br />

poder de punir do Estado restringia-se ao poder<br />

exercido sobre seus súditos.<br />

Com a pirataria e os Tratados de Navegação,<br />

passou-se a considerar certos indivíduos como<br />

hostis em um plano internacional dando azo à<br />

punição destes, independentemente do local em<br />

que se encontravam ou seu país de origem.<br />

Nesse sentido informa Luis Ivani de Amorim<br />

Araújo 11 :<br />

Consoante uma norma consuetudinária de<br />

Direito das gentes, os Estados, por um desvio<br />

da regra geral ao preceito da liberdade de<br />

navegação em alto mar (considerado res communis<br />

usus), tinham o direito de examinar os<br />

delinqüentes reputados hostis humanis generis,<br />

de acordo com o ordenamento legislativo<br />

do Estado do navio capturador.<br />

No contexto das guerras, a vitória era a consagração<br />

natural da justiça, dando o poder ao vitorioso<br />

para julgar e punir o vencido conforme seu<br />

bel-prazer.<br />

O que vemos na pós-modernidade é a sofisticação<br />

de tais mecanismos punitivos internacionais<br />

na forma da tipificação e conceituação de<br />

determinadas condutas e o desenvolvimento de<br />

tribunais internacionais que culminarão na criação<br />

do Tribunal Penal Internacional, instituição<br />

que constitui marco na história da articulação de<br />

tais mecanismos e no desenvolvimento de uma<br />

justiça penal universal.<br />

A ideia de julgar os autores de crimes de<br />

guerra e de graves atentados contra os chamados<br />

direitos das pessoas é muito antiga, conforme lição<br />

de Ariel Dotti (2007) 12 :<br />

A primeira Corte Penal Internacional foi instituída<br />

no século XV (ano 1474) em Breisach<br />

(Alemanha). Era composta por 27 juízes do<br />

Sacro Império Romano para julgar e condenar<br />

Peter VON HAGENBACH por violações às<br />

leis de Deus e dos homens, porque autorizou<br />

suas tropas a seqüestrar e matar civis inocentes<br />

e usurpar suas propriedades.<br />

Ao final, Von Hagenbach foi condenado à<br />

morte por violar as leis de Deus e dos homens durante<br />

a ocupação militar. Dali em diante, pouco se<br />

modificou ou se aperfeiçoou em virtude da consolidação<br />

das noções de soberania e independência<br />

dos Estados, como ensina Jankov:<br />

A questão relativa à justiça internacional<br />

penal foi retomada com a Paz de Westphalia<br />

de 1648. Com o desenvolvimento do direito<br />

dos conflitos armados a partir da metade do<br />

século XIX, os conceitos de processos judiciais<br />

por violações do direito humanitário<br />

começaram a crescer. Um dos fundadores do<br />

movimento da Cruz Vermelha, preconizava<br />

um estatuto provisório para uma corte internacional<br />

criminal. Sua tarefa seria processar<br />

e julgar graves violações da Convenção de<br />

Genebra de 1864 e outras normas de direito<br />

humanitário. No entanto, a proposta inovativa<br />

de Gustave Monnier era muito radical<br />

para o seu tempo 13 .<br />

Após a primeira grande guerra, sob a pressão<br />

das opiniões públicas, francesa e inglesa, buscou-<br />

-se julgar os alemães em face de suas atrocidades.<br />

As potências vencedoras, Inglaterra e França, sob<br />

a liderança de Lloyd George e David Clemenceau,<br />

respectivamente, ambicionaram responsabilizar<br />

Guilherme II da Alemanha pelo saldo final do


De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

confronto levando-o a julgamento, além de oficiais<br />

turcos e alemães.<br />

Na Conferência de Paz de Paris (1919) (Paris<br />

Peace Conference), os Aliados debateram as<br />

possibilidades de realização de julgamentos, especialmente<br />

do Kaiser Alemão, criminais de guerra<br />

alemães e oficiais turcos por crimes contra as leis<br />

da humanidade.<br />

Os julgamentos assemelharam-se a procedimentos<br />

disciplinares do exército e configuraram<br />

uma derrota para os julgadores, ficando conhecidos<br />

como “Julgamentos de Leipzig” (Leipzig Trials).<br />

É chegada a hora do ajuste de contas. A vitória<br />

traz a justiça. A justiça do vencedor. Assim,<br />

Garapon examina:<br />

A vitória permanece um sinal de eleição divina.<br />

Ao recusarem o veredicto das armas e ao<br />

remeterem-se a um tribunal para consagrar a<br />

sua vitória, os Aliados queriam refazer o caminho<br />

que, no século XII, conduziu à justiça<br />

penal do ordálio no processo, da intervenção<br />

do sobrenatural na convicção da razão. Com a<br />

introdução no Tratado de Versalhes do famoso<br />

art. 227, os dirigentes políticos colocavam-<br />

-se em consonância com a sua opinião pública,<br />

por vezes mais do que seria o seu desejo 14 .<br />

Guilherme II refugiou-se na Holanda, que se<br />

recusou a entregá-lo, ironicamente, o país que sedia<br />

hoje o Tribunal Penal Internacional.<br />

3. OS TRIBUNAIS DE NUREMBERG<br />

Após a Segunda Guerra, a ideia de se punir<br />

os nazistas já se encontrava cristalizada. A divulgação<br />

e descrição dos horrores do holocausto, bem<br />

como o interesse nítido de desnazificar a Alemanha<br />

foram fundamentais para a formação de uma<br />

esmagadora opinião favorável à criação do futuro<br />

Tribunal de Nuremberg.<br />

Sondagens efectuadas mostravam que as<br />

opiniões públicas inglesa e americana eram<br />

maioritariamente favoráveis a uma punição<br />

dos criminosos de guerra alemães. Mas<br />

quem diz punição não diz necessariamente<br />

processo: a ideia de uma comparência perante<br />

um tribunal germinou sobretudo entre<br />

as elites. Assim a primeira jurisdição verdadeiramente<br />

internacional foi instituída em<br />

1945, pelos Aliados, mais exactamente pelos<br />

Americanos. Churchill, que guardava ainda<br />

na memória o doloroso revés de Leipzig,<br />

inclinava-se inicialmente para uma solução<br />

expeditiva, que consistiria em executar os<br />

dignitários nazis e julgar apenas os quadros<br />

intermédios e oficiais de baixa patente. Mas<br />

quando Estaline propôs a execução de vários<br />

milhares de nazis, ficou chocado e aderiu à<br />

opção judicial proposta por Roosevelt 15 .<br />

O anseio de processar os líderes nazistas<br />

foi manifestado pelos Aliados, na Declaração de<br />

Moscou de 1943, sendo o Tribunal Militar Internacional<br />

(IMT- International Military Tribunal)<br />

instituído pelo Acordo de Londres de 08 de agosto<br />

de 1945 16 .<br />

O Tribunal era composto por representantes<br />

de cada Aliado signatário não podendo a recusa<br />

da Corte e seus membros ser arguida como matéria<br />

pela Acusação ou Defesa por nenhum motivo,<br />

conforme o Estatuto do Tribunal anexado ao<br />

Acordo de Londres:<br />

STATUT DU TRIBUNAL MILITAIRE IN-<br />

TERNATIONAL<br />

I- CONSTITUTION DU TRIBUNAL MILI-<br />

TAIRE INTERNATIONAL<br />

(...)<br />

Article 2<br />

Le Tribunal sera composé de quatre juges, assistés<br />

chacun d’un suppléant. Chacune des<br />

Puissances signataires désignera un juge et un<br />

juge suppléant. Les suppléants devront, dans<br />

la mesure du possible, assister à toutes les<br />

séances du Tribunal. En cas de maladie d’un<br />

membre du Tribunal ou si, por toute autre<br />

raison, il n’est pas en mesure de remplir ses<br />

fonctions, son suppléant siégera à sa place.<br />

Article 3<br />

Ni le Tribunal, ni ses membres, ni leurs suppléants<br />

ne pourront être récuses par le Ministère<br />

Public, par les accusés, ou par leurs défenseurs.<br />

Chaque Puissance signataire pourra<br />

remplacer le juge ou le suppléant désignés par<br />

elle, pour raisons de santé ou pour tout autre<br />

motif valable, mais aucun remplacement, autre<br />

que par un suppléant, ne devra être effectué<br />

pendant le cours d’un procès 17 .<br />

Prevendo o evidente calcanhar de Aquiles do<br />

Tribunal, a saber, a total parcialidade dos julgadores,<br />

as potências aliadas no Estatuto logo impossibilitaram<br />

o possível não reconhecimento do<br />

Tribunal por parte de um de seus réus.<br />

O Tribunal possuía competência para julgar<br />

os crimes contra a paz, que consistiam em<br />

173


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

“projetar, preparar, desencadear ou prosseguir<br />

uma guerra de agressão ou uma guerra feita em<br />

violação de tratados, acordos ou compromissos<br />

internacionais” 18 , os crimes de guerra, que<br />

consistiam nas violações às leis e costumes de<br />

guerra e, finalmente, o crime contra a humanidade,<br />

definido como o “assassínio, extermínio,<br />

sujeição à escravatura, deportação ou qualquer<br />

outro ato desumano cometido contra quaisquer<br />

populações civis, ou perseguições por motivos<br />

políticos, raciais ou religiosos, quando tais atos<br />

ou perseguições forem cometidos na seqüência<br />

de um crime contra a paz ou de um crime de<br />

guerra ou estiverem ligados a estes crimes” 19 . Sobre<br />

o resultado informa Garapon:<br />

174<br />

Este processo gigantesco, que comportaria<br />

quatrocentas e três sessões, ouviria cento<br />

e dezesseis testemunhas e se realizaria em<br />

quatro línguas, e do qual restam quarenta e<br />

dois volumes de documentos e retranscrição<br />

de debates, assinala incontestavelmente<br />

uma ruptura histórica. No entanto, não faltam<br />

críticas passíveis de lhe ser apontadas 20 .<br />

Conforme asseverado, a imparcialidade dos<br />

juízes era nula considerando que cada um dos<br />

Magistrados e Procuradores provinha de um dos<br />

Aliados: França, Inglaterra, EUA e URSS, o que<br />

violaria o princípio nemo iudex in causum suum.<br />

A qualificação do crime contra a humanidade<br />

não existia antes do cometimento dos crimes, o<br />

que configuraria uma violação ao princípio “nulla<br />

pœna sine lege”, o qual impossibilita a condenação<br />

de alguém em razão de cometimento de fato<br />

posteriormente incriminado.<br />

Para a tipificação dos “Crimes de Guerra”<br />

houve uma simples translação do que já existia<br />

no âmbito do Direito Internacional e quanto aos<br />

“Crimes contra a Paz” o Tribunal Militar Internacional<br />

referiu-se às Convenções de Haia e ao<br />

Tratado de Renúncia à Guerra (Pacto de Paris ou<br />

Briand-Kellog, de 1928).<br />

As Convenções de Paz de Haia (1899 e 1907)<br />

previam a obrigatoriedade de utilização dos mecanismos<br />

pacíficos de solução de controvérsias, por<br />

sua vez o Pacto de Briand-Kellog estabelecia utopicamente<br />

que jamais se recorreria à guerra.<br />

Os crimes elencados no Estatuto recebiam<br />

críticas também em razão de seu caráter de lege<br />

imperfetae, ou seja, norma que não comina em<br />

sanção, denominação de um crime sem estabele-<br />

cimento de uma pena prévia. Também não havia<br />

a possibilidade de se recorrer da sentença editada.<br />

Pode-se notar a ausência do elencamento do<br />

“Crime de Genocídio”, fato explicado porque tal<br />

conceito somente surgiria em 1948 por criação de<br />

Raphael Lemkin.<br />

Mas o desassiso maior se encontra no que<br />

os anglo-saxões denominam de “tu quoque”:<br />

A expressão ficou célebre pela frase de Júlio César<br />

ao ser assassinado: “Até tu, Brutus!” Assim o<br />

tu quoque é a ideia de que ninguém pode invocar<br />

normas jurídicas após descumpri-las, ou seja,<br />

como poderiam acusar os nazistas de atos que os<br />

Aliados haviam igualmente cometido?<br />

Apesar de todas as críticas, os julgamentos<br />

foram levados a cabo e seu principal papel aparentemente<br />

fora cumprido: desnazificar a Alemanha.<br />

Em outubro de 1945, 24 foram pronunciados<br />

e seu julgamento, conhecido como Julgamento<br />

dos Grandes Criminosos, iniciou-se<br />

no mês seguinte. Um ano depois os julgamentos<br />

eram concluídos, com a condenação<br />

de 19 dos acusados e a imposição de pena de<br />

morte em 12 casos 21 .<br />

Do mesmo modo, prevendo a possibilidade<br />

de mais julgamentos e a viabilidade de criação de<br />

novos tribunais, o Acordo de Londres consignou<br />

desde já tal possibilidade.<br />

De fato, o que ocorreu não foi um Tribunal<br />

Internacional Militar de Nuremberg, mas vários<br />

Tribunais de Nuremberg, constituídos com a versão<br />

modificada do Estatuto do Tribunal Militar<br />

Internacional, conhecida como Control Council<br />

Law n. <strong>10</strong>, de dezembro de 1945, permitindo aos<br />

Aliados processarem os nacionais alemães nas<br />

respectivas zonas de ocupação.<br />

No Pacífico, instituiu-se o “Tribunal Militar<br />

Internacional para o Extremo-Oriente” (IMTFE –<br />

International Military Tribunal for the Far East),<br />

promulgado em Tóquio, em 19 de janeiro de<br />

1946, com princípios similares aos de Nuremberg,<br />

mas sem a pompa de seu antecedente. “O<br />

processo de Tóquio não deixou as mesmas marcas,<br />

talvez devido à distância geográfica, mas também<br />

às tensões muito acesas que marcaram o início<br />

da descolonização” 22 .<br />

Sem sombra de dúvida, o Tribunal de Nuremberg<br />

constituiu-se como marco histórico no<br />

âmbito do direito internacional penal e na persecução<br />

de uma justiça penal universal.


De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

4. PROCESSOS ULTERIORES A NUREM-<br />

BERG<br />

O processo de Nuremberg foi o último ato<br />

impactante da Segunda Grande Guerra, passando,<br />

com o tempo, a servir como precedente e referência<br />

para os processos ulteriores. Jankov informa:<br />

Com o objetivo de positivar as premissas<br />

para o estabelecimento do IMT e do IMTFE<br />

e para evitar a associação desses tribunais<br />

com a ideia de ‘justiça dos vencedores’, o sistema<br />

das nações unidas, no final da década<br />

de 1940, iniciou um trabalho visando estabelecer<br />

mecanismos permanentes e imparciais<br />

para a justiça internacional penal. Nesse<br />

contexto, a Convenção para a Prevenção e<br />

a Repressão ao Crime de Genocídio (1948),<br />

em seu art. 6°, faz a alusão a um tribunal<br />

penal internacional.<br />

Nesse sentido, os esforços das Nações Unidas<br />

para estabelecer um tribunal penal manifestaram-se<br />

basicamente em dois âmbitos: a<br />

codificação dos crimes internacionais e a elaboração<br />

de um projeto de estatuto para o estabelecimento<br />

de um tribunal internacional.<br />

Conforme a solicitação da Assembléia Geral<br />

das Nações Unidas de 21 de novembro de<br />

1947, a Comissão de Direito Internacional<br />

(Internacional Law Comission) iniciou a formulação<br />

dos princípios reconhecidos pelo<br />

Estatuto do tribunal de Nuremberg (Princípios<br />

de Nuremberg – Nuremberg Principles,1950),<br />

objetivando elaborar um projeto<br />

de código dos crimes contra a paz e a<br />

segurança da humanidade (Code of Crimes<br />

against the Peace and Security of Mankind) 23 .<br />

Tratava-se do início do processo de arregimentação<br />

de mecanismos normativos que redundariam<br />

no Tribunal Internacional Penal.<br />

Paralelamente ao trabalho da Comissão de<br />

Direito Internacional, a Assembléia Geral<br />

estabeleceu também um comitê, encarregado<br />

de elaborar o estatuto de um tribunal penal<br />

internacional, o qual foi submetido a aprovação<br />

em 1952. Posteriormente, um novo comitê<br />

foi criado pela Assembléia Geral com a<br />

finalidade de rever o projeto do estatuto, com<br />

base nos comentários realizados pelos estados-Membros,<br />

relatado à Assembléia geral<br />

em 1954.<br />

Uma versão substancialmente modificada<br />

do Projeto de Código de 1954 foi provisoria-<br />

mente aprovada pela Comissão e enviada aos<br />

Estados Membros para análise. Entretanto,<br />

este código não previa necessariamente uma<br />

jurisdição internacional. Este tema seria apenas<br />

tratado em 1989, ano da queda do muro<br />

de Berlim.<br />

Em meados de 1993, a Comissão preparou<br />

um projeto sob a direção do Special Rapporteur<br />

James Crawford, o qual em 1994 teve<br />

sua versão final do Estatuto para um Tribunal<br />

Penal Internacional submetida à Assembléia<br />

Geral 24 .<br />

O longo quase recesso entre Nuremberg e a<br />

aprovação do Estatuto é justificado pela tensão gerada<br />

por uma ordem mundial bipolarizada, impedindo<br />

maiores conjecturas e pretensões do porte<br />

de um Tribunal como o TPI.<br />

Enquanto o Projeto de um Tribunal Internacional<br />

Penal se desenvolvia, o mundo viu a criação<br />

de uma corte com base ad hoc, endereçada às atrocidades<br />

cometidas na antiga Iugoslávia.<br />

Em 08 de maio de 1993, o Conselho de Segurança<br />

aprovou a Resolução 827 estabelecendo<br />

o Tribunal para a Antiga Iugoslávia. O Estatuto<br />

define a autoridade do Tribunal para processar<br />

quatro categorias de crimes: graves violações às<br />

Convenções de Genebra de 1949; violações às leis<br />

e costumes da guerra; crimes contra a humanidade<br />

e genocídio. A jurisdição estava limitada às violações<br />

ocorridas no território da antiga Iugoslávia<br />

a partir de 1991.<br />

Logo depois, o Tribunal ad hoc para a extinta<br />

Iugoslávia deu azo à criação de outro Tribunal:<br />

Em novembro de 1994, atendendo a uma solicitação<br />

de Ruanda o Conselho de Segurança<br />

deliberou a criação de um segundo tribunal ad<br />

hoc, encarregado de processar e julgar as graves<br />

violações do direito humanitário cometidas<br />

em Ruanda e nos países vizinhos durante<br />

o ano de 1994. Seu Estatuto assemelha-se ao<br />

do TPII, entretanto, os dispositivos relativos<br />

aos crimes de guerra por refletirem o contexto<br />

de um conflito armado eminentemente interno,<br />

afastam as graves violações das Convenções<br />

de Genebra 25 .<br />

Cabe ressaltar a grande inovação trazida pelo<br />

Tribunal no sentido de uma visão inovativa e progressiva<br />

do direito aplicado aos crimes de guerra,<br />

estendendo os precedentes de Nuremberg ao declarar<br />

que os crimes contra a humanidade poderiam<br />

ser cometidos em tempos de paz e estabelecendo<br />

a punibilidade dos crimes de guerra durante<br />

conflitos armados internos.<br />

175


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

5. O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL<br />

Em julho de 1998, em Roma, foi aprovado,<br />

por 120 votos a favor, 07 votos contrários – China,<br />

Estados Unidos da América, Filipinas, Índia,<br />

Israel, Sri Lanka e Turquia – e 21 abstenções, na<br />

Conferência Diplomática de Plenipotenciários<br />

das Nações Unidas, o Estatuto de Roma 26 do Tribunal<br />

Penal Internacional, cujo principal objetivo<br />

era instituir uma instância penal internacional de<br />

caráter permanente, sediada em Haia.<br />

De fato, o TPI é o ápice do desenvolvimento<br />

de uma instância de caráter internacional antes<br />

vislumbrada com o advento dos Tribunais Militares<br />

de Nuremberg e do Extremo Oriente.<br />

A jurisdição do Tribunal Penal Internacional<br />

possui caráter complementar ao ordenamento jurídico<br />

dos Estados, ou seja, o Tribunal somente<br />

poderá exercer a sua jurisdição se o Estado competente<br />

para conhecer o fato não o fizer ou encontrar-se<br />

impossibilitado de fazê-lo.<br />

O Estatuto entrou finalmente em vigor em<br />

1° de julho de 2002, na forma do seu artigo 126 27 :<br />

176<br />

Artigo 126 [Entrada em vigor]<br />

1. O presente Estatuto entrará em vigor no<br />

primeiro dia do mês seguinte ao sexagésimo<br />

dia após a data de depósito do sexagésimo instrumento<br />

de ratificação, aceitação, aprovação<br />

ou adesão junto ao Secretário-Geral das Nações<br />

Unidas.<br />

Para cada Estado que ratificar, aceitar ou aprovar<br />

o Estatuto, ou a ele aderir após o depósito<br />

do sexagésimo instrumento de ratificação,<br />

aceitação, aprovação ou adesão, o Estatuto<br />

entrará em vigor no primeiro dia do mês seguinte<br />

ao sexagésimo dia após a data em que<br />

cada um desses Estados tiver depositado seu<br />

instrumento de ratificação, aceitação, aprovação<br />

ou adesão.<br />

O texto aprovado encontra-se aberto à assinatura<br />

e ratificação por parte dos Estados. Tendo<br />

alcançado a ratificação de 89 Estados, até abril de<br />

2003, ultrapassando, assim, o consenso mínimo<br />

necessário para a sua entrada em vigor. O Brasil<br />

assinou o Tratado em 2000.<br />

O Estatuto do TPI estabelece a competência<br />

para os crimes previstos em seu artigo 5°, a saber:<br />

genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de<br />

guerra e crimes de agressão, descritos como “crimes<br />

mais graves, que afetam a comunidade internacional<br />

no seu conjunto” 28 . O Estatuto ainda<br />

os descreve como “atrocidades inimagináveis que<br />

chocam profundamente a consciência da humani-<br />

dade” 29 e “crimes de maior gravidade com alcance<br />

internacional” 30 .<br />

Originalmente a ideia de crimes internacionais<br />

estava relacionada à jurisdição do Estado, em<br />

cujo território o acusado se encontrava. Assim, o<br />

fato deste ser ou não julgado e condenado, dependia<br />

exclusivamente da legislação e das autoridades<br />

do país em questão.<br />

Na hipótese de não atuação do Estado, o Estado<br />

de nacionalidade da vítima poderia solicitar<br />

ao Estado do suposto autor, a punição do acusado<br />

ou pagamento de indenização. Enfim, seria uma<br />

questão de responsabilidade do Estado, em razão<br />

da ausência de julgamento e punição do acusado.<br />

No entanto, duas categorias de crimes eram consideradas<br />

exceções a este princípio, a saber: a pirataria<br />

e os crimes de guerra.<br />

A pirataria era uma prática muito conhecida<br />

nos séculos XVII e XVIII. O artigo <strong>10</strong>1<br />

da Convenção das Nações Unidas sobre o<br />

Direito do Mar (1982) a define. Os piratas<br />

eram considerados inimigos da humanidade<br />

(hostes humani generis) e portanto, todos<br />

os Estados poderiam processá-los, julgá-los<br />

e puni-los, independentemente da sua nacionalidade<br />

31 .<br />

Os crimes de guerra foram positivados na segunda<br />

metade do século XIX impulsionados por<br />

dois fatores: “A codificação do direito costumeiro<br />

consuetudinário da guerra (codification of the<br />

customary law of warfare) e Codificação de Haia<br />

(1899-1907) (Hague Codification)” 32 .<br />

Ao final da Primeira Guerra Mundial surgiu<br />

o “Princípio da Territorialidade”, bastando, portanto,<br />

que o crime fosse cometido no território do<br />

Estado para estar sujeito à sua jurisdição 33 .<br />

Mas as grandes mudanças no cenário dos<br />

crimes internacionais e o refinamento de tais<br />

mecanismos punitivos surgiram após a Segunda<br />

Grande Guerra. Se quanto aos crimes de guerra,<br />

o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg<br />

apenas fez um aproveitamento do que já havia<br />

no ordenamento jurídico internacional, fez surgir<br />

duas novas categorias: crimes contra a paz e crimes<br />

contra a humanidade.<br />

Outra novidade encontra-se no fato de que,<br />

até 1945 (exceção feita ao dispositivo constante<br />

do Tratado de Versalhes, em relação ao Império<br />

Alemão, que permaneceu como letra morta), Oficiais<br />

Estatais “senior” nunca haviam sido responsabilizados<br />

pessoalmente por suas faltas.<br />

Sendo assim, os acusados deixavam de estar<br />

protegidos pela soberania do Estado, sendo que-


De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

brada sua imunidade, a qual não poderia mais ser<br />

alegada. Pela primeira vez o princípio básico era<br />

proclamado: diante da alternativa entre obedecer<br />

ao comando da lei interna ou ao padrão internacional<br />

de conduta, o Oficial ou indivíduo deveria<br />

optar pelo segundo.<br />

Principes du droit international consacrés<br />

par le statut du tribunal de nuremberg et<br />

dans le jugement de ce tribunal, 1950.<br />

PRINCIPE 1<br />

Tout auteur d’un acte qui constitue un crime<br />

de droit international est responsable de ce<br />

chef et passible de châtiment.<br />

(...)<br />

PRINCIPE 4<br />

Le fait d’avoir agir sur l’ordre de son gouvernement<br />

ou celui d’un supérieur hiérarchique<br />

ne dégage pas la responsabilité de l’auteur en<br />

droit international, s’il a eu moralement la<br />

faculté de choisir 34 .<br />

Posteriormente, a Convenção sobre o Genocídio<br />

(1948) e as Convenções de Genebra (1949)<br />

fazem surgir novas categorias de crimes de guerra,<br />

denominados: “graves violações às Convenções<br />

de Genebra”, considerando ainda seus dois Protocolos<br />

Adicionais (1977), a Convenção contra a<br />

Tortura (1984), e uma cadeia de tratados contra o<br />

terrorismo desde 1970. Já no âmbito do direito<br />

processual, é estabelecido o “Princípio da Universalidade<br />

da Jurisdição, de acordo com o qual um Estado<br />

contratante poderia levar a julgamento o acusado<br />

de “grave violação”, independentemente de sua<br />

nacionalidade ou local de ocorrência do crime 35 .<br />

Os crimes de guerra constituem a mais antiga<br />

das quatro categorias de crimes de competência<br />

do Tribunal Penal Internacional e a que mais elenca<br />

hipóteses de incidência no Estatuto.<br />

Por sua vez, os crimes de agressão, oriundos<br />

dos antigos crimes contra a paz, ainda se encontram<br />

carentes de uma definição formal pela ausência<br />

de acordo entre os Estados sobre sua definição.<br />

Muita expectativa se criou sobre a recente<br />

Conferência de Revisão do Estatuto de Roma,<br />

ocorrida em Kampala e que durou duas semanas,<br />

encerrando-se no dia 11 de junho de 20<strong>10</strong>.<br />

Aproximadamente 4.600 representantes de<br />

Estados, organizações intergovernamentais e não<br />

governamentais participaram do evento.<br />

A Conferência, visando estabelecer uma definição<br />

para o crime de Agressão, adotou uma re-<br />

solução que na prática estabelece que a decisão deverá<br />

ser tomada após o dia 1º de janeiro de 2017,<br />

pela maioria dos Estados-Partes, adotando-se uma<br />

emenda ao Estatuto.<br />

Com base na resolução 3314 da Assembleia<br />

Geral das Nações Unidas de 14 de dezembro de<br />

1974, convencionou-se qualificar “Agressão”<br />

como um crime cometido por um dirigente político<br />

ou militar, que em razão de sua natureza,<br />

gravidade ou repercussão constitui-se como uma<br />

violação manifesta à Carta da ONU.<br />

No mesmo turno, a Conferência adotou uma<br />

resolução ao fito de emendar o artigo 8º do Estatuto<br />

de Roma, alargando a competência da Corte<br />

em relação ao crime de guerra, contudo esquivou-<br />

-se de emendar o art. 124 que possibilita que um<br />

Estado que se torne Parte no Estatuto declare que,<br />

durante um período de sete anos, a contar da data<br />

da entrada em vigor do Estatuto no seu território,<br />

não aceitará a competência do Tribunal relativamente<br />

à categoria de crimes de guerra. A declaração<br />

formulada ao abrigo deste artigo poderá ser<br />

retirada a qualquer momento.<br />

A Conferência concluiu o balanço da justiça<br />

penal internacional adotando duas resoluções,<br />

uma declaração e reduzindo a termo os debates.<br />

Quanto ao crime de genocídio, a palavra<br />

“genocídio” foi cunhada por Raphael Lemkin em<br />

seu livro que trata sobre os crimes cometidos pelos<br />

nazistas na Europa ocupada. O artigo 6° do<br />

Estatuto de Roma define o genocídio copiando o<br />

dispositivo inserto no artigo II da Convenção para<br />

a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio<br />

(1948). Nesse sentido é salutar a lição de Fernanda<br />

Jankov:<br />

Ao adotar o texto de uma convenção de<br />

1948, o Estatuto de Roma claramente constitui<br />

uma codificação de norma consuetudinária<br />

internacional. Segundo esta norma, o<br />

genocídio é definido com base em cinco atos<br />

cometidos com o intuito de destruir, no todo<br />

ou em parte, um grupo nacional étnico, racial<br />

ou religioso 36 .<br />

São estes os cinco atos: homicídio de membros<br />

do grupo; ofensas graves à integridade física<br />

ou mental de membros do grupo; sujeição intencional<br />

do grupo a condições de vida com o objetivo<br />

de provocar a sua destruição física, total ou<br />

parcial; imposição de medidas destinadas a impedir<br />

nascimentos no seio do grupo; transferência,<br />

à força, de crianças do grupo para outro grupo 37 .<br />

O crime de genocídio possui um intuito específico<br />

que o distingue dos demais crimes, a sa-<br />

177


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

ber: o fato do ato, seja o homicídio ou qualquer<br />

outro dos quatro atos definidos pelo artigo 6°, ser<br />

cometido na intenção de destruir no todo ou em<br />

parte, um grupo determinado, sem haver restrição<br />

no que cerne à quantidade de pessoas vitimadas<br />

pela ação.<br />

O genocídio ou o crime sem nome encontra<br />

antecedentes de sua prática desde as mais remotas<br />

civilizações, todavia, a articulação de sua<br />

prática compreendida a partir de seu conceito é<br />

um fenômeno próprio do século XX, como explica<br />

Bruneteau:<br />

178<br />

En 1944, à propos des horreus générées par<br />

le nazisme, Wiston Churchill parlait d’ «un<br />

crime sans nom». Lui répondant en quelque<br />

sorte, un professeur de droit international,<br />

Juif américain d’origine polonaise, Raphael<br />

Lemkin, forge la même année le mot de<br />

«génocide» à partir du mot grec genos (race,<br />

peuple) e du suffixe latin – cide (de caedere,<br />

tuer). Il l’introduisait notamment dans<br />

un livre, Axis Rule in Occupied Europe, que<br />

répertoriat toutes les mesures planifiées par<br />

les nazis pour annihiler des peuples, juif et<br />

polonais au premier chef, dans leurs composantes<br />

nationales, religieuses et ethniques 38 .<br />

Cumpre considerar que, a perseguição a grupos<br />

sociais e políticos, não se inclui na definição<br />

de genocídio, o que é passível de muitas críticas<br />

que, apesar de terem surgido, não conseguiram<br />

ampliar a definição tradicional de genocídio. Assim,<br />

tais perseguições serão tratadas como crimes<br />

contra a humanidade, conforme o artigo 7º (1) (h)<br />

do Estatuto.<br />

Por sua vez, para a definição dos crimes contra<br />

a humanidade, o Artigo 7° do Estatuto contém<br />

quatro requisitos para que seja definida a competência<br />

do Tribunal sob a alegação de crimes contra<br />

a humanidade:<br />

Ab initio, o Estatuto requer que o crime seja<br />

cometido como parte de um “ataque, generalizado<br />

ou sistemático”, devendo este ser cometido contra<br />

uma “população civil”, o que claramente os distingue<br />

dos crimes de guerra, os quais podem ter<br />

como objeto combatentes ou civis, podendo ainda<br />

ser um ataque não militar.<br />

E ainda o Art. 7° (2) (a) estabelece:<br />

(...) Artigo 7° [Crimes contra a Humanidade]<br />

(2) (a)<br />

2. Para os efeitos do parágrafo 1°:<br />

a) Por “ataque contra uma população civil”<br />

entende-se qualquer conduta que envolva a<br />

prática múltipla de atos referidos no parágrafo<br />

1° contra uma população civil, de acordo com<br />

a política de um Estado ou de uma organização<br />

de praticar esses atos ou tendo em vista a<br />

prossecução dessa política. 39<br />

Os crimes contra a humanidade podem, portanto,<br />

também ser praticados por entes não estatais,<br />

com objetivos políticos.<br />

CONCLUSÃO<br />

No dia 24 de março de 1999, a Câmara dos<br />

Lordes Britânicos rechaçou a imunidade do general<br />

Pinochet. Dois meses depois, pela primeira vez<br />

na história, um chefe de Estado, no exercício de<br />

suas funções – Slobodan Milosevic – era notificado<br />

da acusação movida contra si por uma jurisdição<br />

internacional. Em 11 de abril de 2002 nasce o<br />

Tribunal Penal Internacional.<br />

Tais acontecimentos recentes decorrem de<br />

um longo processo histórico com raízes remotas<br />

e desdobramentos distintos, mas que passam a<br />

se efetivar e ter uma amplitude significativa no<br />

século XX.<br />

É indubitável que os Tribunais de Nuremberg<br />

configuraram uma justiça dos vencedores e<br />

sua utilidade foi muito mais ideológica que na<br />

aplicação da justiça.<br />

Os tribunais ad hoc, por sua vez, possuem<br />

uma natureza muito particular de atuação, o que<br />

ocasiona inúmeros questionamentos quanto à legitimidade<br />

(filosófica, histórica, sociológica e jurídica)<br />

dos mesmos.<br />

É inegável que o projeto de uma justiça universal<br />

sustenta uma utopia, que em parte alcance<br />

ares até de totalitarismo considerando as consequências<br />

da inafastabilidade de uma jurisdição de<br />

tamanha proporção.<br />

Do mesmo modo, o horizonte para o qual<br />

aponta tal projeto universal se esvaece ante a realidade<br />

dos fatos e em face da dinâmica histórica.<br />

A competência universal, na forma dos Tribunais<br />

e na atuação dos Estados em julgamentos<br />

de crimes dignos desta competência, aponta para<br />

a cada vez mais evidente aldeia global em que<br />

vivemos.<br />

Os apologistas da justiça internacional apresentam<br />

a história que leva à criação do TPI como<br />

uma evolução, como o caminho que conduz à<br />

vitória do direito contra a barbárie. Como se a<br />

barbárie pudesse ser extinta, varrida do mapa e<br />

do tempo.<br />

Não há de se negar o caráter realista que devemos<br />

ter ao analisar a justiça. Ela não vai nos


De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

libertar do mal, e o mal não pode ser identificado<br />

com o político. A justiça é, inevitavelmente, em<br />

inúmeras ocasiões, a continuação da guerra por<br />

outros meios.<br />

A justiça penal universal rompe com os paradigmas<br />

westfalianos que consagraram as noções<br />

essenciais que possuíamos de Estado, soberania,<br />

autodeterminação e legitimidade para punir.<br />

Todavia, o ideal da justiça penal universal<br />

nunca será concretizado plenamente, estará sempre<br />

lançado no devir dos acontecimentos. Deste<br />

modo, devemos analisar criticamente os riscos<br />

atinentes à empreitada proposta constantemente<br />

por este direito internacional penal de julgar a<br />

História.<br />

Todos os crimes de competência do Tribunal<br />

Penal Internacional são imprescritíveis. O destino<br />

de um povo e a ação de certos homens submetem-<br />

-se a uma instância que se pretende capaz de parar<br />

o tempo e tornar inoperante qualquer justificativa<br />

histórica.<br />

Os acontecimentos históricos jamais serão<br />

julgados fora da História, sempre na História<br />

eles serão abordados, assim sabiamente leciona<br />

Garapon:<br />

Não é a acção política que adquire o seu<br />

sentido com o julgamento a posteriori, mas<br />

sim, pelo contrário, o julgamento que só revela<br />

o seu verdadeiro significado face à acção<br />

política.<br />

(...)<br />

A História não para nunca, a condição histórica<br />

não nos dá tréguas. A História não<br />

termina, não pode suspender-se. Julgar a<br />

História é ainda estar na História. Declarar a<br />

abstracção da História é tão insensato como<br />

pretender libertar-se da condição humana 40 .<br />

Além do mais, uma utopia que se pretende<br />

tão somente acertar as contas da História, jamais<br />

cumprirá sua meta de punir todas as infrações e<br />

reparar todos os prejuízos.<br />

O homem permanece com as rédeas da<br />

história em suas mãos. O homem como animal<br />

político ainda precisa agir se pretende reparar injustiças,<br />

evitá-las. Permanece imprescindível a<br />

responsabilidade natural dos povos de serem donos<br />

de sua história e assim construí-la, alterá-la,<br />

modificá-la.<br />

O considerado fim da utopia socialista bem<br />

como as práticas cada vez mais predatórias do capitalismo<br />

lançam o homem contemporâneo em<br />

um impasse sem precedentes.<br />

Ainda no século XX, os horrores transmitidos<br />

em cadeia internacional das hostilidades<br />

ocorridas pelo mundo contrastam gritantemente<br />

com o eloquente discurso dos direitos humanos<br />

de ares transnacionais.<br />

Os defensores de uma justiça penal universal<br />

a apoiam sem maiores considerações, ora como<br />

projeto de salvação do homem, ora como mínimo<br />

possível a se fazer sem maiores pretensões.<br />

Se na primeira hipótese se peca pelo excesso,<br />

pelo vão ideal da reforma do homem através do<br />

judiciário, que se mostrou tão impotente no âmbito<br />

de todas as legislações nacionais, na segunda<br />

hipótese se erra pela falta.<br />

Confiar aos juízes, às leis e aos tribunais a<br />

justiça, a busca por reparações e transformações<br />

históricas é abdicar de agir no mundo, e agir no<br />

mundo é agir politicamente.<br />

São incontáveis as vítimas de práticas políticas<br />

atrozes perpetradas por genocidas, criminosos<br />

de guerra e por aqueles que negligenciaram o<br />

mínimo de dignidade ao ser humano, isso tão somente<br />

no último século.<br />

Contudo, outros milhares de vítimas perecem<br />

e estão a perecer neste exato momento em<br />

razão das condutas de uma política econômica genocida,<br />

fria e desumana.<br />

Quantos são os mortos, vítimas da pobreza e<br />

da desigualdade social, decorrentes originariamente<br />

de uma colonização exploratória perpetrada pelos<br />

mesmos países que se dizem democráticos?<br />

Quantos mais irão morrer de fome e de outras<br />

causas decorrentes da ausência de condições<br />

mínimas de sobrevivência após sofrer outras mortes<br />

tão cruéis quanto a fisiológica: a morte histórica,<br />

a morte política, a morte da autonomia?<br />

O direito não tem condições de responder a<br />

tais questionamentos. A utopia jurídica só será<br />

real se decorrer de uma utopia social e política, se<br />

for fruto da ação política e histórica dos homens;<br />

caso contrário, sempre será uma mera arregimentadora<br />

de práticas policialescas e punitivas que<br />

nada compreendem do mundo que julgam e que<br />

condenam.<br />

179


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Direito Internacional<br />

Penal – Delicta Iuris Gentium. Rio de<br />

Janeiro: Editora Forense. 2000.<br />

BRUNETEAU, Bernard. Le Siècle des Génocides.<br />

Paris: Armand Colin. 2005.<br />

GARAPON, Antoine. Crimes que Não se Podem<br />

Punir nem Perdoar – Para uma Justiça Internacional.<br />

Lisboa: Editora Piaget. 2002.<br />

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. v. 3.<br />

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2007.<br />

JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do Tribunal<br />

Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva. 2009.<br />

180<br />

REFERÊNCIAS<br />

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia<br />

Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.<br />

MASCARO, Alysson Leandro. Utopia e Direito:<br />

Ernst Bloch e a Ontologia Jurídica da Utopia.<br />

São Paulo: Quartier Latin, 2008.<br />

___________. Lições de Sociologia do Direito.<br />

São Paulo: Quartier Latin. 2009.<br />

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira (organizador).<br />

Coletânea de Direito Internacional, 7a edição,<br />

São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.<br />

NAVES, Márcio Bilharinho. Marx, Ciência e Revolução.<br />

São Paulo: Moderna/Unicamp, 2000.


De Nuremberg a Haia – Uma Análise Histórica sobre o Desenvolvimento dos Tribunais Internacionais Penais<br />

1. Artigo extraído do trabalho de conclusão do<br />

Curso de Direito da Universidade do Estado do<br />

Amazonas-UEA de autoria do acadêmico Juan<br />

Pablo Ferreira Gomes e intitulado: “Mecanismos<br />

de Vigilância Global – A Busca por uma Jurisdição<br />

Universal”, defendido em <strong>10</strong>/06/20<strong>10</strong>,<br />

tendo como membros da banca examinadora:<br />

Msc. Silvia Maria da Silveira Loureiro-Orientadora/<br />

Dra. Patrícia Fortes Attademo Ferreira<br />

– Co-Orientadora/ Esp. Affimar Cabo Verde Filho<br />

– Membro Convidado.<br />

2. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. v.<br />

3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2007,<br />

p. 235.<br />

3. MASCARO, Alysson L. Lições de Sociologia<br />

do Direito. São Paulo: Quartier Latin. 2009,<br />

p. <strong>10</strong>7.<br />

4. NAVES, Márcio Bilharinho. Marx, Ciência<br />

e Revolução. São Paulo: Moderna/Unicamp,<br />

2000, p. 79.<br />

5. MASCARO, Alysson Leandro. Lições de Sociologia<br />

do Direito. São Paulo: Quartier Latin,<br />

2009, p.112.<br />

6. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia<br />

Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007, pp. 317-<br />

318.<br />

7. MASCARO, Alysson Leandro. Utopia e Direito:<br />

Ernst Bloch e a Ontologia Jurídica da<br />

Utopia. São Paulo: Quartier Latin, 2008, p. 11.<br />

8. GARAPON, Antoine. Crimes que Não se Podem<br />

Punir nem Perdoar – Para uma Justiça<br />

Internacional. Lisboa: Editora Piaget. 2002,<br />

p. 76.<br />

9. Ibidem., p. 89.<br />

<strong>10</strong>. Ibidem., p. 91.<br />

11. ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Direito Internacional<br />

Penal – Delicta Iuris Gentium.<br />

Rio de Janeiro: Editora Forense. 2000, p. 119.<br />

12. DOTTI, René Ariel. Prefácio ao livro de<br />

JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do<br />

Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva, p. XXII.<br />

13. JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do<br />

Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva. 2009, p. 22.<br />

NOTAS<br />

14. GARAPON, Antoine. Crimes que Não se Podem<br />

Punir nem Perdoar – Para uma Justiça<br />

Internacional. Lisboa: Editora Piaget. 2002,<br />

p. 23.<br />

15. Ibidem., p. 24.<br />

16. “Accord concernant la poursuite et le châtiment<br />

des grands criminels de guerre des Puissances<br />

européennes de l’Axe et statut du tribunal international<br />

militaire. Londres, 8 août 1945” -<br />

disponivel em: http://www.icrc.org/dih.nsf/<br />

17. Ibidem.<br />

18. Artigo 6°, a) dos princípios de Nuremberg.<br />

19. Artigo 6°, c) dos princípios de Nuremberg.<br />

20. GARAPON, Antoine. Crimes que Não se Podem<br />

Punir nem Perdoar – Para uma Justiça<br />

Internacional. Lisboa: Editora Piaget. 2002,<br />

p. 25.<br />

21. JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do<br />

Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva, p. 24.<br />

22. GARAPON, Antoine. Crimes que Não se Podem<br />

Punir nem Perdoar – Para uma Justiça<br />

Internacional. Lisboa: Editora Piaget. 2002,<br />

p. 26.<br />

23. JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do<br />

Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva, p. 26.<br />

24. Ibidem., pp. 26-27.<br />

25. Ibidem. p. 28.<br />

26. Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional,<br />

assinado em Roma, em 17.07.1998,<br />

aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo<br />

112, de 06.06.2002, e promulgado pelo Decreto<br />

4.388, de 25.09.2002, depósito da Carta de<br />

Ratificação em 20.06.2002. Entrada em vigor<br />

internacional em 01.07.2002, reproduzido em<br />

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira (organizador).<br />

Coletânea de Direito Internacional, 7a edição,<br />

São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008,<br />

pp. 1187-1243.<br />

27. Estatuto do TPI, artigo 126, reproduzido em<br />

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira (organizador).<br />

Coletânea de Direito Internacional, 7a edição,<br />

São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.<br />

28. Preâmbulo e artigo 5° do Estatuto do TPI.<br />

181


Juan Pablo Ferreira Gomes<br />

29. Preâmbulo do Estatuto do TPI.<br />

30. Artigo 1° do Estatuto do TPI.<br />

31. JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do<br />

Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva, 2009, p. 54.<br />

32. Les Lois de la Guerre sur Terre, Manuel publié<br />

par l’Institut de Droit Internacional – Brussels<br />

and Liepzig: C. Muquardt, 1880. In: CASSESE,<br />

Antonio. International Criminal Law..., p. 39.<br />

apud JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação<br />

do Tribunal Penal Internacional. São Paulo:<br />

Editora Saraiva, 2009, pp. 54-55.<br />

33. Ibidem.<br />

34. Principes du Droit International Consacrés par<br />

le Statut du Tribunal de Nuremberg et dans le<br />

Jugement de ce Tribunal -Texte adopté par la<br />

182<br />

Commission à sa deuxième session, en 1950,<br />

et soumis à l’Assemblée générale dans le cadre<br />

de son rapport sur les travaux de ladite session.<br />

Le rapport, qui contient également des commentaires<br />

sur les principes, est reproduit dans<br />

l’Annuaire de la Commission du droit international,<br />

1950, vol. II.<br />

35. JANKOV, Fernanda F.F. Direito Internacional<br />

Penal – Mecanismos de Implementação do<br />

Tribunal Penal Internacional. São Paulo: Editora<br />

Saraiva, 2009, p. 57.<br />

36. Ibidem., p. 60.<br />

37. Ibidem.<br />

38. BRUNETEAU, Bernard. Le Siècle des Génocides.<br />

Paris: Armand Colin, 2005, p. 8.<br />

39. Ibidem., p. 1189.<br />

40. Ibidem., p. 62.


VIOLACIONES GRAVES DE DERECHOS HUMANOS COMO<br />

PARADOJAS DEL ESTADO DEMOCRÁTICO DE DERECHO:<br />

EL CASO DE LA DESAPARICIÓN FORZADA<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Julieta Morales Sánchez<br />

Profesora de la Facultad de Derecho de la Universidad Nacional Autónoma de México;<br />

Maestra en Derecho con Mención Honorífica y doctoranda en esta misma institución.<br />

Título de Especialista en Derechos Humanos y Certificado de Estudios Avanzados de Doctorado<br />

en Derecho Constitucional por la Universidad de Castilla-La Mancha (España).<br />

I. ESTADO CONSTITUCIONAL, DEMO-<br />

CRACIA Y DERECHOS HUMANOS<br />

Los Estados actuales 1 se caracterizan por poseer<br />

un régimen democrático y consagrar la división<br />

de poderes en sus textos constitucionales.<br />

La democracia se puede entender desde diferentes<br />

perspectivas, a efectos de este artículo se<br />

entenderá no sólo como “una estructura jurídica y<br />

un régimen político sino como el sistema de vida<br />

fundado en el constante mejoramiento económico,<br />

social y cultural del pueblo”. 2<br />

Para consolidar un régimen democrático, los<br />

ciudadanos deben participar en todos los procesos<br />

de toma de decisiones y para ello deben informarse<br />

adecuadamente. También deben desarrollar la<br />

capacidad de entender las posturas distintas a las<br />

suyas.<br />

Esta capacidad específica es lo que se podría<br />

denominar tolerancia en sentido robusto y se denomina<br />

simpathetic understanding. Esta idea que<br />

se puede traducir imperfectamente como “mutua<br />

comprensión” constituye una habilidad especial<br />

de la persona, necesaria para alcanzar la condición<br />

de “fraternidad”. Esta condición es aquella por la<br />

cual los miembros de una comunidad se encuentran<br />

unidos a pesar de las diferencias de opinión<br />

que los separan cuando se trata de los fines y la<br />

identidad de sus grupos de pertenencia. 3<br />

Esta fraternidad –que deben entender los<br />

Estados a través de sus agentes o funcionarios–<br />

no debe confundirse con la unanimidad de sentimiento<br />

o de creencia. La actitud o capacidad de<br />

comprensión mutua sobre la que se apoya la idea<br />

de fraternidad es consistente con el reconocimiento<br />

de profundos desacuerdos y la aceptación de<br />

que éstos pueden persistir por siempre. Por otra<br />

parte, la fraternidad debe distinguirse también de<br />

la mera tolerancia que resulta asociada a la idea<br />

de no-interferencia. La idea de mutua comprensión<br />

implica algo más que mero respeto y el principio<br />

negativo de la tolerancia. Implica comprender<br />

el punto de vista de los demás e interpretarlo<br />

del mejor modo posible, en la forma en que ellos<br />

son considerados por sus propios defensores, incluso<br />

si nos provocan un fuerte rechazo. 4 Así, la<br />

democracia se manifiesta a través del pluralismo<br />

y derecho a disentir. 5 Hay que reconocer que las<br />

diferencias, las críticas –e incluso– las resistencias<br />

pueden enriquecer, mejorar o replantear la actividad<br />

gubernamental.<br />

Sin embargo, este concepto amplio de democracia<br />

“fruto de un cambio radical de paradigma…<br />

(es) un cambio sobre el que aún hoy no hemos<br />

tomado suficiente conciencia y, sobre todo, cuyas<br />

formas y técnicas de garantía aún estamos lejos de<br />

haber elaborado y asegurado”. 6<br />

Afirma Ferrajoli que no puede existir democracia<br />

donde no se respeten los derechos humanos.<br />

7 Y hay quienes han sostenido que la democracia<br />

es el único régimen jurídico-político<br />

compatible con las exigencias planteadas por los<br />

derechos humanos, sin que ello quiera decir que<br />

sea el régimen que mejor garantiza los derechos<br />

o que se haya demostrado en la práctica que es el<br />

único compatible con el respeto de los mismos. 8<br />

El artículo 16 de la Declaración de los Derechos<br />

del Hombre y del Ciudadano de 1789 afirmó<br />

que: “Toda sociedad en la cual la garantía de los<br />

derechos no esté asegurada, ni determinada la separación<br />

de poderes, carece de Constitución”, lo<br />

cual se puede trasladar sustituyendo el concepto<br />

de Constitución por el de democracia ya que los<br />

conceptos de Constitución, democracia y Estado<br />

183


Julieta Morales Sánchez<br />

de Derecho se imbrican y se encuentran estrechamente<br />

relacionados entre sí, en virtud de que una<br />

Constitución y un Estado de Derecho que no son<br />

democráticos no son tales, en el sentido sustancial<br />

de la expresión.<br />

Es evidente que el respeto a los derechos humanos<br />

contribuye a la paz social pero sin duda<br />

la paz social y la estabilidad democrática constituyen<br />

un presupuesto indispensable para la garantía<br />

efectiva de los derechos. 9<br />

La característica genuina, es decir, la nota<br />

definitoria del Estado constitucional, no es sólo<br />

la limitación del poder mediante el Derecho, sino,<br />

sobre todo, el sentido de esa limitación, es decir,<br />

el fin que se persigue con esa limitación: <strong>10</strong> la protección<br />

de los derechos humanos.<br />

Esta limitación material del poder aparece<br />

como parte esencial de la Constitución. Las demás<br />

limitaciones, temporales o funcionales (división<br />

de poderes), son –según Aragón Reyes– un<br />

complemento de aquélla, están, por decirlo así, al<br />

servicio de la principal y genuina limitación: la<br />

que imponen los derechos humanos. 11<br />

Aragón Reyes sostiene que el Estado constitucional<br />

“no es más que el intento de juridificar la<br />

democracia”, aunque ese intento se logre sólo de<br />

manera parcial o incluso “fracase” en determinados<br />

momentos. 12<br />

En este marco de Estados Democráticos de<br />

Derecho, aún se producen violaciones graves a los<br />

derechos humanos, lo que cuestiona la existencia<br />

misma de un Estado con estas características,<br />

como se verá infra.<br />

1. ANOMIA, IMPUNIDAD Y CORRUPCIÓN<br />

Para lograr un análisis integral sobre las violaciones<br />

graves a los derechos humanos, y en particular<br />

respecto a la desaparición forzada, hay que<br />

incorporar diversos ejes de análisis y pensar en las<br />

limitaciones y obstáculos que la realidad impone<br />

al goce y ejercicio de los derechos humanos, entre<br />

ellos la corrupción 13 e impunidad. 14<br />

Además de lo anterior, las violaciones graves<br />

a los derechos humanos perpetradas por agentes<br />

estatales se pueden agudizar en contextos en los<br />

que impera –o predomina, o al menos existe– la<br />

anomia. Se entiende a la anomia como la “inobservancia<br />

de normas jurídicas, morales y sociales”,<br />

según Santiago Nino. 15<br />

184<br />

A este respecto Merton, sostuvo que:<br />

a) La anomia no implica falta de normas, ya<br />

que en toda sociedad, por rudimentaria que<br />

fuere, existe un conjunto de pautas, usos y<br />

costumbres, normas jurídicas, más o menos<br />

sistematizado, más o menos integrado.<br />

b) Un grado mínimo de quebrantamiento<br />

de las reglas de un sistema normativo no<br />

puede considerarse anomia.<br />

c) Hay grados y clases de anomia. La anomia<br />

“simple” es el estado de confusión de un<br />

grupo o sociedad sometido al antagonismo<br />

entre sistema de valores, que da por<br />

resultado cierto grado de inquietud y la<br />

sensación de separación del grupo.<br />

d) La anomia “aguda” es el deterioro en último<br />

extremo y la desintegración del sistema.<br />

e) La anomia puede referirse más a algunos<br />

sectores que a otros de la población. 16<br />

Vale la pena entonces reflexionar sobre las<br />

causas estructurales o aquellas situaciones que<br />

propician y agudizan las violaciones graves a los<br />

derechos humanos en cada uno de nuestros países.<br />

II. VIOLACIONES GRAVES A LOS DERE-<br />

CHOS HUMANOS<br />

Se ha entendido que la tortura, la desaparición<br />

forzada y la ejecución extrajudicial, arbitraria<br />

o sumaria constituyen las violaciones graves a los<br />

derechos humanos. 17 Estas violaciones son características<br />

de Estados autoritarios que desconocen<br />

la dignidad de las personas y basan su sistema<br />

de gobierno en el uso irracional e ilegítimo de la<br />

fuerza. Por lo que la realización, aquiescencia u<br />

omisión en la prevención o sanción de violaciones<br />

graves de derechos humanos son incompatibles<br />

con la idea misma de un Estado Democrático de<br />

Derecho, con sus principios rectores, con su configuración<br />

y operación. Las violaciones graves de<br />

derechos humanos tienen una historia de impunidad<br />

que se debe combatir y cuya práctica hay<br />

que erradicar.<br />

El combate a estas violaciones debe de ser integral<br />

y coordinado, además debe incluir la documentación<br />

de casos, la vinculación con las organizaciones<br />

de la sociedad civil, académicos expertos<br />

en el tema y autoridades, la incidencia ante instancias<br />

internacionales, la promoción y difusión del<br />

respeto a los derechos, la capacitación de servidores<br />

públicos para prevenir las violaciones a derechos<br />

humanos y la incidencia en su investigación,<br />

sanción y erradicación.<br />

El presente trabajo se centrará en la desaparición<br />

forzada, entendiendo que ésta –al igual que<br />

las demás violaciones graves a los derechos humanos–<br />

se erige como una paradoja, como un contrasentido,<br />

del Estado Democrático de Derecho.


El contexto en torno a la desaparición forzada,<br />

desafortunadamente en América –aún hoy al<br />

final de la primera década del siglo XXI– es complejo<br />

e históricamente lleno de impunidad. Para<br />

ejemplificar lo anterior se recurrirá a los casos de<br />

Brasil y México pero las reflexiones que aquí se<br />

hagan pueden proyectarse a muchos de los países<br />

del Continente.<br />

III. EL CASO DE LA DESAPARICIÓN<br />

FORZADA<br />

La Declaración sobre la Protección de todas<br />

las Personas contra las Desapariciones Forzadas<br />

–aprobada por la Asamblea General en su resolución<br />

47/133 del 18 de diciembre de 1992– entiende<br />

por desapariciones forzadas, el que se “arreste,<br />

detenga o traslade contra su voluntad a las personas,<br />

o que éstas resulten privadas de su libertad de<br />

alguna otra forma por agentes gubernamentales<br />

de cualquier sector o nivel, por grupos organizados<br />

o por particulares que actúan en nombre del<br />

gobierno o con su apoyo directo o indirecto, su autorización<br />

o su asentimiento, y que luego se niegan<br />

a revelar la suerte o el paradero de esas personas<br />

o a reconocer que están privadas de la libertad,<br />

sustrayéndolas así a la protección de la ley”.<br />

El 9 de junio de 1994 se adoptó la Convención<br />

Interamericana sobre Desaparición Forzada<br />

de Personas que establece: “se considera desaparición<br />

forzada la privación de la libertad a una<br />

o más personas, cualquiera que fuere su forma,<br />

cometida por agentes del Estado o por personas o<br />

grupos de personas que actúen con la autorización,<br />

el apoyo o la aquiescencia del Estado, seguida de la<br />

falta de información o de la negativa a reconocer<br />

dicha privación de libertad o de informar sobre el<br />

paradero de la persona, con lo cual se impide el<br />

ejercicio de los recursos legales y de las garantías<br />

procesales pertinentes (artículo II)”. Brasil firmó<br />

esta Convención el <strong>10</strong> de junio de 1994 pero aún<br />

no la ha ratificado, mientras que México firmó el<br />

4 de mayo de 2001 y depositó el instrumento de<br />

ratificación el 9 de abril de 2002.<br />

La Convención Internacional sobre la Protección<br />

de todas las Personas contra las Desapariciones<br />

Forzadas fue adoptada por el Consejo de<br />

Derechos Humanos en 2006 y abierta a la firma el<br />

6 de febrero de 2007. Hasta la fecha –diciembre de<br />

20<strong>10</strong>– la Convención tiene 87 firmas y 21 ratificaciones.<br />

México y Brasil firmaron la Convención<br />

el 6 de febrero de 2007; pero el primero la ratificó<br />

el 18 de marzo de 2008 y el segundo lo hizo el 29<br />

de noviembre de 20<strong>10</strong>. 18<br />

Violaciones Graves de Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho:<br />

El Caso de la Desaparición Forzada<br />

El artículo 2 de la Convención Internacional<br />

para la Protección de todas las Personas contra las<br />

Desapariciones Forzadas define a la desaparición<br />

forzada como “el arresto, la detención, el secuestro<br />

o cualquier otra forma de privación de libertad<br />

que sean obra de agentes del Estado o por personas<br />

o grupos de personas que actúan con la autorización,<br />

el apoyo o la aquiescencia del Estado,<br />

seguida de la negativa a reconocer dicha privación<br />

de libertad o del ocultamiento de la suerte o el paradero<br />

de la persona desaparecida, sustrayéndola a<br />

la protección de la ley”.<br />

Así, existe desaparición forzada cuando concurren<br />

los siguientes elementos constitutivos: a)<br />

privación de la libertad; b) intervención directa de<br />

agentes estatales o aquiescencia de éstos; y, c) negativa<br />

a reconocer la detención y revelar la suerte o<br />

paradero del sujeto cuya desaparición se reclama. 19<br />

La desaparición forzada tiene carácter continuo<br />

o permanente y alcance pluriofensivo.<br />

Debido a la situación agravada de vulnerabilidad<br />

en la que se encuentra la víctima, en una<br />

desaparición forzada pueden violarse los siguientes<br />

derechos: a la integridad personal; al reconocimiento<br />

de la personalidad jurídica; a la libertad y<br />

seguridad de la persona; a no ser sometido a torturas<br />

ni a otros tratos o penas crueles, inhumanos<br />

o degradantes; a la vida (aún y cuando no se sepa<br />

si la persona falleció); a la identidad; a un juicio<br />

imparcial y a las debidas garantías judiciales; a un<br />

recurso efectivo, con reparación e indemnización;<br />

a conocer la verdad. Además se violenta el derecho<br />

a la integridad psíquica y moral de familiares de<br />

las víctimas, así como su derecho de acceso a la<br />

justicia y se les somete a una forma de trato cruel<br />

e inhumano.<br />

En virtud de lo anterior, la prohibición de la<br />

desaparición forzada ha alcanzado el carácter de<br />

jus cogens. 20 Mientras que la práctica generalizada<br />

o sistemática de la desaparición forzada constituye<br />

un crimen de lesa humanidad 21 y permite<br />

su persecución bajo el principio de jurisdicción<br />

universal.<br />

1. EL GRUPO DE TRABAJO SOBRE DE-<br />

SAPARICIONES FORZADAS DE LA<br />

ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES<br />

UNIDAS<br />

En 1978, en su resolución 33/173, la ONU<br />

expresó su preocupación por los informes procedentes<br />

de diversas partes del mundo relativos a la<br />

desaparición forzada o involuntaria de personas.<br />

Por resolución Nº 20 (XXXVI) del 29 de febrero de<br />

185


Julieta Morales Sánchez<br />

1980, la Comisión de Derechos Humanos (ahora<br />

Consejo) decidió “establecer por un período de un<br />

año un Grupo de Trabajo compuesto por cinco de<br />

sus miembros, en calidad de expertos a título individual,<br />

para examinar cuestiones relativas a desapariciones<br />

forzadas o involuntarias de personas”. 22<br />

El Grupo de Trabajo sobre las Desapariciones Forzadas<br />

o Involuntarias fue el primer mecanismo temático<br />

de derechos humanos de las Naciones Unidas<br />

que recibió un mandato universal.<br />

El número total de casos transmitidos por el<br />

Grupo de Trabajo a los gobiernos desde su creación<br />

asciende a 53.232. El número de casos que siguen<br />

en estudio por no haberse esclarecido, cerrado<br />

o discontinuado se eleva a 42,600 y atañe a 82<br />

Estados. En los cinco últimos años, el Grupo de<br />

Trabajo ha logrado esclarecer 1,776 casos. 23 “Por<br />

razones totalmente ajenas a la voluntad del Grupo<br />

de Trabajo, tan solo se ha aclarado alrededor<br />

del 20% del total de casos”. 24<br />

1.1. Brasil<br />

Entre 1980 y 2009 se han transmitido al gobierno<br />

brasileño 63 casos, de los cuales 46 han<br />

sido resueltos por él y 4 por organizaciones no gubernamentales;<br />

de los 50 casos resueltos, 1 concluyó<br />

en libertad y en 49 se constató la muerte de<br />

la persona previamente desaparecida. 25<br />

En su Informe 2009, el Grupo de trabajo refiere<br />

que volvió a transmitir todos los casos sin<br />

resolver al Gobierno brasileño y que no se recibió<br />

ninguna respuesta de su parte. El Grupo también<br />

insta al Gobierno a ratificar la Convención Internacional<br />

para la protección de todas las personas<br />

contra las desapariciones forzadas y aceptar la<br />

competencia del Comité con arreglo a los artículos<br />

31 y 32. 26<br />

1.2. México<br />

Durante las décadas de los 70’s y 80’s en<br />

América Latina imperaban los golpes de estado y<br />

se imponían dictaduras militares, ello produjo la<br />

desaparición de las voces disidentes, mientras que<br />

en otras partes de América surgían guerrillas en<br />

contra del status quo.<br />

En México esta época estuvo marcada por<br />

movimientos guerrilleros tanto rurales como urbanos.<br />

Ello derivó en una política de contrainsurgencia<br />

del Estado mexicano contra dichos<br />

movimientos, siendo los militares, los principales<br />

ejecutores de las acciones, quienes realizaron<br />

detenciones ilegales, torturas, desapariciones forzadas,<br />

ejecuciones extrajudiciales, etc. En 2006,<br />

la Fiscalía Especial para Movimientos Sociales y<br />

186<br />

Políticos del Pasado contabilizó no menos de 700<br />

desapariciones forzadas cometidas entre los años<br />

1968 y 1985. Vale la pena señalar que México,<br />

a diferencia de otros países americanos, no estaba<br />

caracterizado como una dictadura militar sino<br />

como un gobierno “democrático” y a pesar de ello<br />

recurrió a estas prácticas. La Comisión Nacional<br />

de los Derechos Humanos emitió la Recomendación<br />

026/2001, en la que indicó que existieron<br />

308 casos de desaparición forzada a la zona rural<br />

y 174 a la zona urbana durante aquella época.<br />

Desde su creación (en 1980), el Grupo de<br />

Trabajo sobre Desapariciones Forzadas o Involuntarias<br />

ha transmitido 392 casos al Gobierno mexicano,<br />

de los cuales 24 se han esclarecido sobre<br />

la base de la información suministrada por fuentes<br />

no gubernamentales, 134 se han esclarecido<br />

sobre la base de la información aportada por el<br />

Gobierno, 16 se han discontinuado y 218 siguen<br />

sin resolverse. 27<br />

Según datos del Grupo de Trabajo, en 2009<br />

fueron transmitidos al gobierno mexicano <strong>10</strong> casos<br />

–6 casos remitidos en virtud del procedimiento<br />

de urgencia y 4 en virtud de procedimiento ordinario–,<br />

de los cuales 3 fueron esclarecidos. Se<br />

debe mencionar que es preocupante que durante<br />

2009 el Grupo de Trabajo haya enviado una carta<br />

de intervención inmediata y procedimientos<br />

especiales por amenazas y actos de intimidación<br />

sufridos por familiares de víctimas de desapariciones<br />

forzadas e integrantes de organizaciones no<br />

gubernamentales de derechos humanos.<br />

Así también durante 2009 se enviaron 6 medidas<br />

urgentes al gobierno mexicano, algunas en<br />

relación con niñas y niños.<br />

IV. DESAPARICIÓN FORZADA Y CORTE<br />

INTERAMERICANA DE DERECHOS<br />

HUMANOS<br />

Desde su primera sentencia en el caso Velásquez<br />

Rodríguez, 28 que precedió a las normas<br />

internacionales sobre desaparición forzada de personas,<br />

29 la Corte elaboró una doctrina sobre esta<br />

materia, que se mantiene en vigor: la desaparición<br />

forzada es una violación de carácter continuo o permanente<br />

30 con proyección pluriofensiva. 31<br />

En el examen de esta materia, la Corte hace<br />

notar que algunas violaciones se consuman instantáneamente<br />

(ej., las ejecuciones extrajudiciales),<br />

en tanto otras se prolongan en el tiempo (ej.,<br />

desaparición forzada). Esta continuidad de la violación<br />

posee importantes consecuencias sobre la<br />

capacidad de conocimiento de la Corte, que pue-


de pronunciarse al respecto aunque el hecho se<br />

haya iniciado antes de que el Estado reconociera<br />

la competencia contenciosa de la Corte, si la violación<br />

persiste después de este reconocimiento. 32<br />

Así, el carácter continuo de la desaparición forzada<br />

ha permitido que la Corte Interamericana de<br />

Derechos Humanos conozca de estos casos sin que<br />

la competencia ratione temporis sea una limitante;<br />

es decir, el hecho de que la desaparición forzada se<br />

siga cometiendo a cada momento hasta en tanto<br />

no se sepa el paradero de la persona, ha permitido<br />

que la jurisdicción internacional actúe y sentencie a<br />

estos delitos aunque la desaparición se haya producido<br />

años antes de la aceptación de la competencia<br />

de la Corte Interamericana de Derechos Humanos,<br />

tal y como aconteció en el Caso Radilla Pacheco<br />

–cuya desaparición sucedió en 1974– en relación<br />

con México que reconoció la competencia de la<br />

Corte Interamericana en 1998. 33<br />

La necesidad de considerar integralmente la<br />

desaparición forzada, en forma autónoma y con<br />

aquel carácter, considerando los elementos que en<br />

ella concurren, interconectados, queda de manifiesto<br />

tanto en la jurisprudencia constante del tribunal<br />

como en los artículos II y III de la Convención Interamericana<br />

sobre Desaparición Forzada de Personas<br />

y sus trabajos preparatorios y preámbulo. 34 En<br />

efecto, esa forma de desaparición afecta diferentes<br />

bienes jurídicos y se presenta de manera ininterrumpida<br />

o continua por decisión de quienes la<br />

perpetran, en tanto permanentemente se niegan a<br />

informar sobre el paradero de la víctima mantienen<br />

la violación a cada momento. 35<br />

La desaparición forzada implica una violación<br />

de la libertad personal; empero, también entraña<br />

vulneración de la integridad: en efecto, el aislamiento<br />

prolongado y la incomunicación coactiva<br />

constituyen un tratamiento cruel e inhumano. La<br />

desaparición afecta todas las dimensiones de la<br />

integridad personal. 36<br />

Algunos analistas de esta materia consideran<br />

que sólo existe violación grave de derechos humanos<br />

cuando la desaparición se inscribe en un<br />

patrón sistemático o en una práctica aplicada o<br />

tolerada por el Estado, idea que ha sido explícitamente<br />

rechazada por algunos jueces 37 de la Corte<br />

Interamericana. Ya que se trata de una violación<br />

de lesa humanidad que implica el inadmisible<br />

abandono de los principios en que se sustenta el<br />

sistema interamericano, 38 la desaparición debe<br />

ser enérgicamente reprobada en todos los casos.<br />

Los derechos humanos cuya violación se realiza<br />

a través de la desaparición forzada, suelen tener<br />

carácter inderogable. 39<br />

Violaciones Graves de Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho:<br />

El Caso de la Desaparición Forzada<br />

1. LA RECEPCIÓN DE LAS SENTENCIAS<br />

DE LA CORTE INTERAMERICANA AL<br />

INTERIOR DE LOS PAÍSES: EL CASO<br />

RADILLA PACHECO<br />

En este apartado se tomará como referencia<br />

al Estado mexicano, ello en virtud de la relativamente<br />

reciente –noviembre de 2009– sentencia<br />

vinculada a desaparición forzada emitida por la<br />

Corte Interamericana. En ella se estableció que<br />

los jueces tienen la obligación de realizar el control<br />

de convencionalidad.<br />

Para vislumbrar cómo vincula esta sentencia<br />

al Poder Judicial de la Federación, la Suprema Corte<br />

de Justicia mexicana (en adelante, SCJN) inició el<br />

Expediente 489/20<strong>10</strong>, en cuanto al procedimiento<br />

y medidas que deben seguirse por el Poder Judicial<br />

de la Federación para atender la sentencia Radilla<br />

Pacheco de la Corte Interamericana de Derechos<br />

Humanos, y discutió el asunto en las sesiones del<br />

31 de agosto, 2, 6 y 7 de septiembre de 20<strong>10</strong>. 40 Sin<br />

embargo, la Suprema Corte no llegó a un acuerdo<br />

y terminó designando a otro ministro instructor<br />

y acordando realizar las discusiones ya no en las<br />

sesiones públicas sino en sesiones privadas. La Suprema<br />

Corte no pudo determinar si la sentencia<br />

Radilla Pacheco de la Corte Interamericana vincula<br />

o no al Poder Judicial de la Federación.<br />

El gobierno federal mexicano, en su momento,<br />

admitió “que México ratificó la Convención<br />

Americana sobre Derechos Humanos el 24 de<br />

marzo de 1981 y reconoció la competencia contenciosa<br />

de la Corte Interamericana de Derechos<br />

Humanos el 16 de diciembre de 1998. Desde esta<br />

última fecha, los fallos de ese Tribunal Internacional<br />

son jurídicamente vinculantes para el Estado<br />

Mexicano”. 41<br />

La SCJN, hasta el momento, no se ha pronunciado<br />

sobre el cumplimiento de la sentencia<br />

Radilla Pachecho, lo cual puede generar incertidumbre<br />

en su cumplimiento por los tribunales<br />

federales, más aún con la emisión –en agosto de<br />

20<strong>10</strong>– de dos sentencias más de la Corte Interamericana<br />

en contra del Estado mexicano que reiteran<br />

la obligación de realizar el control de convencionalidad<br />

para los jueces. 42<br />

Claramente el Estado mexicano es una unidad<br />

jurídica y no es viable sostener que una sentencia<br />

de la Corte Interamericana vincula sólo a<br />

alguno de los poderes y a otros no, o vincula más<br />

a unos que a otros poderes.<br />

Dentro de un Estado Democrático y Constitucional<br />

de Derecho, no puede crearse un régimen<br />

187


Julieta Morales Sánchez<br />

excepcional de aplicación de las sentencias de la jurisdicción<br />

interamericana ya que ello podría ser peligroso<br />

para la vigencia de los derechos en México.<br />

Si la SCJN llegara a deslindarse de este cumplimiento<br />

o matizara los efectos de la sentencia al<br />

interior del PJF se podría exponer al Estado mexicano<br />

a incurrir en responsabilidad internacional por<br />

los mismos hechos que ya fueron sentenciados en<br />

el Caso Radilla Pacheco. Considerando el requisito<br />

de previo agotamiento de los recursos internos que<br />

se exige para activar a la jurisdicción internacional<br />

–la cual tiene una intervención subsidiaria y<br />

complementaria–, las sentencias emitidas por los<br />

órganos que conforman el PJF son fundamentales,<br />

es decir, si las resoluciones emitidas por el Poder<br />

Judicial Federal hicieran caso omiso al deber de<br />

control de convencionalidad impuesto a la Corte<br />

Interamericana, el caso podría llegar a la instancia<br />

internacional. Así, una actuación elusiva en este<br />

sentido puede someter al Estado mexicano a sucesivas<br />

sentencias condenatorias por parte de la Corte<br />

Interamericana de Derechos Humanos.<br />

Por lo anterior, es necesario que la SCJN<br />

huya de interpretaciones restrictivas que puedan<br />

traer resultados negativos para la vigencia de los<br />

derechos humanos en nuestro país, más aún frente<br />

al complejo contexto que se vive actualmente.<br />

Una muestra de este tipo de interpretación limitativa<br />

se produjo en la Corte Suprema de los Estados<br />

Unidos de América en el caso de José Ernesto<br />

Medellín vs Texas, el 25 de marzo de 2008 43 , en<br />

el cual se desconoció la sentencia de la Corte Internacional<br />

de Justicia en el Caso Avena y otros<br />

nacionales mexicanos. El Estado mexicano, en su<br />

momento, expresó su preocupación por el hecho<br />

de que la sentencia, “que utiliza como fundamento<br />

disposiciones de derecho interno, siente un precedente<br />

que faculte a tribunales de ese país a no<br />

dar cumplimiento a las obligaciones internacionales<br />

asumidas por Estados Unidos”. 44 A pesar de<br />

ello algunos de los cuestionables argumentos de<br />

la Corte Suprema de Estados Unidos de América<br />

surgieron en el debate que se realizó al interior del<br />

Pleno de la SCJN.<br />

La resolución que a este respecto tome la<br />

SCJN sería relevante ya que podría fortalecer la<br />

protección de los derechos humanos en nuestro<br />

país pero, por otro lado, también podría sentar un<br />

precedente de desconocimiento y desacato a la jurisdicción<br />

interamericana, lo cual puede poner en<br />

riesgo los derechos humanos en México.<br />

Las obligaciones que en específico debe atender<br />

el Poder Judicial conforme a la sentencia de la<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos son:<br />

188<br />

• En relación con las prácticas judiciales,<br />

este Tribunal ha establecido en su jurisprudencia<br />

que es consciente de que los<br />

jueces y tribunales internos están sujetos<br />

al imperio de la ley y, por ello, están obligados<br />

a aplicar las disposiciones vigentes<br />

en el ordenamiento jurídico. Pero cuando<br />

un Estado ha ratificado un tratado internacional<br />

como la Convención Americana,<br />

sus jueces, como parte del aparato del<br />

Estado, también están sometidos a ella, lo<br />

que les obliga a velar porque los efectos de<br />

las disposiciones de la Convención no se<br />

vean mermados por la aplicación de leyes<br />

contrarias a su objeto y fin, que desde un<br />

inicio carecen de efectos jurídicos. En otras<br />

palabras, el Poder Judicial debe ejercer un<br />

“control de convencionalidad” ex officio<br />

entre las normas internas y la Convención<br />

Americana, evidentemente en el marco de<br />

sus respectivas competencias y de las regulaciones<br />

procesales correspondientes. En esta<br />

tarea, el Poder Judicial debe tener en cuenta<br />

no solamente el tratado, sino también la<br />

interpretación que del mismo ha hecho la<br />

Corte Interamericana, intérprete última de<br />

la Convención Americana (párrafo 339 de<br />

la Sentencia Radilla Pacheco).<br />

• Es necesario que las interpretaciones constitucionales<br />

y legislativas referidas a los<br />

criterios de competencia material y personal<br />

de la jurisdicción militar en México,<br />

se adecuen a los principios establecidos<br />

en la jurisprudencia de este Tribunal, los<br />

cuales han sido reiterados en el presente<br />

caso (párrafo 340). Si los actos delictivos<br />

cometidos por una persona que ostente la<br />

calidad de militar en activo no afectan los<br />

bienes jurídicos de la esfera castrense, dicha<br />

persona debe ser siempre juzgada por tribunales<br />

ordinarios. En este sentido, frente a<br />

situaciones que vulneren derechos humanos<br />

de civiles bajo ninguna circunstancia<br />

puede operar la jurisdicción militar (párrafo<br />

274 de la sentencia Radilla Pacheco).<br />

• El Estado deberá implementar “Programas<br />

o cursos permanentes relativos al<br />

análisis de la jurisprudencia del Sistema<br />

Interamericano de Protección de los Derechos<br />

Humanos en relación con los límites<br />

de la jurisdicción penal militar…<br />

dirigidos a… jueces del Poder Judicial de<br />

la Federación (párrafo 347 de la sentencia<br />

Radilla Pacheco)”.


Tanto a nivel nacional 45 como en otros países<br />

46 existen criterios relevantes sobre la necesidad<br />

de dar fiel cumplimiento a las sentencias internacionales<br />

a través de todos los órganos de un<br />

Estado sentenciado.<br />

V. AGENDA PENDIENTE EN EL COMBA-<br />

TE A LA DESAPARICIÓN FORZADA<br />

EN AMÉRICA: UN BREVE PLANTEA-<br />

MIENTO<br />

Sólo 7 países 47 han reconocido la competencia<br />

del Comité contra la Desaparición Forzada<br />

prevista por los artículos 31 y 32 de la Convención<br />

Internacional. Ni México, ni Brasil lo han<br />

hecho. Es fundamental que los países americanos<br />

acepten esta competencia para combatir la desaparición<br />

forzada tan característica –desafortunadamente–<br />

de nuestro contexto geográfico. 48<br />

Los Estados deben de consolidar una cultura<br />

de respeto y protección a los derechos humanos<br />

Violaciones Graves de Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho:<br />

El Caso de la Desaparición Forzada<br />

y capacitar a sus agentes para que no violenten<br />

los derechos. Los Estados deben entender que no<br />

pueden “desaparecer” a las voces disidentes en<br />

ningún contexto pero sobre todo en ámbitos tan<br />

complejos como el americano, marcado por la pobreza,<br />

desigualdad e injusticia. Hoy día vivimos<br />

en sociedades heterogéneas y plurales, donde las<br />

mayorías tienen que respetar plenamente los derechos<br />

de las minorías.<br />

Es importante cuidar que la historia de desapariciones<br />

forzadas sistemáticas que se vivió en<br />

América Latina no vuelva a repetirse, 49 además de<br />

ello se requiere erradicar estas prácticas de los sistemas<br />

democráticos americanos en consolidación<br />

para permitir que sean una realidad. No es posible<br />

que los Estados sigan perpetrando violaciones<br />

graves a los derechos humanos en contra de las<br />

personas sujetas a su jurisdicción y es también<br />

reprobable que brinden su aquiescencia en su comisión<br />

o que perpetúen la impunidad frente a este<br />

tipo de delitos.<br />

189


Julieta Morales Sánchez<br />

1. Al menos en los occidentales y aún en ellos con<br />

matices.<br />

2. Artículo 3º de la Constitución Política de los<br />

Estados Unidos Mexicanos.<br />

3. Saba, Roberto, “Discriminación, trato igual<br />

e inclusión”, en Abregú, Martín y Courtis,<br />

Christian, La aplicación de los tratados sobre<br />

derechos humanos por los tribunales locales,<br />

Centro de Estudios Legales y Sociales, Editores<br />

del Puerto, Buenos Aires, 2004. pp. 574-576.<br />

4. Idem.<br />

5. Cfr. Carpizo, Jorge, “Tendencias actuales del<br />

constitucionalismo Latinoamericano”, en<br />

Carbonell, Miguel, Carpizo, Jorge y Zovatto,<br />

Daniel (coords.), Tendencias del Constitucionalismo<br />

en Iberoamérica, UNAM, <strong>Instituto</strong><br />

Iberoamericano de Derecho Constitucional,<br />

<strong>Instituto</strong> Internacional para la Democracia y<br />

la Asistencia Electoral, Agencia Española de<br />

Cooperación Internacional para el Desarrollo,<br />

México, 2009, p. 5.<br />

6. Ferrajoli, Luigi, Democracia y garantismo, trad.<br />

Miguel Carbonell, Trotta, Madrid, p. 27.<br />

7. Idem.<br />

8. González Amuchastegui, Jesús, Autonomía,<br />

Dignidad y Ciudadanía. Una teoría de los derechos<br />

humanos, Tirant lo Blanch, Valencia,<br />

2004, pp. 468-469.<br />

9. García Méndez, Emilio, “Diritti umani: origine,<br />

senso e futuro. Reflessioni per una nuova<br />

agenda”, Ragion Pratica, Nº 26, giugno 2006, il<br />

Mundo, p. 171.<br />

<strong>10</strong>. Aragón Reyes, Manuel, Estudios de Derecho<br />

Constitucional, Centro de Estudios Políticos y<br />

Constitucionales, Madrid, 1998, p. 147.<br />

11. Ibidem, p. 148.<br />

12. Cfr. Ibidem, pp. 150-151.<br />

13. México ocupa el lugar 98 –de 178 países– con<br />

una calificación de 3.1 en el Índice de Percepción<br />

de la Corrupción 20<strong>10</strong> de Transparency<br />

International mientras que Brasil obtuvo una<br />

calificación de 3.7 y ocupa el lugar 69. La Puntuación<br />

del IPC correspondiente a un país indica<br />

el grado de corrupción en el sector público<br />

según la percepción de empresarios y analistas<br />

de ese país, entre <strong>10</strong> (percepción de ausencia de<br />

corrupción) y 0 (percepción de muy corrupto).<br />

190<br />

NOTAS<br />

El primer lugar es ocupado por Dinamarca con<br />

un puntaje de 9.3. http://www.transparency.<br />

org/policy_research/surveys_indices/cpi/20<strong>10</strong>/<br />

results.<br />

14. En México sólo uno de cada <strong>10</strong>0 delitos llega<br />

a tener ejecución de sentencia condenatoria; es<br />

decir, de los 7 millones 483 mil delitos, tanto de<br />

fuero común como fuer federal, que se han cometido<br />

en 20<strong>10</strong>, sólo 74 mil 835 han sido condenados,<br />

revela el estudio Propuestas del Tecnológico<br />

de Monterrey para mejorar la Seguridad<br />

Pública. El análisis indica que de este universo<br />

delictivo tan sólo se denuncian 64 mil delitos,<br />

lo que equivale al 22 por ciento de los casos. De<br />

estas 64 mil denuncias sólo se le inicia averiguación<br />

al 15 por ciento, de las cuales, únicamente<br />

se concluyen el 4 por ciento. http://www.milenio.com/node/572453<br />

y http://www.itesm.mx/<br />

webtools/seguridad/boletin_5_nov.html.<br />

15. Nino, Carlos Santiago, Un país al margen de la<br />

ley. Estudio de la anomia como componente del<br />

subdesarrollo argentino, Buenos Aires, Emecé,<br />

1992; y Zovatto, Daniel, et. al., Argentina:<br />

Una sociedad anómica. Encuesta de cultura<br />

constitucional, UNAM, Asociación Argentina<br />

de Derecho constitucional, Idea Internacional,<br />

México, 2005, p. 8.<br />

16. Merton, Robert, Teoría y estructura sociales,<br />

México, Fondo de Cultura Económica, 1964; y<br />

Zovatto, Daniel, et. al., Argentina…, op. cit.,<br />

pp. <strong>10</strong>-11.<br />

17. Cfr. Corte Interamericana de Derechos Humanos:<br />

Caso Barrios Altos, sentencia del 14 de<br />

marzo de 2001, párr. 41.<br />

18. http://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.<br />

a s p x ? s r c = T R E AT Y & m t d s g _ n o = I V -<br />

-16&chapter=4&lang=en<br />

19. Cfr. Caso Ticona Estrada y otros, sentencia del<br />

27 de noviembre de 2008, párr. 55.<br />

20. Corte Interamericana de Derechos Humanos:<br />

Caso Goiburú y otros, sentencia del 22 de noviembre<br />

de 2006, párr. 84; Caso Anzualdo Castro,<br />

sentencia del 22 de septiembre de 2009,<br />

párr. 59; y Caso Radilla Pacheco, sentencia del<br />

23 de noviembre de 2009, párr. 139.<br />

21. Preámbulo de la Convención Interamericana<br />

sobre Desaparición Forzada de Personas y Preámbulo<br />

de la Convención Internacional para<br />

la Protección de todas las Personas contra las


Desapariciones Forzadas, http://ap.ohchr.org/<br />

documents/dpage_s.aspx?m=119<br />

22. Desde 1986 la renovación se ha hecho bienalmente<br />

y, desde 1992, cada tres años. La última<br />

resolución por la que se renueva el mandato del<br />

Grupo de Trabajo fue adoptada por el Consejo<br />

de Derechos Humanos en 2008. El Grupo de<br />

Trabajo ayuda a los familiares de las personas<br />

desaparecidas a averiguar el paradero de éstas.<br />

23. Informe del Grupo de Trabajo sobre las Desapariciones<br />

Forzadas o Involuntarias, 21 de diciembre<br />

de 2009.<br />

24. Desapariciones forzadas o involuntarias,<br />

Folleto informativo Nº 6/Rev.3, Oficina del<br />

Alto Comisionado de las Naciones Unidas para<br />

los Derechos Humanos.<br />

25 Ídem.<br />

26. Informe del Grupo de Trabajo sobre las Desapariciones<br />

Forzadas o Involuntarias, Consejo<br />

de Derechos Humanos, 21 de diciembre<br />

de 2009, http://daccess-dds-ny.un.org/doc/<br />

UNDOC/GEN/G09/177/07/PDF/G0917707.<br />

pdf?OpenElement<br />

27. Cfr. Informe del Grupo de Trabajo…, cit.<br />

28. Cfr. Caso Velásquez Rodríguez, sentencia del<br />

29 de julio de 1988, párr. 155.<br />

29. El caso Velásquez Rodríguez fue sometido a la<br />

Corte por demanda de la Comisión Interamericana,<br />

el 24 de abril de 1986.<br />

30. La Corte ha invocado, en su Caso Heliodoro<br />

Portugal –sentencia del 12 de agosto de 2008–,<br />

al Tribunal Europeo de Derechos Humanos,<br />

que ha considerado la desaparición forzada de<br />

personas como un delito continuo o permanente.<br />

Loizidou v. Turkey, App. No. 15318/89, 513<br />

Eur. Ct. H.R. (1996).<br />

31. Cfr. Caso Heliodoro Portugal, cit., párrs. <strong>10</strong>6,<br />

112; y, Caso Ticona Estrada y otros, cit., párr. 54.<br />

32. Cfr. Caso Heliodoro Portugal, cit., párr. 34.<br />

33. Cfr. Caso Radilla Pacheco, cit., párrs. 15-50.<br />

34. Cfr. Caso Heliodoro Portugal, cit., párr. <strong>10</strong>7<br />

35 Cfr. Caso Ticona Estrada y otros, cit., párr. 56.<br />

36. Cfr. Caso Chaparro Álvarez y Lapo Iñiguez,<br />

sentencia del 21 de noviembre de 2007, párr.<br />

171; Caso Ticona Estrada y otros, cit., párr. 58.<br />

37. Los Jueces García-Sayán y García Ramírez sostienen:<br />

“Si se considerase que sólo hay desaparición<br />

forzada, en el sentido que ahora interesa,<br />

cuando ésta se produce en un contexto de<br />

violaciones sistemáticas y masivas de derechos,<br />

Violaciones Graves de Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho:<br />

El Caso de la Desaparición Forzada<br />

la consecuencia sería un preocupante descenso<br />

del nivel de tutela internacional de la persona,<br />

con la consecuente desprotección para víctimas<br />

actuales o potenciales de esa conducta ilícita.<br />

Cualquier elemento que se agregue a la configuración<br />

de ésta se apartaría de la Convención<br />

Interamericana y de los conceptos elaborados<br />

en las últimas tres décadas tanto en el sistema<br />

interamericano como en el universal y dejaría<br />

en la desprotección a millares de víctimas y de<br />

potenciales víctimas”. Voto razonado conjunto<br />

de los jueces Diego García-Sayán y Sergio<br />

García Ramírez en el Caso Ticona Estrada, cit.,<br />

párr. 7, http://www.corteidh.or.cr/casos.cfm (fecha<br />

de consulta: <strong>10</strong> de agosto de 2009).<br />

38. Cfr. id., párr. 118.<br />

39. Cfr. Caso Tiu Cojín, cit., párr. 53.<br />

40. Pueden verse las versiones taquigráficas en:<br />

http://www.scjn.gob.mx/ActividadJur/Pleno/<br />

SecretariaGeneraldeAcuerdos/VerEstenograficas/Documents/20<strong>10</strong>/Agosto/pl20<strong>10</strong>0831.pdf<br />

(31 de agosto); http://www.scjn.gob.mx/ActividadJur/Pleno/SecretariaGeneraldeAcuerdos/VerEstenograficas/Documents/20<strong>10</strong>/Septiembre/pl20<strong>10</strong>0902.pdf<br />

(2 de septiembre); http://<br />

www.scjn.gob.mx/ActividadJur/Pleno/SecretariaGeneraldeAcuerdos/VerEstenograficas/Documents/20<strong>10</strong>/Septiembre/pl20<strong>10</strong>0906v2.pdf<br />

(6 de septiembre); http://www.scjn.gob.mx/ActividadJur/Pleno/SecretariaGeneraldeAcuerdos/VerEstenograficas/Documents/20<strong>10</strong>/Septiembre/pl20<strong>10</strong>0907v2.pdf<br />

(7 de septiembre).<br />

41. Acuerdo por el que se ordena la publicación de<br />

los párrafos uno a siete, cincuenta y dos a sesenta<br />

y seis, y ciento catorce a trescientos cincuenta<br />

y ocho de la Sentencia emitida el veintitrés<br />

de noviembre de dos mil nueve, por la<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos,<br />

en el caso número 12.511, Rosendo Radilla Pacheco<br />

vs. Estados Unidos Mexicanos, publicado<br />

en el Diario Oficial de la Federación el 9 de<br />

febrero de 20<strong>10</strong>.<br />

42. Cfr. Caso Fernández Ortega y otros, sentencia<br />

del 30 de agosto de 20<strong>10</strong>, párr. 236; y Caso Rosendo<br />

Cantú y otra, sentencia del 31 de agosto<br />

de 20<strong>10</strong>, párr. 219.<br />

43. Puede verse la sentencia completa en http://www.<br />

supremecourtus.gov/opinions/07pdf/06-984.pdf<br />

(fecha de consulta: 3 de septiembre de 20<strong>10</strong>).<br />

44. Comunicado 082, del 31 de marzo de 2008,<br />

http://www.sre.gob.mx/csocial/contenido/comunicado<br />

s/2008/mar/cp_082.html (fecha de<br />

consulta: 3 de septiembre de 20<strong>10</strong>).<br />

191


Julieta Morales Sánchez<br />

45. Reciente tesis del Cuarto Tribunal Colegiado en<br />

materia administrativa del Primer Circuito en<br />

México indica que “cuando un Estado, como<br />

en este caso México, ha ratificado un tratado<br />

internacional, como lo es la Convención Americana<br />

sobre Derechos Humanos, sus Jueces,<br />

como parte del aparato estatal, deben velar porque<br />

las disposiciones ahí contenidas no se vean<br />

mermadas o limitadas por disposiciones internas<br />

que contraríen su objeto y fin, por lo que se<br />

debe ejercer un ‘control de convencionalidad’<br />

entre las normas de derecho interno y la propia<br />

convención, tomando en cuenta para ello no<br />

sólo el tratado, sino también la interpretación<br />

que de él se ha realizado”. Tesis I.4o.A.91 K, Semanario<br />

Judicial de la Federación y su Gaceta,<br />

XXXI, Marzo de 20<strong>10</strong>, p. 2927.<br />

46. La Corte Suprema de Argentina estableció<br />

la necesidad de que los tribunales argentinos<br />

eviten que el Estado incurra en responsabilidad<br />

internacional por incumplimiento de un<br />

tratado y ha resaltado la necesidad de que implementen<br />

las obligaciones internacionales de<br />

la Nación a través de las sentencias judiciales.<br />

Corte Suprema argentina, caso Ekmekdjian,<br />

Miguel A. c/ Sofovich, Gerardo y otros, fallo<br />

315:1492, 7 de julio de 1992, considerando<br />

22, revista Diálogo Jurisprudencial. Derecho<br />

Internacional de los Derechos Humanos. Tribunales<br />

Nacionales. Corte Interamericana de<br />

Derechos Humanos, <strong>Instituto</strong> Interamericano<br />

de Derechos Humanos/Corte Interamericana<br />

de Derechos Humanos/Universidad Nacional<br />

Autónoma de México/Fundación Konrad Adenauer,<br />

número 1, julio-diciembre de 2006, México,<br />

p.15. La Sala Constitucional de la Corte<br />

Suprema de Costa Rica consideró que “si la<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos<br />

es el órgano natural para interpretar la Convención<br />

Americana sobre Derechos Humanos<br />

(Pacto de San José de Costa Rica), la fuerza de<br />

su decisión al interpretar la Convención y enjuiciar<br />

leyes nacionales a la luz de esta normativa,<br />

ya sea en caso contencioso o en una mera<br />

consulta, tendrá -de principio- el mismo valor<br />

de la norma interpretada”. Sala Constitucional<br />

de la Corte Suprema de Justicia de Costa<br />

Rica, Acción de Inconstitucionalidad contra<br />

el artículo 22 de la Ley Orgánica del Colegio<br />

de Periodistas, expediente 0421-S-90, número<br />

2313-95, 9 de mayo de 1995, considerando<br />

VII. Revista Diálogo Jurisprudencial…, op. cit,<br />

p. 37. La Sala de lo Constitucional de la Corte<br />

Suprema de Justicia de El Salvador determinó<br />

que “corresponde al derecho interno, incluido<br />

192<br />

el constitucional, asegurar la implementación<br />

de las normas más favorables a la dignidad de<br />

la persona humana… el derecho constitucional<br />

y la jurisdicción constitucional debe abrir<br />

los espacios normativos a la regulación internacional<br />

sobre derechos humanos”. Sala de lo<br />

Constitucional de la Corte Suprema de Justicia<br />

de El Salvador, Caso de Inconstitucionalidad<br />

de la Ley Anti Maras, sentencia 52-2003/56-<br />

2003/57-2003, 1 de abril de 2004. En revista<br />

Diálogo Jurisprudencial. Derecho Internacional<br />

de los Derechos Humanos. Tribunales Nacionales.<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos,<br />

<strong>Instituto</strong> Interamericano de Derechos<br />

Humanos/Corte Interamericana de Derechos<br />

Humanos/ Universidad Nacional Autónoma<br />

de México/Fundación Konrad Adenauer, número<br />

1, julio-diciembre de 2006, pp.158-161.<br />

El Tribunal Constitucional del Perú habló de<br />

la existencia de “un deber adicional para todos<br />

los poderes públicos; a saber, la obligatoria observancia<br />

tanto de los tratados sobre derechos<br />

humanos ratificados por el Perú, como de la interpretación<br />

de ellos realizada en todo proceso<br />

por los tribunales internacionales constituidos<br />

según tratados de los que el Perú es parte. Lo<br />

expuesto, desde luego, no alude a una relación<br />

de jerarquización formalizada entre los tribunales<br />

internacionales de derechos humanos y<br />

los tribunales internos, sino a una relación de<br />

cooperación en la interpretación pro homine de<br />

los derechos fundamentales”. Tribunal Constitucional<br />

de Perú, expediente N2730-2006-PA/<br />

CT, Caso de Arturo Castillo Chirinos, 21 de<br />

julio de 2006 en revista Diálogo Jurisprudencial.<br />

Derecho Internacional de los Derechos<br />

Humanos. Tribunales Nacionales. Corte Interamericana<br />

de Derechos Humanos, <strong>Instituto</strong><br />

Interamericano de Derechos Humanos/<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos/<br />

Universidad Nacional Autónoma de México/<br />

Fundación Konrad Adenauer, número 2, enero-<br />

-junio de 2007, México, pp. 275-300.<br />

47. Albania, Argentina, Chile, Francia, Japón, Malí,<br />

Uruguay. http://treaties.un.org/Pages/View-<br />

Details.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=IV-<br />

-16&chapter=4&lang=en<br />

48. La diferencia importante entre el Comité y el<br />

Grupo de Trabajo es que la competencia del<br />

Comité sólo se extiende a las desapariciones<br />

forzadas perpetradas en un Estado parte en la<br />

Convención, mientras que el Grupo de Trabajo<br />

puede actuar sobre cualquier caso denunciado<br />

de desaparición que haya tenido lugar en cualquier<br />

país, sin que importe si el Estado de que


se trate ha ratificado los tratados internacionales<br />

de derechos humanos pertinentes.<br />

49. Según el Informe del Grupo de Trabajo, entre<br />

los estados mexicanos que presentan mayor<br />

número de desapariciones forzadas en 2009<br />

están: Guerrero, Morelos, Oaxaca, Hidalgo, Ta-<br />

Violaciones Graves de Derechos Humanos como Paradojas del Estado Democrático de Derecho:<br />

El Caso de la Desaparición Forzada<br />

maulipas y Nayarit. En estos mismos estados<br />

se produjo esta situación durante las décadas<br />

de los 70’s y 80’s, según se refiere en la Recomendación<br />

26/2001 de la Comisión Nacional<br />

de los Derechos Humanos.<br />

193


LA COMISIÓN DE LA VERDAD Y RECONCILIACIÓN<br />

EN EL PERÚ Y LA PERSPECTIVA DE GÉNERO:<br />

1 2<br />

PRINCIPALES LOGROS Y HALLAZGOS<br />

1. ANTECEDENTES<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación<br />

del Perú (CVR) fue creada en el año 2001 3 , en un<br />

difícil contexto político, luego de que el Presidente<br />

Alberto Fujimori abandonara el país rumbo al<br />

Japón y durante el gobierno transicional de Valentín<br />

Paniagua. El objetivo principal de la CVR<br />

era investigar los crímenes y violaciones de derechos<br />

humanos ocurridos entre mayo de 1980<br />

y noviembre de 2000, a cargo de los actores del<br />

conflicto armado interno, esto es, el Estado peruano<br />

y los grupos subversivos Sendero Luminoso<br />

(SL) y el Movimiento Revolucionario Túpac Amaru<br />

(MRTA). El nuevo gobierno de Alejandro Toledo<br />

reafirmó la vigencia de la CVR, amplió el número<br />

de comisionados a doce y cambió su denominación<br />

añadiendo el término “reconciliación” 4 .<br />

El 28 de agosto de 2003, el Informe Final<br />

de la CVR 5 fue presentado en el Palacio de Gobierno.<br />

Ante el Presidente Alejandro Toledo, Salomón<br />

Lerner Febres, Presidente de la CVR, dio<br />

a conocer los dramáticos resultados de casi dos<br />

años de trabajo. Lo propio se hizo un par de días<br />

después en Ayacucho, ciudad donde se inició el<br />

conflicto armado.<br />

Los hallazgos de la CVR son impactantes y<br />

en los nueve voluminosos tomos del informe se<br />

dio cuenta del desarrollo del proceso de violencia,<br />

de los actores del conflicto, de los crímenes y violaciones<br />

de derechos humanos, así como de las secuelas<br />

de la violencia. Asimismo, se incluyó una<br />

serie de recomendaciones orientadas al compromiso<br />

final de la reconciliación, las cuales estaban<br />

referidas al desarrollo de reformas institucionales,<br />

al Programa Integral de Reparaciones (PIR) y el<br />

Plan Nacional de Intervención Antropológico-<br />

-Forense. Finalmente, se estableció una serie de<br />

mecanismos de seguimiento de las recomendaciones<br />

de la CVR.<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Julissa Mantilla Falcón<br />

Abogada; ex Responsable de la Línea de Género y Abogada del Equipo Jurídico de la CVR;<br />

Encargada de la investigación de los casos de violencia sexual contra las mujeres.<br />

Adicionalmente a estos importantes hallazgos<br />

y aportes, el Informe de la CVR marcó un hito<br />

significativo al incorporar un análisis del impacto<br />

diferenciado de la violencia por razones de género,<br />

además de incluir un capítulo específico sobre violencia<br />

sexual contra las mujeres.<br />

De esta manera, y a diferencia de experiencias<br />

previas, la CVR se constituyó en la primera<br />

comisión de la verdad en el mundo en contemplar<br />

una perspectiva de género desde el inicio de su trabajo,<br />

convirtiéndose así en un significativo precedente<br />

para el establecimiento y trabajo de futuras<br />

entidades de este tipo.<br />

Escuchar el discurso del Presidente de la<br />

CVR en la presentación del Informe Final, señalando<br />

claramente que entre los casos de violaciones<br />

masivas de derechos humanos acaecidas en<br />

el conflicto armado peruano debía incluirse los<br />

casos de violencia sexual contra las mujeres, fue<br />

quizás uno de los aspectos más importantes. 6 Lo<br />

que hacía no mucho era visto como normal y cotidiano,<br />

en ese momento era reconocido como una<br />

violación de derechos humanos que, debido a su<br />

carácter generalizado, puede plantearse además<br />

como un crimen de lesa humanidad.<br />

En este documento, se intenta dar una dimensión<br />

de la experiencia vivida, combinando los<br />

hallazgos profesionales y jurídicos del trabajo realizado<br />

con una visión personal del proceso para,<br />

finalmente, esbozar algunas sugerencias a futuras<br />

entidades de este tipo.<br />

El impacto diferenciado de la violencia:<br />

La desigualdad de género 7<br />

El Informe Final de la CVR reconoció que<br />

la violencia durante el conflicto armado interno<br />

afectó a los hombres y a las mujeres de manera<br />

diferente, según sus posiciones sociales y los roles<br />

de género que ostentaban. Debe entenderse que<br />

195


Julissa Mantilla Falcón<br />

las situaciones de desigualdad y discriminación,<br />

que existían previamente al conflicto, se encuentran<br />

presentes en los crímenes y violaciones a los<br />

derechos humanos que se produjeron. Asimismo,<br />

el Informe reconoce la existencia de violencia de<br />

género contra la mujer, esto es, violencia dirigida<br />

específicamente contra las mujeres y/o que las afecta<br />

en forma desproporcionada 8 , situación que no<br />

recibió la atención necesaria por parte de las autoridades<br />

ni de la sociedad en general. En este sentido,<br />

el Informe de la CVR tiene el mérito de destacar la<br />

situación de invisibilidad de la experiencia femenina<br />

en el conflicto y de dar cuenta de la respuesta de<br />

las mujeres ante la violencia, explicando las estrategias<br />

de sobrevivencia que desarrollaron, tanto a<br />

nivel individual como en las organizaciones locales,<br />

tal como se verá posteriormente.<br />

Durante el conflicto, la persecución de los<br />

varones con base en la idea estereotipada del hombre/guerrero<br />

tuvo efectos en las mujeres quienes<br />

fueron agredidas, en muchas circunstancias, por<br />

sus vínculos familiares y de afinidad con dichos<br />

varones. Asimismo, las afectaciones a los derechos<br />

de las mujeres se dieron durante los procesos<br />

de búsqueda de los varones desaparecidos y en la<br />

denuncia de los hechos de violencia.<br />

En cuanto a la información estadística, el Informe<br />

señala que los hombres entre 20 y 49 años<br />

conforman el grueso de las víctimas fatales reportadas<br />

a la CVR (más del 55%), mientras que las mujeres<br />

de todas las edades suman aproximadamente<br />

el 20% de las víctimas 9 . Asimismo, se establece que<br />

las mujeres y los niños aparecen entre las víctimas<br />

fatales con mayor frecuencia en situaciones de violencia<br />

indiscriminada, como fueron las masacres<br />

o arrasamientos de comunidades <strong>10</strong> .<br />

Las mujeres se vieron afectadas, en primer<br />

lugar, por los asesinatos y ejecuciones extrajudiciales<br />

(50%), las detenciones (27%) y la tortura<br />

(23%). Asimismo, existieron casos de secuestro<br />

(17%), desapariciones forzadas (16%) y violaciones<br />

sexuales (<strong>10</strong>%) 11 . En cuanto a este último punto -y<br />

tal como se verá más adelante- debe tenerse en<br />

cuenta que esta subrepresentación estadística es<br />

un hecho común en las investigaciones sobre hechos<br />

de violencia sexual.<br />

A lo largo del Informe de la CVR se encuentran<br />

elementos interesantes para el análisis de<br />

género. Así, se observa que las relaciones de género<br />

se van transformando en la medida en que<br />

los hombres y las mujeres van asumiendo nuevos<br />

roles durante el conflicto armado interno. Ante la<br />

falta de los varones, las mujeres deben salir al espacio<br />

público y asumir la lucha por la superviven-<br />

196<br />

cia de la familia. El desplazamiento de las familias<br />

es organizado por las mujeres en la mayor parte de<br />

los casos quienes deben abandonar sus viviendas<br />

por miedo a la violencia desatada y liderar el asentamiento<br />

en nuevos lugares. En este caso, las mujeres<br />

sufrieron una triple discriminación: como<br />

desplazadas, como mujeres y como indígenas 12 .<br />

Por otro lado, es interesante analizar el rol<br />

y desarrollo de los actores del conflicto armado<br />

interno desde una perspectiva de género.<br />

Así por ejemplo, al momento de estudiar el<br />

comportamiento de SL, el Informe da cuenta de las<br />

reglas que este grupo establecía para controlar la<br />

vida privada de la población, dictándose una serie<br />

de normas relativas a los roles de género, a las relaciones<br />

entre varones y mujeres, a la sexualidad, la<br />

familia y los hijos que se caracterizaban por el autoritarismo,<br />

la jerarquía y la obediencia irrestricta<br />

a los líderes. Mujeres y varones eran castigados<br />

o asesinados cuando no cumplían los mandatos<br />

asignados. Así por ejemplo, SL sancionaba a las<br />

mujeres que se relacionaban afectivamente con<br />

los soldados 13 .<br />

La relevancia del liderazgo femenino durante<br />

la expansión de SL es analizada en el informe,<br />

explicándose que este grupo utilizó la condición<br />

de subordinación y necesidad de reconocimiento<br />

de las mujeres para reclutar militantes para su<br />

proyecto armado. La CVR demostró que SL no intentaba<br />

construir un discurso sobre los derechos<br />

de la mujer, el cual la consideraba como un elemento<br />

para la desunión. Al respecto, debe decirse<br />

que las mujeres militantes de SL fueron también<br />

responsables de crímenes contra la población civil<br />

y participaron activamente en la organización<br />

subversiva, dejándose de lado el estereotipo de las<br />

mujeres desarrollando exclusivamente labores de<br />

cuidado y de mediación para la paz 14 .<br />

El informe demuestra cómo SL convocaba a<br />

mujeres profesionales cuyas expectativas de desarrollo<br />

se habían visto frustradas debido a la discriminación<br />

racial y de género que debían afrontar.<br />

En el ámbito de las universidades, SL ofreció<br />

un discurso clasista que dejaba de lado el énfasis<br />

en la discriminación racial, étnica y de género, la<br />

cual subordinaba a la lucha de clases 15 .<br />

Una vez incorporadas a la organización, se<br />

pedía a las mujeres dedicación exclusiva y ellas renunciaban<br />

a su vida personal y familiar, se incorporaban<br />

a la militancia, logrando adquirir cierto<br />

poder y haciéndose conocidas por su dureza. El Informe<br />

analiza cómo si bien SL asignaba a las mujeres<br />

nuevos roles como mujeres combatientes, se


les seguía manteniendo en otras tareas como la<br />

cocina y el cuidado de la salud 16 .<br />

Otro ámbito de estudio que el Informe de la<br />

CVR recoge con precisión es el importante rol de<br />

las organizaciones de mujeres durante el conflicto<br />

armado y su labor en la defensa de la paz y la<br />

democracia 17 .<br />

El Informe destaca la evolución de estas organizaciones<br />

que hacia los años ochenta surgen<br />

como clubes de madres, vaso de leche y comedores<br />

populares para contrarrestar la crisis económica<br />

que afectaba a sus familias. En estos espacios,<br />

aparecen destacadas dirigentes que luego asumirían<br />

roles activos en la esfera pública.<br />

Durante el conflicto, las organizaciones de<br />

mujeres se ubicaron como un espacio de resistencia<br />

contra el discurso violento del senderismo, lo<br />

que motivó que SL amenazara a las principales<br />

dirigentes y, en muchos casos, las asesinara 18 .<br />

Uno de los casos más recordados fue la muerte de<br />

María Elena Moyano en 1992 19 , dirigente de la Federación<br />

Mujeres de Villa El Salvador (FEPOMU-<br />

VES) y teniente alcaldesa de dicha comunidad,<br />

quien organizara la “Marcha por la Paz” el mismo<br />

día que SL decretaba un paro armado.<br />

Asimismo, el Informe recoge el asesinato de<br />

Pascuala Rosado 20 , Secretaria General de la Comunidad<br />

Urbana Autogestionaria Huaycán, por<br />

parte de Sendero Luminoso, en represalia a su<br />

participación en la instalación de la primera Comisaría<br />

en la zona.<br />

En este contexto se ubica el trabajo de las<br />

mujeres que asumieron la Secretaría Ejecutiva de<br />

la Coordinadora Nacional de Derechos Humanos<br />

(CNDDHH), entidad que agrupa desde 1984 a<br />

las ONGs que trabajan el tema 21 . Es interesante<br />

referirse al análisis que el Informe desarrolla sobre<br />

la presencia de las mujeres en una posición<br />

tan difícil, argumentándose que probablemente se<br />

pensaba que recibirían mejor trato de parte de los<br />

actores del conflicto 22 .<br />

Asimismo, el Informe presenta el caso de<br />

la salida de las mujeres al espacio público, desde<br />

su rol tradicional de madres, esposas e hijas, que<br />

reclamaban justicia para sus familiares, tanto a<br />

nivel individual como de las organizaciones vinculadas<br />

a la búsqueda de los desaparecidos. Efectivamente,<br />

en 1983 un grupo de mujeres familiares<br />

de desaparecidos decidieron crear la Asociación<br />

Nacional de Familiares Detenidos y Desparecidos<br />

en las Zonas de Emergencia (ANFASEP) con sede<br />

en Ayacucho, entidad que inicialmente sólo estuvo<br />

integrada por mujeres para no seguir exponiendo<br />

a los varones. Asimismo, puede mencionarse<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

la Federación Provincial de Clubes de Madres (FE-<br />

DECMA) de Huamanga en Ayacucho 23 .<br />

Otro de los actores del conflicto que la CVR<br />

analiza está constituido por los comités de autodefensa<br />

(CAD) o rondas contrasubversivas. El Informe<br />

da cuenta de las percepciones que los ronderos<br />

tienen sobre el rol de las mujeres en las rondas a<br />

quienes se les asignaron funciones limitadas a la<br />

vigilancia y al pasteo de los animales. Sin embargo,<br />

la CVR verificó una realidad algo diferente en<br />

la zona de la sierra de Ayacucho y de Junín, donde<br />

las viudas y las mujeres solteras estaban obligadas<br />

a participar en las rondas y, a veces, acompañaban<br />

a las patrullas a sitios cercanos. Muchas de ellas<br />

tuvieron una participación activa en los enfrentamientos<br />

con SL y recibieron entrenamiento en<br />

el manejo de las armas, por parte de los mismos<br />

ronderos o de los militares.<br />

Si bien se trató de casos excepcionales que se<br />

dieron en los noventa, en algunas oportunidades<br />

las mujeres llegaron a comandar los CAD, debido<br />

tanto a la ausencia de los varones como a una<br />

nueva estrategia del Ejército de una mayor apertura<br />

hacia la sociedad civil local. Debe decirse, además,<br />

que el Informe destaca que la participación<br />

de las mujeres en las rondas constituyó una carga<br />

adicional a sus tareas tradicionales relacionadas<br />

con la reproducción y el cuidado de los hijos 24 .<br />

La participación de los agentes del Estado<br />

también es estudiada en el Informe Final, como<br />

los principales responsables de los actos de violencia<br />

sexual contra las mujeres durante el conflicto.<br />

El Informe brinda importante información<br />

al momento de analizar las explicaciones que el<br />

personal del Estado brinda en relación a estos actos.<br />

Así, algunos efectivos policiales declararon<br />

a la CVR que las violaciones sexuales eran una<br />

consecuencia de “la irracionalidad de los varones<br />

y la lejanía de sus parejas, así como la soledad de<br />

los lugares en los que tenían que llevar a cabo sus<br />

labores cotidianas” 25 . Asimismo, los oficiales demuestran<br />

claramente su desconocimiento de la<br />

violación sexual como un acto de tortura, el cual<br />

consideran como un hecho totalmente diferente 26 .<br />

El informe da cuenta de las relaciones de las<br />

fuerzas policiales con las diferentes comunidades,<br />

señalándose la existencia de desafíos y enfrentamientos<br />

por las mujeres de la población civil.<br />

De otro lado, el Informe narra la presencia de las<br />

mujeres entre las fuerzas policiales, aproximadamente<br />

desde 1985. Es importante mencionar que<br />

algunos agentes afirmaron ante la CVR que la presencia<br />

de las mujeres estaba destinada a custodiar<br />

a las detenidas y a evitar que se produjeran abusos<br />

197


Julissa Mantilla Falcón<br />

contra ellas. Sin embargo, el grueso de los testimonios<br />

obtenidos por la CVR, que dan cuenta de abusos<br />

y maltratos contra las mujeres en detención,<br />

contradicen estas versiones 27 .<br />

Otro ámbito de relación de las mujeres con<br />

las fuerzas policiales se dio en el rol de las informantes<br />

entre las militantes de SL, quienes a cambio<br />

de sus servicios recibían víveres y ayuda para<br />

sustentar a sus familias. La mayoría eran madres<br />

solteras que no recibían apoyo de SL para la manutención<br />

de sus hijos y, por tanto, decidieron colaborar<br />

con la DIRCOTE 28 . Nuevamente, la maternidad<br />

determina las posibilidades de acción de<br />

las mujeres.<br />

La CVR analiza el tema de la salud sexual<br />

y reproductiva de las mujeres destacando el daño<br />

sufrido a consecuencia de las violaciones, torturas,<br />

abusos sexuales y otros maltratos a los que<br />

fueron sometidas por los diferentes actores del<br />

conflicto. En este ámbito se ubica la maternidad<br />

la cual se vio afectada por la violencia y la falta de<br />

condiciones de seguridad, así como por la manera<br />

en que se ejerció la violencia contra los niños y<br />

niñas. De manera específica, el informe se refiere<br />

a la situación de las madres encarceladas 29 y a las<br />

dificultades por las que atravesaron en la relación<br />

con sus hijos y familiares.<br />

En base a los hechos recogidos por el Informe,<br />

en el apartado correspondiente a las Recomendaciones<br />

orientadas al desarrollo de un<br />

Compromiso Nacional por la Reconciliación, la<br />

CVR reconoce la existencia de una situación de<br />

discriminación a todo nivel, resaltando el caso de<br />

la mujer rural, doblemente discriminada en su<br />

condición de campesina y por razones de género.<br />

Por ello, el Informe hace hincapié en el reconocimiento<br />

y respeto de las diferencias y la incorporación<br />

de una perspectiva de género en el proceso de<br />

construcción de la ciudadanía 30 .<br />

Por otro lado, al momento de plantear las reformas<br />

institucionales necesarias para garantizar<br />

la no repetición de los hechos de violencia vividos,<br />

el Informe realiza aportes interesantes. Así por<br />

ejemplo, al hablar de la mejora de las condiciones<br />

de la población penal, el Informe recomienda enfatizar<br />

la preocupación por la salud de las mujeres<br />

ya que la CVR comprobó que se usó como método<br />

de tortura la desatención de sus necesidades básicas<br />

de salud durante el período pre y post natal, el<br />

descuido de las necesidades fisiológicas propias de<br />

las mujeres, la negligencia ante las enfermedades<br />

ginecológicas, etc.<br />

En materia de educación, el Informe recomienda<br />

impulsar un plan de alfabetización con<br />

198<br />

prioridad para la mujer adolescente y adulta de las<br />

zonas rurales, considerando, por un lado, el efecto<br />

multiplicador para el desarrollo que la educación<br />

de la mujer tiene y, por otro lado, que la porción<br />

de la población analfabeta femenina es significativamente<br />

más alta que la masculina. Asimismo, la<br />

CVR pudo constatar que la deserción de las niñas<br />

es también mayor, lo que trae como consecuencia<br />

un mayor índice de analfabetismo funcional en<br />

las adolescentes 31 .<br />

En cuanto al Programa Integral de Reparaciones<br />

(PIR), la CVR reconoce la importancia del<br />

enfoque de equidad de género, considerando las<br />

desigualdades existentes entre hombres y mujeres<br />

en los distintos procesos sociales, económicos y políticos.<br />

Por ello, el PIR impulsa una perspectiva de<br />

equidad de género basada en la generación de procesos<br />

que involucran tanto a hombres como a mujeres.<br />

El enfoque de equidad de género desarrolla el<br />

propósito de incrementar la participación de las<br />

mujeres en los procesos de toma de decisiones y<br />

para asegurar que las mujeres obtengan mayor voz<br />

sobre las condiciones generales de su situación. Al<br />

mismo tiempo, se busca generar conciencia entre<br />

los distintos miembros de la sociedad sobre las<br />

diferencias e inequidades estructurales de género<br />

existentes al interior de las comunidades.<br />

Al momento de reseñar los gestos públicos<br />

hacia las víctimas del conflicto armado, el Informe<br />

recomienda pedidos de disculpa al país de parte<br />

de los más altos responsables del Estado, cartas<br />

a las víctimas o a sus familiares firmadas por el<br />

Presidente de la República y ceremonias públicas<br />

de explicación de la verdad. Con base en sus<br />

hallazgos, la CVR señala claramente que en todos<br />

los mensajes, audiencias o actos antes señalados,<br />

deberá dedicarse un momento significativo a la<br />

explicación de los hechos y abusos ocurridos en<br />

sus casas o comunidades, en los cuarteles o en los<br />

penales, que atentaron directamente contra la sexualidad,<br />

el honor y la dignidad de las mujeres 32 .<br />

Por otro lado, al momento de establecer la<br />

importancia del reconocimiento de líderes sociales<br />

y autoridades civiles, el Informe establece la<br />

necesidad de incorporar en las listas a las mujeres<br />

que asumieron roles de dirigencia durante el período<br />

del conflicto armado. Asimismo, al reseñar<br />

los lineamientos del PIR en materia de salud, la<br />

CVR recomienda que se identifiquen las especificidades<br />

de la problemática de la salud mental de<br />

las mujeres y que se valore su rol en el proceso de<br />

recuperación en el ámbito personal y comunitario.<br />

En este sentido, se sugiere que se identifiquen los<br />

efectos de la violencia en las familias y en los vínculos<br />

interpersonales, así como en las relaciones


de género, enfatizando los cambios que se hayan<br />

producido o la presencia de nuevos problemas en<br />

las familias a partir de la violencia vivida.<br />

Finalmente, en cuanto a las medidas de reparación<br />

económica establecidas en forma de pensiones<br />

y/o indemnización, se incluye específicamente<br />

a las víctimas de violación sexual. Asimismo, para<br />

el caso de los hijos nacidos a consecuencia de la<br />

violación sexual, la CVR recomienda se otorgue<br />

una pensión hasta los 18 años 33 .<br />

La violencia sexual contra las mujeres<br />

como una violación a los derechos humanos<br />

Es importante resaltar que adicionalmente al<br />

apartado de género, el Informe Final de la CVR<br />

contiene un capítulo específico sobre violencia sexual<br />

contra las mujeres, ubicado en el ámbito de<br />

la investigación de los crímenes y violaciones a los<br />

derechos humanos establecidos en el mandato de<br />

la comisión.<br />

Este mandato implicaba que se debía investigar<br />

los asesinatos y secuestros; las desapariciones<br />

forzadas; las torturas y otras lesiones graves y las<br />

violaciones a los derechos colectivos de las comunidades<br />

andinas y nativas del país. Finalmente, se<br />

incluía “otros crímenes y graves violaciones contra<br />

los derechos de las personas” 34 .<br />

Como se ve, no estaba establecido expresamente<br />

el análisis jurídico de los hechos de violencia<br />

sexual cometidos contra las mujeres peruanas<br />

durante los años de conflicto. Sin embargo, el<br />

último acápite fue interpretado de modo tal que<br />

se pudiera incluir estos hechos, en una decisión<br />

difícil pero importante y cuyo proceso merece ser<br />

narrado con detalle.<br />

Uno de los temas que se planteó en las discusiones<br />

internas fue por qué se había especificado<br />

el sexo de las víctimas en la denominación del<br />

capítulo, lo cual no había sucedido con otro tipo<br />

de violaciones de derechos humanos. Asimismo,<br />

se sostenía que los hombres también habían sido<br />

víctimas de violencia sexual y que la denominación<br />

del apartado desconocía estos hechos. Esta<br />

es una discusión importante ya que -efectivamente-<br />

se dieron casos de violencia sexual contra varones,<br />

los cuales merecen una condena absoluta.<br />

Sin embargo, el objetivo de especificar desde<br />

la denominación que el capítulo de violencia sexual<br />

recogía lo sucedido contra las mujeres, contribuía,<br />

en primer lugar, a la visibilización de lo<br />

sucedido como una violación de derechos humanos.<br />

Asimismo, esta decisión implicaba recono-<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

cer que la violencia sexual es violencia de género,<br />

esto es, que afecta mayoritariamente a un sector<br />

de la población -las mujeres- tanto en relación al<br />

número de víctimas como en cuanto a las consecuencias<br />

específicas tal como el embarazo 35 .<br />

El trabajo para la elaboración del capítulo<br />

sobre violencia sexual implicó realizar un estudio<br />

de la cuestión, revisando los informes existentes<br />

en la materia, la normatividad y la jurisprudencia<br />

tanto a nivel nacional como internacional, a fin<br />

de determinar la manera en que se había tratado<br />

el tema. Esta tarea implicó una revisión del Derecho<br />

Internacional de los Derechos Humanos, el<br />

Derecho Internacional Humanitario y el Derecho<br />

Penal Internacional, en los cuales se fundamentaba<br />

el trabajo de la CVR.<br />

La primera conclusión a la que se arribó fue<br />

que los avances e informes nacionales desarrollados<br />

previamente a la CVR no habían profundizado<br />

en detalle el tema de la violencia sexual contra<br />

las mujeres. Ello no debe sorprender si se tiene<br />

en cuenta que, a nivel internacional, es recién<br />

en 1993 cuando en la Declaración de Viena 36 se<br />

reconoce expresamente los derechos de la mujer<br />

y de la niña como derechos humanos, resaltando<br />

la importancia de eliminar la violencia contra<br />

la mujer en la vida pública y privada. Se sostuvo<br />

entonces que las violaciones de los derechos<br />

humanos de la mujer en situaciones de conflicto<br />

armado constituían violaciones de los principios<br />

fundamentales de los derechos humanos y del derecho<br />

internacional humanitario. En este contexto<br />

se dio la Declaración sobre la Eliminación de la<br />

Violencia contra la mujer de Naciones Unidas de<br />

1993 37 y la Convención Interamericana para Prevenir,<br />

Sancionar y Erradicar la Violencia contra la<br />

Mujer (Convención de Belém do Pará) de 1994 38 .<br />

En 1995, en la Plataforma y Declaración de<br />

Acción de la IV Conferencia Internacional de la<br />

Mujer realizada en Beijing, se dedicó un acápite<br />

especial a la situación de la mujer durante los conflictos<br />

armados, estableciéndose que las mujeres<br />

se ven especialmente afectadas en estas situaciones,<br />

siendo sometidas a violaciones sexuales por<br />

las partes involucradas en los conflictos, las cuales<br />

utilizan la violación sistemática como táctica de<br />

guerra y de terrorismo 39 .<br />

En este contexto se enmarca el establecimiento<br />

de los tribunales penales internacionales<br />

para la ex Yugoslavia en 1993 40 y para Ruanda en<br />

1994 41 , cuyas sentencias consolidaron el contenido<br />

de los crímenes de violencia sexual, que afectaron<br />

mayoritariamente a mujeres. En el primer<br />

caso, los fallos establecieron que la violación y el<br />

199


Julissa Mantilla Falcón<br />

abuso sexual podían considerarse como parte de<br />

una campaña generalizada o sistemática de terror<br />

contra la población civil, que podían constituir<br />

actos de tortura, teniendo como fundamento la<br />

discriminación por razones de género y que la violación<br />

sexual masiva y la esclavitud sexual podían<br />

ser crímenes contra la humanidad 42 .<br />

En el caso de Ruanda, el tribunal consideró<br />

la violación sexual como un crimen de lesa humanidad,<br />

así como un atentado a la seguridad<br />

de la mujer, incluyendo en su definición el concepto<br />

del desnudo forzado. Asimismo, a partir de la<br />

sentencia Akayesu se amplió la definición de violación<br />

sexual y se estableció que la violencia sexual<br />

no se limitaba sólo a la invasión física del cuerpo<br />

humano ya que se podían incluir actos que no<br />

involucraran la penetración o incluso el contacto<br />

físico 43 . Además, se señaló que la violación sexual<br />

podía configurarse como un elemento constitutivo<br />

del genocidio. Es a raíz de esta jurisprudencia<br />

que la comunidad internacional empezó a elaborar<br />

normas jurídicas precisas para fundamentar que la<br />

violencia sexual podía constituir crimen de guerra,<br />

crimen de lesa humanidad y ser componente del<br />

crimen de genocidio, entre otros aspectos 44 .<br />

Posteriormente, en 1998 el Estatuto de la<br />

Corte Penal Internacional (Estatuto de Roma) 45<br />

calificó como crímenes contra la humanidad “la<br />

violación, la esclavitud sexual, la prostitución forzada,<br />

el embarazo forzado, la esterilización forzada<br />

u otros abusos sexuales de gravedad comparable”<br />

(artículo 7). Asimismo, este documento tipifica<br />

como crimen de guerra cometer “actos de violación,<br />

esclavitud sexual, prostitución forzada, embarazo<br />

forzado, esterilización forzada y cualquier otra forma<br />

de violencia sexual que constituya una violación<br />

grave de los Convenios de Ginebra” (artículo 8).<br />

Por otro lado, la situación de las mujeres en<br />

los conflictos armados fue estudiada por el Comité<br />

Internacional de la Cruz Roja (CICR), el<br />

cual identificó ciertos elementos y situaciones<br />

vinculados a las afectaciones de los derechos de<br />

las mujeres. Al respecto, se debe mencionar los<br />

casos de desplazamiento, situación que aumenta<br />

la falta de seguridad y el peligro de las mujeres que<br />

deben asumir su sobrevivencia y la de sus familias;<br />

la búsqueda de los familiares desaparecidos;<br />

el impacto de la detención de sus esposos y compañeros.<br />

Asimismo, el informe del CICR destaca<br />

la frecuencia de los casos de violencia sexual en<br />

todas sus formas, la cual afecta a las mujeres y<br />

niñas “como forma de tortura para degradar, intimidar<br />

y finalmente derrotar a grupos específicos<br />

de la población y provocar su huida” 46 .<br />

200<br />

En el mismo sentido se ubica la Resolución<br />

1325 del Consejo de Seguridad de la Organización<br />

de las Naciones Unidas que en el año 2000 reconoce<br />

que las mujeres se ubican entre los grupos<br />

mayoritariamente afectados durante las situaciones<br />

de conflictos armados y que, por lo tanto, es necesario<br />

implementar las normas del derecho internacional<br />

de los derechos humanos y del derecho<br />

internacional humanitario que las protejan en estas<br />

circunstancias. En este sentido, la Resolución<br />

invoca a las partes en un conflicto armado para<br />

que tomen medidas especiales para proteger a las<br />

mujeres y a las niñas de la violencia de género,<br />

particularmente de la violación sexual y otras formas<br />

de abuso sexual. Asimismo, este documento<br />

enfatiza la responsabilidad de todos los Estados de<br />

poner un fin a la impunidad y juzgar a las personas<br />

responsables de genocidio, crímenes contra la<br />

humanidad y crímenes de guerra, incluyendo la<br />

violencia sexual contra las mujeres y las niñas 47 .<br />

Como se ve, los avances internacionales<br />

consagraban, por un lado, la necesidad de la perspectiva<br />

de género y, por otro, un énfasis en las situaciones<br />

y hechos violatorios que afectan a las<br />

mujeres de manera específica. Sin embargo, debe<br />

tenerse presente que estamos hablando de sólo<br />

una década atrás, mientras que el conflicto peruano<br />

se inició en los años 80.<br />

En base a esta perspectiva internacional, la<br />

CVR elaboró las definiciones operativas con las<br />

que trabajaría, utilizándose para ello tanto el Estatuto<br />

de Roma como el Documento sobre los<br />

Elementos de los Crímenes de la Corte Penal Internacional<br />

48 , así como los diferentes tratados internacionales<br />

aplicables al tema.<br />

La CVR utilizó la siguiente definición operativa<br />

de violencia sexual: “La realización de un acto<br />

de naturaleza sexual contra una o más personas o<br />

cuando se hace que esa(s) persona(s) realice(n) un<br />

acto de naturaleza sexual por la fuerza o mediante<br />

la amenaza de la fuerza o mediante coacción,<br />

como la causada por el temor a la violencia, la<br />

intimidación, la detención, la opresión psicológica<br />

o el abuso de poder, contra esa(s) personas u otra<br />

persona, o aprovechando un entorno de coacción<br />

o la incapacidad de esa(s) personas de dar su libre<br />

consentimiento”.<br />

Entre las formas de violencia sexual, se incluyó<br />

los casos de prostitución forzada, unión forzada,<br />

esclavitud sexual, aborto forzado, embarazo<br />

forzado y violación sexual. Como se ve, la definición<br />

no se restringió a los casos de violación sexual,<br />

lo cual significó un avance importante sobre


otras investigaciones que sólo habían analizado<br />

estos casos.<br />

Entre las principales conclusiones del capítulo<br />

de violencia sexual se puede señalar, en primer<br />

lugar, que la mayoría de las víctimas eran mujeres<br />

analfabetas o que sólo habían llegado a cursar la<br />

educación primaria, es decir, mujeres tradicionalmente<br />

consideradas como de mayor vulnerabilidad.<br />

En relación a los perpetradores, se identificó<br />

a los agentes del Estado como responsables de un<br />

83% de estos casos mientras que aproximadamente<br />

un 11% corresponden a los grupos subversivos.<br />

Los años de mayor incidencia de los casos de violencia<br />

sexual fueron 1984 y 1990. Asimismo, la<br />

CVR identificó casos de violencia sexual ocurridos<br />

aproximadamente en quince departamentos<br />

del Perú 49 .<br />

Un aporte importante de este capítulo es el<br />

reconocimiento de la subrepresentación de los casos<br />

de violencia sexual en cuanto a las estadísticas<br />

totales y el número de testimonios recibidos por la<br />

CVR. Esta subrepresentación -que podía ser vista<br />

como una dificultad al momento de decidir que se<br />

incluyera los casos de violencia sexual contra las<br />

mujeres en el informe final- fue entendida como<br />

una realidad, analizándose sus causas.<br />

Así, una primera explicación tiene que ver<br />

con el sentimiento de culpa y vergüenza que<br />

acompaña a la víctima quien recibe la condena<br />

de su familia y de su comunidad. Por otra parte,<br />

se encuentra la falta de reconocimiento de la violencia<br />

sexual como una violación de los derechos<br />

humanos. Como se ha visto, el trabajo internacional<br />

en la materia data de aproximadamente<br />

una década atrás y, en este sentido, las normas<br />

internas peruanas del momento respondían a<br />

esta situación, desestimando la denuncia por<br />

parte de las víctimas 49 .<br />

Una siguiente explicación se relaciona con<br />

el rol en que las mujeres acudían a la CVR, esto<br />

es, en calidad de testigo de las violaciones a los<br />

derechos humanos de otras personas y no como<br />

víctimas directas. Así, sus historias pasaban a segundo<br />

plano.<br />

Por otro lado, debe tenerse en cuenta la manera<br />

como se registró la información en la Base<br />

de Datos de la CVR, la cual sólo consignaba los<br />

casos de víctimas de violación sexual, dejándose<br />

de lado otras formas de violencia sexual. Asimismo,<br />

las personas debían ser “identificadas” para<br />

ser incluidas en la base estadística, es decir, debía<br />

conocerse el nombre y el apellido de la víctima,<br />

aspecto que dificultaba que se registraran todas las<br />

situaciones de violación sexual, por ejemplo, en el<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

caso de las mujeres agredidas sexualmente antes<br />

de su desaparición y cuyas historias no podían recuperarse<br />

50 .<br />

Ante esta situación, se optó por utilizar<br />

la información estadística pero, a la vez, se desarrolló<br />

un análisis cualitativo del contenido de<br />

los relatos recogidos por los entrevistadores de la<br />

CVR así como los testimonios provenientes de las<br />

audiencias públicas. Combinándose estas estrategias<br />

de trabajo, se pudo recoger una mayor cantidad<br />

de información.<br />

Otra razón que explica la subrepresentación<br />

fue que los casos de violencia sexual se produjeron<br />

en el marco de otras violaciones de derechos<br />

humanos tales como las detenciones arbitrarias,<br />

ejecuciones arbitrarias y tortura, principalmente.<br />

Esta realidad propiciaba que no se descubrieran<br />

necesariamente los hechos de violencia sexual,<br />

ya que sólo se registraba la violación de derechos<br />

humanos considerada como “principal” o más<br />

importante.<br />

Al momento de analizar los objetivos de los<br />

actos de violencia sexual, la CVR concluyó que<br />

éstos se dieron para castigar, intimidar, presionar,<br />

humillar y degradar a la población. Asimismo, de<br />

esta forma se buscaba presionar a las mujeres detenidas<br />

para que se autoinculparan en relación a<br />

determinados hechos, para que brindaran información<br />

y, en muchos casos, la CVR detectó situaciones<br />

de violencia sexual sin un vínculo aparente<br />

con el conflicto armado. Como se ve, en todos los<br />

casos se trató de un ejercicio de poder sobre las<br />

mujeres por parte de los actores del conflicto.<br />

Al analizar las circunstancias en las que los<br />

casos de violencia sexual se presentaron, la CVR<br />

distinguió entre las situaciones en que el agente<br />

era un representante del Estado o cuando se trató<br />

de los grupos subversivos.<br />

En relación a los agentes del Estado, uno<br />

de los espacios donde se dio el mayor número<br />

de casos fue el de ciertas bases militares, tanto<br />

al instalarse como durante el tiempo de su funcionamiento.<br />

Asimismo, se detectaron casos de<br />

violencia sexual durante las incursiones militares<br />

realizadas para ubicar y detener a los integrantes<br />

de los grupos subversivos. Otro espacio fueron<br />

ciertos cuarteles, comisarías y dependencias<br />

policiales a las que eran conducidas las mujeres<br />

luego de ser detenidas y donde se les interrogaba.<br />

Lo propio se verificó en los establecimientos<br />

penitenciarios en los que la violencia sexual fue<br />

utilizada como forma de presión contra las mujeres,<br />

a quienes en muchas ocasiones se ofrecían<br />

situaciones ventajosas y mejores condiciones de<br />

201


Julissa Mantilla Falcón<br />

vida en la prisión, si cedían a los requerimientos<br />

de ciertos funcionarios 51 .<br />

Cabe decir que la violencia sexual estuvo<br />

presente desde la detención inicial de las mujeres<br />

y durante los traslados entre las instituciones<br />

públicas a las que eran llevadas como parte de la<br />

investigación. Las amenazas de violación sexual,<br />

las humillaciones sexuales, los manoseos y las<br />

ofensas de connotación sexual fueron recurrentes<br />

en todo momento.<br />

En el caso de los grupos subversivos, los casos<br />

de violencia sexual se presentaron durante los<br />

enfrentamientos entre actores, durante la captación<br />

de nuevos integrantes y en el marco de la<br />

vida cotidiana de la población. Al respecto, SL estableció<br />

campamentos –denominados “retiradas”– a<br />

los cuales se trasladaba a poblaciones enteras cuya<br />

vida cotidiana era controlada totalmente. Así, a las<br />

mujeres se las sometía a uniones forzadas, en cuyo<br />

contexto se dieron violaciones sexuales y embarazos<br />

forzados. Asimismo, los jefes de SL disponían<br />

que las adolescentes formaran parte de su “seguridad”,<br />

lo cual implicaba que fueran sometidas a<br />

continuas violaciones sexuales y, en muchas ocasiones,<br />

a abortos forzados. Durante mucho tiempo<br />

se creyó que los integrantes de SL tenían prohibida<br />

la violación sexual contra la población civil;<br />

sin embargo, los testimonios de la CVR demuestran<br />

que estos actos eran permitidos hasta en tres<br />

oportunidades y que sólo eran sancionados en la<br />

cuarta oportunidad en que se cometían 52 .<br />

Si la impunidad rodea en general a las violaciones<br />

de derechos humanos, ésta es aún mayor<br />

en el caso de la violencia sexual. La CVR comprobó<br />

que, en muchos casos, las mujeres víctimas<br />

de estos hechos fueron discriminadas y maltratadas<br />

por la comunidad y por sus propias familias, lo<br />

cual contribuía a que prefirieran callar y no denunciar<br />

los hechos. En otras ocasiones, los varones no<br />

consentían que las mujeres denunciaran las violaciones<br />

sexuales de que habían sido víctimas para<br />

evitar la vergüenza y condena social. Por otro lado,<br />

en aquellos casos en los que las mujeres decidieron<br />

denunciar, no hubo mayor respuesta de parte de las<br />

autoridades públicas. Así, la CVR no encontró información<br />

sobre procesos judiciales por violación<br />

sexual seguidos contra los miembros de las Fuerzas<br />

Armadas o Policiales ni de investigaciones efectivas<br />

al interior de las dependencias estatales.<br />

El proceso desarrollado en la CVR<br />

Como se ha visto, los aportes de la CVR en<br />

materia de género y del estudio de las violaciones<br />

específicas a los derechos humanos de las muje-<br />

202<br />

res, establecen un precedente importante para el<br />

trabajo de futuras comisiones de la verdad.<br />

Por ello, adicionalmente a la presentación<br />

de la información reseñada y de las conclusiones,<br />

resulta interesante narrar el proceso de trabajo desarrollado<br />

en la CVR, el cual se inició con una consultoría<br />

en género a partir de la cual se fueron identificando<br />

las dificultades y desafíos que había que<br />

asumir en el tema, como se verá a continuación.<br />

La falta de experiencias previas<br />

Una de las primeras dificultades al empezar<br />

un trabajo como el de la CVR era entender adecuadamente<br />

la importancia del análisis de género<br />

en una investigación de derechos humanos y, específicamente,<br />

en este proceso de recuperación de<br />

la verdad y reconstrucción de la memoria.<br />

Reparemos en que nos encontrábamos en<br />

una institución con una gran responsabilidad a<br />

cuestas, con un mandato intenso y –como suele<br />

suceder con esta clase de entidades- con una tarea<br />

difícil y nueva, con poco tiempo y menos recursos.<br />

No era una organización con vocación de permanencia<br />

y, dadas las singularidades de cada proceso,<br />

existían muchos temas y situaciones que sobrevenían<br />

de manera inesperada, con lo cual las dificultades<br />

y complicaciones aumentaban diariamente.<br />

Más aún, debe tomarse en cuenta el contexto político<br />

que se vivía en el Perú en ese momento, en el<br />

cual muchos sectores no estaban de acuerdo con<br />

el establecimiento de la CVR.<br />

Hubo además una segunda constatación: al<br />

no tenerse claro qué implica una perspectiva de<br />

género, es imposible entender su importancia y la<br />

necesidad de su incorporación en un trabajo como<br />

el de la CVR, por lo que se le termina viendo como<br />

una carga adicional de trabajo, el cual de por sí es<br />

bastante duro, y/o como una imposición y exigencia<br />

antes que como una herramienta de trabajo.<br />

Las experiencias previas tampoco ayudaban<br />

mucho: más de veinte comisiones de la verdad en<br />

el mundo y sólo unas pocas habían planteado el<br />

análisis de género y/o de las violaciones específicas<br />

a los derechos humanos de las mujeres en la recopilación<br />

de la información y en el Informe Final<br />

que editaron. En casi la totalidad de casos, el mandato<br />

había sido establecido en términos neutrales,<br />

sin determinar una preocupación específica y diferenciada<br />

hacia lo sucedido con las mujeres, no sólo<br />

en cuanto al registro de los hechos sino además en<br />

las propuestas finales de reparación y reforma institucional.<br />

La CVR resultaba, entonces, pionera en<br />

el trabajo con perspectiva de género.


Al respecto, debe mencionarse dos casos que<br />

sirvieron como precedentes para el trabajo de la<br />

CVR.<br />

En primer lugar, la Comisión para el Esclarecimiento<br />

Histórico de Guatemala (CEH), cuyo<br />

informe final editado en 1994, incluyó un capítulo<br />

sobre la violación sexual contra las mujeres. En<br />

este reporte, la CEH comprobó que la violación<br />

fue una práctica común dirigida a destruir la dignidad<br />

de la persona en uno de sus aspectos más<br />

íntimos y vulnerables. La mayoría de las víctimas<br />

pertenecía a la comunidad maya y quienes sobrevivieron<br />

al crimen todavía enfrentan dificultades<br />

por los traumas derivados de la agresión. La CEH<br />

señaló que los hechos de violencia sexual en la<br />

memoria social de las comunidades, se convirtieron<br />

en motivo de vergüenza colectiva 53 .<br />

Otro caso importante fue la Comisión de la<br />

Verdad y Reconciliación de Sudáfrica, la cual fue<br />

creada en 1995 para investigar las violaciones de<br />

derechos humanos ocurridas durante el régimen<br />

del Apartheid establecido entre 1960 y 1994. En<br />

este caso, se hizo una reflexión sobre la perspectiva<br />

de género a partir del documento de trabajo<br />

elaborado por el Centre for Applied Legal Studies<br />

(CALS) de la Universidad de Witwatersrand 54 ,<br />

que sirvió de base para la organización de las audiencias<br />

públicas para las mujeres de Ciudad del<br />

Cabo, Durban y Johannesburgo.<br />

De esta manera, se desarrolló un análisis<br />

de género de los testimonios que se brindaron<br />

en dichas audiencias, dejando de lado el trabajo<br />

neutral de investigación que privilegia la mirada<br />

masculina. No obstante el hecho de contar con<br />

poca información, el informe sudafricano concluyó<br />

afirmando que las mujeres tuvieron un rol<br />

activo tanto como perpetradoras o como víctimas.<br />

Asimismo, se hizo hincapié en que la manera en<br />

que fueron perjudicadas por el conflicto, fue diferente<br />

a la de los varones. Al respecto, es importante<br />

resaltar que el informe reconoce que la manera<br />

como habían sido definidas las graves violaciones<br />

a los derechos humanos en el mandato de la comisión<br />

sudafricana era el resultado de una falta de<br />

visión sobre los abusos sufridos mayoritariamente<br />

por las mujeres 55 .<br />

La CVR pudo entender que la falta de incorporación<br />

de un enfoque de género en experiencias<br />

previas, a la larga, resultaba contradictoria con<br />

los objetivos que una comisión de este tipo se<br />

plantea, esto es, recuperar la verdad y la memoria<br />

histórica. Sin la voz tanto de hombres como de<br />

mujeres, ninguna verdad puede estar completa,<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

sino que sólo se tendrán visiones limitadas de los<br />

hechos. Más aún, si de lo que se trata es de la<br />

reconciliación en una sociedad, dejando de lado y<br />

los tradicionalmente excluidos, este nuevo orden<br />

de cosas tiene que pasar por la eliminación de criterios<br />

discriminatorios.<br />

Si bien la doctrina internacional contiene<br />

importantes avances al analizar la violencia<br />

contra las mujeres como una forma de discriminación,<br />

no existía mayor material sobre la manera<br />

de trabajar con un enfoque de género en el<br />

desarrollo práctico de las investigaciones de derechos<br />

humanos desarrolladas en entidades como<br />

las comisiones de la verdad 56 .<br />

Por otro lado, eran escasos los informes de<br />

las organizaciones de derechos humanos que habían<br />

diferenciado los hechos acaecidos a hombres<br />

y mujeres durante el conflicto armado peruano.<br />

Lo propio puede decirse en relación a documentos<br />

que enfatizaran la violencia sexual contra las mujeres<br />

como violencia de género. Al respecto, debe<br />

mencionarse los reportes de Amnistía Internacional<br />

57 y Americas Watch 58 , los cuales fueron importantes<br />

antecedentes para el trabajo de la CVR, así<br />

como los reportes de la Comisión Interamericana<br />

de Derechos Humanos (CIDH), los cuales habían<br />

concluido que la violación sexual equivale a una<br />

forma de tortura, al enmarcarse en la definición<br />

de la Convención Interamericana para prevenir y<br />

sancionar la Tortura 59 .<br />

Los reportes de las diferentes organizaciones<br />

de derechos humanos nacionales no presentaban<br />

el mismo énfasis en la investigación de las<br />

violaciones específicas de los derechos humanos<br />

contra las mujeres que el que se daba para<br />

la investigación de otros hechos. Por otro lado,<br />

en casos como la tortura o la desaparición forzada,<br />

por ejemplo, la información existía pero no<br />

incluía un análisis de género. El trabajo de las<br />

organizaciones de mujeres, de otro lado, se había<br />

vinculado a la lucha por el reconocimiento y el<br />

goce efectivo de determinados derechos (trabajo,<br />

salud, educación, participación política, etc.) y<br />

no necesariamente a la situación de las mujeres<br />

en conflictos armados o en graves contextos de<br />

violaciones de derechos humanos.<br />

Como se sostuvo anteriormente, esta falta de<br />

información responde al incipiente desarrollo internacional<br />

en materia de derechos de las mujeres<br />

durante el tiempo que duró el conflicto armado así<br />

como al desconocimiento de la riqueza de información<br />

que la perspectiva de género permite obtener<br />

en las investigaciones de derechos humanos.<br />

203


Julissa Mantilla Falcón<br />

* El silencio de las mujeres<br />

Otro obstáculo en este proceso de recuperación<br />

de las historias y voces de las mujeres, era el silencio<br />

de las afectadas quienes no acostumbraban a<br />

contar su historia e, incluso, no identificaban las<br />

violaciones a sus derechos humanos como tales.<br />

Al respecto, si se analiza los testimonios de<br />

las audiencias públicas que la CVR organizó durante<br />

su investigación, se comprueba que mientras<br />

los hombres contaban lo sucedido en primera<br />

persona, las mujeres recordaban principalmente<br />

la historia de sus esposos e hijos antes que la suya<br />

propia, asumiendo un rol de testigos antes que<br />

de protagonistas principales. Incluso, sus reclamos<br />

de verdad y justicia tenían que ver principalmente<br />

con conocer el paradero de sus familiares<br />

y allegados. Asimismo, los pedidos de reparación<br />

se relacionaban con mejores condiciones de vida<br />

para sus hijos y/o esposos, relativos a educación,<br />

vivienda, salud, etc. Al no considerar que habían<br />

sufrido una violación de derechos humanos, fueron<br />

pocos los casos en que pidieran una reparación que<br />

las beneficiara exclusivamente.<br />

Un caso que ejemplifica lo anterior se encuentra<br />

en la manera en que las mujeres narraban<br />

la búsqueda de sus familiares detenidos o desaparecidos.<br />

Los abusos sexuales, humillaciones y<br />

demás maltratos a los que se vieron expuestas<br />

en este proceso no eran reconocidos por las mujeres<br />

como hechos denunciables, sino como consecuencias<br />

de algo que debían hacer, esto es, de<br />

su obligación como madres y esposas. Lo propio<br />

sucede al momento de narrar las nuevas formas<br />

de vida que debieron asumir, con una carga adicional<br />

de trabajo ante la ausencia del esposo, por<br />

ejemplo. Por lo general, las mujeres lamentaban<br />

la ausencia de sus maridos, porque consideraban<br />

que esta situación había impedido que sus hijos<br />

tuvieran mejores oportunidades de vida.<br />

En muchos casos, las mujeres les decían a<br />

sus esposos que escaparan porque ellos eran los<br />

que estaban siendo buscados y que ellas estarían a<br />

salvo, sin pensar que esos serían los espacios para<br />

los maltratos y vejaciones.<br />

En el caso específico de violencia sexual, fueron<br />

muy pocas las ocasiones en que las mujeres<br />

contaron lo sucedido al acercarse a la CVR. Muchas<br />

veces, las referencias no las daban las víctimas<br />

sino otras personas que fueron testigos de los<br />

hechos. En otras circunstancias, las mujeres llegaban<br />

a contar los hechos en una segunda o tercera<br />

entrevista, cuando ya habían establecido cierta relación<br />

de confianza con las personas a cargo de la<br />

investigación.<br />

204<br />

Al respecto, en muchas ocasiones las mujeres<br />

hablaban de los abusos sexuales como si las<br />

afectadas fueran otras mujeres y, en otros casos,<br />

utilizaban frases “propias” para referirse a los hechos<br />

(“afectaron mi dignidad de mujer”, “mi condición<br />

de mujer”, “me abusaron”). Ante esto, era<br />

fundamental lograr que su voz se hiciera presente<br />

de manera directa y que se reconociera y recuperara<br />

su propia historia.<br />

En este contexto se ubicaba la importancia<br />

de desarrollar una investigación jurídica de las<br />

violaciones a los derechos humanos que recuperara<br />

la historia de hombres y mujeres y que no generalizara<br />

los hechos. Para ello, debía desarrollarse<br />

una preocupación específica por la violencia sexual,<br />

considerando que afectaba mayoritariamente<br />

a las mujeres, que tiene consecuencias graves<br />

en la integridad de las personas y que, entre otras<br />

consecuencias, implica la existencia de numerosos<br />

niños y niñas que nacieron a consecuencia de<br />

estos hechos. Las afectaciones a la salud sexual y<br />

reproductiva de las mujeres eran un aspecto grave<br />

que debía recuperarse.<br />

Como se ve, el reto que asumía la CVR era<br />

importante: si, por un lado, las mujeres no contaban<br />

su historia y, por otro lado, las personas a cargo<br />

de las entrevistas no formulaban preguntas diseñadas<br />

con el objetivo de recuperar esa historia,<br />

las posibilidades de recoger una versión completa<br />

de los hechos eran mínimas, afectándose todo el<br />

proceso de recuperación de la verdad, justicia y<br />

memoria que la CVR pretendía desarrollar.<br />

* ¿Por qué hablar de perspectiva de género<br />

en una Comisión de la Verdad?<br />

Para responder esta pregunta, es importante<br />

entender que el concepto de género, que ayuda a<br />

entender las desigualdades y la realidad de subordinación<br />

de las mujeres, también va vinculado al<br />

tema de los derechos humanos y explica el hecho<br />

de que las violaciones a sus derechos no hayan<br />

sido incluidas directamente en el discurso de los<br />

derechos humanos sino hasta una época relativamente<br />

reciente.<br />

En primer lugar, el análisis de género ayuda<br />

en el estudio de las causas y consecuencias de las<br />

violaciones de derechos humanos. Por ejemplo, en<br />

el caso de los conflictos armados, permite entender<br />

que a las mujeres se las ataca no sólo por su<br />

participación directa sino además por ser esposas<br />

o familiares de los actores del conflicto. En cuanto<br />

a las consecuencias, el ejemplo más claro es el de<br />

la maternidad forzada: hombres y mujeres pueden<br />

ser violados sexualmente; sin embargo, sólo


las mujeres resultan embarazadas. Un análisis sin<br />

perspectiva de género suele obviar estos aspectos.<br />

Ilustremos lo dicho analizando, por ejemplo,<br />

los casos de desapariciones forzadas en el Perú,<br />

donde numéricamente está comprobado que fueron<br />

más hombres que mujeres las víctimas de<br />

estos hechos. El enfoque de género permite reconocer<br />

que es el varón quien es considerado el<br />

combatiente, ya que actúa en el ámbito público<br />

y por ello es perseguido. Un estudio neutral sólo<br />

recogería la mayoría numérica de varones afectados.<br />

Sin embargo, el análisis de género nos obliga<br />

a preguntarnos cómo estas desapariciones afectaron<br />

la vida de las mujeres, los nuevos roles que<br />

tuvieron que encarar –relativos a la sobrevivencia<br />

y continuidad de la familia-, su salida al espacio<br />

público derivada de la denuncia de los hechos ante<br />

las entidades judiciales, entre otros aspectos.<br />

Otro ejemplo puede encontrarse en el análisis<br />

de la huida de la población ante la arremetida<br />

de alguno de los actores en conflicto, aspecto destacado<br />

por la Comisión de la Verdad de Guatemala<br />

60 . Así, el informe guatemalteco cuenta que<br />

cuando los combatientes llegaban a las comunidades,<br />

eran los hombres los que escapaban primero,<br />

ya que las mujeres se demoraban recogiendo a<br />

sus hijos y recolectando los utensilios y alimentos<br />

que les permitirían sobrevivir durante los días que<br />

debieran permanecer lejos de su hogar. Es decir,<br />

la idea tradicional de la mujer madre-cuidadora<br />

del hogar se ve claramente reflejada en este hecho<br />

concreto, del cual derivaron situaciones de riesgo<br />

para la integridad personal de las mujeres, quienes<br />

muchas veces no lograban escapar y eran detenidas<br />

y sometidas a torturas y violencia sexual.<br />

Por otro lado, las comisiones de la verdad<br />

tienen una responsabilidad importante en la elaboración<br />

de una propuesta de reparaciones y reformas<br />

institucionales que garanticen la no repetición<br />

de los hechos de violencia. En este sentido,<br />

una comisión que haya trabajado con un enfoque<br />

de género podrá diseñar un programa más completo,<br />

que considere en su elaboración casos como<br />

los descritos, que realmente ayude a combatir la<br />

situación de inequidad y que garantice que no<br />

continúen las condiciones que facilitaron y propiciaron<br />

las violaciones de derechos humanos. Lo<br />

mismo puede decirse en relación a los procesos<br />

legales que se iniciarán a nivel interno luego de<br />

la presentación del informe de las comisiones. Al<br />

respecto, la realidad demuestra que muchas veces<br />

se prioriza la investigación y denuncia judicial de<br />

casos de desaparición forzada o de ejecuciones extrajudiciales<br />

pero se deja de lado los procesos por<br />

violencia sexual 61 .<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

Las estrategias de trabajo: aclarando<br />

los puntos de partida<br />

Es importante delimitar los alcances del trabajo<br />

con perspectiva de género en una comisión<br />

de la verdad. Al respecto, se pueden distinguir<br />

tres aspectos: el primero se relaciona con las comisiones<br />

de la verdad como instituciones y la<br />

necesidad de incorporar una perspectiva de género<br />

en su diseño y funcionamiento; un segundo<br />

ámbito se vincula con el análisis de género en el<br />

desarrollo de la investigación y trabajo que cada<br />

área de la comisión realiza y, finalmente, el tercer<br />

punto tiene que ver con la edición del Informe<br />

que estas instituciones publican al término<br />

de su trabajo.<br />

El primer aspecto es fundamental: si una<br />

comisión de la verdad no se diseña teniendo en<br />

cuenta la importancia de la equidad de género en<br />

su composición, será mucho más difícil su trabajo<br />

en cuanto a la necesidad de recuperar las diferentes<br />

perspectivas de hombres y mujeres en la<br />

investigación.<br />

Muchas veces se argumenta que la composición<br />

numérica no garantiza o descarta per se una<br />

visión de género. Sin embargo, el procurar una<br />

equidad de género desde la composición de las<br />

instituciones y, asimismo, el no tener mujeres en<br />

los puestos de decisión implica asumir que las necesidades<br />

de hombres y mujeres son las mismas,<br />

al punto de que no es necesario que las mujeres<br />

asuman la dirección de las oficinas o unidades de<br />

investigación, porque los hombres tendrán presentes<br />

sus perspectivas y necesidades, lo cual es<br />

por demás falso.<br />

En el caso peruano, el énfasis por la perspectiva<br />

de género se concentró en los aspectos relacionados<br />

con el desarrollo de la investigación y<br />

con la edición del Informe Final.<br />

En este punto, es necesario destacar que el<br />

trabajo en el caso peruano contó con el trabajo de<br />

cabildeo de personas e instituciones vinculadas a la<br />

defensa de los derechos de la mujer y al análisis de<br />

género. Además, se realizó un esfuerzo importante<br />

de las personas que asumieron el tema, tanto a nivel<br />

de la Sede Central como de las Sedes Regionales<br />

que implicó desarrollar una labor intensa destinada<br />

a explicar por qué el tema era necesario y útil para<br />

la investigación que se planteaba desarrollar, empezando<br />

con los propios funcionarios de la CVR.<br />

En este camino, fue necesario desarrollar diversas<br />

estrategias tanto al interior de la institución como<br />

entre las organizaciones de la sociedad civil, a fin<br />

de poder ampliar el ámbito de trabajo.<br />

205


Julissa Mantilla Falcón<br />

La experiencia enseña que, en general, es<br />

importante que la labor por la perspectiva de género<br />

no recaiga exclusivamente en el interés y/o<br />

compromiso de un grupo reducido de personas.<br />

De ser así, sucede que al terminar el trabajo de<br />

la comisión, las propuestas de seguimiento y la<br />

ejecución de los programas de reparaciones y reformas,<br />

tanto como los procesos judiciales que se<br />

inician a nivel interno, carecen nuevamente de<br />

una perspectiva de género y, al final de cuentas, se<br />

retrocede en lo avanzado. Los logros que implican<br />

que un Informe Final incluya una preocupación<br />

por el análisis de género se diluyen cuando esta<br />

preocupación no es sostenida en un proceso duradero<br />

y que involucre a la sociedad en pleno 62 .<br />

Los primeros avances: Surge la Línea de<br />

Género<br />

Al término de la consultoría en género –prevista<br />

inicialmente sólo por tres meses– se presentó<br />

un informe a la Secretaría Ejecutiva y a los Comisionados,<br />

detallando los problemas encontrados,<br />

sugiriendo algunas acciones específicas y estableciendo<br />

que era necesario crear las condiciones para<br />

una labor permanente en la CVR sobre la materia.<br />

Finalmente, se adoptó un Acuerdo de Comisionados<br />

en mayo del 2002 incorporando la perspectiva<br />

de género como elemento importante en<br />

el trabajo de búsqueda de la verdad y la reconciliación.<br />

En este sentido, se exhortaba a los funcionarios<br />

a desarrollar una preocupación constante porque<br />

este aspecto se tuviera presente en el trabajo<br />

diario. Para ello, señalaba el documento, era “fundamental<br />

reconocer los efectos que la violencia<br />

política tuvo en los hombres y las mujeres peruanas,<br />

entendiendo la manera diferenciada en que<br />

sus derechos humanos fueron afectados durante<br />

el período de nuestra investigación. Asimismo,<br />

debemos reconocer la existencia de la discriminación<br />

e invisibilidad de un sector de la población<br />

-en este caso las mujeres- y a partir de esta situación<br />

diseñar las estrategias para incorporar de<br />

manera clara lo que les sucedió en la investigación<br />

de la CVR” 63 .<br />

Por otro lado, el acuerdo reconocía la existencia<br />

de algunas estrategias generales que debían ser<br />

observadas con especial atención en el trabajo de<br />

la CVR y que habían sido elaboradas por la consultoría<br />

en género. Entre ellas se mencionaba la<br />

importancia de tener siempre presente la manera<br />

diferente en que la violencia se vivía por hombres<br />

y mujeres; preguntarse de manera permanente si<br />

las conclusiones y alcances podían generalizarse o<br />

si era menester hacer una diferencia en virtud de<br />

206<br />

si eran hombres o mujeres las personas involucradas;<br />

reconocer la existencia de roles tradicionales<br />

de género que no debían predeterminar la orientación<br />

de la investigación pero sí ser reconocidos a<br />

lo largo del trabajo; diferenciar permanentemente<br />

por sexo los resultados obtenidos, para el caso del<br />

trabajo de estadística; reconocer que la voz de las<br />

mujeres había sido tradicionalmente ignorada y,<br />

por ello, desarrollar los mecanismos necesarios<br />

para hacer audible la voz de las mujeres y la violación<br />

específica de sus derechos humanos mediante<br />

las actividades de difusión de la CVR.<br />

Poco después se creó la Línea de Género<br />

(LDG) a la cual se le asignó una sección presupuestaria,<br />

así como una ubicación independiente<br />

en la comisión. Asimismo, se dispuso que cada<br />

Sede Regional de la CVR y que las diferentes áreas<br />

de la Sede Central designaran a una persona que<br />

colaborara con la incorporación del enfoque de género<br />

en el trabajo de la entidad. Estas personas<br />

–”los enlaces”– serían coordinadas desde la LDG<br />

en Lima 64 .<br />

Los “enlaces” asumieron el compromiso de<br />

trabajar por la incorporación del enfoque de género,<br />

como una tarea adicional a las funciones que<br />

tenían a cargo. Me detengo aquí para reconocer el<br />

trabajo de estas personas, sin cuyo aporte permanente<br />

y su convencimiento de la importancia del<br />

tema, la labor hubiera sido aún mucho más difícil.<br />

Los informes periódicos de los “enlaces” daban<br />

cuenta de los planes de trabajo diseñados por<br />

cada Sede Regional, con base en los talleres de género<br />

y a las propias necesidades locales. Estos planes<br />

eran sencillos y muy precisos, considerando,<br />

además, la escasez de tiempo y de recursos con<br />

que se contaba. Básicamente, las sedes trabajaban<br />

enfatizando las preguntas relativas a los casos de<br />

violencia sexual, durante la toma de entrevistas.<br />

Asimismo, establecían y reforzaban sus relaciones<br />

con las organizaciones populares de mujeres afectadas<br />

por la violencia y los clubes de madres, a fin<br />

de motivar que un mayor número de mujeres se<br />

incorporaran al proceso de la CVR. En cuanto a<br />

las actividades de difusión, las sedes programaron<br />

entrevistas radiales sobre la importancia de los derechos<br />

de las mujeres, difundieron los videos de<br />

las audiencias públicas en las que participaron las<br />

mujeres y prepararon artículos sobre el tema en<br />

sus boletines locales.<br />

En muchos casos, elaboraron guías de ayuda<br />

para la toma de testimonios, haciendo, además,<br />

un seguimiento de la incorporación de la perspectiva<br />

de género en el trabajo de los diferentes equipos<br />

de la CVR. Para ello, trabajaron permanen-


temente en la sensibilización del personal local.<br />

Asimismo, los “enlaces” apoyaron el trabajo de<br />

la LDG seleccionando testimonios que pudieran<br />

servir para ejemplificar con mayor claridad los supuestos<br />

de violencia sexual que serían incluidos<br />

en el Informe Final.<br />

Estos fueron logros, sin duda, ya que ponían<br />

la preocupación por el trabajo en género al mismo<br />

nivel que las demás tareas de la CVR. Como se<br />

ha visto, el Acuerdo de Comisionados, la creación<br />

de la LDG y el establecimiento de los enlaces fueron<br />

pasos vitales, ya que implicaban un respaldo<br />

institucional que resultaba fundamental para el<br />

trabajo y su participación fue convocada permanentemente<br />

para desarrollar el trabajo 65 .<br />

Con estos antecedentes, el siguiente paso de<br />

la LDG fue priorizar las líneas de acción y, de esta<br />

forma, diseñar estrategias ad hoc para la investigación<br />

de la CVR, que garantizaran elementos<br />

básicos de análisis con miras al Informe Final.<br />

LÍNEAS DE TRABAJO<br />

Primero: enfatizando las historias de<br />

las mujeres<br />

Siendo el caso que la situación de las mujeres<br />

durante el conflicto armado vivido en el Perú<br />

no había sido tomada en cuenta, la LDG dio énfasis<br />

en ta tarea de conocer cuáles habían sido las situaciones<br />

que las habían afectado específicamente<br />

y de qué manera la CVR tenía que asumir esta<br />

realidad en su trabajo.<br />

En ese momento, la crítica más recurrente<br />

consistía en argumentar que, si de lo que se<br />

trataba era de trabajar con perspectiva de género,<br />

resultaba contradictorio enfatizar solamente la situación<br />

de las mujeres.<br />

Al respecto, es necesario considerar la validez<br />

de desarrollar intervenciones dirigidas a disminuir<br />

la existencia de situaciones desventajosas<br />

para las mujeres 66 . Este tipo de intervenciones no<br />

contradicen la incorporación transversal de una<br />

perspectiva de género, sino que, por el contrario,<br />

reconocen la existencia de situaciones de inequidad<br />

que es necesario contrarrestar. Un análisis<br />

con perspectiva de género permite evidenciar que<br />

las mujeres no recibieron la misma atención hacia<br />

las violaciones de sus derechos que los varones,<br />

que la subordinación y discriminación que las<br />

afecta diariamente también las rodeó durante el<br />

conflicto armado e hizo más difícil aún que tuvieran<br />

acceso a formas de justicia y de reparación<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

y que la violencia sexual constituyó violencia de<br />

género, entre otros aspectos.<br />

Segundo: estableciendo ideas básicas<br />

Considerando la situación ya descrita y la<br />

premura del trabajo, se delineó algunas ideas básicas<br />

que servirían de guía para el trabajo de los<br />

funcionarios y funcionarias de la CVR y que fueron<br />

difundidas en el Acuerdo de Comisionados al<br />

que ya se hizo referencia.<br />

En primer lugar, se debía tener siempre presente<br />

que la violencia no se había vivido de la<br />

misma manera por hombres y por mujeres y que<br />

no podía mantenerse una aproximación neutral<br />

de los hechos. Asimismo, debía reconocerse que<br />

las mujeres no habían tenido posibilidades de difundir<br />

sus historias y que su perspectiva de los<br />

hechos no sólo no se conocía sino que en muchas<br />

circunstancias había sido expresamente ignorada.<br />

Por ello, la CVR no podía generalizar las causas,<br />

hechos o consecuencias de la violencia.<br />

El objetivo básico de la CVR era recuperar<br />

las historias de la mayor cantidad de personas con<br />

miras a satisfacer el derecho a la verdad que, como<br />

se sabe, tiene dimensiones tanto colectivas como<br />

individuales. Por ello, sin la voz de las mujeres,<br />

solamente se tendrían visiones parciales de los<br />

hechos y, con ello, la CVR no cumpliría con su<br />

objetivo fundamental.<br />

Un elemento adicional fue reconocer que sólo<br />

recuperando esta información se podría hablar de<br />

propuestas de reparación diseñadas de modo tal<br />

que incluyeran a la mayor cantidad de población<br />

afectada por los hechos de violencia. Finalmente, si<br />

la CVR pretendía plantear reformas institucionales<br />

a ser adoptadas por el Estado con miras a evitar la<br />

continuidad de las condiciones que ocasionaron y<br />

permitieron los crímenes y violaciones de derechos<br />

humanos en el país, era imprescindible que estas<br />

reformas se diseñaran con una perspectiva de inclusión<br />

de las personas tradicionalmente discriminadas<br />

y cuya existencia se desarrollaba al margen<br />

de la sociedad urbana y limeña.<br />

Otra idea importante era que tanto el personal<br />

de la CVR como la población en general<br />

entendiera que la violencia sexual no es un daño<br />

colateral o algo “normal” durante los conflictos<br />

armados sino que constituye una violación de derechos<br />

humanos. Si este punto no se tenía en claro,<br />

no se podría lograr su inclusión dentro de los<br />

crímenes y violaciones de derechos humanos que<br />

se investigaban, no se plantearían entre los casos<br />

que finalmente se derivaron al Ministerio Público<br />

207


Julissa Mantilla Falcón<br />

y no se incluiría el tema al momento de plantear<br />

las propuestas de reparaciones.<br />

Éstas son sólo algunas ideas básicas que sirvieron<br />

de guía para el trabajo en la CVR del Perú en<br />

materia de género. Recordemos que la CVR era la<br />

primera comisión de su tipo que asumía el reto de<br />

incorporar una perspectiva de género en su trabajo.<br />

Por ello, las herramientas aquí señaladas deben entenderse<br />

como elementos iniciales y que no agotan<br />

las dimensiones que el tema contempla. Sin embargo,<br />

puede afirmarse que constituyen un mínimo<br />

indispensable para las entidades que buscan investigar<br />

las violaciones de derechos humanos dejando<br />

de lado las aproximaciones neutrales en el análisis.<br />

Tercero: toma de testimonios y talleres<br />

de capacitación<br />

Uno de los objetivos principales de la CVR<br />

era recuperar información testimonial en base a<br />

la cual se pudiera reconstruir los hechos correspondientes<br />

al período de investigación que se pretendía<br />

recuperar. Por ello, la toma de testimonios<br />

era quizás el ámbito más importante del trabajo y<br />

en el cual se concentraba gran parte de las actividades<br />

de la comisión, ya que el Informe Final se<br />

elaboraría con base principalmente en ellos.<br />

Por este motivo, se debía tener un cuidado<br />

especial para recuperar los testimonios de las mujeres<br />

en relación a su propia historia, lo cual implicaba<br />

además un diseño especial del cuestionario<br />

para la entrevista.<br />

Asimismo, al momento de convocar a la población<br />

a rendir su testimonio ante la CVR, debía<br />

incluirse no sólo el caso de las personas que habían<br />

sido víctimas de desaparición forzada o tortura,<br />

sino que además tenía que mencionarse de<br />

manera directa a las víctimas de violencia sexual.<br />

De este modo, se daba un reconocimiento expreso<br />

a la violencia sexual como una violación de derechos<br />

humanos.<br />

Cuando se inició el trabajo con perspectiva<br />

de género, uno de los primeros aspectos fue participar<br />

en el manual para la toma de entrevistas,<br />

con lo cual se pudo incluir un apartado especial,<br />

destinado a capacitar a los entrevistadores para<br />

que asumieran la investigación de los casos de<br />

violencia sexual con seriedad y con la certeza de<br />

lo difícil que es para una víctima de estos hechos<br />

acercarse a dar su testimonio 67 .<br />

Por ello, se dieron Talleres de Capacitación<br />

para la realización de entrevistas que partían de<br />

algunas ideas básicas. Lo primero era reconocer la<br />

existencia del silencio que rodeaba la historia de<br />

208<br />

las mujeres, sobre todo para los casos de violencia<br />

sexual. Asimismo, se debía tener presente que la<br />

discriminación tradicional en que viven las mujeres<br />

peruanas -y de manera especial las mujeres<br />

rurales- se acentuaba en estos casos 68 .<br />

En este contexto se ubica el tema de la culpa<br />

que acompaña a las víctimas, sentimiento no<br />

sólo generado por los victimarios sino también<br />

por los esposos, los familiares y la propia comunidad,<br />

quienes muchas veces la responsabilizaban<br />

de la agresión sufrida. Por otro lado, muchas mujeres<br />

habían iniciado nuevas relaciones de pareja<br />

en las que sus esposos no sabían lo sucedido, con<br />

lo cual era casi imposible pretender que se acercaran<br />

a la CVR.<br />

Por otra parte, las casi inexistentes denuncias<br />

de violaciones sexuales y/o de investigaciones<br />

oficiales, iniciadas durante el período del conflicto<br />

armado, dan una clara idea de la impunidad<br />

que rodeaba este tipo de violaciones de derechos<br />

humanos, la cual contribuye a que las víctimas<br />

de estos hechos no sólo no denuncien los hechos<br />

ante las instancias policiales y judiciales, sino que<br />

además traten de ocultar a toda costa lo sucedido<br />

tanto a nivel familiar como de su comunidad.<br />

Por todo ello, la persona a cargo de la toma<br />

de testimonios debía tener esta preocupación especial<br />

por incluir las voces de las mujeres y, para<br />

el caso específico de la violencia sexual, debía asumir<br />

el silencio inicial que caracteriza estas situaciones,<br />

creando el clima de confianza suficiente<br />

para que la testimoniante superara el temor y vergüenza<br />

naturales. Era necesario tener la suficiente<br />

sensibilidad para no forzar a la víctima a hablar si<br />

es que no deseaba hacerlo, pero tampoco dejar de<br />

lado información importante.<br />

Por otro lado, se recomendaba que fueran<br />

mujeres las encargadas de asumir los casos de<br />

aquellas mujeres que se acercaban a la CVR, quienes<br />

probablemente buscaban denunciar lo que les<br />

sucedió a sus familiares y sólo se animarían a contar<br />

su propia experiencia si sentían la suficiente<br />

confianza para hacerlo.<br />

Asimismo, era necesario incluir entre el repertorio<br />

general de preguntas de la entrevista algunas<br />

que ayudaran a determinar la existencia de<br />

hechos de violencia sexual, las cuales debían hacerse<br />

permanentemente a todas las personas que<br />

se acercaban a la CVR. La idea era preguntar de<br />

manera general si la persona testimoniante conocía<br />

de casos de violencia sexual en su comunidad.<br />

Si la respuesta era afirmativa, se debía profundizar<br />

la entrevista tratando de determinar algún<br />

caso específico, con la mayor información posible


en relación a la identidad de la víctima, del agresor,<br />

el lugar, la fecha, etc. Este tipo de preguntas<br />

resultaba fundamental ya que en muchas ocasiones<br />

los varones podían dar esta información con<br />

mayor facilidad que las mujeres.<br />

La LDG concentró gran parte de su trabajo<br />

en los talleres de capacitación para entrevistadores<br />

organizados en las diferentes sedes regionales<br />

de la CVR. Asimismo, se tuvo una activa participación<br />

en las reuniones internas de las diferentes<br />

áreas de la CVR donde se trataba de incluir permanentemente<br />

el enfoque de género.<br />

Resulta importante reflexionar sobre la interesante<br />

experiencia de los talleres con funcionarios<br />

y funcionarias de provincias. Trabajar temas que<br />

impliquen el análisis de género es difícil y retador<br />

pero lo es más todavía en realidades diferentes a<br />

las que se tiene acceso cotidianamente, esto es, el<br />

ámbito rural. Ante ello, el taller no podía plantearse<br />

como una imposición o una versión urbana<br />

sobre los problemas y realidades de las diferentes<br />

regiones, sino que debía ser construido y reelaborado<br />

en función a las necesidades y realidades de<br />

cada zona .<br />

Para ello, la discusión grupal se iniciaba en<br />

relación a un tema que afecta permanentemente a<br />

hombres y mujeres en el Perú, esto es, la discriminación<br />

como una violación de derechos humanos.<br />

La idea inicial era que los y las asistentes entendieran<br />

que la discriminación constituye una<br />

afectación a los derechos y a la dignidad de las personas<br />

y que se manifiesta en ámbitos diversos de<br />

la vida cotidiana, muchas veces sin ser reconocida<br />

como tal. Poco a poco, se iban contando ejemplos<br />

y experiencias rutinarias de discriminación, tales<br />

como los conocidos casos de las discotecas y pubs<br />

que impiden el ingreso de personas de rasgos andinos<br />

69 , las mejores posibilidades de trabajo para las<br />

personas egresadas de las universidades limeñas y<br />

privadas, los problemas que enfrenta la población<br />

quechuahablante para acceder a una educación de<br />

calidad, etc.<br />

Una vez que tanto hombres como mujeres<br />

reconocían la necesidad de condenar las conductas<br />

discriminatorias, se daba un segundo paso<br />

para vincular esta situación al caso del conflicto<br />

armado peruano. La realidad de las víctimas, su<br />

composición social y económica, el centralismo<br />

en la administración de justicia, eran temas que<br />

se presentaban naturalmente en la discusión que<br />

se suscitaba entre los y las participantes.<br />

Una vez establecidos estos puntos, se entraba<br />

a analizar el vínculo entre las violaciones a los<br />

derechos humanos y la discriminación de género,<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

con el objetivo de que -entendidos los efectos que<br />

la discriminación acarreaba- se comprendiera por<br />

qué era necesario trabajar con perspectiva de género<br />

en la CVR, el reto que esto implicaba y el<br />

compromiso que se requería de cada uno de los<br />

funcionarios de la CVR.<br />

En la totalidad de casos, los resultados fueron<br />

alentadores. Muchos de los participantes tenían<br />

experiencia en el trabajo de derechos humanos.<br />

Sin embargo, pocos o casi ninguno de ellos<br />

conocía el vínculo entre este trabajo y el análisis<br />

de género. En lo personal, fue muy interesante<br />

participar en las discusiones, entender los diferentes<br />

puntos de vista y, sobre todo, observar cómo<br />

muchos de los más escépticos resultaban especialmente<br />

comprometidos con el tema. Asimismo, se<br />

dieron casos de resistencia y espacios de crítica<br />

en los cuales los propios funcionarios analizaban<br />

sus conductas al interior de las sedes, exponiendo<br />

situaciones que consideraban discriminatorias y<br />

estereotipadas y exponiendo sus posiciones personales<br />

ante cada situación.<br />

Para el desarrollo de los talleres se elaboró una<br />

Guía de Capacitación 70 , la cual desarrollaba ciertos<br />

conceptos básicos pero, además, daba lineamientos<br />

para el trabajo práctico en cada Sede Regional. Asimismo,<br />

al término de la actividad se nombraba a un<br />

relator o relatora que daba cuenta de las principales<br />

conclusiones de la jornada pero que además recogía<br />

los compromisos concretos de trabajo que cada Sede<br />

Regional planteaba desarrollar. De esta manera, no<br />

se trataba en ningún momento de una imposición<br />

externa sino que era la propia Sede la que -evaluando<br />

su realidad concreta y sus posibilidades en tiempo<br />

y recursos- planteaba su esquema de trabajo 71 .<br />

En cuanto a la presencia en las reuniones<br />

internas de la CVR, la LDG tuvo una preocupación<br />

especial en participar en las reuniones y<br />

talleres internos que las diferentes áreas de la CVR<br />

organizaban, como una manera de consolidar el<br />

trabajo en género. Para ello, se tenía un contacto<br />

permanente con las personas a cargo, se ofrecían<br />

materiales informativos y se brindaban exposiciones<br />

breves, entre otros recursos. Este trabajo era<br />

fundamental dado que la CVR fue incrementando<br />

el número de funcionarios y funcionarias, quienes<br />

llegaron a la entidad en diferentes momentos<br />

y con quienes también era necesario trabajar en<br />

cuanto al enfoque de género 72 .<br />

Cuarto: Sensibilización y difusión<br />

Este fue uno de los aspectos más importantes<br />

del trabajo de la LDG y se desarrolló tanto a<br />

nivel interno como externo a la CVR.<br />

209


Julissa Mantilla Falcón<br />

A nivel interno, además de los talleres y<br />

reuniones internas, se elaboró un boletín que se<br />

difundía por correo electrónico 73 , que permitía<br />

distribuir permanentemente una serie de documentos<br />

informativos que pudieran ayudar al trabajo<br />

de las diferentes áreas de la comisión. Asimismo,<br />

las labores de la LDG fueron ubicadas en<br />

el sitio web principal de la CVR 74 .<br />

A nivel externo, era necesario que la CVR<br />

expresara abiertamente su compromiso con la<br />

perspectiva de género en la investigación en derechos<br />

humanos. Por ello, y con motivo del Día<br />

Internacional de la Mujer, se organizó el evento<br />

“Rompiendo el Silencio” el 08 de marzo de 2002.<br />

Este fue un espacio interesante en el que se reflexionó<br />

sobre el rol de las mujeres durante el conflicto<br />

armado y se contó con la colaboración de<br />

diferentes organizaciones y representantes de la<br />

sociedad civil.<br />

La idea del evento era que se pudieran presentar<br />

diferentes aproximaciones al tema, entre<br />

ellas la posición de la CVR que planteaba claramente<br />

la decisión de aplicar la temática de género<br />

en sus investigaciones. Asimismo, hubo exposiciones<br />

desde la academia universitaria, desde el<br />

trabajo con las mujeres desplazadas, desde la realidad<br />

de las mujeres en cárcel y desde las madres<br />

que buscaron durante años a sus hijos desaparecidos<br />

75 . Como resultado de esta actividad, se editó<br />

una publicación recogiendo las ponencias, la cual<br />

fue distribuida a nivel nacional e internacional 76 .<br />

Por otro lado, la LDG elaboró spots radiales,<br />

afiches y volantes informando sobre la necesidad<br />

de conocer las historias de las mujeres. Slogans<br />

del tipo “Mujer peruana, ven a dar tu testimonio”,<br />

“Sin tu testimonio, la verdad no estará completa”,<br />

“La verdad de las mujeres debe ser escuchada”,<br />

buscaban que las mujeres tomaran conciencia<br />

sobre la importancia de su rol en el proceso de<br />

recuperación de la verdad y la memoria. Adicionalmente,<br />

se prepararon textos, artículos y materiales<br />

informativos que se difundieron a nivel de<br />

los medios de comunicación nacionales. .<br />

Por otra parte, se elaboró un folleto tipo cómic,<br />

destinado a difundir que la violencia sexual<br />

es una violación de derechos humanos. Se trataba<br />

de una historia animada en la cual una mujer<br />

narraba la experiencia de una violación sexual, la<br />

cual no había contado a nadie previamente. En los<br />

textos se hacía alusión a la importancia de saber<br />

la verdad para vencer la inseguridad y el temor que<br />

genera la violencia, se explicaba la confidencialidad<br />

del procedimiento de la CVR y se incluía a hombres<br />

y mujeres preocupados por el tema. Si bien no<br />

2<strong>10</strong><br />

es posible medir el impacto real de los folletos en<br />

cuanto al aumento de testimonios de las mujeres,<br />

es necesario resaltar que el cómic buscaba que las<br />

mujeres supieran que no eran culpables de, los hechos<br />

de violencia sexual de los que fueron víctimas<br />

y que la población en general entendiera la realidad<br />

de la violación sexual como una violación de derechos<br />

humanos. La idea era presentar el tema de<br />

modo tal que las mujeres pasaran de ser víctimas<br />

a sobrevivientes, como un primer paso individual.<br />

En este mismo contexto se ubican las audiencias<br />

públicas que organizó la CVR cuyo propósito<br />

fue reconocer el rol de la mujer como víctima<br />

y como sobreviviente del conflicto armado.<br />

Asimismo, se trato de resaltar el rol desempeñado<br />

por las mujeres en la recuperación de la memoria<br />

histórica, sobre todo porque muchos de los varones<br />

habían desaparecido o habían muerto y eran<br />

las mujeres quienes brindaban la información con<br />

la que la CVR trabajaba 77 .<br />

Quinto: La relación con las organizaciones<br />

de la sociedad civil<br />

Uno de los aspectos básicos del trabajo de<br />

la LDG fue establecer contactos con las organizaciones<br />

de la sociedad civil vinculadas al trabajo<br />

en derechos humanos y en temas de género. Así,<br />

se creó un grupo de apoyo a la LDG integrado por<br />

representantes de organizaciones de derechos humanos<br />

y de defensa de los derechos de las mujeres,<br />

principalmente. Debe decirse que, una vez<br />

más, las personas que se vincularon al proceso no<br />

sólo representaban el compromiso de sus instituciones<br />

como tales sino que, además, estaban individualmente<br />

interesadas en el tema.<br />

Este vínculo con las organizaciones permitió<br />

un apoyo importante para la realización de actividades<br />

de sensibilización y difusión así como para<br />

el logro de un capítulo específico sobre género en<br />

el Informe Final.<br />

Sexto: Judicialización de casos<br />

Como ya se ha dicho, la CVR fue implementando<br />

su trabajo poco a poco, en virtud de<br />

las limitaciones de recursos y las singularidades<br />

del proceso peruano. En ese desarrollo, nuevas<br />

áreas se fueron creando a lo largo de su funcionamiento<br />

78 . Una de ellas fue la Unidad de Judicialización<br />

de Casos, la cual tuvo como objetivo principal<br />

seleccionar y preparar los reportes de casos<br />

que pudieran ser presentados al Ministerio Público,<br />

al término del trabajo de la comisión. Cabe<br />

resaltar que ésta no era una obligación establecida


en el mandato de la CVR pero se optó por ello con<br />

miras a enfatizar la necesidad de las reparaciones<br />

en justicia, así como para colaborar con la labor de<br />

los operadores jurídicos.<br />

Para la selección de los casos se habían dado<br />

una serie de criterios, relativos a la complejidad<br />

de los hechos, la información previa existente y<br />

el valor emblemático, principalmente. Si bien la<br />

perspectiva de género no era un criterio inicial,<br />

luego de algunas reuniones sobre el tema, se incorporaron<br />

dos casos relativos a la violencia sexual<br />

contra mujeres. Definitivamente, dos casos<br />

frente al total de cuarenta y siete que finalmente<br />

se presentaron, resultan ínfimos. Sin embargo,<br />

debe tenerse presente que el tema no estaba pensado<br />

al inicio del trabajo de esta unidad y que el<br />

haber logrado incorporar al menos esos casos, fue<br />

un logro importante 79 .<br />

Sétimo: ¿Incorporación transversal o<br />

un capítulo específico?<br />

He dejado este punto para el final porque fue<br />

uno de los más importantes y a la vez más discutidos<br />

en el proceso. Recuerdo la frase de una<br />

especialista en género quien decía que la mejor<br />

manera de hacer invisible la perspectiva de género<br />

era haciéndola transversal, porque de esa manera<br />

la responsabilidad de su incorporación se diluía.<br />

Por el contrario, la ventaja de un capítulo específico<br />

era que implicaba una preocupación especial<br />

y una visibilización del tema, con lo cual el mensaje<br />

era diferente. Luego de varios debates y discusiones,<br />

la posición de la LDG fue la de unificar<br />

ambas perspectivas, esto es, procurar la incorporación<br />

transversal de la perspectiva de género en<br />

el trabajo de la CVR pero también la inclusión de<br />

un capítulo específico, el cual debería condensar el<br />

análisis de género realizado en la CVR.<br />

Ahora bien, lograr un apartado de esta naturaleza<br />

en el Informe Final era algo que se veía<br />

como casi imposible al inicio. Por ello, la idea era<br />

crear espacios de discusión tanto a nivel interno<br />

como externo de la CVR, a fin de consolidar la<br />

idea de un capítulo de género. En este proceso, la<br />

idea fue tomando cuerpo y en cierto punto, el debate<br />

se centró en el contenido del capítulo pero no<br />

en su existencia, la cual se dio por sentada.<br />

A esta aceptación contribuyó la singularidad<br />

del reto que la CVR había asumido en comparación<br />

con experiencias similares previas, lo cual<br />

sólo podría evidenciarse con una inclusión específica<br />

del tema en el Informe Final. A la par, se<br />

fue generando una expectativa importante tanto<br />

al interior de la comisión como en el ámbito de<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

las diferentes organizaciones de derechos humanos,<br />

de las académicas especialistas en género y<br />

de las organizaciones de mujeres, cuyo reclamo<br />

por el apartado específico –a mi juicio– pesó en la<br />

decisión final de darle el visto bueno a la inclusión<br />

del capítulo.<br />

Cuando la LDG fue disuelta en diciembre de<br />

2002, la idea del capítulo se mantuvo y, pese a que<br />

la versión final del texto no estuvo bajo nuestra<br />

responsabilidad, sí es importante rescatar el hecho<br />

que el capítulo se incluyera. La idea que debe<br />

primar es que, en el futuro, cuando otras entidades<br />

de investigación similares se constituyan y<br />

revisen el proceso peruano, el apartado en género<br />

estará ubicado en el desarrollo del Informe Final<br />

y su existencia ya no tendrá que justificarse. A mi<br />

juicio, éste fue uno de los más importantes aportes<br />

de la CVR.<br />

Mirando hacia delante: Sugerencias<br />

para futuras Comisiones de la Verdad<br />

Si bien cada comisión de la verdad responde<br />

a una realidad particular y diferenciada, es posible<br />

delinear algunas recomendaciones en cuanto a la<br />

integración de una perspectiva de género en el trabajo<br />

de futuras comisiones, a raíz de la experiencia<br />

de trabajo desarrollada en la CVR.<br />

Por una parte, es importante que los debates<br />

que se desarrollan en cada sociedad previamente<br />

al establecimiento de las comisiones de la verdad,<br />

incluyan la importancia de la incorporación de la<br />

perspectiva de género como herramienta de análisis<br />

y trabajo.<br />

Resulta fundamental que esta visión de género<br />

se encuentre presente en el proceso inicial de<br />

establecimiento y configuración de las comisiones,<br />

básicamente en cuanto a los objetivos de la investigación,<br />

el trabajo en la toma de testimonios, el<br />

diseño de la base de datos y la preparación del Informe<br />

Final, entre otros aspectos. De este modo, el<br />

tema no resultará en una imposición externa sino<br />

que se responderá al proceso de creación de la comisión<br />

y se verificará un compromiso real de la<br />

entidad.<br />

Por otro lado, y en lo que se refiere a la<br />

configuración y diseño de las comisiones, es importante<br />

que las instancias de decisión e investigación<br />

reflejen una paridad de género, teniendo<br />

siempre presente que el tema va más allá de una<br />

mera cuestión de números. De lo que se trata es<br />

de desarrollar políticas de inclusión que permitan<br />

el acceso equitativo de hombres y mujeres a las<br />

diferentes instancias de la organización. Esto es<br />

fundamental, ya que la falta de paridad contribuye<br />

211


Julissa Mantilla Falcón<br />

a la invisibilización de las necesidades específicas<br />

de cada grupo -en este caso de las mujeres- y lleva<br />

a asumir que las perspectivas y prioridades de<br />

varones y mujeres son las mismas. Sin mujeres<br />

en los espacios de decisión se corre el riesgo de<br />

generalizar los hechos y se perpetúan situaciones<br />

tradicionales de discriminación e inequidad.<br />

Por otra parte, si bien el análisis con perspectiva<br />

de género debe ser transversal al trabajo de<br />

las comisiones, es también necesario hacer hincapié<br />

en grupos o apartados específicos. En muchos<br />

casos, hacer transversal la perspectiva de género<br />

implica olvidar la realidad particular de las mujeres,<br />

ya que en esa transversalidad se diluyen las<br />

responsabilidades y preocupaciones por los grupos<br />

específicos.<br />

Asimismo, resulta importante que las instancias<br />

destinadas al diseño de las políticas de<br />

reparaciones y de reformas institucionales incorporen<br />

el análisis de género en la elaboración de<br />

sus propuestas, enfatizando la importancia de su<br />

vigencia y explicando claramente las razones para<br />

su inclusión.<br />

Finalmente, es fundamental que las comisiones<br />

logren difundir su compromiso con la equidad<br />

de género a nivel de la sociedad civil, de modo que<br />

las instancias destinadas al seguimiento de las<br />

recomendaciones y del Informe Final tengan presente<br />

la continuidad del trabajo en este aspecto.<br />

Algunas palabras finales<br />

El trabajo en la CVR fue difícil y quizás el<br />

más complicado que he tenido que asumir en mi<br />

212<br />

vida profesional, no sólo por el desgaste intelectual<br />

y emocional que implicó, sino por las dimensiones<br />

del reto que debía enfrentarse. Y sin embargo,<br />

miro para atrás y concluyo que, si me ofrecieran<br />

nuevamente la oportunidad de trabajar en la CVR,<br />

aceptaría sin dudar. Se hizo mucho, se llegó a las<br />

personas y se marcó un cambio en la manera de<br />

hacer investigación en derechos humanos.<br />

Me detengo en estas líneas finales para pensar<br />

en la “Línea de Género”, ese grupo de mujeres que<br />

en diferentes momentos del camino apoyó el trabajo<br />

en la CVR, asumiendo el costo del estigma y<br />

el reto de la causa, tanto a nivel de la Sede Central<br />

como en el rol de enlaces en las Sedes Regionales.<br />

El mismo reconocimiento debe extenderse hacia<br />

las académicas, activistas y organizaciones que participaron<br />

en el grupo de apoyo a la LDG, así como a<br />

los comisionados, entrevistadores y demás funcionarios<br />

y funcionarias de la CVR que entendieron<br />

la importancia de la perspectiva de género y que se<br />

involucraron activamente en el proceso.<br />

Quienes trabajamos en temas de género sabemos<br />

que este enfoque es revolucionario y cuestionador,<br />

lo cual implica que reciba resistencia,<br />

sobre todo porque su vínculo con la investigación<br />

en derechos humanos no siempre es entendido.<br />

Y sin embargo, como se vio en el caso peruano,<br />

la perspectiva de género implicó un enriquecimiento<br />

en el trabajo de la CVR, una mejor<br />

aproximación al proceso que se estudiaba y una<br />

preocupación por establecer las bases hacia una<br />

sociedad más justa e inclusiva. Ante ello, cualquier<br />

esfuerzo vale la pena.


1. A Cecilia Reynoso, Melissa Bustamante, Carla<br />

Lecaros y Diana Portal, integrantes de la Línea<br />

de Género de la CVR. Asimismo, una dedicación<br />

especial y un agradecimiento permanente<br />

al Dr. José Burneo, Jefe del Equipo Jurídico de la<br />

CVR, así como a la Dra. Norma Rojas, Coordinadora<br />

del Área.<br />

2. Otra versión de este trabajo se puede consultar<br />

en Anne Pérotin-Dumon (dir.), Historizar<br />

el pasado vivo en América Latina, publicación<br />

electrónica de próxima aparición en www.historizarelpasadovivo.edu.pe<br />

3. Decreto Supremo Nº 065/2001/PCM del 4 de<br />

junio de 2001.<br />

4. Decreto Supremo Nº <strong>10</strong>1/2001/PCM del 31 de<br />

agosto de 2001.<br />

5. http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.php, visitada<br />

en agosto de 2004.<br />

6. “Como peruanos, nos sentimos abochornados<br />

por decir esto, pero es la verdad y tenemos la<br />

obligación de hacerla conocer. Durante años,<br />

las fuerzas del orden olvidaron que ese orden tiene<br />

como fin supremo a la persona y adoptaron<br />

una estrategia de atropello masivo de los derechos<br />

de los peruanos, incluyendo el derecho a<br />

la vida. Ejecuciones extrajudiciales, desapariciones,<br />

torturas, masacres, violencia sexual contra<br />

las mujeres y otros delitos igualmente condenables<br />

conforman, por su carácter recurrente y por<br />

su amplia difusión, un patrón de violaciones de<br />

los derechos humanos que el Estado peruano<br />

y sus agentes deben reconocer para subsanar”.<br />

Discurso de presentación del Informe Final de<br />

la CVR http://www.aprodeh.org.pe/sem_verdad/informe_final/discurso_lerner.htm,visitada<br />

en setiembre de 2004.<br />

7. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VIII, Segunda<br />

Parte: Los factores que hicieron posible la Violencia,<br />

Capítulo 2: El Impacto diferenciado de<br />

la Violencia, 2.1 Violencia y Desigualdad de<br />

Género http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

8. La violencia contra la mujer, Recomendación<br />

General 19, Comité para la Eliminación de la<br />

Discriminación contra la Mujer, 30 de enero de<br />

1992.<br />

9. Tomo I, Primera Parte: El Proceso, los hechos,<br />

las víctimas, Sección Primera: Exposición general<br />

del proceso, Capítulo 3: Los rostros y per-<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

NOTAS<br />

files de las víctimas, http://www.cverdad.org.<br />

pe/ifinal/index.php, visitada en noviembre de<br />

2004.<br />

<strong>10</strong>. Ibídem.<br />

11. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VIII, Segunda<br />

Parte: Los factores que hicieron posible la Violencia,<br />

Capítulo 2: El Impacto diferenciado de<br />

la Violencia, 2.1 Violencia y Desigualdad de<br />

Género http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

12. Al respecto, se recomienda revisar el Informe<br />

del Representante del Secretario General, Sr.<br />

Francis M. Deng, “Intensificación de la promoción<br />

y el fomento de los derechos humanos<br />

y de las libertades fundamentales, en particular<br />

la cuestión del programa y los métodos de<br />

trabajo de la Comisión de derechos humanos,<br />

éxodos en masa y personas desplazadas. Los<br />

desplazados internos”, Comisión de derechos<br />

humanos-ECOSOC, 52º período de sesiones,<br />

E/CN.4/1996/52/Add.1.<br />

13. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VIII, Segunda<br />

Parte: Los factores que hicieron posible la Violencia,<br />

Capítulo 2: El Impacto diferenciado de<br />

la Violencia, 2.1 Violencia y Desigualdad de<br />

Género http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

14. Ibídem.<br />

15. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo III, Capítulo 3:<br />

Las organizaciones sociales, 3.6 Las universidades,<br />

http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

16. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VIII, Segunda<br />

Parte: Los factores que hicieron posible la Violencia,<br />

Capítulo 2: El Impacto diferenciado de<br />

la Violencia, 2.1 Violencia y Desigualdad de<br />

Género http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

17. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo III, Capítulo 3:<br />

Las organizaciones sociales, 3.2 Los sindicatos,<br />

los gremios empresariales y las organizaciones<br />

de mujeres http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.php,<br />

visitada en noviembre de 2004.<br />

18. Según el Informe de la CVR, en 1991, las dirigentes<br />

de organizaciones de base comenzaron a<br />

213


Julissa Mantilla Falcón<br />

214<br />

recibir amenazas y fueron objeto de atentados<br />

por parte del PCP-SL. En noviembre, se realizó<br />

la Marcha «Contra el hambre y el terror» liderada<br />

por María Elena Moyano y Emma Hilario,<br />

entre otras. En diciembre del mismo año<br />

se produjo el atentado contra Emma Hilario y,<br />

en febrero de 1992, el asesinato de María Elena<br />

Moyano luego de su protesta en Villa, El Salvador<br />

contra el paro armado decretado por el<br />

PCP-SL.<br />

19. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VII, Capítulo<br />

2: Los casos investigados por la CVR 2.57<br />

Los asesinatos de María Elena Moyano (1992)<br />

y Pascuala Rosado (1996) http://www.cverdad.<br />

org.pe/ifinal/index.php, visitada en noviembre<br />

de 2004.<br />

20. Ibídem.<br />

21. Durante el período estudiado por la CVR, estuvieron<br />

a cargo de la Secretaría Ejecutiva de<br />

la Coordinadora de Derechos Humanos, Pilar<br />

Coll, Susana Villarán, Rosa Mujica y Sofía Macher.<br />

22. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo III, Capítulo 3:<br />

Las organizaciones sociales, 3.2 Los sindicatos,<br />

los gremios empresariales y las organizaciones<br />

de mujeres http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.php,<br />

visitada en noviembre de 2004.<br />

23. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VIII, Segunda<br />

Parte: Los factores que hicieron posible la Violencia,<br />

Capítulo 2: El Impacto diferenciado de<br />

la Violencia, 2.1 Violencia y Desigualdad de<br />

Género http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

24. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo II, Sección Segunda:<br />

Los actores del conflicto. Capítulo 1:<br />

Los actores armados, 1.5 Los Comités de Autodefensa<br />

http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

25. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo II, Sección Segunda:<br />

Los actores del conflicto. Capítulo 1:<br />

Los actores armados, 1.2 Las Fuerzas Policiales<br />

http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.php, visitada<br />

en noviembre de 2004.<br />

26. Como señala un testimonio recogido por la<br />

CVR de parte de un agente estatal: “El hombre<br />

es un animal y en esas épocas es irracional, y lo<br />

toman como parte, pero hasta donde yo sé, [la<br />

violación] no figura [como tortura]. La tortura<br />

es otra cosa, la tortura es para sacarle informa-<br />

ción, esa es la finalidad y no creo que violando<br />

a una persona lo van a conseguir. Hay otras<br />

maneras de tortura, como sacarle una oreja. La<br />

finalidad de la tortura es sacarle información,<br />

no es otra”. Ibídem.<br />

27. Ibídem.<br />

28. Ibídem.<br />

29. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VIII, Segunda<br />

Parte: Los factores que hicieron posible la Violencia,<br />

Capítulo 2: El Impacto diferenciado de<br />

la Violencia, 2.1 Violencia y Desigualdad de<br />

Género http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.<br />

php, visitada en noviembre de 2004.<br />

30. Informe Final de la Comisión de la Verdad y Reconciliación<br />

del Perú, Tomo IX, Cuarta Parte:<br />

Recomendaciones de la CVR. Hacia un compromiso<br />

nacional por la Reconciliación. http://<br />

www.cverdad.org.pe/ifinal/index.php, visitada<br />

en noviembre de 2004.<br />

31. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo IX, Cuarta Parte:<br />

Recomendaciones de la CVR. Hacia un<br />

compromiso nacional por la Reconciliación.<br />

Capítulo 2: Recomendaciones. 2.1 Reformas<br />

Institucionales http://www.cverdad.org.pe/ifinal/index.php,<br />

visitada en noviembre de 2004.<br />

32. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo IX Cuarta Parte:<br />

Recomendaciones de la CVR. Hacia un compromiso<br />

nacional por la Reconciliación. Capítulo<br />

2: Recomendaciones. 2.2 Programa Integral de<br />

Reparaciones http://www.cverdad.org.pe/ifinal/<br />

index.php, visitada en noviembre de 2004.<br />

33. Ibídem.<br />

34. Decreto Supremo Nº 065/2001/PCM del 4 de<br />

junio de 2001.<br />

35. Al respecto se recomienda revisar el Informe de<br />

Radhika Coomaraswamy, Relatora especial sobre<br />

la violencia contra la mujer, con inclusión de<br />

sus causas y consecuencias, Integración de los<br />

derechos humanos de la mujer la perspectiva de<br />

género. La violencia contra la mujer. La violencia<br />

contra la mujer perpetrada y/o condonada<br />

por el Estado en tiempos de conflicto armado<br />

(1997-2000). Comisión de Derechos Humanos,<br />

57 periodo de sesiones, E/CN.4/2001/73,<br />

23 de enero de 2001.<br />

36. Declaración y Programa de Acción de Viena,<br />

Conferencia Mundial de Derechos Humanos,<br />

A/CONF.157/23, 12 de julio de 1993.<br />

37. Declaración sobre la eliminación de la violencia<br />

contra la mujer, Resolución de la Asamblea


General 48/<strong>10</strong>4 del 20 de diciembre de 1993,<br />

A/RES/48/<strong>10</strong>4, 23 de febrero de 1994.<br />

38. Convención interamericana para prevenir, sancionar<br />

y erradicar la violencia contra la mujer,<br />

XXIV periodo ordinario de sesiones de la<br />

Asamblea General de la OEA, Belém do Pará,<br />

Brasil, 6-<strong>10</strong> de junio de 1994.<br />

39. Declaración y Plataforma de Acción de Beijing,<br />

Cuarta Conferencia Mundial sobre la Mujer,<br />

Beijing, del 4 al 15 de septiembre de 1995.<br />

40. http://www.un.org/icty, visitada en agosto de<br />

2004.<br />

41. http://www.ictr.org/ visitada en agosto del 2004.<br />

42. Revisar al respecto los casos Tadic, Celebici y<br />

Foca. http://www.un.org/icty, visitada en agosto<br />

de 2004.<br />

43. http://www.onu.org/CINU/sep2000/pillay-disc.<br />

htm, visitada en mayo de 2004.<br />

44. Informe Relatora, 57 periodo, en: Oficina del<br />

Alto Comisionado de las Naciones Unidas para<br />

los Derechos Humanos, “Derechos de la Mujer”,<br />

Bogotá, diciembre de 2002, p. 92.<br />

45. http://www.un.org/spanish/law/icc, visitada en<br />

mayo de 2004.<br />

46. Lindsey, Charlotte, Los efectos de los conflictos<br />

armados en las mujeres. http://www.icrc.org/<br />

Web/spa/sitespa0.nsf/iwpList138/5C7D31B2<br />

3D9287F2C1256DE<strong>10</strong>0 637323, visitada en<br />

junio de 2004.<br />

47. Resolución 1325 del Consejo de Seguridad de<br />

las Naciones Unidas, S/Res/1325, 31 de octubre<br />

de 2000, http://www.un.org/events/res_1325e.<br />

pdf.<br />

48. http://www1.umn.edu/humanrts/instree/<br />

S-iccelementsofcrime.html, visitada en agosto<br />

de 2004.<br />

49. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VI, Sección<br />

Cuarta: Los crímenes y violaciones de los derechos<br />

humanos, Capítulo 1: Patrones en la<br />

perpetración de los crímenes y de las violaciones<br />

de los derechos humanos, 1.5 La violencia<br />

sexual contra la mujer http://www.cverdad.org.<br />

pe/ifinal/index.php, visitada en noviembre de<br />

2004.<br />

50. Al respecto, debe decirse que el Código Penal<br />

Peruano de 1924, vigente durante el conflicto<br />

armado peruano, incluía la siguiente definición<br />

de violación sexual:<br />

“Artículo 196.- Será reprimido con penitenciaría<br />

o prisión no menor de dos años, el que por<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

violencia o grave amenaza obligara a una mujer<br />

a sufrir el acto sexual fuera de matrimonio.”<br />

En 1991, se promulgó un nuevo Código Penal<br />

que establecía la siguiente definición:<br />

“Artículo 170.- El que, con violencia o grave<br />

amenaza, obliga a una persona a practicar el acto<br />

sexual u otro análogo, será reprimido con pena<br />

privativa de libertad no menor de tres ni mayor<br />

de seis años. Si la violación se realiza a mano<br />

armada y por dos o más sujetos, la pena será no<br />

menor de cuatro ni mayor de doce años.”<br />

El 14 de febrero de 1994, mediante la ley N°<br />

26293 se modifica este artículo de la siguiente<br />

manera:<br />

“Artículo 170.- El que con violencia o grave<br />

amenaza, obliga a una persona a practicar el<br />

acto sexual u otro análogo, será reprimido con<br />

pena privativa de libertad no menor de cuatro<br />

ni mayor de ocho años. Si la violación se realiza<br />

a mano armada y por dos o más sujetos, la<br />

pena será no menor de 8 ni mayor de 15 años.”<br />

Como se ve, las definiciones vigentes durante<br />

el conflicto armado se refieren al “acto sexual<br />

u otro análogo”, dejando fuera de la tipificación<br />

otras formas de violencia sexual.<br />

El 08 de junio de 2004, casi un año después de<br />

la entrega del Informe Final de la CVR, la Ley<br />

N° 28251 modificó el Código Penal Peruano,<br />

adaptándolo a las definiciones establecidas en<br />

la jurisprudencia internacional y en el Estatuto<br />

de Roma:<br />

“Artículo 170.- Violación sexual. El que con violencia<br />

o grave amenaza, obliga a una persona a<br />

tener acceso carnal por vía vaginal, anal o bucal<br />

o realiza otros actos análogos introduciendo<br />

objetos o partes del cuerpo por alguna de las<br />

dos primeras vías, será reprimido con pena privativa<br />

de libertad no menor de cuatro ni mayor<br />

de ocho años. La pena será no menor de ocho<br />

ni mayor de quince años e inhabilitación conforme<br />

corresponda: 1. Si la violación se realiza<br />

a mano armada y por dos o más sujetos. 2. Si<br />

para la ejecución del delito se haya prevalido de<br />

cualquier posición o cargo que le dé particular<br />

autoridad sobre la víctima, o de una relación de<br />

parentesco por ser ascendiente, descendiente o<br />

hermano, por naturaleza o adopción o afines<br />

de la víctima. 3. Si fuere cometido por personal<br />

perteneciente a las Fuerzas Armadas, Policía<br />

Nacional del Perú, Serenazgo, Policía Municipal<br />

o vigilancia privada, en ejercicio de su función<br />

pública. 4. Si la víctima tiene entre catorce<br />

y menos de dieciocho años. 5. Si el autor tuvie-<br />

215


Julissa Mantilla Falcón<br />

216<br />

re conocimiento de ser portador de una enfermedad<br />

de transmisión sexual grave.”<br />

51. Informe Final de la Comisión de la Verdad y<br />

Reconciliación del Perú, Tomo VI, Sección<br />

Cuarta: Los crímenes y violaciones de los derechos<br />

humanos, Capítulo 1: Patrones en la<br />

perpetración de los crímenes y de las violaciones<br />

de los derechos humanos, 1.5 La violencia<br />

sexual contra la mujer http://www.cverdad.org.<br />

pe/ifinal/index.php, visitada en noviembre de<br />

2004.<br />

52. Ibídem.<br />

53. Ibídem.<br />

54. “Guatemala: Memoria del silencio”, Cap. II<br />

Las violaciones de derechos humanos y los<br />

hechos de violencia, Cap. III Violencia sexual<br />

contra la mujer http://shr.aaas.org/guatemala/<br />

ceh/mds/spanish, visitada en octubre de 2004.<br />

55. GOLDBLATT, Beth y MEINTJES, Sheila.<br />

Gender and the Truth and Reconciliation<br />

Commission. A submission to the Truth and<br />

Reconciliation Commission, 1996. En http://<br />

www.doj.gov.za/trc/submit/gender.htm, visitada<br />

en julio de 2003.<br />

56. <strong>Vol</strong>umen cuatro, capítulo diez, Reporte final de<br />

la Comisión de la Verdad y Reconciliación, en:<br />

http://www.goshen.edu/library/EMBARGO, visitada<br />

el <strong>10</strong> de junio de 2004.<br />

57. Al respecto, se recomienda revisar BRID-<br />

GE, “Gender and Armed Conflict. Overview<br />

Report”, Institute of Development Studies,<br />

University of Sussex, Brighton, Reino Unido,<br />

agosto 2003 http://www.bridge.ids.ac.uk/<br />

reports_gend_CEP.html#Conflict, visitada en<br />

octubre de 2004.<br />

58. Amnistía Internacional, Women in the Front<br />

Line: Human Rights Violations against Women,<br />

marzo de 1991.<br />

59. Human Rights Watch, Terror no contado: Violencia<br />

contra las mujeres en el conflicto armado<br />

interno, diciembre de 1992.<br />

60. Comisión Interamericana de Derechos Humanos,<br />

Reporte Nº 5/96, Caso <strong>10</strong>.970, Raquel<br />

Martín de Mejía, Perú, marzo de 1996.<br />

61. “Guatemala: Memoria del silencio” http://shr.<br />

aaas.org/guatemala/ceh/mds/spanish, visitada<br />

en octubre de 2004.<br />

62. Al respecto, se recomienda revisar el Informe<br />

de Human Rights Watch “Struggling to survive:<br />

Barriers to justice for rape victims in Rwanda”,<br />

setiembre de 2004, <strong>Vol</strong>. 16, No. <strong>10</strong> (A).<br />

63. Una mención aparte merece la resistencia de<br />

algunos sectores que ignoraban la importancia<br />

de la perspectiva de género, desconfiaban<br />

de la necesidad de priorizar su vigencia y/o no<br />

veían la relación entre este tema (“este tema<br />

de mujeres”) y la labor de la CVR, dada la falta<br />

de recursos, el escaso tiempo de duración del<br />

mandato y el áspero contexto político que rodeaba<br />

a la comisión. Personalmente, considero<br />

que la resistencia que provoca el trabajo en<br />

género pasa por el inevitable cuestionamiento<br />

que éste implica en la vida personal. A diferencia<br />

de otros temas, el análisis sobre género<br />

implica una mirada hacia nuestros valores y<br />

formas de vida, así como a la manera en que<br />

desarrollamos nuestras relaciones personales<br />

y familiares, mirada que muchas veces resulta<br />

molesta e incómoda.<br />

64. Acuerdo de Comisionados de mayo de 2002,<br />

Comisión de la Verdad y Reconciliación del<br />

Perú, http://www.cverdad.org.pe/lacomision/<br />

nlabor/documentos01.php<br />

65. Debido a la identificación entre “género” y<br />

“mujer”, no debe llamar la atención que finalmente<br />

las personas que asumieron el rol de<br />

enlaces fueran en su mayoría mujeres.<br />

66. Es interesante mencionar que, a la larga, la<br />

LDG fue identificada por las funcionarias de<br />

la CVR como un espacio de defensa de sus<br />

propios derechos y situaciones de trabajo. En<br />

este sentido, muchas veces las trabajadoras de<br />

la comisión se acercaban a la LDG buscando<br />

orientación no sólo para su trabajo en la CVR,<br />

sino para situaciones generales en las cuales<br />

sus derechos se veían afectados, a nivel personal,<br />

familiar y/o laboral.<br />

67. United Nations, “Gender Mainstreaming. An<br />

overview”, United Nations, New York, 2002,<br />

p. 2.<br />

68. El referido manual del Entrevistador puede<br />

ubicarse en el Centro de Información para la<br />

Memoria Colectiva y los Derechos Humanos,<br />

ubicado en la Defensoría del Pueblo del Perú<br />

http://www.ombudsman.gob.pe.<br />

69. Aquí se debe tener en cuenta cómo la discriminación<br />

por género o por sexo va unida a otros<br />

tipos de discriminación. En el caso peruano<br />

la gran mayoría de las víctimas proviene de<br />

los sectores quechuahablantes, campesinos,<br />

pobres, es decir, personas cuyos derechos han<br />

sido tradicionalmente ignorados.<br />

70. Al respecto, se puede revisar Mantilla, Julissa,<br />

“De pisco, cajón y racismo”, diario La Repúbli-


ca, agosto de 2004, http://www.concytec.gob.<br />

pe/foroafroperuano/pisco.htm<br />

71. Este material puede ser revisado en el Centro<br />

de Información para la Memoria Colectiva y<br />

los Derechos Humanos, ubicado en la Defensoría<br />

del Pueblo del Perú. http://www.ombudsman.gob.pe.<br />

72. Un ejemplo de lo dicho fue el caso Manta, relativo<br />

a la violencia sexual generalizada contra<br />

las mujeres de dicha zona y cuyos responsables<br />

fueron agentes estatales. Los hechos<br />

fueron presentados durante el taller de capacitación<br />

en género realizado en Huancayo y,<br />

finalmente, fueron incluidos entre los casos<br />

que la CVR presentó al Ministerio Público. En<br />

la actualidad, la investigación se encuentra en<br />

desarrollo.<br />

73. Esta tarea generaba una intensa agenda de<br />

charlas y capacitaciones que recargaba las labores<br />

de la LDG, ya que muchas veces las actividades<br />

se daban en un mismo día para no<br />

distraer a los funcionarios de sus labores centrales.<br />

Sin embargo, era imprescindible mantener<br />

una presencia constante en las actividades<br />

de la CVR.<br />

74. http://www.cverdad.org.pe, visitada en noviembre<br />

de 2004.<br />

75. http://www.cverdad.org.pe/lacomision/nlabor/<br />

atrabajo2.php, visitada en agosto de 2004.<br />

76. Las presentaciones estuvieron a cargo de Sofía<br />

Macher, comisionada de la CVR, Narda Henríquez<br />

(Diploma de Estudios de Género), Diana<br />

Ávila (Consejería en Proyectos), Pilar Coll (ex<br />

Secretaria Ejecutiva de la Coordinadora Nacional<br />

de Derechos Humanos) y Angélica Mendo-<br />

La Comisión de la Verdad y Reconciliación en el Perú y la Perspectiva de Género:<br />

Principales Logros y HallazgosEl Caso de la Desaparición Forzada<br />

za (Asociación Nacional de Familiares de Desaparecidos<br />

del Perú – ANFASEP).<br />

77. “Rompiendo el silencio: las voces de las mujeres<br />

en la búsqueda de la verdad”, Día Internacional<br />

de la Mujer, 8 de marzo de 2002, Lima,<br />

Perú.<br />

78 Tal como sucedió en el caso sudafricano, la<br />

CVR llevó a cabo una serie de Audiencias Públicas<br />

en las principales ciudades peruanas<br />

afectadas por la violencia. La realización de las<br />

audiencias respondió a un criterio geográfico<br />

pero también temático, siendo el caso que se<br />

organizó audiencias sobre universitarios, desplazados,<br />

inocentes en prisión, mujer. Las audiencias<br />

constituyeron un espacio de expresión<br />

de las víctimas, en el cual pudieron contar<br />

sus historias y ser escuchadas a nivel nacional,<br />

muchas veces por primera vez. http://www.cverdad.org.pe/apublicas/audiencias/index.php<br />

En la<br />

actualidad, el material correspondiente a las<br />

Audiencias Públicas se encuentra en el Centro<br />

de Información para la Memoria Colectiva y<br />

los Derechos Humanos, ubicado en la Defensoría<br />

del Pueblo del Perú. http://www.ombudsman.gob.pe/<br />

79. Durante su trabajo, la CVR reformó su organigrama<br />

en varias oportunidades. Por ello, resulta<br />

difícil hacer un recuento exacto de cada uno<br />

de estos cambios. Las referencias que se hacen<br />

en este trabajo explican el nombre original del<br />

área y las funciones principales que cumplían.<br />

80. La totalidad de casos presentados por la CVR<br />

al Ministerio Público puede revisarse en http://<br />

www.justiciaviva.org.pe/comision.htm, Fuente:<br />

Diario La República, setiembre de 2004.<br />

217


REPARATIONS IN THE INTER-AMERICAN SYSTEM<br />

OF HUMAN RIGHTS: AN ANALYSIS OF THE<br />

JURISPRUDENCE ON COLLECTIVE CASES OF<br />

INDIGENOUS PEOPLES AND THE ECONOMIC, SOCIAL<br />

AND CULTURAL ASPECTS OF THEIR REPARATIONS<br />

INTRODUCTION<br />

In the past, it was not feasible to hold states<br />

accountable for human rights infringements as<br />

there were no international obligations vis-à-vis<br />

persons under their jurisdiction. Accountability<br />

and international redress for these situations was<br />

considered utopia. Today, it is generally acknowledged<br />

as a basic principle of international law<br />

that a state must make adequate reparation for<br />

the harm it caused to individuals by breaching its<br />

international obligations. Nevertheless, there are<br />

myriad questions and answers that have been derived<br />

from the application of this principle.<br />

What is adequate reparation? Is it possible to<br />

impose reparations as a preventive approach? How<br />

can a state repair a collective harm? Can violations<br />

of civil and political rights (CPRs) result in reparations<br />

enforcing economic, social and cultural rights<br />

(ESCRs)? The African, European and Inter-American<br />

Systems have found different answers to some<br />

of these questions and to others that have surged<br />

from examining the concept of redress.<br />

This analysis focuses on the Inter-American<br />

System of protection and defense of human<br />

rights (I/A System) and its response to complex<br />

challenges that arise in this area. In examining<br />

these challenges, it addresses a two-fold problem<br />

that exists in the I/A System. On one hand, the<br />

Inter-American construction of human rights<br />

standards has focused on the recognition of individuals<br />

as subjects of public international law; in<br />

the accountability for acts performed in violation<br />

of individual, not collective rights. On the other<br />

hand, the I/A System provides for a catalogue of<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Lilly G. Ching-Soto<br />

Human Rights Specialist at the Inter-American Commission on Human Rights (IACHR).<br />

enforceable rights, most of which are of civil and<br />

political nature 1 .<br />

In response to this two-fold problem, the I/A<br />

System has, through its jurisprudence, developed<br />

a comprehensive legal regime on reparations for<br />

human rights violations that exemplifies better<br />

ways to protect human rights in the region. This<br />

article analyzes the most important developments<br />

on the topic of reparations in cases of indigenous<br />

peoples, to emphasize those that mandate reparations<br />

for a collective harm as well as those that<br />

result in the enforcement of economic, social and<br />

cultural rights.<br />

I. Reparations for a collective in indigenous<br />

peoples’ cases within the Inter-<br />

-American System<br />

The history and circumstances of the Americas<br />

have allowed the Inter-American Court of Human<br />

Rights (IACtHR or I/A Court) to deal with<br />

cases of multiple victims that often are part of a<br />

collective that shares a conflict or a history of social<br />

disadvantages that served as the premise for<br />

the human rights violations that were committed<br />

against them. Their urgent and massive need for<br />

reparations has raised questions. What are collective<br />

rights? How are reparations carried out when<br />

there are large numbers of victims with a collective<br />

identity? Is restitutio in integrum 2 implementable<br />

with regards to a collective?<br />

In order to better understand these questions<br />

and their legal and practical implications, it is necessary<br />

to address who is considered a beneficiary<br />

219


Lilly G. Ching-Soto<br />

of reparations in the I/A System’s jurisprudence;<br />

the measures ordered as non-repetition guarantees<br />

in cases involving individual and collective beneficiaries;<br />

and some of the debates surrounding<br />

the notion of reparations for a collective.<br />

a. The benefi ciaries of reparations in the<br />

Inter-American jurisprudence<br />

Wording of Article 63 of the American Convention<br />

on Human Rights (ACHR), 3 1969, refers<br />

to the “injured party” as a beneficiary of measures<br />

to ensure the enjoyment of her right or freedom<br />

violated as well as of a remedy and fair compensation.<br />

However, the ACHR does not define the<br />

term, which is not found in the actual Rules of<br />

Procedure of the I/A Court (2009) either. These<br />

only include a definition of “alleged victim” and<br />

“victim,” the latter referring “to the person whose<br />

rights have been violated, according to a judgment<br />

pronounced by the Court.” 4 The I/A System’s<br />

lack of definition as to “what does “injured party’<br />

mean” and “who are to be included as beneficiaries<br />

of a reparation” has led to different interpretations<br />

by the I/A Court. 5<br />

Comparatively, the United Nations’ Basic<br />

Principles and Guidelines on the Right to a Remedy<br />

and Reparations for Victims of Gross Violations<br />

of International Human Rights Law and Serious<br />

Violations of International Humanitarian Law<br />

(“UNBPGR”), defined victims as “persons who individually<br />

or collectively suffered harm.” 6 In that<br />

respect, the concept of collective rights has been<br />

present in the discussion regarding indigenous<br />

peoples and minorities in the past. 7 Even though<br />

they don’t contain a definition of collective rights,<br />

the UN Declaration on the Rights of Indigenous<br />

Peoples, the Indigenous and Tribal Peoples Convention<br />

of the International Labour Organization<br />

(ILO Convention 169), and the Draft American<br />

Declaration on the Rights of Indigenous Peoples,<br />

establish collective rights and refer to them as essential<br />

for indigenous peoples. 8<br />

The Aloeboetoe et al. Case (1993) was the<br />

first case to deal with reparations for a collective<br />

in the I/A System. 9 It addressed the detention,<br />

inhumane or degrading treatment, and killing of<br />

seven members of the Saramaka tribe (Maroons)<br />

by the Suriname military in 1987. In its application<br />

to the IACtHR, the Inter-American Commission<br />

on Human Rights (IACHR) explained that<br />

220<br />

in traditional Maroon society, a person is<br />

a member not only of his or her own family<br />

group, but also of his or her own village<br />

community and tribal group […], the villagers<br />

make up a family in the broad sense. This is<br />

why damages caused to one of its members<br />

also represent damages to the community,<br />

which would have to be indemnified. <strong>10</strong><br />

Even though the I/A Court did not grant reparations<br />

for the Saramaka tribe as a whole, it ordered<br />

compensatory measures on behalf of the 46<br />

relatives of the seven direct victims. The IACtHR<br />

also ordered a measure of satisfaction that had<br />

individual and collective effects, when it decided<br />

that the state was obliged to reopen and staff the<br />

school of Gujaba and to make the medical dispensary<br />

operational. 11<br />

The Mayagna (Sumo) Awas Tingni Community<br />

Case (2001) once again raised the issue<br />

of communal rights to reparations. In its application,<br />

the IACHR alleged that Nicaragua had neither<br />

demarcated the communal lands of the Awas<br />

Tingni Community, nor adopted effective measures<br />

to ensure the property rights of the community<br />

to its ancestral lands and natural resources, and<br />

further that the state did not ensure an effective<br />

remedy in response to the community’s protests<br />

regarding its property rights. Accordingly, the IA-<br />

CHR requested reparations for the community as<br />

a whole and not for its individual members. 12 The<br />

IACtHR ordered the reparations requested to the<br />

members of the community, 13 who were considered<br />

the beneficiaries, but also ordered the state<br />

to invest a sum of money “in works or services<br />

of collective interest for the benefit of the Awas<br />

Tingni Community, by common agreement with<br />

the community.” 14 This was the first time the I/A<br />

Court accredited a “community”, and not a member<br />

to it, as a subject of collective reparation.<br />

Later, the IACHR submitted the Plan de<br />

Sánchez Massacre Case (2004), alleging denial of<br />

justice and other acts of intimidation and discrimination<br />

to the detriment of the survivors and<br />

the next of kin of the victims of the massacre of<br />

268 persons, most of them members of the indigenous<br />

Mayan people in Guatemala. 15 The case<br />

presented several obstacles for the identification<br />

of all the victims and the I/A Court determined<br />

as beneficiaries the surviving victims and ordered<br />

individual reparations to them. However, given<br />

that the victims in the case were members of the<br />

Mayan people, the I/A Court considered “that an<br />

important component of the individual reparation<br />

is the reparation that the Court will […] grant to<br />

the members of the community as a whole” and<br />

proceeded to order measures of satisfaction and<br />

guarantees of non-repetition that had cultural elements<br />

and a collective impact. 16


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

In the Moiwana Community Case (2005),<br />

the IACHR argued that members of the armed<br />

forces of Suriname attacked the N’djuka Maroon<br />

village of Moiwana massacring over 40 persons<br />

and razing the village to the ground. The IACHR<br />

considered that the beneficiaries of reparations in<br />

this case should be the Moiwana residents who<br />

survived the attack and the family members of<br />

those who were killed. 17 The I/A Court considered<br />

as beneficiaries individualized Moiwana Community<br />

members, except it established:<br />

Given that the victims of the present case are<br />

members of the N’djuka culture, this Tribunal<br />

considers that the individual reparations<br />

to be awarded must be supplemented by communal<br />

measures; said reparations will be<br />

granted to the community as a whole in subsection<br />

D.[OTHER FORMS OF REPARATION<br />

(Satisfaction measures and non-repetition<br />

guarantees)]. 18<br />

Additionally, in the Cases of the Yakye Axa<br />

Indigenous Community (2005) and Sawhoyamaxa<br />

Indigenous Community (2006), both dealing<br />

with traditional territory among other issues, the<br />

IACHR alleged that the Communities and all<br />

their members were entitled to reparations, since<br />

their own cultural identity required that they be<br />

considered from a collective and individual perspective.<br />

19 The I/A Court established in the Yakye<br />

Axa Case that it shared the view of the Commission<br />

“that the reparations take on a special collective<br />

significance,” 20 but it did not make a specific<br />

reference to it in the Sawhoyamaxa Case. Notwithstanding<br />

that, the I/A Court deemed that the<br />

beneficiaries of the reparations it ordered were the<br />

members of the Indigenous Communities and<br />

not the Communities themselves. 21<br />

Lastly, in the Saramaka People Case (2007),<br />

the IACHR argued that Suriname committed violations<br />

against the members of a tribal community.<br />

The IACHR alleged that the state had not<br />

adopted effective measures to recognize their right<br />

to the use and enjoyment of the territory they<br />

have traditionally occupied and used and that the<br />

state had violated the right to judicial protection<br />

to the detriment of such people by not providing<br />

them effective access to justice, particularly the right<br />

to own property in accordance with their communal<br />

traditions. 22 However, the IACHR did not<br />

identify the members of the Saramaka people, and<br />

the I/A Court sustained that even though it had<br />

previously held that in a contentious case<br />

before the Court, the Commission must individually<br />

name the beneficiaries of possible<br />

reparations […] given the size and geographic<br />

diversity of the Saramaka people, 23 and particularly<br />

the collective nature of reparations<br />

to be ordered […], the Court does not find it<br />

necessary in the instant case to individually<br />

name the members of the Saramaka people<br />

in order to recognize them as the injured party.<br />

Nevertheless, the Court observes that the<br />

members of the Saramaka people are identifiable<br />

in accordance with Saramaka customary<br />

law, given that each Saramaka individual<br />

belongs to only one of the twelve matrilineal<br />

lös in which the community is organized.<br />

Thus, […] the Court considers the members<br />

of the Saramaka people as the “injured party”<br />

[…] who, due to their status as victims of the<br />

violations established in the […] Judgment<br />

[…], are the beneficiaries of the collective forms<br />

of reparations ordered by the Court. 24<br />

Nevertheless, the IACtHR ordered “collective<br />

forms of reparations” on behalf of the members<br />

of the Saramaka people and not the group, except<br />

for one of the guarantees of non-repetition measures<br />

specifically dealing with a special duty of the<br />

state regarding indigenous and tribal peoples. 25<br />

The measures of reparation ordered by the<br />

I/A Court in these seven cases involving indigenous<br />

peoples have had fundamental collective aspects,<br />

but they are mostly rendered individually<br />

to members of a collective. This article sustains<br />

that, a group of beneficiaries does not necessarily<br />

imply collective reparations; despite the fact that<br />

the beneficiaries are members of a collective that<br />

already existed when the violations occurred. 26<br />

The creativity and cultural sensibility shown by<br />

the I/A Court have been essential in striving for<br />

collective reparations, however the complexity of<br />

having large numbers of beneficiaries of a reparation<br />

-that should be aimed at bringing full restitution<br />

to each of them- has created multiple tasks<br />

to the I/A supervisory organs and complying states.<br />

This is especially true in cases involving indigenous<br />

populations, in which communal rights<br />

are exercised. 27 How can reparation be facilitated?<br />

Guarantees of non-repetition have played an important<br />

reparatory role particularly with regards<br />

to the collective. The next section will study these<br />

measures from a comparative perspective.<br />

b. Non-repetition guarantees in individual<br />

and collective cases<br />

Other forms of reparation besides compensation<br />

are essential to restitutio in integrum. However,<br />

guarantees of non-repetition are fundamental<br />

221


Lilly G. Ching-Soto<br />

in amplifying the protection and remedy granted<br />

with regards to subjective rights in an individual<br />

case and to the resolution of underlying systemic<br />

or structural problems that impeded the adequate<br />

protection of the rights violated. While they are<br />

usually considered as part of reparations to individual<br />

victims, they also have a collective element. 28<br />

Since cases that are brought to the I/A System<br />

have the potential to both seek a remedy for<br />

a particular victim or group, and to function as a<br />

useful tool for the resolution of underlying situations<br />

that could affect a collective, the question of<br />

how guarantees of non-repetition are addressed in<br />

individual and collective cases in the I/A System<br />

remains to be important. Is there a difference?<br />

Should there be one?<br />

As stated in the Study concerning the right<br />

to restitution, compensation and rehabilitation<br />

for victims of gross violations of human rights and<br />

fundamental freedoms, presented by the UN Special<br />

Rapporteur on the Right to Reparation to Victims<br />

of Gross Violations of Human Rights,<br />

222<br />

[…] the individual and collective aspects of<br />

victimized persons and groups are in many<br />

instances closely interrelated. This coincidence<br />

of individual and collective aspects is<br />

particularly manifest with regard to the rights<br />

of indigenous peoples […] Against this background<br />

it is therefore necessary that, in addition<br />

to individual means of reparation, adequate<br />

provision be made to entitle groups of<br />

victims or victimized communities to present<br />

collective claims for damages and to receive<br />

collective reparation accordingly. 29<br />

Indigenous peoples –who have been recognized<br />

as collective subjects of law 30 having a collective<br />

right to reparations 31 – have successfully<br />

brought cases to the I/A System where measures<br />

of reparation have been ordered for the benefit of<br />

the community and interpreted as reparatory measures<br />

for collective harm suffered. 32 For example,<br />

in different cases, the I/A Court ordered the corresponding<br />

states to:<br />

• Invest, as reparation for immaterial damages,<br />

the total sum of US$50,000 in works<br />

or services of collective interest for the benefit<br />

of the community, by common agreement<br />

with the community; 33<br />

• Adopt legislative, administrative and<br />

other measures necessary to recognize<br />

and ensure the right of the peoples to be<br />

effectively consulted, in accordance with<br />

their traditions and customs, or when necessary,<br />

the right to give or withhold their<br />

free, informed and prior consent, with regards<br />

to development or investment projects<br />

that may affect their territory, and<br />

to reasonably share the benefits of such<br />

projects with the members of the peoples,<br />

should these be ultimately carried out; 34<br />

What do these measures of reparation have<br />

in common? First, they address a common problem<br />

or need; second, they are ordered on behalf<br />

of a collective, 35 without making reference to their<br />

members; and third, consultation and agreement<br />

of the collective with the measures are required.<br />

However, one is a compensatory measure and the<br />

other a guarantee of non-repetition. As the focus<br />

is on the latter, the next question is, are those elements<br />

also present in guarantees of non-repetition<br />

ordered in individual cases?<br />

Even in cases where there is an individual<br />

beneficiary, this type of measure has progressively<br />

addressed a common problem or need of a society<br />

or a group of persons, when deemed appropriate.<br />

The Loayza Tamayo Case is but one example. 36<br />

In the case, which involved the right to personal<br />

liberty, humane treatment, fair trial and judicial<br />

protection of the victim, the I/A Court ordered the<br />

state to adopt the internal legal measures necessary<br />

to adapt the Crime of Terrorism and Crime<br />

of Treason to conform to the ACHR. 37 <strong>Ano</strong>ther<br />

example is the Ximenes Lopes Case, which dealt<br />

with the violation of the rights to life and humane<br />

treatment of a person with mental illness. In it,<br />

the IACtHR decided that the state should adopt<br />

all the measures necessary to keep developing an<br />

education and training program for staff in health<br />

care, psychiatry, psychology, nursering, and for<br />

any person involved in mental health services, in<br />

particular, covering the principles that govern treatment<br />

to patients with mental illness, according<br />

to international standards and the provisions of<br />

its Judgment. 38<br />

These reparations address a common problem<br />

or need beyond the individual victim and<br />

order measures that would benefit a collective without<br />

making reference or identifying each of the<br />

potential beneficiaries. Thus, the question remains<br />

–is there a need for consultation and agreement of<br />

the victims when guarantees of non-repetition are<br />

ordered by the I/A Court in cases of individual victims?<br />

Some of the measures ordered as guarantees<br />

of non-repetition refer to the participation of the<br />

injured party; consultation and agreement, however,<br />

while ideal when ordering measures of satisfaction,<br />

are not elements of the guarantees of non-<br />

-repetition ordered in individual cases.


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

In the IACtHR’s case-law, the difference<br />

between guarantees of non-repetition ordered in<br />

collective cases involving indigenous peoples and<br />

those ordered in individual cases, is more evident<br />

in the cultural awareness and respect for self-<br />

-determination shown by the I/A Court and –in<br />

the examples studied- reflected in the order for<br />

consultation and agreement necessary for the<br />

modification of laws and practices. Cases involving<br />

indigenous peoples attempt to remedy or correct<br />

historically discriminatory treatment against<br />

them and deal with the connecti between land,<br />

culture, and fundamental rights. They represent<br />

a special example of collectivity in the economic,<br />

social and cultural scenario; and the IACtHR,<br />

therefore, has recognized the need for active participation<br />

of the collective in making decisions that<br />

would be reparatory for their group based harm. 39<br />

This practice is in conformity with the spirit<br />

of consultation and participation which constitutes<br />

the cornerstone on which the provisions of the<br />

ILO Convention 169 are based. In fact, the ILO<br />

Convention 169 requires that states consult indigenous<br />

and tribal peoples on issues that affect<br />

them, and that they are able to engage in free,<br />

prior and informed participation in policy and development<br />

processes that affect them. 40<br />

Accordingly, the reparation program that resulted<br />

from the Truth and Reconciliation Commission<br />

in Perú assures that collective victims<br />

decide democratically what specific measures of<br />

reparation should be implemented in their communities,<br />

according with common parameters. 41<br />

Nevertheless, looking beyond the problem of a<br />

state’s political willingness and the complications<br />

due to the number of victims, as stated by the International<br />

Center for Transitional Justice (ICTJ),<br />

the Human Rights Association (APRODEH) 42 and<br />

academics, 43 and as can be observed by the guarantees<br />

of non-repetition ordered as collective forms<br />

of reparation in indigenous peoples’ cases, one<br />

of the problems in the implementation of collective<br />

reparations is the apparent confusion between<br />

reparations for human rights violations and development<br />

of social programs and public policies<br />

that must be led by the state.<br />

Given the importance of conceptual discussions<br />

regarding the need and adequacy of repairing<br />

a collective, this article focuses first on identifying<br />

some of the debates over the scope, content and<br />

mechanisms by which the right to adequate reparation<br />

should be satisfied, then on identifying<br />

what measures should be ordered under “reparations,”<br />

and finally, on distinguishing if they are<br />

any different from a state’s general obligations.<br />

Both ultimately are geared toward addressing the<br />

questions: Is there overlap between public policy<br />

and redress? Is the I/A Court deciding matters<br />

that are not to be decided by law? Are the limits<br />

for judicially imposed reparations?<br />

c. Public Policy or Reparation? Guarantees<br />

of non-repetition as collective forms<br />

of reparation in cases of indigenous<br />

peoples<br />

It is generally acknowledged that the I/A<br />

Court has developed important jurisprudence in<br />

cases involving reparations for indigenous peoples.<br />

The issue of how to repair a collective often<br />

surfaces in these cases. In fact, as seen supra,<br />

the IACHR and the IACtHR have not necessarily<br />

agreed on that matter –the IACHR often requests<br />

measures of reparation on behalf of communities<br />

and peoples as well as its members, and the I/A<br />

Court instead orders them on behalf of its individual<br />

members, in most cases. However, measures<br />

of satisfaction and guarantees of non-repetition<br />

ordered in indigenous cases have overcome the<br />

individuality of reparations ordered and are important<br />

means for collective redress.<br />

In that respect, in the Aloeboetoe Case the<br />

I/A Court ordered the state to reopen a school and<br />

make the medical dispensary operational in the<br />

town from where the victims were as a form of reparations.<br />

44 In the Mayagna (Sumo) Awas Tingni<br />

Case, the I/A Court ordered the state to adopt in<br />

its domestic law the necessary measures to create<br />

an effective mechanism for delimitation and<br />

titling of the community member’s property. 45 In<br />

the Plan de Sánchez Massacre Case, the I/A Court<br />

ordered the state to provide adequate housing to<br />

the surviving victims; and implement in the community<br />

programs of: study and dissemination of<br />

the Maya-Achí culture; maintenance and improvement<br />

of the road systems, sewage system and<br />

potable water supply; provide teaching personnel<br />

trained in intercultural and bilingual teaching;<br />

and establish of a health centre in the village with<br />

adequate personnel and conditions. 46<br />

In the Moiwana Case, the I/A Court ordered<br />

the state to establish a community development<br />

fund; and build a memorial. 47 In the Yakye Axa<br />

Indigenous Community and Sawhoyamaxa Indigenous<br />

Community Cases, the I/A Court ordered<br />

the state to implement a community development<br />

fund; deliver basic supplies and services necessary<br />

for the communities’ survival as long as the members<br />

of the Indigenous communities remain landless;<br />

set up communication systems; implement<br />

223


Lilly G. Ching-Soto<br />

a registration and documentation program; and<br />

enact into its domestic laws the measures necessary<br />

to establish a mechanism to claim restitution<br />

of the ancestral lands. 48 Finally, in the Saramaka<br />

People Case, the I/A Court ordered that the state<br />

remove or amend the provisions that impede protection<br />

of the right to property of the members of<br />

the Saramaka people; and adopt, in its domestic<br />

legislation, and through prior, effective and fully<br />

informed consultations, measures to recognize,<br />

protect, guarantee and give legal effect to the right<br />

of the members of the Saramaka people to hold<br />

collective title of the territory they have traditionally<br />

used and occupied. 49<br />

These reparations are but a few examples of<br />

measures that give rise to debates on the scope,<br />

content and mechanisms by which the right to<br />

adequate reparation should be satisfied. Are they<br />

measures of public policy or measures of redress?<br />

In fact, while not endorsing the following statements,<br />

arguments that collective reparation measures<br />

tend to go beyond the scope of the case and<br />

order measures of reparation that are not proportional<br />

to the violation found; that collective reparation<br />

measures tend to go beyond the content of<br />

“reparations” and into public policy or humanitarian<br />

areas; and that reparation measures ordered<br />

by the I/A Court should only be of individual nature<br />

and collective reparations should be a matter<br />

of national administrative reparation programs,<br />

have arise. 50<br />

When determining who the victim of the<br />

violation is, what the violation is, and who the beneficiary<br />

of the reparation is in the cases analyzed<br />

supra, other questions emerge and illustrate the<br />

debate proposed. Does the violation of the rights<br />

to life, humane treatment, personal liberty and judicial<br />

protection of seven victims give rise to the<br />

obligation to reopen a school and a medical dispensary?<br />

Is the delivery of supplies and services<br />

necessary for a community’s survival a measure<br />

of reparation for a violation of its CPRs? Are the<br />

reparations meant to be measures sustained in<br />

time? Is it for a Court to determine how much<br />

water a community should receive?<br />

In response to the arguments proposed, it<br />

is sustained that it is important to keep in mind<br />

that the measures of reparation that the I/A Court<br />

orders are intended not only to bring full restitution<br />

to victims of human rights violations but also<br />

have a preventive component, that is necessary<br />

to address past violations and prevent future occurrences.<br />

Other measures of reparation that go<br />

beyond compensation, like satisfaction measures<br />

and guarantees of non-repetition, might not have<br />

224<br />

a direct, proportional effect on the violation that<br />

occurred to the detriment of an individual victim<br />

in a specific case. Nevertheless, in individual<br />

and collective cases these measures are linked on<br />

some level to the situation or condition that enabled<br />

the specific violation to happen.<br />

Additionally, guarantees of non-repetition<br />

represent a creative way in which the I/A System-<br />

–a system with limited resources–aims to prevent<br />

the occurrence of the same type of violations to<br />

the detriment of others, and maximizes the ability<br />

of an individual case to make a difference in<br />

the situation or condition of others. It is not a<br />

class action, but instead a preventive method to<br />

guarantee the non-repetition of those acts which<br />

violate human rights, which is pertinent to the<br />

implementation of a treaty and to prescribe the<br />

consequences of a failure to comply with it. It forms<br />

the essence of those guarantees of non-repetition<br />

that are not only aimed at the direct victim,<br />

but that have an umbrella effect, broadening the<br />

protection over individuals, collectiveness and societies<br />

as a whole–an added plus to be recognized<br />

to the I/A Court’s jurisprudence and its construction<br />

on reparations.<br />

Furthermore, with regards to the question of<br />

possible overlapping between public policy and redress,<br />

it should be noted that when implementing<br />

collective forms of reparation there is often the<br />

challenge of distinguishing between reparations<br />

and economic, social and other measures that might<br />

be interpreted to fall within public policy of a<br />

state rather than within international legal order.<br />

As stated supra, the ICTJ and APRODEH distinguished<br />

this issue as one of the main problems<br />

in the implementation of collective reparations<br />

in Perú, 51 and there are recent studies that refer<br />

vastly to this issue regarding reparations for the<br />

victims of the armed conflict in Colombia. 52<br />

The subsidiarity of the I/A System and its<br />

nature, hold a difference of principle with regards<br />

to state internal programs and policies that render<br />

moot the question of judicially imposed reparations<br />

vis á vis administrative state initiatives.<br />

On one hand, it is accepted that there could<br />

be an overlap between measures of collective reparations<br />

ordered by the I/A Court and social,<br />

economic, or other programs that are to be implemented<br />

by the states. However, this possible<br />

overlap is not so problematic when analyzed from<br />

the nature and origin of state obligations. A measure<br />

of reparation ordered by the I/A Court is of a<br />

different nature and responds to a failure of a state<br />

to comply with international norms that pro-


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

tect the rights of its inhabitants; therefore, it will<br />

ordinarily order the state, by means of measures<br />

of reparation, to comply with an obligation that<br />

is understood to be a state obligation in the first<br />

place. The overlap could be understood as natural<br />

due to the subsidiary nature of the measure ordered<br />

and the usefulness of the I/A Court’s criteria<br />

in setting parameters and guide the formulation<br />

of reparation policies and programs.<br />

On the other hand, a public policy or social,<br />

economic or other state program and an administrative<br />

reparations program for a collective are intended<br />

to address different situations by the same<br />

actor. They both originate from the states obligations,<br />

but administrative measures of reparation<br />

can be distinguished from general obligations, a<br />

distinction that is most relevant when designing<br />

and implementing massive administrative reparations<br />

by a state, and less so when complying with<br />

an international Court by implementing reparations<br />

of a collective form.<br />

On that respect, as stated by the ICTJ and<br />

APRODEH,<br />

It is important to remember that the reparative<br />

measures [ordered by the I/A Court] are<br />

the result of an analysis of what justice requires<br />

under two conditions vastly different from<br />

the ones facing those responsible for designing<br />

a reparations program. On the one hand,<br />

the function of a body like the Inter-American<br />

Court demands that it judge cases on the basis<br />

of individual justice. This approximation<br />

to the concept of justice differs substantially<br />

from that which can and should guide those<br />

responsible for creating reparations programs<br />

to serve the victims and also society as a whole.<br />

On the other hand, an entity like the Inter-<br />

-American Court has no option but to make<br />

case-by-case rulings; that is, the method of applying<br />

its concept of individualized justice is<br />

necessarily circumscribed by the legal process<br />

established for these ends. In contrast, public<br />

and civilian authorities faced with responding<br />

to and benefiting a much wider and more complex<br />

set of victims find themselves having to<br />

adopt other methods and forms of reparations<br />

that respond to the national reality. 53<br />

Finally, with respect to the individual nature<br />

of the reparations ordered by the state vis á vis<br />

the collective nature of state initiatives regarding<br />

massive reparations, while the I/A Court concededly<br />

was meant to address individual cases, its<br />

capacity to respond to the changing societal needs<br />

should be noted, alongside the progress in the re-<br />

cognition for international judicial determination<br />

of reparations for a collective. This recognition<br />

has been referred to by, for example, the UNBP-<br />

GR, 54 the Special Rapporteur on the Right to Reparation<br />

to Victims of Gross Violations of Human<br />

Rights, 55 and the UN Committee on the Elimination<br />

of Racial Discrimination. 56<br />

In sum, measures of reparation with collective<br />

effects ordered by the I/A Court contain<br />

important social, economic, and preventive elements<br />

that deal with reparations to the injured<br />

party but also with the reconstruction of relations<br />

between the state and the victims from a human<br />

rights approach. Their implementation in cases<br />

of indigenous peoples often faces several difficulties<br />

regarding its communal aspect with effects<br />

both on the determination of the subject of law<br />

(the community, its members or both) and the<br />

determination of how to repair a high number of<br />

victims. However, the main obstacle for their fulfillment<br />

is not rooted in the collective forms of reparations<br />

ordered by the I/A Court but in a state’s<br />

willingness to comply with them. Nevertheless,<br />

many aspects should be considered in order to ensure<br />

more comprehensive integral collective reparations.<br />

57<br />

Whilst recognizing that some of the collective<br />

forms of reparations include complex processes<br />

of consultation, planning, and implementation,<br />

these measures are dictated with the purpose of<br />

advancing human rights protections and depend<br />

mostly on the states’ willingness to comply with<br />

them. In that respect, the jurisprudence on reparations<br />

created in collective cases, and particularly<br />

in cases involving indigenous communities, not<br />

only reflects the collective aspect of reparations<br />

but has also allowed the system to advance in enforcing<br />

the indivisibility of human rights by ordering<br />

measures of economic, social and cultural<br />

impact on behalf of the members of indigenous<br />

communities or peoples.<br />

II. Reparations for indigenous peoples’<br />

cases and their economic, social and<br />

cultural component<br />

States parties to the ACHR have an obligation<br />

to “respect” and “ensure” the rights guaranteed<br />

by it. However, given that states have often breached<br />

their duties, some of the I/A Court’s most<br />

significant contributions have been in the area of<br />

redress for victims of human rights violations. In<br />

that respect, the I/A Court has elaborated on the<br />

rights guaranteed by the Declaration, the Convention<br />

and its additional protocols. Through its<br />

225


Lilly G. Ching-Soto<br />

jurisprudence, especially in collective cases involving<br />

indigenous communities, it has interpreted<br />

their content and ordered reparations that mandate<br />

enforcement of ESCRs.<br />

This chapter briefly describes: the ESCRs<br />

in the I/A System; the development of the I/A<br />

Court’s jurisprudence with regards to the breach<br />

of the right to property in cases involving indigenous<br />

communities; and the I/A Court-ordered<br />

reparations that have an ESCRs component, all<br />

of which demonstrate the I/A System’s ability to<br />

adapt to the current development of international<br />

human rights law, notwithstanding the existing<br />

normative obstacles.<br />

a. Economic, Social and Cultural Rights in<br />

the Inter-American System<br />

The adoption of the American Declaration<br />

of the Rights and Duties of Man (ADRD) in 1948<br />

was crucial in recognizing individuals as subjects<br />

of public international law and creating universal<br />

standards for the protection of CPRs as well as<br />

ESCRs. 58 In it, the member states of the OAS recognized<br />

27 protected rights and ten duties with<br />

which states had to comply.<br />

Among the human rights now enumerated<br />

in the ADRD without distinction 59 are: the right<br />

to life, liberty and personal security; equality before<br />

law; religious freedom and worship; freedom<br />

of investigation, opinion, expression and dissemination;<br />

protection of honor, personal reputation,<br />

and private and family life; a family; protection<br />

for mothers and children; residence and movement;<br />

inviolability of the home; inviolability and<br />

transmission of correspondence; preservation of<br />

health and well-being; education; benefits of culture;<br />

work and fair remuneration; leisure time;<br />

social security; recognition of juridical personality<br />

and civil rights; fair trial; nationality; to vote and<br />

participate in government; assembly; association;<br />

property; petition; protection from arbitrary arrest;<br />

due process of law; and asylum.<br />

Conversely, recognizing that, in accordance<br />

with the Universal Declaration of Human Rights<br />

(Universal Declaration), the ideal of human<br />

beings free from fear and want and able to enjoy<br />

freedom to its fullest, can only be achieved if conditions<br />

are created whereby everyone may enjoy<br />

their CPRs, as well as their ESCRs, 60 the UN approved<br />

the International Covenant on Civil and<br />

Political Rights (ICCPR) 61 and the International<br />

Covenant on Economic, Social and Cultural Rights<br />

(ICESCR) 62 in 1966.<br />

226<br />

Even though both were adopted on the same<br />

day, in the case of the ICCPR, an Optional Protocol<br />

was adopted to achieve its purposes and<br />

the implementation of its provisions through a<br />

Human Rights Committee; 63 but, in the case of<br />

the ICESCR the state parties to the Covenant decided<br />

to specify the standard of implementation<br />

as one of “progressive implementation,” 64 which<br />

has complicated the conceptualization of the rights<br />

and the process of monitoring them despite<br />

the rhetorical commitment to the principle that<br />

both categories of rights are interrelated, interdependent<br />

and indivisible. 65 In fact, it was not until<br />

2008, that the UN adopted an Optional Protocol<br />

to the ICESCR which provides for individual complaints,<br />

a mechanism that has been in effect with<br />

regards to the ICCPR since 1976. 66<br />

Accordingly, when the ACHR was adopted<br />

in 1969 only a few of the ESCRs that are provided<br />

for in the ADRD were included. The second<br />

chapter of the ACHR is titled “Civil and Political<br />

Rights;” it contains 23 rights, including the right<br />

to property, for example. The third Chapter, titled<br />

“Economic, Social and Cultural Rights,” contains<br />

only one Article that states the following:<br />

The States Parties undertake to adopt measures,<br />

both internally and through international<br />

cooperation, especially those of an economic<br />

and technical nature, with a view to achieving<br />

progressively, by legislation or other appropriate<br />

means, the full realization of the rights<br />

implicit in the economic, social, educational,<br />

scientific, and cultural standards set forth in<br />

the Charter of the [OAS]. 67<br />

Yet, considering<br />

the close relationship that exists between<br />

economic, social and cultural rights, and civil<br />

and political rights, in that the different<br />

categories of rights constitute an indivisible<br />

whole based on the recognition of the dignity<br />

of the human person, for which reason both<br />

require permanent protection and promotion<br />

if they are to be fully realized, and the violation<br />

of some rights in favor of the realization<br />

of others can never be justified […] 68<br />

In 1988, the member states of the OAS recognized<br />

a catalogue of ESCRs and adopted the<br />

Additional Protocol to the American Convention<br />

on Human Rights in the Area of Economic, Social,<br />

and Cultural Rights, also known as the “Protocol<br />

of San Salvador”, which entered into force<br />

in 1999. However, it establishes in Article 19(6),<br />

“Means of Protection,” the following:


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

Any instance in which the rights established<br />

in paragraph a) of Article 8 and in Article 13<br />

are violated by action directly attributable to<br />

a State Party to this Protocol may give rise,<br />

through participation of the Inter-American<br />

Commission on Human Rights and, when<br />

applicable, of the Inter-American Court of<br />

Human Rights, to application of the system<br />

of individual petitions governed by Article 44<br />

through 51 and 61 through 69 of the American<br />

Convention on Human Rights. 69<br />

By limiting the rights whose infringement<br />

can be brought before the I/A System through the<br />

system of individual petitions, the Protocol of San<br />

Salvador restricted the judicial competence of the<br />

IACHR and the I/A Court to address the violation<br />

of other rights, beyond those related to trade<br />

unions and education, included therein. This<br />

limitation created an obstacle for achieving accountability<br />

and reparation for ESCRs in the I/A<br />

System but has not impeded important jurisprudential<br />

developments on the topic of reparations<br />

that mandate enforcement of ESCRs for human<br />

rights violations.<br />

As stated by Verónica Gómez,<br />

[…] access to health services, food and housing,<br />

among other ESC rights by vulnerable<br />

groups such as indigenous peoples, afro-descendant<br />

communities, displaced persons and<br />

migrant workers have been frequently analysed<br />

in the light of the obligation to ensure,<br />

inter alia, the rights to life, to physical integrity,<br />

to equality before the law, to freedom<br />

of conscience, to access to information, to<br />

property, and to judicial protection pursuant<br />

to the American Convention and/or the American<br />

Declaration […] In addition, individuals<br />

and organizations of civil society increasingly<br />

bring to the attention of the Inter-American<br />

System situations where the redress of human<br />

rights violations associated with civil<br />

rights demands the modification of social policy<br />

or other measures related to ESC rights<br />

protection. 70<br />

This “indirect enforcement” of ESCRs through<br />

the expansive interpretation of CPRs 71 has<br />

been present in recent decisions of the I/A Court,<br />

especially through measures of reparation ordered<br />

in cases regarding indigenous peoples. While this<br />

article endorses a pragmatic support to this practice,<br />

its purpose is not to undermine the justiciability<br />

of ESCRs, but instead to evidence how creative<br />

litigation and decisions from the I/A Court<br />

have helped overcome normative obstacles or<br />

structural weaknesses -that should be addressed<br />

by member states of the OAS- to strengthen the<br />

theory of the indivisibility of human rights and<br />

achieve its implementation.<br />

b. The right to property in cases of indigenous<br />

peoples before the I/A System<br />

Article XXIII of the American Declaration<br />

protects the right to property, stating that “[e]very<br />

person has a right to own such private property<br />

as meets the essential needs of decent living and<br />

helps to maintain the dignity of the individual<br />

and of the home.” Even though it could be considered<br />

an ESCR, the ACHR categorizes the right to<br />

property as a civil and political right and establishes,<br />

in Article 21, the following:<br />

1. Everyone has the right to the use and enjoyment<br />

of his property. The law may subordinate<br />

such use and enjoyment to the interest<br />

of society.<br />

2. No one shall be deprived of his property<br />

except upon payment of just compensation,<br />

for reasons of public utility or social interest,<br />

and in the cases and according to the forms<br />

established by law.<br />

3. Usury and any other form of exploitation<br />

of man by man shall be prohibited by law.<br />

The I/A Court has dealt with several cases<br />

regarding the right to property from the ACHR’s<br />

civil and political approach, however, the economic,<br />

social and cultural aspects of this specific<br />

right acquire a greater importance in cases of indigenous<br />

peoples and their lands, which often deal<br />

with economic disparities and cultural threats<br />

stemming from past and present wrongs committed<br />

against them. 72 In this respect, the right to<br />

property has been not only important for the development<br />

of a collective approach to human rights<br />

violations in these cases, but has also permitted<br />

the I/A Court, independently and in conjunction<br />

with other rights, to extend its interpretation to<br />

include the duty to “respect” and “ensure” ESCRs.<br />

The Mayagna (Sumo) Awas Tingni Case led<br />

to a landmark decision with regards to the right<br />

to property and its special importance in cases<br />

of indigenous peoples. When arguing the state’s<br />

breach, the IACHR made reference to traditional<br />

land tenure and its special consequences in a case<br />

where there was a communal aspect to land and<br />

a special link to it and other natural resources based<br />

on traditional patterns of use and occupation<br />

of ancestral territory. 73 The I/A Court drew from<br />

227


Lilly G. Ching-Soto<br />

these allegations and established, for the first<br />

time and through an evolutionary interpretation<br />

of international instruments for the protection of<br />

human rights, that<br />

228<br />

article 21 of the Convention protects the right<br />

to property in a sense which includes, among<br />

others, the rights of members of the indigenous<br />

communities within the framework of<br />

communal property. 74<br />

The I/A Court continued to declare that<br />

[a]mong indigenous peoples there is a communitarian<br />

tradition regarding a communal<br />

form of collective property of the land, in the<br />

sense that ownership of the land is not centered<br />

on an individual but rather on the group<br />

and its community. Indigenous groups, by the<br />

fact of their very existence, have the right to<br />

live freely in their own territory; the close ties<br />

of indigenous people with the land must be<br />

recognized and understood as the fundamental<br />

basis of their cultures, their spiritual life,<br />

their integrity, and their economic survival.<br />

For indigenous communities, relations to the<br />

land are not merely a matter of possession<br />

and production but a material and spiritual<br />

element which they must fully enjoy, even to<br />

preserve their cultural legacy and transmit it<br />

to future generations. 75<br />

Therefore, the I/A Court considered that the<br />

members of the community have a right to their<br />

ancestral lands, which requires the state to:<br />

a) carry out the delimitation, demarcation,<br />

and titling of the territory belonging to the<br />

Community; and<br />

b) abstain from carrying out, until that delimitation,<br />

demarcation, and titling have been done,<br />

actions that might lead the agents of the State<br />

itself, or third parties acting with its acquiescence<br />

or its tolerance, to affect the existence,<br />

value, use or enjoyment of the property located<br />

in the geographical area where the members of<br />

the Community live and carry out their activities.<br />

76<br />

The I/A Court confirmed its reasoning in<br />

subsequent cases dealing with ancestral lands or<br />

territory. In the Moiwana Community Case, the<br />

I/A Court found not only a violation of the right to<br />

property, but also a violation to the right to humane<br />

treatment based on the fact that the state hindered<br />

the Moiwana Community from performing their<br />

rituals according to their traditions and the caused<br />

the separation from their traditional lands. 77<br />

Subsequently, in the Yakye Axa Case, the I/A<br />

Court found a violation to the right to property as<br />

well as the right to life for the state’s obstruction<br />

of the community’s right of ancestral lands and,<br />

consequently, the possibility of enjoying traditional<br />

activities–such as hunting, fishing, and gathering–which<br />

are essential to obtaining food and ensuring<br />

the effective preservation of its members’<br />

right to life. 78 The I/A Court added that<br />

[t]he culture of the members of the indigenous<br />

communities directly relates to a specifi c way of<br />

being, seeing, and acting in the world, developed<br />

on the basis of their close relationship with their<br />

traditional territories and the resources therein,<br />

not only because they are their main means of<br />

subsistence, but also because they are part of their<br />

worldview, their religiosity, and therefore, of their<br />

cultural identity. 79<br />

Similarly, in the Sawhoyamaxa Community<br />

Case, the I/A Court found a violation to the<br />

rights to property and to life 80 as it established,<br />

inter alia, that<br />

together with the lack of lands, the life of the members<br />

of the Sawhoyamaxa Community is characterized<br />

by unemployment, illiteracy, morbidity rates<br />

caused by evitable illnesses, malnutrition, precarious<br />

conditions in their dwelling places and environment,<br />

limitations to access and use health services<br />

and drinking water, as well as marginalization<br />

due to economic, geographic and cultural causes. 81<br />

Finally, in the Saramaka People Case, the I/A<br />

Court found a violation of the right to property 82<br />

and established that even though the Saramaka<br />

people are not indigenous to the region they inhabit<br />

(as they were instead brought to Suriname during<br />

the colonization period) 83 they<br />

are to be considered a tribal community, and<br />

that the Court’s jurisprudence regarding indigenous<br />

peoples’ right to property is also applicable<br />

to tribal peoples because both share<br />

distinct social, cultural, and economic characteristics,<br />

including a special relationship<br />

with their ancestral territories, that require<br />

special measures under international human<br />

rights law in order to guarantee their physical<br />

and cultural survival. 84<br />

Consequently, the I/A Court decided that the<br />

state had to: 1) grant collective title over the territory<br />

of the members of the Saramaka people in accordance<br />

with their customary laws and through<br />

consultations. Until then, it must abstain from<br />

acts that might lead to affect the enjoyment of<br />

the territory, unless it obtains consent of the Sa-


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

ramaka people; 2) grant them legal recognition of<br />

the collective juridical capacity to ensure the enjoyment<br />

of their right to communal property and<br />

collective access to justice; 3) modify its domestic<br />

legislation –prior consultation– to guarantee the<br />

people’s right to hold collective title over the territory<br />

which includes the lands and natural resources<br />

necessary for their social, cultural and economic<br />

survival; 4) adopt measures to recognize and<br />

ensure their right to be consulted and obtain consent<br />

in accordance with the people’s traditions;<br />

and 5) ensure that environmental and social impact<br />

assessments are conducted prior awarding<br />

any concessions, and implement adequate safeguards<br />

to minimize damaging effects that such<br />

projects may have upon social, economic and cultural<br />

survival of the Saramaka people. 85<br />

As seen in the I/A Court’s latest judgment<br />

on the right to property in a collective case, the<br />

I/A Court has developed more comprehensive measures<br />

of reparations in these cases. Yet, it has extensively<br />

interpreted the right to property in cases<br />

involving indigenous peoples and their lands and<br />

has analyzed it–without labeling such right as one<br />

type or another–alongside the special circumstances<br />

of indigenous peoples. This, to assure enforcement<br />

of reparation measures that deal with<br />

the basic economic, social and cultural needs that<br />

they have as a result of the obstruction of effective<br />

use of their lands and territories. The next section<br />

examines this in greater detail.<br />

c. Measures of reparation in cases of<br />

indigenous peoples and the ESCRs<br />

component<br />

Many cases that do not deal with indigenous<br />

communities but order measures of reparation<br />

that enforce ESCRs could be cited to demonstrate<br />

the development of the I/A Court’s jurisprudence<br />

on this matter. This article, however, does not intend<br />

to cover the universe of reparations that the<br />

I/A Court has ordered to this respect, it focuses<br />

only on those cases involving indigenous communities,<br />

as their elements epitomize the proactive<br />

enforcement of ESCRs in the I/A System.<br />

As seen supra, even in cases where the I/A<br />

Court has not considered collective elements<br />

when determining a violation, it has ordered<br />

measures that have a collective impact. In that<br />

respect, the I/A Court has expanded the definition<br />

of these types of reparation measures throughout<br />

its jurisprudence to promote access to certain<br />

rights which have been historically denied to indigenous<br />

peoples.<br />

This could be analyzed, for example, with<br />

the right to education, which is included in Article<br />

XII of the ADRD and Article 13 of the Protocol<br />

of San Salvador. According to Article 19(6) of<br />

the Protocol of San Salvador, the right to education<br />

is one of the two rights that may give rise to<br />

application of the system of individual petitions<br />

governed by the ACHR; however, the violation of<br />

such right has not been alleged by the IACHR and<br />

the I/A Court has not yet found a direct violation,<br />

even though it has ordered measures that advance<br />

the implementation of such right. 86<br />

Why would the right to education not be<br />

addressed directly if it could be? One of the main<br />

reasons is related to the fact that the Protocol of<br />

San Salvador entered into force in 1999 and the<br />

violations alleged in the cases might be prior to<br />

this date and to the ratification, if any, of the pertaining<br />

states. <strong>Ano</strong>ther reason, which would also<br />

apply to other ESCRs that are not directly enforceable<br />

in the I/A System, is the effective use of strategic<br />

litigation, and the ability to obtain implementation<br />

through a more conservative approach<br />

than direct confrontation with normative obstacles<br />

(limitations of the Protocol of San Salvador)<br />

and generational discussions, for example. 87<br />

In any case, in the Aloeboetoe Case as in<br />

the Plan de Sánchez Massacre, 88 Yakye Axa, 89 and<br />

Sawhoyamaxa cases, the I/A Court has not only<br />

ordered measures that result in the enforcement<br />

of the right to education, but has also done so–<br />

with the exception of the Aloeboetoe Case–with<br />

a culturally sensitive approach to indigenous peoples<br />

and the particularities that the I/A Court has<br />

deemed necessary. The Case of Sawhoyamaxa exemplifies<br />

this approach when it establishes that<br />

while the members of the Community remain<br />

landless, the State shall immediately,<br />

regularly and permanently adopt measures<br />

to: […] e) provide the school of the “Santa<br />

Elisa” settlement with all necessary material<br />

and human resources, and establish a temporary<br />

school with all necessary material and<br />

human resources for the children of the “Kilómetro<br />

16” settlement. The education provided<br />

must, inasmuch as possible, respect<br />

the cultural values of the Community and of<br />

Paraguay, and is to be bilingual; in the Exent<br />

language, and at the discretion of the members<br />

of the Community, either in Spanish or<br />

in Guarani. 90<br />

This reference to the cultural values that<br />

should be taken into account when dealing with<br />

the right to education, warrants also mentioning<br />

229


Lilly G. Ching-Soto<br />

the “Right to the Benefits of Culture” contained<br />

in Article 14 of the Protocol of San Salvador and<br />

XIII of the ADRD. This right, is present in almost<br />

all the reparations ordered in cases of indigenous<br />

peoples, and is particularly present when the I/A<br />

Court makes reference to the use of the language<br />

of the injured community when apologizing or<br />

publishing judgments and related documents. 91<br />

It also manifests itself when the I/A Court,<br />

instead of ordering the publication of said documents<br />

–which is a commonly ordered measure of<br />

reparation- has taken into account the oral tradition<br />

of a community and ordered radio broadcasts<br />

of the judgment’s content. 92 In that respect, the<br />

Plan de Sánchez Massacre Case exemplifies the<br />

protection of the right to the benefits of a culture;<br />

in this case, the I/A Court ordered the state to<br />

implement a program in several communities for<br />

the “study and dissemination of the Maya-Achí<br />

culture.” 93<br />

Additionally, the I/A Court has ordered the return<br />

or recovery of the remains of deceased victims from a<br />

perspective of the benefi ts of a culture 94 even though it<br />

is sustained in this contribution that this could also be<br />

linked to the protection of the right to religious freedom<br />

and worship 95 that is recognized in Article III of the<br />

ADRD and Article 12 of the ACHR.<br />

that<br />

230<br />

In that regard, the I/A Court has established<br />

[r]espect for [mortal] remains, observed in all<br />

cultures, acquires a very special significance<br />

in the Mayan culture, […] to which [the victim]<br />

belonged. The Court has already recognized<br />

the importance of taking into account<br />

certain aspects of the customs of the indigenous<br />

peoples of the Americas for purposes of<br />

application of the American Convention […]<br />

for the Mayan culture, Mam ethnic group, funeral<br />

ceremonies ensure the possibility of the<br />

generations of the living, the deceased person,<br />

and the deceased ancestors meeting anew.<br />

Thus, the cycle between life and death closes<br />

with these funeral ceremonies […] 96<br />

On the other hand, Article XI of the ADRD<br />

and Article <strong>10</strong> of the Protocol of San Salvador<br />

both establish the protection of the right to health.<br />

In that sense, the ADRD states that “[e]very<br />

person has the right to the preservation of his health<br />

through sanitary and social measures relating<br />

to food, clothing, housing and medical care, to the<br />

extent permitted by public and community resources.”<br />

The elements that constitute the right to the<br />

preservation of health and to well-being are also<br />

present in the Protocol of San Salvador in its Articles<br />

<strong>10</strong>, 11, and 12 which establish the following:<br />

Right to Health<br />

1. Everyone shall have the right to health,<br />

understood to mean the enjoyment of the<br />

highest level of physical, mental and social<br />

well-being.<br />

2. In order to ensure the exercise of the right<br />

to health, the States Parties agree to recognize<br />

health as a public good and, particularly, to<br />

adopt the following measures to ensure that<br />

right:<br />

a. Primary health care, that is, essential health<br />

care made available to all individuals and<br />

families in the community;<br />

b. Extension of the benefits of health services<br />

to all individuals subject to the State’s jurisdiction;<br />

c. Universal immunization against the principal<br />

infectious diseases;<br />

d. Prevention and treatment of endemic, occupational<br />

and other diseases;<br />

e. Education of the population on the prevention<br />

and treatment of health problems, and<br />

f. Satisfaction of the health needs of the highest<br />

risk groups and of those whose poverty<br />

makes them the most vulnerable.<br />

Right to a Healthy Environment<br />

1. Everyone shall have the right to live in a<br />

healthy environment and to have access to<br />

basic public services.<br />

2. The States Parties shall promote the protection,<br />

preservation, and improvement of<br />

the environment.<br />

Right to Food<br />

1. Everyone has the right to adequate nutrition<br />

which guarantees the possibility of enjoying<br />

the highest level of physical, emotional<br />

and intellectual development.<br />

2. In order to promote the exercise of this<br />

right and eradicate malnutrition, the States<br />

Parties undertake to improve methods of production,<br />

supply and distribution of food, and<br />

to this end, agree to promote greater interna-


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

tional cooperation in support of the relevant<br />

national policies.<br />

However, the judicial enforcement of the right<br />

to health has been a consequence of reparations<br />

granted mostly in cases where there was a violation<br />

to the right to humane treatment established in Article<br />

5 of the ACHR. 97 Specifically regarding cases<br />

of Indigenous peoples, in the Plan de Sánchez Massacre<br />

Case, the I/A Court found a violation to the<br />

right to humane treatment and ordered the state to<br />

provide, free of charge, through its specialized<br />

health institutions, the medical treatment<br />

required by the victims, including, inter<br />

alia, any necessary medication [and to] create<br />

a specialized program of psychological and<br />

psychiatric treatment, which must also be<br />

provided free of charge. 98<br />

The I/A Court went further when ordering<br />

the establishment of a health centre in the village<br />

of Plan de Sánchez with adequate personnel<br />

and conditions, and also by ordering training for<br />

the personnel of the Municipal Health Centre so<br />

that they may provide medical and psychological<br />

care to those who have been affected by the violations<br />

committed in the case and who require<br />

treatment. 99<br />

The I/A Court has also ordered reparations<br />

that enforce the right to health in cases dealing<br />

with property rights–and not humane treatment.<br />

The cases involving the Yakye Axa and Sawhoyamaxa<br />

Communities in Paraguay are one example<br />

in which I/A Court ordered these measures<br />

of reparation for as long as the injured parties<br />

remain landless. The I/A Court stated that given<br />

the special state of vulnerability and the impossibility<br />

of resorting to the Communities’ traditional<br />

subsistence mechanisms, the state must provide<br />

immediately, regularly and permanently, medical<br />

care and appropriate medicine to protect the health<br />

of all persons, especially children, the elderly<br />

and pregnant women together with periodic parasite<br />

removal and vaccination campaigns, respecting<br />

their practices and customs. Additionally, the<br />

I/A Court established that the state must set up<br />

latrines or any other type of sanitation facilities<br />

for effective and healthy management of the biological<br />

waste of the Communities. <strong>10</strong>0<br />

These reparations contain elements of the<br />

right to health that are protected in the ADRD<br />

and the Protocol of San Salvador; it can be observed<br />

–for example– that immunization and<br />

special attention to high risk groups were taken<br />

into account when determining the reparations.<br />

Furthermore, the I/A Court has ordered access to<br />

the right to water, which is not explicitly referred<br />

to in the I/A System’s norms but is part of the<br />

preservation of health and well being or adequate<br />

standard of living as has been interpreted in the<br />

Universal System. <strong>10</strong>1<br />

It is to be observed that in the Plan de Sánchez<br />

Massacre Case, the I/A Court ordered the<br />

state to set up a “sewage system and potable water<br />

supply.” <strong>10</strong>2 Accordingly, in the cases of the<br />

Yakye Axa and Sawhoyamaxa communities, the<br />

I/A Court stated that as long as the injured parties<br />

remain landless, the state must supply, immediately<br />

and on a regular basis, sufficient drinking water<br />

for consumption and personal hygiene of the<br />

members of the communities. <strong>10</strong>3<br />

Article 68(1) of the ACHR establishes that “[t]<br />

he States Parties to the Convention undertake to<br />

comply with the judgment of the Court in any case<br />

to which they are parties.” Therefore, the I/A Court<br />

has established that monitoring the compliance<br />

with its decisions is an inherent jurisdictional power.<br />

<strong>10</strong>4 During the supervision of the compliance<br />

with the judgments in the cases of the Yakye Axa<br />

and Sawhoyamaxa communities the I/A Court ordered<br />

the state to inform about the regularity of the<br />

provision of water, the method used to deliver the<br />

water and to sanitarily preserve it, the amount of<br />

water delivered by person, and the method used by<br />

the state to determine such amount. <strong>10</strong>5<br />

Additionally, in the same two cases, the I/A<br />

Court has implemented the communities “Right<br />

to Food” by ordering that, as long as the injured<br />

parties remain landless, the state “must supply<br />

food in quantities, variety and quality that are<br />

sufficient for the members of the Community<br />

to have the minimum conditions for a decent<br />

life.” <strong>10</strong>6 As with the right to water, during the supervision<br />

of the compliance with the judgments,<br />

the I/A Court ordered the state to report on<br />

(1) the delivery schedule; (2) the amount of<br />

food delivered per person and/or per family,<br />

and (3) the criteria used by the State to determine<br />

the type and amount of food to be<br />

delivered, and the delivery schedule. <strong>10</strong>7<br />

Regarding the right to housing, contained in<br />

right to the preservation of health and to well-being<br />

in the ADRD, <strong>10</strong>8 the I/A Court has ordered in the<br />

Plan de Sánchez Massacre Case that the state “provide<br />

adequate housing to the surviving victims<br />

who reside in the village of Plan de Sánchez and<br />

require it.” <strong>10</strong>9<br />

231


Lilly G. Ching-Soto<br />

Finally, the I/A Court recently addressed environmental<br />

rights, protected as the “Right to live<br />

in a healthy environment” by the Protocol of San<br />

Salvador. It is to be noted that in the Saramaka<br />

People Case–a case where the I/A Court found the<br />

state had an international responsibility for the<br />

violation of rights to property, juridical personality<br />

and judicial protection–it ordered the state to<br />

232<br />

ensure that environmental and social impact<br />

assessments are conducted by independent<br />

and technically competent entities, prior to<br />

awarding a concession for any development<br />

or investment project within traditional Saramaka<br />

territory, and implement adequate safeguards<br />

and mechanisms in order to minimize<br />

the damaging effects such projects may have<br />

upon the social, economic and cultural survival<br />

of the Saramaka people. 1<strong>10</strong><br />

These reparation measures ordered by the<br />

I/A Court in cases of indigenous peoples demonstrate<br />

how these cases are of great importance not<br />

only in analyzing reparations for a collective, but<br />

also in the proactive implementation of ESCRs<br />

by the I/A System. Based on the interpretation<br />

of normatively labeled CPRs, the I/A Court has<br />

ordered measures that strengthen the idea of indivisibility<br />

of human rights and overcomes the<br />

discussion regarding justiciability of ESCRs.<br />

These developments are utterly important<br />

not only for the topic of reparations but also for the<br />

implementation of substantial rights; they prove<br />

the system’s contribution in the advancement of<br />

international human rights law as well as its capacity<br />

to adapt and achieve significant progress in the<br />

interpretation and comprehensive implementation<br />

of human rights without a distinction.<br />

CONCLUSION<br />

The Inter-American System’s construction<br />

of human rights standards and its prescription<br />

of the consequences for failure to meet those<br />

standards have been fundamental to the region.<br />

Although this construction has focused on the<br />

recognition of individuals as subjects of public international<br />

law and provides a catalogue of mostly<br />

civil and political rights that are enforceable,<br />

Inter-American jurisprudence has been successful<br />

in influencing the progressive development of international<br />

human rights law through ambitious<br />

decisions on reparations in individual and collective<br />

cases–from cases of forced disappearances<br />

that deal primarily with civil and political rights<br />

to cases involving the rights of indigenous peoples<br />

which comprise a number of economic, social and<br />

cultural rights.<br />

The I/A System has understood adequate reparation<br />

for human rights violations to mean full<br />

restitution (restitutio in integrum), which includes<br />

restoration of the prior situation, reparation<br />

for the consequences of the violation and indemnification<br />

for patrimonial and non-patrimonial<br />

damages. However, the debates persist over the<br />

scope and method by which the right to adequate<br />

reparation should be fulfilled, and the I/A Court<br />

has responded to these debates, and the societal<br />

needs of the American states, through the comprehensive<br />

reparations it has ordered.<br />

Given that the Inter-American mechanisms<br />

for the protection of human rights were created<br />

to fight individual human rights violations, measures<br />

of reparation classified by the I/A Court<br />

as “guarantees of non-repetition” are essential in<br />

the I/A System, especially in light of the system’s<br />

scarcity of resources. These measures seek to<br />

remedy human rights violations in an individual<br />

case and simultaneously prevent the repetition of<br />

such violations by addressing the underlying systemic<br />

or structural problems that impeded adequate<br />

protection of the rights breached in the first<br />

place. Consequently, they take both a preventive<br />

approach and serve as a collective response to human<br />

rights claims.<br />

In that respect, despite its progressive admission<br />

to the concept of collective harm and the<br />

need for collective redress, the I/A System still<br />

faces obstacles to resolving the claims of collective<br />

reparations that are raised. The broader application<br />

of the American Convention to include<br />

states’ accountability vis-à-vis a collective can be<br />

been seen in the I/A Court’s jurisprudence, particularly<br />

in collective cases of indigenous peoples’<br />

rights that have been processed by the system of<br />

individual petitions provided for by the American<br />

Convention on Human Rights.<br />

However, the concept of collective reparations<br />

is still unclear, as seen in most of the cases<br />

involving indigenous peoples where the I/A Court<br />

considers that only individuals hold rights, not the<br />

communities as a collective. This individualistic<br />

approach challenges the I/A System and its ability<br />

to adapt to an increasing recognition of collective<br />

rights that result from a collective harm to a<br />

group that has a collective or communal identity.<br />

Nevertheless, the I/A Court is making progress in<br />

ordering measures of reparation that benefit communities<br />

as well as its members, when necessary.


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

In addition, the I/A Court has made important<br />

progress in determining the scope of the<br />

measures ordered for indigenous peoples as it includes<br />

basic elements of consultation and respect<br />

for their self-determination when granting reparations.<br />

In this sense, the measures of reparation<br />

ordered for members of indigenous communities<br />

exemplify not only advancement in the collective<br />

area, but also in the enforcement of economic,<br />

social and cultural rights. This advancement has<br />

been essential in the effort to correct historically<br />

discriminatory treatment against indigenous peoples<br />

and to deal with the connection between land,<br />

culture and their fundamental rights. However,<br />

they have also been essential in overcoming the<br />

restriction that threatens the justiciability for economic,<br />

social and cultural rights. This limitation<br />

has not impeded important jurisprudential developments<br />

on the topic of reparations that mandate<br />

enforcement of all human rights, but has to be<br />

addressed by the I/A System in order to defeat unequal<br />

normative protection of such rights.<br />

In this respect, the right to property has been<br />

not only important for the development of a collective<br />

approach to human rights violations in<br />

cases of indigenous peoples but has also allowed<br />

the I/A Court, independently and in conjunction<br />

with other rights, to extend its interpretation to<br />

include the duty to “respect” and “ensure” economic,<br />

social and cultural rights by means of its<br />

jurisprudence. As a result, the rights to education,<br />

benefits of the culture, health, healthy environment,<br />

food, water and housing are examples of<br />

rights that have been effectively protected by the<br />

I/A System in cases involving indigenous peoples;<br />

this goes beyond the rhetorical recognition of all<br />

categories of rights as interrelated, interdependent<br />

and indivisible, and guarantees their enforcement<br />

without a distinction.<br />

However, the Inter-American System has reached<br />

a crucial moment, requiring an evaluation<br />

of its achievements and the challenges it faces.<br />

Such an evaluation needs to take into account the<br />

steps taken and the progress achieved in order to<br />

increase the focus on the issue of implementation<br />

by the states. The latter is necessary to strengthen<br />

a general understanding that the measures ordered<br />

go beyond the realm of a state’s willingness<br />

to comply with them and into its duty to effectively<br />

implement them, with the purpose of guaranteeing<br />

that the reparations ordered have a real<br />

capacity to make changes that benefit the injured<br />

party and societies in general.<br />

This is sustained in the conviction that the<br />

I/A Court’s practice is a relevant force for advancing<br />

respect for human rights without distinction<br />

and should evolve, like rights do, to become a<br />

more practical instrument in the search for full<br />

reparation through the enforcement of its judgments.<br />

The goal is real mitigation of the damage<br />

caused to the injured party as well as acknowledgment<br />

of the need for recognition of collectivities<br />

as subjects of international human rights law and<br />

the indivisibility of human rights in general.<br />

The aforementioned is espoused in the hope<br />

of defeating the obstacles for achieving real reparation<br />

for civil, politic, economic, social and cultural<br />

rights, recognizing the increasing urgency<br />

for this achievement and acknowledging and respecting<br />

the rights of the collective, until harmful<br />

state practice is eliminated and human rights prevail,<br />

to make utopia become a reality.<br />

233


Lilly G. Ching-Soto<br />

1. Only those rights related to property (established<br />

in the American Convention on Human<br />

Rights), trade unions and education (both established<br />

in the Additional Protocol to the American<br />

Convention on Human Rights in the<br />

Area of Economic, Social, and Cultural Rights<br />

“Protocol of San Salvador”) may give rise to the<br />

application of the system of individual petitions<br />

established by the American Convention<br />

to address human rights violations.<br />

2. Since its first judgment on reparations and over<br />

the past 21 years, the IACtHR has interpreted<br />

adequate redress to be a restitutio in integrum<br />

that entails reestablishing the situation to the<br />

state it was in before the violation. It necessarily<br />

includes: a) restoration to the prior situation,<br />

b) reparation of the consequences of the violation,<br />

and c) indemnification for material and<br />

immaterial damages (See, jurisprudence from<br />

I/A Court H.R., Velásquez Rodríguez v. Honduras<br />

Case. Compensatory damages (Art. 63(1)<br />

American Convention on Human Rights).<br />

Judgment of July 21, 1989. Series C, Nº.7 to<br />

I/A Court H.R., Manuel Cepeda Vargas v. Colombia<br />

Case. Preliminary Objections, Merits,<br />

Reparations, and Costs. Judgment of May 26,<br />

20<strong>10</strong>. Series C, Nº. 213.) Yet, the restitutio to<br />

the status quo ante of the victim presents certain<br />

difficulties. First, restitution is not always<br />

possible in certain cases of human rights violations,<br />

such as those involving the right to<br />

life, for example. The IACtHR has referred to<br />

“exceptional cases” where it is not possible to<br />

make the effects of human rights violations disappear.<br />

In those cases, the Court has interpreted<br />

its duty to<br />

order that a series of measures be adopted so<br />

that in addition to guaranteeing that the violated<br />

rights will be respected in the future, the<br />

consequences produced by the violations may be<br />

repaired and a restitution payment be effected to<br />

compensate damages corresponding to [the damage<br />

thereby caused]. [See e.g., I/A Court H.R.,<br />

Hilaire, Constantine and Benjamin et al v. Trinidad<br />

and Tobago. Judgment of June 21, 2002.<br />

Series C, Nº. 94, para. 203.]<br />

Second, is it adequate to repair a human rights<br />

violation by reinstating the victim to a situation<br />

of exclusion and marginalization if she lived<br />

in one prior to the violation of her rights? The<br />

Court recently established -in a case dealing<br />

with structural discrimination- the following:<br />

234<br />

NOTES<br />

The Court recalls that the concept of “integral<br />

reparation” (restitutio in integrum) entails the<br />

re-establishment of the previous situation and<br />

the elimination of the effects produced by the<br />

violation, as well as the payment of compensation<br />

for the damage caused. However, bearing<br />

in mind the context of structural discrimination<br />

in which the facts of this case occurred,<br />

which was acknowledged by the State […],<br />

the reparations must be designed to change<br />

this situation, so that their effect is not only<br />

of restitution, but also of rectification. In this<br />

regard, re-establishment of the same structural<br />

context of violence and discrimination is not<br />

acceptable. […] [I/A Court H.R., Case of González<br />

et al. (“Cotton Field”) v. Mexico. Preliminary<br />

Objection, Merits, Reparations and Costs.<br />

Judgment of November 16, 2009. Series C, Nº.<br />

205, para. 450.]<br />

3. The ACHR refers to the State’s international<br />

responsibility for human rights violations and<br />

to its consequent duty of providing reparation<br />

through a general provision. Article 63(1) of<br />

the ACHR only states that,<br />

[i]f the Court finds that there has been a violation<br />

of a right or freedom protected by this<br />

Convention, the Court shall rule that the injured<br />

party be ensured the enjoyment of his right<br />

or freedom that was violated. It shall also rule,<br />

if appropriate, that the consequences of the<br />

measure or situation that constituted the breach<br />

of such right or freedom be remedied and<br />

that fair compensation be paid to the injured<br />

party.<br />

4. Rules or Procedure of the I/A Court (November<br />

2009), Article 2(33).<br />

5. In the Velásquez Rodríguez Case, the Court established<br />

the possibility that the beneficiary of<br />

the indemnity be the victim or family members<br />

of the victim (I/A Court H.R., Velásquez Rodríguez<br />

v. Honduras Case. Supra note 3, paras.<br />

47, 48, 56); this interpretation of injured party<br />

was later broadened to include the victim, her<br />

next of kin and those affected by the afflictions<br />

suffered by her (See e.g., I/A Court H.R., Aloeboetoe<br />

et al. v. Suriname Case. Reparations<br />

(Art. 63(1) American Convention on Human<br />

Rights). Judgment of September <strong>10</strong>, 1993. Series<br />

C, Nº. 15). The more flexible interpretation<br />

of “injured party” became the constant jurisprudence<br />

of the Court, until recent years in


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

which it adopted a more narrow approach. With<br />

this, the Court departed from its historic ample<br />

interpretation of Article 63(1) of the ACHR<br />

and excluded the term “relatives of the victims,”<br />

eliminating their possibility to become<br />

beneficiaries of reparations without having to<br />

be declared victims of human rights violations.<br />

See, I/A Court H.R., La Cantuta v. Perú Case.<br />

Merits, Reparations and Costs. Judgment of<br />

November 29, 2006. Series C, Nº. 162; and I/A<br />

Court H.R., La Cantuta v. Perú Case. Interpretation<br />

of the Judgment of Merits, Reparations<br />

and Costs. Judgment of November 30, 2007.<br />

Series C, Nº. 173. Judge Cançado Trindade has<br />

criticized this approach. He defined victim as<br />

“the human being that has suffered an injury<br />

or damage, individually or in the company of<br />

other human beings, as a consequence of an<br />

act – or omission – that is internationally illegal<br />

[…].” Concurring opinion of Judge Cançado<br />

Trindade, Interpretation of the judgment in the<br />

case of la Cantuta v. Perú, November 30, 2007,<br />

para. 36. Judge Cançado Trindade added (ibid.,<br />

para. 62) that:<br />

injured party corresponds to the ample notion<br />

of victim, according to the jurisprudential construction<br />

of the I/A Court, under the American<br />

Convention […] The centralization of the victims<br />

does not refer only to the direct victims,<br />

but also to their next of kin as injured parties.<br />

The centralization of the victims is not limited<br />

to the determinations of the Court with regard<br />

to the merits of the cases solved by it; instead<br />

it refers also to the decisions with regard to the<br />

reparations.<br />

6. UN General Assembly, Basic Principles and<br />

Guidelines on the Right to a Remedy and Reparation<br />

for Victims of Gross Violations of International<br />

Human Rights Law and Serious Violations<br />

of International Humanitarian Law, res<br />

60/147, December 16, 2005, principle 8.<br />

7. A working definition developed at the UN (Sub-<br />

-Commission on Prevention of Discrimination<br />

and Protection of Minorities, Study on the Problem<br />

of Discrimination against Indigenous Populations,<br />

UN Doc. E/CN.4/Sub.2/1986/7/add<br />

4, para. 379) states:<br />

Indigenous communities, peoples and nations<br />

are those which, having a historical continuity<br />

with pre-invasion and pre-colonial societies<br />

that developed on their territories, consider<br />

themselves distinct from other sectors of the<br />

societies now prevailing on those territories,<br />

or parts of them. They form at present non-<br />

-dominant sectors of society and are determined<br />

to preserve, develop and transmit to future<br />

generations their ancestral territories, and their<br />

ethnic identity, as the basis for their continued<br />

existence as peoples, in accordance with their<br />

own cultural patterns, social institutions and<br />

legal system.<br />

For concept and definitions see also, Patrick<br />

Thornberry, Indigenous peoples and human<br />

rights (Manchester: Manchester University<br />

Press, 2002), Ch 1.<br />

8. Fergus Mackay, Los derechos de los pueblos<br />

indígenas en el sistema internacional (Lima:<br />

Aprodeh, 1999), 53-55.<br />

9. The I/A System has identified measures to deal<br />

with reparations in cases with multiple beneficiaries.<br />

However, this analysis focuses on those<br />

reparations that are effectively ordered in cases<br />

in which there is an important collective<br />

or communal identity that distinguishes them<br />

from cases with many individual victims which<br />

do not necessarily share a commonality besides<br />

the condition of victims.<br />

<strong>10</strong>. I/A Court H.R., Aloeboetoe et al. v. Suriname<br />

Case. Supra note 6, para. 83.<br />

11. Ibid., operative para. 5.<br />

12. I/A Court H.R., The Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua Case. Judgment<br />

of August 31, 2001. Series C, Nº. 79, paras.<br />

158, 2.<br />

13. Although it did not individualized them.<br />

14. I/A Court H.R., The Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua Case. Supra<br />

note 13, para. 167 and operative para. 6.<br />

15. I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre v.<br />

Guatemala Case. Judgment of April 29, 2004.<br />

Series C, Nº. <strong>10</strong>5, para. 2.<br />

16. Ibid., para. 86 and operative paragraphs.<br />

17. I/A Court H. R., Moiwana Community v. Suriname<br />

Case. Judgment of June 15, 2005. Series<br />

C, Nº. 124, para. 173.<br />

18. Ibid., para. 194.<br />

19. I/A Court H. R., Indigenous Community Yakye<br />

Axa v. Paraguay Case. Judgment of June 17,<br />

2005. Series C, Nº. 125, para. 185; and I/A<br />

Court H. R., Indigenous Community Sawhoyamaxa<br />

v. Paraguay Case. Judgment of March 29,<br />

2006. Series C, Nº. 146, para. 201.<br />

20. I/A Court H. R., Indigenous Community Yakye<br />

Axa v. Paraguay Case. Supra note 20, para. 188.<br />

21. In both cases the Court proceeded to individualize<br />

each of the victims. See, I/A Court H. R.,<br />

Indigenous Community Yakye Axa v. Paraguay<br />

235


Lilly G. Ching-Soto<br />

236<br />

Case. Supra note 20, para. 189; and I/A Court<br />

H. R., Indigenous Community Sawhoyamaxa<br />

v. Paraguay Case. Supra note 20, para. 204.<br />

22. I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Preliminary Objections, Merits, Reparations,<br />

and Costs. Judgment of November 28,<br />

2007 Series C, Nº. 172, para. 2.<br />

23. The Saramaka population is comprised of approximately<br />

30,000 people. Given the lack of<br />

accurate census information on the Saramaka<br />

community, estimates broadly range from<br />

25,000 to 34,482 members. The Saramaka people<br />

are also dispersed throughout the Upper<br />

Suriname River, Brokopondo District, and<br />

other areas of Suriname, including Paramaribo.<br />

24. I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Supra note 23, paras. 188, 189.<br />

25. See Ibid., operative para. 8, where the Court<br />

states that:<br />

The State shall adopt legislative, administrative<br />

and other measures necessary to recognize<br />

and ensure the right of the Saramaka people<br />

to be effectively consulted, in accordance with<br />

their traditions and customs, or when necessary,<br />

the right to give or withhold their free,<br />

informed and prior consent, with regards to<br />

development or investment projects that may<br />

affect their territory, and to reasonably share<br />

the benefits of such projects with the members<br />

of the Saramaka people, should these be ultimately<br />

carried out. The Saramaka people must<br />

be consulted during the process established to<br />

comply with this form of reparation […].<br />

26. See e.g., Nicolás María López Calera, ¿Hay<br />

derechos colectivos? Individualidad y socialidad<br />

en la teoría de los derechos (Madrid: Ariel,<br />

2000); Gregorio Peces Barba, “Los derechos colectivos,”<br />

in: Francisco Javier Ansuátegui Roig<br />

(ed.), Una discusión sobre derechos colectivos<br />

(Madrid, Dykinson, 2001); and Dwight G.<br />

Newman, “Collective Interests and Collective<br />

Rights,” in: American Journal of Jursiprudence,<br />

49: 127–164 (2007).<br />

27. See e.g., I/A Court H.R., The Mayagna (Sumo)<br />

Awas Tingni Community v. Nicaragua Case.<br />

Supra note 13, para. 149 where the Court explains:<br />

Among indigenous peoples there is a communitarian<br />

tradition regarding a communal form<br />

of collective property of the land, in the sense<br />

that ownership of the land is not centered on<br />

an individual but rather on the group and its<br />

community. Indigenous groups, by the fact of<br />

their very existence, have the right to live freely<br />

in their own territory; the close ties of indigenous<br />

people with the land must be recognized<br />

and understood as the fundamental basis of<br />

their cultures, their spiritual life, their integrity,<br />

and their economic survival. For indigenous<br />

communities, relations to the land are not merely<br />

a matter of possession and production but<br />

a material and spiritual element which they<br />

must fully enjoy, even to preserve their cultural<br />

legacy and transmit it to future generations.<br />

28. Given that the mechanism created by the OAS<br />

for the protection of human rights was geared<br />

to fight isolated human rights violations<br />

and given the scarcity of resources, guarantees<br />

of non-repetition are essential measures of<br />

reparation in the I/A System. They consist of<br />

institutional reforms and other measures that<br />

seek to prevent new human rights violations<br />

and eliminate their structural causes. These<br />

preventive measures try to, inter alia, promote<br />

and restore the rule of law and respect for human<br />

rights and democratic processes, and repeal<br />

laws and procedures that enabled violations<br />

in the first place.<br />

29. UN Commission on Human Rights, Sub-<br />

-Commission on Prevention of Discrimination<br />

and Protection of Minorities, E/CN.4/<br />

Sub.2/1993/8, Study concerning the right to<br />

restitution, compensation and rehabilitation<br />

for victims of gross violations of human rights<br />

and fundamental freedoms. Final report submitted<br />

by Theo van Boven, Special Rapporteur,<br />

July 2, 1993, para. 14.<br />

30. For example, Colombia recognized indigenous<br />

peoples as collective subjects of law since 1993.<br />

See, Constitutional Court of the Republic of<br />

Colombia, Judgment T-380 of 1993, M.P. Carlos<br />

Gaviria Díaz. Also, Paraguay recognizes in<br />

its legislation that “the indigenous Community<br />

has ceased to be a factual reality to become<br />

an entity with full rights, not restricted to the<br />

rights of the members as individuals, but rather<br />

encompassing those of the Community<br />

itself, with its own singularity.” See, I/A Court<br />

H. R., Indigenous Community Yakye Axa v. Paraguay<br />

Case. Supra note 20, para. 83.<br />

31. UN Committee on the Elimination of Racial<br />

Discrimination (CERD), General Recommendation<br />

Nº. 23: Indigenous Peoples, August 18,<br />

1997, para. 5.<br />

32. See e.g., I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, where<br />

the Court refers to the collective harm suffered<br />

by the Community for the massacre of 268 of<br />

its members.


Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

33. I/A Court H.R., The Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua Case. Supra<br />

note 13, operative para. 6.<br />

34. I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Supra note 23, operative para. 8.<br />

35. For criteria on how to identify collective victims<br />

for collective reparations, see e.g., Truth<br />

and Reconciliation Commission of Perú<br />

(CVR), Final Report (Lima, August 2003); and<br />

Kingdom of Morocco, The Moroccan Equity<br />

and Reconciliation Commission, Summary of<br />

the final report, Advisory Council of Human<br />

Rights, 2007.<br />

36. For cases before the IACHR, see e.g., IACHR,<br />

Report on Friendly Settlement Nº. 22/94, Case<br />

11.012, Verbitsky v. Argentina, September 20,<br />

1994 where Argentina agreed to repeal the desacato<br />

laws.<br />

37. I/A Court H.R., Loayza Tamayo v. Perú Case.<br />

Reparations (Art. 63(1) American Convention<br />

on Human Rights). Judgment of November 27,<br />

1998. Series C, Nº. 42, operative para. 5.<br />

38. I/A Court H.R., Ximenes-Lopes v. Brazil Case.<br />

Merits, Reparations and Costs. Judgment of July<br />

4, 2006. Series C, Nº. 149, operative para. 8.<br />

39. Regarding the concept of “group based harm”<br />

see, Ruth Rubio-Marín, “Gender and collective<br />

reparations in the aftermath of conflict and political<br />

repression”, in: Will Kymlicka and Bashir<br />

Bashir (eds.), The politics of reconciliation in<br />

multicultural societies (Oxford: Oxford University<br />

Press, 2008). See also, supra footnote 3 regarding<br />

concepts of restitution and rectification.<br />

40. See, Indigenous and Tribal Peoples Convention<br />

of the International Labour Organization, Arts.<br />

6, 15, 17, 22, 27, and 28.<br />

41. CVR, Final Report, supra note 36. See also,<br />

ICTJ and APRODEH, Design Parameters for a<br />

Reparations Program in Perú (Lima: September,<br />

2002).<br />

42. ICTJ and APRODEH, Sistema de Vigilancia de<br />

Reparaciones. Reporte Nacional de Vigilancia<br />

del Programa de Reparaciones Colectivas-Etapa<br />

II (Lima: April, 2009), 7.<br />

43. See e.g., Catalina Díaz Gómez, Nelson Camilo<br />

Sánchez, Rodrigo Uprimny Yepes (eds.),<br />

Reparar en Colombia: los dilemas en contextos<br />

de conflicto, pobreza y exclusión (Colombia:<br />

ICTJ/DeJuSticia, 2009); and Pablo De Greiff,<br />

“Justice and Reparations”, in: Pablo De Greiff<br />

(ed.), The Handbook of Reparations (Oxford:<br />

Oxford University Press, 2006), Ch. 12.<br />

44. I/A Court H.R., Aloeboetoe et al v. Suriname<br />

Case. Supra note 6, operative para. 5.<br />

45. I/A Court H.R., The Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community Case v. Nicaragua. Supra<br />

note 13, operative paras. 3, 4.<br />

46. I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre v.<br />

Guatemala Case. Supra note 16, operative paras.<br />

1-5, 7-9.<br />

47. I/A Court H. R., Moiwana Community v. Suriname<br />

Case. Supra note 18, operative paras. 1-7.<br />

48. I/A Court H. R., Indigenous Community Yakye<br />

Axa v. Paraguay Case. Supra note 20, operative<br />

paras. 6-12, and I/A Court H. R., Indigenous<br />

Community Sawhoyamaxa v. Paraguay Case.<br />

Supra note 20, operative paras. 6, 7, 9-13.<br />

49. I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Supra note 23, operative paras. 5-7. (The<br />

operative paragraphs are not referred to in the<br />

text but contain a series of reparations ordered<br />

on behalf of the members of the collective.)<br />

50. The State’s responsibility to indemnify victims<br />

of human rights violations perpetrated during<br />

dictatorships and internal conflicts has been<br />

addressed, inter alia, by truth and reconciliation<br />

commissions that create national reparations<br />

programs from a transitional justice<br />

approach. See e.g., Oficina de Derechos Humanos<br />

del Arzobispado de Guatemala, Guatemala<br />

Nunca Más: Informe del Proyecto Interdiocesano<br />

de Recuperación de la Memoria Histórica<br />

(Guatemala: ODHAG, 1998); and CVR, Final<br />

Report, supra note 36. See also, IACHR, Principal<br />

Guidelines for a Comprehensive Reparations<br />

Policy, OEA/Ser/L/V/II.131 Doc. 1 19 February<br />

2008.<br />

51. ICTJ and APRODEH, Sistema de Vigilancia de<br />

Reparaciones. Reporte Nacional de Vigilancia<br />

del Programa de Reparaciones Colectivas-Etapa<br />

II, supra note 43, 7.<br />

52. In this regard, it must be noted that studies<br />

about Colombia refer to the effort in building a<br />

program for collective reparations that has economic<br />

and social measures but still distinguishes<br />

itself from social acts and economic aid.<br />

In that sense, it is sustained that it is crucial<br />

to strengthen the conceptual separation of these<br />

different measures while aiming for an articulated<br />

implementation of both. See e.g., Catalina<br />

Díaz Gómez, Nelson Camilo Sánchez,<br />

Rodrigo Uprimny Yepes (eds.), Reparar en Colombia:<br />

los dilemas en contextos de conflicto,<br />

pobreza y exclusión, supra note 44, 9-<strong>10</strong>, 23;<br />

and Pablo De Greiff, “Justice and Reparations”,<br />

supra note 44.<br />

237


Lilly G. Ching-Soto<br />

53. ICTJ and APRODEH, Design Parameters for<br />

a Reparations Program in Perú, supra note 42,<br />

19-20.<br />

54. UNBPGR, supra note 7.<br />

55. UN Commission on Human Rights, Sub-<br />

-Commission on Prevention of Discrimination<br />

and Protection of Minorities, E/CN.4/<br />

Sub.2/1993/8, supra note 30, para. 14.<br />

56. UN Committee on the Elimination of Racial<br />

Discrimination (CERD), General Recommendation<br />

Nº. 23, supra note 32, para. 5.<br />

57. Catalina Díaz Gómez, Nelson Camilo Sánchez,<br />

Rodrigo Uprimny Yepes (eds.), Reparar<br />

en Colombia: los dilemas en contextos de conflicto,<br />

pobreza y exclusión, supra note 44, 145-<br />

192. See also, Carlos Martín Beristain, Diálogo<br />

sobre la Reparación: experiencias en el sistema<br />

interamericano de derechos humanos (San<br />

José: <strong>Instituto</strong> Interamericano de Derechos<br />

Humanos, 2008).<br />

58. As part of the battle against neglect and impunity,<br />

joint international efforts to protect human<br />

rights resulted in the adoption of the American<br />

Declaration of the Rights and Duties of Man in<br />

May 1948, followed by the Universal Declaration<br />

of Human Rights in December 1948. Even<br />

though neither establishes legally binding obligations<br />

of the State in relation to the individual<br />

or a collective, the Universal and the American<br />

Declarations set vital precedents in developing<br />

international law of human rights.<br />

59. The Declaration does not condition the enjoyment<br />

of these rights on progressive development<br />

or on the availability of resources but<br />

simply enshrines them alongside other rights<br />

more commonly labelled as civil and political.<br />

See, Verónica Gómez, “Economic, Social and<br />

Cultural Rights in the Inter-American System,”<br />

in: Mashood A. Baderin and Robert Mc-<br />

Corquodale, (eds), Economic, Social and Cultural<br />

Rights in Action (Oxford: Oxford University<br />

Press, 2007), 171.<br />

60. See, Preamble of International Covenant on<br />

Civil and Political Rights and International<br />

Covenant on Economic, Social and Cultural<br />

Rights.<br />

61. Adopted by GA resolution 2200A (XXI) of 16<br />

December 1966, entered into force on March<br />

23, 1976.<br />

62. Adopted by GA resolution 2200A (XXI) of 16<br />

December 1966, entered into force on January<br />

3, 1976.<br />

238<br />

63. First Optional Protocol to the ICCPR, adopted<br />

by GA resolution 2200A (XXI) of 16 December<br />

1966, entry into force March 23, 1976.<br />

64. ICESCR, Art. 2.<br />

65. Audrey Chapman and Sage Russell (eds.), Core<br />

Obligations: Building a Framework for Economic,<br />

Social and Cultural Rights (Antwerp-<br />

-Oxford-New York: Intersentia, 2002), 3-5. See<br />

also, UN Vienna Declaration and Programme<br />

of Action adopted by the World Conference on<br />

Human Rights on 25 June 1993, Art. 5.<br />

66. Optional Protocol to the ICESCR, adopted by<br />

GA resolution A/RES/63/117 of December <strong>10</strong>,<br />

2008.<br />

67. ACHR, Article 26 “Progressive Development.”<br />

68. Additional Protocol to the American Convention<br />

on Human Rights in the Area of Economic,<br />

Social, and Cultural Rights, adopted in<br />

San Salvador, El Salvador, on 17 November<br />

1988 at the XVIII Regular Session of the OAS<br />

General Assembly, Preamble.<br />

69. Article 8(1)(a) of the Protocol of San Salvador<br />

establishes the rights of workers to organize<br />

trade unions and join the union of their choice,<br />

and Article 13 devotes substantial content to<br />

the right to education.<br />

70. Verónica Gómez, “Economic, Social and Cultural<br />

Rights in the Inter-American System”,<br />

supra note 60, 171.<br />

71. Ibid., signaling as an example of the criticism<br />

to the “indirect enforcement”: Mathew Craven,<br />

“Assessment of Progress on Adjudication of<br />

Economic, Social and Cultural Rights” in: John<br />

Squires, Malcolm Langford, and Bret Thiele<br />

(eds.), The Road to a Remedy: Current Issues in<br />

the Litigation of Economic, Social and Cultural<br />

Rights (UNSW Press, 2005), 27 and afterwards;<br />

and conversely as pragmatic support to it:<br />

Víctor Abramovich and Christian Courtis, Los<br />

derechos sociales como derechos exigibles (Madrid:<br />

Trotta, 2002), 168 and afterwards.<br />

72. Dinah Shelton, “Reparations for Indigenous<br />

Peoples: The Present Value of Past Wrongs,” in:<br />

Federico Lenzerini (ed.), Reparations for Indigenous<br />

Peoples: International and Comparative<br />

Perspectives (Oxford: Oxford University Press,<br />

2008), 47-72.<br />

73. I/A Court H.R., The Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua Case. Supra<br />

note 13, para. 140, 149.<br />

74. Ibid., para. 148.<br />

75. Ibid., para. 149.


76. Ibid., para. 153.<br />

Reparations in the Inter-American System of Human Rights: An Analysis of the Jurisprudence on Collective –<br />

Cases of Indigenous Peoples and the Economic, Social and Cultural Aspects of their Reparations<br />

77. I/A Court H. R., Moiwana Community v. Suriname<br />

Case. Supra note 18, paras. 127-135,<br />

98-<strong>10</strong>0.<br />

78. I/A Court H. R., Indigenous Community Yakye<br />

Axa v. Paraguay Case. Supra note 20, paras.<br />

123-156, 160-178.<br />

79. Ibid., para. 135.<br />

80. I/A Court H. R., Indigenous Community Sawhoyamaxa<br />

v. Paraguay Case. Supra note 20,<br />

paras. 116-144, 150-178.<br />

81. Ibid., para. 168.<br />

82. I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Supra note 23, paras. 78-158.<br />

83. Ibid., para. 79.<br />

84. Ibid., para. 86.<br />

85. Ibid., operative paras. 5-9.<br />

86. Even though the violation of the Article 13 of<br />

the Protocol of San Salvador hasn’t been alleged<br />

before the Court, the Tribunal could analyze it<br />

based on the principle of iura novit curiae.<br />

87. See, I/A Court H. R., Yean and Bosico Girls v.<br />

Dominican Republic Case. Judgment of September<br />

8, 2005. Series C, Nº. 130, where the<br />

Court addressed the right to education through<br />

the rights of the child (Article 19 ACHR).<br />

88. See, I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

para. 9(d), where the Court decided that the<br />

State shall “supply of teaching personnel trained<br />

in intercultural and bilingual teaching for<br />

primary, secondary and comprehensive schooling.”<br />

89. See, I/A Court H. R., Indigenous Community<br />

Yakye Axa v. Paraguay Case. Supra note 20,<br />

para. 221, where the Court orders that, as long<br />

as the Community remains landless, given its<br />

special state of vulnerability and the impossibility<br />

of resorting to its traditional subsistence<br />

mechanisms, the State must supply, immediately<br />

and on a regular basis, sufficient bilingual<br />

material for appropriate education of the students<br />

at the school in the current settlement of<br />

the Community.<br />

90. I/A Court H. R., Indigenous Community Sawhoyamaxa<br />

v. Paraguay Case. Supra note 20,<br />

para. 230.<br />

91. See, I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

paras. 2, 4-5, where the Court refers to the use<br />

of Maya-Achí. In this sense, the Court ordered<br />

a publication in Maya-Achí that –aiming to be<br />

culturally sensible– does not respond to the use<br />

of said language, for it is mostly orally based<br />

and not a written language. See also, I/A Court<br />

H.R., Saramaka People. v. Suriname Case. Supra<br />

note 23, operative para. 11.<br />

92. See e.g., I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Supra note 23, operative para. 12.<br />

93. I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

para. 9(a).<br />

94. I/A Court H.R., Bámaca Velásquez v. Guatemala<br />

Case. Reparations (Art. 63(1) American<br />

Convention on Human Rights). Judgment of<br />

February 22, 2002. Series C, Nº. 91, operative<br />

para. 1; and I/A Court H. R., Moiwana Community<br />

v. Suriname Case. Supra note 18, operative<br />

para. 2.<br />

95. See, I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

para. 6, where the Court orders the State to pay<br />

to maintain and improve the infrastructure of<br />

the chapel in which the victims pay homage to<br />

those executed in the massacre.<br />

96. I/A Court H.R., Bámaca Velásquez v. Guatemala<br />

Case. Supra note 95, para. 81. See also,<br />

Separate opinion of Judge Cançado Trindade to<br />

the judgment in the case, February 22, 2002.<br />

97. Two individual cases before the I/A Court have<br />

dealt with the issue, but it has also been through<br />

the Right to Humane Treatment established<br />

in the ACHR. See, I/A Court H. R., Case of<br />

Ximenes Lopes v. Brazil. Supra note 39, and I/A<br />

Court H.R., Case of Albán Cornejo et al. v. Ecuador.<br />

Merits, Reparations and Costs. Judgment<br />

of November 22, 2007. Series C, Nº. 171.<br />

98. I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

para. 7.<br />

99. Ibid., operative para. 9(e).<br />

<strong>10</strong>0. I/A Court H. R., Indigenous Community<br />

Yakye Axa v. Paraguay Case. Supra note 20,<br />

para. 221; and I/A Court H. R., Indigenous<br />

Community Sawhoyamaxa v. Paraguay Case.<br />

Supra note 20, para. 230.<br />

<strong>10</strong>1. UN Committee on Economic, Social and<br />

Cultural Rights, General Comment Nº. 15<br />

(2002), The right to water (arts. 11 and 12<br />

of the International Covenant on Economic,<br />

Social and Cultural Rights).<br />

<strong>10</strong>2. I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

para. 9(c).<br />

239


Lilly G. Ching-Soto<br />

<strong>10</strong>3. I/A Court H. R., Indigenous Community<br />

Yakye Axa v. Paraguay Case. Supra note 20,<br />

para. 221; and I/A Court H. R., Indigenous<br />

Community Sawhoyamaxa v. Paraguay Case.<br />

Supra note 20, para. 230.<br />

<strong>10</strong>4. The Court renders decisions on compliance<br />

since 2001, and in 2007 started holding private<br />

hearings on compliance supervision.<br />

<strong>10</strong>5. I/A Court H. R., Indigenous Community<br />

Yakye Axa v. Paraguay Case. Monitoring<br />

Compliance with Judgment. Order of February<br />

8, 2008, para. 12(a)(i) and I/A Court H.<br />

R., Indigenous Community Sawhoyamaxa v.<br />

Paraguay Case. Monitoring Compliance with<br />

Judgment. Order of February 2, 2007, para.<br />

4(a)(i). In both cases the Court has held private<br />

hearings -with the participation of the<br />

parties- for the State to inform on specific<br />

measures and progress on compliance.<br />

240<br />

<strong>10</strong>6. I/A Court H. R., Indigenous Community<br />

Yakye Axa v. Paraguay Case. Supra note 20,<br />

para. 221; see also, I/A Court H. R., Indigenous<br />

Community Sawhoyamaxa v. Paraguay<br />

Case. Supra note 20, para. 230.<br />

<strong>10</strong>7. I/A Court H. R., Indigenous Community<br />

Yakye Axa v. Paraguay Case. Supra note <strong>10</strong>6,<br />

para. 12(a)(iii); and I/A Court H. R., Indigenous<br />

Community Sawhoyamaxa v. Paraguay<br />

Case. Supra note <strong>10</strong>6, para. 4(a)(iii).<br />

<strong>10</strong>8. See, UN Committee on Economic, Social<br />

and Cultural Rights, General Comment Nº.<br />

4: The right to adequate housing (Art.11<br />

(1)), 1991.<br />

<strong>10</strong>9. I/A Court H. R., Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala Case. Supra note 16, operative<br />

para. 8.<br />

1<strong>10</strong>. I/A Court H.R., Saramaka People. v. Suriname<br />

Case. Supra note 23, operative para. 9.


THE RIGHT TO LIFE: AN ARGUMENT FOR<br />

EXTRATERRITORIAL APPLICATION OF INTERNATIONAL<br />

HUMAN RIGHTS TREATIES<br />

WHO WILL PROTECT MY RIGHT TO LIFE?<br />

1. INTRODUCTION<br />

Genocide has occurred repeatedly and, repeatedly,<br />

the world’s reaction has been inadequate.<br />

The legal mechanisms as developed so far, like the<br />

procedure in the United Nations Security Council,<br />

have also proven to be inadequate. The positive<br />

obligations that the European Court of Human<br />

Rights has created under Article 2 of the European<br />

Convention on Human Rights should, however,<br />

be recognized as a potentially powerful tool<br />

to compel involvement. The possibility of using<br />

this same tool in other situations, e.g. in the case<br />

of genocide and under other conventions will be<br />

researched in this thesis. Imagine the possibility<br />

that an individual, affected by genocide, would be<br />

able to legally compel States to react to the threatened<br />

or evolving genocide. That possibility could<br />

make situations like the one seen in Rwanda a<br />

thing of the past.<br />

a) The case of Rwanda<br />

One million Rwandese – approximately<br />

15 percent of the total Rwandan population<br />

– were killed by their fellow countrymen,<br />

many by their own neighbors between April<br />

and July of 1994. 1 Rwandans who were considered<br />

to be “Tutsi” were the main victims of the<br />

government-orchestrated mass killings that took<br />

place during the armed conflict (October 1990 –<br />

July 1994) between Rwandese government forces<br />

and an armed political group, the so-called Rwandese<br />

Patriotic Front (RPF). 2<br />

A major turning point in the armed conflict<br />

was the death on April 6 1994 of president Ha-<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Nicole Vreeman<br />

European Studies University of Amsterdam; International Law University of Amsterdam.<br />

“The international community failed Rwanda and that must leave us always with a sense of bitter regret.”<br />

Kofi Annan<br />

byarimana when his plane was shot down. 3 Within<br />

hours of the president’s death, members of the<br />

party that had supported the former government<br />

“began an orchestrated campaign of killings” 4 . The<br />

main victims of this campaign were the Tutsi, however,<br />

Hutus who opposed it would themselves be<br />

targeted. 5 The killings were “systematic, planned<br />

and condoned at the highest level.” 6<br />

As early as 1990 the international community<br />

discussed the ethnicity-based identity cards<br />

used by the Habyarimana government in Rwanda.<br />

It would be exactly those identity cards that<br />

would serve as a death warrant for many Tutsi in<br />

1994. Moreover, once the killings of Tutsi started,<br />

no country challenged the explanation given by<br />

Rwanda that the killings were spontaneous and<br />

uncontrollable; no effort was made to bring the<br />

perpetrators to justice. 7<br />

National and international leaders typified<br />

the situation as “confusing”, “chaos” and “anarchy”<br />

instead of dealing with what was going on.<br />

As French and Belgian troops left the country, the<br />

UN mission was left “on tarmac, with the bullets<br />

flying and the bodies pilling up” 8 around them.<br />

The genocide was treated as part of the war that<br />

was going on in Rwanda at the time and thus not<br />

as a separate situation that needed to be addressed<br />

by the international community. 9<br />

The UN ordered the head of the peacekeeping<br />

operation to protect his own troops, rather<br />

than the Rwandan civilian population. The Security<br />

Council members debated the fate of the<br />

peacekeeping operation and then decided to withdraw<br />

most of the UN troops. A couple days<br />

later, the Security Council acknowledged the fact<br />

241


Nicole Vreeman<br />

that there was indeed a genocide going on that<br />

could be seen as separate from the war and that,<br />

henceforth, needed to be addressed. <strong>10</strong> Finally,<br />

it took the limited criticism of a few important<br />

countries (like France and the United States) to<br />

convince the Rwandans to realize they would no<br />

longer profit from international aid if they continued<br />

the killings. That, together with the fact<br />

that most Tutsi had already been slaughtered, finally<br />

made the genocide fade down. 11<br />

It was not until after all of these occurrences<br />

that the international community proceeded to<br />

take action. Eventually the International Criminal<br />

Tribunal for Rwanda (ICTR) was set up by the<br />

United Nations Security Council acting under UN<br />

Charter Chapter VII on 8 November 1994 “recognizing<br />

that serious violations of humanitarian law<br />

were committed in Rwanda” 12 . The Tribunal was<br />

established for “the prosecution of persons responsible<br />

for genocide and other serious violations<br />

of international humanitarian law committed in<br />

the territory of Rwanda between 1 January 1994<br />

and 31 December 1994.” 13<br />

b) Central question<br />

Keeping in mind these atrocities, the question<br />

arises whether there is a legal argument to<br />

be found in international law that countries (for<br />

example member states to the Genocide Convention<br />

or members of the United Nations) have a<br />

positive obligation to protect the right to life outside<br />

their territory. In other words, can human<br />

rights treaties encompassing the right to life be<br />

applied extraterritorially? In the case of Rwanda<br />

that would have meant that the Security Council<br />

as a body or States individually would have<br />

had the obligation to address what was going on<br />

effectively.<br />

This paper will first take a closer look at the<br />

right to life itself. Where can this right be found in<br />

international law and what does it entail in terms<br />

of normative content and State obligations? What<br />

does not fall into the ambit of the right to life?<br />

Secondly, it will address the crime of genocide and<br />

the status that this crime has under international<br />

law. In particular, questions will be dealt with<br />

such as: what are the inherent features of this crime<br />

and may those features support extraterritorial<br />

application?<br />

Subsequently, the dialogue between the International<br />

Court of Justice and the International<br />

Criminal Tribunal for the Former Yugoslavia, that<br />

both use standards of “control” to attribute legal<br />

responsibility to a State, will be summarized; may<br />

242<br />

this be a foundation upon which an extraterritorial<br />

application of the right to life entailed in international<br />

human rights treaties can be based?<br />

Then the question of extraterritorial application<br />

of the provision(s) on the right to life contained<br />

in international human rights treaties on the international<br />

plane will discussed; can it be argued<br />

that the International Convention on Civil and<br />

Political Rights allows for such an application?<br />

This will be followed by the approach taken by<br />

the European Court of Human Rights with regard<br />

to the right to life; may an extraterritorial application<br />

of Article 2 (the right to life) of the European<br />

Convention on Human Rights be inferred from<br />

the case law of the Court?<br />

A final argument will be made that considers<br />

human rights treaties to be a special category of<br />

treaty; can the inherent nature of International<br />

Human Rights treaties support this view? In conclusion,<br />

the findings to the above sub-questions<br />

will be combined to answer the principle question<br />

of whether a legal argument can be found to support<br />

the idea that States have a positive obligation<br />

to protect the right to life based on an international<br />

human rights treaty to which they are a party,<br />

even if this would entail applying the specific provision<br />

of that treaty extraterritorially.<br />

c) The methodology<br />

In researching this topic, the arguments put<br />

forward will be based on primary sources including<br />

various human rights treaties and the Genocide<br />

Convention. Moreover, case law including (but not<br />

limited to) that of the European Court of Human<br />

Rights, the International Court of Justice and the<br />

Human Rights Committee will be referenced to<br />

sustain the arguments made. Thirdly, a wide range<br />

of secondary literature will be used including<br />

books, reports from Human Rights Organizations,<br />

General Comments of supervisory bodies and information<br />

obtained from various websites.<br />

d) The scope of this thesis<br />

It goes beyond the scope of this paper to discuss<br />

the possibilities of reservations to human rights<br />

treaties and the denunciation of such treaties.<br />

Also the problem of conflict between the application<br />

of international human rights law and international<br />

humanitarian law will not be addressed.<br />

This paper will not merely give a summary of the<br />

existing law, but it attempts to infer, from existing<br />

doctrine, a possibility to argue the extraterritorial<br />

application of human rights treaties.


2. THE RIGHT TO LIFE<br />

The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

As can be seen in the case of Rwanda, the<br />

right to life, arguably the most fundamental of all<br />

rights, can easily be violated. The right to life is<br />

enshrined in a number of international treaties.<br />

Below several of those treaties will be discussed<br />

in an attempt to comprehensively and accurately<br />

portray the current law on the right to life.<br />

a) The Universal Declaration of Human<br />

Rights<br />

“Bearing in mind the flagrant lack of respect<br />

for human life evinced during World War II, it was<br />

natural that the post-war catalogues of human rights<br />

should begin with the right to life.” 14<br />

The oldest and most straightforward codification<br />

of the right to life that will be discussed<br />

in this thesis is set out in The Universal Declaration<br />

of Human Rights (UDHR) (1948) which<br />

was adopted though a United Nations General<br />

Assembly Resolution.<br />

Article 3 of the UDHR states:<br />

“Everyone has the right to life, liberty and<br />

the security of person”.<br />

Being a General Assembly Resolution, this<br />

document is formally not binding. It has, however,<br />

had an important impact on the drafting process<br />

of other –binding- treaties. Moreover, certain<br />

provisions that are set out in the UDHR have gained<br />

the status of customary international law. 15<br />

As shall be seen shortly, other treaties have formulated<br />

more elaborate provisions containing the<br />

right to life.<br />

b) European Convention for the Protection<br />

of Human Rights and Fundamental<br />

Freedoms<br />

More popularly known as the European<br />

Convention of Human Rights (ECHR) (1950),<br />

this Convention articulates the right to life in<br />

Article 2.<br />

Article 2 states:<br />

1. Everyone’s right to life shall be protected by<br />

law. No one shall be deprived of his life intentionally<br />

save in the execution of a sentence of<br />

a court following his conviction of a crime for<br />

which this penalty is provided by law.<br />

2. Deprivation of life shall not be regarded as<br />

inflicted in contravention of this Article when<br />

it results from the use of force which is no<br />

more than absolutely necessary:<br />

a) in defense of any person from unlawful violence;<br />

b) in order to effect a lawful arrest or to prevent<br />

the escape of a person lawfully detained;<br />

c) in action lawfully taken for the purpose of<br />

quelling a riot or insurrection.[…]<br />

Different from the UDHR, the ECHR explicitly<br />

makes limited exceptions to the right to life<br />

and thus shows that this right is not absolute. 16<br />

The European Court of Human Rights has dealt<br />

with cases involving Article 2 on numerous occasions.<br />

A selection of those cases shall be discussed<br />

in chapter 4.<br />

c) The International Covenant on Civil and<br />

Political Rights<br />

The International Covenant on Civil and<br />

Political Rights (ICCPR) (1966) has set out the<br />

right to life in Article 6, which states;<br />

1. Every human being has the inherent right<br />

to life. This right shall be protected by law.<br />

No one shall be arbitrarily deprived of his life.<br />

2. In countries which have not abolished the<br />

death penalty, sentence of death may be imposed<br />

only for the most serious crimes in accordance<br />

with the law in force at the time of<br />

the commission of the crime and not contrary<br />

to the provisions of the present Covenant<br />

and to the Convention on the Prevention and<br />

Punishment of the Crime of Genocide. This<br />

penalty can only be carried out pursuant to a<br />

final judgment rendered by a competent court<br />

[…]<br />

6. Nothing in this article shall be invoked to<br />

delay or to prevent the abolition of capital punishment<br />

by any State Party to the present<br />

Covenant.<br />

In General Comment Nº. 6 the Human<br />

Rights Committee states that the right to life is<br />

“the supreme right from which no derogation 17 is<br />

permitted even in time of public emergency” and<br />

which “should not be interpreted narrowly” 18 or<br />

in a restrictive manner.<br />

d) Convention on the Prevention and Punishment<br />

of the Crime of Genocide<br />

A right to life might also be inferred from<br />

Article II (a) of the Genocide Convention which<br />

states:<br />

243


Nicole Vreeman<br />

244<br />

In the present Convention, genocide means<br />

any of the following acts committed with the<br />

intent to destroy, in whole or in part, a national,<br />

ethnical, racial or religious groups, as<br />

such:<br />

(a) killing members of the group; […]<br />

Following this provision, an individual has<br />

the right not to be killed, depending on the intent<br />

of the perpetrator. From that a right to life could<br />

be inferred.<br />

As can be seen, the right to life has been<br />

articulated in several binding (and non-binding)<br />

instuments. The foregoing does not comprehensively<br />

survey all of the provisions which entail the<br />

right to life. Rather it is intended to set forth a<br />

conceptual framework for the right to life within<br />

which we shall operate in this thesis.<br />

(e) Non-absolute character of the right to life<br />

As has been briefly mentioned in chapter<br />

2(b), the right to life is not an absolute right. Rather,<br />

the right to life may be infringed upon in certain<br />

circumstances.<br />

I) THE DEATH PENALTY<br />

As stated, Article 6 ICCPR 19 gives every human<br />

being the right to life. This is not, however,<br />

an absolute right. The ICCPR tolerates the death<br />

penalty, but it does not provide a justification for<br />

it 20 . In accordance with Article 6 (1), the application<br />

of the death penalty must not be arbitrary<br />

(Article 6 (1)); i.e. in the case that the death<br />

sentence is automatically passed following a verdict<br />

of (for example) murder. The specifics of a<br />

case should be reviewed by a Court. The Human<br />

Rights Committee has held that “the automatic<br />

and mandatory imposition of the death penalty<br />

constitute[s] an arbitrary deprivation of life, in<br />

violation of Article 6 of the Covenant” 21 .<br />

Furthermore, the law in force at the time<br />

should provide for the death penalty. If that law<br />

provides “no discretion, too little discretion, or an<br />

unbounded discretion” 22 then this criterion has<br />

not been met.<br />

In accordance with the foregoing, under certain<br />

circumstances, the death penalty does not<br />

infringe on the right to life. States that have abolished<br />

the death penalty however, are under an obligation<br />

to ensure that extradition does not limit<br />

the right to life any further than they themselves<br />

are permitted to under the International Human<br />

Rights Treaties to which they are a Party.<br />

Comparable to Article 6 ICCPR, Article 2<br />

ECHR 23 protects the right to life, but makes an exception<br />

in the second paragraph for the execution<br />

of a lawful arrest. The European Court of Human<br />

Rights has also held that Article 3 (the prohibition<br />

of torture) cannot be construed as prohibiting the<br />

death penalty. In specific cases however, the way<br />

the punishment of the death penalty is imposed<br />

and the waiting period on death row, might bring<br />

the case under the scope of Article 3. 24<br />

II) WARFARE<br />

The Second Optional Protocol to the ICCPR<br />

(1989) is aimed at the abolishment of the death<br />

penalty. Article 2 of this Protocol states that no<br />

reservations to it shall be admissible, “except for<br />

a reservation made at the time of ratification or<br />

accession that provides for the application of the<br />

death penalty in time of war pursuant to a conviction<br />

for a most serious crime of a military nature<br />

committed during wartime”. 25<br />

As the ICCPR, the ECHR also provides for<br />

an exception to the imposition of the death penalty<br />

in time of war in Article 15 ECHR:<br />

1. In time of war or other public emergency<br />

threatening the life of the nation any High<br />

Contracting Party make take measures derogating<br />

from its obligations under this Convention<br />

to the extent strictly required by the<br />

exigencies of the situation, provided that such<br />

measures are not inconsistent with its other<br />

obligations under international law.<br />

2. No derogation from Article 2, [i.e. the right<br />

to life] except in respect of deaths resulting<br />

from lawful acts of war […].<br />

The Sixth Protocol to the ECHR (1983), which<br />

deals with the abolition of the death penalty, also provides<br />

for derogation in time of war. In Article 2 it states<br />

that:<br />

A State may make provision in its law for the<br />

death penalty in respect of acts committed<br />

in time of war or of imminent threat of war;<br />

such penalty shall be applied only in the instances<br />

laid down in the law and in accordance<br />

with its provisions. […]<br />

III) SELF-DEFENSE<br />

A third category that demonstrates the non-<br />

-absolute character of the right to life that will be<br />

discussed, is that of self-defense.<br />

The ECHR provides for this exception<br />

in Article 2(2)(a) which allows States to use


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

force in self-defense or defense of another.<br />

This does not include the defense of property.<br />

The use of force is only permitted if this<br />

is considered to be “absolutely necessary”. 26<br />

The foregoing demonstrates that the right to life<br />

is enshrined in several treaties, including the<br />

UDHR, the ECHR, the ICCPR and the Genocide<br />

Convention. The supervisory bodies attached to<br />

those treaties have given substance to the right<br />

to life and articulated more in detail what obligations<br />

this right creates for the State Parties. These<br />

obligations will further be discussed in the subsequent<br />

chapters.<br />

The foregoing also demonstrates that the right<br />

to life is not an absolute right, and that it thus<br />

may be derogated from in certain circumstances.<br />

Three of such circumstances are the death penalty,<br />

warfare and self-defense.<br />

3. THE DEFINITION OF GENOCIDE<br />

In this chapter the crime of Genocide will<br />

be discussed by looking at the Genocide Convention,<br />

the Statute of the International Criminal<br />

Court and the case law of the International Criminal<br />

Tribunal for the former Yugoslavia and the<br />

International Criminal Tribunal for Rwanda. The<br />

crime of genocide is “inevitably linked to the right<br />

to life as it involves the systematic elimination of<br />

a group of people in flagrant violation of the right<br />

to life.” 27 The goal is to consider what the inherent<br />

features are of the crime of genocide and may<br />

those features support extraterritorial application.<br />

a) The Convention on the Prevention and<br />

Punishment of the Crime of Genocide<br />

International human rights law not only covers<br />

the right to life sec, i.e. the prevention of arbitrary<br />

killing, but also extends to the prevention<br />

and punishment of the crime of genocide. The<br />

law on genocide is applicable even if a State has<br />

not ratified international treaties encompassing<br />

human rights. 28<br />

The crime of genocide first appeared in the<br />

international legal field in General Assembly Resolution<br />

96I which stated: “Genocide is the denial<br />

of the right of existence of the entire human<br />

group.” This resolution instructed the Economic<br />

and Social Council of the United Nations to set<br />

up a draft convention. This draft Convention resulted<br />

in the Convention on the Prevention and<br />

Punishment of the Crime of Genocide. 29<br />

The Genocide Convention, which was unanimously<br />

adopted by the United Nations General<br />

Assembly on 6 December 1948, gives a definition<br />

of genocide (as partly stated above) in Article II:<br />

In the present Convention, genocide means<br />

any of the following acts committed with the<br />

intent to destroy, in whole or in part, a national,<br />

ethical, racial or religious group, as such:<br />

(a) killing members of the group;<br />

(b) causing serious bodily or mental harm to<br />

members of the group;<br />

(c) deliberately inflicting on the group conditions<br />

of life calculated to bring about its<br />

physical destruction in whole or in part;<br />

(d) imposing measures intended to prevent<br />

births within the group;<br />

(e) forcibly transferring children of the group<br />

to another group.<br />

The same Convention also states inter alia<br />

in article VIII that any contracting Party can call<br />

upon the United Nations to take appropriate measures<br />

for the prevention and suppression of acts<br />

of genocide. 30 So far, Article VIII of the Convention<br />

has only been invoked once, in 2004 by the<br />

United States. 31<br />

The Genocide Convention has been internationally<br />

accepted as the predominant document<br />

in international law on this type of war crime.<br />

The norms laid down in the Genocide Convention<br />

have become so important that they have obtained<br />

the status of customary international law.<br />

This was affirmed by the International Court of<br />

Justice in its judgment in 2006 when it stated that<br />

the norm prohibiting genocide should be regarded<br />

as a peremptory norm of international law. 32<br />

From such norms no derogation is permitted. If<br />

there are conflicting norms in existing treaties<br />

or local or special norms of custom, the former<br />

would be considered void and the latter would be<br />

non-applicable. 33<br />

The International Court of Justice commented<br />

on the crime of genocide and the position it<br />

holds as an international crime in the case Reservations<br />

to the Convention on Genocide. The<br />

Court held: “The origins of the Convention show<br />

that it was the intention of the United Nations to<br />

condemn and punish genocide as ‘a crime under<br />

international law’… the first consequence arising<br />

from this conception is that principles underlying<br />

the Convention are principles which are recognized<br />

by civilized Nations as binding on States, even<br />

without any convention obligation.” 34 These principles<br />

are considered to be erga omnes. Erga omnes<br />

obligations concern the scope of application of<br />

the relevant rule and have a primarily procedural<br />

245


Nicole Vreeman<br />

focus. It concerns the extent to which states may<br />

have a legal interest in the subject matter at hand. 35<br />

“States have an obligation, besides not to<br />

commit genocide, in addition to prevent and punish<br />

violations of the crime by others” 36 . Moreover,<br />

“in cases of failure in this respect […] intervention<br />

may be justified to prevent or suppress<br />

such acts and to punish those responsible” 37 . It<br />

must be noted that this interpretation of the Convention<br />

is by no means uncontroversial. It is entirely<br />

possible to read the Convention in a manner<br />

that merely requires States to “prevent the commission<br />

of genocide as an instance of individual<br />

criminality” 38 and to conclude that one cannot<br />

infer from the Convention that “the obligation to<br />

prevent the commission of the crime of genocide<br />

[…] give[s] rise to an obligation for States not to<br />

commit genocide” 39<br />

In the case Concerning Application of the<br />

Convention on the Prevention and Punishment of<br />

the Crime of Genocide 40 the International Court<br />

of Justice noted with respect to the preliminary<br />

objection “that the obligation each state thus has<br />

to prevent and to punish the crime of Genocide<br />

is not territorially limited by the Convention” 41 .<br />

This point is reiterated by the Court in its<br />

2007 judgment on the application of the above<br />

named Convention, but only in reference to the<br />

undertaking stated in Article I of the Genocide<br />

Convention. 42 This Article says that the Contracting<br />

Parties will undertake to prevent and punish<br />

the crime of genocide. It thus creates an obligation<br />

for States party to the Convention to take into account<br />

the humanitarian and civilizing purpose of<br />

the Convention. 43<br />

b) The Statute of the International Criminal<br />

Court<br />

The Statute of the International Criminal<br />

Court (1998) 44 defines genocide in Article 6 as:<br />

For the purpose of this Statute, ‘genocide’<br />

means any of the following acts committed with<br />

intent to destroy, in whole or in part, a national,<br />

ethnical, racial or religious group, as such:<br />

246<br />

a) Killing members of the group;<br />

b) Causing serious bodily or mental harm to<br />

members of the group;<br />

c) Deliberately inflicting on the group conditions<br />

of life calculated to bring about its physical<br />

destruction in whole or in part;<br />

d) Imposing measures intended to prevent<br />

births within the group;<br />

e) Forcibly transferring children of the group<br />

to another group.<br />

This definition is a copy of the provision in<br />

the Genocide Convention. The same definition is<br />

used in the Statute of the International Criminal<br />

Tribunal for the former Yugoslavia in Article 4(2).<br />

This underlines the importance of the first draft<br />

of this provision in the Genocide Convention.<br />

c) Case law of the ICTY and ICTR<br />

The first conviction for the crime of genocide<br />

did not come until 1998 with the trial of Jean-<br />

-Paul Akayesu at the International Criminal Tribunal<br />

for Rwanda (ICTR). This was also the first<br />

time the Genocide Convention was upheld as law<br />

in an international courtroom. 45<br />

Apart from being the first case on genocide,<br />

the case of Prosecutor v. Akayesu 46 also has major<br />

legal importance as to the definition of genocide.<br />

The Court held in its judgment that rape and sexual<br />

violence constitute an act of genocide as long<br />

as “they were committed with the specific intent<br />

to destroy, in whole or in part, a particular group,<br />

targeted as such.” 47<br />

The International Criminal Tribunal for the<br />

Former Yugoslavia (ICTY) further developed the<br />

legal definition of genocide in the case of Prosecutor<br />

v. Jelisic. 48 Both the Trial Chamber and the<br />

Appeals Chamber agreed that a perpetrator needs<br />

to have a very specific form of intent when committing<br />

the crime of genocide that can distinguish<br />

this crime from other offences such as crimes<br />

against humanity. 49<br />

Furthermore, in the first genocide conviction<br />

by an international tribunal in Europe,<br />

the ICTY, in Prosecutor v. Krstic 50 elaborates<br />

on what constitutes part of a group. The<br />

Trial Chamber concludes that by interpreting<br />

the Convention’s words in their ordinary meaning,<br />

the significance of the words “in part” in<br />

the sentence “with intent to destroy, in whole<br />

or in part”, amounts to the conclusion that “any<br />

act committed with the intent to destroy a part<br />

of a group, as such, constitutes an act of genocide<br />

within the meaning of the Convention.” 51<br />

Inherent to the crime of genocide is the systematic<br />

elimination of a group of people. It is clear<br />

from the title of the genocide convention, ‘prevention<br />

and punishment’, that this crime cannot<br />

only be dealt with after the fact, but that there is


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

also room for prevention and involvement. The<br />

ICJ has noted that the obligation each state has to<br />

abide by the Genocide Convention is not territorially<br />

limited. 52 This is in line with the supposition<br />

that the prevention of the crime of genocide<br />

is an obligation erga omnes and thus applies to<br />

all, regardless of whether they are a Party to the<br />

Convention. The Convention itself opens the<br />

door to extraterritorial application with Article<br />

VII which states that any contracting Party can<br />

call upon the United Nations to take appropriate<br />

measures to prevent genocide.<br />

4. The Extraterritorial application of<br />

human rights treaties<br />

In this chapter the dialogue between the International<br />

Court of Justice and the International<br />

Criminal Tribunal for the Former Yugoslavia,<br />

both of which use standards of ‘control’ to attribute<br />

conduct, i.e. the act of genocide, which then<br />

could trigger legal responsibility, will be sketched.<br />

Moreover, cases concerning the ICCPR and the<br />

ECHR shall be discussed to examine whether they<br />

may provide a basis for extraterritorial application<br />

of these treaties concerning the provisions on the<br />

right to life. In the next chapter, it will be argued<br />

that international human rights treaties concern<br />

a distinct category of treaties and that because of<br />

their distinct features, extraterritorial application<br />

should be permitted.<br />

The jurisdiction of a State is primarily territorial.<br />

Other forms of jurisdiction are available<br />

under international law e.g. the citizenship of an<br />

individual or the flag of a ship, but this form of jurisdiction<br />

is limited by the sovereignty of the State<br />

in which these entities find themselves.<br />

a) The ‘dialogue’ between the ICJ and the<br />

ICTY<br />

A line of argument that has been created<br />

through judgments of the International Court of<br />

Justice and later through judgments of the International<br />

Criminal Tribunal for the former Yugoslavia<br />

involves that of ‘effective control’ (following<br />

the Nicaragua judgment by the ICJ and also mentioned<br />

in the ICJ’s Genocide case) and ‘overall<br />

control’ (following the Tadić judgment delivered<br />

by the ICTY).<br />

In the Nicaragua case the International<br />

Court of Justice took the view that the role the<br />

United States had in “the financing, organizing,<br />

training, supplying and equipping of the contras”,<br />

even if this role was dominant or decisive, did<br />

not amount to actually having control over the<br />

contras to such an extent that their acts could be<br />

attributed to the United States. The participation<br />

of the United States and the control it had, does<br />

not in itself constitute that the United States<br />

“directed or enforced the perpetration of the acts<br />

contrary to human rights and humanitarian law”<br />

[…]. For the conduct of the contras to “give rise to<br />

legal responsibility of the United States, it would<br />

in principle have to be proved that that State had<br />

effective control of the military or paramilitary<br />

operations in the course of which the alleged violations<br />

were committed (emphasis added). 53 This<br />

part of the Nicaragua case was later applied again<br />

in the Genocide case 54 in paragraph 399.<br />

In the Tadić case the International Criminal<br />

Tribunal for the former Yugoslavia used a different<br />

standard for assessing whether certain conduct<br />

could be attributed to a particular State and thus<br />

would be subject to their jurisdiction, because the<br />

ICTY considered the ‘test’ that had been formulated<br />

in the Nicaragua case too narrow. Instead,<br />

the ICTY developed a new ‘test’ on the basis of<br />

‘overall control’.<br />

The ICTY gave two reasons for revising the<br />

‘test’ that the ICJ had developed in the Nicaragua<br />

Case. The first reason is based on the Draft<br />

Articles on State Responsibility developed by the<br />

International Law Commission which is “founded<br />

on a realistic concept of accountability which<br />

transcends legal formalities.” A State is responsible,<br />

irrespective of whether that State issued<br />

specific instructions, for those acts committed by<br />

“individuals who make up an organized group under<br />

its overall control” (emphasis added). 55<br />

The second reason relied upon is that the<br />

‘test’ formulated in the Nicaragua case as an exclusive<br />

test is inconsistent with judicial and State<br />

practice. Courts, including the European Court of<br />

Human Rights, have used the test formulated in<br />

the Nicaragua case when it comes to “unorganized<br />

groups of individual acting on behalf of the<br />

State, but have accepted a lower degree of control<br />

in the case of (para)military groups.” 56<br />

The test formulated in the Nicaragua case<br />

and the one subsequently formulated in the Tadić<br />

case apply only to situations in which either effective<br />

control or overall control can be argued. Where<br />

neither of these forms of control can be demonstrated,<br />

it is necessary to advance another argument<br />

for the applicability of international human rights<br />

treaties. This paper seeks to put forward an argument<br />

that will allow courts to interpret international<br />

human rights treaties in an extraterritorial<br />

247


Nicole Vreeman<br />

manner, regardless of whether either ‘overall control’<br />

or ‘effective control’ can be shown.<br />

b) International Covenant on Civil and Political<br />

Rights<br />

It has been noted that Article 2(1) ICCPR<br />

obliges State Parties to ensure the right to life to<br />

“all individuals within its territory and jurisdiction”.<br />

This, however, does not imply that the State<br />

Party concerned cannot be held responsible for<br />

violations of Article 2 which were committed by<br />

one of its agents on the territory of another State,<br />

regardless of whether the other State consented or<br />

opposed the actions committed. 57<br />

In General Comment Nº. 31, the United<br />

Nations Human Rights Committee has stated<br />

that “State Parties are required by Article 2, paragraph<br />

1 [ICCPR], to respect and to ensure the<br />

Covenant rights to all persons who may be within<br />

their jurisdiction. This means that a State Party<br />

must respect and ensure the rights laid down in<br />

the Covenant to anyone within the power or effective<br />

control of that State Party, even if not situated<br />

within the territory of the State Party […]” 58 The<br />

International Court of Justice has adopted the<br />

Human Rights Committee’s position with regard<br />

to the ICCPR. 59<br />

The Human Rights Committee emphasizes<br />

that “States have the supreme duty to prevent<br />

wars, acts of genocide and other acts of mass violence<br />

causing arbitrary loss of life.” 60 Moreover,<br />

States should take care that their own government<br />

forces do not engage in the arbitrary killing of its<br />

civilians. Thus, States have a positive obligation to<br />

protect the right to life. 61 The right to life under<br />

this Convention also entails that States “adopt positive<br />

measures” for the protection of this right 62 ,<br />

which, as paragraph 1 states, “shall be protected<br />

by law”. This requires that a State puts into place<br />

laws that make homicide and murder punishable.<br />

Furthermore, a State is “required to take actual<br />

steps of enforcement with a view to preventing violations<br />

of the right to life or, if a violation could not<br />

be averted, to punishing the perpetrator(s).” 63<br />

It is this same Human Rights Committee<br />

that, in the (first) Optional Protocol to the ICCPR,<br />

obtained a mandate to “receive and consider […]<br />

communications from individuals claiming to be<br />

the victim of violations” 64 of any rights set forth in<br />

the Covenant. In Article 4, the Optional Protocol<br />

mentions so-called “views”, that the Human Rights<br />

Committee renders on cases. These “views”<br />

are not binding, but in signing the Optional Protocol<br />

a State obligates itself to comply with its proce-<br />

248<br />

dure until the end. The end is reached when a State<br />

examines a given view and addresses it.<br />

One of the first cases in which The Human<br />

Rights Committee recognized that human rights<br />

can apply extraterritorially when an individual is<br />

in the power of the authorities was Lopez Burgos<br />

v. Uruguay. 65 This case concerned violation of the<br />

ICCPR by state agents of Uruguay on the territory<br />

of Argentina. The applicant was kidnapped<br />

in Argentina by Uruguayan agents and secretly<br />

detained there and then brought to Uruguay.<br />

The United Nations Human Rights Committee<br />

interpreted Article 2 in a teleological manner<br />

in stating that “it would be unconscionable to<br />

so interpret the responsibility under article 2 of<br />

the Covenant as to permit a State party to perpetrate<br />

violations of the Covenant on the territory<br />

of another State, which violations it could<br />

not perpetrate on its own territory” 66 and thus<br />

the “the notion of jurisdiction also covers acts of<br />

State agents which had taken place outside the<br />

territory of the State” 67 . The Committee relied<br />

on Article 5 ICCRP “according to which the Covenant<br />

may not be invoked as justification for<br />

acts aimed at the destruction of any of the rights<br />

and freedoms recognized therein.” 68<br />

The Committee further observed that it is<br />

not banned “either by virtue of article 1 of the<br />

Optional Protocol (“... individuals subject to its<br />

jurisdiction ...”) or by virtue of article 2 (1) of the<br />

Covenant (“... individuals within its territory and<br />

subject to its jurisdiction ... “) from considering<br />

this case, because the acts were not committed in<br />

Uruguay, but rather by agents of Uruguay on the<br />

territory of Argentina. 69<br />

The Inter-American Commission of Human<br />

Rights has also used the teleological argument to<br />

declare jurisdiction over acts committed outside<br />

of the territory of a State Party. The Commission<br />

states that “[s]ince human rights are inherent to<br />

all human beings by virtue of their humanity, States<br />

have to guarantee [them] to any person under<br />

their jurisdiction, which the Commission understands<br />

to mean any person “subject to its authority<br />

and control”. 70<br />

The Committee has also commented on<br />

the wording in Article 1 of the Optional Protocol<br />

which uses the words “individuals subject to its<br />

jurisdiction”. These words, according to the Committee<br />

do not refer to the physical place of the<br />

acts, but “rather to the relationship between the<br />

individual and the State in relation to a violation<br />

of any of the rights set forth in the Covenant wherever<br />

they occurred.” 71


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

This relationship can also be seen in cases<br />

that deal with extradition by States that do not<br />

have the death penalty to States that do. In Kindler<br />

v. Canada, the Committee decided that “it<br />

does not consider the deportation of a person from<br />

a country which has abolished the death penalty<br />

to a country where he/she is under sentence of<br />

death [to] per se [amount] to a violation of Article<br />

6 of the Covenant.” 72 However, if the application<br />

of the death penalty would be a foreseeable consequence<br />

when extraditing a person, then the State<br />

making the decision to extradite might be in violation<br />

of the Covenant. 73 The latter was the case<br />

in Roger Judge v. Canada, where the Committee<br />

found Canada to be in violation of the Covenant.<br />

Although the Committee recognized that Canada<br />

“did not itself impose the death penalty” it considered<br />

that “by deporting him [Judge] to a country<br />

where he was under sentence of death, Canada established<br />

the crucial link in the causal chain that<br />

would make possible the execution” 74 .<br />

The above case law demonstrates that there<br />

is a trend when it comes to the right to life that<br />

seems to become more and more inclusive. Courts<br />

and Committees seem to be less reluctant to apply<br />

the Convention in a manner that coincides with<br />

the (modern) view that international human rights<br />

are attached to each individual, regardless of where<br />

they find themselves and not granted at the grace<br />

of a State (keeping its sovereignty fully intact).<br />

c) The European Convention of Human<br />

Rights<br />

I) ARTICLE 2 ECHR<br />

Article 2 of the Convention for the Protection<br />

of Human Rights and Fundamental Freedoms<br />

(1950) phrases the right to life as follows:<br />

1. Everyone’s right to life shall be protected by<br />

law. No one shall be deprived of his life intentionally<br />

save in the execution of a sentence of<br />

a court following his conviction of a crime for<br />

which this penalty is provided by law.<br />

2. Deprivation of life shall not be regarded as<br />

inflicted in contravention of this Article when<br />

it results from the use of force which is no<br />

more than absolutely necessary:<br />

a) In defense of any person from unlawful violence;<br />

b) In order to effect a lawful arrest or to prevent<br />

the escape of a person lawfully detained;<br />

c) In action lawfully taken for the purpose of<br />

quelling a riot or insurrection […]<br />

The main objective of Article 2 ECHR is to<br />

protect the individual against its own State. Besides<br />

that, however, an application can also be<br />

directed against an individual when the act that<br />

violated Article 2 was committed by that individual,<br />

but due to insufficient protection by the<br />

State. This is the case because complaints about<br />

infringement of Articles under the ECHR can<br />

only be directed against acts or omission that the<br />

States bears the responsibility for. A State has to<br />

take appropriate steps to protect the right to life,<br />

according to the Commission. The Commission<br />

has also stated that “Article 2 indeed gives rise to<br />

positive obligations on the part of the state.” 75<br />

A consequence of this positive obligation to<br />

the right to life is that States have to carry out<br />

an investigation if the infringement on that right<br />

was allegedly committed by state agents. 76 The<br />

European Court of Human Rights acknowledged<br />

this in the case McCann and Others v UK. 77<br />

In this case the Court held that the obligation of a<br />

State to protect the right to life “consists of three<br />

main aspects: the duty to refrain, by its agents, from<br />

unlawful killing; the duty to investigate suspicious<br />

deaths; and, in certain circumstances, a positive<br />

obligation to take steps to prevent the avoidable<br />

loss of life.” 78 This case had been brought by the relatives<br />

of the three individuals that had been killed<br />

by British security forces in Gibraltar. The Court<br />

held that the use of the phrase “absolutely necessary<br />

in paragraph 2 [of Article 2 ECHR] indicated<br />

that the force used had to be strictly proportionate<br />

to the achievement of one of the aims set out in<br />

sub-paragraphs 2(a)-(c).” 79 “Looking at all the facts,<br />

therefore, the Court concluded that it had not been<br />

necessary to use lethal force and that the killings<br />

amounted to a violation of Article 2.” 80<br />

II) SCOPE OF OBLIGATIONS DERIVING<br />

FROM THE EUROPEAN CONVEN-<br />

TION ON HUMAN RIGHTS<br />

It is a basic principle of law that a State is<br />

only bound to a treaty or convention if it has consented<br />

to it. Rules of customary law also fall within<br />

that scope, save for the State that has acted as<br />

a persistent objector. Infringement of those rules<br />

of law trigger the responsibility of that State. This<br />

however, implies that the infringements have<br />

taken place within the limits of the jurisdiction of<br />

that State. “While such jurisdiction may primarily<br />

be territorial, it also covers the acts by the State<br />

249


Nicole Vreeman<br />

outside the territory of that State, as confirmed<br />

by the case-law of the European Court of Human<br />

Rights (which will be discussed in further detail in<br />

the sub-chapter (iii)).” 81<br />

European Community law confers rights<br />

on individuals and imposes obligations on them.<br />

Those rights, become part of “their legal heritage.”<br />

82 In the classic Van Gend en Loos case the<br />

Court confirmed this when it stated that “[T]he<br />

Community constitutes a new legal order ... for<br />

the benefit of which the states have limited their<br />

sovereign rights, albeit within limited fields, and<br />

the subjects of which comprise not only Member<br />

States but also their nationals.” 83 With this passage<br />

the Court made it very clear that it was prepared<br />

to enforce the rights set out in the ECHR<br />

against an individual’s own State if need be. 84<br />

The European Court of Human Rights has<br />

encouraged references by national courts and has<br />

declared that “[w]here such rights flow from supranational<br />

law national courts have an obligation<br />

to enforce them in accordance with instructions<br />

from the ECJ rather than from higher national<br />

courts.” 85 The Court has used the “doctrine of<br />

effectiveness”, according to which the special character<br />

of the ECHR “requires that its provisions be<br />

interpreted and applied so as to make its safeguards<br />

‘practical and effective’ rather than ‘theoretical<br />

or illusory’.” 86<br />

I) CASES<br />

The question of extraterritorial application<br />

was dealt with as early as 1974 in the case of Cyprus<br />

v. Turkey 87 by the European Commission on<br />

Human Rights. This case looked at the “extraterritorial<br />

jurisdiction of a State Party and the consequent<br />

extraterritorial limits of the Convention’s<br />

applicability”. 88 The Commission stressed that<br />

“the term ‘jurisdiction’ “is not limited to the<br />

national territory of the High Contracting Party<br />

concerned.” 89 Parties are held to secure the rights<br />

and freedoms as laid down in the European Convention<br />

on Human Rights to “all persons under<br />

their actual authority and responsibility whether<br />

that authority is exercised within their territory<br />

or abroad.” 90<br />

In the case of Cyprus v. Turkey the European<br />

Commission on Human Rights applied<br />

a test of “control”. This test was later also applied<br />

in Loizidou v. Turkey 91 , and referred to as<br />

the “effective control” test. In the latter case the<br />

Court held that:<br />

250<br />

“Bearing in mind the object and purpose of<br />

the Convention, the responsibility of a Con-<br />

tracting Party may also arise when as a consequence<br />

of military action - whether lawful or<br />

unlawful - it exercises effective control of an<br />

area outside its national territory. The obligation<br />

to secure, in such an area, the rights and<br />

freedoms set out in the Convention derives<br />

from the fact of such control whether it be<br />

exercised directly, through its armed forces, or<br />

through a subordinate local administration.” 92<br />

Under the circumstances of this case this<br />

means that Turkey’s responsibility:<br />

“must also be engaged by virtue of the acts of<br />

local administration which survives by virtue<br />

of Turkish military and other support. It follows<br />

that, in terms of Article 1 of the Convention,<br />

Turkey’s “jurisdiction” must be considered<br />

to extend to securing the entire range of<br />

substantive rights set out in the Convention<br />

and those additional Protocols which she has<br />

ratified, and that violations of those rights are<br />

imputable to Turkey” 93<br />

Although the Court did not elaborate on the<br />

notion of “effective control” it may be assumed<br />

that the Court “meant the capacity of a State to<br />

exercise power through its agents in an unhindered<br />

manner in a specific area outside its territory<br />

and, furthermore, for a period of time allowing for<br />

the “effective” deployment of this power.” 94<br />

In the case of Bankovic v. Belgium 95 , the<br />

Court took a step back when it denied jurisdiction<br />

of the case. The case concerned a bombing by<br />

NATO of a radio and television station in Kosovo<br />

in 1999 that killed 16 people. The applicants contended,<br />

inter alia, that the bombing violated the<br />

right to life (Article 2 ECHR). The Court declared<br />

the application inadmissible because the act<br />

took place outside of the jurisdiction of the States<br />

whose troops were involved in the bombing. 96 In<br />

this case the Court thus chose to apply a narrow<br />

interpretation of the Convention.<br />

It is clear from the above-mentioned examples<br />

that the Court has yet to decide in a definitive<br />

manner on the (territorial) scope of the Convention.<br />

This thesis argues that the scope should be<br />

broad and inclusive. A few examples of cases of<br />

the European Convention on Human Rights where<br />

the application of that treaty de facto results in<br />

some form of extraterritorial application will now<br />

be discussed.<br />

The first example is the case of Salah Sheekh<br />

v. The Netherlands 97 . Sheekh was not to be sent<br />

back to Somalia, because the treatment he would<br />

be exposed to there would violate Article 3 ECHR<br />

and this treatment was foreseeable for The Ne-


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

therlands rather than merely a possibility. Therefore<br />

expulsion of Sheekh would be in violation<br />

of Article 3 of the Convention. This suggests that<br />

the ECHR -implicitly- condemned the action that<br />

would occur in Somalia and held those actions to<br />

the standards of the European Convention on Human<br />

Rights. In this way, in essence, applying the<br />

ECHR to the act that would happen in Somalia<br />

and thus beyond the territory of the application<br />

of the ECHR.<br />

A second example can be found in the case<br />

of Soering v. The United Kingdom 98 in which the<br />

European Court of Human Rights decided that<br />

the “death row phenomenon” would constitute<br />

an infringement of Article 3 of the Convention.<br />

Thus Soering was not to be extradited by the<br />

United Kingdom to the United States. The Court<br />

held unanimously that, in the event of the British<br />

authorities’ decision to extradite the applicant to<br />

the United States of America being implemented,<br />

there would be a breach of Article 3 of the Convention<br />

(the prohibition of torture or inhuman or<br />

degrading treatment or punishment).” 99<br />

In this case the death penalty was challenged<br />

before the European Court of Human Rights.<br />

The Court held “that Article 2 could not operate<br />

to prevent a State from extraditing an individual<br />

to face the death penalty per se. Nevertheless,<br />

extradition would violate the Convention where<br />

it exposed the individual to a significant risk of<br />

treatment running counter to the Article 3 guarantee<br />

of freedom from torture and inhuman or<br />

degrading treatment or punishment. In the particular<br />

circumstances of this application, the Court<br />

found that the death-row phenomenon, as practiced<br />

in the US State of Virginia, involved such<br />

a risk.” <strong>10</strong>0 The European Court of Human Rights<br />

does the same thing here as it did in Salah Sheekh<br />

v. The Netherlands: -implicitly- condemning the<br />

situation that would occur in the United States<br />

and holding that situation to the standards of the<br />

European Convention on Human Rights. Thus<br />

again, in essence, applying the ECHR to the United<br />

States, which would constitute application<br />

beyond the territory of the ECHR.<br />

In the case of Loizidu v. Turkey mentioned<br />

above, the European Court of Human Rights considered<br />

the validity of territorial restrictions that<br />

Turkey has made in declarations concerning the<br />

competence of the Human Rights Commission<br />

and the Court. The Court concluded that “those<br />

restrictions were impermissible under the terms<br />

of the Convention.” <strong>10</strong>1 In applying the European<br />

Convention on Human Rights extraterritorially,<br />

the Court “merely had to interpret the meaning<br />

of the term ‘jurisdiction’ in Article 1 ECHR. “The<br />

Court requires effective control over a territory,<br />

which is particularly fulfilled in the case of military<br />

occupations.” <strong>10</strong>2 “The obligation to secure,<br />

in such an area, the rights and freedoms set out<br />

in the Convention derives from the fact of such<br />

control whether it be exercised directly, through<br />

its armed forces, or though a subordinate local administration”<br />

<strong>10</strong>3<br />

In the case of Öcalan v. Turkey <strong>10</strong>4 the Court<br />

used exactly the same argument as in the earlier<br />

discussed case of Lopez Burgos v. Uruguay: that<br />

control over an individual may also lead to state<br />

responsibility. <strong>10</strong>5 [A] State may also be held accountable<br />

for violation of the Convention rights<br />

and freedoms of persons who are in the territory<br />

of another State but who are found to be under<br />

the former State’s authority and control through<br />

its agents operating – whether lawfully or unlawfully-<br />

in the latter State. Accountability in such<br />

situation stems from the fact that Article 1 of the<br />

Convention cannot be interpreted so as to allow<br />

a State party to perpetrate violations of the Convention<br />

on the territory of another State, which<br />

it could not carry out on its own territory.” <strong>10</strong>6 In<br />

the Öcalan case, the Court recognized that “States<br />

have ‘jurisdiction’ over individuals who are in<br />

the territory of one State but who are found in the<br />

hands of another State’s agents.” <strong>10</strong>7<br />

The case law of the European Court of Human<br />

Rights seems even more compelling and<br />

willing to accept a wide interpretation and range<br />

of applicability of the ECHR. How far this range<br />

of applicability will reach remains to be seen in<br />

the future. The Court has used legal arguments<br />

to accept jurisdiction, in circumstances in which<br />

it could also have rejected jurisdiction. Thus, the<br />

Court has accepted an important role in determining<br />

the extent of jurisdiction it can exercise<br />

under the ECHR. The future could see this inclination<br />

progress towards a de facto extraterritorial<br />

application of the ECHR, although it will most<br />

likely, for the nearer future, still be formulated in<br />

a way much like we have seen in the above cases:<br />

very implicitly.<br />

This would not be the first time that a Court<br />

has accepted an expanded interpretation of a provision<br />

in a convention. The Inter-American Court<br />

of Human Rights has recently seen a number of<br />

cases with pertain to the right to cultural identity,<br />

“although the right to cultural identity was not expressly<br />

spelled out as such at the time of the adoption<br />

of the American Convention on Human Rights<br />

(of 1969) […]”. <strong>10</strong>8 The Inter-American Court<br />

of Human Rights responded to the changing needs<br />

251


Nicole Vreeman<br />

of protection that were not explicitly foreseen by<br />

the drafters of the American Convention on Human<br />

Rights by reading this right into provision<br />

that were explicitly present in the Convention. <strong>10</strong>9<br />

5. INTERNATIONAL HUMAN RIGHTS<br />

TREATIES: A SPECIAL CLASS OF TREA-<br />

TIES<br />

Human rights treaties: a special category<br />

of treaty<br />

The UN Human Rights Commission has<br />

emphasized the special nature of human rights<br />

treaties. 1<strong>10</strong> “The Convention was clearly intended<br />

by the UN and the parties to be definitely universal<br />

in scope and that it had been adopted for a<br />

purely humanitarian purpose so that state parties<br />

did not have interests of their own but a common<br />

interest.” 111 Human rights treaties encompass<br />

provisions that are of common concern to all of<br />

human kind. Those treaties are not merely contracts<br />

between sovereign States, but they embody<br />

a State’s will to commit itself to a higher purpose:<br />

the protection of human rights for individuals. In<br />

such contracts, it has been asserted, that the State<br />

is formally a party, but essentially (taking into<br />

account the scope of what is dealt with) it is a<br />

representative for its inhabitants.<br />

The above idea stems from the “understanding<br />

that human kind has common values” 112 .<br />

The nature of treaties has changed from being<br />

bilateral and containing “equal and reciprocal<br />

benefits and burdens for each party” to “treaties<br />

proclaiming common values for human kind and<br />

aiming at their protection”, thus not containing<br />

“reciprocal benefits to the parties, in the same<br />

way that trade or extradition treaties do, but<br />

instead [these new treaties] impose obligations<br />

often referred to as ‘unilateral’ because the primary<br />

beneficiaries of the obligations are either<br />

the world community […] or persons or groups<br />

within the State parties themselves” 113 . Noting<br />

the above, a distinction can be made between<br />

‘treaty-contracts’ and ‘law-making treaties’. The<br />

latter are intended to possess a universal character<br />

and general relevance, like international<br />

human rights treaties whereas the former apply<br />

only between the States that signed them and as<br />

such only apply to a specific number of States<br />

and lack general relevance. 114<br />

In this respect, the following excerpt from<br />

the ICJ Advisory Opinion in Reservations to the<br />

Convention on the Prevention and Punishment of<br />

252<br />

the Crime of Genocide 115 of 1951 is illustrative:<br />

“The Convention was manifestly adopted for a<br />

purely humanitarian and civilizing purpose. It is<br />

indeed difficult to imagine a convention that might<br />

have this dual character to a greater degree,<br />

since its object on the one hand is to safeguard<br />

the very existence of certain human groups and<br />

on the other to confirm and endorse the most elementary<br />

principles of morality. In such a convention<br />

the contracting States do not have any interests<br />

of their own; they merely have, one and all,<br />

a common interest, namely, the accomplishment<br />

of those high purposes which are the raison d’être<br />

of the convention. Consequently, in a convention<br />

of this type one cannot speak of individual advantages<br />

or disadvantages to States, or of the maintenance<br />

of a perfect contractual balance between<br />

rights and duties. The high ideals which inspired<br />

the Convention provide, by virtue of the common<br />

will of the parties, the foundation and measure of<br />

all its provisions” 116<br />

“The nature of human rights is universal,<br />

and their object and purpose is the protection of<br />

the individual from abuse by States. As recognized<br />

in jurisprudence, potential abuse by States cannot<br />

only occur on the State’s own territory, but also<br />

outside.” 117 The scope of international human rights<br />

treaties has thus far, as can be seen in case<br />

law, been limited to situations in which authorities<br />

either have effective or overall control over the<br />

situation. However, given the above observations,<br />

international human rights should be protected<br />

everywhere, regardless of which State has effective<br />

or overall control. “Jurisprudence and State practice<br />

have recognized the application of international<br />

human rights treaties not only in non-international<br />

armed conflict, but also in international armed<br />

conflict, including situations of occupation. This<br />

means that human rights have been applied outside<br />

of the territory of the parties.” 118 This trend<br />

should be broadened with reference to the conscience<br />

of the international community:<br />

why should one individual have the right to<br />

be protected and not another. The reasoning that<br />

bases its argument on the sovereignty of the State<br />

is no longer convincing in the globalized world we<br />

live in today. Some international human rights,<br />

like the right to life or ius cogens norms such as<br />

the prohibition of genocide, should inherently<br />

apply to all individuals, regardless of the State to<br />

which they belong and regardless of the place in<br />

which they reside.<br />

As mentioned in the introduction, it goes<br />

beyond the scope of this paper to discuss the possibilities<br />

of reservations to international human


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

rights treaties and the denunciation of such treaties.<br />

But just as food for thought, consider that if<br />

the above argument is accepted, i.e. that international<br />

human rights law represents a distinct and<br />

special category of international treaty, then that<br />

implies that (in a perfect world) denunciation of<br />

such treaties should be prohibited and that reservations<br />

would not be tolerated.<br />

If this would have been the case during the<br />

atrocities that occurred in Rwanda, mentioned in<br />

the introduction, then the Security Council could<br />

not have failed to take action, in the manner they<br />

did in the case of Rwanda. At least not without<br />

incurring legal responsibility after the fact.<br />

It seems that the inherent nature of international<br />

human right treaties can especially support<br />

the view that these treaties might be seen as a<br />

special category of treaty. As has been seen in this<br />

chapter, international human rights treaties, although<br />

established and agreed upon by sovereign<br />

States, confer rights upon the individual inhabitants<br />

of these states. Once they have acquired<br />

such rights, they cannot be stripped of them. In<br />

other words, following this view, once an international<br />

human rights treaty has been ratified, its<br />

effects cannot be undone.<br />

6. CONCLUSION<br />

The right to life is included in several international<br />

treaties and has been recognized worldwide.<br />

Although the right to life is not absolute,<br />

this right can be viewed as one of the most core<br />

rights the international human rights treaties include.<br />

The right to life is a non-derogable right.<br />

The scope of the right to life, however, does not<br />

include a guarantee of non-applicability of the death<br />

penalty nor protection of life under all circumstances.<br />

That being said, as we have seen, there<br />

are only very specific situations in which the non-<br />

-absolute character of the right to life arises.<br />

The right to life is a fundamental part of the<br />

Genocide Convention, which aims to prevent and<br />

punish the systematic elimination of a group of<br />

people. The Genocide Convention makes clear<br />

that it is not only intended to react to systematic<br />

killings, but that it might also serve as a legal<br />

foundation to prevent those killings. This obligation<br />

stemming from the Genocide Convention is<br />

perceived as an erga omnes obligation which also<br />

finds its foundation in case law rendered by the<br />

ICJ indicating that the obligation of each State to<br />

abide by the Genocide Convention is not territorially<br />

limited by that Convention. This, together<br />

with Article VII of the Genocide Convention,<br />

which gives States the opportunity to call on the<br />

United Nations to take appropriate measures to<br />

prevent genocide, provides a possibility to apply<br />

this Convention extraterritorially.<br />

It has been noted that the case law of the<br />

ICJ and the ICTY has stretched the borders of the<br />

application on treaties, but that more would be<br />

needed to infer extraterritorial application of international<br />

human rights treaties. The case law of<br />

the UN Human Rights Committee and the European<br />

Court of Human Rights has demonstrated a<br />

trend toward a broader application of the ICCPR<br />

and the ECHR. When it comes to the right to life,<br />

both the UN Human Rights Committee and the<br />

European Court of Human Rights have found legal<br />

arguments to expand their jurisdiction to the<br />

extent that they can address the matter.<br />

International human rights treaties, in particular,<br />

are capable of conferring the rights they<br />

grant to individuals once a State has signed the<br />

treaty and thereby guarantee that a State cannot<br />

take those rights away again. Those rights, more<br />

specifically the right to life, can then be protected<br />

by the signatories of the treaty, regardless of the<br />

State of citizenship or residence of the individual<br />

in question. This reading of the treaties suggests<br />

that the protection of the right to life should<br />

always apply, and thus would mean that international<br />

human rights treaties which encompass<br />

this right may be applied extraterritorially.<br />

Looking at the case law of the relevant international<br />

judicial bodies, the extraterritorial<br />

application of the right to life conveyed in international<br />

human rights treaties is much less farfetched<br />

then one might think. Although the precise<br />

obligations that States might have in case of extraterritorial<br />

application are unclear, the door has<br />

been left open for future cases to be interpreted in<br />

such a matter. The more atrocities, like the one in<br />

Rwanda, that this world witnesses and the more<br />

political pressure these will bring; the more likely<br />

it will be that the extraterritorial application of<br />

the right to life in international human rights treaties<br />

will be legal practice rather than mere academic<br />

debate.<br />

The question remains, however, what the<br />

specific obligations of States would be in case of<br />

such an extraterritorial application and to what<br />

scope those obligations would extend. This paper<br />

has focused on the discussion regarding the possibility<br />

of extraterritorial application of international<br />

human rights treaties. The scope to which<br />

such application might extend will be left to a future<br />

discussion.<br />

253


Nicole Vreeman<br />

1. Amnesty International, Rwanda, The enduring<br />

legacy of the genocide and war, Amnesty International<br />

Index: AFR/008/2004, p 1.<br />

2. Ibid.<br />

3. Amnesty International, Amnesty International<br />

Report 1995 – Rwanda, 1 January 1995,<br />

available at: http://www.unhcr.org/refworld/<br />

docid/3ae6a9fe48.html [accessed 24 September<br />

2009].<br />

4. Ibid.<br />

5. Ibid.<br />

6. Ibid.<br />

7. Human Rights Watch report Rwanda, Leave<br />

No One to Tell the Story: Genocide in Rwanda<br />

ten years later, April 1 2004. To be found at<br />

http://www.hrw.org/legacy/reports/1999/rwanda/Geno1-3-05.htm#<strong>10</strong>6_44662.<br />

8. Ibid.<br />

9. Ibid.<br />

<strong>10</strong>. Ibid.<br />

11. Ibid.<br />

12. United Nations International Criminal Tribunal<br />

for Rwanda, under General Information<br />

about the Tribunal. To be found at: http://www.<br />

ictr.org/default.htm, [accessed on 24 September<br />

2009].<br />

13. Ibid.<br />

14. Donna Gomien, David Harris, Leo Zwaak,<br />

Law and practice of the European Convention<br />

on Human Rights and the European Social<br />

Charter, Council of Europe Publishing, Germany,<br />

1996, p. 93.<br />

15. Human Rights Education Association, The<br />

Right to life, under United Nations. To be<br />

found at: http://www.hrea.org/index.php?base_<br />

id=159 [accessed 2 December 2009].<br />

16. Article 2 (e) European Convention on Human<br />

Rights.<br />

17. Article 4 (2), International Covenant on Civil<br />

and Political Rights (1966).<br />

18. General Comment Nº. 06: The right to life<br />

(art. 6): 30/04/82, sub 1.<br />

19. International Covenant on Civil and Political<br />

Rights 1966.<br />

254<br />

NOTES<br />

20. The State v. T. Makwanyane and M. Mchunu,<br />

Constitutional Court of South Africa, Case<br />

Nº. CCT/3/94, decision of 6 June 1995, paragraph<br />

66.<br />

21. Raymon Persaud and Rampersaud v. Guyana,<br />

Human Rights Committee, Communication<br />

Nº. 812/1998, decision of 16 May 2006,<br />

CCPR/86/D/812/1998, paragraph 7.2<br />

22. The State v. T. Makwanyane and M. Mchunu,<br />

Constitutional Court of South Africa, Case<br />

Nº. CCT/3/94, decision of 6 June 1995, paragraph<br />

41.<br />

23. European Convention for the Protection of Human<br />

Rights and Fundamental Freedoms 1950.<br />

24. The State v. T. Makwanyane and M. Mchunu,<br />

Constitutional Court of South Africa, Case<br />

Nº. CCT/3/94, decision of 6 June 1995, paragraph<br />

68. For example, in the case of Soering<br />

v. United Kingdom,(ECHR 1/1989/161/217, 7<br />

July 1989 paragraph 111) the Court held that,<br />

in the circumstances of that case, extradition<br />

would result in inhumane and degrading treatment<br />

(under Article 3 ECHR) and was therefore<br />

not permissible.<br />

25. Human Rights Education Association, The<br />

Right to life, under United Nations. To be<br />

found at: http://www.hrea.org/index.php?base_<br />

id=159 [accessed 2 December 2009].<br />

26. D.J. Harris, M. O’Boyle and C. Warbrick, Law<br />

of the European Concention on Human Rights,<br />

Reed Elsevier (UK) Ltd 1995, reprinted<br />

1999, p. 48. And Rhona K.M.Smith, Textbook<br />

on International Human Rights, Second<br />

Edition, Oxford University Press, New York,<br />

2005, p. 211.<br />

27. Rhona K.M.Smith, Textbook on International<br />

Human Rights, Second Edition, Oxford University<br />

Press, New York, 2005, p. 205.<br />

28. Malcolm N. Shaw, International Law, sixth<br />

edition, Cambridge University Press 2008, p.<br />

125, 284. (See also ibid. 219).<br />

29. Rhona K.M.Smith, Textbook on International<br />

Human Rights, Second Edition, Oxford University<br />

Press, New York, 2005, p. 214.<br />

30. Convention on the Prevention and Punishment<br />

of the Crime of Genocide (1948), Article<br />

VIII: “Any contracting Party may call upon<br />

the competent organs of the United Nations


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

to take such action under the Charter of the<br />

United Nations as they consider appropriate<br />

for the prevention and suppression of acts of<br />

genocide or any of the other acts enumerated<br />

in Article III.<br />

31. September 2004, Secretary Colin L. Powell,<br />

Testimony Before the Senate Foreign Relations<br />

Committee, United States of America.<br />

32. Case Concerning Armed Activities on the Territory<br />

of the Congo (New Application 2002)<br />

(Democratic Republic of the Conga v. Rwanda),<br />

ICJ, 3 February 2006, paragraph 64.<br />

33. Malcolm N. Shaw, International Law, sixth<br />

edition, Cambridge University Press 2008,<br />

p. 125.<br />

34. Rhona K.M.Smith, Textbook on International<br />

Human Rights, Second Edition, Oxford University<br />

Press, New York, 2005, pp. 215, 216.<br />

35. Malcolm N. Shaw, International Law, sixth<br />

edition, Cambridge University Press 2008,<br />

p. 124.<br />

36. Whitaker, Ben. Revised and Updated Report<br />

on the Question of the Prevention and Punishment<br />

of the Crime of Genocide. United Nations<br />

Economic and Social Council, Commission<br />

on Human Rights (E.CN.4 Sub. 2. 1985.<br />

6:2 July 1985, paragraph 18.<br />

37. Ibid.<br />

38. Paola Gaeta, On What Conditions Can a State<br />

Be Held Responsible for Genocide?, The European<br />

Journal of International Law, <strong>Vol</strong>. 18, no<br />

4, 2007, p. 635.<br />

39. Ibid. p. 637 and 639.<br />

40. Case concerning the application of the Convention<br />

on the Prevention and Punishment of the<br />

Crime of Genocide (Bosnia and Herzegovina v.<br />

Yugoslavia), ICJ, 11 July 1996.<br />

41. ICJ Reports 1996 (II), p. 616, paragraph 31.<br />

42. ICJ Reports 1951, Reservations to the Convention<br />

on the Prevention and Punishment of the<br />

Crime of Genocide, Advisory Opinion, p. 23.<br />

43. Case concerning the application of the Convention<br />

on the Prevention and Punishment of the<br />

Crime of Genocide (Bosnia and Herzegovina<br />

v. Serbia and Montenegro), ICJ, 26 February<br />

2007, paragraph 162 and 165.<br />

44. Rome Statute of the International Criminal<br />

Court (1998).<br />

45. Samuel Totten, Paul Robert Bartrop, Steven L.<br />

Jacobs, Dictionary of Genocide, <strong>Vol</strong>ume 1, Gre-<br />

enwood Publishing Group Incorporated, 2007,<br />

p. 6.<br />

46. Prosecutor v. Akayesu, ICTR-96-4, 2 September<br />

1998.<br />

47. Ibid., paragraph 731.<br />

48. Prosecutor v. Jelisic, IT-95-<strong>10</strong>, 14 December<br />

1999 (Trial Chamber) and 5 July 2001 (Appeal<br />

Chamber).<br />

49. Martin Mennecke, LLM, PhD Fellow in International<br />

Law at The Danish Center for Holocaust<br />

and Genocide Studies, The Crime of Genocide<br />

in International Law, 2002, under The<br />

Case Law of the ICTY and the ICTR.<br />

50. Prosecutor v. Krstic, IT-98-33, 2 August 2001.<br />

51. Ibid, paragraph 584.<br />

52. I.C.J. Reports 1996 (II), p. 616, paragraph. 31.<br />

Also mentioned in ICJ, Case concerning the<br />

application of the Convention on the Prevention<br />

and Punishment of the Crime of Genocide<br />

(Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro),<br />

26 February 2007, General List, No 91.<br />

Paragraph 153.<br />

53. Case Concerning Military and Paramilitary Activities<br />

in and Against Nicaragua (Nicaragua v.<br />

United States of America), ICJ, Merits, judgment<br />

of 27 June 1986, paragraph 115.<br />

54. Case Concerning the application of the Convention<br />

on the Prevention and Punishment of<br />

the Crime of Genocide (Bosnia and Herzegovina<br />

v. Serbia and Montenegro), ICJ, 26 February<br />

2007, Judgment general list Nº. 91.<br />

55. Ibid., paragraph 399.<br />

56. Ibid., paragraph 399.<br />

57. Delia Saldias de Lopez v. Uruguqy, CCPR/<br />

C/13/D/52/1979, UN Human Rights Committee<br />

(HRC), 29 July 1981, available at: http://<br />

www.unhcr.org/refworld/docid/4028d4954.<br />

html [accessed 23 September 2009], point<br />

12.3.<br />

58. Human Rights Committee, General Comment<br />

Nº. 31 on Article 2 of the Covenant, <strong>10</strong>, UN<br />

Doc. CCPR/C/74/CRP.4?Rev.6 (2004).<br />

59. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, p. 326.<br />

60. General Comment Nº. 06: The right to life<br />

(art. 6): 30/04/82, sub 2.<br />

255


Nicole Vreeman<br />

61. Rhona K.M.Smith, Textbook on International<br />

Human Rights, Second Edition, Oxford University<br />

Press, New York, 2005, p. 206.<br />

62. General Comment Nº. 06: The right to life<br />

(art. 6), 30/04/82, sub 5.<br />

63. Christian Tomuschat, Human Rights, Between<br />

Idealism and Realism, Second Edition, Oxford<br />

University Press, New York, 2008, p. 53.<br />

64. Preamble of the (First) Optional Protocol to the<br />

International Covenant on Civil and Political<br />

Rights (1966).<br />

65. Human Rights Committee, Communication<br />

Nº. 52/1979: Uruguay. 29/07/81. CCPR/<br />

C/13/D/52/1979.<br />

66. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, pp. 332, 333.<br />

67. Christos Rozakis, The Territorial Scope of Human<br />

Rights Obligations: the Case of the European<br />

Convention on Human Rights, in the Venice<br />

Commission, The Status of International<br />

Treaties on Human Rights, Council of Europe,<br />

Collection Science and Technique of Democracy,<br />

September 2006, p. 57.<br />

68. Christian Tomuschat, Human Rights, Between<br />

Idealism and Realism, Second Edition, Oxford<br />

University Press, New York, 2008, p. 130.<br />

69. Delia Saldias de Lopez v. Uruguqy, CCPR/<br />

C/13/D/52/1979, UN Human Rights Committee<br />

(HRC), 29 July 1981, available at : http://<br />

www.unhcr.org/refworld/docid/4028d4954.<br />

html [accessed 23 September 2009], point<br />

12.1.<br />

70. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, pp. 329, 330.<br />

71. Delia Saldias de Lopez v. Uruguqy, CCPR/<br />

C/13/D/52/1979, UN Human Rights Committee<br />

(HRC), 29 July 1981, available at : http://<br />

www.unhcr.org/refworld/docid/4028d4954.<br />

html [accessed 23 September 2009], point<br />

12.2.<br />

72. Roger Judge v. Canada, Human Rights Committee,<br />

Communication Nº. 829/1998, 13 August<br />

2003, CCPR/C/78/D/829/1998, paragraph<br />

<strong>10</strong>.2.<br />

256<br />

73. Ibid., paragraph 4.12.<br />

74. Ibid., paragraph <strong>10</strong>.6.<br />

75. Donna Gomien, David Harris, Leo Zwaak,<br />

Law and practice of the European Convention<br />

on Human Rights and the European Social<br />

Charter, Council of Europe Publishing, Germany,<br />

1996, p. 94.<br />

76. Malcolm N. Shaw, International Law, sixth<br />

edition, Cambridge University Press 2008, p.<br />

53.<br />

77. McCann and Others v UK, 27 September 1995<br />

(A 324).<br />

78. Clare Ovey & Robin C.A. White, The European<br />

Convention on Human Rights, Fourth addition,<br />

Oxford University Press 2006, p. 56.<br />

79. Ibid., p. 57.<br />

80. McCann and others v. United Kingdom, ECHR<br />

1995, Series A, Nº. 324, Application No<br />

18984/91(1995), paragraph 213.<br />

81. Rui Manuel Moura Ramon, Human Rights Treaties<br />

– Are They or Should They be Given a<br />

Special Status in International Law?, in the Venice<br />

Commission, The Status of International<br />

Treaties on Human Rights, Council of Europe,<br />

Collection Science and Technique of Democracy,<br />

September 2006, p. 75, point 5.<br />

82. Laurence R. Helfer and Anne-Marie Slaughter,<br />

Toward a Theory of Effective Supranational<br />

Adjudication, The Yale Law Journal, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>7,<br />

Nº. 2 (Nov., 1997), pp. 273-391, p. 38 [accessed<br />

29 December 2009].<br />

83. Ibid.<br />

84. Van Gend en Loos v. The Netherlands, European<br />

Court of Justice, 5 February 1963, Case,<br />

26-62.<br />

85. Laurence R. Helfer and Anne-Marie Slaughter,<br />

Toward a Theory of Effective Supranational<br />

Adjudication, The Yale Law Journal, <strong>Vol</strong>. <strong>10</strong>7,<br />

Nº. 2 (Nov., 1997), pp. 273-391, p. 39 [accessed<br />

29 December 2009].<br />

86. Ibid., pp. 40, 41.<br />

87. Application Nº. 25781/94, ECtHR <strong>10</strong> May<br />

2001, para. 77.<br />

88. Christos Rozakis, The Territorial Scope of Human<br />

Rights Obligations: the Case of the European<br />

Convention on Human Rights, in the Venice<br />

Commission, The Status of International<br />

Treaties on Human Rights, Council of Europe,<br />

Collection Science and Technique of Democracy,<br />

September 2006, p. 59.<br />

89. Ibid.


The Right to Life: An Argument for Extraterritorial Application of International Human Rights Treaties –<br />

Who Will Protect my Right to Life?<br />

90. Christos Rozakis, The Territorial Scope of Human<br />

Rights Obligations: the Case of the European<br />

Convention on Human Rights, in the Venice<br />

Commission, The Status of International<br />

Treaties on Human Rights, Council of Europe,<br />

Collection Science and Technique of Democracy,<br />

September 2006, p. 60.<br />

91. Loizidou v. Turkey, European Court of Human<br />

Rights, application number 15318/89, publication<br />

A 3<strong>10</strong>.<br />

92. Loizidou v. Turkey, European Court of Human<br />

Rights, (preliminary objections) (Application<br />

nº. 15318/89), 23 March 1995, paragraph 62.<br />

93. Michal Gondek, Extraterritorial application<br />

of the European Convention on Human Rights:<br />

territorial focus in the age of globalization?<br />

Netherlands International Law Review<br />

(2005), 52:349-387, Cambridge University<br />

Press, p. 6.<br />

94. Christos Rozakis, The Territorial Scope of Human<br />

Rights Obligations: the Case of the European<br />

Convention on Human Rights, in the<br />

Venice Commission, The Status of International<br />

Treaties on Human Rights, Council of<br />

Europe, Collection Science and Technique of<br />

Democracy, September 2006, p. 61. A similar<br />

conclusion can be reached by considering the<br />

communication (12 March 2002) of the Inter-<br />

-American Commission on Human Rights regarding<br />

precautionary measures in the case of<br />

Guantanamo Bay.<br />

95. Bankovic et al. v. Belgium, European Court of<br />

Human Rights, application nº. 52207/99, 19<br />

December 2001.<br />

96. Bankovic et al. v. Belgium, European Court of<br />

Human Rights, application nº. 52207/99, 19<br />

December 2001, press release by the Registrar<br />

(970).<br />

97. Salah Sheekh v. The Netherlands, European<br />

Court of Human Rights, application nº.<br />

1948/04, 11 January 2007.<br />

98. Soering v United Kingdom, Series European<br />

Court of Human Rights, application No<br />

14038/88, 7 July 1989.<br />

99. Liz Heffernan, Editor, Human Rights a European<br />

Perspective, The Round Hall Press in association<br />

with Irish Centre for European Law,<br />

1994, p. <strong>10</strong>2.<br />

<strong>10</strong>0. Ibid.<br />

<strong>10</strong>1. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, p. 327.<br />

<strong>10</strong>2. Ibid.<br />

<strong>10</strong>3. Loizidu v. Turkey, paragraphs 62-64 (preliminary<br />

objections).<br />

<strong>10</strong>4. Ocalan v. Turkey, European Court of Human<br />

Rights, 12 March 2003.<br />

<strong>10</strong>5. The same argument was also used in the case<br />

of Issa and Others v. Turkey.<br />

<strong>10</strong>6. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, p. 333.<br />

<strong>10</strong>7. Ibid.<br />

<strong>10</strong>8. Antionio Augusto Concado Trindade, ‘The<br />

Right to Cultural Identity in the Evolving<br />

Jurisprudential Construction of the Inter-<br />

-American Court of Human Rights’ p. 477,<br />

in Multiculturalism and International Law, p.<br />

477-499, Koninklijke Brill NV 2009.<br />

<strong>10</strong>9. Ibid, pp. 497, 498.<br />

1<strong>10</strong>. Malcolm N. Shaw, International Law, sixth<br />

edition, Cambridge University Press 2008,<br />

p. 923.<br />

111. Ibid., p. 919.<br />

112. Alexander Kiss, International Human Rights<br />

Treaties: A Special Category of International<br />

Treaty?, in the Venice Commission, The<br />

Status of International Treaties on Human<br />

Rights, Council of Europe, Collection Science<br />

and Technique of Democracy, September<br />

2006, p. 12.<br />

113. Ibid..<br />

114. Malcolm N. Shaw, International Law, sixth<br />

edition, Cambridge University Press 2008, p.<br />

94 and 95.<br />

115. Reservations to the Convention of the Prevention<br />

and Punishment of the Crime of Genocide,<br />

ICJ Advisory Opinion, May 28, 1951,<br />

(1951 I.C.J. 15).<br />

116. Ibid. p. 7 and 8.<br />

117. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, p. 335.<br />

257


Nicole Vreeman<br />

118. The Hebrew University of Jerusalem, Faculty<br />

of Law The Interplay Between International<br />

Humanitarian Law and International Human<br />

258<br />

Rights Law in Situations of Armed Conflict,<br />

Cordula Droege. Research paper Nº. 14-07,<br />

December 2007, pp. 324, 325.


EXCLUSIÓN Y CONOCIMIENTO SOCIAL:<br />

LA DIGNIDAD DE LOS EXCLUIDOS 1<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Raquel Sosa Elízaga<br />

Profesora de tiempo completo de la Facultad de Ciencias Políticas y Sociales de la Universidad Nacional Autónoma<br />

de México; Socióloga y Doctora en Historia.<br />

El combate a la pobreza se ha convertido en<br />

el mejor negocio del siglo que comienza, declaró<br />

un empresario mexicano recientemente. 2 En efecto,<br />

a lo largo de los últimos diez años, cientos de<br />

miles de dólares –tal vez millones– se han gastado<br />

en investigaciones realizadas en el mundo<br />

para determinar la evolución de la pobreza, sus<br />

características y, sobre todo, sus riesgos. El Banco<br />

Mundial asoció hace una década la pobreza a<br />

la delincuencia, y más recientemente, afirmó que<br />

las crisis económicas, aunadas a la destrucción de<br />

las instituciones de mediación, conforman hoy en<br />

el mundo un escenario amenazante, toda vez que<br />

la incertidumbre obliga a comportamientos inesperados<br />

por parte de sociedades empobrecidas y<br />

desesperadas. 3<br />

Por su parte, la estadística social se ha transformado<br />

con los años para convertirse en un sofisticado<br />

instrumento de políticas llamadas sociales<br />

cuyos objetivos han ido de la pretensión de incluir<br />

a los pobres en el mercado, a la contención de los<br />

movimientos de pobres vía esquemas de ayuda<br />

focalizada a zonas potencialmente críticas. Preguntarse<br />

– e investigar – cuántos son los pobres y<br />

dónde se encuentran parece ser el reto más novedoso<br />

y rentable para los políticos, funcionarios y<br />

especialistas.<br />

No obstante, el éxito de tales empeños ha<br />

sido dudoso, tanto desde el punto de vista del<br />

mercado, como del control de los pobres de carne<br />

y hueso. Y quiero señalar sólo dos ejemplos:<br />

la estadística sobre la evolución de la fuerza de<br />

trabajo ha sido abundante, pero no ha logrado<br />

avanzar en la distinción de empleo y desempleo.<br />

Los parcial o temporalmente ocupados, quienes<br />

no pagan impuestos, quienes no cotizan en el<br />

sistema de seguridad social, quienes reciben salarios<br />

inferiores a dos dólares diarios (considerado<br />

como indicativo de pobreza extrema) siguen<br />

siendo un misterio a dilucidar.<br />

No basta con afirmar, como se hizo hace<br />

unos años, que los pobres se dedican a actividades<br />

“informales” (cualquiera que observe a los vendedores<br />

del centro histórico de la ciudad de México<br />

puede, por lo demás, darse cuenta rápidamente que<br />

son todo menos eso). Tampoco es suficiente pretender<br />

captarlos para el mercado con la adopción<br />

de medidas extremas, como la que hoy ocupa al<br />

gobierno mexicano de cobrar impuestos a alimentos<br />

básicos y medicinas. Su presencia organizada<br />

es visible en todas nuestras ciudades y constituye<br />

un motivo de alarma policíaca. El hecho es que no<br />

hay hasta ahora quien pueda afirmar que dispone<br />

de alternativas –que no sea la de la “tolerancia<br />

cero”– a su peculiar y compleja lucha por la sobrevivencia.<br />

4<br />

Y vamos al segundo ejemplo: la determinación<br />

de dónde se encuentran los pobres ha provocado<br />

un largo debate en las ciencias sociales, la estadística<br />

y la política en nuestros países. Durante<br />

años, y pese a todas las evidencias en contrario,<br />

las políticas de combate a la pobreza se orientaron<br />

a “privilegiar” a aquellas comunidades rurales<br />

cuyas características podían ser incluidas en un<br />

tipo ideal: las que sufren de analfabetismo, habitan<br />

en viviendas precarias, carecen de servicio de<br />

agua potable o energía eléctrica y tienen salarios<br />

inferiores al mínimo determinado en cada país.<br />

En México, semejante visión condujo a<br />

excluir hasta el día de hoy de los programas de<br />

combate a la pobreza a los pobres urbanos, y particularmente,<br />

a los habitantes de las ciudades<br />

más grandes. 5 Una vez más, cualquier observador<br />

puede confirmar –sin que por ello tenga pretensiones<br />

de cientificidad– a esos pobres urbanos que,<br />

sin ser analfabetos (en la ciudad de México, por<br />

ejemplo, el promedio de estudios es de 9 años);<br />

sin sufrir la carencia de energía eléctrica (98% de<br />

los habitantes de la ciudad tienen, de uno u otro<br />

modo, este servicio) o agua (aunque cientos de miles<br />

reciban agua en pipas, por tandeo, o de pésima<br />

calidad); sin habitar en una vivienda con piso de<br />

tierra (las barrancas, cerros y aún las vecindades<br />

del centro de la ciudad de México no tienen esas<br />

259


Raquel Sosa Elízaga<br />

características), no puede considerárseles de otro<br />

modo que pobres, y extremadamente pobres.<br />

Mientras tanto, cientos de comunidades rurales<br />

convertidas por la pobreza en pueblos fantasmas,<br />

o habitadas exclusivamente por mujeres,<br />

dan lugar a la existencia de pequeños centros<br />

comerciales, casas de cambio, circulación de dinero,<br />

camionetas y autos modernos, cambio repentino<br />

de hábitos y vida estacional ajena a su<br />

tradicional tranquilidad. Todo ello ocurre como<br />

consecuencia del ir y venir de trabajadores migrantes<br />

que –otra vez, contra todo despliegue militar<br />

y policiaco– cruzan una y otra vez la frontera<br />

en busca de mejorar sus ingresos y la calidad de<br />

vida de sus familias. 6<br />

Así, cuando alguien se empeña sinceramente<br />

en comprender dónde están, quiénes son, de qué<br />

carecen efectivamente los pobres, la literatura sobre<br />

ellos y la política con que se les trata parece<br />

un sinsentido, un discurso vacío de contenido. El<br />

conocimiento que se tiene sobre este fenómeno<br />

social, el más visible, el más presuntamente reconocido<br />

en nuestro tiempo es pobre, inexacto, y<br />

ayuda poco, si de lo que se trata es de llevar a cabo<br />

algo más que una tarea cosmética.<br />

EPPUR, SI MUOVEN...<br />

Un esfuerzo de otra naturaleza se ha llevado<br />

a cabo entre las organizaciones civiles, sociales,<br />

los partidos democráticos y el pensamiento crítico.<br />

A través de los años de las posdictaduras y posguerras,<br />

han sido sobre todo ellos quienes se han<br />

sensibilizado a la necesidad de redefinir sus perfiles<br />

y su relación con quienes sufren, simultáneamente,<br />

por la pobreza, la injusticia y la constante<br />

violación a sus derechos. En América Latina, la<br />

multiplicación de iniciativas de acción colectiva,<br />

el abandono de las pretensiones de vanguardia y el<br />

desarrollo de experiencias alternativas de gestión<br />

gubernamental han dado como resultado una visión<br />

compleja –aunque no siempre articulada– de<br />

las demandas y necesidades de las más de cuatrocientos<br />

millones de personas que se encuentran<br />

en condiciones de pobreza.<br />

Es posible que sea insuficiente la reflexión<br />

sobre cómo se ha modificado y cuáles siguen siendo<br />

asuntos sin resolver en la relación entre la política,<br />

los políticos y las organizaciones reales de esa<br />

parte de la llamada sociedad civil. No obstante,<br />

podemos afirmar que ninguna asociación política<br />

o gobierno en el subcontinente ha sido ajeno a<br />

fuertes convulsiones y cambios a partir del impulso<br />

y la inobjetable presencia de los desposeídos. Y<br />

para muestra están la organización del Movimien-<br />

260<br />

to de los Sin Tierra en el Brasil; el movimiento indígena<br />

en el Ecuador y en México; el movimiento<br />

de los campesinos cocaleros en Colombia y Bolivia;<br />

el peso de los migrantes en la determinación<br />

de políticas en México y Centroamérica; los movimientos<br />

por los derechos humanos en Chile y<br />

Argentina.<br />

La insuficiencia e inconsecuencia de las políticas<br />

de combate a la pobreza se han hecho en<br />

primera instancia evidentes mediante la acción<br />

organizada de los propios desposeídos. Han sido<br />

ellos quienes han denunciado la manipulación de<br />

instituciones y programas; el efecto que crean políticas<br />

de focalización en la división de las comunidades;<br />

su conversión en políticas contrainsurgentes<br />

conocidas como de seguridad pública en cada<br />

uno de nuestros países. Los objetivos declarados de<br />

los programas han sido confrontados con su aplicación<br />

práctica. Las limitaciones y contradicciones<br />

en que han incurrido sus promotores no han resultado<br />

sino en la agudización de la problemática<br />

que dicen buscar resolver.<br />

Si la denuncia de semejante estado de cosas<br />

ha abierto un campo vastísimo de acción política<br />

a las organizaciones, no ha resuelto, sin embargo,<br />

el problema fundamental de articular un<br />

conocimiento social capaz de enfrentar –a partir<br />

de las condiciones actuales– la articulación de los<br />

desposeídos en la formulación y proyección de alternativas<br />

de transformación en el sentido de la<br />

justicia social en el mediano y largo plazos, como<br />

tampoco la superación de las situaciones más dramáticas<br />

y urgentes.<br />

LA POBREZA COMO OBJETO DE ASIS-<br />

TENCIA SOCIAL<br />

La situación de los excluidos ha merecido, a<br />

lo largo de los años, una consideración ambigua<br />

de parte de los gobiernos y los grupos de poder.<br />

Por una parte, no cesa de haber la visión de que<br />

deben ser integrados al mercado: “Nada es gratis<br />

en esta vida”, dijo recientemente el Presidente<br />

mexicano en defensa de su reforma fiscal. Quienes<br />

nada tienen no valoran lo que se les ofrece si<br />

no se les cobra, es la razón que se esgrime cuando<br />

se incorporan cuotas a la educación, restricciones<br />

y procesos de privatización de los servicios<br />

de salud pública, etc. Mas esta visión no deja de<br />

acompañarse del reconocimiento de la necesidad<br />

de “ayudar”, “aliviar”, hacer menos dramática la<br />

situación de quienes sufren especialmente por la<br />

miseria en que viven, a quienes se considera en<br />

condiciones de vulnerabilidad.


Así, se promueven apoyos temporales a asociaciones<br />

privadas que practican la caridad; se difunden<br />

campañas de ayuda a víctimas de desastres;<br />

se distribuyen dulces y juguetes en las fiestas. Los<br />

más pobres se vuelven entonces motivo de vergüenza<br />

pública, tema de encendidos discursos y<br />

hasta objeto del sincero dolor o preocupación por<br />

parte de quienes conocen su situación. No tanto,<br />

sin embargo, como para que se propongan políticas<br />

efectivas que les permitan elevarse a la condición<br />

de ciudadanos. No tanto como para que pretendan<br />

ejercer y exijan el cumplimiento de sus derechos.<br />

Son objeto, no sujeto de políticas en su beneficio.<br />

El terreno ocupado por la asistencia ha sido<br />

tradicionalmente negado por las organizaciones<br />

de izquierda y el pensamiento crítico. No hay en<br />

esta materia, la de quienes suman cientos de miles<br />

pero no necesariamente expresan en forma de<br />

lucha organizada sus demandas, una exigencia<br />

de conocimiento y responsabilidad colectiva que<br />

lleve a realizar investigaciones y a promover políticas<br />

alternativas. Es como si de algún modo coincidieran<br />

visiones encontradas en otros espacios,<br />

en que lo único que pueden lograrse son paliativos<br />

para enfrentar las que no son sino condiciones<br />

concretas de vida de los pobres.<br />

Sólo recientemente se ha iniciado el debate y<br />

comienzan a tener visibilidad las demandas específicas<br />

de justicia social, de equidad, de tolerancia<br />

y respeto a la diversidad, de integración verdadera,<br />

que presentan estos grupos de excluidos: los adultos<br />

mayores abandonados; los niños que sufren<br />

maltrato, violencia o explotación; las mujeres solas,<br />

jefas de familia; las personas con discapacidad;<br />

los jóvenes excluidos de opciones de estudio<br />

y de trabajo; los enfermos terminales; las víctimas<br />

de desastres.<br />

En el panorama de un empobrecimiento generalizado<br />

de la población, el conocimiento de<br />

problemáticas sociales específicas, de demandas<br />

sentidas, aunque ocultas, la búsqueda de una relación<br />

directa y efectiva con políticas que se orienten<br />

para su beneficio sigue siendo una tarea pendiente<br />

y, en gran medida, inatendida. La pretensión de<br />

homogeneizar –cuantificar– por la vía de la estadística<br />

y de la política de combate a la pobreza a<br />

quienes sufren situaciones o condiciones diversas<br />

de vulnerabilidad ha dado hasta ahora al traste<br />

con toda opción de acceder con efectividad a su<br />

compleja problemática. 7<br />

POBREZA Y EXCLUSIÓN<br />

Las líneas de pensamiento que hemos esbozado<br />

difícilmente se cruzan. Desde una perspecti-<br />

Exclusión y Conocimiento Social: La Dignidad de los Excluidos<br />

va, la pobreza es un fenómeno masivo, cuantificable,<br />

comprensible sólo con la lente de parámetros<br />

rígidos, sobre los que pueden aplicarse políticas<br />

cuya eficacia es –o debiera ser– medible en plazos<br />

temporales variables. Los residuos de lo que no<br />

puede ser captado con esa lente es, en esa visión,<br />

objeto de asistencia social. Al fin y al cabo, lo que<br />

interesa es identificar la extensión e intensidad de<br />

la acción combinada del mercado y del Estado, enfrentar<br />

y contener eventuales o reales expresiones<br />

de inconformidad.<br />

El descubrimiento que han hecho quienes<br />

realizan una reflexión desde el punto de vista de<br />

los movimientos sociales es otro. Los movimientos<br />

de pobres no corresponden a las expectativas<br />

de la estadística o la política social, sino algo más<br />

complejo y difícil de asir, y que tiene que ver con<br />

la existencia real, sensible, de seres humanos diversos,<br />

con problemáticas y demandas específicas,<br />

en una palabra, con voluntad propia.<br />

Las organizaciones civiles y sociales han descubierto<br />

hace años el fenómeno de la exclusión,<br />

que puede definirse como la condición que agrega<br />

a la pobreza el hecho de la imposibilidad de incorporarse<br />

con plenos derechos a la vida social, al<br />

ejercicio de la ciudadanía. Mas esta condición no<br />

es, por los ejemplos que hemos expuesto, exclusivamente<br />

referida a una carencia, sino que se manifiesta<br />

en la exigencia de participación directa en<br />

las decisiones que el poder asume en presunto beneficio<br />

de la sociedad en su conjunto. 8 En efecto,<br />

no se trata exclusivamente de la determinación<br />

de un objeto –la pobreza– y sus consecuencias en<br />

términos de las dificultades que presupone para<br />

realizar los mínimos de producción y reproducción<br />

de la vida humana. De lo que se trata es de<br />

reconocer una condición que incluye la actividad<br />

de quienes sufren de carencias, sus demandas, su<br />

organización, su visión del mundo.<br />

Ser excluido no significa solamente ser pobre.<br />

Significa no haber sido considerado en la<br />

determinación de los asuntos públicos. Significa<br />

estar ausente de la política que define el rumbo de<br />

una sociedad en una época, en un territorio determinado.<br />

Y es en esa dirección que la mayor parte<br />

de los estudios sobre la pobreza son, no sólo insuficientes,<br />

sino peligrosamente sesgados: desconsideran<br />

la condición humana, que significa pensamiento,<br />

voluntad, decisiones, presiones, temores,<br />

hábitos, experiencias, memoria.<br />

De otra parte, en el conocimiento de los movimientos<br />

sociales y de sus efectos en la actividad<br />

política muchos intelectuales críticos han puesto<br />

por delante la definición de los pobres como<br />

261


Raquel Sosa Elízaga<br />

luchadores antisistémicos per se. Han supuesto,<br />

durante años, que la evolución en las formas de<br />

organización y la lucha por la supervivencia de<br />

millones de seres humanos se orientará más tarde<br />

o más temprano en el sentido de la transformación<br />

social progresiva.<br />

Una parte de los intelectuales críticos confunde<br />

sus propias aspiraciones y deseos con una<br />

realidad que frecuentemente se orienta en sentido<br />

inverso. Movimientos de masa que sustentan<br />

opciones políticas conservadoras, promueven<br />

guerras, son excluyentes e intolerantes. El entusiasmo<br />

temporal por los triunfos de masa de opciones<br />

de izquierda cede inesperadamente ante el<br />

avance de ideologías y prácticas completamente<br />

alejadas de los objetivos de transformación social<br />

orientados por la justicia, la solución pacífica de<br />

los conflictos, la construcción de una ciudadanía<br />

tolerante y diversa.<br />

Un espacio se ha abierto para explicar cambios<br />

políticos y de pensamiento independientes al<br />

mejoramiento de las condiciones de vida de millones<br />

de seres humanos en el planeta: la estrategia<br />

discursiva de los medios de comunicación.<br />

Parte importante de esta estrategia –considerada<br />

la más exitosa de las políticas tendientes a la consolidación<br />

de un statu quo profundamente excluyente–<br />

ha sido la conformación de un modelo de<br />

ciudadano o, más precisamente, de consumidor<br />

potencialmente capaz de acceder a opciones de<br />

bienestar que van de la integración a la modernidad<br />

en general a la posibilidad específica de elegir<br />

bienes o servicios tangibles o intangibles. 9<br />

En la búsqueda de una hegemonía política<br />

basada en el mercado, la estrategia de comunicación<br />

basada en la homogeneización de patrones<br />

de comportamiento, de expectativas y valores colectivos<br />

ha cumplido un papel significativo. Es el<br />

correlato más exitoso de políticas de combate a la<br />

pobreza cuyos resultados son objetivamente pobres.<br />

Esta estrategia ha mostrado su eficacia en la<br />

manipulación de conciencias, en la formación de<br />

movimientos, en la aprobación o rechazo colectivos<br />

a comportamientos determinados de dirigentes,<br />

políticos, grupos empresariales y desde luego,<br />

planes militares.<br />

Políticos inescrupulosos han utilizado desde<br />

hace muchos años esta opción que permite desconocer<br />

realidades específicas a cambio de conquistar<br />

a millones de adherentes a la esperanza de<br />

integración a un mundo de satisfactores determinados<br />

o indeterminados. El éxito de tales propuestas<br />

se mide en encuestas y triunfos electorales; en<br />

incremento del consumo de determinados bienes<br />

262<br />

o en la modificación de comportamientos masivos.<br />

Particularmente sensibles resultan quienes<br />

viven la incertidumbre de cambios vertiginosos<br />

en la vida social.<br />

El límite de dichas formas de integración<br />

puede hacerse evidente en efecto retardado, pero<br />

es inevitable. La promesa de un bienestar futuro,<br />

del acceso a bienes de consumo, del olvido de condiciones<br />

traumáticas o precarias, cede en plazos<br />

cada vez más cortos a la constatación de insuficiencias<br />

reales, de falta de atención a los problemas<br />

de mayor profundidad, de negativas como<br />

respuesta a demandas masivas. La exclusión –ese<br />

fenómeno difícilmente cuantificable, pero objetivo–<br />

reaparece a la vuelta de cada período y se<br />

manifiesta como inconformidad, como exigencia,<br />

como frustración acumulada.<br />

Vivimos actualmente lo que podría denominarse<br />

una suerte de anomia en la anomia, si<br />

asumimos que la pobreza no es sólo un dato técnicamente<br />

verificable, sino resultado de políticas<br />

estatales que han propiciado el deterioro de las<br />

condiciones y calidad de vida, traumáticas experiencias<br />

autoritarias, abandono acumulado, intolerancia<br />

y exclusión. La contrastación de la visión<br />

homogeneizadora, del pretendido pensamiento<br />

único con una realidad tercamente diversa, no ha<br />

sido, sin embargo, una operación quirúrgica de<br />

pensadores brillantes. Es producto de la experiencia<br />

y la reflexión de quienes han sido capaces de<br />

transformar sus carencias en exigencia de respeto,<br />

ejercicio de derechos, identidad propia, dignidad.<br />

Dignidad significa en primera instancia<br />

el reconocimiento de los seres humanos como<br />

complejos, plurales, diversos, con necesidades y<br />

demandas específicas, con visiones, responsabilidades<br />

e historias propias. Dignidad significa lucha<br />

por la supervivencia, condición de pobreza que no<br />

se resuelve con ayuda económica, con promesas<br />

de mejoramiento social, con programas masivos<br />

de pretensiones unificadoras. Y sólo a partir del<br />

reconocimiento de la dignidad como valor humano<br />

esencial es que puede plantearse una transformación<br />

profunda de los supuestos científicos<br />

y políticos con que se han tratado hasta ahora la<br />

pobreza y la exclusión.<br />

LA DIGNIDAD DE LOS EXCLUIDOS<br />

Las ciencias sociales han sufrido hace años<br />

la confusión promovida desde el poder acerca de<br />

quiénes son y cómo se comportan los sujetos sociales.<br />

La proliferación de la pobreza, las transformaciones<br />

de la vida social, las formas de lucha<br />

por la supervivencia, han permanecido ajenas a


la mayor parte de los investigadores y políticos<br />

que aplican programas orientados a colectividades<br />

diversas.<br />

Escasos han sido quienes, desde la perspectiva<br />

histórica y social, han reconocido la existencia<br />

de códigos de comportamiento colectivo que<br />

determinen, más allá de condiciones materiales<br />

de vida, de la existencia de una u otra forma de<br />

gobierno, de la política específica que se aplique<br />

sobre un grupo social, el movimiento de las sociedades<br />

en el proceso de su transformación. Búsquedas<br />

como las de Barrington Moore, Theda<br />

Skopcol, Charles Tilly, Eric Hobsbawm permanecen<br />

como esfuerzos relativamente solitarios, que<br />

debieran dar lugar a investigaciones y propuestas<br />

políticas y sociales de más largo alcance, en la<br />

perspectiva de construir una concepción articulada<br />

de los sujetos sociales contemporáneos. <strong>10</strong><br />

Algunas de las claves del conocimiento por<br />

ellos aportadas se encuentran en el estudio específico<br />

de las causas y consecuencias de comportamientos<br />

políticos y sociales de los excluidos,<br />

particularmente en situaciones de crisis. Cómo se<br />

orienta su lucha por la supervivencia; qué determina<br />

el peso de valores presentes en la acción de<br />

diversos grupos sociales; cómo influyen acontecimientos<br />

específicos en la orientación de los que se<br />

convierten en movimientos; cómo se viven, por<br />

qué son tolerables, cuándo se tornan intolerables<br />

las condiciones de pobreza, exclusión, opresión.<br />

Es urgente que emprendamos en esa perspectiva<br />

la revisión de los criterios y procedimientos<br />

con que se ha enfrentado esta dimensión mayoritaria<br />

de la vida social, ya que no sólo no hemos<br />

sido hasta ahora capaces de entender cabalmente<br />

la situación en la que se encuentra, sino que objetivamente<br />

hemos menospreciado o desconocido<br />

su dignidad, sus aportaciones creativas y de conocimiento,<br />

su intervención en la vida social.<br />

Las preguntas se multiplican y nuestro problema<br />

no es sólo –aunque siga siendo– quiénes<br />

son y dónde están los pobres y excluidos, sino<br />

cuáles son sus necesidades, cuáles nuestras responsabilidades<br />

en el contexto de la lucha por la<br />

supervivencia de la que participan esos millones<br />

de seres humanos a los que nuestras sociedades<br />

y –sobre todo– la mayor parte de nuestros gobiernos<br />

han dejado fuera de toda opción de ejercer<br />

sus derechos.<br />

Exclusión y Conocimiento Social: La Dignidad de los Excluidos<br />

La exterioridad pasa a ser un supuesto inadmisible,<br />

si de lo que se trata es de penetrar en el conocimiento<br />

y –ojalá– en el compromiso de transformación<br />

en sentido democrático y de justicia de<br />

las formas de vida mayoritarias en sociedades de<br />

pobres. Los dilemas de atraso o modernidad, civilización<br />

o barbarie, ellos y nosotros, deben ceder<br />

el lugar a la búsqueda de elementos que nos permitan<br />

situarnos como parte de sociedades reales,<br />

en que las carencias y demandas de la mayoría lo<br />

son, en estricto sentido, de todos.<br />

Con esas premisas, el conocimiento del<br />

poder, del ejercicio de la política y del papel del<br />

Estado pueden ser emprendidos a partir de la interiorización<br />

de las formas que han adquirido la<br />

explotación, la opresión, la injusticia, la exclusión<br />

en nuestras sociedades. Y no puede ser ajeno a<br />

la comprensión de los comportamientos del conjunto<br />

de los sujetos que interactúan en nuestras<br />

sociedades: sea en su enfrentamiento con el mercado,<br />

con el Estado, con la política y los políticos,<br />

sea en la relación cotidiana de lucha por la supervivencia<br />

en cada uno de los espacios que ocupa.<br />

Redimensionar las formas que adquiere la<br />

presencia social de los excluidos en su diversidad,<br />

sus expresiones contradictorias, sus exigencias,<br />

el ejercicio de sus derechos, es una de las grandes<br />

tareas de las ciencias sociales contemporáneas. Es<br />

una tarea que no admite modelos, parámetros o<br />

estructuras de pensamiento y categorizaciones rígidas.<br />

Difícilmente puede pensarse como trabajo individual,<br />

pero en ningún caso puede ser emprendida<br />

si se parte de puntos de vista que no incorporen<br />

las relaciones espaciales y temporales, la transversalidad,<br />

el carácter y calidad de las confrontaciones,<br />

la dignidad de los sujetos de conocimiento.<br />

En el aparentemente escaso margen que<br />

deja a la imaginación la precariedad de la vida de<br />

millones de seres humanos existen inmensas e<br />

inexploradas capacidades creativas, opciones de<br />

superación de los más graves problemas sociales,<br />

perspectiva de futuro, esperanza. Son ellos que están<br />

en todos nosotros, los que no han sido vistos<br />

ni escuchados, pero luchan a brazo partido por sobrevivir<br />

en condiciones adversas, quienes reciben<br />

y resignifican señales contradictorias procedentes<br />

de la sociedad, el mercado, la política reconocida,<br />

quienes muestran el camino para conocer y actuar<br />

en la sociedad contemporánea.<br />

263


Raquel Sosa Elízaga<br />

1. Ponencia presentada en la Primera Conferencia<br />

Regional de la Asociación Internacional de<br />

Sociología en América Latina, Porlamar, Isla de<br />

Margarita, Venezuela, del 7 al 11 de mayo de<br />

2001.<br />

2. Carlos Slim, multimillonario dueño del consorcio<br />

Carso, La Jornada, 24 de abril de 2001.<br />

3. Banco Mundial (dos estudios).<br />

4. Cf. Tesis de Yazmín Ramírez.<br />

5. Cf. Julio Boltvinik, varios.<br />

6. Cf. Manuel Ángel Castillo, Migraciones y fronteras...<br />

264<br />

NOTAS<br />

7. Cf. Discurso de Marcos frente a la Cámara o en<br />

la Universidad.<br />

8. Cf. Los estudios del sociólogo costarricense sobre<br />

exclusión y esperanza.<br />

9. Desde perspectivas distintas, el fenómeno ha<br />

sido analizado por García Canclini, Bolívar<br />

Echeverría, Pablo González Casanova, Edgardo<br />

Lander...<br />

<strong>10</strong>. (resistencia campesina, los psicólogos).


OS DIREITOS HUMANOS COMO ELEMENTO ESSENCIAL<br />

DA SOCIEDADE INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEA<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

Doutor em Direito Internacional e Relações Internacionais. Professor Universitário de Direito Internacional Público,<br />

Política Internacional e as Três Vertentes da Proteção Internacional da Pessoa Humana em Brasília. Coordenador<br />

Geral do Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE. Membro eleito do Comitê de Direitos Econômicos,<br />

Sociais e Culturais das Nações Unidas (2011-2014).<br />

I - O ESPÍRITO DA SOCIEDADE INTER-<br />

NACIONAL CONTEMPORÂNEA<br />

Os preâmbulos dos tratados internacionais<br />

são as justificações éticas, históricas, morais, políticas<br />

e sociais da necessidade de existência desses<br />

documentos normativos internacionais. São a<br />

fonte de inspiração civilizatória das normas constituintes<br />

de um documento jurídico de Direito Internacional<br />

Público. Em conseqüência, humanizam<br />

a fria letra da norma internacional e revelam,<br />

resumidamente, o modo de se compreender o assunto<br />

em pauta no tratado por parte da sociedade<br />

internacional da época.<br />

O preâmbulo da Declaração Universal de<br />

Direitos Humanos possui uma lógica existencial.<br />

A partir da proclamação da Declaração Universal<br />

dos Direitos Humanos, em <strong>10</strong> de dezembro de<br />

1948, todos os países do mundo, inclusive aqueles<br />

que não atravessaram o largo processo histórico<br />

de formação do Estado liberal e democrático<br />

moderno, dispõem de um código internacional<br />

para decidir como se comportar e como julgar<br />

os demais. É um código que não só se aplica no<br />

âmbito universal mas encerra também preceitos<br />

que têm valor em áreas anteriormente não tomadas<br />

em conta nas Constituições dos Estados<br />

ocidentais. 1 Diferentemente de outras épocas,<br />

na atualidade as normas internacionais proíbem<br />

qualquer “trato desumano ou degradante”. Houve<br />

um tempo no qual a denúncia limitava-se a citar<br />

determinados governos, que se descuidavam dos<br />

interesses da população; hoje, pode-se acusá-los<br />

de violar as normas internacionais, que prevêem,<br />

por exemplo, o direito à alimentação, o direito a<br />

uma moradia digna, o direito ao meio ambiente<br />

O real espírito da sociedade internacional contemporânea está refletido<br />

no preâmbulo da Declaração Universal de Direitos Humanos.<br />

sadio etc. 2 No nosso início do século XXI, impera<br />

o princípio de afirmação da dignidade humana.<br />

O reconhecimento dos Direitos Humanos<br />

no cenário mundial caminhou, às vezes discretamente,<br />

outras efusivamente, junto com o desenvolvimento<br />

das Relações Internacionais. Entre o<br />

séc. XVII e começos do séc. XX, as Relações Internacionais<br />

eram substancialmente mantidas entre<br />

entidades de governo soberano em um território<br />

relativamente amplo e sobre a população estabelecida<br />

nesse território. Cassese aponta como as três<br />

características principais da comunidade internacional<br />

daquela época: 3<br />

1. Os Estados viviam em um estado de natureza.<br />

2. Um cenário movido por um princípio que<br />

constituía a conseqüência necessária das<br />

relações individualistas entre os membros<br />

daquela sociedade anárquica, o princípio<br />

da reciprocidade. Tal princípio significa<br />

basicamente que as normas entre associados<br />

regiam-se principalmente por acordos<br />

bilaterais ou, em certos casos, multilaterais;<br />

entretanto, todos baseados nas recíprocas<br />

vantagens dos contratantes.<br />

3. Os povos e indivíduos carecem de peso. Os<br />

indivíduos aparecem como sujeitos passivos<br />

do direito internacional, ou seja, titulares<br />

apenas de obrigações internacionais,<br />

contra os quais os soberanos poderiam e<br />

deveriam lutar com todas suas forças. 4<br />

Naquela época os Direitos Humanos estavam<br />

confinados dentro das fronteiras dos Estados<br />

pelo princípio da soberania estatal; no entanto,<br />

quando deixam de ser considerados matérias<br />

265


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

de exclusiva jurisdição dos Estados soberanos e<br />

“passam a estar inseridos entre as prerrogativas<br />

da sociedade internacional, a sua defesa passa a<br />

ocorrer independente das limitações territoriais<br />

impostas pelos Estados”. 5 As características descritas<br />

anteriormente mantiveram-se, basicamente,<br />

sem grandes transformações até a metade do<br />

século XIX, durante o qual uma pequena chama<br />

viria lançar uma nova perspectiva no cenário político<br />

e jurídico de então, qual seja, a teoria das<br />

nacionalidades propugnada por Pasquale Stanislao<br />

Mancini. Esta expressava a importância das<br />

diversas nações, “agrupações humanas unidas por<br />

uma língua e cultura comum, por tradições e costumes<br />

comuns”. 6 Encarnava, ademais, os ideais<br />

das classes dirigentes de certos países europeus e<br />

remetia suas conseqüências a um plano metajurídico<br />

como ideal de ação política. 7<br />

Canotilho, o grande constitucionalista português,<br />

considera que os direitos do homem não<br />

se baseiam apenas em “grandezas invariáveis jusnaturalisticamente<br />

formuladas”, pois é “patente<br />

a sua conexão com as constelações histórico-<br />

-sociais”. Ensina que “todos os teóricos do direito<br />

natural racionalista se preocuparam com a justificação<br />

do Estado e com a legislação do domínio”,<br />

esquecidos de que “a falta de liberdade política da<br />

burguesia constituirá um dos incentivos principais<br />

a favor da luta pelos direitos do homem”. Lembra<br />

ainda que um estudo histórico e jurídico criterioso,<br />

vinculando essas duas vertentes de análise, é<br />

capaz de demonstrar que “a doutrina de Locke,<br />

juntamente com a de Rousseau, concebia a liberdade<br />

como liberdade no Estado-sociedade, como<br />

corpos políticos indiferenciados, ao contrário das<br />

doutrinas fisiocráticas da ordem natural, conducentes<br />

à concepção exclusiva de uma liberdade<br />

perante o Estado” e foi a evolução “desta doutrina<br />

que acabaria numa Statuslehre de G. Jellinek, em<br />

que os direitos de liberdade, praticamente, já não<br />

eram os de Rousseau ou de Locke, mas autovinculações<br />

jurídicas do Estado, agora entendido como<br />

personalidade jurídica”. 8<br />

II. A POSITIVAÇÃO DOS DIREITOS HU-<br />

MANOS NO PÓS II GUERRA MUNDIAL<br />

Os Direitos Humanos, tal como concebidos<br />

atualmente, conhecem uma verdadeira mudança<br />

de rumo histórico no cenário produzido antes em<br />

1917 e, posteriormente, em 1945, com o findar<br />

da Primeira Guerra Mundial e a conclusão da<br />

Segunda. No segundo pós-guerra, assiste-se também<br />

a outro grande fenômeno revolucionário da<br />

comunidade internacional: lança-se uma doutrina<br />

266<br />

jusnaturalista dos Direitos Humanos a fim de que<br />

seu conteúdo tenha em conta as relações entre<br />

cada Estado e seus cidadãos e cidadãs. 9<br />

A origem das Nações Unidas <strong>10</strong> está fortemente<br />

vinculada e influenciada pelo final da Segunda<br />

Guerra Mundial e pela ideologia de seus<br />

vencedores. Em conseqüência, o Conselho de Segurança,<br />

máximo órgão de decisão da ONU, esteve<br />

sob influência dos ideais dos países vencedores<br />

daquele confronto bélico global, desde sua criação.<br />

Tal Conselho, representado pelos cinco países<br />

vencedores da II GM, Estados Unidos da América,<br />

Inglaterra, França, China e a, então, URSS 11 ,<br />

refletia o ideal político, social, econômico e militar<br />

de cada uma daquelas potências. Basicamente,<br />

arena para um duelo entre as grandes democracias<br />

ocidentais e os países da Europa socialista.<br />

Os cinco grandes países, que representavam<br />

claramente duas correntes ideológicas opostas<br />

fincadas diametralmente no seio da ONU, marcariam<br />

a divisão precipitada e imprudente dos direitos<br />

humanos em civis e políticos, por um lado,<br />

e econômicos, sociais e culturais, por outro. Uma,<br />

ovacionando a liberdade de expressão, pensamento<br />

e religião, as liberdades individuais em geral,<br />

cultuando o neoliberalismo como o caminho inquestionável<br />

do cenário econômico mundial; a<br />

outra, ainda que contrária aos direitos humanos<br />

em um primeiro momento, defendendo os pilares<br />

socialistas, propondo direitos de extrema importância,<br />

como é o caso do princípio de igualdade<br />

(ou seja, a proibição de discriminações fundadas<br />

em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política,<br />

nacionalidade, propriedade etc), direito de<br />

associação, direito à autodeterminação dos povos<br />

coloniais, dentre outros.<br />

A União Soviética era contrária à discussão<br />

dos Direitos Humanos, não só pelo autoritarismo<br />

do governo estalinista, mas, também, pelo peso<br />

do pensamento marxista. O conceito tradicional<br />

dos Direitos Humanos formado na tradição jusnaturalista<br />

assenta-se em três pilares: 12<br />

1. Esses Direitos são inerentes à pessoa humana<br />

e prescindem de qualquer reconhecimento<br />

positivo (existem inclusive quando<br />

negados pelo Estado).<br />

2. A ordem natural que os sustenta é válida<br />

em todas as partes e é imutável, prescindindo<br />

do contexto social do indivíduo.<br />

3. Esses Direitos são próprios dos indivíduos<br />

enquanto tais, não dos grupos sociais.<br />

Segundo Cassese, Marx simplesmente rejeita<br />

esses três princípios e sustenta que os Direitos<br />

Humanos aclamados pela sociedade capitalista


eram uma simples manifestação da burguesia;<br />

uma simples expressão das exigências dessa classe.<br />

13 Nesse sentido, os direitos e as liberdades<br />

têm apenas um valor instrumental, servindo para<br />

subverter mais rapidamente a ordem existente.<br />

Contrariamente, esses valores já não servem na<br />

sociedade comunista porque esta realiza a integração<br />

entre o indivíduo e a comunidade. Marx proclamava<br />

que a justiça social e a dignidade humana<br />

traziam elementos que transcendiam as fronteiras<br />

do Estados como a consciência social de se fazer<br />

parte de uma classe trabalhadora onde quer que se<br />

esteja. 14 Ou seja, a doutrina dos Direitos Humanos<br />

estava em conflito com a ideologia e a prática<br />

na URSS. 15<br />

Portanto, a ordem internacional em 1945,<br />

época do nascimento da Organização das Nações<br />

Unidas, apresentava o domínio dos EUA no ocidente,<br />

tanto no plano militar e econômico como<br />

na confirmação de um modelo cultural vigoroso<br />

que ganhava uma esplêndida difusão mundial. Na<br />

Europa do Leste, Stalin colhendo os frutos da vitória,<br />

faz da URSS a segunda potência do planeta,<br />

expandindo o regime soviético aos países daquela<br />

região. 16 Por outro lado, a decadência dos impérios<br />

coloniais e a emergência de novas superpotências<br />

estabelecem as raízes da descolonização e do aparecimento<br />

do então chamado Terceiro Mundo. 17<br />

Nesse contexto, formatava-se o cenário de<br />

discussões político-diplomáticas no seio da ONU,<br />

assim como se construía o caminho do desenvolvimento,<br />

realização e aprovação da Declaração<br />

Universal dos Direitos Humanos e dos Pactos<br />

Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de<br />

Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que,<br />

juntos, compõem a Carta Internacional de Direitos<br />

Humanos.<br />

Essa realidade histórica faz com que o Preâmbulo<br />

da Declaração Universal dos Direitos<br />

Humanos (DUDH) pugne pela afirmação do indivíduo<br />

como sujeito do Direito Internacional Público<br />

(DIP). Trata-se, portanto, de uma construção<br />

factual e jusfilosófica consubstanciadora de uma<br />

idéia fincada a partir de uma lógica seqüencial<br />

sustentada nos sujeitos contemporâneos do DIP:<br />

os Estados, as Organizações Internacionais e os<br />

Indivíduos. Isto é, os Estados, mediante a celebração<br />

de um tratado internacional, criam as Organizações<br />

Internacionais, em cujo seio e à luz do patrocínio<br />

dos Estados, facilitam o surgimento dos<br />

tratados internacionais de direitos humanos, dos<br />

quais emergem o indivíduo como um sujeito de<br />

DIP, capaz de demandar seus Estados por violação<br />

a uma das normas de um tratado internacional de<br />

direitos humanos. Trata-se, inclusive, de um pro-<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

cesso que se retroalimenta. Conseqüentemente,<br />

se poderia afirmar que o Preâmbulo da DUDH é a<br />

consagração política da passagem de uma sociedade<br />

internacional, sobretudo desde a óptica do DIP,<br />

de viés estatocêntrica, para uma sociedade internacional<br />

que reposiciona o indivíduo no epicentro<br />

de suas discussões. 18<br />

Com esse reposicionamento emergem os<br />

grandes documentos e tratados internacionais de<br />

direitos humanos. Ademais, a partir da consolidação<br />

da ONU e da Carta Internacional de Direitos<br />

Humanos, todas as constituições nacionais<br />

promulgadas depois carregaram consigo as normas,<br />

os princípios e os valores constantes desses<br />

instrumentos internacionais de salvaguarda da<br />

dignidade humana. Positivava-se, desse modo, a<br />

grande maioria dos direitos humanos. Vale dizer,<br />

grande parte dos direitos humanos se consubstanciava<br />

em direitos fundamentais. Pois, à luz do rigor<br />

voluntarista do Direito Internacional Público,<br />

os direitos fundamentais nada mais são do que<br />

os direitos humanos plasmados nas normas dos<br />

tratados internacionais e das constituições dos<br />

Estados. 19<br />

III. OS DIREITOS HUMANOS NAS GRAN-<br />

DES CONFERÊNCIAS QUE ANTECE-<br />

DERAM A CRIAÇÃO DAS NAÇÕES<br />

UNIDAS<br />

Algumas personalidades políticas da época<br />

marcaram presença nas Conferências de preparação<br />

para a criação da ONU e contribuíram para a<br />

construção histórica dos direitos humanos naquela<br />

instituição supranacional. Assim sendo, o discurso<br />

do presidente dos EUA , F. Roosevelt, de 26<br />

de janeiro de 1941 ante o Congresso norte-americano,<br />

representou um dos antecedentes construtivos<br />

e normativos mais imediatos do direito<br />

internacional dos direitos humanos, o qual serviria<br />

para dar o ritmo e inspirar outros tratados<br />

e documentos internacionais da ONU, inclusive<br />

os que consubstanciam a Carta Internacional de<br />

Direitos Humanos. Esse discurso exorta a construção<br />

de um mundo sedimentado em quatro liberdades<br />

fundamentais: a liberdade da palavra e<br />

expressão; liberdade de culto e crença religiosa;<br />

liberdade de desejar, de estar livre da miséria e da<br />

necessidade e o direito de ser liberado do medo,<br />

significando a redução de armamentos no cenário<br />

mundial. 20<br />

No campo dos Direitos Humanos, os reflexos<br />

da Declaração foram tão impactantes que,<br />

durante a Sexta Sessão da Comissão de Direitos<br />

267


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

Humanos da ONU, precisamente em 9 de maio<br />

de 1950, o representante da Iugoslávia salientou<br />

que, para Roosevelt, sem direitos econômicos não<br />

poderia existir sociedade livre. Assim mesmo, o<br />

Relator da terceira comissão da Assembléia Geral<br />

sublinhou ante a sessão plenária da Organização,<br />

no dia 9 de dezembro de 1948, no momento da<br />

aprovação da DUDH, que as palavras de Roosevelt<br />

“traduziam sincera e nitidamente as aspirações<br />

do homem do século XX”. 21<br />

Outro documento, de que a história antecessora<br />

dos direitos humanos na ONU guarda guarida<br />

especial, é a Carta Atlântica 22 , firmada por<br />

Roosevelt e Churchill, em 14 de Agosto de 1941,<br />

cujos princípios seriam interpretados como sendo<br />

a primeira formulação oficial dos objetivos da<br />

guerra e os fundamentos da paz para os Aliados 23 .<br />

Cumpre destacar o lugar reservado às liberdades<br />

individuais e aos direitos humanos e, definitivamente,<br />

as quatro liberdades fundamentais de Roosevelt<br />

que aparecem contempladas ali. Diz o Art.<br />

6º da Carta:<br />

268<br />

Después de la destrucción final de la tiranía<br />

nazi, esperamos verse establecer una paz que<br />

permitirá a todas las naciones permanecer en<br />

seguridad al interior de sus propias fronteras,<br />

y que garantizará a todos los hombres de todos<br />

los países una existencia liberada del miedo<br />

y de la necesidad. 24<br />

Importa frisar que esse artigo foi defendido<br />

também pelo representante da Austrália. No momento<br />

de seu país aderir ao documento, sustentava<br />

que deveria ser reconhecido o direito de viver<br />

“liberado da necessidade”. Por esse mesmo caminho<br />

veio a intervenção do representante de Cuba,<br />

que propunha incluir no texto um outro dispositivo<br />

relativo ao direito à alimentação. 25<br />

Um documento também de importância<br />

relevante na formação do foro internacional dos<br />

direitos humanos na ONU que, embora proclamado<br />

na pré-história desse órgão supra-estatal<br />

refletiu intensamente no êxito da Carta Internacional<br />

de Direitos Humanos, foi a Declaração<br />

de Filadélfia. 26 Proclamava, entre outras coisas, o<br />

imperativo da justiça social, estabelecia uma nova<br />

enumeração dos direitos do trabalhador, com as<br />

condições que permitem o seu exercício, e previa<br />

o dever de realizar uma utilização mais completa e<br />

ampla dos recursos produtivos do mundo. 27<br />

O objetivo principal das Conferências patrocinadas<br />

pelas potências mundiais no período<br />

imediatamente anterior à criação da ONU foi,<br />

certamente, a manutenção da paz e a segurança<br />

internacional; entretanto, a vertente dos direitos<br />

humanos jamais deixou de configurar como parte<br />

da essência de tais documentos. A afirmação<br />

anterior pode ser comprovada, uma vez analisada<br />

a Conferência de Dumbarton Oaks, 28 de outubro<br />

de 1944. Nela se propunha criar uma organização<br />

que viesse a assegurar justamente a manutenção<br />

da paz e da segurança internacional, e independentemente<br />

do conflito ideológico presente na<br />

Conferência patrocinado pelas potências da época,<br />

a delegação norte-americana obteve o apoio<br />

necessário de seus participantes para incluir na<br />

Carta das Nações Unidas uma menção expressa<br />

à promoção dos direitos humanos como “meio<br />

de criar as condições de estabilidade e bem-estar<br />

necessários à manutenção das relações pacíficas<br />

entre os Estados.” 29 Em decorrência, estipula o capítulo<br />

IX do Plano de Dumbarton Oaks:<br />

En vistas de crear las condiciones de estabilidad<br />

y de bienestar necesarias para el mantenimiento<br />

de relaciones amigables y pacíficas<br />

entre las naciones, la Organización deberá<br />

facilitar la solución de los problemas humanitarios<br />

internacionales de orden económico,<br />

social y otros, y promover el respeto de los<br />

derechos humanos y de las libertades fundamentales.<br />

La Asamblea general, y bajo su<br />

autoridad, un Consejo económico y social,<br />

deberán estar encargados del cumplimiento<br />

de esta función. 30<br />

A importância de Dumbarton Oaks é fundamental<br />

para o atual estágio dos direitos humanos<br />

na ONU, porque foi daí que emergiram as ideias<br />

que originariam a Comissão de Direitos Humanos<br />

tal como concebida atualmente, sob a supervisão<br />

do Conselho Econômico e Social (ECOSOC). A<br />

Comissão teve um papel decisivo na redação e codificação<br />

dos artigos que compõem os documentos<br />

da Carta Internacional. Dizia a proposta: 31<br />

(...) el Consejo económico y social deberá instituir<br />

una Comisión económica, una Comisión<br />

social y otras Comisiones que considere<br />

pertinentes.<br />

A Comissão de Direitos Humanos da ONU<br />

não aparece explicitamente mencionada no texto;<br />

entretanto, uma disposição deixa aberta a possibilidade<br />

de que seja no futuro constituída. Assim,<br />

o documento aprovado em Dumbarton Oaks estabelecia,<br />

explicitamente e pela primeira vez, um<br />

compromisso internacional acerca da promoção<br />

dos direitos humanos.<br />

A Conferência de Yalta, realizada entre<br />

os dias 4 e 11 de fevereiro de 1945 na Crimeia<br />

(URSS), também teve uma importância capital na<br />

construção e sedimentação histórica dos direitos


humanos na ONU. Nela, Estados Unidos, Reino<br />

Unido e URSS 32 publicaram uma Declaração na<br />

qual elogiavam os resultados obtidos em Dumbarton<br />

Oaks e convocaram uma Conferência das<br />

Nações Unidas a ser realizada em São Francisco, a<br />

partir de 25 de abril de 1945, com o objetivo principal<br />

de manter a paz e segurança internacionais.<br />

Especificamente no tocante aos direitos<br />

humanos, a Conferência de Yalta determinou<br />

através da “Declaração sobre a Europa Liberada”<br />

– documento adotado – o estabelecimento de instituições<br />

democráticas e o compromisso de que<br />

os países liberados, sempre que possível, estabeleceriam,<br />

por meio de eleições livres, governos que<br />

fossem a expressão da vontade dos povos, construindo<br />

uma ordem internacional inspirada nas<br />

leis da paz, da segurança, da liberdade e do bem-<br />

-estar da humanidade em sua totalidade.<br />

O futuro dos Direitos Humanos teve na Conferência<br />

Interamericana de Chapultepec 33 um de<br />

seus precedentes mais destacados. Os objetivos do<br />

conclave eram tratar problemas relativos à guerra<br />

e à paz. A Conferência abrigou um fato histórico<br />

muito importante para a temática em discussão,<br />

que foi a adoção de uma ata final contendo uma<br />

série de resoluções pilotos em matéria de direitos<br />

humanos. Após mencionar que a Declaração<br />

das Nações Unidas de 1942 havia sancionado a<br />

necessidade de estabelecer a proteção internacional<br />

dos direitos fundamentais, afirmava que era<br />

necessário não só enumerar e/ou definir esses<br />

direitos, como também os deveres correspondentes,<br />

numa declaração a ser adotada pelos Estados<br />

sob a forma de Convenção ou Pacto. Destaca-se<br />

sua Resolução XLI, onde se estipulava que a paz<br />

mundial não poderia consolidar-se enquanto os<br />

homens não pudessem exercer seus direitos fundamentais,<br />

sem distinção de raça ou de religião;<br />

e, ainda, proclamava o princípio da igualdade de<br />

direitos para todos os homens, qualquer que fosse<br />

sua raça ou religião. 34<br />

A contribuição interamericana à afirmação<br />

dos direitos humanos na ONU também se assentou<br />

na reverberação do direito a um recurso eficaz<br />

ante os tribunais nacionais. Este, desde uma<br />

perspectiva normativa material, foi absorvido do<br />

artigo XVIII da Declaração Americana dos Direitos<br />

e Deveres do Homem (de abril de 1948) para<br />

o artigo 8 da Declaração Universal dos Direitos<br />

Humanos (de dezembro de 1948). Aliás, aquela é<br />

precursora desta. 35<br />

Em solo europeu, como já não havia mais<br />

guerra, realizou-se em Berlim, de 17 de julho a<br />

2 de agosto de 1945, a Conferência de Potsdam.<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

Nela, estavam presentes os novos líderes das potêncías:<br />

Harry Truman, substituindo a Roosevelt<br />

(falecido em 12 de abril de 1945); Clement Attlee,<br />

em representação do Reino Unido (Churchill perderia<br />

as eleições britânicas); e Stalin, em representação<br />

da URSS. Ali, estabeleceu-se que os aliados<br />

dariam ao povo alemão a oportunidade de se preparar<br />

para a reconstrução de suas vidas sobre uma<br />

base democrática e de cooperação pacífica à vida<br />

internacional.<br />

IV. A AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HU-<br />

MANOS NA ORGANIZAÇÃO DAS NA-<br />

ÇÕES UNIDAS<br />

A organização das Nações Unidas foi criada<br />

durante a Conferência de San Francisco, realizada<br />

entre os dias 25 de abril e 26 de junho de 1945,<br />

nos EUA. O tratado que forma o estatuto chamado<br />

Carta das Nações Unidas (ou Carta de San<br />

Francisco) foi firmado em 26 de junho de 1945 e<br />

entrou em vigor em 24 de outubro daquele mesmo<br />

ano, no momento em que foi ratificado pela<br />

URSS, EUA, China, Reino Unido e França – as<br />

cinco potências – e pela maioria dos estados fundadores<br />

da Organização Internacional, participantes<br />

da Conferência. 36<br />

Notou-se, desde que se efetivou a criação da<br />

ONU 37 , a formação de quatro aglomerações bem<br />

definidas que mantinham uma forte influência<br />

nas discussões, desenvolvimento e formação da<br />

doutrina dos direitos humanos no seio daquela<br />

entidade. Um grupo de países ocidentais, que<br />

rapidamente tomou a liderança política da instituição<br />

e tinha nos Estados Unidos, França e<br />

Inglaterra, seus mentores políticos e ideológicos,<br />

seguidos por muitos outros países do Ocidente<br />

político, entre os quais figurava a Austrália. Um<br />

segundo bloco formado pelos países da América<br />

Latina que agarraram, desde o início, a causa dos<br />

direitos humanos, tomando muitas vezes, nesse<br />

campo, decisões mais avançadas que a dos próprios<br />

países mais desenvolvidos do hemisfério.<br />

O bloco dos países socialistas, em conformidade<br />

com seus princípios e ideias, dotados de extremo<br />

cuidado político e desconfiança generalizada,<br />

aceitaram colaborar no avanço dos direitos humanos.<br />

E os países asiáticos, com exceção dos<br />

muçulmanos dirigidos pela Arábia Saudita e pelo<br />

Paquistão, pouca presença tiveram nas discussões<br />

iniciais da matéria. 38<br />

Apesar das quatro aglomerações supracitadas,<br />

o grosso do confronto político e ideológico deu-se<br />

entre o Ocidente e a Europa socialista. Tal fato é<br />

verificável através dos debates travados durante<br />

269


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

os anos em estudo (1945-1966) e confirmado pela<br />

composição encarregada de conciliar e elaborar as<br />

diferentes propostas e teses que brotaram das discussões.<br />

O Comitê de Redação, composto principalmente<br />

por membros da corrente ocidental e pela<br />

URSS, estava assim constituído: Austrália, Chile,<br />

EUA, França, Grã-Bretanha, Líbano e URSS.<br />

As discussões então travadas nas Nações<br />

Unidas encarnavam o contexto político e diplomático<br />

da Guerra-Fria. 39 A Carta das Nações Unidas,<br />

no que diz respeito aos direitos humanos,<br />

contemplava dispositivos bem distantes das expectativas<br />

e esperanças que haviam sido suscitadas<br />

pela declaração do Presidente Roosevelt de<br />

1941. De fato, cada uma das potências vitoriosas<br />

da II GM trazia, no momento de redação da Carta,<br />

problemas no campo dos direitos humanos.<br />

Nos EUA, a discriminação racial; e, na URSS, a<br />

falta de liberdade e expressão política.<br />

Os dispositivos da Carta de San Francisco<br />

não permitem uma definição clara e precisa<br />

dos direitos humanos. O documento limita-se a<br />

mencionar a promoção e/ou desenvolvimento dos<br />

mesmos, considerados como uma das metas da<br />

ONU, juntamente ao seu outro grande objetivo: a<br />

manutenção da paz e segurança internacionais. 40<br />

A relevância precípua e histórica da Carta<br />

de San Francisco, desde a perspectiva do Direito<br />

Internacional Público, salta na positivação dos<br />

princípios gerais que regem as relações amistosas<br />

entre os Estados. Estes estão iluminados ao longo<br />

de seus artigos primeiro e segundo: a igualdade<br />

soberana dos Estados; a não-intervenção nos<br />

assuntos internos dos Estados; proibição do uso<br />

ou ameaça da força; solução pacífica de controvérsias;<br />

igualdade de direitos e autodeterminação;<br />

dever de cooperação internacional; e, boa-fé no<br />

cumprimento das obrigações internacionais. 41 A<br />

Carta da ONU é o primeiro grande documento<br />

internacional universal que os registra de maneira<br />

tão explícita. Esses são os sete princípios gerais<br />

do Direito Internacional Público Contemporâneo.<br />

V. A CARTA INTERNACIONAL DOS DI-<br />

REITOS HUMANOS<br />

A Carta Internacional de Direitos Humanos<br />

é um conjunto de documentos conformado<br />

pela Declaração Universal de Direitos Humanos<br />

(DUDH), pelo Pacto Internacional de Direitos Civis<br />

e Políticos (PIDCP), pelo Pacto Internacional<br />

de Direitos Econômicos Sociais e Culturais (PI-<br />

DESC) e por seus protocolos e documentos adicionais.<br />

Em 1945 o mundo marcava-se claramente<br />

dividido em duas correntes político-ideológicas<br />

270<br />

que direcionavam o sistema internacional a girar<br />

em torno de uma natureza bipolar, comandada<br />

pelos EUA, por um lado, e pela URSS, por outro.<br />

Os EUA guiavam os países capitalistas ocidentais<br />

que defendiam a democracia liberal como<br />

o único regime político capaz de promover o respeito<br />

às liberdades e direitos fundamentais, e o<br />

pleno desenvolvimento dos indivíduos, tanto<br />

do ponto de vista econômico quanto político. A<br />

URSS comandava o bloco socialista que tinha, na<br />

democracia social ou real, 42 a chave para a eliminação<br />

das desigualdades sociais e o meio para o<br />

estabelecimento da paz universal, já que países<br />

socialistas não disputariam guerras entre si. 43<br />

O informe da Comissão Preparatória das<br />

Nações Unidas de 1945 recomendou originariamente<br />

a criação de uma comissão de direitos humanos,<br />

para redigir uma declaração internacional<br />

de direitos. A conclusão deste documento, a quarta<br />

e última etapa na obra de criação da ONU, teve,<br />

como nas três etapas anteriores: 44<br />

1. Aprovação das propostas do Plano de<br />

Dumbarton Oaks (adotadas em 1944)<br />

completadas por decisões tomadas na<br />

Conferência de Yalta (fevereiro de 1945).<br />

2. Firma da Carta das Nações Unidas em<br />

San Francisco, que cria a ONU e institui<br />

a Comissão Preparatória (26 de junho de<br />

1945).<br />

3. Reuniões de Londres (a partir de 16 de<br />

agosto de 1945) patrocinadas pelo Comitê<br />

Executivo dessa Comissão, encarregada de<br />

elaborar o informe.<br />

O documento da Comissão Preparatória<br />

relativo ao Conselho Econômico e Social (ECO-<br />

SOC) estabelecia, em seu capítulo III, Seção 4,<br />

parágrafos 14 e 16, a criação da Comissão de Direitos<br />

Humanos, cujas atividades deveriam estar<br />

orientadas para uma declaração internacional de<br />

direitos humanos.<br />

Foi na Primeira Sessão do Conselho Econômico<br />

e Social que se criou, por meio da resolução<br />

5(I) de 16 de fevereiro de 1946, a Comissão Nuclear<br />

de Direitos Humanos, a qual foi formada de<br />

nove membros designados com base em sua capacidade<br />

pessoal. 45<br />

Depois de distintas argumentações e opiniões<br />

políticas acerca do tema, a Comissão de Direitos<br />

Humanos reuniu-se pela primeira vez, entre os<br />

dias 27 de janeiro e <strong>10</strong> de fevereiro de 1947, em<br />

Lake Success, e estava constituída pelos seguintes<br />

membros: Presidente, Sra. Roosevelt (EUA); Vice-<br />

-Presidente, P. C. Chang (China); Relator, Ch. Ma-


lik (Líbano), W. R. Hodgson (Austrália), O. Ebeid<br />

(Egito), R. Cassin (França), H. Metha (Índia), G.<br />

Ghani (Irã), T. Kaminsky (Bielorússia), C. P. Romulo<br />

(Filipinas), Ch. Dukes (Reino Unido), V. F.<br />

Tepliakov (URSS), J. A Mora (Uruguai), Ribnikar<br />

(Iugoslávia), Lebeau (Bélgica) e Guardia (Panamá).<br />

Nessa sessão encarregou-se ao Presidente,<br />

Vice-Presidente e ao Relator, com a ajuda do Secretariado<br />

das Nações Unidas, elaborarem um<br />

projeto preliminar da Declaração Internacional de<br />

Direitos Humanos, a ser submetido à discussão<br />

e aprovação de todos os integrantes da Comissão<br />

na Sessão seguinte, de dezembro de 1947. Por não<br />

haver sido adotada uma devida repartição geográfica<br />

na eleição dos membros do Grupo de Redação,<br />

essa decisão foi alvo de críticas por parte do<br />

ECOSOC, e o procedimento para a elaboração do<br />

projeto foi modificado, de acordo com a resolução<br />

46(IV) do ECOSOC, de 28 de março de 1947.<br />

Um novo Comitê, com base em uma repartição<br />

geográfica mais eqüitativa, foi nomeado e<br />

reuniu-se em Lake Succes, de 11 de junho a 5 de<br />

julho de 1947, dando início aos trabalhos de redação.<br />

Estava composto pelos seguintes membros:<br />

Presidente, Eleanor Roosevelt (EUA); Vice-Presidente,<br />

P.C. Chang (China); Relator, Ch. Malik (Líbano),<br />

Ralph L. Harry (Austrália), M. Santa Cruz<br />

(Chile), René Casin (França), Geoffrey Wilson<br />

(Reino Unido) e V. Koretsky (URSS).<br />

O Comitê adotou, por solicitação de seu Presidente,<br />

como material inicial de trabalho, um<br />

anteprojeto de declaração de direitos preparado<br />

pelo Secretariado da ONU (Divisão de Direitos<br />

Humanos da Secretaria Geral, presidida pelo jurista<br />

canadense John P. Humprey), composto de<br />

um preâmbulo e 48 artigos. 46<br />

Segundo integrantes da Divisão de Direitos<br />

Humanos, a principal virtude do documento consistia<br />

na tentativa de “dar uma resposta positiva<br />

ao interrogante de saber se era ou não possível<br />

chegar-se a um acordo sobre uma norma universal<br />

em matéria de direitos humanos.” 47<br />

Uma longa e controversa discussão cercava<br />

a atmosfera da CDH e do Comitê de Redação.<br />

Jurisconsultos internacionais e cientistas sociais<br />

ampliavam o leque de discussões, baseados em<br />

distintos pensamentos ideológicos que se assentavam<br />

no cenário mundial, a suscitarem indagações<br />

e questionamentos acerca da liberdade do indivíduo<br />

perante as forças da coletividade, dos juízos<br />

de valor na sociedade industrial, do fundamento<br />

jusnaturalista dos direitos consagrados, da inclusão<br />

dos direitos econômicos e sociais na futura<br />

declaração de direitos, e até das relações entre di-<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

reitos individuais e sociais, e de suas diferenças<br />

na implementação de cada categoria de direito. 48<br />

O trabalho de redação da futura Declaração<br />

não se interrompia. A partir de um primeiro documento<br />

elaborado por R. Casin e outros membros<br />

do Comitê, composto por um preâmbulo e 43 artigos,<br />

o Comitê de Redação submeteu à Segunda<br />

Sessão da Comissão de Direitos Humanos dois<br />

anteprojetos, para que fossem discutidos e passados<br />

para uma versão final.<br />

Durante a Segunda Sessão da Comissão de<br />

Direitos Humanos 49 , ficou decidido 50 denominar<br />

o primeiro documento Declaração, o segundo<br />

documento Pacto e o conjunto Carta, isto é, a<br />

expressão Carta Internacional de Direitos Humanos<br />

seria dirigida à totalidade dos três documentos<br />

em preparação. Criaram-se três grupos<br />

de trabalho para o exame em separado dos documentos<br />

e, a partir dos informes desses grupos,<br />

a Comissão de Direitos Humanos elaborou dois<br />

textos, um para a declaração e outro para o pacto,<br />

que foram enviados aos governos para as devidas<br />

observações e sugestões.<br />

Os dois documentos, a Declaração e o Pacto,<br />

com as devidas propostas dos governos, foram,<br />

então, revisados na Segunda Sessão do Comitê de<br />

Redação. 51 A metodologia utilizada foi a da apreciação<br />

inicial do Pacto, seguida da análise dos dois<br />

outros documentos que comporiam a Carta Internacional.<br />

Tal processo não contou com o apoio<br />

dos representantes da URSS e do Líbano, que gostariam<br />

de examinar primeiramente a Declaração,<br />

ou seja, começar pelos princípios fundamentais,<br />

para depois, então, efetuar o estudo do Pacto e das<br />

medidas de aplicação. 52<br />

Durante a Terceira Sessão da Comissão de<br />

Direitos Humanos, realizada em Lake Succes, de<br />

24 de maio a 18 de junho de 1948, revisou-se apenas<br />

o projeto de Declaração, tomando em conta<br />

as emendas propostas pelos distintos representantes,<br />

não havendo tempo hábil para a apreciação<br />

do Pacto e das medidas de aplicação. A CIDH<br />

informou em seu relatório 53 ao ECOSOC que a<br />

Comissão não havia concluído integralmente a<br />

sua obrigação, ou seja, faltava-lhe incluir o Pacto e<br />

as medidas de execução e/ou aplicação, propondo<br />

que essa tarefa deveria ser finalizada na Quarta<br />

Sessão da Comissão, em 1949.<br />

O ECOSOC enviou o projeto de declaração<br />

à Assembléia Geral, que incumbiu a sua Terceira<br />

Comissão, encarregada de assuntos sociais, humanitários<br />

e culturais (III CAG), de o analisar e formular<br />

propostas. A III CAG concluiu pelo estudo<br />

apenas da Declaração, entendendo que não estava<br />

271


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

em condições de fazer um exame mais profundo<br />

dos outros dois documentos. Ademais, aprovou a<br />

iniciativa do representante do Haiti (E. Saint-Lot),<br />

que estabeleceu o caráter universal do documento,<br />

bem como a emenda da França, que trocava a palavra<br />

internacional pelo termo universal.<br />

Assim, em <strong>10</strong> de dezembro de 1948, em sua<br />

Terceira Sessão Ordinária, a Assembléia Geral da<br />

ONU, reunida em Paris (Palais de Chaillot), por<br />

meio de sua Resolução 217 A (III), adotou a Declaração<br />

Universal de Direitos Humanos, que obteve<br />

48 votos favoráveis, 8 abstenções e nenhum voto<br />

em contra. 54 A Declaração Universal legitimava<br />

a preocupação da sociedade internacional com<br />

a promoção e a proteção dos direitos humanos,<br />

condenando as violações maciças e persistentes,<br />

inclusive em conflitos armados, e elegendo a eliminação<br />

da pobreza extrema e da exclusão social<br />

prioridades internacionais. Portanto, tendo contraído<br />

essas obrigações perante a comunidade internacional,<br />

os Estados não poderiam, como tampouco<br />

podem atualmente, alegar que a matéria é<br />

de exclusiva jurisdição doméstica. 55<br />

VI. O PREÂMBULO DA DUDH DE CARA À<br />

ATUALIDADE DAS RELAÇÕES INTER-<br />

NACIONAIS<br />

Nesse contexto, o preâmbulo da DUDH registra<br />

as realidades éticas, históricas, morais, políticas,<br />

sociais e jurídicas que culminaram com<br />

a sua proclamação. Consuma, assim mesmo, o<br />

espírito dos princípios gerais do direito internacional<br />

público 56 estipulados explicitamente nos<br />

primeiro e segundo artigos da Carta de San Francisco.<br />

A comunhão destes com o registro daquelas<br />

consolida esse preâmbulo como a fonte iluminadora<br />

do direito contemporâneo da sociedade internacional.<br />

O preâmbulo constitui-se, então, como<br />

uma consideração cogente de contornos histórico,<br />

político, social e jurídico que marcam a civilização<br />

humana da contemporaneidade.<br />

Conforme ensina o principal jurista e internacionalista<br />

brasileiro da atualidade “(...) the principles<br />

of International Law shed light on the interpretation<br />

and application of International Law as a<br />

whole, pertain to the very substratum of this latter,<br />

and are identified with the very foundations of the<br />

international legal system. They permeate every<br />

legal system. Their continuing validity is beyond<br />

question. Principles of International Law are essential<br />

to humankind´s quest for justice, and of key<br />

importance to the endeavours of construction of a<br />

truly universal International Law”. 57<br />

272<br />

Ante uma rápida, mas não despercebida<br />

revisão histórica, nesse início do século XXI, a<br />

pressão ideológica de outrora, expressa pelo pensamento<br />

político-econômico e pelo poderio militar<br />

das máximas potências vitoriosas da II Guerra<br />

Mundial, no período imediatamente posterior ao<br />

desfecho daquele triste episódio da história humana,<br />

já não existe mais. Por essa razão, o fenômeno<br />

catalisador da divisão inconseqüente das duas<br />

ramas dos direitos humanos desapareceu. Hoje<br />

em dia, o caráter global e harmônico dos direitos<br />

humanos ocupa o centro da discussão da agenda<br />

internacional. Entretanto, apesar de tanto se falar<br />

em um suposto mundo globalizado, encontramo-<br />

-nos justamente no meio da luta do primado da<br />

razão de Humanidade sobre a razão de Estado.<br />

Nela, pulula o fato inquestionável de que o conhecimento<br />

talvez seja a forma mais eficaz de emancipação<br />

humana e a compreensão do mundo no<br />

qual vivemos, tão complexo e dissimulado, está<br />

estritamente vinculada ao conhecimento humano.<br />

São os limites deste que fomentarão o sentido<br />

de solidariedade humana, de atenção cuidadosa à<br />

condição dos demais, porque, em última análise,<br />

todos dependemos de todos e a sorte de cada um<br />

está inexoravelmente ligada à sorte dos demais.<br />

As democracias da contemporaneidade necessitam<br />

de uma urgente atualização ante as<br />

características das sociedades atuais: mais informadas,<br />

educadas e próximas. Aos Estados urge<br />

a reconquista da legitimidade representativa de<br />

suas classes políticas. Trata-se de um clamor social:<br />

as pessoas estão “politicamente fartas” e já<br />

dão perigosos sinais, inclusive em países onde o<br />

risco à democracia parecera fora de questão, a esse<br />

respeito. Na América Latina, por exemplo, se um<br />

dia vivenciamos os golpes de Estado patrocinados<br />

pelas ditaduras militares, hoje experimentamos<br />

os golpes de Estado perpetuados por instituições<br />

civis, em tese, democráticas (vide, para citar um<br />

exemplo, o caso hondurenho) e o vírus da possibilidade<br />

das reeleições indefinidas. Na seara dos direitos<br />

humanos é impossível falar em democracia<br />

onde se conculca os direitos fundamentais, se despreza<br />

o Estado de Direito, se depreza a política e a<br />

cidadania. Os Estados contemporâneos, fincados<br />

nas premissas dos direitos humanos, dependem<br />

da ética, da moral e da justiça social, para, além<br />

dos princípios da modernidade (liberdade, igualdade<br />

e fraternidade), estarem consagrados como<br />

legítimos perante sua cidadania. A afirmação anterior<br />

é uma condicionante irrefutável do Estado<br />

contemporâneo.<br />

Conseqüentemente, transpondo essas idéias<br />

ao conjunto de Estados ou ao cenário internacio-


nal, inclusive contrariando o afirmado por muitos<br />

teóricos e juristas guardiães do status quo, me<br />

somo àqueles, que como Ash, 58 defendem o fato<br />

de que estamos imersos em uma nova ordem, ou<br />

melhor dito, em uma desordem multipolar global,<br />

na qual se nota o término do momento unipolar<br />

onde a supremacia do hegemon, que se empenha<br />

por menoscabar as normas do direito internacional<br />

e do multilateralismo nas Relações Internacionais,<br />

parecera invencível. E essa nova multipolaridade<br />

é produto, ao menos, de quatro tendências:<br />

1. Ascensão ou ressurgimento de uma série<br />

de Estados que prosperam ou renascem e<br />

cujos recursos energéticos competem com<br />

os das potências tradicionais do Ocidente.<br />

2. O crescente poder dos atores não-estatais.<br />

Estes podem ser muito distintos. Compreendem<br />

desde as ONGs, das companhias<br />

energéticas e farmacêuticas, das regiões<br />

chamadas “autonômicas” e grupos religiosos,<br />

e aterrizam em movimentos como Hamás,<br />

Hezbolá e Al Quaeda. São atores que<br />

ainda sem nenhuma investidura ou capacidade<br />

oficiais são perfeitamente capazes de<br />

mudar ou transformar a agenda de um ou<br />

de muitos Estados, assim como de outros<br />

sujeitos do Direito Internacional.<br />

3. As transformações na moeda de troca do<br />

poder. Os avanços nas tecnologias que se<br />

podem empregar para a violência oferecem<br />

a grupos reduzidos de pessoas a capacidade<br />

de desafiar Estados poderosos. É<br />

um fato que os avanços na tecnologia da<br />

informação e nos meios globalizados fazem<br />

com que o exército mais poderoso da<br />

história da humanidade possa perder uma<br />

Guerra, não no campo de batalha cheio<br />

de sangue e mentira, senão no terreno da<br />

opinião pública mundial. Este fato se pode<br />

comprovar inclusive pelas pesquisas realizadas<br />

nos países tradicionalmente favoráveis<br />

às enganosas guerras recentes.<br />

4. Os desafios mesmos do Direito Internacional.<br />

Esses, talvez, provêm da mente<br />

humana, fantasiados nos interesses dos<br />

Estados mais poderosos. Quem saberá?<br />

Mas, o certo é que observamos três grandes<br />

desafios do DI: a) sua fragmentação à luz<br />

de seu vertiginoso crescimento e setorialização;<br />

b) em conseqüência do anterior, a<br />

proliferação de jurisdições internacionais;<br />

e, c) a geração de regimes internacionais<br />

específicos como meio ambiente, direitos<br />

humanos, direito do mar, comércio inter-<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

nacional e atualmente, como tudo indica,<br />

o combate ao terrorismo.<br />

Em suma, o que produzem todas essas tendências<br />

tão distintamente combinadas é a diminuição<br />

do poder relativo dos Estados ocidentais.<br />

E, se acrescentamos a essas tendências a terrível<br />

destruição ambiental em escala planetária e o desperdício<br />

dos recursos naturais, o cenário é ainda<br />

mais desesperador. E, no centro de tudo, imerso<br />

na dimensão mais ampla de sua diversidade, está<br />

o ser humano: perdido, iludido, equivocado, mas,<br />

possuidor de uma razão que o tem permitido sobreviver<br />

por milhares de anos. E nisso reside a<br />

esperança: na razão humana. No fato de que o homem<br />

e a mulher, por fim, descubram que a eternidade<br />

humana somente poderá ser conquistada por<br />

eles mesmos: o ser-humano.<br />

Não obstante, há que se destacar o importante<br />

rol que o indivíduo passa a desempenhar na sociedade<br />

internacional a partir da segunda metade<br />

do século XX. Este passa a ser não só um sujeito<br />

do Direito Internacional Público, como também<br />

um ator transformador inquestionável da sociedade<br />

internacional. A sociedade civil organizada<br />

assume um papel preponderante na agenda internacional.<br />

A título de exemplo, cita-se o Fórum<br />

Social Mundial. Quando este começou, o status<br />

quo esforçou-se por desqualificá-lo, apelidando-o<br />

com diversos adjetivos: turba de utópicos, movimento<br />

legado dos hippies, herdeiros de um socialismo<br />

ultrapassado, acadêmicos desairosos etc....<br />

Estes, somados a tantas outras denominações que<br />

se lhe ocorria. Tudo isso, fundamentalmente, porque<br />

o lema de Porto Alegre retroalimentava-se em<br />

um ideal romântico e necessário: “outro mundo é<br />

possível!” Tal perspectiva ecoou da beira do Guaíba<br />

– reverberando por Bamako, Caracas, Karachi,<br />

Nairóbi e Belém – e atingiu uma parte considerável<br />

do planeta.<br />

Paralelamente, na gélida suíça, o status quo<br />

discutia a economia mundial, ou pelo menos<br />

aquela que segundo eles era a real, no Fórum Econômico<br />

Mundial de Davos. E para estes, resultava<br />

muito apropriado que os de Porto Alegre, expoentes<br />

da sociedade civil organizada e potenciais contestadores<br />

da situação hegemônica, escolhessem<br />

levar adiante tal espaço contextual conspirador<br />

nos trópicos: um rincão que exala pecado, luxúria<br />

e também criatividade. Desde a perspectiva davosiana<br />

este seria um espaço mais apropriado para<br />

as idéias carnavalescas e, portanto, falto de qualquer<br />

seriedade científica, política e social.<br />

O interessante desse paralelismo é que, a<br />

raiz da atual crise financeira, os bem trajados de<br />

273


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

Davos pensam em adotar os remédios receitados<br />

pelos maltrapilhos de Porto Alegre. Ou pelo menos,<br />

as fantasias de Porto Alegre iluminaram as<br />

passarelas de Davos. Essa é a leitura que se depreende<br />

da manifestação firmada em Berlim pelos<br />

principais líderes da União Europeia datada de<br />

22 de fevereiro de 2009. Nesse dia, foi acordado<br />

um plano através do qual se exalta o combate<br />

imediato aos paraísos fiscais, através da criação<br />

de sanções diretas aos Estados que os albergam.<br />

Este problema, tantas vezes tido como postergável,<br />

é agora vitalmente considerado para se enfrentar<br />

o componente financeiro da crise. Ademais,<br />

no auxílio às economias em dificuldade, o<br />

FMI deverá movimentar-se de maneira rápida e<br />

eficaz para concretizar as ajudas possíveis. Assim<br />

mesmo, a regulação dos mercados financeiros e a<br />

supervisão de seu funcionamento, de forma verdadeiramente<br />

global, são urgentemente necessárias.<br />

Tudo isso umbilicalmente vinculado ao<br />

estrito controle das agências de qualificação creditícia.<br />

O protecionismo também foi fortemente<br />

condenado. A UE, em seu conjunto, clama por<br />

solidariedade e coordenação. Porto Alegre, por<br />

reiteradas vezes, já havia dito tudo isso. Ou seja,<br />

se desde o princípio Davos houvesse escutado os<br />

brados do Guaíba, teríamos poupado quase dez<br />

anos no desenvolvimento de estratégias para<br />

combater e contornar a atual crise financeira.<br />

Concomitantemente, nos EUA, até mesmo<br />

o pacote inicial de combate à crise do Presidente<br />

Obama, apesar de seus contornos protecionistas,<br />

propõe uma regulação dos bancos e das finanças,<br />

assim como um teto salarial para os altos executivos<br />

privados. Ilumina-se um cenário a partir do<br />

qual os EUA redirecionam-se para um modelo político<br />

socialmente moderno e sustentável (sobretudo<br />

com relação à saúde, educação e energias alternativas)<br />

parecido ao europeu. Buscarão, os EUA, relegitimar,<br />

de maneira inteligente, o seu poder brando<br />

nas relações internacionais após um brusco e sombrio<br />

passado? Pelo menos, deveriam tentá-lo.<br />

Aliás, justiça seja feita, foi o Presidente Lula<br />

quem propôs, em 25 de setembro de 2008, durante<br />

sua viagem oficial a Nova Iorque, a consolidação<br />

de um palco de legalidade financeira internacional,<br />

através do qual emergiriam regras comuns<br />

capazes de garantir uma maior transparência e a<br />

coordenação dos órgãos nacionais e internacionais<br />

de supervisão financeira internacional. Pois<br />

tudo leva a crer que os prejuízos dessa crise, inclusive<br />

os bancários, serão “socializados” pela cidadania<br />

mundial. Por outro lado, é difícil visualizar<br />

os banqueiros compartilhando seus lucros. Essa<br />

idéia do Presidente Lula teve importantes apoios<br />

274<br />

de líderes internacionais como, por exemplo, de<br />

Gordon Brown, primeiro ministro britânico, de<br />

José Luis Rodríguez Zapatero, presidente espanhol,<br />

além dos líderes da Austrália, da Dinamarca,<br />

da Comissão Européia e da União Africana.<br />

Quem sabe não foi ela a fonte inspiradora da reunião<br />

de Berlim deste ano que tentou influenciar a<br />

Cúpula do G-20 ampliado, realizada aos 2 de abril<br />

de 2009 em Londres.<br />

Globalizando a análise, assusta o fato de o<br />

ser humano (ou a grande maioria da elite política<br />

e financeira mundial), apesar de tanto desenvolvimento<br />

econômico, científico e tecnológico, ainda<br />

desprezar a educação como ferramenta necessária<br />

de inclusão social, combate à pobreza e geração de<br />

riqueza. Uma educação universal de qualidade é o<br />

meio mais rápido e eficaz para se combater qualquer<br />

crise econômica e humana. Nesse sentido,<br />

nossa geração já é capaz de legar um futuro mais<br />

harmônico e sustentável aos nossos filhos e netos.<br />

Persistir em intencionalmente deixar passar<br />

despercebido essa possibilidade de um futuro socialmente<br />

justo, ambientalmente seguro e harmonicamente<br />

civilizável para toda a espécie humana<br />

em seu conjunto é um ato falho de razoabilidade<br />

humana que esta e as anteriores gerações insistem<br />

em perpetuar. Especialmente, nesse quesito,<br />

ao Brasil urge reorientar o seu caminho.<br />

O fato é que o mundo de hoje nos amedronta.<br />

As sociedades parecem perdidas com relação a<br />

seus valores e costumes. A solidariedade humana<br />

é pontual e ocasional. As famílias se desintegram<br />

com uma facilidade jamais vista. Os Estados cada<br />

vez mais enviam sinais de sua incapacidade para<br />

atender as principais demandas da maioria de seus<br />

cidadãos. A cada dia são propostas mais leis para<br />

fechar as fronteiras entre os Estados e para apartar<br />

pessoas de diferentes raças e classes sociais. Os<br />

Estados, sobretudo os mais ricos, endurecem suas<br />

normas nesse sentido com regularidade. Desde a<br />

perspectiva multilateral, a agenda positiva da segunda<br />

metade do século passado vem perdendo<br />

fôlego nesse início do século XXI, pois os espaços<br />

concedidos àqueles Estados mais humildes se apequenam<br />

cotidianamente. Tudo isso não acontece<br />

simplesmente porque as relações internacionais<br />

de hoje em dia estejam mais complexas do que<br />

as de outros tempos, pois cada tempo tem sua<br />

complexidade específica. O grande tema é que<br />

as relações internacionais deste início de século<br />

estão revestidas da realidade da contemporaneidade.<br />

Uma realidade cujos sintomas políticos,<br />

econômicos, sociais, jurídicos, estratégicos e militares<br />

revelam suas características principais de<br />

interesses individualistas e poucos solidários. Na


contemporaneidade do multilateralismo desordenado<br />

global, a ética e a moral comum esfumam-se<br />

meio a um individualismo exacerbado. Os pilares<br />

dessa constatação contribuem para a fortaleza da<br />

atual crise. Um Estado forte e presente, fincado<br />

em princípios da ética, da justiça social, da moral,<br />

dos direitos humanos indivisíveis e universais, é a<br />

única perspectiva possível, pois.<br />

Com relação à atual crise que nos carcome,<br />

tudo indica que no diagnóstico e na proposição<br />

de soluções possíveis para vencê-la, Porto Alegre<br />

sobrepôs-se a Davos. Não importa: que ambos<br />

comunguem e conspirem em prol de um mundo<br />

melhor! A soma de esforços e idéias resulta fundamental<br />

para superar este frágil momento da<br />

espécie humana. Finalmente, quando se trata do<br />

ser humano, a sorte de cada um de nós está inexoravelmente<br />

vinculada a dos demais. Vencer esta<br />

crise é uma tarefa atinente a todos os atores da<br />

sociedade mundial (sobretudo, sociedade civil, Estados<br />

e organizações internacionais), que deverão<br />

trabalhar em conjunto para superá-la, construindo<br />

e legando um cenário mais positivo (justo, solidário<br />

e sustentável) para as gerações vindouras.<br />

São estes os principais desafios a que se deve<br />

fazer frente o Direito e, sobretudo, os direitos humanos<br />

nesse início de século. É por essa realidade<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

e os desafios dela decorrentes que acreditamos na<br />

prevalência da razão Humana sobre a razão de Estado.<br />

Se existe una crise universal, esta não é simplesmente<br />

uma crise dos Estados ou dos seus valores,<br />

trata-se de una crise do ser humano mesmo<br />

e que só nós poderemos superar, pois ainda que<br />

muitos e muitas tenhamos esquecido, foi o Estado<br />

criado por nós como forma de organização social<br />

e não o contrário. Buscar novos tempos e novos<br />

rumos significa encontrar-nos, a nós mesmos, os<br />

seres humanos, no tempo e no espaço da afirmação<br />

da dignidade humana pelos Direitos Humanos<br />

universais, indivisíveis e complementares.<br />

Em conseqüência, os Direitos Humanos não<br />

desaparecerão por se fazerem respeitar através de<br />

suas normas oriundas do Direito Internacional<br />

Público e do multilateralismo. O risco do menoscabo<br />

às normas de Proteção Internacional da Pessoa<br />

Humana 59 reside justamente no pólo oposto<br />

da afirmação anterior; ou seja, será o abrandamento<br />

da normativa oriunda do Direito Internacional<br />

Público e das normas de convivência harmônica e<br />

pacífica entre os Estados ante a falsa retórica bélica<br />

e unilateral, esta última despossuída de qualquer<br />

razoabilidade humana, o fato capaz de fazer<br />

com que os Direitos Humanos retrocedam.<br />

275


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

ASH, Timothy Garton. “El mundo, siete años<br />

después”, em Jornal El País, diário, edição de domingo,<br />

14/09/2008, Sección Crónica: Opinión.<br />

CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. International<br />

Law for Humankind: towards a new<br />

Jus Gentium (I). General Course on Public International<br />

Law. Hague Academy of International<br />

Law, volume 316, 2005.<br />

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional<br />

e Teoria da Constituição. Coimbra, Renovar,<br />

1999.<br />

CASSESE, Antônio. Los derechos humanos en el<br />

mundo contemporáneo. Barcelona, Ariel, 1993.<br />

Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes<br />

potências: transformação econômica e conflito<br />

276<br />

REFERENCIAL<br />

militar de 1500 a 2000. Trad. Waltensir Dutra.<br />

Rio de Janeiro, Campus, 1989.<br />

LEÃO, Renato Zerbini Ribeiro. La construcción<br />

jurisprudencial de los Sistemas Europeo e Interamericano<br />

de Protección de los Derechos<br />

Humanos en materia de Derechos Económicos,<br />

Sociales y Culturales. Porto Alegre, Núria Fabris,<br />

2009.<br />

QUINTANA, Fernando. La ONU y la exégesis de<br />

los derechos humanos (una discusión teórica de<br />

la noción). Porto Alegre, UNIGRANRIO 1999.<br />

TUCKER, Robert C. (org.). The Jewish Question.<br />

The Marx-Engels Reader. New York, W. W. Norton,<br />

1978.


1. ALBUQUERQUE MELLO, C. D. de. Curso de<br />

Direito Internacional Público. RJ/SP, Renovar,<br />

2000. (“A Declaração Universal dos Direitos<br />

Humanos não possui qualquer valor de obrigatoriedade<br />

para os Estados. Ela não é um tratado,<br />

mas uma simples declaração, como indica<br />

o seu nome. O seu valor é meramente moral.<br />

Ela indica as diretrizes a serem seguidas neste<br />

assunto pelos Estados. (...) De qualquer modo<br />

pode-se afirmar que atualmente há uma espécie<br />

de consenso em considerá-la um sistema<br />

internacional e, portanto, obrigatória”, p. 823).<br />

2. CASSESE, Antônio. Los derechos humanos en<br />

el mundo contemporáneo. Barcelona, Ariel,<br />

1993, pp. 7-57.<br />

3. Id., ibid., pp. 17-21.<br />

4. Albuquerque Mello, C. D. Op. cit. (“A partir do<br />

século XIX começou a reação contra a subjetividade<br />

do indivíduo. Neste período predomina<br />

a soberania absoluta do Estado. Surge no DI<br />

o que já foi denominado uma aristocracia de<br />

Estados. O indivíduo somente atinge o mundo<br />

jurídico internacional através do Estado”,<br />

pp. 766-767).<br />

5. Rodrigues, Simone Martins. Segurança Internacional<br />

e Direitos Humanos – a prática da<br />

intervenção humanitária no pós-guerra fria.<br />

RJ/SP, Renovar, 2000, p. 61.<br />

6. CASSESE. Op. cit., p. 21.<br />

7. Mancini via alguns Estados europeus reinar<br />

sobre várias nacionalidades, enquanto que<br />

outras nacionalidades estavam fragmentadas<br />

entre diversos Estados. Exemplo: Império<br />

Austríaco, por um lado, e Alemanha e Itália,<br />

por outro.<br />

8. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional<br />

e Teoria da Constituição. Coimbra,<br />

Renovar, 1999, pp. 359-361.<br />

9. Para Guido Fassò “o jusnaturalismo despontou<br />

de novo depois da Segunda Guerra Mundial,<br />

como reação ao estatismo dos regimes totalitários.<br />

Em grande parte o fenômeno se verificou<br />

ainda no âmbito da cultura católica; mas<br />

também nos ambientes protestantes alemães e<br />

em medida notável no mundo laico, a ideia do<br />

direito natural se apresentou de novo, sobretudo<br />

como dique e limite ao poder do Estado.”<br />

In: BOBBIO, N. et alii. Dicionário de Política.<br />

Brasília, Edunb, 1992, p. 659.<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

NOTAS<br />

<strong>10</strong>. A Organização das Nações Unidas foi estabelecida<br />

em 26 de abril de 1945, na Conferência de<br />

São Francisco.<br />

11. Naquele tempo a URSS significava União das<br />

Repúblicas Socialistas Soviéticas. Com a Perestroika,<br />

em 1982, desmantelou-se a União e o<br />

assento a ela reservado no Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas, desde então, pertence<br />

à Rússia.<br />

12. CASSESE. Op. cit., p. 39.<br />

13. CASSESE. Op. cit., p. 39. Entretanto, especialmente<br />

o jovem Marx enfatiza a noção de<br />

“emancipação humana”, em si mesma compatível<br />

com a noção filosófica de liberdade humana<br />

abrangida pela filosofia do direito natural.<br />

Um exemplo é a seguinte passagem da “Questão<br />

Judaíca”: “A emancipação humana somente<br />

está completa quando o homem real, individual,<br />

tiver absorvido em si mesmo o cidadão abstrato;<br />

quando um homem individual, na sua vida<br />

cotidiana, no seu trabalho e em suas relações<br />

tiver se tornado um ser da espécie...” In: TU-<br />

CKER, Robert C. (org.). The Jewish Question.<br />

The Marx-Engels Reader. New York, W. W.<br />

Norton, 1978, p. 46.<br />

14. RODRIGUES. Op. cit., p. 63.<br />

15. Cassese sustenta que, apesar do debate ideológico<br />

das potências da época, não se pode esquecer<br />

o enorme aporte libertador do pensamento<br />

de Marx no campo dos direitos econômicos e<br />

sociais, ademais da contribuição geral à teoria<br />

dos direitos humanos proporcionada pelo “revisionismo”<br />

marxista.<br />

16. Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes<br />

potências: transformação econômica e conflito<br />

militar de 1500 a 2000. Trad. Waltensir<br />

Dutra. Rio de Janeiro, Campus, 1989. (“Assim<br />

as exigências externas e internas da Guerra<br />

Fria podiam alimentar-se mutuamente, disfarçadas<br />

ambas pelo recurso aos princípios ideológicos.<br />

Liberalismo e comunismo, sendo ideias<br />

universais, eram mutuamente exclusivos; isso<br />

permitia a cada um dos lados compreender, e<br />

retratar todo o mundo como uma arena na qual<br />

a luta ideológica não se podia separar da vantagem<br />

política e de poder. Ou se estava com o<br />

bloco liderado pelos americanos, ou com o bloco<br />

soviético. Não havia meio-termo; na era de<br />

Stalin e Joe McCarthy, era imprudente pensar<br />

que pudesse haver. Era essa a realidade estraté-<br />

277


Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

278<br />

gica, a que não apenas os povos de uma Europa<br />

dividida, mas também os da Ásia, Oriente Médio,<br />

África, América Latina e outros teriam de<br />

ajustar-se”, p. 356).<br />

17. Kennedy assim explicava o terceiro mundo: “O<br />

desmoronamento (...) dos impérios no Extremo<br />

Oriente depois de 1941, a mobilização das<br />

economias e o recrutamento de mão-de-obra<br />

de outros territórios dependentes, durante a<br />

guerra, as influências ideológicas da Carta do<br />

Atlântico, e o declínio da Europa – tudo isso se<br />

combinou para liberar as forças de transformação<br />

no que, na década de 1950, foi chamado de<br />

terceiro mundo. (...) Mas ele era descrito como<br />

“terceiro” mundo precisamente porque insistia<br />

na sua distinção dos blocos dominados pelos<br />

americanos e pelos russos.” (Op. cit. p. 375).<br />

18. Sobre isso consultar: CANÇADO TRINDADE,<br />

Antônio Augusto. A Recta Ratio nos Fundamentos<br />

do Jus Gentium como Direito Internacional<br />

da Humanidade. Discurso de Posse<br />

na Academia Brasileira de Letras Jurídicas –<br />

Cadeira N. 47. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.<br />

19. LEÃO, Renato Zerbini Ribeiro. La construcción<br />

jurisprudencial de los Sistemas Europeo<br />

e Interamericano de Protección de los Derechos<br />

Humanos en materia de Derechos Económicos,<br />

Sociales y Culturales. Porto Alegre:<br />

Núria Fabris, 2009, pp. 37-39.<br />

20. QUINTANA, Fernando. La ONU y la exégesis<br />

de los derechos humanos (una discusión teórica<br />

de la noción). Porto Alegre, UNIGRAN-<br />

RIO, 1999, pp 35-36.<br />

21. Documents Officiels de la Troisième Session de<br />

l´Assemblée Générale. In: Séances Plenières<br />

de l´Assemblée Générale, Comptes Rendus<br />

Analytiques des séances. Première Partie: 180<br />

séances plenières. Paris, Palais de Chaillot,<br />

21Septembre – 12 Décembre, 1948, p. 853.<br />

22. A Carta Atlântica, segundo Quintana, estabelece<br />

ademais a necessidade de uma colaboração<br />

mais completa entre todas as nações, grandes<br />

e pequenas, com a finalidade de garantir a todas<br />

uma melhor condição para a classe obreira<br />

e a seguridade social. Assim mesmo, a Declaração<br />

das Nações Unidas, que foi firmada em<br />

Washington, em 1º de janeiro de 1942, por vinte<br />

e seis países em guerra contra os países do<br />

Eixo, e adere aos princípios contidos na Carta<br />

Atlântica, eleva o estipulado no último documento<br />

ao nível do direito internacional.<br />

23. Esse foi um momento histórico marcante, porque<br />

na oportunidade Roosevelt propõe uma<br />

nova ordem internacional e, pela primeira vez,<br />

discutia-se o mundo pós-guerra, em situação<br />

de conflito.<br />

24. Carta Atlântica, artículo 6º.<br />

25. Id., ibid., p.37.<br />

26. Adotada em <strong>10</strong> de maio de 1944 pela unanimidade<br />

dos membros da Organização Internacional<br />

do Trabalho.<br />

27. A afirmação pode ser extraída dos considerandos<br />

da Declaração de Filadélfia.<br />

28. Resultou do acordo a que chegaram as quatro<br />

Potências na Conferência de Moscou (1943). As<br />

discussões em Dumbarton Oaks deram-se em<br />

dois tempos: uma primeira fase, de 28 de agosto<br />

a 28 de setembro, reunindo os representantes de<br />

EUA, Reino Unido e URSS; uma segunda fase,<br />

de 29 de setembro a 7 de outubro, com os representantes<br />

da China, EUA e Reino Unido.<br />

29. Carta das Nações Unidas. Capítulo I, Artigo 1º,<br />

Incisos 1, 2 e 3.<br />

30. Déclaration de Dumbarton Oaks. Documents<br />

Nations Unies. In: Journal du Droit International<br />

1940-1945. Tome 67-72, n. 1, París,<br />

1945. Apud: Quintana. Op. cit., pp. 41-42.<br />

31. Sessão D do Capítulo IX das propostas de<br />

Dumbarton Oaks.<br />

32. Um dado histórico e político importante da<br />

Conferência de Yalta foi a decisão sobre a forma<br />

de participação da URSS na ONU. Esta teria<br />

além do direito de veto, como membro permanente,<br />

mais três assentos naquele Organismo<br />

Supranacional: Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia.<br />

33. Realizada no México entre os dias 21 de fevereiro<br />

e 8 de março. Estiveram presentes 21 nações<br />

americanas, com exceção da Argentina.<br />

34. Resolução XLI da Conferência Interamericana<br />

de Chapultepec.<br />

35. Sobre este tema ler: CANÇADO TRINDADE,<br />

Antônio Augusto. O legado da Declaração<br />

Universal e o futuro da Proteção Internacional<br />

dos Direitos Humanos, em AMARAL JÚ-<br />

NIOR, Alberto e PERRONE-MOISÉS, Cláudia<br />

(orgs.). O Cinqüentenário da Declaração<br />

Universal dos Direitos do Homem. São Paulo:<br />

Edusp, 1999, p. 17.<br />

36. São membros originários da ONU aqueles<br />

Estados que firmaram e ratificaram a Carta<br />

das Nações Unidas, logo depois da participação<br />

na Conferência de São Francisco ou, pelo<br />

menos, firmaram a Declaração das Nações<br />

Unidas de 1942.


37. Naquele então, os membros da ONU eram 58:<br />

14 ocidentais, 20 latino-americanos, 6 socialistas,<br />

4 africanos e 14 asiáticos.<br />

38. Sobre o assunto, ler Cassese. Op. cit., pp. 40-46.<br />

39. Clima político-ideológico instaurado no cenário<br />

mundial imediatamente depois de terminada<br />

a II Grande Guerra, por parte das duas<br />

maiores potências do momento: EUA e URSS.<br />

40. Vide Art. 1° da Carta das Nações Unidas.<br />

41. Sobre estes consultar: Antônio Augusto Cançado<br />

Trindade. O Direito Internacional em um<br />

Mundo em Transformação. Rio de Janeiro: Renovar,<br />

2002, pp. 91-140.<br />

42. Com relação à discussão a respeito de “democracia<br />

e socialismo”, ler o verbete Democracia.<br />

In: BOBBIO et alii. Dicionário de Política.<br />

Brasília, Edunb, 1992, pp. 324-325.<br />

43. Sobre a temática tratada neste parágrafo, ler<br />

WIGHT, Martin. A política do poder. Brasília,<br />

Edunb, 1985, pp. 175-192.<br />

44. QUINTANA. Op. cit., p.69.<br />

45. Seus membros originários eram Paal Berg (Noruega),<br />

René Casin (França), Fernand Dehousse<br />

(Bélgica), Víctor Raúl Haya de la Torre (Peru),<br />

K.C.Neogi (Índia), Sra. Roosevelt (EUA), Jhon<br />

C.H. Wu (China), e também por pessoas que os<br />

membros do ECOSOC, representando URSS e<br />

Iugoslávia, designariam ao Secretário Geral da<br />

ONU. Posteriormente, C. L. Hsia substitui a<br />

C. H. Wu, como representante da China; e D.<br />

Brkish e A. Borisov representam a Iugoslávia e<br />

URSS, respectivamente.<br />

46. O documento continha quase todos os direitos<br />

mencionados em diversas constituições<br />

nacionais e outros dispositivos presentes no<br />

texto de declaração internacional em poder do<br />

Secretariado.<br />

47. QUINTANA. Op. cit., p. 76.<br />

48. Esta discussão e análise histórica vem aprofundada<br />

em Trindade, Antônio A. Cançado.<br />

Tratado de Direito Internacional de Direitos<br />

Humanos. <strong>Vol</strong>. I. Porto Alegre, Fabris, 1997,<br />

pp. 35-37.<br />

49. Acontecida em Genebra, de 12 a 17 de dezembro<br />

de 1947.<br />

Os Direitos Humanos como Elemento Essencial da Sociedade Internacional Contemporânea<br />

50. Decidido a partir de uma proposta sírio-libanesa.<br />

51. Realizada en Lake Succes, de 3 a 21 de maio de<br />

1948.<br />

52. A eleição interna no Comitê de Redação para a<br />

utilização da metodologia assinalada no texto<br />

deu-se por 5 votos a favor, 1 em contra e 2 abstenções.<br />

53. O Relator era o representante do Líbano, Sr.<br />

Malik.<br />

54. Votaram a favor: Birmânia, Canadá, Chile,<br />

China, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dinamarca,<br />

República Dominicana, Equador, Egito, El<br />

Salvador, Etiópia, França, Grécia, Guatemala,<br />

Haiti, Islândia, Índia, Irã, Iraque, Líbano, Luxemburgo,<br />

México, Países Baixos, Nova Zelândia,<br />

Nicarágua, Noruega, Paquistão, Panamá,<br />

Paraguai, Peru, Filipinas, Surinam, Suécia, Síria,<br />

Turquia, Reino Unido, Estados Unidos da<br />

América, Venezuela, Afeganistão, Argentina,<br />

Austrália, Bolívia, Bélgica e Brasil.<br />

Abstenções: Bielorrússia, Checoslováquia, Polônia,<br />

Arábia Saudita, Ucrânia, África do Sul,<br />

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e<br />

Iugoslávia.<br />

55. RODRIGUES. Op. cit., p. 70.<br />

56. São eles: igualdade soberana; autonomia, não-<br />

-ingerência nos assuntos internos de out1ção<br />

pacífica das controvérsias internacionais; cooperação<br />

internacional; respeito aos direitos humanos;<br />

e, boa-fé no cumprimento das obrigações<br />

internacionais.<br />

57. CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto.<br />

International Law for Humankind: towards<br />

a new Jus Gentium (I). General Course on<br />

Public International Law. Hague Academy of<br />

International Law, volume 316, 2005, p. 1<strong>10</strong>.<br />

58. ASH, Timothy Garton. “El mundo, siete años<br />

después”, em Jornal El País, diário, edição de<br />

Domingo, 14/09/2008, Sección Crónica: Opinión.<br />

59. Compreende: o Direito dos Conflitos Armados<br />

(Direito Humanitário), Direitos Humanos e<br />

Direito dos Refugiados.<br />

279


INTRODUCCIÓN AL XXVIII CURSO INTERDISCIPLINARIO<br />

EN DERECHOS HUMANOS<br />

EDUCACIÓN EN DERECHOS HUMANOS (SAN JOSÉ, COSTA RICA)<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Roberto Cuéllar<br />

Director Ejecutivo del <strong>Instituto</strong> Interamericano de Derechos Humanos; ex Director de Investigación y<br />

Desarrollo en el <strong>Instituto</strong> Interamericano de Derechos Humanos.<br />

Buenas noches a todas y todos ustedes. En<br />

nombre de la presidenta del IIDH, que esta noche<br />

les saludará a ustedes en la inauguración, en<br />

nombre de mis colegas adjuntas y adjuntos y de la<br />

coordinadora académica del curso y de todo el personal<br />

presente en esta sala, queremos expresarles<br />

nuestro más cordial saludo personal y darles<br />

la bienvenida a este vigésimo octavo CIDH que<br />

ahora iniciamos. Sé que muchos de ustedes han<br />

hecho sacrificios por estar en esta aula, por participar<br />

en este curso. Es el vigésimo octavo desde<br />

1983. Trataremos de atenderles como se debe respetando<br />

por supuesto las distintas aproximaciones<br />

de los grupos. Fíjense que vienen <strong>10</strong> argentinos.<br />

Se ve que el mundial les quedó corto y ahora<br />

quieren estar en esta vigésima octava mundialista<br />

del Curso. Pero les tenemos una sorpresa.<br />

Éste es un curso muy especial para el IIDH.<br />

El 30 de julio de 1980 se fundó el IIDH. Hace<br />

treinta años ya. Recuerden los que habían nacido<br />

y los que no habían nacido cómo era AL en esos<br />

años. El 12 de septiembre de 1983 se inauguró<br />

el primer curso. Lo hizo el presidente Thomas<br />

Bergenthal, actual juez de la Corte Internacional<br />

de Justicia en La Haya, que fue el fundador<br />

del <strong>Instituto</strong>, con la Corte Interamericana y con<br />

la Comisión Interamericana de aquella época. El<br />

primer director fue el chileno Dr. Hernán Montealegre<br />

Clener, gran académico y jurista de la región.<br />

Montealegre ingenió este sistema de cursos<br />

desde 1983 hasta ahora. El 12 de septiembre yo<br />

iba entrando como ustedes al Teatro Nacional, a<br />

la sala de la Corte Suprema de Justicia para que<br />

el Presidente de la República lo inaugurara. Hoy<br />

han pasado casi 30 años, y este curso es especialmente<br />

conmemorativo porque cierra el aniversario<br />

del <strong>Instituto</strong>, y abre una nueva etapa para esta<br />

entidad. Estoy seguro que ustedes nos ayudarán a<br />

llevarlo adelante desde este enfoque.<br />

Este curso se justifica en la realización y el<br />

cumplimiento del derecho a la educación en derechos<br />

humanos en el Sistema Interamericano. Es<br />

la labor del IIDH. La corte juzga. La Corte analiza<br />

y examina los casos que le antepone la Comisión<br />

Interamericana, y con la reforma, grupos de víctimas.<br />

Supervisa el cumplimento de la Convención<br />

y de otros tratados. El <strong>Instituto</strong> promueve activamente<br />

los tratados y colabora con el cumplimiento<br />

y realización de los derechos humanos en el<br />

Sistema Interamericano. Y se justifica en la necesidad<br />

de transmitir valores de justicia y libertad<br />

por medio de la enseñanza para la vida en democracia<br />

desde la primera edad escolar. Este enfoque<br />

siempre está pendiente en la tarea de fomentar<br />

una moral colectiva en la práctica de los derechos<br />

humanos que debe enseñarse a través de una pedagogía<br />

apropiada a las políticas públicas de educación,<br />

así como lo manda el artículo 13 y 13.2<br />

del Protocolo de San Salvador, que fue abierto a la<br />

firma en 1988, pero no fue sino hasta 2002 que<br />

entró en vigor hasta que 11 estados lo ratificaron.<br />

Es un tratado que no es universal y tiene mucha<br />

mora entre los estados de América.<br />

El curso, pues, se enfoca a los avances y<br />

progresos curriculares, a los procesos de reforma<br />

de gestión educativa que durante 20 años poco a<br />

poco han ido incorporando los derechos humanos<br />

en la educación formal, junto con las perspectivas<br />

transversales que ha propuesto el IIDH<br />

desde el 2000, con más fuerza y más airamiento.<br />

Las tres perspectivas transversales que son parte<br />

de la política esencial principal del <strong>Instituto</strong> son,<br />

en primer lugar, los derechos vistos desde la equidad<br />

de género y de la igualdad, destacando, por<br />

encima de todos, los derechos de las mujeres en<br />

el Sistema Interamericano. En segundo lugar, la<br />

perspectiva de la diversidad étnica de los derechos<br />

de los pueblos indígenas y comunidades afro des-<br />

281


Roberto Cuéllar<br />

cendientes y en tercer lugar, la difícil interacción<br />

entre sociedad civil y estado para lograr progreso<br />

en la educación en derechos humanos como en la<br />

justicia, en la participación política y en derechos<br />

económicos, sociales y culturales.<br />

Todo este enfoque regional de la educación<br />

está contenido en el pacto que ustedes vieron esta<br />

mañana, que fue aprobado recientemente por la<br />

Asamblea General de la OEA y tiene apoyo del<br />

Secretario General José Miguel Insulza, que estará<br />

con ustedes en la clase magistral de este curso. El<br />

Secretario quiere confirmar el apoyo al <strong>Instituto</strong><br />

que hizo claro desde 2007 a 2009 cuando entregó<br />

la oficina del <strong>Instituto</strong> Regional dentro del ámbito<br />

de la OEA.<br />

¿Cuál es el contexto en que se desarrolla hoy<br />

la Educación en Derechos Humanos? ¿Qué son,<br />

para qué, cuáles son los dilemas y las tensiones<br />

de la Educación en Derechos Humanos como<br />

derecho, y no como política pública? Porque la<br />

educación no es política pública, y eso lo tienen<br />

que tener claro a lo largo del Curso. Es un derecho<br />

que es susceptible de reclamar, de “justiabilizar”,<br />

de supervisar y de medir progresos alcanzados. El<br />

Estado es el primer obligado en implementarlo,<br />

pero las organizaciones civiles también tienen su<br />

cometido en este desafío.<br />

Contexto que Justifica la Educación en<br />

Derechos Humanos<br />

Si bien es cierto que el siglo XXI ha llegado<br />

con una combinación de avances sustanciales en<br />

materia de protección y promoción de los derechos<br />

humanos y políticos, la pobreza y la desigualdad en<br />

la distribución del ingreso constituyen hoy problemas<br />

apremiantes en América Latina y el Caribe,<br />

la región del mundo que tiene mayor desigualdad<br />

de ingreso. Aunque se han adoptado modelos de<br />

desarrollo en las últimas décadas, la región no ha<br />

logrado disminuir de manera significativa la tasa<br />

de extrema pobreza, frustrando las esperanzas de<br />

millones de personas de lograr condiciones de vida<br />

más dignas e hipotecando las posibilidades de desarrollo<br />

de las generaciones futuras.<br />

Este periodo ha sido desafiante, crítico y extraordinario.<br />

Cayó el mundo bipolar, se vino abajo<br />

el muro que contenía a la unión de repúblicas<br />

socialistas soviéticas. Se vino abajo el socialismo<br />

más puro, duro y ortodoxo entre 1989 y 1990.<br />

Sobrevino al cambio de siglo el drama del 11 de<br />

septiembre de 2001. Luego una guerra injusta e<br />

intervenciones en toda parte del mundo. Ahora sobrevino<br />

la implosión del campo financiero más es-<br />

282<br />

peculativo, el más puro y duro neoliberalismo del<br />

capitalismo que se resquebrajó a partir de la crisis<br />

del 2008, y que todavía nos afecta. Esta mañana<br />

viendo las noticias, hay una preocupación fuerte<br />

por una doble recesión: una mayor deflación del<br />

mundo financiero y del intercambio y del comercio.<br />

Recuerdo las palabras del presidente Obama<br />

hace seis meses, que el futuro de la economía<br />

mundial lo van a decidir el intercambio entre China<br />

y EEUU. Si esto me lo hubieran dicho ustedes<br />

hace 25 años, no ustedes, mis contemporáneos,<br />

no les hubiera creído. Esta época es extraordinaria<br />

por los cambios, es desafiante a ustedes y crítica<br />

para el movimiento de derechos humanos, pero<br />

tiene mucho de optimismo también. Cayeron los<br />

dos polos en los dos epicentros: Moscú y NY y<br />

Washington. Cayeron también las dos ideologías<br />

más puras que marcaron por medio de la guerra<br />

fría las relaciones del mundo, y afectaron también<br />

la evolución de los derechos humanos. Pero hay<br />

logros visibles: en primer lugar AL ha emergido<br />

como un continente de futuro. Siempre he dicho<br />

que Brasil es la zona más mundialista de toda la<br />

región. Brasil, China, India y Rusia configuran un<br />

panorama mundial fuerte, un poder emergente en<br />

lo económico, en lo social y en lo político.<br />

En segundo lugar, Chile (son ejemplos): la<br />

transición se completa en Chile, veremos si hay<br />

evolución o no. Después de 20 años admirables de<br />

la concertación, hoy están revisando qué se hizo<br />

bien, qué se hizo regular y qué se hizo mal, con un<br />

gobierno distinto del signo opuesto. Y quién iba a<br />

decir que Bolivia iba a hacer una constitución plurinacional<br />

y reconfigurar su Estado con base en las<br />

leyes consuetudinarias y en la tradición indígena.<br />

Hace 20 años no lo hubiera creído.<br />

Muchos menos hubiera creído que, a través<br />

de elecciones, iba a llegar un líder de un partido<br />

de los trabajadores. Hoy es el partido más grande<br />

de todo el continente, que se inició en un cuarto<br />

de un sindicato, sindicato a cuya Junta Directiva<br />

pertenecía el hoy presidente de Brasil.<br />

Hay cambios sin duda extraordinarios, y yo<br />

los resumiría de la siguiente manera: en primer<br />

lugar, especialmente en el Sur y Centroamérica se<br />

desmontó el militarismo, es decir, la clase militar<br />

ya no gerencia el poder, está en otras cuestiones<br />

más democráticas.<br />

Hay una sucesión electoral sin precedentes.<br />

Un calendario apretado de elecciones que nunca<br />

se ha visto en la región. Solo la República Bolivariana<br />

de Venezuela, antes, cuando no había cambiado<br />

de denominación, desde 1998 hasta ahora<br />

ha tenido 12 procesos eleccionarios y de consulta


Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos – Educación en Derechos Humanos (San José, Costa Rica)<br />

popular. Las elecciones han sido correctas, luego<br />

veremos la calidad de la democracia.<br />

Hay también, sin embargo, mucho más apertura<br />

de la prensa y libertad de expresión, siempre,<br />

sin duda, con situaciones que nos complican,<br />

como los asesinatos de periodistas que no terminan<br />

del todo: Colombia, México y Honduras, pero<br />

especialmente México y Honduras. Hay que decirlo<br />

claramente, que después del golpe de Estado,<br />

en Honduras se ha focalizado este fenómeno, no<br />

sé si a consecuencia del golpe, o a consecuencia de<br />

las distintas bifurcaciones de la violencia en Centroamérica.<br />

También ha habido nuevos estilos de gobernanza,<br />

en varias vías democratizadoras que han<br />

afectado e impulsado procesos de integración regional.<br />

Ahí tenemos al ALBA. ¿Quién iba a decir<br />

hace 20 años que un grupo de países, con Cuba y<br />

Venezuela en el centro, están impulsando una nueva<br />

forma de integración que condujo a la reconfiguración<br />

del Grupo de Rio recientemente? Ahí está<br />

UNASUR, tratando de resolver conflictos. Primero<br />

fue el de Bolivia, ahora el de Colombia y Venezuela.<br />

Pero a pesar de estos avances, muy poco se<br />

ha hecho para revertir la condición de extrema pobreza<br />

en la región.<br />

En resumen, diría yo que hay nuevos estilos<br />

de gobierno que en varias direcciones aseguran estar,<br />

al menos en el discurso, mucho más cerca de<br />

los derechos de la gente. Pero también hay un reposicionamiento<br />

populista del ejercicio del poder.<br />

En segundo lugar, hay más elecciones, sin duda,<br />

y en sí mismas, muy correctas. Nuestro departamento<br />

electoral ha asistido a más de 200 procesos<br />

electorales, CAPEL, que es el departamento especial<br />

de derechos electorales del <strong>Instituto</strong>, en el que<br />

no solamente hemos observado sino también analizado<br />

el proceso de reforma y de implantación del<br />

derecho electoral de América Latina y el Caribe.<br />

Hace 20 años no había derechos electorales, había<br />

normas de administración para procesos electorales,<br />

sin configurar un derecho que ya hoy se quedó<br />

en la región como tal.<br />

Pero en algunos países, cambian las reglas del<br />

juego sin avisar. Cambian el “ABC”, la genética de<br />

la democracia sin consulta, probablemente para<br />

mejorar, pero creo que la población tiene derecho<br />

a participar en la consulta. Sin duda la violencia<br />

se vuelve irrefrenable en los países. En México hay<br />

28000 personas asesinadas en los últimos tres<br />

años, muertas en el conflicto contra el tráfico de<br />

drogas, tráfico de armas, trata de personas…; y la<br />

violencia contra las mujeres quedó plasmada en<br />

la Sentencia Campo Algodonero Contra México,<br />

junto a la crueldad e ignominia que se ha desatado<br />

contra las corrientes migratorias, no solamente en<br />

EEUU, sino también en nuestros países de América<br />

Latina y el Caribe. Hay que revisar la política<br />

migratoria en varios países de la región. Aquí hay<br />

gente que falta porque no tenemos las visas de entrada<br />

para los colegas haitianos.<br />

Y luego, la mala noticia en este período es el<br />

golpe de Estado en Honduras. Nos afectó a todos.<br />

Nos afectó a los derechos humanos, el desarrollo<br />

de la democracia y la configuración de la nueva<br />

política en América, donde se decía que los militares<br />

ya no “gerenciaban” el poder político. Pero<br />

hay que estudiar en profundidad el fenómeno de<br />

Honduras, donde las fuerzas armadas llevaron a<br />

cabo el golpe de Estado, sin duda, pero el poder civil<br />

tuvo que ver muchísimo en esta conflagración que<br />

afectó al Sistema Interamericano como tal.<br />

Pero la buena noticia es que la crisis y las<br />

políticas públicas se tratan en elecciones. Son hoy<br />

las elecciones, nos gusten o no nos gusten, la válvula<br />

de escape de las tensiones en América. Ahora,<br />

para muestra, tenemos un calendario electoral<br />

apretado hasta finales de año. Destaco las elecciones<br />

en Perú, Venezuela y Brasil.<br />

Sin duda, pues, si hay una mirada rápida a<br />

América Latina y el Caribe, el derecho a la educación<br />

en derechos humanos se mueve en este contexto,<br />

y los currículos los vemos alejados de este<br />

contexto extraordinario, crítico y desafiante.<br />

No hay duda de que los ciclos de pobreza e<br />

inequidad han atacado con inclemencia a la población<br />

joven y adolescente de la región, generando<br />

manifestaciones de violencia en ellos, tanto en<br />

el rol de víctimas como de victimarios. Ante esto,<br />

el enfoque oficial asumido ha sido el de represión<br />

y estigmatización de la violencia, generando los<br />

efectos adversos.<br />

Por esta razón, las grandes conquistas que<br />

pusieron fin a tantas generaciones de sufrimiento<br />

y catástrofes contra la humanidad no deben quedar<br />

como un pasaje histórico. Por el contrario, la<br />

lucha debe mantenerse vigente para validar los derechos<br />

que costaron sangre a cambio de dignidad.<br />

Dentro de este contexto, existe la convicción<br />

de que la educación en derechos humanos es la<br />

clave para desmontar la extrema pobreza y la desigualdad<br />

que conviven en la región, amparada<br />

por la responsabilidad de cumplimiento adquirida<br />

al constituirse en una obligación aceptada multi-<br />

-partitamente. Desde este punto de vista, la educación<br />

en derechos humanos es una de las más<br />

apremiantes y seguramente la primera tarea de<br />

nuestras democracias.<br />

283


Roberto Cuéllar<br />

Es por esto que una propuesta alternativa<br />

parte por reconocer el valor del proceso educativo<br />

como un instrumento de promoción de la paz y<br />

justicia desde los espacios primarios de socialización,<br />

es decir, la primera edad escolar. En esto consiste<br />

la educación en derechos humanos.<br />

Aproximación Conceptual a la EDH<br />

Muchas veces se habla sobre la EDH partiendo<br />

de una idea más bien intuitiva. No se trata<br />

de un error perceptible, puesto que precisamente<br />

todo el conocimiento humano se ha sustentado<br />

en un dialéctico ir y venir entre el terreno de la<br />

intuición y la indagación científica.<br />

Sin embargo, es importante precisar cuáles<br />

son los alcances y qué pretende la educación en<br />

derechos humanos, precisamente porque de tal<br />

respuesta dependen sus implicaciones jurídicas y<br />

políticas.<br />

La EDH debe ser entendida como un proceso<br />

de adquisición de determinados conocimientos,<br />

habilidades y valores necesarios para conocer,<br />

comprender, afirmar y reivindicar los propios derechos,<br />

sobre la base de las normas dispuestas en<br />

los distintos instrumentos internacionales en conexión<br />

con la normativa interna.<br />

Quienes encaminen este esfuerzo por la<br />

EDH, coincidirán necesariamente sobre la enorme<br />

ventaja operativa que ofrece este concepto. Al<br />

elaborar una construcción conceptual de la EDH,<br />

no se pretende generar abstracciones teóricas,<br />

sino brindar herramientas para la acción política<br />

y la transformación de la realidad a partir de los<br />

derechos humanos.<br />

Teniendo esto claro, quiero destacar los tres<br />

elementos centrales que integran tal definición, y<br />

que se pueden analizar desarticuladamente:<br />

1. Proceso de adquisición de determinados<br />

conocimientos, habilidades y valores<br />

Como puede advertirse, este elemento parte<br />

por reconocer que la EDH es un proceso, y por lo<br />

tanto, implica actividad, interacción, dinamismo<br />

dialéctico. Entendida como un proceso, es posible<br />

comprender que la EDH no pretende ser un resultado<br />

educativo, es decir, no se trata de una traslación<br />

mecánica de “conocimientos, habilidades y<br />

valores”, sino que es un libro abierto, un edificio<br />

en construcción, es vida humana objetiva, es cultura.<br />

Este punto marca una diferencia de visión<br />

y entendimiento entre la educación tradicional y<br />

la EDH, que se manifiesta incluso en el método<br />

educativo.<br />

284<br />

En tanto proceso, la EDH implica una interacción<br />

social horizontal, en la que la experiencia<br />

es una base fundamental del entendimiento, y la<br />

realidad posee un sentido de enseñanza. En este<br />

sentido, la observación de la vida de los pueblos<br />

americanos y caribeños debe dar paso a la reflexión<br />

escolarizada que estimule las acciones para la superación<br />

de las injusticias. Como proceso, pretende<br />

la generación de cambios en los pueblos y en las<br />

conciencias humanas, que permitan una transformación<br />

efectiva en las condiciones de vida.<br />

Esta definición no se agota en su carácter<br />

instrumental y procesal, sino que tiene un propósito<br />

estratégico: la adquisición de conocimientos,<br />

habilidades y valores. Se trata, por lo demás, de<br />

conceptos deliberadamente escogidos para el conocimiento<br />

y la capacidad de transformación de la<br />

realidad mediante el estímulo de las habilidades,<br />

y el establecimiento de los puntos centrales del<br />

marco de referencia, es decir, los valores a partir<br />

de los cuales entender la realidad, siempre dinámica<br />

y cambiante.<br />

No se trata, pues, de una educación pasiva,<br />

sino de una educación activa. No se trata tampoco<br />

de una educación estática en el tiempo, sino de<br />

una que es transtemporal. No se trata de una educación<br />

para un momento cualquiera, sino de una<br />

educación que dure toda la vida.<br />

2. …para conocer, comprender, afirmar y<br />

reivindicar los propios derechos…<br />

Este es el contenido básico de la EDH: “los<br />

propios derechos” no son entendidos como los derechos<br />

exclusivos de cada persona, en una concepción<br />

privatista o personalista de la realidad, sino<br />

en un sentido que pretende destacar, y rescatar,<br />

lo “humano irreductible”, como lo denominara el<br />

catedrático bilbaíno Xavier Etxeberria.<br />

Esta alusión a los “propios derechos” es, en<br />

síntesis, una referencia a los derechos humanos.<br />

La EDH tiene un sentido que justifica su existencia,<br />

la de permitir la realización de los cuatro<br />

verbos centrales referidos en la expresión bajo<br />

análisis: conocer, comprender, afirmar y reivindicar.<br />

Estos cuatro verbos, como se puede advertir,<br />

no son una yuxtaposición de elementos sino<br />

etapas del proceso educativo. “Conocer” implica<br />

saber sobre la existencia de los derechos humanos;<br />

“comprender” supone un proceso reflexivo<br />

profundo, basado en la posibilidad de cuestionar<br />

la realidad conforme al parámetro que ofrecen los<br />

derechos humanos. “Afirmar” es hacer visibles y<br />

presentes los derechos humanos. Ya no es sólo el<br />

punto de la reflexión, sino que supone abierta-


Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos – Educación en Derechos Humanos (San José, Costa Rica)<br />

mente una actitud proactiva frente a la realidad.<br />

Complementariamente, “reivindicar” supone el<br />

máximo punto de transformación de la realidad,<br />

en el sentido de hacer que los derechos sean respetados<br />

en aquellos lugares y momentos en los que<br />

son violentados.<br />

Como puede advertirse, la concepción y el<br />

alcance de la EDH demandan que el sujeto activo,<br />

la persona humana, la niñez, sea actor en el entorno<br />

social en que socializa y se educa.<br />

3. ...sobre la base de las normas dispuestas en<br />

los distintos instrumentos internacionales<br />

en conexión con la normativa interna<br />

Si bien el proceso implicado en la EDH busca<br />

convertir en realidad dinámica a los sistemas de<br />

derechos humanos, es preciso contestar una pregunta<br />

que opera como necesario punto de partida:<br />

¿A cuáles derechos humanos aludimos en la EDH?<br />

No se trata de lo que cada persona interprete por<br />

derechos humanos. Los derechos humanos a los<br />

que se refiere la EDH son los contenidos en el sistema<br />

normativo, bajo el recaudo o la precaución<br />

que impone el principio pro homine (pro persona<br />

humana), según el cual en caso de colisionar una<br />

norma interna y una internacional, deberá prevalecer<br />

aquella que brinda la mayor protección para<br />

la persona humana, sin importar su origen.<br />

De igual manera nos referimos a los derechos<br />

reconocidos por las diferentes fuentes del derecho<br />

internacional, como la costumbre, y particularmente,<br />

la jurisprudencia y los principios del<br />

derecho internacional imperativo, ius cogens.<br />

Si tal es el sentido de la EDH, debemos preguntarnos<br />

si entre ésta y la educación en general,<br />

existe alguna diferencia que obligue a brindarles<br />

tratamientos específicos o si, por el contrario, la<br />

relación es de complementariedad. Los tres instrumentos<br />

que aluden al derecho a la educación<br />

son coincidentes al destacar que la educación<br />

tendrá como fines: el pleno desarrollo de la personalidad<br />

humana y de su sentido de dignidad;<br />

fortalecer el respeto por los derechos humanos y<br />

las libertades fundamentales; favorecer la comprensión,<br />

la tolerancia y la amistad entre todas<br />

las naciones y todos los grupos raciales, étnicos o<br />

religiosos; y promover las actividades a favor del<br />

mantenimiento de la paz.<br />

En definitiva, las finalidades que se especifican<br />

para el derecho a la educación, incluyen<br />

aquellas de la Educación en Derechos Humanos,<br />

de manera que se puede afirmar que la EDH es<br />

un componente del derecho a la educación. Esto<br />

nos habilita para poder construir otra condición:<br />

reconocer que existe un derecho a la educación<br />

en derechos humanos. La EDH, en consecuencia,<br />

puede ser un componente curricular, y debe ser un<br />

componente curricular, pero no se agota en ser un<br />

contenido de los sistemas de educación formal que<br />

aplican los Estados. Trasciende una visión meramente<br />

didáctica para llegar a convertirse en pedagógica.<br />

Trasciende, en definitiva, un contenido para<br />

el conocimiento, para convertirse en un mecanismo<br />

de transformación de la realidad social.<br />

¿Para qué Educación en Derechos<br />

Humanos?<br />

Aunque hay otros fenómenos y causas que<br />

distorsionan la paz comunitaria y que agravan la<br />

desigualdad social en América y el Caribe, en varios<br />

países no habrá opción de rehabilitar el quebrantado<br />

tejido de convivencia y de armonía entre<br />

la juventud (especialmente en la edad entre <strong>10</strong><br />

y 14 años) y de reducir la creciente delincuencia<br />

juvenil, si no se implantan efectivamente planes<br />

nacionales de formación en derechos humanos en<br />

la esfera oficial y pública.<br />

Hay que introducir a la niñez en el ámbito<br />

conceptual de los derechos humanos y en las metodologías<br />

para respetarlos y para practicar la democracia<br />

en la escuela. Hay que forjar un espacio<br />

de crítica y transformación dentro de la escuela en<br />

procesos dirigidos al establecimiento de sociedades<br />

más justas, libres y solidarias. El magisterio<br />

es, sin duda, el canal humano de transmisión y<br />

de formación de valores en la escolarización de la<br />

doctrina de derechos humanos en América Latina<br />

y el Caribe.<br />

Así las cosas, el cumplimiento de los derechos<br />

a la educación y a la educación en derechos<br />

humanos es una tarea fundamental e ineludible<br />

en la democracia, de acuerdo con lo establecido en<br />

el Art. 13 del Protocolo Adicional a la Convención<br />

Americana sobre Derechos Humanos en materia<br />

de Derechos Económicos, Sociales y Culturales<br />

– Protocolo de San Salvador –. Es pues, la efectividad<br />

de los derechos a la educación y a la educación<br />

en derechos humanos, la condición para<br />

el ejercicio de los demás derechos humanos. Por<br />

tanto, se debe asegurar mediante la formulación y<br />

ejecución de una política pública que contemple,<br />

entre otros aspectos, una inversión sostenida que<br />

garantice una educación de calidad para todas y<br />

todos por igual, el cambio curricular y de manera<br />

reiterada, la democracia en el ámbito escolar.<br />

Esto, debido a que la existencia real de la<br />

democracia y el respeto a efectivo a los derechos<br />

humanos van más allá de las normas, procedi-<br />

285


Roberto Cuéllar<br />

mientos e instituciones. Requieren de una base<br />

cultural que permita trasladar a la cotidianeidad<br />

la práctica de tales principios de convivencia. El<br />

ejercicio de la democracia no puede limitarse a rituales<br />

procedimentales, sino que necesita de un<br />

involucramiento activo, responsable y permanente<br />

en los asuntos públicos.<br />

Desde luego, este proceso no se produce de<br />

manera espontánea o casual, sino que requiere de<br />

acciones concretas enmarcadas en procesos intencionados,<br />

sistemáticos y de largo plazo.<br />

Desde el punto de vista de las obligaciones<br />

del Estado, hablamos, entre otras cosas, de una<br />

propuesta educativa formal que incorpore contenidos<br />

relacionados con el conocimiento teórico<br />

inspirado en valores y actitudes democráticas,<br />

tendientes al desarrollo de habilidades y destrezas<br />

que permitan el tránsito hacia el ejercicio de una<br />

ciudadanía plena, comprometida, que convierte a<br />

los derechos humanos en el sustrato ético de la<br />

interacción social.<br />

La EDH Como Fuerza de Transformación<br />

y Exigibilidad en el Derecho a la<br />

Educación<br />

Los elementos descritos en el análisis conceptual<br />

de la educación en derechos humanos generan<br />

múltiples consecuencias. Sin duda alguna<br />

la más importante de todas, parte por reconocer<br />

que la EDH es una plataforma política que se hace<br />

desde el ámbito educativo.<br />

Al indicar que la EDH es una plataforma<br />

política, debo remontarme a la idea de los orígenes<br />

etimológicos de la palabra “política”. Platón<br />

lo dijo así: “lo que quieras para la ciudad, ponlo<br />

en la educación”. No es extraño que la alusión a<br />

la política mueva la atención hacia el concepto de<br />

ciudadanía, que no es más que el vínculo jurídico<br />

que permite la participación formal de una persona<br />

en las decisiones generales y públicas de su comunidad.<br />

Toda forma de participación ciudadana<br />

es, por antonomasia, política.<br />

Si la EDH busca que los seres humanos puedan<br />

conocer, comprender, afirmar y reivindicar<br />

sus derechos humanos, en consecuencia, la relación<br />

entre el Estado y sus ciudadanos cambiará severamente<br />

en la medida en que la población tenga<br />

no sólo mejores y mayores niveles de conocimiento<br />

sobre sus derechos sino que, pueda analizar su<br />

realidad en función del cumplimiento y respeto<br />

de los mismos y exigir su observancia plena. De<br />

esta manera, la EDH procura y estimula un tipo<br />

286<br />

diferente de ciudadanía, y esto genera un tipo diferente<br />

de relación Estado-persona.<br />

Ésa es la dimensión política de la EDH. Por<br />

eso es que la EDH es, en función de su contenido<br />

y finalidades, una plataforma política, un escenario<br />

que al incidir en la persona humana, permite<br />

reconfigurar al Estado. Y lo interesante de la EDH<br />

es que esa plataforma se construye, crea e implementa<br />

desde los espacios educativos, principalmente<br />

desde las aulas educativas, pero que ocupa<br />

inevitablemente otros espacios, como la educación<br />

informal y la educación no formal.<br />

Principios de la Educación en Derechos<br />

Humanos<br />

Una vez analizados los componentes articuladores<br />

del concepto integral de “educación en<br />

derechos humanos”, nos queremos referir a tres<br />

principios epistemológicos de la educación en derechos<br />

humanos que facilitan el abordaje metodológico<br />

y la efectividad pragmática de este tema.<br />

En primer lugar, no debe perderse de vista<br />

que el derecho a la educación en derechos humanos<br />

no está separado del contexto o la realidad. Por<br />

el contrario, el derecho a la educación en derechos<br />

humanos se retroalimenta de la realidad. De esta<br />

forma, los fenómenos, procesos, acontecimientos<br />

e historias de la realidad son los que determinarán<br />

la construcción del currículum educativo para que<br />

la educación en derechos humanos deje de ser una<br />

utopía y se ajuste a las necesidades reales de las<br />

sociedades.<br />

Por otro lado, la educación en derechos humanos<br />

no debe perder su naturaleza intencional,<br />

es decir, su motivación intrínseca para modificar<br />

actitudes y comportamientos en la dirección de<br />

la cultura en derechos humanos. Esta transformación<br />

es moral, política, solidaria y cultural.<br />

Se dice que la educación en derechos humanos<br />

es intencional, porque orienta un aprendizaje<br />

coherente con la realidad. La pedagogía se orienta<br />

al cambio mismo de esa realidad con enfoque en<br />

en derechos humanos, es decir, incluyendo la justicia,<br />

la libertad y la igualdad en esa transformación<br />

social. Esta intencionalidad no es utópica ni relativa.<br />

Se concreta en la legislación educativa, en el<br />

pensum de formación de maestros, en la formación<br />

magisterial, en el diseño de currículos mínimos<br />

de enseñanza y en el desarrollo de un sistema de<br />

enseñanza-aprendizaje inclusivo y participativo.<br />

Por último, los derechos humanos se materializan<br />

a través de los valores adoptados en la<br />

escuela. Sin embargo, en cada época y sociedad,


Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos – Educación en Derechos Humanos (San José, Costa Rica)<br />

estos valores han sido manifestados de forma distinta,<br />

y por lo tanto, son valores dialécticos y contradictorios.<br />

Este proceso dialéctico debe ser colocado,<br />

de alguna forma, en la práctica educativa.<br />

La EDH y el rol del IIDH<br />

La EDH es un mandato para el IIDH, no es<br />

una opción, sino lo que justifica su esencia, su existencia<br />

y su proyección hacia el futuro. Puedo indicar<br />

que en esta materia, el IIDH ha tenido un rol<br />

pionero, lo que nos permite, como en este momento,<br />

ofrecer este Curso Interdisciplinario focalizado<br />

sobre la situación de la EDH en las Américas.<br />

La EDH ha tenido varias transformaciones y<br />

en algunas el IIDH ha sido un actor protagónico.<br />

Desde una perspectiva histórica, la EDH aparece<br />

como una estrategia ingeniosa de la sociedad civil<br />

para realizar las transformaciones y cambios que<br />

generaron una conciencia más crítica y retadora<br />

frente a oprobiosas realidades que enfrentaron algunos<br />

de nuestros países en las dos décadas de<br />

final del siglo XX. La EDH era una forma política<br />

de colocar la agenda de derechos humanos en espacios<br />

estratégicos de movilización social, y nada<br />

más estratégico para un cambio y transformación<br />

política que los espacios educativos y, más concretamente,<br />

los espacios de la educación no formal y<br />

la informal.<br />

Las organizaciones sociales, en ese sentido,<br />

tienen el mérito de haber identificado y empleado<br />

la EDH como un punto central del avance de movimientos<br />

sociales en la lucha por la recuperación<br />

de la democracia.<br />

Con el tránsito hacia los modelos democráticos,<br />

la EDH logra alcanzar a otros actores y escenarios:<br />

los Estados y los espacios oficiales, es decir,<br />

los sistemas de educación formal. Así, la EDH<br />

dejó de ser, en ese momento, una herramienta exclusiva<br />

de la sociedad civil para ingresar al sistema<br />

oficial y posicionarse en la agenda política. Esto de<br />

por sí es un enorme progreso que no debe subestimarse.<br />

En efecto, si un tema no se posiciona en la<br />

agenda de un Estado, no avanzará con la celeridad<br />

con la que debe progresar la implantación del derecho<br />

social al que alude. Es así como la EDH pasó<br />

de ser un elemento de promoción de los derechos<br />

humanos y de la democracia, desde la sociedad<br />

civil, a ser un contenido de los programas nacionales<br />

en materia de educación formal.<br />

El IIDH ha realizado una importante contribución<br />

al sistema interamericano sobre la EDH:<br />

ha favorecido que se conciba como un derecho<br />

humano. Para el IIDH la EDH no es un contenido<br />

más del currículo. Es principalmente un derecho<br />

humano propio de la ciudadanía, de la persona<br />

humana, de la niñez y de los pueblos. Afortunadamente,<br />

en esta labor, el IIDH ha encontrado algún<br />

tipo de respaldo en la doctrina más depurada sobre<br />

el tema de EDH.<br />

Esta doctrina se nutre con los esfuerzos investigativos<br />

que ha encaminado el IIDH en este<br />

campo, la mayoría aplicados a nivel nacional o<br />

subregional. El resultado más importante en el<br />

Informe Interamericano de la Educación en Derechos<br />

Humanos, que hoy día es altamente reconocido<br />

por diversos organismos internacionales,<br />

instituciones nacionales y expertos en la materia.<br />

Se debe señalar, aunque sea de manera somera,<br />

la estructura y sentido de este esfuerzo investigativo.<br />

En términos generales, se puede decir<br />

que se han identificado cinco campos de análisis:<br />

• Incorporación de la educación en derechos<br />

humanos en la esfera normativa.<br />

• Incorporación de la educación en derechos<br />

humanos en la esfera curricular y en los<br />

libros de texto.<br />

• Incorporación de la educación en derechos<br />

humanos en la formación y capacitación<br />

de educadores.<br />

• Incorporación de la educación en derechos<br />

humanos en la planificación educativa a<br />

nivel nacional.<br />

• Incorporación de la educación en derechos<br />

humanos en los contenidos y espacios<br />

curriculares.<br />

Para cada uno de estos campos se aplican<br />

indicadores específicos que permiten identificar<br />

los principales aspectos determinantes del estado<br />

de situación. A cada uno de estos campos ha<br />

correspondido, de manera sucesiva, uno de los<br />

cinco informes desarrollados por el IIDH entre<br />

2001 y 2006.<br />

En vista de que el referente normativo del Informe<br />

es el Protocolo de San Salvador, las acciones<br />

se han concentrado en los 19 países firmantes de<br />

ese instrumento.<br />

Referente Empírico: Los Gobiernos<br />

Estudiantiles como un Espacio para<br />

Ejercer y Aprender Derechos Humanos<br />

en la Escuela 1<br />

Como parte de este esfuerzo investigativo<br />

que ha llevado a cabo el IIDH desde 2002, teniendo<br />

como encuadre normativo el Protocolo de San<br />

Salvador, surgió la inquietud de sondear, a través<br />

de variables e indicadores, los avances, estanca-<br />

287


Roberto Cuéllar<br />

mientos o retrocesos surgidos en la promoción de<br />

la Educación en Derechos Humanos, a partir de<br />

la suscripción del protocolo y hasta la actualidad.<br />

Se tomó como objeto de estudio el gobierno<br />

estudiantil, ya que tal tipo de programa escolar<br />

tiene valor educativo adicional al currículo.<br />

Además, desde una perspectiva de DDHH,<br />

es muy importante que un Estado legitime y promueva,<br />

a través de su ministerio de educación pública,<br />

el funcionamiento de este tipo de organización<br />

estudiantil. Primero, implica que ese Estado<br />

reconoce a los niños y niñas como sujetos de derechos,<br />

entre ellos, del derecho a la participación, y<br />

busca asegurarles su ejercicio en un espacio social<br />

donde transcurre gran parte de su vida. Segundo,<br />

implica que el sistema educativo valora esta experiencia<br />

escolar como medio para aprender principios<br />

y prácticas democráticas.<br />

La existencia de un programa de gobierno<br />

estudiantil es indicio significativo de la voluntad<br />

política de un Estado de educar a sus niños en sus<br />

derechos, en las instituciones y procedimientos de<br />

la democracia y en los conocimientos, valores, actitudes<br />

y competencias.<br />

En este sentido el gobierno estudiantil representa<br />

una oportunidad para que los alumnos de<br />

cualquier edad ejerzan sus derechos y su ciudadanía<br />

mientras aprenden sobre ellos. Cuando estas<br />

organizaciones existen, son parte del “currículo<br />

complementario”, formado por las actividades<br />

que la escuela tradicionalmente promueve en paralelo<br />

a las materias del plan de estudios. Y son<br />

parte, también, del poderoso “currículo oculto”.<br />

Esta no es la única manera en que la educación<br />

formal reconoce el derecho de participación<br />

y expresión de los niños, ni necesariamente<br />

la mejor. Pero es una muy pertinente, con gran<br />

potencial educativo y bastante extendida entre los<br />

países desarrollados de Occidente.<br />

El gobierno estudiantil tiene potencial democratizador,<br />

ciudadano y educativo. Activarlo depende<br />

de cómo se constituya, con los niños como<br />

auténticos actores y mediando procedimientos<br />

democráticos, y de sus atribuciones (deliberación<br />

de la comunidad estudiantil, integración con los<br />

otros estamentos de la comunidad educativa e involucramiento<br />

en las decisiones institucionales).<br />

De lo contrario es una ficción de participación.<br />

En todo caso, la investigación encaminada<br />

en este tema, arrojó como resultados que, aparte<br />

de su relevancia teórica y su potencial práctico formativo,<br />

el gobierno estudiantil está efectivamente<br />

extendido como forma organizativa del alumnado<br />

en los sistemas de educación pública de América<br />

288<br />

Latina y el Caribe. Está mayoritariamente reconocido<br />

en las normas oficiales, y fundamentado en<br />

valores y principios de derechos humanos y ciudadanía<br />

democrática. Además, de manera creciente<br />

aparece como un contenido de estudio dentro<br />

de los programas y, aunque en menor medida, desarrollado<br />

por los libros de texto.<br />

A partir de los documentos analizados, el<br />

panorama es prometedor. Para conocer cuánto de<br />

su potencial se materializa, se debe observar la<br />

realidad cotidiana de las escuelas. Para esto, hace<br />

falta investigación local de campo. También queda<br />

camino por recorrer en el continente en cuanto a<br />

desarrollo de pedagogía y construcción de capacidades<br />

de organización, comunicación y acción<br />

estudiantil. En este sentido, estudiantes y educadores<br />

deben seguir trabajando para explotar sus<br />

posibilidades.<br />

Reflexiones Complementarias<br />

Quiero complementar esta intervención desarrollando<br />

tres líneas que motiven a la reflexión,<br />

sobre todo en torno a los desafíos de la educación<br />

en derechos humanos.<br />

La primera pregunta motivadora tiene que<br />

ver exactamente con eso: ¿Cuál es el desafío de la<br />

educación en derechos humanos, que se convierte<br />

además en su grandeza? ¿Cuál es el dilema de la<br />

educación en derechos humanos, como sistema y<br />

metodología?<br />

Según Freire, en su obra “Educación Liberadora”,<br />

la grandeza y desafío de la educación radica<br />

en la capacidad de la niñez y juventud de elegir y<br />

tomar decisiones frente a la vida, la realidad, los<br />

conflictos y la construcción de una visión de futuro,<br />

personal y grupal.<br />

Esta autonomía y capacidad de decisión es<br />

un rasgo inherente de la personalidad humana<br />

ante la resolución de conflictos y las tres tareas<br />

fundamentales de los derechos humanos:<br />

a) ¿Qué proteger?<br />

b) ¿Qué promover?<br />

c) ¿A quién priorizar y defender?<br />

Se trata de fomentar una pedagogía de decisión,<br />

de elección, de toma de opción de vida. El<br />

debate surge a partir de las inconsistencias de esos<br />

momentos educativos y cómo se practican en los<br />

programas escolares.<br />

Dos más dos son cuatro, pero dos derechos<br />

conculcados en contradicción por una situación<br />

específica, pueden resolverse con más de cuatro<br />

opciones o a través de una sola vía sin restarle<br />

nada a la reclamación. Es en esos instantes, en


Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos – Educación en Derechos Humanos (San José, Costa Rica)<br />

esos momentos educativos en el más corto espacio<br />

del aula, que se acumula una gran abundancia<br />

de experiencias y conocimientos.<br />

En cualquier caso, la grandeza y el dilema de<br />

la educación en derechos humanos es la capacidad<br />

de elegir entre valores en contradicción, de resolver<br />

conflictos, y de crear un proyecto de vida a<br />

futuro integral.<br />

Como decía el reconocido literato Saramago,<br />

él había sido afortunado ya que si hubiera muerto<br />

a los 60 años, no hubiera tenido la dicha de ser<br />

escritor. Vivió hasta los 96. En la misma línea, un<br />

amigo nuestro centroamericano, con más de 40<br />

años montó su propia agencia de comunicación y<br />

relaciones públicas. Hasta aquí esta crónica no es<br />

atípica, más allá del reconocimiento del espíritu<br />

emprendedor de un hombre en edad adulta. Lo atípico<br />

del relato surge al añadir, que nuestro amigo es<br />

no vidente. Todos podemos imaginar las vicisitudes<br />

y dificultades que debe enfrentar para gestionar<br />

por cuenta propia la imagen pública de múltiples<br />

empresas privadas. Lo que quiero decir es que los<br />

obstáculos son retos, porque la vida es enorme.<br />

El segundo punto de reflexión tiene que ver<br />

con reconocer que, además de la libertad de cátedra,<br />

la libertad de la educación y el reconocimiento<br />

cultural de los pueblos, la realidad virtual es hoy<br />

un hecho cultural contundente. Desde la niñez se<br />

participa libremente en la informática, y la interactividad<br />

ha sustituida a la comunicación verbal.<br />

En este sentido, se debe asumir la realidad virtual<br />

como un hecho educativo, que posee, además, un<br />

carácter más global que cualquier otro en nuestra<br />

era, con el inconveniente de que la realidad virtual<br />

es una realidad que no lo es.<br />

Hace cuatro años una niña japonesa se suicidó<br />

porque su “tamagotchi” murió virtualmente;<br />

el juego electrónico “Los Sims”, que representa<br />

una familia virtual, fue el más vendido al final de<br />

la década pasada, y el también juego electrónico<br />

“Second Life” ofrecía a los niños y niñas que lo jugaban<br />

posibilidades de consumo que una familia<br />

promedio jamás podría costear.<br />

La pregunta tiene que ver con qué tipo de<br />

metodologías se deben implementar para orientar<br />

este fenómeno hacia un proceso formativo. Específicamente,<br />

¿cómo hacer de la informática y la<br />

realidad virtual, una herramienta útil que genere<br />

resultados positivos? La respuesta que aquí propongo<br />

es la educación en derechos humanos, concretamente<br />

como una alternativa para contener la<br />

ansiedad, las expectativas imaginarias, los impulsos<br />

suicidas, la frustración, los fracasos virtuales<br />

y los conflictos cotidianos que enfrentan nuestra<br />

niñez y juventud en la actualidad.<br />

Ahora, cabe preguntarse, ¿cuál es el límite<br />

o la justa medida de la intervención? ¿Se trata de<br />

ofrecer un acompañamiento a los padres y tutores?<br />

¿Cómo se puede incluir a las familias más<br />

relegadas? La respuesta desde la educación en derechos<br />

humanos parece ser la de ayudar a los actores<br />

sociales a diferenciar entre el juego y la vida.<br />

Antaño, toda esta realidad virtual no trascendía<br />

el plano de la imaginación. Hoy es un escenario<br />

real. Como decía Joaquín Samayoa, “la<br />

internet es impetuosa y seductora. Hay cabida<br />

para todo: comunicación en tiempo real, imagen,<br />

sonido y acceso tanto a las más admirables manifestaciones<br />

del intelecto, como a las más patéticas<br />

muestras de decadencia de los valores”.<br />

Algo semejante ocurre con la educación en derechos<br />

humanos.<br />

La educación en derechos humanos permite<br />

educar en el presente con miras al futuro. El<br />

sistema educativo debe dar prioridad al desarrollo<br />

del estudio y reflexión de los deberes, derechos,<br />

obligaciones, virtudes del trabajo de la niñez y<br />

adolescencia. Se debe dar prioridad al desarrollo<br />

de capacidades críticas para que niños, niñas y<br />

adolescentes aprendan a discernir el valor y la<br />

veracidad de toda la información a la que se ven<br />

sometidos en sociedades que son contradictorias.<br />

Solo si esta población tiene una sólida matriz formativa,<br />

que le permita razonar y cuestionarse la<br />

realidad que se les presenta ante sus ojos, podrán<br />

aprovechar el mundo de posibilidades que permite<br />

la internet y los avances tecnológicos.<br />

Como sabiamente lo dijo el Presidente uruguayo<br />

José Mujica en un discurso, “es como una<br />

carrera en dos pistas: allá arriba en el mundo, el<br />

océano de la información Acá abajo, preparándonos<br />

para la navegación trasatlántica”.<br />

El último punto de reflexión tiene que ver<br />

con lograr metas en educación en derechos humanos.<br />

No es fácil. El Pacto Interamericano en<br />

Derechos Humanos (al cual nos referiremos con<br />

más detalle posteriormente) modestia y orgullo<br />

del IIDH, es eso. Los curadores artísticos, esos<br />

extraños personajes que resguardan el valor de<br />

las pinturas, cuentan que los artistas, algunos<br />

de ellos muy famosos, nunca llegan de forma directa<br />

al cuadro final. A través de métodos de investigación<br />

y tecnología ultravioleta, han logrado<br />

descubrir los trazos ocultos de los más grandes<br />

pintores. Debajo de los trazos hay bocetos, errores<br />

y borrones. A través de pequeños cambios se<br />

va perfilando y pariendo la obra.<br />

289


Roberto Cuéllar<br />

De la misma forma, en este afán, el IIDH<br />

nunca se propuso metas grandilocuentes o retóricas.<br />

Desde 2002 decidió empezar a actuar. Nunca<br />

se planteó alcanzar la calidad total de la educación<br />

en derechos humanos. La estrategia fue recuperar<br />

todos los logros dispersos y fragmentados en toda<br />

la región y del propio instituto y de ministerios<br />

con un sistema de investigación aplicada al progreso<br />

de la educación en derechos humanos como<br />

derecho. También nos propusimos abordar la edad<br />

escolar de los <strong>10</strong> a los 14 años de edad. Esta meta<br />

no es lejana, porque las metas lejanas provocan<br />

desánimo y falta de recursos, sin descuidar otras<br />

edades escolares.<br />

Por medio de los informes anuales descubrimos<br />

lo que podemos hacer si vamos paso por paso.<br />

Hoy, los resultados son múltiples y sustanciosos,<br />

cristalizados en la aprobación en la asamblea<br />

de la OEA y la firma del Pacto Interamericano<br />

en Educación en Derechos Humanos.<br />

Así, el Pacto Interamericano en Educación<br />

en Derechos Humanos viene a ser el eje articulador<br />

de los esfuerzos inclusivos y las gestiones<br />

legales que apoyan a los ministerios de educación<br />

de la región y a las instituciones encargadas de<br />

impartir educación para el efectivo cumplimiento<br />

del derecho a la educación y de la educación<br />

en derechos humanos. No se trata solamente de<br />

lograr un cumplimiento generalizado, sino por el<br />

contrario, se busca que dicho cumplimiento sea<br />

asegurado a largo plazo.<br />

Es por ende, un plan de trabajo que permitirá,<br />

por un lado, profundizar los avances en el campo<br />

de la educación en derechos humanos en los países<br />

que lo impulsan y decididamente lo apoyan,<br />

y por el otro, que se constituya un eje único para<br />

estimular mayores progresos en esta materia en<br />

América Latina y el Caribe, mediante la difusión<br />

de esta experiencia realizada conjuntamente con<br />

la asesoría técnica del IIDH.<br />

El Pacto no es una propuesta sin sustento o de<br />

invención vacía. Se trata de fortalecer y potenciar<br />

los acuerdos ministeriales que el IIDH ha facilitado<br />

para el cumplimiento de las obligaciones estatales e<br />

internacionales en materia de derechos humanos.<br />

Es un acuerdo de voluntades de vanguardia que<br />

existe en otras latitudes del mundo y que forma<br />

parte de la comunidad interamericana de derechos<br />

humanos aprobado por la Asamblea General de la<br />

OEA en Lima, Perú, en junio de 20<strong>10</strong>.<br />

Es evidente que no se trata de una promesa<br />

o demagogia, sino de realidades en el marco curricular,<br />

en el sistema de informes de progreso y en<br />

el pensum para la formación magisterial en dere-<br />

290<br />

chos humanos para la edad escolar entre los <strong>10</strong> y<br />

14 años, que tiene su antecedente en el mandato<br />

institucional de apoyar al Sistema Interamericano<br />

en materia de promoción, investigación y educación<br />

en derechos humanos.<br />

A través de esta estrategia, el IIDH espera que<br />

el Pacto forje el desarrollo de un modelo de incidencia<br />

jurídica, política y pedagógica que fortalezca la<br />

vigencia efectiva del derecho a la educación y a la<br />

educación en derechos humanos, de acuerdo a lo<br />

establecido por el Protocolo de San Salvador.<br />

Ejes fundamentales del Pacto Interamericano:<br />

1. Reconocimiento legal del derecho a la<br />

educación en derechos humanos<br />

Mediante la suscripción y ratificación de<br />

los instrumentos internacionales, su inclusión<br />

expresa en la constitución política y las leyes de<br />

cada país y el desarrollo de la normativa nacional,<br />

el IIDH se propone impulsar los desarrollos<br />

jurídicos indispensables para garantizar la plena<br />

vigencia del derecho a la educación en derechos<br />

humanos, refiriéndonos al centro escolar, el reconocimiento<br />

legal y la protección de los derechos<br />

tiene una manifestación y realización que debe<br />

evidenciarse y ser objeto de atención desde las autoridades<br />

públicas.<br />

2. Desarrollo de políticas públicas educativas<br />

Se debe garantizar que todos los niños, niñas<br />

y jóvenes en edad escolar reciban una educación<br />

de calidad que contemple los derechos humanos<br />

como contenido y práctica centrales.<br />

En este sentido, es necesario lograr mayores<br />

y mejores avances en los aspectos de infraestructura<br />

y dotación de recursos. Estos deben ser enfatizados<br />

especialmente en los centros educativos<br />

ubicados en las zonas tradicionalmente relegadas<br />

del desarrollo económico y social, como las comunidades<br />

indígenas y afro descendientes o los sectores<br />

urbano-marginales.<br />

3. Fortalecimiento de las condiciones y<br />

recursos pedagógicos del sistema educativo<br />

para la educación en derechos<br />

humanos<br />

Una educación integral en derechos humanos<br />

exige condiciones de distinta índole. Entre<br />

ellas, se cuentan el diseño e implementación de<br />

un modelo metodológico inspirado en sus principios<br />

y valores, que se acompañe con el desarrollo


Introducción al XXVIII Curso Interdisciplinario en Derechos Humanos – Educación en Derechos Humanos (San José, Costa Rica)<br />

y fortalecimiento de capacidades teórico conceptuales<br />

y metodológicas en los y las docentes; un<br />

conjunto de herramientas pedagógicas y didácticas<br />

indispensables para la labor educativa; y, la<br />

apertura de espacios para la participación política<br />

del estudiantado, junto con el desarrollo de capacidades<br />

para su debido aprovechamiento.<br />

Como resultado de estos tres ejes se busca<br />

erradicar la percepción tradicional que clasifica el<br />

enfoque de derechos en la escuela como un mal<br />

negocio, y convencer con fundamento a nuestra<br />

juventud de luchar por el goce pleno de los derechos<br />

humanos. Esto permitirá sumar currículo<br />

y habilidades pedagógicas a favor de la defensa<br />

de la dignidad humana ante fenómenos como la<br />

violencia e inseguridad social; a favor del progreso<br />

y del avance de nuestra sociedad latina y caribeña<br />

de las Américas para el logro de mayores niveles<br />

de competitividad, prosperidad, entendimiento y<br />

comprensión del valor de la convivencia y de la paz.<br />

Conclusiones<br />

La educación es la primera y más urgente<br />

tarea de las democracias. La historia reciente<br />

muestra, sin espacio a dudas, que la democracia<br />

no se construye únicamente sobre normas e instituciones<br />

sino también –y especialmente– sobre<br />

prácticas. Esas prácticas no surgen por generación<br />

espontánea sino a través de esfuerzos educativos<br />

sistemáticos e intencionados, que respondan a estrategias<br />

globales basadas en el acuerdo y aspiraciones<br />

de cada sociedad y en consonancia con los<br />

compromisos internacionales que en esta materia<br />

los Estados han suscrito y han aceptado de buena<br />

fe y que responden a un consenso universal.<br />

La construcción de sociedades más justas, libres<br />

y solidarias no presenta caminos alternos; es<br />

sólo en el entorno democrático y respetuoso de los<br />

derechos humanos donde esas aspiraciones pueden<br />

hacerse realidad. Las carencias y dificultades que<br />

hay que enfrentar para el logro de esos propósitos,<br />

se solucionan con más democracia y con mayor nivel<br />

de respeto y mejor protección de los derechos<br />

humanos. Por ello, no puede postergarse por más<br />

tiempo la labor educativa que permite a las personas<br />

el desarrollo de capacidades y destrezas para<br />

convivir, de manera pacífica y productiva, entendiendo<br />

que la suerte de los demás es también la<br />

propia y que el respeto de los propios derechos no<br />

es posible si los de los demás son menoscabados.<br />

En los poderes legislativos debe de comprenderse<br />

toda la importancia que tiene legislar para<br />

educar en derechos humanos a la niñez en todas<br />

las dimensiones de la realidad, sobre todo en la<br />

práctica de la justicia y de la igualdad, y en la participación<br />

abierta y sin miedo a expresar sus ideas<br />

en grupos y partidos políticos.<br />

Pero debe comprenderse, lo dijo Mujica en<br />

su discurso, eliminando toda la “retórica de la<br />

educación”, y decidiendo hacer los sacrificios que<br />

implican lanzar un esfuerzo educativo y sostenerlo<br />

en el tiempo. Se sabe que “las inversiones en<br />

educación son de rendimiento lento, no le lucen a<br />

ningún gobierno, movilizan resistencias y obligan<br />

a postergar otras demandas”, afirmó Mujica, pero<br />

hay que hacerlas. De lo contrario, habremos perdido<br />

la batalla por asegurar la democracia del siglo<br />

XXI en las Américas.<br />

En fin, la educación en derechos humanos,<br />

cuya atención suele diferirse bajo visiones de muy<br />

corto plazo, es claramente la mejor y más segura<br />

inversión de las sociedades democráticas. Por ello,<br />

la agenda política y el abordaje técnico pedagógico<br />

deben alinearse a lo dispuesto en los instrumentos<br />

internacionales y la misma legislación interna, en<br />

cuya coincidencia de principios se manifiestan las<br />

más legítimas aspiraciones de nuestros pueblos.<br />

(Agosto, 20<strong>10</strong>)<br />

291


Roberto Cuéllar<br />

1. Información tomada de Rodino, Ana María.<br />

Un espacio para ejercer y aprender derechos<br />

humanos en la escuela. Avances en el reco-<br />

292<br />

NOTAS<br />

nocimiento y práctica del gobierno estudiantil<br />

en los sistemas educativos de América Latina.<br />

Texto inédito.


LOS FLUJOS MIGRATORIOS DEL SUR HACIA ESTADOS<br />

UNIDOS Y MÉXICO Y LOS DERECHOS HUMANOS<br />

DE LOS MIGRANTES<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Rodolfo Casillas R.<br />

Profesor e investigador de la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso), sede académica de México;<br />

desde enero de 1991; ex Secretario Académico de la misma Facultad del 1 de octubre de 2002<br />

al 15 de agosto de 2004; ex investigador de El Colegio de México y asesor de El Colegio de la Frontera Norte<br />

para el estudio sociográfico de las preferencias religiosas en el norte del país.<br />

Al inicio del presente siglo, conservadoramente,<br />

poco más de 175 millones de personas vivían<br />

en un país distinto al de origen, lo que equivale<br />

a toda la población de México, buena parte de<br />

Centroamérica, y algo más de la región andina. Es<br />

decir, un 3% de la población mundial, según el International<br />

Migration Report 2002 producido por<br />

la División de Población de las Naciones Unidas.<br />

Entre 1990 y el 2000, el número de migrantes en<br />

el mundo aumentó en 21 millones. Sólo en Estados<br />

Unidos y Canadá se registró en este lapso un<br />

incremento de 13 millones (48%). Desde la óptica<br />

de los principales países de destino, en Estados<br />

Unidos se concentra el mayor número de migrantes<br />

internacionales, con 35 millones. Esta cifra<br />

ayuda a entender por qué ese país en particular<br />

tiene políticas migratorias altamente selectivas,<br />

tanto para el otorgamiento de visas para el ingreso<br />

como para la obtención de la ciudadanía, máxime<br />

si le preocupa la incursión en su territorio de un<br />

probable terrorista.<br />

Es sabido que la ausencia de empleo o la diferencia<br />

de salarios son razones de gran peso en la<br />

emigración económica internacional. Los gobiernos<br />

de los países receptores intentan administrar<br />

el ingreso mediante políticas restrictivas que no<br />

necesariamente se guían por la relación oferta-<br />

-demanda de los mercados. En Estados Unidos,<br />

por ejemplo, el marco legal es muy exigente para<br />

el otorgamiento de visas en general y las laborales<br />

se asignan por cuotas cuyo número es inferior al<br />

número de trabajadores que requieren sus distintos<br />

sectores. La conjugación de criterios de selección<br />

obliga a que en su mayoría los inmigrantes<br />

económicos ingresen indocumentados. Es aquí,<br />

entonces, que el grueso de inmigrantes a Estados<br />

Unidos sean indocumentados. Es decir, migrantes<br />

con mayor grado de vulnerabilidad, tanto en<br />

la migración como en la estadía en territorio estadounidense.<br />

Como consecuencia de los actos terroristas<br />

del 2001 en Estados Unidos, y luego en 2005 en<br />

España, los países desarrollados han impuesto<br />

políticas aún más restrictivas al ingreso de inmigrantes<br />

económicos, refugiados y personas en<br />

busca de asilo. En el proceso de expansión de la<br />

Unión Europea de los 15, a la Unión Europea de<br />

los 25, la inmigración es uno de los principales temas<br />

de preocupación para los estados miembro. A<br />

un flujo creciente de migrantes responde un contraflujo<br />

creciente de restricciones a la migración.<br />

En América, Estados Unidos es el principal<br />

polo de atracción. México es el principal oferente<br />

de mano de obra indocumentada, seguido por<br />

Centroamérica. En los últimos años, no obstante la<br />

mayor seguridad limítrofe de Estados Unidos en su<br />

frontera sur, se estima que poco más de 400 mexicanos<br />

logran ingresar y quedarse en EU, cada año.<br />

Según la Organización Internacional para las Migraciones<br />

(oim), para 2002 ocho de cada diez de los<br />

indocumentados en ese país son latinoamericanos.<br />

Los principales afectados por la política migratoria<br />

altamente selectiva de Estados Unidos<br />

son los nacionales de México, Guatemala, El Salvador,<br />

Honduras y Nicaragua, principalmente.<br />

Desde la perspectiva de los derechos humanos,<br />

serán estas nacionalidades las más expuestas a la<br />

violación de sus derechos y, dentro de ellos, las<br />

mujeres, niños, niñas y adolescentes. En el caso<br />

de los centroamericanos las políticas estadounidenses<br />

de los años 80 del siglo xx permitieron<br />

cierta emigración del Istmo por consideraciones<br />

293


Rodolfo Casillas R<br />

políticas, al igual que con Haití y como ocurre<br />

con Cuba.<br />

En el 2002, según el censo de población,<br />

residían en Estados Unidos poco más de 17<br />

millones de personas nacidas en América Latina;<br />

57% mexicanos (9.8 millones). En orden de<br />

importancia numérica le sigue Cuba con 887<br />

mil inmigrantes y después El Salvador, República<br />

Dominicana, Jamaica, Colombia y Guatemala.<br />

En México, la población indocumentada es,<br />

abrumadoramente, centroamericana, misma que<br />

engrosa preferentemente el flujo transmigratorio<br />

con destino a Estados Unidos. En este texto, en<br />

consecuencia, se presenta una panorámica de los<br />

flujos migratorios que ocurren en esos dos países<br />

del norte continental y la situación de los derechos<br />

humanos de los migrantes.<br />

Los mexicanos en Estados Unidos<br />

En la regulación de los movimientos migratorios<br />

hacia y dentro de su territorio, Estados<br />

Unidos procede con criterios estrictamente unilaterales,<br />

con fundamento formal en la soberanía<br />

nacional. 1 Un antecedente importante en la migración<br />

mexicana a Estados Unidos es el Programa<br />

Bracero (1942-1964) que, se estima, involucró<br />

a 4.5 millones de trabajadores mexicanos en poco<br />

más de un decenio de existencia del programa. El<br />

proceso migratorio siguió y sigue de manera creciente,<br />

sin programa alguno. En los años 70 del<br />

siglo xx la emigración mexicana cobra un nuevo<br />

impulso a raíz de la crisis del modelo de desarrollo,<br />

llegando al presente a volúmenes de 400 mil migrantes<br />

que cada año se quedan de manera duradera<br />

en Estados Unidos.<br />

En los años 80 Estados Unidos intentó nuevamente<br />

controlar la migración indocumentada.<br />

Para ello legisló una ley, la irca (por sus siglas en<br />

inglés) que, entre otras medidas, legalizó la estadía<br />

de 2.7 millones de indocumentados, la mayor<br />

parte de ellos mexicanos (74%). Un efecto no previsto<br />

en la ley fue un cambio importante de la circularidad<br />

de la migración a la permanencia, y luego<br />

a ésta le siguieron más y nuevos flujos que, con<br />

las razones económicas mexicanas antes mencionadas,<br />

redundaron en un engrosamiento del flujo<br />

migratorio. De ahí que sectores importantes de<br />

Estados Unidos se opongan desde ese entonces a<br />

nuevas leyes que, en lugar de disminuir, alienten<br />

más a la migración. Por tanto, al sentir los primeros<br />

resultados en contrario a lo esperado, Estados<br />

Unidos inició en los 90 una nueva estrategia de<br />

contención, la cual se prolongaría a lo largo de ese<br />

decenio con las siguientes medidas: entre 1991 y<br />

294<br />

1993 se levanta una cerca en California, por el<br />

rumbo colindante con la ciudad de Tijuana; en<br />

1993 se aplican las operaciones Blockade y Hold<br />

the Line; en 1994 se aplica la Operación Gatekeeper;<br />

en 1995 la Operación Safeguard; en 1997 la<br />

Operación Río Grande. El resultado es que se incrementa<br />

número de deportaciones de mexicanos,<br />

aunque no se contuvo el flujo migratorio.<br />

La ley migratoria vigente, de 1996 (conocida<br />

como iirira por sus siglas en inglés), buscó el<br />

efecto contrario a la de 1986, pues planteaba un<br />

conjunto de disposiciones legales que hacían más<br />

difícil y más restrictiva la inmigración económica,<br />

y descartaba cualquier proceso de regularización<br />

masiva. La promulgación de esta ley fue pronto<br />

seguida, a nivel estatal, por la Proposición 187 en<br />

California, que planteaba una serie de restricciones<br />

en el suministro de servicios sociales a los trabajadores<br />

indocumentados y sus familias. En fecha<br />

reciente, la Ley Arizona, de 20<strong>10</strong>, se inscribe<br />

en esta tendencia estatal y regional de limitación a<br />

la migración y los derechos de los migrantes.<br />

A poco más de 20 años de su promulgación,<br />

se puede decir que ni con la ley de 1986, ni con<br />

la ley de 1996, la más restrictiva de todas, se ha<br />

logrado disminuir el ritmo de la migración indocumentada<br />

hacia los Estados Unidos. Por el contrario,<br />

ésta ha crecido en forma aún más rápida<br />

a partir de ese último año citado. En 1990 había<br />

en Estados Unidos 3.5 millones de indocumentados<br />

y para 2000, 8.7 millones, un crecimiento<br />

del 148%. Para 2002, la cifra se elevó a los 9.3<br />

millones, es decir, se triplicó el flujo que existía al<br />

inicio de los 90.<br />

Como es sabido, el 11 de septiembre de 2001<br />

se efectuaron diversos ataques a edificaciones estratégicas<br />

de Estados Unidos. A consecuencia<br />

de ello, el gobierno federal potenció la tendencia<br />

restrictiva de la política migratoria estadounidense<br />

a niveles sin precedentes en la historia de ese<br />

país, por la reestructuración institucional, el incremento<br />

de personal involucrado en labores de<br />

control migratorio, el presupuesto creciente, la<br />

innovación tecnológica, entre otras, que afectan<br />

a migrantes por ingresar como aquellos que ya se<br />

encuentran dentro, sea de manera documentada o<br />

no. Algunos de los efectos son los siguientes:<br />

1. La lucha de EEUU contra el terrorismo<br />

domina la agenda estadounidense.<br />

2. Se busca establecer un perímetro de seguridad<br />

para América del Norte.<br />

3. Algunas medidas concretas son: a) Nueva<br />

ingeniería institucional que mejore las capacidades<br />

de seguridad (180 mil funciona-


Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y México y los Derechos Humanos de los Migrantes<br />

rios de 22 agencias; b) Nuevo esquema de<br />

control de fronteras, con énfasis en la sur;<br />

c) reación o fortalecimiento de alianzas<br />

contra el terrorismo; y d) Mejora de capacidades<br />

contraterroristas de países amigos<br />

y vecinos.<br />

Para el control de ingresos, estadía y de fronteras<br />

destacan las siguientes disposiciones legales:<br />

1. Acta Patriótica, 2001, triplica el personal<br />

de inspección migratoria, aduanas y patrulla<br />

fronteriza con México, incrementa<br />

presupuesto para equipamiento tecnológico<br />

y refuerza regulaciones para impedir el<br />

acceso de posibles terroristas;<br />

2. Acta sobre Ampliación de la Seguridad<br />

y Reforma de las Visas de entrada, 2002<br />

(EBSVERA);<br />

3. Programa Nacional de Seguridad Nacional<br />

de Registro de Entrada y Salida, 2002<br />

(NSEERS);<br />

4. Programa us -Visit, 2003 (Visitor & Inmigrant<br />

Status indicator Technology);<br />

5. Sevis, 2003 (Student & Exchange Visitor<br />

Information System);<br />

6. Alianza para la Seguridad y la Prosperidad<br />

de América del Norte, marzo, 2005 (aspan),<br />

de Canadá, EEUU y México;<br />

7. Programa bilateral México- EEUU para la<br />

Persecución de Traficantes de Migrantes<br />

(Programa oassis), agosto, 2005;<br />

8. Iniciativa de Fronteras Seguras, EEUU,<br />

noviembre, 2005, nuevo nivel de prioridad<br />

en el combate a la migración indocumentada;<br />

y<br />

9. The National Security Strategy of the<br />

USA, marzo de 2006.<br />

Entre 1993 y 2004 el gobierno de Estados<br />

Unidos quintuplicó el financiamiento destinado a<br />

seguridad fronteriza al pasar de 740 millones a 3.8<br />

mil millones de dólares. A pesar de este conjunto<br />

de disposiciones, la frontera sur de Estados Unidos<br />

sigue siendo porosa, como lo evidencia la cantidad<br />

de indocumentados que año tras año ingresan a ese<br />

país (sólo 400 mil mexicanos, por ejemplo); la orografía<br />

limítrofe en casi 3 mil kilómetros de frontera<br />

dificulta el pretendido control total.<br />

El flujo migratorio en la frontera México-Estados<br />

Unidos es el más voluminoso y problemático<br />

del hemisferio. De ahí que la mayor parte de los<br />

delitos asociados con la migración hemisférica estén<br />

asociados a los flujos indocumentados hacia<br />

Estados Unidos. Veamos algunos hechos concretos<br />

que ponen en riesgo los derechos de los migrantes.<br />

Existe un desfase entre las visas disponibles<br />

para ingreso legal y la demanda real de trabajadores<br />

extranjeros. Estados Unidos ofrece una<br />

gran variedad de visas que permiten la entrada de<br />

trabajadores extranjeros, pero muy pocas están<br />

destinadas a trabajadores de baja calificación. De<br />

los 16 visados de trabajo temporal sólo dos sirven<br />

para ocupaciones que no requieren capacitación<br />

formal, las visas H-2A para trabajadores agrícolas<br />

y H-2B para ocupaciones no-agrícolas. Las visas<br />

H-2B tenían un límite de 66 mil, aunque después<br />

de 2005 se duplicó el número de visas otorgadas a<br />

122 mil. En el 2006, la cifra bajó a 97 mil. Dado<br />

que la mayoría de los trabajadores indocumentados<br />

tienen como destino ocupaciones de baja calificación,<br />

la evolución de las admisiones de personas<br />

con visas H-2A y H-2B resulta insuficiente<br />

para la oferta de brazos existente y la oferta real. 2<br />

En Estados Unidos se criminaliza con frecuencia<br />

al migrante, no obstante que las cifras<br />

indican que los delitos cometidos por migrantes<br />

indocumentados no son causa importante de los<br />

delitos cometidos en la frontera ni en las comunidades<br />

receptoras. No son los inmigrantes quienes<br />

representan un riesgo a la seguridad, sino que son<br />

los traficantes de personas quienes realizan actividades<br />

criminales. Como se ha mostrado de manera<br />

reiterada, a mayores restricciones migratorias<br />

corresponde un incremento en el flujo de indocumentados<br />

y una mayor expansión de las redes de<br />

traficantes de personas. No hay evidencia sólida<br />

sobre la existencia de vínculo entre inmigrantes–<br />

documentados o no–y los niveles más altos de criminalidad<br />

en las localidades fronterizas.<br />

Otro efecto no previsto de las actuales disposiciones<br />

migratorias de Estados Unidos es que<br />

el incremento en la seguridad fronteriza ha implicado<br />

un aumento en el nivel de criminalidad en<br />

sectores vecinos limítrofes. Es probable que ello se<br />

deba a la mayor presencia de grupos criminales de<br />

traficantes de migrantes en la frontera, pues dada<br />

la creciente dificultad para cruzar, muchos migrantes<br />

indocumentados recurren a los traficantes<br />

para un cruce exitoso, después de verse obligados<br />

a transitar por las zonas más alejadas y menos vigiladas<br />

y más peligrosas.<br />

Lo cierto es que, dadas las restricciones migratorias,<br />

la mayoría de los actos ilícitos de los<br />

extranjeros en Estados Unidos consiste en los siguientes<br />

tipos de violación de leyes migratorias:<br />

entrar sin documentación o con documentación<br />

falsa o robada, o prolongar su estadía más allá de<br />

lo permitido por su visa. Empero no en perpetrar<br />

crímenes violentos distintos o ajenos a las disposiciones<br />

migratorias mencionadas.<br />

295


Rodolfo Casillas R<br />

Las medidas para incrementar la seguridad<br />

en la frontera sur de Estados Unidos han aumentado<br />

la sofisticación, fortaleza y costo de los servicios<br />

de los traficantes de personas. El tráfico de<br />

personas ha sido definido como la facilitación de<br />

la entrada ilegal de una persona en un Estado del<br />

cual dicha persona no sea nacional o residente<br />

permanente con el fin de obtener, directa o indirectamente,<br />

un beneficio financiero u otro beneficio<br />

de orden material. Ya es una vieja verdad que a<br />

mayores controles en la frontera corresponde una<br />

mayor sofisticación en las organizaciones de traficantes<br />

y en sus formas de operación. Una de las<br />

consecuencias de las medidas de control fronterizo<br />

realizadas a partir de la mitad de los noventa,<br />

ha sido la expansión del mercado demandante de<br />

traficantes de personas. Dado que las rutas de inmigración<br />

hacia Estados Unidos fueron conscientemente<br />

alteradas por las autoridades estadounidenses<br />

hacia zonas de mayor riesgo, el uso de los<br />

traficantes de personas se ha visto favorecido para<br />

evadir a la patrulla fronteriza y reducir el riesgo<br />

que representa cruzar por zonas peligrosas.<br />

El desvío de los flujos migratorios hacia zonas<br />

inhóspitas tiene diversas consecuencias. Veamos<br />

cuatro de ellas, de manera sintética, sólo para<br />

ilustrar los efectos nocivos de las políticas migratorias<br />

altamente selectivas. Una de ellas es la interrupción<br />

del carácter circular de los flujos a raíz<br />

del incremento en las dificultades para entrar y<br />

salir del país – los migrantes toman la decisión de<br />

quedarse en Estados Unidos y (hacer) traer a sus<br />

familias en vez de realizar ellos el viaje a México.<br />

Otra consecuencia es el incremento en el número<br />

de muertes en la frontera. Entre 1998 y 2005<br />

el total de muertes de migrantes en la frontera,<br />

según la Secretaría de Relaciones Exteriores (SRE)<br />

se acercó a los 4 mil. La cifra puede ser mayor<br />

si se considera que no todos los muertos son encontrados,<br />

al ser consumidos por los elementos y<br />

animales que habitan en el desierto. Wayne Cornelius<br />

señala que la frontera México-Estados Unidos<br />

ha sido <strong>10</strong> veces más mortífera en los últimos<br />

nueve años que el muro de Berlín durante sus 28<br />

años de existencia. Otra más es el importante incremento<br />

en el costo de los polleros. El ya citado<br />

Cornelius estima que los precios que cobran los<br />

polleros se han triplicado desde 1993. Asevera<br />

que antes de la implementación de la Operación<br />

Guardián, un coyote o pollero cobraba en promedio<br />

$143 dólares por cruzar a un migrante en la<br />

zona de San Diego/Tijuana. Para 1990 esta cifra<br />

había aumentado a $490 dólares. Para el 2001 los<br />

polleros que operaban en la zona de San Diego y<br />

El Centro llegaron a cobrar entre $1,200 y $1,500<br />

296<br />

dólares por persona. Para enero del 2006 las tarifas<br />

oscilaban entre los $2,000 y $3,000 dólares. Las<br />

tarifas suelen ser más altas cuando la migración<br />

implica recorrer grandes distancias. Migrantes indocumentados<br />

provenientes de la provincia de Fujian,<br />

China, llegan a pagar entre 30 mil y 40 mil<br />

dólares para ser llevados a América del Norte, Europa,<br />

o Japón. Un estudio de la OIT estima que el<br />

negocio de tráfico de personas genera anualmente<br />

entre 5 y <strong>10</strong> mil millones de dólares en ganancias<br />

en todo el mundo. La cuarta consecuencia es<br />

que se ahora se falsifican más documentos. Contar<br />

con un documento falso facilita la contratación<br />

en Estados Unidos. En la frontera México-<br />

-Estados Unidos, atracadores y carteristas saben<br />

que el robo y la venta de documentos robados en<br />

el mercado negro pueden ser menos arriesgados<br />

que hacer múltiples compras con una tarjeta de<br />

crédito robada. Inclusive hay casos de ciudadanos<br />

estadounidenses que venden sus documentos voluntariamente<br />

para obtener dinero, y lo hacen de<br />

manera reiterada. Los migrantes indocumentados<br />

recurren a esta adquisición fraudulenta porque<br />

para ellos cruzar con documentos falsos o de otra<br />

persona resulta menor riesgoso que cruzar por los<br />

lugares más inhóspitos.<br />

Los centroamericanos en México<br />

México comparte 193 kilómetros de su<br />

frontera sur con Belice y 956 con Guatemala.<br />

Los estados limítrofes de esta frontera de mil 149<br />

kilómetros son Chiapas, Tabasco, Campeche y<br />

Quintana Roo. Tres ríos marcan sus límites naturales:<br />

el Suchiate, el Usumacinta y el Hondo.<br />

La frontera que abarca el territorio de Quintana<br />

Roo es una zona montañosa de baja afluencia<br />

poblacional. La zona fronteriza en el estado de<br />

Campeche, dominada por la selva de El Petén, no<br />

presencia flujos importantes de migrantes. En la<br />

frontera entre Guatemala y Tabasco, en cambio,<br />

si bien es una zona de baja densidad poblacional<br />

y vías de comunicación del lado guatemalteco,<br />

en los últimos años se ha convertido en un corredor<br />

de entrada a México para migrantes centroamericanos<br />

que buscan cruzar por Tenosique<br />

en su camino hacia Estados Unidos. No obstante,<br />

históricamente hablando, el estado de Chiapas y<br />

en particular la ciudad de Tapachula han sido los<br />

lugares estratégicos para la migración centroamericana<br />

a México, tanto la documentada como indocumentada,<br />

sea con destino al área fronteriza o<br />

bien para dirigirse a Estados Unidos.<br />

La dinámica migratoria en la frontera sur de<br />

México es impresionante. Cambia y se innova sin<br />

parar, pero también hay procesos de larga duración


Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y México y los Derechos Humanos de los Migrantes<br />

que dejan huella duradera. Quienes hemos tenido<br />

la oportunidad de ir a ella desde hace lustros podemos<br />

dar cuenta de sus constantes cambios en el<br />

espacio físico y en su población nacional, nacionalizada<br />

o extranjera ahí avecindada, de paso temporal<br />

o fugaz, con documentos migratorios o sin<br />

ellos. Cambio y permanencia son dos constantes<br />

que socialmente generan lazos de colaboración<br />

y de tensión que se dan con cierta complejidad,<br />

y que resultan más complejos de explicar, sobre<br />

todo si tienen la particularidad de haber sido considerados<br />

en fechas recientes materia de interés<br />

público debido a peculiaridades propias, o bien a<br />

resultas de su incidencia con otros procesos sociales<br />

en curso.<br />

Hay permanencia de flujos migratorios centroamericanos<br />

en la frontera sur de México y hay<br />

cambios en la composición de los mismos; en la<br />

emergencia de nuevos flujos; en las actividades<br />

locales en que incursionan los migrantes internacionales<br />

que se desplazan en ese espacio regional;<br />

en las condiciones en que dichas incursiones<br />

ocurren; en la diversidad de agentes que intervienen<br />

en el traslado, gestión de estadía y usufructo<br />

de lo que los migrantes erogan al momento o<br />

en forma diferida, por voluntad o no, para llegar,<br />

quedarse y laborar. El espacio físico, siendo como<br />

es, cambia; la población, siendo como es, también<br />

cambia. Veámoslo con unos cuantos datos.<br />

La Dirección General de Servicios Migratorios<br />

del gobierno de México, antecedente del<br />

<strong>Instituto</strong> Nacional de Migración (INM), en 1985<br />

reportaba 4,452 expulsiones y devoluciones de extranjeros<br />

indocumentados sólo de su delegación<br />

en Tapachula; 66,737 para 1990 de esa localidad<br />

del total nacional de 126,440 eventos similares<br />

en el país. Ocurre un cambio muy importante a<br />

finales de los años 80 y se pronuncia la tendencia<br />

en los 90: crece en términos absolutos y relativos<br />

el volumen de migrantes indocumentados detenidos<br />

y enviados fuera del territorio mexicano, pero<br />

también crece en lo absoluto y lo relativo la cantidad<br />

de eventos realizados por la Delegación Regional<br />

de migración en Tapachula. Así, se “asegura”,<br />

como también se innova en el lenguaje oficial, a<br />

172.935 para el 2000 y para noviembre de 2004,<br />

la cantidad es de 185.868 eventos, cifra ya superior<br />

a la del registro del fin del siglo xx.<br />

Hace poco más de diez años se establecieron<br />

las zonas de tolerancia en Tapachula (que ya<br />

no existen) y otras localidades del entorno, que<br />

dieron vida legal a la prostitución, pero la concentraron<br />

en zonas presumiblemente lejanas del<br />

hábitat de las buenas conciencias y en sitios que<br />

entonces eran parte de la periferia de los núcleos<br />

urbanos. Con ello vino el auge de la construcción<br />

de los moteles de paso e infinidad de negocios que<br />

han hecho del consumo del alcohol y la venta de<br />

servicios sexuales, de manera abierta o disfrazada,<br />

su razón de ser, teniendo en mujeres centroamericanas,<br />

mayores y menores de edad, indocumentadas<br />

casi todas ellas, el grueso del personal<br />

que satisface la demanda de la concurrencia. Esta<br />

próspera labor comercial lleva a que, para el año<br />

2004, el registro oficial del municipio de Tapachula<br />

establezca la existencia de 1,552 expendios de<br />

bebidas alcohólicas, se reconozca un subregistro<br />

en la materia, así como la labor fuera del alcance<br />

del registro oficial de un sinnúmero de negocios<br />

que venden dicho producto. En contrapartida, los<br />

registros oficiales señalan, para el mismo 2004,<br />

la existencia de 348 escuelas de educación básica<br />

y secundaria (267 y 81, respectivamente) en el<br />

municipio, y aquí no hay subregistro. Dicho de<br />

otra forma, hay, cuando menos cinco negocios de<br />

alcohol por cada escuela que instruye y forma a<br />

menores de edad en Tapachula, con el agravante<br />

de que los primeros laboran de lunes a sábado<br />

todo el año y las segundas de lunes a viernes sólo<br />

durante los ciclos escolares.<br />

La existencia y auge de los flujos migratorios<br />

en el sur de México no son materia que competa<br />

en exclusiva a las poblaciones movilizadas y a las<br />

autoridades mexicanas competentes en la materia.<br />

Cada vez más involucra a sectores sociales<br />

diversos que, dentro o fuera del país, de manera<br />

organizada o no, establecen vínculos relacionales<br />

de lo más plural en la asistencia, orientación, defensoría,<br />

comercialización, procuraduría y venta<br />

de bienes y servicios y, también, en el ejercicio de<br />

prácticas legalmente ilícitas y socialmente inaceptables<br />

de obtención de beneficios en especie a partir<br />

de las circunstancias de vulnerabilidad e indefensión<br />

de los migrantes. Éste es otro desarrollo que,<br />

sin él, no es posible la explicación del fenómeno<br />

migratorio; las redes sociales de apoyo y las<br />

de extorsión y abuso, ambas vigentes a plenitud<br />

en esa parte fronteriza. Las primeras, haciendo<br />

malabarismos para proveerse de recursos y hacer<br />

su labor humanitaria, no siempre en acuerdo y<br />

colaboración con las instancias gubernamentales,<br />

por razones de lo más diverso; las segundas,<br />

desarrollando un gran pragmatismo en su operar,<br />

con múltiples tentáculos que se extienden dentro<br />

de las esferas gubernamentales para alquilar conciencias<br />

y colaboraciones, así como retroalimentar<br />

sus vasos comunicantes con otras organizaciones<br />

delictivas dedicadas al traslado y venta de<br />

estupefacientes y drogas.<br />

297


Rodolfo Casillas R<br />

Formalmente existen 13 puntos de internación<br />

en la frontera sur–dos entre Belice y Quintana<br />

Roo, dos entre Guatemala y Tabasco, y nueve<br />

entre Guatemala y Chiapas. Sin embargo, existe<br />

un gran número de puntos de cruce informales,<br />

tanto en poblaciones colindantes como en zonas<br />

alejadas de la selva. También existen puntos de<br />

cruce en los ríos fronterizos. La Secretaría de Relaciones<br />

Exteriores estima que existen alrededor de<br />

29 accesos informales, mientras que otras estimaciones<br />

arrojan cifras de entre 30 y <strong>10</strong>0. Nuestro<br />

propio trabajo de campo abona esta última cifra.<br />

La migración indocumentada es una forma<br />

silenciosa de rebelarse ante una situación adversa,<br />

un gesto colectivo de protesta que, ante la imposibilidad<br />

de cambiar el entorno social inmediato, se<br />

cambia a éste por otro que resulta más promisorio<br />

en el imaginario colectivo. No se confronta a alguien<br />

en particular. ¿A quién se confronta en una<br />

situación general adversa, quién encarna la responsabilidad<br />

ante la masa social no-política? Ante<br />

ello se ha generado y fortalecido al paso del tiempo<br />

una voluntad de búsqueda de realización y de resistencia<br />

mediante la migración indocumentada de<br />

centroamericanos y de apoyo a los que migran. Se<br />

trata de formas colectivas de organización para ser,<br />

cambiar y resistir sin pretender que estas formas<br />

asuman perfiles de oposición o negación formal a<br />

lo indeseado, ni, tampoco, construcción de tramas<br />

sociales formales para substraerse completamente<br />

a lo intolerado. Es, entonces, que ocurren las migraciones<br />

discretas, fugaces, anónimas de miles<br />

de centroamericanos que pasan por México tras<br />

el sueño americano; un sueño con tintes de pesadilla<br />

que se inicia desde la partida, se prolonga<br />

durante el tránsito y adquiere otras modalidades,<br />

a veces en inglés, muchas veces en el propio idioma,<br />

en el lugar de destino.<br />

México, al igual que Estados Unidos, aplica<br />

una política migratoria restrictiva, en particular<br />

hacia quienes desean ingresar a aquel país<br />

pasando por territorio mexicano. Una muestra<br />

de ello se encuentra en las estadísticas oficiales<br />

de indocumentados detenidos y devueltos a su<br />

país de origen o procedencia. Las principales nacionalidades<br />

que engrosan el total de extranjeros<br />

indocumentados asegurados por las autoridades<br />

migratorias de México son la guatemalteca, salvadoreña,<br />

hondureña y nicaragüense, en ese orden<br />

decreciente. Así lo fue en el siglo xx y al inicio<br />

del xxi esta tendencia se mantiene constante. En<br />

2001 y 2002 el INM contaba con 25 estancias<br />

migratorias 3 y un esquema menos desarrollado de<br />

control migratorio en el país. No todas las disposiciones<br />

migratorias de la administración federal<br />

298<br />

respondían, ni responden, exclusivamente al control<br />

transmigratorio, pero éste es parte sustantiva<br />

del quehacer gubernamental en la materia.<br />

La tendencia creciente en el total de asegurados<br />

se dio desde los años 90, cuando México<br />

empezó a hacer más selectivo el otorgamiento de<br />

visas (mediante más requisitos de difícil cumplimiento<br />

para la masa de escasa calificación), ensanchando<br />

en consecuencia el volumen de migrantes<br />

asegurados, impulsando el desarrollo de redes de<br />

traficantes de personas, encareciendo los servicios<br />

de éstos, dando lugar al florecimiento de redes solidarias<br />

con los migrantes, etc. Efectos que, como<br />

ya vimos, aunque indeseados por las autoridades,<br />

también son consecuencia de las restricciones al<br />

migrar internacional. Para no reiterar lo ya dicho<br />

en el apartado anterior, y sí resaltar lo específico<br />

de la experiencia centroamericana indocumentada<br />

en México, a continuación presento algunos de<br />

los hallazgos recientes de investigación relativos a<br />

la vulnerabilidad y violación de los derechos humanos<br />

de los transmigrantes citados.<br />

Las rutas migratorias internacionales que<br />

llegan a México se alimentan de dos vertientes:<br />

una que efectivamente viene, por tierra, del sur<br />

y otra que, partiendo o siendo catapultada desde<br />

el Caribe, intenta ingresar al país y de ahí seguir<br />

su trayectoria hacia Estados Unidos. La vertiente<br />

primera se nutre principalmente de originarios del<br />

Istmo centroamericano y la segunda de cubanos,<br />

asiáticos y en menor medida de africanos. En la<br />

primera hay más casos de migración sin el necesario<br />

concurso de redes de traficantes de personas,<br />

con otros en que sí lo hay, mientras que en la segunda<br />

hay una mayor participación de traficantes<br />

internacionales y pocos casos en los que no lo<br />

hay. Cada modalidad de transmigración indocumentada<br />

tiene características diferentes, así como<br />

requerimientos específicos de colaboración social<br />

o adquirida (traficantes y corrupción).<br />

Los transmigrantes centroamericanos indocumentados<br />

que llegan o pasan por México<br />

tienen cierto grado de autonomía del Estado al<br />

recurrir fundamentalmente a instancias, actores<br />

u organizaciones sociales; quienes no cuentan<br />

con ese apoyo son más vulnerables y propensos<br />

a ser detenidos por las autoridades migratorias, o<br />

bien ser víctimas de delincuentes diversos. Ello<br />

ayuda a explicar el hecho de que buena parte de<br />

los asegurados en el país sean migrantes que viajan<br />

sin red social que le oriente, cuide, provea de<br />

los recursos que requiere para cada una de las<br />

escalas que hace en su transitar. La red social,<br />

no obstante, no hay que verla como la garantía<br />

plena de la transmigración sin obstáculos, sino


Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y México y los Derechos Humanos de los Migrantes<br />

como una manera organizada de disminuir los<br />

riesgos durante la travesía.<br />

En las estadísticas del INM destacan los<br />

aseguramientos de guatemaltecos, hondureños y<br />

salvadoreños, en proporciones relativas significativas<br />

entre ellos y de las tres nacionalidades con<br />

el resto de otras participantes. Ello se debe a que<br />

sus opciones de mejoría más satisfactorias están<br />

en el Norte, mientras que para los nicaragüenses<br />

la cercanía de Costa Rica les da una opción más<br />

a la mano; de ahí que los flujos nicas se dirijan<br />

a dos destinos diferentes y equidistantes uno del<br />

otro, lo que no ocurre con las otras tres nacionalidades<br />

centroamericanas referidas. Por otra parte,<br />

se puede hacer otra distinción entre estas tres<br />

nacionalidades: para los efectos más diversos, los<br />

salvadoreños han mostrado mayor capacidad de<br />

organización y acompañamiento, lo que de alguna<br />

manera les brinda mayor protección en la transmigración<br />

y disminuye el número de detenidos<br />

por la autoridad migratoria en México. La mayor<br />

organización no necesariamente implica que se<br />

sustraigan a las prácticas ilícitas de la delincuencia<br />

organizada con el concurso o no de funcionarios<br />

corruptos<br />

Durante la administración federal de Vicente<br />

Fox (2000-2006), el gobierno de México modificó<br />

la clasificación de las nacionalidades con base<br />

en distintos criterios, en particular de Seguridad<br />

Nacional. Conforme esa clasificación, las nacionalidades<br />

que integran el Grupo 1 son consideradas<br />

restringidas. Es decir, que la autorización<br />

para el ingreso y estadía en México se otorga con<br />

la participación exclusiva del INM, que debe consultar<br />

las bases de datos de inteligencia de la Gobernación,<br />

además de tomar en cuenta la opinión<br />

consular correspondiente. En el Grupo 2 están las<br />

nacionalidades que requieren visa y en el Grupo<br />

3 las nacionalidades que sólo requieren de un<br />

documento de viaje o pasaporte para que se les<br />

facilite el acceso. En el Grupo 1 se encuentran<br />

56 nacionalidades, incluyendo los apátridas. 4 En<br />

el Grupo 2 hay <strong>10</strong>1 nacionalidades que requieren<br />

visa consular. 5 En el Grupo 3 hay 49 nacionalidades<br />

que no requieren visa. 6 Éste era el listado<br />

oficial hasta diciembre de 2006; el único ajuste<br />

importante durante la administración Calderón<br />

(2006-2012) registrado hasta el momento es<br />

pasar a Colombia y Cuba del grupo 1 al 2. No<br />

obstante que los centroamericanos han sido incluidos<br />

en el Grupo 3, constituyen el principal<br />

volumen de detenidos y asegurados por el INM<br />

debido a su pretensión de llegar a EE.UU. vía<br />

México de manera indocumentada.<br />

Para el año 2000 existían 25 estaciones migratorias<br />

del <strong>Instituto</strong> Nacional de Migración en la<br />

República Mexicana. La mayor concentración de<br />

ellas se situaba en el sureste mexicano, específicamente<br />

en el estado de Chiapas, por ser el principal<br />

receptor de población centroamericana inmigrante<br />

y transmigrante indocumentada. La mayor parte<br />

de estas estaciones estaban ubicadas de manera<br />

estratégica cerca de la línea fronteriza con Guatemala,<br />

y en una porción del Istmo de Tehuantepec,<br />

por donde también incursiona un significativo número<br />

de transmigrantes. Las demás estaciones se<br />

encontraban dispersas en el resto del país, con cifras<br />

de aseguramiento de escaso significado, pues<br />

la labor principal de detención ocurre en la parte<br />

sur de México. Del total de sitios de aseguramiento,<br />

la estación migratoria en el Distrito Federal y<br />

la estancia migratoria en la ciudad de Tapachula,<br />

Chiapas, eran, en ese orden, las que contaban con<br />

mayor capacidad instalada para concentrar volúmenes<br />

importantes de asegurados.<br />

Para el año 2005 el número de estaciones<br />

migratorias a nivel nacional fue incrementado<br />

de manera significativa a 52 unidades. A pesar<br />

de que un importante número de estaciones<br />

continúa concentrándose en la región sureste del<br />

país, su disposición a lo largo del territorio nacional<br />

muestra una mayor presencia de este tipo de<br />

instalaciones del INM. Se encuentran situadas<br />

principalmente en las ciudades que conectan vías<br />

torales de transporte terrestre y en puntos estratégicos<br />

de internación marítima y aérea, así como<br />

en importantes ciudades fronterizas con Estados<br />

Unidos. De todas ellas, la que cuenta con las instalaciones<br />

más amplias y recientes es la ubicada<br />

en la ciudad de Tapachula, inaugurada en los primeros<br />

meses de 2006.<br />

Presumiblemente esto representaría un<br />

mayor y mejor esquema para la contención y detención<br />

del flujo transmigrante del sur, lo que aún<br />

está por demostrarse. Lo que ha ocurrido es una<br />

diversificación de los lugares de detención y no<br />

necesariamente una contención significativa no<br />

obstante que ha habido un incremento en el total<br />

nacional de eventos de detención de extranjeros<br />

indocumentados. Es decir, son dos procesos diferentes<br />

y coincidentes en tiempo y espacio nacional,<br />

pero no necesariamente existe una relación<br />

mecánica entre uno y otro que permita aseverar<br />

que a más asegurados corresponde una disminución<br />

del flujo. Adicionalmente, una cosa es el<br />

volumen del flujo de migrantes indocumentados<br />

y otra es la relativa al total de detención de extranjeros<br />

indocumentados, pues, entre otros aspectos,<br />

se desconoce el índice de reincidencia de<br />

299


Rodolfo Casillas R<br />

los previamente detenidos, aparte de que existe el<br />

registro múltiple de la misma persona por errores<br />

en la captura del nombre de los detenidos; ambos<br />

hechos ayudan a explicar la cifra creciente de<br />

eventos de detención pero no de diferentes personas<br />

transmigrantes.<br />

Por sí misma, la transmigración centroamericana<br />

nunca ha sido, ni es, problema para México.<br />

Lo empezó a ser cuando EE.UU. modificó<br />

su política migratoria hacia Centroamérica. Por<br />

un lado, empezó un nuevo ciclo de deportaciones<br />

estadounidenses hacia el sur (que afecta más y directamente,<br />

por el volumen de personas involucradas,<br />

a México) y, por otro, demandó a la parte<br />

mexicana mayor control de su borde sureño. Es<br />

así como, también en los 90, como ya lo señalé,<br />

México inició una nueva política inmigratoria y<br />

transmigratoria que pretende controlar los flujos<br />

con dirección sur-norte. México llegó al fin de siglo<br />

XX con una parte importante de su estructura<br />

administrativa y personal de Migración orientado<br />

a procurar contener la transmigración centroamericana,<br />

y toda aquélla indocumentada que viniera<br />

por la frontera sur mexicana, lo más cerca posible<br />

de esa frontera.<br />

Los transmigrantes por su parte, con la experiencia<br />

social acumulada, respondieron diversificando<br />

rutas y ampliando el espectro social de<br />

asistencia. De esta suerte, se pueden hacer distinciones<br />

funcionales de las vías de traslado conforme<br />

a su utilización. Las rutas pueden ser principales<br />

y secundarias, según el criterio que se siga:<br />

ruta larga o corta; ruta segura; ruta económica;<br />

ruta alternativa; y combinación de ellas. Según<br />

las circunstancias, una ruta puede tener un tramo<br />

principal, no toda ella lo puede ser. Depende de<br />

qué obstáculos represente para el transmigrante<br />

que lleve a éste a ser selectivo en su uso. También<br />

puede ocurrir que en un momento dado una ruta<br />

pueda ser principal y en otro secundaria. Nuevamente,<br />

depende de qué de nuevo ocurra en ella;<br />

nuevos controles migratorios, presencia de redes<br />

delictivas, hallazgo de otra ruta más conveniente,<br />

etc. Es decir, ser principal o secundaria es una<br />

clasificación totalmente relacionada con diversos<br />

elementos que los migrantes y las redes de apoyo<br />

o de traficantes van conociendo y compartiendo<br />

con las oleadas de migrantes que les siguen.<br />

Las rutas son autónomas cuando sólo sirven<br />

para propósitos del flujo migratorio y son compartidas<br />

cuando se usan para otros propósitos (narcotráfico,<br />

por ejemplo). Esto es, la naturaleza de<br />

las vías de comunicación (carreteras y vías férreas)<br />

existe para los propósitos que las originaron. La<br />

diferencia es que quienes están en la lógica de la<br />

300<br />

transmigración les otorgan una segunda naturaleza<br />

acorde al fin que pretenden. De ahí que unos<br />

opten, de acuerdo con su concepción particular<br />

del riesgo, por las más transitadas y otros por las<br />

que les significa un riesgo menor. Unos piensan<br />

que en la masa social encuentran la porosidad<br />

que facilita su transitar. Otros, por el contrario,<br />

piensan que en el campo despoblado es más fácil<br />

detectar y evadir el control migratorio o autoridad<br />

gubernamental de paso dado que el brazo de<br />

la autoridad apenas alcanza para cubrir arterias<br />

principales y ocasionalmente las secundarias. Así,<br />

habrá quienes consideren una ruta como principal<br />

y otros como secundaria, al mismo tiempo. Pero a<br />

la vez, habría quienes las consideren autónomas,<br />

no tanto porque lo sean, sino porque desconocen<br />

la actividad de otras redes que las usan para<br />

traficar personas, bienes u objetos sin su conocimiento.<br />

Esta diferenciación sirve para entender el<br />

hecho de que unos flujos vayan por una línea, se<br />

desvíen y tomen otra, para más adelante regresar<br />

a la primera. La sinuosidad de los flujos responde<br />

más a la lógica de sus percepciones que a las<br />

ondulaciones de la red de carreteras o ferroviaria.<br />

Una de las estrategias más efectivas utilizada<br />

por los transmigrantes en los últimos años es la<br />

recepción dosificada de remesas a lo largo de su<br />

paso por México, sea para continuar la travesía al<br />

Norte, sea para el retorno de quienes desisten de<br />

continuar. Los envíos escalonados funcionan con<br />

beneficios múltiples para actores sociales diferentes,<br />

acorde con lo antes dicho: al emisor le permite<br />

el envío de montos menores (de 20 a <strong>10</strong>0 dólares<br />

como máximo) en plazos determinados; el receptor<br />

cuenta con la liquidez necesaria para cubrir<br />

una etapa determinada del trayecto con una doble<br />

garantía: puede cubrir la distancia o trayecto deseado<br />

y le da una “garantía” de vida. Esas erogaciones<br />

incluyen el “derecho de paso” que, de manera<br />

irregular de acuerdo con la ley pero regular debido<br />

a la práctica consuetudinaria, cobran agentes<br />

gubernamentales (corrupción) o actores sociales<br />

(asalto, robo, prestación de algún servicio, adquisición<br />

de alimentos, medicamentos u otro bien<br />

necesario); las redes delictivas cuentan con ingresos<br />

seguros, así sea una labor atomizada que<br />

les requiera más tiempo y esfuerzo, sin recurrir<br />

de manera necesaria a la violencia extrema lo que<br />

les da un beneficio adicional: su acción delictiva,<br />

al atomizarse, obstaculiza que sea vista en su justa<br />

dimensión por las autoridades públicas, por los<br />

organismos humanitarios y por los propios migrantes<br />

afectados; a las instancias gubernamentales,<br />

la existencia de un mecanismo ad-hoc que<br />

inhibe, distiende o pospone el conflicto social, así


Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y México y los Derechos Humanos de los Migrantes<br />

exista y opere sin control estatal, le presenta una<br />

disminución en el corto plazo de la presión social<br />

sobre el Estado, en particular sobre las instancias<br />

del Ejecutivo con responsabilidad en materia social,<br />

migratoria, laboral y de justicia; para las organizaciones<br />

sociales humanitarias, algunas, no<br />

todas, y bajo diferentes perspectivas y prácticas,<br />

facilitar un servicio asistencial que, sin proponérselo<br />

en muchos casos, pasa a formar parte de una<br />

más amplia estrategia social de reproducción de<br />

la migración indocumentada; y para las empresas<br />

bancarias y de bolsa, en tanto medios internacionales<br />

por los que se realiza el envío de remesas,<br />

incrementan su cartera trasnacional de clientes y<br />

servicios, es decir, aumentan su presencia y ganancias<br />

en un mercado internacional promisorio.<br />

Para concluir con este apartado, de manera<br />

sintética presento los siguientes señalamientos:<br />

1. La migración centroamericana, en particular<br />

la indocumentada, constituye un flujo<br />

que crece de manera constante. Las violaciones<br />

de sus derechos ocurren con mayor<br />

frecuencia. Esas violaciones ocurren, cada<br />

vez más, en distintos lugares de México,<br />

aunque otros sitios son señalados como<br />

recurrentes. Los más señalados se localizan<br />

en el centro y sur-sureste del país. Son<br />

reiterados los señalamientos que involucran<br />

o responsabilizan a determinados<br />

agentes públicos, que siguen impunes.<br />

2. Las víctimas no suelen presentar la denuncia<br />

correspondiente ante la autoridad<br />

competente, aunque algunas llegan a enterar<br />

a organismos humanitarios de lo<br />

ocurrido.<br />

3. Existen registros de violaciones de derechos<br />

humanos de los migrantes elaborados<br />

por organismos civiles, pero ellos son parciales,<br />

con distinta metodología, cobertura<br />

temporal y territorial, tipo de información<br />

captada y diversa forma de procesamiento<br />

y análisis, cuya principal utilidad práctica<br />

es la denuncia de la existencia de dichas<br />

violaciones.<br />

4. Las cifras que provienen de fuentes gubernamentales<br />

y estatales son, exclusivamente,<br />

de casos presentados, lo que representa<br />

sólo una muestra acotada del fenómeno<br />

delictivo.<br />

5. No existe materia prima suficiente para la<br />

caracterización de dichas violaciones y su<br />

periodicidad, entre otras ausencias.<br />

6. No existe posibilidad alguna de identificar<br />

con seguridad a los agentes que comenten<br />

las violaciones de derechos humanos, por<br />

lo que hay un elevado índice de impunidad,<br />

aparte de que no se pueden diseñar y aplicar<br />

con pertinencia políticas públicas y de<br />

capacitación de personal gubernamental.<br />

7. No hay manera de establecer las circunstancias<br />

sociales y territoriales en que las<br />

violaciones ocurren a efecto de tomar las<br />

medidas del caso que inhiban su reproducción<br />

indeseada.<br />

8. No existe un mecanismo eficiente de colaboración<br />

entre los organismos civiles y<br />

las instituciones del Estado que atienden<br />

la problemática de los derechos humanos.<br />

Consideraciones finales<br />

Los derechos de los migrantes cuentan con<br />

un amplio cuerpo jurídico internacional, que<br />

aunque no se refiere específicamente a ellos, los<br />

incluye por tratarse de derechos universales. Aunque<br />

en principio todos los estados aceptan y reconocen<br />

su obligación de proteger los derechos de los<br />

migrantes, independientemente de su estatus migratorio,<br />

en los hechos la normativa internacional<br />

no se aplica y las violaciones a esos derechos son<br />

no sólo frecuentes sino que están en aumento.<br />

El instrumento internacional más completo<br />

sobre derechos de migrantes es la Convención<br />

Internacional para la Protección de los Derechos<br />

de Todos los Trabajadores Migrantes y sus Familiares.<br />

La Convención tardó 13 años en entrar en<br />

vigor pues la resistencia de los estados a aceptarla<br />

determinó una gran lentitud de las ratificaciones<br />

requeridas. La mayoría de los grandes países receptores<br />

de migrantes no están entre los 36 países<br />

que a la fecha la han ratificado; Estados Unidos es<br />

uno de ellos.<br />

La Convención no crea nuevos derechos sino<br />

explícitamente recoge y enumera compromisos ya<br />

aceptados en el orden jurídico internacional de los<br />

derechos humanos y en Convenciones de la OIT.<br />

Es evidente que existen fuertes resistencias a aceptar<br />

principios de igualdad de trato (remuneración,<br />

horarios, seguridad, condiciones laborales), derecho<br />

al debido proceso, acceso a seguridad social y<br />

educación y otros derechos políticos, económicos,<br />

sociales y culturales para trabajadores migrantes.<br />

Además, la Convención contiene un capítulo específico<br />

sobre derechos de trabajadores migrantes<br />

indocumentados. Para algunos países, los derechos<br />

garantizados por la Convención son iguales<br />

o aún mayores que los otorgados por la legislación<br />

interna a sus nacionales. La aplicación efectiva de<br />

esos derechos a migrantes tiene un determinado<br />

301


Rodolfo Casillas R<br />

costo económico y social que los estados, por lo<br />

general, no están dispuestos a asumir.<br />

Los países de origen de migrantes enfatizan<br />

el respeto a sus derechos. El tema es polémico<br />

en discusiones internacionales sobre migración,<br />

aparte de que dichos países no cuentan con la<br />

fuerza política necesaria para hacer que sus propuestas<br />

sean tomadas en cuenta. El minimizar o<br />

poner en segundo rango la problemática de los derechos<br />

de los migrantes es muchas veces atribuida<br />

a dos imperativos relacionados entre sí, la soberanía<br />

nacional y la seguridad, aunque sin duda el<br />

factor económico también pesa. La lucha contra<br />

el terrorismo, en particular tras septiembre del<br />

2001, ha contribuido a la menor atención a los<br />

derechos de los migrantes. Al mismo tiempo es<br />

indudable que, a muy distintos niveles (nacional,<br />

regional e internacional), el número de actores e<br />

interlocutores que se ocupa de la protección de los<br />

derechos de los migrantes ha aumentado significativamente<br />

en las últimas dos décadas, en particular<br />

organismos civiles nacionales e internacionales,<br />

grupos privados y filantrópicos, iglesias,<br />

sindicatos y asociaciones diversas.<br />

Pese a ello, los migrantes siguen siendo el<br />

blanco fácil de mitos, conceptos erróneos, prejuicios<br />

y estereotipos. En los últimos años se han<br />

incrementado de manera alarmante las expresiones<br />

de xenofobia y racismo y han surgido grupos y<br />

302<br />

hasta partidos anti-inmigrantes en distintos países<br />

de alto desarrollo económico y presumiblemente<br />

de gran cultura y civilización. En muchos casos, y<br />

no sólo en países desarrollados, los migrantes se<br />

vuelven el chivo expiatorio de muchos males sociales<br />

y su presencia es manipulada con fines político-electorales.<br />

Lo que ocurre en Estados Unidos<br />

este año (20<strong>10</strong>) y el próximo en materia electoral<br />

es un buen ejemplo de ello.<br />

Es indudable que los flujos migratorios actuales<br />

se dan mayoritariamente fuera de las vías<br />

y regulaciones autorizadas por los países. Ello indica<br />

que las políticas y sistemas migratorios existentes<br />

resultan inadecuados o insuficientes para<br />

una gestión ordenada de la migración.<br />

Por último, la noción de ciudadanía sigue<br />

siendo el principio dominante de membresía del<br />

estado, por lo que sigue existiendo una distancia<br />

entre los derechos de los no-ciudadanos garantizados<br />

por el orden jurídico internacional y la realidad<br />

de las legislaciones nacionales y su aplicación.<br />

Los derechos de las personas, que no son tampoco<br />

cabalmente respetados en un gran número de países,<br />

no alcanzan para proteger los derechos de los<br />

migrantes. No obstante, el respeto de los derechos<br />

de los migrantes se ha reafirmado como elemento<br />

constitutivo e indispensable de una gestión migratoria<br />

moderna, legítima y eficaz.


Los Flujos Migratorios del Sur Hacia Estados Unidos y México y los Derechos Humanos de los Migrantes<br />

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303


DIREITO À NACIONALIDADE: DA COMPETÊNCIA<br />

NACIONAL EXCLUSIVA À EFETIVA PROTEÇÃO<br />

INTERNACIONAL<br />

INTRODUÇÃO 1<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Sílvia Maria da Silveira Loureiro<br />

Mestre em Direito pela Universidade de Brasília; Especialista em Direito Processual pelo <strong>Instituto</strong> Superior<br />

de Administração e Economia da Amazônia/Fundação Getúlio Vargas; Professora do Curso de Direito da Escola<br />

Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Amazonas.<br />

Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

Acadêmica do Curso de Graduação em Direito da Escola Superior de Ciências Sociais<br />

da Universidade do Estado do Amazonas; Bolsista <strong>Vol</strong>untária do Programa de Iniciação Científica – PAIC/FAPEAM;<br />

Membro Fundadora da Liga de Direito Constitucional da Universidade do Estado do Amazonas.<br />

No ano de 2005, a Corte Interamericana de<br />

Direitos Humanos, no emblemático caso das Meninas<br />

Yean e Bosico contra República Dominicana,<br />

mais uma vez se pronunciou sobre o direito à<br />

nacionalidade, protegido pelo art. 20 da Convenção<br />

Americana de Direitos Humanos 2 .<br />

Nesta mesma oportunidade, o então Juiz da<br />

Corte Interamericana de Direitos Humanos, Prof.<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade, emitiu voto<br />

(razonado) que trouxe em seu bojo a real e efetiva<br />

tutela do Direito Internacional dos Direitos<br />

Humanos no que se refere à proteção do direito à<br />

nacionalidade, o que acabou se tornando o marco<br />

teórico e o ponto de partida do presente estudo.<br />

Sendo assim, este artigo tem como fundamental<br />

objetivo constatar a evolução do conteúdo<br />

e finalidade da proteção do direito à nacionalidade,<br />

desde sua construção como um poder da soberania<br />

estatal até a sua efetiva proteção internacional.<br />

Para tanto, ab initio, serão analisados o conceito<br />

tradicional de nacionalidade, nas perspectivas<br />

constitucionalista e internacionalista, bem<br />

como os dispositivos constitucionais e internacionais<br />

que trazem a matéria.<br />

Outrossim, será elucidada a aparente dicotomia<br />

existente entre a soberania estatal e a internacionalização<br />

da proteção do direito à nacionalidade,<br />

sendo este um pressuposto de salvaguarda de<br />

outros direitos fundamentais.<br />

Por fim, serão elencados os principais casos<br />

perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos<br />

relacionados com a proteção do direito à<br />

nacionalidade, e, em última ratio, propõe-se uma<br />

nova concepção de nacionalidade, agregada ao Direito<br />

Internacional dos Direitos Humanos.<br />

1. O CONCEITO TRADICIONAL DE<br />

NACIONALIDADE<br />

Imperioso mencionar, num primeiro momento,<br />

que tradicionalmente inexistem profundas<br />

e efetivas discussões quanto ao conteúdo e à<br />

finalidade da proteção do direito fundamental à<br />

nacionalidade, posto que a doutrina constitucionalista<br />

se restringe à reprodução do texto constitucional<br />

e os doutrinadores internacionalistas<br />

esbarram na supostamente intrincada questão da<br />

soberania estatal.<br />

Tendo o supramencionado em conta, a maior<br />

parte da doutrina clássica conceitua nacionalidade<br />

3 como o vínculo jurídico-político que une o indivíduo<br />

ao Estado 4 , sendo que os contornos deste<br />

direito são definidos como matéria caracteristicamente<br />

de jurisdição constitucional interna 5 6 .<br />

Portanto, a nacionalidade configura-se como<br />

um vínculo político e pessoal estabelecido entre<br />

o Estado e o indivíduo, fazendo com que este integre<br />

uma dada comunidade política, conforme<br />

conceitua o Min. Gilmar Mendes 7 .<br />

305


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

Nesta esteira, cada Estado determinará<br />

quem serão seus nacionais, sendo os critérios norteadores<br />

da aquisição de nacionalidade, em geral,<br />

matéria constitucional – mesmo naquelas situações<br />

em que eles são evidenciados em textos de<br />

leis ordinárias (caso de países como França, Japão<br />

e Itália), ou seja, em linhas gerais, é de natureza<br />

materialmente constitucional 8 .<br />

2. O DIREITO À NACIONALIDADE NO<br />

CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO<br />

Uma vez considerado o conceito clássico de<br />

nacionalidade, passemos a analisar brevemente<br />

a evolução dos dispositivos constitucionais que<br />

versam sobre a matéria em duas vertentes. Senão,<br />

vejamos: (i) as constituições anteriores, com<br />

o fulcro de denotar a construção constitucional<br />

brasileira do direito à nacionalidade como direito<br />

fundamental e; (ii) a Constituição de 1.988, remetendo<br />

às duas alterações já realizadas (E.C.R.<br />

n. 03/94 e E.C. n. 54/07).<br />

2.1 A Evolução Constitucional do Direito<br />

à Nacionalidade no Brasil<br />

Ao serem analisados os textos das Constituições<br />

brasileiras, desde a Constituição Política<br />

do Império de 1.824 até a Constituição Federal<br />

de 1.967 (E.C. n. 1/69), a fim de se identificar a<br />

inserção de direitos e garantias fundamentais ao<br />

longo da experiência constitucional brasileira anterior<br />

à Constituição Federal de 1.988, verifica-se,<br />

em primeiro lugar, ao menos no plano jurídico-<br />

-formal, que as constituições brasileiras sempre<br />

mantiveram em seus textos um rol de direitos e<br />

garantias fundamentais mínimos, relacionados<br />

com os direitos políticos, os direitos de nacionalidade<br />

e os direitos civis individuais clássicos.<br />

Comparando-se o texto da atual Carta de<br />

1.988 com as normas de proteção dos direitos e<br />

garantias fundamentais nas constituições brasileiras<br />

revogadas (de 1.824 à 1.969), também podem<br />

ser identificadas as seguintes mudanças:<br />

- Quanto à organização sistemática dos títulos<br />

e capítulos sobre direitos fundamentais, percebe-se<br />

que este tema é gradativamente levado aos<br />

primeiros títulos das constituições, refletindo, em<br />

uma interpretação sistemática, a prioridade com<br />

que estes direitos são tratados pelo constituinte.<br />

306<br />

Ademais, dentro dos títulos, na organização dos<br />

capítulos, nota-se que em 1.988 os direitos civis<br />

individuais e coletivos são posicionados a frente<br />

dos direitos de nacionalidade e políticos, fazendo<br />

com que, seguindo a mesma interpretação sistemática,<br />

seja dada maior prioridade aos direitos do<br />

Homem enquanto ser humano, antes de se considerar<br />

os direitos de nacionalidade e de cidadania<br />

(em sentido estrito), decorrentes que são estes últimos<br />

do vínculo do indivíduo com o Estado.<br />

- Quanto à inserção de garantias fundamentais<br />

expressamente referidas, nota-se a substituição<br />

da mera declaração de direitos pela utilização<br />

da expressão Direitos e Garantias Fundamentais.<br />

- Quanto à inserção de títulos sobre a ordem<br />

social e a ordem econômica, estes passaram a fazer<br />

parte dos textos constitucionais brasileiros a<br />

partir de 1.934.<br />

Em arremate, todas as Constituições brasileiras<br />

anteriores à atual Carta vigente asseguraram,<br />

formalmente, um rol de direitos e garantias<br />

fundamentais dos cidadãos e dos estrangeiros residentes<br />

no país, todavia, essas Cartas possuíam<br />

sérios problemas de sistematização e de realização<br />

do seu texto.<br />

Nesse sentido, observe-se o quadro a seguir<br />

que demonstra esta percepção evolutiva, particularmente,<br />

no que tange ao reposicionamento do<br />

direito de nacionalidade nos textos constitucionais<br />

brasileiros anteriores em comparação com a<br />

Constituição de 1.988:<br />

As Constituições brasileiras sempre adotaram<br />

dois critérios para a aquisição da nacionalidade<br />

originária e assim definir seus nacionais, quais<br />

sejam, jus soli e jus sanguinis. O primeiro refere-<br />

-se à aquisição de nacionalidade pelo fator local de<br />

nascimento e o segundo refere-se à aquisição de<br />

nacionalidade pelo fator consanguíneo. No Brasil,<br />

preponderantemente, adota-se o critério jus soli,<br />

devido às peculiaridades históricas da formação<br />

do Estado brasileiro como ex-colônia portuguesa.<br />

Nesse sentido é válido lembrar, inclusive,<br />

que nas Constituições de 1.824 (art. 6º., IV) e<br />

1.891 (art. 69, 4º. e 5º.) houve a previsão de naturalizações<br />

tácitas com o intuito de se formar uma<br />

nação brasileira. A lembrança desta prática que é<br />

atualmente banida nos planos do direito interno<br />

e internacional permaneceu até o texto de 1.967.<br />

A seguir são transcritos os citados dispositivos:


1824<br />

1891<br />

1934<br />

1937<br />

1946<br />

1967<br />

1988<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

QUADRO-RESUMO<br />

DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS<br />

LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS<br />

Art. 5 o . - Título 1 o . Do Império do Brazil, seu Território,<br />

Governo, Dynastia e Religião<br />

Arts. 6 o . 7 o . e 8º. - Título 2 o . Dos Cidadãos Brazileiros<br />

Art. 179 - Título 8 o : Disposições Geraes, e Garantia dos<br />

Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brazileiros<br />

Título IV – Dos Cidadãos Brazileiros<br />

Arts. 69 a 71 - seção I Das Qualidades do Cidadão Brazileiro<br />

Arts. 72 a 78 - seção II Declaração de Direitos<br />

Título III Da Declaração de Direitos: Capítulo I - Dos<br />

Direitos Políticos/ Capítulo II - Dos Direitos e Garantias<br />

Individuais<br />

Título IV Da Ordem Econômica e Social<br />

Título V Da Família, da Educação e da Cultura<br />

(Arts. <strong>10</strong>6 a 158)<br />

Arts. 115 a 121 (Da Nacionalidade e Cidadania)<br />

Arts. 122 e 123 (Dos Direitos e Garantias Individuais)<br />

Arts. 124 a 134 (Família, Educação e Cultura)<br />

Arts. 135 a 155 (Ordem Econômica)<br />

Título IV Da Declaração de Direitos: Capítulo I - Da<br />

Nacionalidade e da Cidadania; Capítulo II - Dos Direitos e<br />

das Garantias Individuais<br />

Título V Da Ordem Econômica e Social<br />

Título VI Da Família, da Educação e da Cultura<br />

(Arts. 129 a 175)<br />

Título II Da Declaração de Direitos; Capítulo I - Da<br />

Nacionalidade; Capítulo II - Dos Direitos Políticos; Capítulo<br />

III - Dos Partidos Políticos; Capítulo IV - Dos Direitos e<br />

Garantias Individuais<br />

Título III Da Ordem Econômica e Social<br />

Título IV Da Família, da Educação e da Cultura<br />

(Arts. 140 a 172)<br />

Título Dos Direitos e Garantias Fundamentais: Capítulo<br />

I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; Capítulo<br />

II - Dos Direitos Sociais; Capítulo III - Da Nacionalidade;<br />

Capítulo IV - Dos Direitos Políticos; Capítulo V - Dos<br />

Partidos Políticos (Arts. 5o. a 17)<br />

Título VII Da Ordem Econômica<br />

Título VIII Da Ordem Social (Arts. 170 a 232)<br />

Previsão de Direitos individuais;<br />

Estado Católico com tolerância religiosa;<br />

Direitos políticos censitários.<br />

Previsão de Direitos Individuais;<br />

Estado laico.<br />

Previsão de Direitos Civis, Políticos,<br />

Econômicos, Sociais e Culturais.<br />

Modelo de Estado Fascista.<br />

Constituição democrática.<br />

Regime Militar;<br />

Reformada pela EC n. 01/69, mas mantido<br />

os mesmos dispositivos nos arts. 145 a 180.<br />

Constituição Cidadã;<br />

Constituição, Garantias.<br />

307


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

308<br />

“Art. 6. São Cidadãos Brazileiros<br />

IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões,<br />

que sendo já residentes no Brazil na<br />

época, em que se proclamou a Independencia<br />

nas Provincias, onde habitavam, adheriram á<br />

esta expressa, ou tacitamente pela continuação<br />

da sua residencia.”<br />

-------------------------<br />

“Art 69 - São cidadãos brasileiros:<br />

4º) os estrangeiros, que achando-se no Brasil<br />

aos 15 de novembro de 1889, não declararem,<br />

dentro em seis meses depois de entrar em vigor<br />

a Constituição, o ânimo de conservar a<br />

nacionalidade de origem;<br />

5º) os estrangeiros que possuírem bens imóveis<br />

no Brasil e forem casados com brasileiros<br />

ou tiverem filhos brasileiros contanto que residam<br />

no Brasil, salvo se manifestarem a intenção<br />

de não mudar de nacionalidade;”<br />

A Constituição de 1.988, por sua vez, disciplina<br />

o direito à nacionalidade no art. 12, que já<br />

sofreu duas alterações – Emenda Constitucional<br />

de Revisão (E.C.R.) n. 03/94 e Emenda Constitucional<br />

(E.C.) n. 54/07, conforme será examinado<br />

no item a seguir.<br />

2.2 O Direito Fundamental à Nacionalidade<br />

na Constituição Federal de 1988<br />

A Constituição Federal de 1.988, mantendo<br />

os critérios tradicionais de definição daqueles que<br />

são brasileiros natos, adota o jus soli (art. 12, I,<br />

“a”), o jus sanguinis (art 12, I, “b”) e o jus sanguinis<br />

combinado ou com o registro consular ou com<br />

a opção confirmatória após fixar-se residência no<br />

Brasil: (art. 12, I, “c” - nacionalidade potestativa).<br />

Nesta última hipótese de aquisição de nacionalidade<br />

brasileira originária ocorreram muitas<br />

mudanças tanto em relação à Constituição anterior,<br />

quanto em relação aos textos modificados durante<br />

a vigência da Constituição de 1.988, senão<br />

vejamos:<br />

O artigo 140, I, “c” da Constituição Federal<br />

de 1.967 (reproduzido no artigo 145, I, “c” da E.C.<br />

n. 1/69) dispunha que eram brasileiros natos:<br />

“c) os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe<br />

brasileiros, não estando estes a serviço do<br />

Brasil, desde que, registrados em repartição<br />

brasileira competente no exterior, ou não<br />

registrados, venham a residir no Brasil antes<br />

de atingir a maioridade. Neste caso, alcança-<br />

da, esta, deverão, dentro de quatro anos, optar<br />

pela nacionalidade brasileira;”<br />

(destaques não constam no original)<br />

Portanto, eram requisitos para a aquisição da<br />

nacionalidade originária:<br />

(1) Ser filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira<br />

que não estivesse a serviço do Brasil;<br />

(1.1) Ser registrado em repartição brasileira<br />

competente no exterior que foi requisito<br />

introduzido pela Carta de 1967, ou<br />

(1.2) Não sendo registrado, conforme o caso<br />

anterior, vir residir no Brasil antes de<br />

atingir a maioridade e se já fosse maior<br />

de 21 anos (CC/16), optar pela nacionalidade<br />

brasileira dentro de quatro anos a<br />

contar da maioridade.<br />

A redação originária da C.F./88 manteve os<br />

requisitos anteriores, porém, retirou a condição<br />

temporal, tendo a alínea “c” a seguinte redação:<br />

“c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro<br />

ou mãe brasileira, desde que sejam registrados<br />

em repartição brasileira competente,<br />

ou venham a residir na República Federativa<br />

do Brasil antes da maioridade, e alcançada<br />

esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade<br />

brasileira”.<br />

(grifos nossos)<br />

Na vigência da Carta de 1988, a E.C.R. n. 3<br />

de 07 de junho de 1.994 alterou este dispositivo,<br />

suprimindo a possibilidade de registro em repartição<br />

brasileira competente no exterior e o requisito<br />

da maioridade no caso da opção de brasileiro<br />

que venha a residir no País. Assim, o interessado<br />

poderia vir fixar residência no Brasil a qualquer<br />

tempo e também a qualquer tempo poderia optar<br />

pela nacionalidade brasileira:<br />

“c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro<br />

ou de mãe brasileira, desde que venham a<br />

residir na República Federativa do Brasil e<br />

optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade<br />

brasileira”.<br />

(grifos não constam no original)<br />

Com a supramencionada reforma do texto<br />

constitucional originário, por meio da E.C.R. n.<br />

03/94, passou-se a exigir, por conseguinte, a residência<br />

no Brasil como condição sine qua non<br />

para adquirir o status de brasileiro nato. Nas palavras<br />

do Prof. José Afonso da Silva, esta alteração<br />

trouxe em seu cerne o princípio da real vinculação<br />

territorial como pressuposto para a aquisição da<br />

nacionalidade brasileira nata.


Tal princípio é internacionalmente conhecido<br />

como Princípio da Efetividade que no entendimento<br />

do Prof. Francisco Rezek, estipula que o<br />

vínculo patrial não deve fundar-se na pura formalidade<br />

ou no artifício, mas na existência de laços<br />

sociais consistentes entre o indivíduo e o Estado 9 .<br />

Ao se manifestar sobre este princípio fortemente<br />

difundido no Direito Internacional Clássico,<br />

o ilustre Celso Duvivier faz uma análise histórica<br />

das suas primeiras aparições ainda no século<br />

XIX, in litteris:<br />

“(...) Parece que a primeira vez em que o princípio<br />

da efetividade foi utilizado em nacionalidade<br />

foi no <strong>Instituto</strong> de DI, em virtude da<br />

eleição, para membro, de um internacionalista<br />

que podia ser considerado como sendo<br />

ao mesmo tempo alemão e austríaco. Louis<br />

Renault propôs que o referido membro teria<br />

para o <strong>Instituto</strong> a nacionalidade de que ele se<br />

utilizasse realmente (1888). Esta questão foi<br />

levantada em virtude de o DI limitar o número<br />

dos membros de cada Estado. (...) <strong>10</strong> ”.<br />

Ainda em 1912, a Corte Permanente de Arbitragem,<br />

no denominado caso Canevaro (Canavero)<br />

11 12 , também se posiciona no sentido de que o<br />

vínculo de nacionalidade deve ser efetivo, contudo,<br />

a maior parte dos internacionalistas vê no famoso<br />

caso Nottebohm (Liechtenstain v. Guatemala) o<br />

grande marco do Princípio da Efetividade 13 .<br />

O Caso Nottebohm foi levado à Corte Internacional<br />

de Justiça pelo Principado de Liechtenstain<br />

que alegou ter a Guatemala adotado medidas<br />

contrárias 14 a Friedrich Notebohm, cidadão (naturalizado)<br />

do Principado, e solicitou restituição/<br />

compensação de caráter indenizatório. Por sua<br />

vez, em sua defesa, o estado guatemalteco sustentou<br />

que o pedido era impossível, uma vez que a<br />

concessão da nacionalidade de Liechtenstain para<br />

Friedrich Notebohm não obedeceu aos preceitos<br />

internacionais então vigentes.<br />

Ora, o Princípio da Efetividade guiava a<br />

atuação dos Estados, que por força do endosso<br />

diplomático, protegia seus respectivos nacionais.<br />

Nesse panorama, a Corte Internacional de Justiça,<br />

após analisar o contexto fático do caso, por 11<br />

votos a 3, decidiu que assistia razão à Guatemala<br />

e declarou que a nacionalidade somente é internacionalmente<br />

reconhecida se real e efetiva, ou seja,<br />

aquela que está de acordo com os fatos e é baseada<br />

nos mais fortes vínculos factuais (v.g., endereço<br />

do indivíduo envolvido, local de seus interesses<br />

profissionais, vínculos familiares, participação na<br />

vida pública etc.) entre o interessado e o Estado<br />

que concedeu a dita nacionalidade.<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

O referido caso é o exemplo clássico do poderio<br />

exercido pelo Princípio da Efetividade (representado<br />

pelo endosso diplomático) que a posteriori,<br />

como será visto, foi paulatinamente sendo<br />

substituído pela proteção internacional dos direitos<br />

humanos.<br />

Em que pese tal princípio, fato é que após<br />

esta E.C.R. verificou-se que apesar do intuito do<br />

constituinte revisor de reforçar os laços de territorialidade<br />

para aquisição da nacionalidade brasileira<br />

originária, a supressão da possibilidade do<br />

registro consular ou diplomático de filhos de pai<br />

ou de mãe brasileira nascidos no estrangeiro e não<br />

estando a serviço do Brasil, gerou casos de pessoas<br />

que se tornaram apátridas 15 por viverem em países<br />

que adotam o critério do jus sanguinis, uma<br />

vez que não viessem a residir no Brasil 16 .<br />

Assim, a E.C. n. 54, de 20 de setembro de<br />

2.007 procurou corrigir esta grave falha, restaurando<br />

a possibilidade de registro consular, bem<br />

como o requisito da maioridade para exercício da<br />

opção, dando à alínea “c” a seguinte redação:<br />

“c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro<br />

ou de mãe brasileira, desde que sejam<br />

registrados em repartição brasileira competente<br />

ou venham a residir na República<br />

Federativa do Brasil e optem, em qualquer<br />

tempo, depois de atingida a maioridade,<br />

pela nacionalidade brasileira”.<br />

(destaques não constam no original)<br />

O ADCT também foi modificado para receber<br />

o novo artigo 95 para disciplinar as questões<br />

surgidas no lapso de vigência da E.C.R. n. 3/94 e a<br />

nova E.C. n. 54/07:<br />

“Art. 95. Os nascidos no estrangeiro entre 07<br />

de junho de 1994 e a data da promulgação<br />

desta Emenda Constitucional, filhos de pai<br />

brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados<br />

em repartição diplomática ou consular<br />

brasileira competente ou em ofício de registro,<br />

se vierem a residir na República Federativa<br />

do Brasil.”<br />

A evolução do tratamento constitucional da<br />

matéria denota a preocupação do legislador brasileiro<br />

em atender aos princípios e regras tutelados<br />

no âmbito internacional. A Carta de 1988 em sua<br />

redação originária procurou afastar todas as possibilidades<br />

de casos de apatridia, dando ao direito<br />

à nacionalidade a natureza de direito fundamental.<br />

Apesar do grave embroglio criado pela E.C.R.<br />

03/94, que privilegiou o princípio da efetividade<br />

em detrimento dos direitos humanos, a ordem<br />

309


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

originária foi a posteriori restaurada com a E.C.<br />

n. 54/07.<br />

3. DISPOSITIVOS INTERNACIONAIS<br />

PROTETIVOS DO DIREITO À NACIO-<br />

NALIDADE<br />

A primeira tentativa de garantir à toda pessoa<br />

o direito à nacionalidade ocorreu em 1.930,<br />

na Conferência de Codificação de Haia, realizada<br />

sob os auspícios da Liga das Nações. Dita Conferência<br />

adotou a Convenção sobre Certas Questões<br />

3<strong>10</strong><br />

Relacionadas com o Conflito de Leis de Nacionalidade<br />

e dois protocolos 17 .<br />

No âmbito regional, em 1.933, a Sétima<br />

Conferência Internacional dos Estados Americanos,<br />

inspirada pela Conferência de 1.930, adotou<br />

a Convenção de Montevidéu sobre a Nacionalidade<br />

das Mulheres e a Convenção sobre Nacionalidade<br />

18 .<br />

Por conseguinte, diversos instrumentos internacionais<br />

foram se sucedendo, trazendo em<br />

seu bojo a proteção do direito à nacionalidade, entre<br />

os quais merecem destaque:<br />

INSTRUMENTO INTERNACIONAL LOCALIZAÇÃO<br />

1948<br />

Declaração Americana de Direitos Humanos<br />

1948<br />

Declaração Universal dos Direitos Humanos<br />

1954<br />

Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas<br />

1961<br />

Convenção para reduzir os casos de Apatridia<br />

1966<br />

Pacto de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas<br />

1969<br />

Convenção Americana de Direitos Humanos<br />

1989<br />

Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da<br />

Criança<br />

1990<br />

Convenção sobre a Proteção dos Direitos de todos os<br />

trabalhadores migratórios e de seus familiares<br />

É válido notar que a Convenção Européia de<br />

Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais,<br />

elaborada logo após a Segunda Guerra foi omissa<br />

em relação à proteção específica e expressa do direito<br />

à nacionalidade. Este fato é importante para<br />

vislumbrar que, naquele momento histórico, o<br />

tema da proteção internacional do direito à nacionalidade<br />

ainda era bastante delicado, em virtude<br />

Art. XIX – Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente<br />

lhe corresponda, podendo mudá-la, se assim o desejar,<br />

pela de qualquer outro país que estiver disposto à concedê-la.<br />

Art. 15 – 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.<br />

2. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade,<br />

nem do direito de mudá-la.<br />

Vide nota 13<br />

Vide nota 13<br />

Art. 24 (3) – Toda criança tem direito a adquirir uma nacionalidade.<br />

Art. 20 – 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.<br />

2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo<br />

território houver nascido se não tiver a outra. 3. A ninguém<br />

se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade, nem do<br />

direito de mudá-la.<br />

Art. 7 – A criança será inscrita imediatamente depois do seu<br />

nascimento e terá direito desde que nasceu a um nome, a adquirir<br />

uma nacionalidade e, na medida do possível, conhecer<br />

seus pais e ser cuidada por eles. 2. Os Estados partes velarão<br />

pela aplicação destes direitos em conformidade com sua legislação<br />

nacional e as obrigações que tenham contraído em virtude<br />

dos instrumentos internacionais pertinentes nesta esfera<br />

sobretudo quando a criança resultará, de outro modo, apátrida.<br />

Art. 29 – Todos os filhos de trabalhadores migratórios terão<br />

direito a ter um nome, o registro de seu nascimento e a ter uma<br />

nacionalidade.<br />

das cicatrizes deixadas pela questão das minorias<br />

nacionais na Europa na primeira metade do século<br />

XX. Ademais, a questão da soberania estatal<br />

ainda detinha considerável força perante a comunidade<br />

internacional, visto que estava se iniciando<br />

o processo de internacionalização da proteção<br />

dos direitos humanos.


Por conta dessa omissão, no ano de 1.997,<br />

foi elaborada a Convenção Européia Sobre Nacionalidade,<br />

que traz uma série de princípios gerais<br />

relativos à nacionalidade, a saber: (i) competência<br />

do Estado – reafirma que é competência de<br />

cada Estado determinar quem serão seus nacionais,<br />

entretanto, a fixação destes critérios restam<br />

condicionados à obediência às Convenções Internacionais,<br />

ao direito internacional consuetudinário<br />

e princípios legais geralmente reconhecidos<br />

no tocante à nacionalidade; (ii) princípios – estabelece<br />

que as normas de direito interno de cada<br />

Estado sobre nacionalidade devem assegurar que<br />

todos os indivíduos tenham nacionalidade, que<br />

a apatridia seja evitada, que nenhum indivíduo<br />

seja arbitrariamente privado de sua nacionalidade<br />

e que o casamento ou a dissolução dele não são<br />

critérios para aquisição ou perda da nacionalidade<br />

e; (iii) não discriminação – as normas sobre<br />

nacionalidade não deverão conter distinções nem<br />

incluir qualquer prática que conduza à discriminação<br />

em razão de sexo, religião, raça, cor ou origem<br />

nacional ou étnica 19 .<br />

4. A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DO<br />

DIREITO À NACIONALIDADE E A<br />

QUESTÃO DA SOBERANIA ESTATAL<br />

O marco jurisprudencial que internacionaliza<br />

a proteção do direito à nacionalidade é o caso<br />

dos decretos de naturalização forçada na Tunísia<br />

e no Marrocos, que foi uma Opinião Consultiva<br />

formulada pelo Conselho da Liga das Nações à<br />

antiga Corte Permanente de Justiça Internacional.<br />

O mais interessante neste Parecer, submetido<br />

à análise ainda nos idos da década de 20, é que<br />

a Corte chegou à conclusão de que a nacionalidade<br />

é um assunto de domínio reservado do Estado.<br />

Todavia, e aqui se encontra a sua importância, o<br />

porquê dessa conclusão foi amplamente discutido,<br />

verbis:<br />

“(...) it might well be said that the jurisdiction<br />

of a State is exclusive within the limits fixed<br />

by international law – using this expression<br />

in its wider sense, that is to say, embracing<br />

both customary law and general as well as<br />

particular treaty law. (...) The words ‘solely<br />

within the domestic jurisdiction’ seem rather<br />

to contemplate certain matters which, tought<br />

they may very closely concern the interests<br />

of more than one State, are not, in principle,<br />

regulated by international law (…) The question<br />

whether a certain matter is or is not<br />

solely within the jurisdiction of a state is<br />

an essentially relative question; it depends<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

upon the development of international relations.<br />

Thus, in the present state of international<br />

law, questions of nationality are, in<br />

the opinion of the Court, in principle within<br />

this reserved domain. For the purpose of<br />

the present opinion, it is enough to observe<br />

that it may well happen that, in a matter<br />

which, like that of nationality, is not, in principle,<br />

regulated by international law, the right<br />

of a State to use its discretion is nevertheless<br />

restricted by obligations which it may have<br />

undertaken towards other States. In such a<br />

case, jurisdiction which, in principle, belongs<br />

solely to the State, is limited by rules of international<br />

law (…)” 20 . (destaques não constam<br />

no original).<br />

Logo, o posicionamento da antiga Corte Permanente<br />

é paradigmático e segundo o professor<br />

Johannes M. M. Chan, enfatiza três pontos principais,<br />

quais sejam, que (i) a competência dos<br />

Estados para determinar os critérios de aquisição<br />

da nacionalidade pode ser afetada pelo direito<br />

internacional; (ii) existe uma limitação da competência<br />

do Estado em matéria de nacionalidade<br />

e essa limitação não é estática para o direito internacional<br />

e; (iii) a despeito de em 1923 uma<br />

norma constumeira internacional estabelecer que<br />

questões relativas à nacionalidade integravam a<br />

jurisdição exclusiva dos Estados, tal fato depende<br />

do desenvolvimento das relações internacionais 21 .<br />

A partir de então, estabeleceu-se o marco<br />

inicial do processo da internacionalização da proteção<br />

ao direito à nacionalidade, uma vez que a<br />

permanência de uma matéria no âmbito da jurisdição<br />

exclusiva do Estado foi condicionada ao desenvolvimento<br />

das relações internacionais 22 .<br />

Entretanto, não se pode negligenciar o fato de<br />

que, ainda na década de 1930, o direito à nacionalidade<br />

permanecia estreitamente ligado à idéia<br />

predominantemente estatocêntrica e a proteção internacional<br />

dos indivíduos estava inexoravelmente<br />

vinculada ao mecanismo do endosso diplomático.<br />

Note-se que o endosso diplomático se funda<br />

no próprio vínculo jurídico-político do indivíduo<br />

com o seu Estado nacional, aliado ao poder discricionário<br />

estatal quanto à decisão política de<br />

endossar a disputa internacional envolvendo um<br />

nacional seu, o que exclui desta [proteção] os indivíduos<br />

e grupos de indivíduos apátridas e as<br />

vítimas de violações de direitos humanos perpetradas<br />

pelos seus próprios Estados de origem nacional,<br />

evidenciando-se assim a fragilidade deste<br />

mecanismo em face de populações extremamente<br />

vulneráveis.<br />

311


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

Sendo assim, enquanto a proteção diplomática<br />

é discricionária e está condicionada pela nacionalidade<br />

(efetiva) como vinculum juris entre o<br />

Estado endossante e seu nacional, a proteção internacional<br />

dos direitos humanos é imperativa e<br />

põe em relevo a obrigação geral de proteger e garantir<br />

os direitos de pessoas ou grupos de pessoas<br />

que estejam sob a jurisdição de um Estado Parte<br />

em um tratado internacional, independentemente<br />

da existência ou não de vínculo de nacionalidade<br />

entre o Estado violador e a vítima.<br />

4.1 A Cláusula de Domínio Reservado do<br />

Estado<br />

É sabido que quando se fala na proteção internacional<br />

do direito à nacionalidade, é indispensável<br />

a discussão em torno da soberania estatal,<br />

principalmente no que toca às questões concernentes<br />

à competência nacional exclusiva do Estado,<br />

tarefa arduamente desenvolvida com a evolução<br />

do direito internacional.<br />

Na Conferência de São Francisco, em 1.945,<br />

os debates foram intensos, principalmente porque<br />

havia uma considerável diversidade de pontos de<br />

vista a respeito do problema da jurisdição exclusiva<br />

do Estado 23 .<br />

Em 14 de junho de 1.945, com 33 votos a<br />

favor e 4 contra, foi aprovado o art. 2, parágrafo 7<br />

da Carta da ONU, in litteris:<br />

312<br />

“Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará<br />

as Nações Unidas a intervirem em<br />

assuntos que dependam essencialmente da<br />

jurisdição de qualquer Estado, ou obrigará os<br />

membros a submeterem tais assuntos a uma<br />

solução, nos termos da presente Carta: este<br />

princípio, porém, não prejudicará a aplicação<br />

das medidas coercitivas constantes do capítulo<br />

VII”<br />

A cláusula de jurisdição exclusiva do Estado<br />

também foi expressamente inserida no Pacto de<br />

Bogotá, de 1.948, no âmbito do continente americano,<br />

assim como na Carta da Organização da<br />

Unidade Africana e no Pacto da Liga dos Estados<br />

Árabes 24 .<br />

Ademais, em consonância com o que leciona<br />

o Prof. Cançado Trindade, não há resposta estritamente<br />

jurídica para o problema dos assuntos<br />

relacionados à competência nacional exclusiva do<br />

Estado, pontuando, todavia que<br />

“(...) O domínio reservado dos Estados está<br />

atualmente sendo submetido a um processo<br />

contínuo de redução. A competência nacional<br />

exclusiva, nesse contexto, torna-se um resquí-<br />

cio de autoridade discricionária confiada pelo<br />

direito internacional ao domínio reservado<br />

dos Estados. Mas sendo o conceito mutável e<br />

dependendo do desenvolvimento das relações<br />

internacionais, é necessário um abordamento<br />

flexível assim como uma interpretação no<br />

sentido de tornar os Estados responsáveis por<br />

seu comportamento quando este afetar a comunidade<br />

internacional em áreas de interesse<br />

internacional. A prática das organizações internacionais<br />

não tem permitido que os Estados<br />

determinem por si mesmos os assuntos<br />

pertencentes ao seu domínio reservado. Tem<br />

ela, ao contrário, salientado a responsabilidade<br />

dos Estados por violações de suas obrigações<br />

internacionais (...)” 25 .<br />

(grifos não constam no original)<br />

4.2 O Direito à Nacionalidade como Direito<br />

Humano<br />

Após a quebra de paradigma relacionada<br />

com a questão da jurisdição exclusiva do Estado<br />

e ainda tendo em mente a chamada fase legislativa<br />

da internacionalização da proteção dos direitos<br />

humanos, paulatinamente ocorreu (e ainda<br />

vem ocorrendo) uma abertura dos ordenamentos<br />

jurídicos nacionais ao sistema internacional de<br />

proteção dos direitos humanos e, por óbvio, uma<br />

relativização do conceito de soberania, consoante<br />

ensina o Professor português Joaquim José Gomes<br />

Canotilho:<br />

“(...) o Poder Constituinte dos Estados e, consequentemente,<br />

das respectivas Constituições<br />

Nacionais, está hoje cada vez mais vinculado<br />

a princípios e regras de direito internacional.<br />

É como se o Direito Internacional fosse transformado<br />

em parâmetro de validade das próprias<br />

Constituições nacionais (cujas normas<br />

passam a ser consideradas nulas se violadoras<br />

das normas de jus cogens internacional). O<br />

Poder Constituinte soberano criador de Constituições<br />

está longe de ser um sistema autônomo<br />

que gravita em torno da soberania do<br />

Estado (...)” 26 .<br />

Por conseguinte, sendo o direito à nacionalidade<br />

um direito inerente a todo ser humano, não<br />

há que se falar em domínio reservado do Estado,<br />

dado o atual desenvolvimento do direito internacional<br />

e, particularmente, do direito internacional<br />

dos direitos humanos.<br />

Nesse momento, é necessário clarificar que<br />

não se trata de usurpar dos Estados a competência<br />

para definir os critérios de aquisição de naciona-


lidade, mas de limitar a discricionariedade na definição<br />

destes critérios com o objetivo máximo de<br />

proteger o indivíduo. Nas palavras do Prof. Cançado<br />

Trindade,<br />

“(...) em definitivo, o tema da nacionalidade<br />

não pode ser considerado apenas sob a ótica<br />

da pura discricionariedade estatal, pois sobre<br />

ele incidem princípios gerais do direito internacional<br />

assim como deveres que emanam diretamente<br />

do direito internacional como, por<br />

exemplo, o dever de proteção. Encontram-se,<br />

pois, a meu juízo, inteiramente superadas certas<br />

construções em matéria de nacionalidade<br />

(originária ou adquirida) da doutrina tradicional<br />

e estatocêntrica, tais como, por exemplo,<br />

a da potestade estatal ilimitada, a da vontade<br />

estatal exclusiva, a do interesse único do Estado,<br />

assim como a teoria contratualista (uma<br />

variante do voluntarismo). Para dita superação<br />

tem decididamente contribuído o advento<br />

e o impacto do Direito Internacional dos Direitos<br />

Humanos. No plano do direito interno,<br />

a aquisição da nacionalidade é uma questão<br />

de ordre public, que condiciona e regulamenta<br />

as relações entre os indivíduos e o Estado,<br />

mediante o reconhecimento e a observância<br />

de direitos e deveres recíprocos. A atribuição<br />

da nacionalidade, matéria de ordem pública,<br />

tem sempre presente, no plano do direito interno,<br />

princípios e deveres emanados do direito<br />

internacional, em testemunho da interação<br />

ou interpenetração dos ordenamentos jurídicos<br />

nacional e internacional (...)” 27 .<br />

Logo, com vistas à máxima proteção do ser<br />

humano, e como já exposto alhures, a nacionalidade<br />

deixa de ser um vinculum juris (distintamente<br />

da proteção diplomática) e passa a ser<br />

constituída pela condição de vítima de alegadas<br />

violações de direitos humanos (em um contexto<br />

fundamentalmente distinto da proteção internacional<br />

dos direitos humanos) 28 .<br />

5. ANÁLISE DA JURISPRUDÊNCIA PERTI-<br />

NENTE AO TEMA NA CORTE INTERA-<br />

MERICANA<br />

Nesta seção será analisada a jurisprudência<br />

da Corte Interamericana de Direitos Humanos relacionada<br />

à proteção do conteúdo e finalidade do<br />

direito à nacionalidade, tendo em conta a universalização<br />

da proteção deste direito.<br />

O marco protetivo internacional perante o<br />

Sistema Interamericano de Direitos Humanos relacionado<br />

ao direito à nacionalidade, reconhecido<br />

no art. 20 da Convenção Americana de Direitos<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

Humanos, é a Opinião Consultiva n. 04, emitida<br />

pela Corte Interamericana de Direitos Humanos<br />

em 19 de janeiro de 1.984 29 .<br />

Igualmente, a mesma Corte Interamericana,<br />

no julgamento de casos contenciosos, já se<br />

manifestou em três oportunidades sobre o direito<br />

à nacionalidade, quais sejam, Castillo Petruzzi<br />

e outros contra Peru, Ivcher Bronstrein contra<br />

Peru e meninas Yean e Bosico contra República<br />

Dominicana.<br />

Dada a importância deste estudo jurisprudencial<br />

regional, a partir de agora serão esmiuçados<br />

os principais argumentos desenvolvidos pela<br />

Corte Interamericana que evidenciam a efetiva<br />

tutela internacional da proteção do direito à nacionalidade.<br />

Em sentença de 30 de maio de 1.999, no<br />

caso Castillo Petruzzi, a Corte Interamericana<br />

se pronunciava pela primeira vez em sua história<br />

sobre uma suposta violação da proteção elencada<br />

no art. 20 da Convenção Americana de Direitos<br />

Humanos.<br />

Os fatos que levaram o caso à Corte Interamericana<br />

se inserem no contexto histórico delineado<br />

entre os anos de 1980 a 1994, período em que<br />

o Peru sofria com uma grave convulsão social gerada<br />

por atos terroristas. Castillo Petruzzi e outros<br />

três chilenos foram julgados e condenados à prisão<br />

perpétua por um Tribunal peruano sem rosto<br />

pertencente à justiça militar pelo cometimento do<br />

delito de traição à pátria.<br />

A Corte Interamericana entendeu que no<br />

caso em comento não foi violado o direito à nacionalidade<br />

dos cidadãos chilenos, visto que en ningún<br />

momento se ha cuestionado o afectado su<br />

derecho a esa nacionalidad, ni se ha pretendido<br />

crear o imponer, artificialmente, entre el Perú<br />

y los inculpados el vínculo característico de la<br />

relación de nacionalidad, con los consiguientes<br />

nexos de lealtad o fidelidad. Cualesquiera consecuencias<br />

jurídicas inherentes a ella, existen solamente<br />

con respecto a Chile y no al Perú y no<br />

se alteran por el hecho de que se aplique un tipo<br />

penal denominado traición a la patria, lo cual<br />

sólo plantea el problema de un nomem juris que<br />

el Estado utiliza en su legislación, y sin que ello<br />

suponga que los inculpados adquieran deberes de<br />

nacionalidad propios de los peruanos 30 .<br />

Apesar de não ter reconhecido dita violação<br />

ao art. 20, a Corte firmou o entendimento de que<br />

o direito à nacionalidade tem duplo aspecto, vez<br />

que por uma parte significa dotar o indivíduo de<br />

um mínimo de amparo jurídico nas relações internacionais,<br />

ao estabelecer através de sua nacionali-<br />

313


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

dade sua vinculação com um determinado Estado<br />

e, por outra, implica protegê-lo contra a privação<br />

de sua nacionalidade de forma arbitrária 31 .<br />

Já na sentença exarada em 6 de fevereiro de<br />

2.001, no caso Ivcher Bronstein, foi reconhecida<br />

a violação da proteção ao direito à nacionalidade,<br />

tendo a Corte reafirmado os argumentos já trazidos,<br />

ainda na década de 80, quando da Opinião<br />

Consultiva n. 04/84, bem como aqueles estabelecidos<br />

no caso Castillo Petruzzi, in litteris:<br />

314<br />

“(...) 86. El derecho a la nacionalidad está reconocido<br />

por el derecho internacional. Este<br />

Tribunal considera que se trata de un derecho<br />

de la persona humana y ha manifestado que<br />

[l]a nacionalidad [...] debe ser considerada<br />

como un estado natural del ser humano. Tal<br />

estado es no sólo el fundamento mismo de<br />

su capacidad política sino también de parte<br />

de su capacidad civil (Cfr. Propuesta de modificación<br />

a la Constitución Política de Costa<br />

Rica relacionada con la naturalización. Opinión<br />

Consultiva OC-4/84 del 19 de enero de<br />

1984. Serie A Nº. 4, párr. 32.)<br />

87. Sobre el artículo 20 de la Convención, la<br />

Corte ha establecido que éste abarca un doble<br />

aspecto:<br />

[e]l derecho a tener una nacionalidad significa<br />

dotar al individuo de un mínimo de amparo<br />

jurídico en las relaciones internacionales,<br />

al establecer a través de su nacionalidad su<br />

vinculación con un Estado determinado; y el<br />

de protegerlo contra la privación de su nacionalidad<br />

en forma arbitraria, porque de ese<br />

modo se le estaría privando de la totalidad de<br />

sus derechos políticos y de aquellos derechos<br />

civiles que se sustentan en la nacionalidad<br />

del individuo (Cfr. Caso Castillo Petruzzi y<br />

otros. Sentencia de 30 de mayo de 1999. Serie<br />

C, Nº. 52, párr. <strong>10</strong>0; y Propuesta de modificación<br />

a la Constitución Política de Costa<br />

Rica relacionada con la naturalización, supra<br />

nota 77, párr. 34.) ( )” 32 .<br />

Em consonância com os fatos reconhecidos<br />

pela Corte Interamericana, o Estado peruano privou<br />

arbitrariamente a nacionalidade de Ivcher<br />

Bronstein, cidadão peruano naturalizado e acionista,<br />

diretor e presidente do Canal – Frequência<br />

Latina, com o objetivo de retirá-lo do controle do<br />

referido canal (que é privativo daqueles que possuem<br />

a nacionalidade peruana) e de restringir sua<br />

liberdade de expressão, a qual se manifestava por<br />

meio de denúncias de graves violações de direitos<br />

humanos e de atos de corrupção.<br />

Por fim, tem-se o emblemático caso das meninas<br />

Yean e Bosico, no bojo do qual a Comissão<br />

alegou que a República Dominicana, por meio de<br />

suas autoridades do Registro Civil, negou às meninas<br />

Dilcia Oliven Yean e Violeta Bosico Cofi suas<br />

certidões de nascimento, apesar de terem elas nascido<br />

em território dominicano e da Constituição<br />

daquele país adotar o jus soli para determinar quem<br />

são seus cidadãos, e obrigou-as a permanecer em<br />

uma situação de contínua ilegalidade e vulnerabilidade<br />

social (apatridia), violações que adquirem<br />

maior gravidade quando se trata de crianças. Tal<br />

privação do direito à nacionalidade trouxe consequências<br />

desastrosas às vítimas, que ficaram inclusive<br />

impedidas de frequentar a escola.<br />

Ao analisar as violações de direitos humanos<br />

alegadas no presente caso, a Corte Interamericana<br />

consolidou definitivamente sua jurisprudência<br />

no que concerne ao direito à nacionalidade,<br />

excluindo qualquer questionamento<br />

por ventura existente quanto à real e efetiva<br />

tutela internacional de sua proteção, verbis:<br />

“( ) 136. Respecto al derecho consagrado en el<br />

artículo 20 de la Convención, la Corte entiende<br />

que la nacionalidad es la expresión jurídica<br />

de un hecho social de conexión de un individuo<br />

con un Estado (Cfr. Caso Nottebohm<br />

(Liechtenstein vs. Guatemala), segunda fase.<br />

Sentencia de 6 de abril de 1955. Corte Internacional<br />

de Justicia, ICJ Reports 1955, pág.<br />

23.). La nacionalidad es un derecho fundamental<br />

de la persona humana que está consagrado<br />

en la Convención Americana, así como<br />

en otros instrumentos internacionales, y es<br />

inderogable de conformidad con el artículo 27<br />

de la Convención.<br />

(…)<br />

140. La determinación de quienes son nacionales<br />

sigue siendo competencia interna de los<br />

Estados. Sin embargo, su discrecionalidad en<br />

esa materia sufre un constante proceso de restricción<br />

conforme a la evolución del derecho<br />

internacional, con vistas a una mayor protección<br />

de la persona frente a la arbitrariedad de<br />

los Estados. Así que en la actual etapa de desarrollo<br />

del derecho internacional de los derechos<br />

humanos, dicha facultad de los Estados<br />

está limitada, por un lado, por su deber de<br />

brindar a los individuos una protección igualitaria<br />

y efectiva de la ley y sin discriminación


y, por otro lado, por su deber de prevenir, evitar<br />

y reducir la apatridia ( )” 33 .<br />

6. IMPORTÂNCIA DA PROTEÇÃO IN-<br />

TERNACIONAL DO DIREITO À NA-<br />

CIONALIDADE E A SALVAGUARDA DE<br />

OUTROS DIREITOS<br />

Uma vez tendo sido reconhecida a nacionalidade<br />

como um estado natural do ser humano, a<br />

perspectiva clássica que concebia a nacionalidade<br />

como um atributo que o Estado outorgava a seus<br />

súditos vem evoluindo para um conceito de nacionalidade<br />

em que, junto com a competência dos<br />

Estados, reveste o caráter de um direito da pessoa<br />

humana 34 .<br />

Desta feita, a nacionalidade, além de direito<br />

fundamental internacionalmente reconhecido,<br />

é mecanismo de exercício de outros direitos fundamentais<br />

como a própria Corte Interamericana<br />

reconheceu no já citado caso das meninas Yean e<br />

Bosico. Vejamos:<br />

“(...)137. La importancia de la nacionalidad<br />

reside en que ella, como vínculo jurídico político<br />

que liga una persona a un Estado determinado,<br />

permite que el individuo adquiera<br />

y ejerza los derechos y responsabilidades<br />

propias de la pertenencia a una comunidad<br />

política. Como tal, la nacionalidad es un<br />

prerrequisito para el ejercicio de determinados<br />

derechos (…)” 35 .<br />

No mesmo diapasão, o atual representante<br />

brasileiro na Corte Internacional de Justiça e ex-<br />

-Juiz Presidente da Corte Interamericana de Direitos<br />

Humanos, Prof. Cançado Trindade, consignou<br />

– em belíssimo voto no Caso das Irmãs Serrano<br />

Cruz – as intrínsecas e necessárias correlação e<br />

coexistência entre o direito à identidade e o direito<br />

à nacionalidade:<br />

“(...) El derecho a la identidad, en el presente<br />

caso de las Hermanas Serrano Cruz bajo<br />

la Convención Americana, se desprende particularmente<br />

de los derechos al nombre y a<br />

la protección de la familia (artículos 18 y 17,<br />

respectivamente, de la Convención). Pero en<br />

otras circunstancias, en algún otro caso, podría<br />

igualmente desprenderse de otros derechos<br />

consagrados en la Convención (tales<br />

como, v.g., el derecho a la personalidad jurídica,<br />

artículo 3; el derecho a la libertad personal,<br />

artículo 7; el derecho a la libertad de<br />

conciencia y religión, artículo 12; el derecho a<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

la libertad de pensamiento y expresión; el derecho<br />

a la nacionalidad, artículo 20) (...)” 36 .<br />

(destaques não constam no original)<br />

Por fim, a nacionalidade, portanto, não mais<br />

é vista como um vínculo jurídico e político que estabelece<br />

o liame entre o indivíduo e o Estado, mas<br />

antes denota um direito fundamental que deve ser<br />

protegido internacionalmente, seja porque o Estado<br />

se compromissou internacionalmente, seja<br />

porque o objeto e o fim do direito internacional<br />

dos direitos humanos é a máxima proteção do ser<br />

humano.<br />

CONCLUSÃO<br />

O estudo em comento tratou como tema<br />

central da proteção do conteúdo e finalidade do direito<br />

à nacionalidade, desde seu nascimento como<br />

uma potestade exclusiva do Estado até a sua real e<br />

efetiva tutela pelo direito internacional dos direitos<br />

humanos.<br />

A priori, foi delineado o conceito tradicional<br />

de nacionalidade – sendo esta uma consequência<br />

de um vínculo jurídico e político com um determinado<br />

Estado. Por conseguinte, foram trazidos a<br />

evolução constitucional brasileira e o vertiginoso<br />

crescimento de dispositivos internacionais relacionados<br />

à matéria.<br />

Neste ponto, imperioso mencionar, quanto à<br />

evolução constitucional, a uma, o reconhecimento<br />

do direito à nacionalidade como um direito inserido<br />

no catálogo de direitos e garantias fundamentais<br />

e a duas, o empenho do legislador pátrio<br />

em amoldar os critérios para a aquisição de nacionalidade<br />

presentes na Constituição atual do Estado<br />

brasileiro às normas internacionais vigentes.<br />

Outrossim, quanto à internacionalização da<br />

proteção do direito à nacionalidade – cujo marco<br />

clássico é a opinião consultiva junto à antiga Corte<br />

Permanente de Justiça Internacional no caso<br />

dos decretos de naturalização forçada da Tunísia e<br />

do Marrocos –, tem-se que a construção evolutiva<br />

desta mudança de posicionamento (inicialmente<br />

visto como uma competência nacional exclusiva<br />

e posteriormente com uma efetiva proteção<br />

internacional) espelha-se na lenta derrocada das<br />

denominadas questões de jurisdição doméstica do<br />

Estado e, consequentemente, na relativização do<br />

clássico conceito de soberania.<br />

Particularmente após a Segunda Guerra<br />

Mundial, em virtude da crescente preocupação<br />

com a proteção internacional da pessoa humana,<br />

estando o mundo ainda sob o forte impacto sofri-<br />

315


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

do com os regimes totalitários, inaugurou-se uma<br />

nova fase no direito internacional, consolidando<br />

definitivamente o direito internacional dos direitos<br />

humanos 37 .<br />

Neste espeque, ainda que se mantenha no<br />

âmbito do direito interno e exclusivo do Estado soberano<br />

o estabelecimento dos critérios para a aquisição<br />

e perda da nacionalidade, dado o atual estágio<br />

da internacionalização da proteção dos direitos<br />

humanos, existe uma forte e atuante limitação<br />

nesta discricionariedade estatal outrora irrevogável.<br />

Em se tratando de um direito inerente ao ser<br />

humano, os critérios que definem a nacionalidade<br />

em cada Estado não mais estão somente ao alvedrio<br />

da jurisdição interna.<br />

Tal fato, aliás, restou evidenciado com o estudo<br />

dos principais casos da Corte Interamericana<br />

de Direitos Humanos relacionados ao direito<br />

à nacionalidade, que buscam, como não poderia<br />

deixar de ser, a máxima proteção do ser humano.<br />

Neste ponto, forçoso reconhecer o empenho<br />

do legislador pátrio em amoldar os critérios para a<br />

316<br />

aquisição de nacionalidade do Estado brasileiro às<br />

normas internacionais vigentes.<br />

Por oportuno, reafirme-se o primado pelo<br />

diálogo constante e frutífero entre constitucionalistas<br />

e internacionalistas em prol da efetiva e<br />

universal proteção do direito à nacionalidade, que<br />

como mencionado, é pressuposto para o exercício<br />

de outros direitos fundamentais.<br />

Logo, tendo este panorama delineado (de limitação<br />

das questões de domínio reservado dos<br />

Estados, da relativização do conceito de soberania<br />

e da internacionalização da proteção dos direitos<br />

humanos), bem como uma vez analisados a evolução<br />

constitucional brasileira e o vertiginoso crescimento<br />

de dispositivos internacionais que trazem<br />

a proteção à nacionalidade, tem-se que, nos dias<br />

atuais, o direito à nacionalidade está sob os auspícios<br />

da efetiva tutela do direito internacional dos<br />

direitos humanos, sendo os Estados instados a<br />

responder internacionalmente caso descumpram<br />

as obrigações assumidas.


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Internacional Público. São Paulo: Revista dos<br />

Tribunais, 2006.<br />

MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. Curso<br />

de Direito Internacional Público. Tomo II. Rio<br />

de Janeiro: Renovar, 2008.<br />

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio<br />

Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso<br />

de Direito Constitucional. 2ª ed. rev. e atu. São<br />

Paulo: Saraiva, 2008.<br />

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional.<br />

22ª ed. atu. São Paulo: Atlas S/A , 2007.<br />

PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito<br />

Constitucional Internacional. 7. Ed., rev., amp.<br />

e atu. São Paulo: Saraiva, 2006.<br />

REZEK, Francisco. Direito Internacional Público<br />

– Curso Elementar. <strong>10</strong>.a ed. São Paulo: Saraiva,<br />

2007, p. 182.<br />

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional<br />

Positivo. 29 ed., rev. e atu. São Paulo:<br />

Malheiros, 2007.<br />

317


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

1. O trabalho é resultante de pesquisa desenvolvida<br />

no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação<br />

Científica (PAIC) 2008/2009 da Universidade<br />

do Estado do Amazonas financiado pela Fundação<br />

de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas<br />

(FAPEAM), tendo sido premiado como<br />

melhor artigo científico do referido programa<br />

no âmbito da Escola Superior de Ciências Sociais<br />

no ano de 2009.<br />

2. Mencione-se que a Corte Interamericana já havia<br />

se manifestado sobre a proteção ao direito à<br />

nacionalidade nos casos contenciosos Castillo<br />

Petruzzi e Outros contra Peru (sentença de 30<br />

de maio de 1999) e Ivcher Bronstein contra Peru<br />

(sentença de 03 de fevereiro de 2001). Igualmente,<br />

ainda no âmbito do Sistema Interamericano<br />

de Direitos Humanos, a Opinião Consultiva n.<br />

04/84 (proposta de modificação da Constituição<br />

Política da Costa Rica relacionada com naturalização)<br />

também trata de questões relacionadas<br />

ao direito à nacionalidade.<br />

3. Nas palavras do professor Celso Duvivier de<br />

Albuquerque Mello, o conceito de nacionalidade<br />

é vislumbrado através de duas óticas, quais<br />

sejam, a sociológica e a jurídica. Sendo assim,<br />

enquanto que na perspectiva sociológica há a<br />

vinculação do conceito de nacionalidade ao<br />

conceito de nação (correspondendo ao grupo de<br />

indivíduos que possuem a mesma língua, raça,<br />

religião e um ‘querer viver em comum’), sob a<br />

ótica jurídica se qualifica nacionalidade como<br />

o vínculo jurídico-político que une o indivíduo<br />

ao Estado. Saliente-se que, para o deslinde da<br />

presente pesquisa, será utilizada apenas a concepção<br />

jurídica deste conceito. Cfr. MELLO,<br />

Celso Duvivier de Albuquerque. Curso de Direito<br />

Internacional Público. Tomo II. Rio de<br />

Janeiro: Renovar, 2008, pp. 991/992.<br />

4. Cfr., inter alia, SILVA, José Afonso da. Curso de<br />

Direito Constitucional Positivo. 29ª ed., rev.<br />

e atu. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 319; MO-<br />

RAES, Alexandre de. Direito Constitucional.<br />

22ª ed. atu. São Paulo: Atlas S/A, 2007, p. 198;<br />

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito<br />

Internacional Público. São Paulo: Revista<br />

dos Tribunais, 2006, p. 372; MELLO, Celso<br />

Duvivier de Albuquerque. Op. cit, p. 992.<br />

5. No estudo em análise serão utilizadas indistintamente<br />

as expressões “jurisdição interna”,<br />

“jurisdição doméstica”, “jurisdição exclusiva”,<br />

318<br />

NOTAS<br />

“domínio reservado”, e “competência nacional<br />

exclusiva”.<br />

6. A própria doutrina clássica tem admitido que,<br />

em que pese a nacionalidade historicamente ter<br />

sido um assunto de jurisdição exclusiva do Estado,<br />

poder-se-ia falar numa possível internacionalização<br />

tendo em conta a multiplicação de<br />

dispositivos internacionais protetivos em torno<br />

do assunto. Cfr. neste sentido: MELLO, Celso<br />

Duvivier de Albuquerque. Op. cit., p. 992/993 e<br />

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio<br />

Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.<br />

Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. rev. e<br />

atu. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 716<br />

7. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio<br />

Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.<br />

Op. cit., p. 715.<br />

8. Cfr. SILVA, José Afonso da. Op. cit., p. 319.<br />

9. REZEK, Francisco. Direito Internacional Público<br />

– Curso Elementar. <strong>10</strong>ª ed. São Paulo:<br />

Saraiva, 2007, p. 182.<br />

<strong>10</strong>. MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. Op.<br />

cit., p. <strong>10</strong>05.<br />

11. Em linhas gerais, o Prof. Valerio Mazzuoli descreve<br />

a situação que foi submetida ao crivo da<br />

Corte Permanente de Arbitragem:<br />

“(...) Rafael Canevaro era peruano pelo critério<br />

jus soli e italiano pelo jus sanguinis. Ante um<br />

processo tributário sofrido no Peru, e ante o<br />

perigo iminente de expropriação de seus bens,<br />

Canevaro solicitou proteção diplomática da<br />

Itália. A Corte Permanente de Arbitragem, em<br />

acórdão de 1912, não deferiu o seu pedido por<br />

entender não poder um Estado de que é nacional<br />

o indivíduo agir contra o outro Estado onde<br />

esse mesmo indivíduo também é nacional, podendo,<br />

contudo, qualquer deles defender esse<br />

nacional contra um terceiro Estado (...)” MA-<br />

ZZUOLI, Valerio de Oliveira. Op. cit., p. 380.<br />

12. No mesmo diapasão, o Prof. Francisco Rezek<br />

traça o panorama em que se desenrolou o referido<br />

caso:<br />

“(...) Uma sentença arbitral proferida em 1.912,<br />

no caso Canevaro, ilustrou corretamente esse<br />

princípio [da igualdade soberana]. Rafael Canevaro<br />

era um binacional nato, italinao jure sanguinis,<br />

peruano jus soli. No Peru entregou-se<br />

aos negócios e teve participação na vida pública,<br />

a ponto de se haver um dia candidatado a<br />

senador. Quando medidas fiscais e expropria-


tórias do governo peruano alcançaram parte de<br />

seu patrimônio, Canevaro pretendeu valer-se<br />

da proteção diplomática de uma de suas pátrias<br />

– a Itália – contra justamente a outra, o Peru.<br />

A sentença arbitral, de lavra de Louis Renault,<br />

considerou irreceptível a demanda italiana, por<br />

ser o réu um Estado que também contava Canevaro<br />

entre seus nacionais. Ficou claro que<br />

ambos os vínculos patriais desse homem eram<br />

legítimos à luz do direito das gentes: tanto a<br />

Itália quanto o Peru poderiam eventualmente<br />

endossar alguma reclamação sua contra a<br />

Espanha ou o Brasil; nenhum deles, contudo,<br />

poderia pretender proteger o nacional comum<br />

exatamente contra o outro(...)”. REZEK, Francisco.<br />

Op. cit., p. 279.<br />

13. Nesse sentido, o próprio Prof. Duvivier:<br />

“(...) A CIJ declarou: ‘A nacionalidade é um elo<br />

jurídico que tem em sua base um fato social<br />

de ‘união’, uma solidariedade efetiva de existência,<br />

de interesse, de sentimentos junto a<br />

uma reciprocidade de direitos e deveres. Ela é,<br />

pode-se dizer, a expressão jurídica do fato que<br />

o indivíduo ao qual ela é conferida, seja diretamente<br />

pela lei, seja por um ato de autoridade,<br />

está mais estreitamente ligado à população do<br />

Estado que lhe conferiu a nacionalidade do que<br />

à de qualquer outro Estado’ (...)” MELLO, Celso<br />

Duvivier de Albuquerque. Op. cit., p. <strong>10</strong>05.<br />

14. Tais medidas se consubstanciaram em medidas<br />

expropriatórias por parte do governo guatemalteco<br />

em seu patrimônio construído durante<br />

trinta e quatro anos. Friedrich Notebohm era<br />

alemão de nascimento e impossibilitado de<br />

contar, no contexto da Segunda Guerra Mundial,<br />

com a proteção alemã, dirigiu-se ao exíguo<br />

Principado de Liechtenstain, pagou certas taxas<br />

e tornou-se nacional. Cfr. REZEK, Francisco.<br />

Op. cit., p. 280.<br />

15. “(...) Há mais de um quarto de século antes da<br />

adoção da Convenção para reduzir os casos de<br />

Apatridia (1961), se assinalou que (ainda que se<br />

atendo à necessidade de avanços no direito internacional<br />

convencional e deixando de tomar<br />

em conta também o direito internacional geral)<br />

urgia abordar o problema dos apátridas (tanto<br />

os que sempre estão despossuídos de nacionalidade<br />

quanto aqueles que a tiveram e a perderam)<br />

tendo presente que a própria organização<br />

da comunidade internacional pressupunha que<br />

a condição normal de todos os indivíduos era<br />

ter uma nacionalidade, e que a apatridia representava,<br />

pois, uma anomalia com consequências<br />

desastrosas (...)” Corte IDH. Caso das<br />

Meninas Yean e Bosico Vs. República Domi-<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

nicana. Exceções Preliminares, Mérito, Reparações<br />

e Custas. Sentença de 8 de setembro de<br />

2005. Série C, Nº. 130. Voto Razonado do Juiz<br />

Cançado Trindade. par. 5. (tradução livre).<br />

16. O próprio Supremo Tribunal Federal teve que<br />

lidar com os problemas advindos com a reforma<br />

constitucional em 1994. Três casos interessantes<br />

trazem a interpretação dada pelo órgão<br />

guardião da Constituição ao dispositivo, quais<br />

sejam, (i) Questão de Ordem am Ação Cautelar<br />

n. 70; (ii) RE n. 418.096-1 e; (iii) RE n.<br />

415.957-1.<br />

Nesse passo, quando do julgado da Questão de<br />

Ordem , o STF entendeu não existir a possibilidade<br />

de declarar alguém (filho de brasileiro,<br />

nascido no estrangeiro) brasileiro nato antes<br />

da decisão do processo de opção. Já no julgado<br />

dos dois recursos extraordinários, o Órgão<br />

máximo do judiciário entendeu pela possibilidade<br />

de se declarar alguém (filho de brasileiro,<br />

nascido no estrangeiro) brasileiro nato<br />

provisoriamente até que ela seja confirmada<br />

por meio da opção, ou seja, o fato gerador da<br />

nacionalidade brasileira deixou de ser opção e<br />

passou a ser o simples fato de vir a residir no<br />

Brasil. Cfr. AZEVEDO, Wanderson Bezerra de.<br />

O Brasileiro Nato Provisoriamente e a Emenda<br />

Constitucional n. 54/2007. Jus Navigandi, Teresina,<br />

ano 12, n. 1859, 3 ago 2008. Disponível<br />

em: Acesso em: 02 fev 2009.<br />

17. Os resultados, entretanto, foram modestos.<br />

Cfr. CHAN SC (HON), Johannes M. M. The<br />

Right to a Nationality as a Human Rights:<br />

The Current Trend Towards Recognition” in:<br />

Human Rights Law Journal 1-14, (1991) 12,<br />

pp. 2-3.<br />

18. CHAN SC (HON), Johannes M. M. Op. cit., p. 5<br />

19. O Professor Duvivier informa que a elaboração<br />

da Convenção Européia sobre Nacionalidade<br />

revela a tendência à internacionalização deste<br />

tema e expõe que “(...) Ela (a Convenção) determina,<br />

entre outras coisas, o seguinte: a) a legislação<br />

sobre nacionalidade é de competência<br />

do estado. Os demais estados devem respeitar a<br />

legislação; b) cada indivíduo tem direito a uma<br />

nacionalidade; c) o casamento não é modo de<br />

aquisição e nem de perda de nacionalidade; d) o<br />

estado deve dar a sua nacionalidade aos recém-<br />

-nascidos no seu território que de outro modo<br />

seriam apátridas (...)”MELLO, Celso Duvivier<br />

de Albuquerque. Op. cit., p. 993.<br />

20. Corte Permanente Internacional de Justiça. Série<br />

B (B04). Decretos de Naturalização Força-<br />

319


Sílvia Maria da Silveira Loureiro e Jamilly Izabela de Brito Silva<br />

320<br />

da na Tunísia e no Marrocos. Opinião Consultiva<br />

de 7 de fevereiro de 1923. (tradução livre)<br />

21. CHAN SC (HON), Johannes M. M. Op. cit., p. 2<br />

22. CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. O<br />

domínio reservado dos Estados na prática das<br />

Nações Unidas e das organizações internacionais.<br />

In: O direito internacional em um mundo<br />

em transformação. Rio de janeiro: Renovar,<br />

2002, p. 475.<br />

23. “(...) As Delegações da Bolívia e da Noruega,<br />

por exemplo, propuseram, sem sucesso, a supressão<br />

do parágrafo 7 do artigo 2 da Carta das<br />

Nações Unidas. Uma série de propostas das<br />

Delegações do Brasil, Tchecoeslováquia, Equador,<br />

Grécia, México, Peru, Turquia e Venezuela<br />

apoiava a tese de que as controvérsias sobre<br />

se uma questão recairia ou não no domínio<br />

reservado deveriam ser decididas definitivamente<br />

pela Corte Internacional de Justiça. Tais<br />

propostas, de igual maneira, não vingaram. A<br />

questão foi novamente discutida durante as<br />

reuniões do Comitê I/1 da Conferência através<br />

de uma emenda apresentada pela Delegação<br />

grega (...) A proposta grega recebeu apoio das<br />

delegações do Peru e da Tchecoeslováquia, mas<br />

a ela se opôs o representante dos Estados Unidos<br />

(...) Quando em votação, a emenda grega<br />

deixou de obter a maioria de dois terços necessária<br />

a sua aprovação. Uma outra emenda, (foi)<br />

apresentada pela delegação belga (...) A essa<br />

proposta opôs-se o delegado da Austrália (...)<br />

Em votação, a emenda belga não foi aprovada.<br />

O Comitê I/1 considerou então uma emenda<br />

movida pela Delegação australiana, propondo<br />

que a última sentença do artigo sobre o domínio<br />

reservado dispusesse: ‘Mas esse princípio<br />

não deverá prejudicar a aplicação das medidas<br />

coercitivas do capítulo VIII, seção B (do texto de<br />

Dumbarton Oaks) (...) Quase todos os oradores<br />

concordaram naquela ocasião ao reconhecer<br />

que o objetivo do parágrafo proposto era o de<br />

defender dois princípios, quais sejam: primeiramente,<br />

um reconhecimento explícito da regra<br />

postulando que ‘não deverá haver interferência<br />

indevida no domínio reservado dos vários Estados’<br />

e, em segundo lugar, que ‘deverá ser assegurado<br />

o desempenho por parte do Conselho de<br />

Segurança de suas funções para a manutenção<br />

da paz e da segurança (...) A 13 de junho de<br />

1945, a emenda australiana era aprovada por<br />

31 votos a favor e 3 contra, com 5 abstenções,<br />

tornando-se assim parte do atual artigo 2(7) da<br />

carta da ONU (...)”. CANÇADO TRINDADE,<br />

Antônio Augusto. Op. cit., pp. 414/415.<br />

24. CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto.<br />

Op.cit., p. 418.<br />

25. CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto.<br />

Op.cit., pp. 475/476.<br />

26. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito<br />

constitucional e teoria da constituição.<br />

Coimbra: Livraria Almedina, 1998, pp. 1217-<br />

1218.<br />

27. Corte IDH. Caso das Meninas Yean e Bosico<br />

Vs. República Dominicana. Exceções Preliminares,<br />

Mérito, Reparações e Custas. Sentença<br />

de 8 de setembro de 2005. Série C, Nº. 130.<br />

Voto Razonado do Juiz Cançado Trindade. par.<br />

2 e 3. (tradução livre)<br />

28. Ibidem, par. 7. (tradução livre)<br />

29. Esta Opinião Consultiva foi solicitada pelo governo<br />

da Costa Rica e refere-se à proposta de<br />

modificação dos artigos 14 e 15 de sua Constituição<br />

Política. Em brevíssima síntese, entre<br />

outros aspectos, a Corte examinou a nacionalidade<br />

como um estado natural do ser humano<br />

e fundamento para suas capacidades civil e<br />

política. Igualmente, a Corte admitiu ser dos<br />

Estados a competência para determinar e regular<br />

aspectos relacionados à nacionalidade; entretanto<br />

ponderou que a evolução evidenciada<br />

nesta matéria demonstra que o direito internacional<br />

impõe certos limites à discricionariedade<br />

do Estado e, em seu estado atual, a regulamentação<br />

da nacionalidade não só diz respeito aos<br />

Estados, mas também às exigências de proteção<br />

integral dos direitos humanos. Corte IDH.<br />

Proposta de Modificação da Constituição Política<br />

da Costa Rica Relacionada com a Naturalização.<br />

Opinião Consultiva OC-4/84 de 19<br />

de janeiro de 1984. Série A, Nº. 4.<br />

30. Corte IDH. Caso Castillo Petruzzi e otros<br />

Vs. Peru. Mérito, Reparações e Custas. Sentença<br />

de 30 de maio de 1999. Série C, Nº. 52,<br />

par. <strong>10</strong>2.<br />

31. Corte IDH. Caso Castillo Petruzzi e otros<br />

Vs. Peru. Mérito, Reparações e Custas. Sentença<br />

de 30 de maio de 1999. Série C, Nº. 52,<br />

par. <strong>10</strong>0.<br />

32. Corte IDH. Caso Ivcher Bronstein Vs. Peru.<br />

Mérito, Reparações e Custas. Sentença de 6 de<br />

fevereiro de 2001. Série C, Nº. 74, par. 86/87.<br />

33. Corte IDH. Caso das Meninas Yean e Bosico<br />

Vs. República Dominicana. Exceções Preliminares,<br />

Mérito, Reparações e Custas. Sentença<br />

de 8 de setembro de 2005. Série C, Nº. 130,<br />

par. 136-140.


34. Corte IDH. Proposta de Modificação da Constituição<br />

Política da Costa Rica Relacionada<br />

com a Naturalização. Opinião Consultiva<br />

OC-4/84 de 19 de janeiro de 1984. Série A,<br />

Nº. 4, par. 32-33.<br />

35. Corte IDH. Caso das Meninas Yean e Bosico<br />

Vs. República Dominicana. Exceções Preliminares,<br />

Mérito, Reparações e Custas. Sentença<br />

de 8 de setembro de 2005. Série C, Nº. 130,<br />

par. 137.<br />

36. Corte IDH. Caso das Irmãs Serrano Cruz Vs.<br />

El Salvador. Mérito, Reparações e Custas. Sentença<br />

de 1º. de março de 2005. Série C, Nº.<br />

120. Voto Dissidente do Juiz Cançado Trindade.<br />

par. 22. (tradução livre)<br />

37. “(…) No momento em que os seres humanos<br />

se tornam supérfluos e descartáveis, no mo-<br />

Direito à Nacionalidade: Da Competência Nacional Exclusiva à Efetiva Proteção Internacional<br />

mento em que vige a lógica da destruição, em<br />

que cruelmente se abole o valor da pessoa humana,<br />

torna-se necessária a reconstrução dos<br />

direitos humanos, como paradigma ético capaz<br />

de restaurar a lógica do razoável. A barbárie do<br />

totalitarismo significou a ruptura do paradigma<br />

dos direitos humanos, por meio da negação<br />

do valor da pessoa humana como valor fonte<br />

do direito. Diante dessa ruptura, emerge a necessidade<br />

de reconstruirmos direitos humanos,<br />

como referencial e paradigma ético que aproxime<br />

o direito da moral. Nesse cenário, o maior<br />

direito passa a ser, adotando a terminologia de<br />

Hannah Arendt, o direito a ter direitos, ou seja,<br />

o direito a ser sujeito de direitos (...)”. PIO-<br />

VESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito<br />

Constitucional Internacional. 7ª Ed., rev.,<br />

amp. e atu. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 116.<br />

321


THE SCOPE OF REPARATIONS IN THE CASE-LAW<br />

OF THE INTER-AMERICAN COURT OF HUMAN RIGHTS 1<br />

1. INTRODUCTION<br />

International human rights law has included<br />

the right of every victim to effective remedies<br />

in its corpus juris. Despite the international recognition<br />

achieved in the second half of the 20 th<br />

century, after 50 years of the end of the Second<br />

World War as many as 200 million people have<br />

died in over 3<strong>10</strong> international and non-international<br />

conflicts around the world. 2 The right<br />

to effective remedies generally remains without<br />

effective enforcement, except as provided for by<br />

the European and American Conventions on Human<br />

Rights, and applied by the European Court<br />

of Human Rights and the Inter-American Court<br />

of Human Rights, respectively.<br />

The present study analyses the interpretation<br />

and application by the Inter-American Court<br />

of Human Rights (“IACtHR”), of the five forms of<br />

reparation identified in The Basic Principles and<br />

Guidelines on the Right to a Remedy and Reparation<br />

for Victims of Gross Violations of International<br />

Human Rights Law and Serious Violations of<br />

International Humanitarian Law, recently adopted<br />

(in December 2005) by the U.N. General Assembly.<br />

The present study will at first consider<br />

the historical evolution of the right to reparation<br />

under public international law and its further integration<br />

to international human rights law. Secondly,<br />

it will analyze the interpretation and application<br />

of each form of reparation – restitution,<br />

compensation, rehabilitation, satisfaction, and<br />

guarantees of non-repetition – by the IACtHR, as<br />

well as – thirdly - identify key concepts of its case-<br />

-law, such as the notions of full reparation and<br />

damage to project of life.<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Vinícius Fox Drummond Cançado Trindade<br />

Bacharelando em Direito pela Universidade de Brasília (unb); Intercambista Conveniado<br />

na Universidade de Utrecht, Holanda.<br />

“Spiritual development is the supreme end of human existence and the highest expression thereof ”.<br />

Preamble of the American Declaration on the Rights and Duties of Man, the first international human<br />

rights instrument of a general nature, adopted in April of 1948.<br />

2. THE HISTORICAL EVOLUTION OF<br />

THE RIGHT TO REPARATION UNDER<br />

INTERNATIONAL LAW<br />

When a State is found responsible for an<br />

internationally wrongful act, two linked obligations<br />

automatically arise under the law of State<br />

Responsibility. First, the responsible State must<br />

cease that act and guarantee its non-repetition; 3<br />

secondly, it must provide full reparation for damages<br />

caused by that act, whether they are material<br />

or moral. 4 In Factory at Chorzow, the Permanent<br />

Court of International Justice (“PCIJ”) defined<br />

the function of the obligation to provide reparation<br />

as to “(…) wipe out all the consequences of<br />

the illegal act and re-establish the situation which<br />

would, in all probability, have existed if that act<br />

had not been committed”. 5 Since then the International<br />

Court of Justice (“ICJ”) has consistently<br />

reaffirmed that the obligation of the responsible<br />

State to make full reparation is well established in<br />

general international law. 6<br />

If restitution is unavailable or inadequate to<br />

ensure full reparation, it may be partially or entirely<br />

substituted by compensation. 7 As the PCIJ<br />

subsequently found in Factory at Chorzow, the<br />

role of compensation is to fill in any gaps so as<br />

to ensure full reparation for damage suffered. 8 Satisfaction<br />

is the third form of reparation that the<br />

responsible State may have to provide if the damage<br />

cannot be made good by restitution or compensation.<br />

9 According to the International Law<br />

Commission (“ILC”), satisfaction is the remedy<br />

for those injuries, not financially assessable – and<br />

frequently of a symbolic nature –, which amount<br />

323


to an affront to the State. <strong>10</strong> The forms of satisfaction<br />

may consist in, for example, the declaration<br />

of the wrongfulness of the act by a judicial body 11<br />

or a formal request for apology.<br />

However, the system of reparation pursuant<br />

to public international law, as identified by the<br />

ILC, is strictly set under an inter-state reality.<br />

When applied in the realm of international human<br />

rights law, such legal concepts must be adapted<br />

to fit into a reality between unequal entities,<br />

that is, the State and the individual.<br />

3. THE RIGHT TO REPARATION UNDER<br />

INTERNATIONAL HUMAN RIGHTS<br />

LAW<br />

Traditionally, reparations for serious human<br />

rights violations used to be conceived in the context<br />

of State Responsibility until the end of the<br />

Second World War. Wrongs committed by a State<br />

against its own nationals were regarded as domestic<br />

affairs, whereas wrongs committed by a<br />

State against nationals of another State (aliens)<br />

gave rise to claims by the other State as asserting<br />

its own rights, and not the rights of the victims<br />

themselves. After the Second World War, with the<br />

proclamation of international human rights, victims<br />

saw a progressive recognition of their right<br />

to pursue reparation before domestic courts and,<br />

having exhausted the internal remedies, before international<br />

tribunals. The integration of human<br />

rights into State Responsibility extended the obligations<br />

assumed by States not only towards other<br />

States but also to individuals. 12<br />

The international right to reparation has a<br />

dual meaning: it has a (a) procedural dimension,<br />

which comprehends the right to effective remedies<br />

or, in other words, the formal access to justice; and<br />

(b) a substantive dimension, that is, the material<br />

access to justice. 13 Provisions providing a right to<br />

an effective remedy can be found in numerous<br />

international instruments, in particular article 6<br />

of the Universal Declaration of Human Rights,<br />

article 2 of the International Covenant on Civil<br />

and Political Rights, article 6 of the International<br />

Convention on the Elimination of all Forms of<br />

Racial Discrimination, article 14 of the Convention<br />

against Torture and Other Cruel, Inhuman or<br />

Degrading Treatment or Punishment, article 39 of<br />

the Convention on the Rights of the Child, article<br />

3 of the Hague Convention respecting the Laws<br />

and Customs of War on Land (Convention IV), article<br />

91 of the I Protocol Additional to the Geneva<br />

Conventions of 12 August 1949, article 7 of the<br />

African Charter on Human and Peoples’ Rights,<br />

324<br />

article 25 of the American Convention on Human<br />

Rights, article 13 of the European Convention for<br />

the Protection of Human Rights and Fundamental<br />

Freedoms, and articles 68 and 75 of the Rome<br />

Statute of the International Criminal Court.<br />

The substantive dimension of the right to an<br />

effective remedy is reflected in the general principle<br />

of law of wiping out the consequences of the<br />

wrongs committed. 14 It is the material access to<br />

justice. In this respect, the General Assembly of<br />

the United Nations adopted Resolution 60/147,<br />

in December 2005, called Basic Principles and<br />

Guidelines on the Right to a Remedy and Reparation<br />

for Victims of Gross Violations of International<br />

Human Rights Law and Serious Violations of International<br />

Humanitarian Law (“Basic Principles”),<br />

which points out that victims are entitled to the<br />

following types of reparation: restitution, compensation,<br />

rehabilitation, satisfaction, and guarantees<br />

of non-repetition. Accordingly, the Basic Principles<br />

have identified distinct forms of reparations from<br />

the perspective of the victims, of their needs, aspirations<br />

and claims. Those principles, together with<br />

the UN Declaration on Basic Principles of Justice<br />

for Victims of Crime and Abuse of Power (1985)<br />

and the Updated Set of Principles for the Protection<br />

and Promotion of Human Rights Through Action<br />

to Combat Impunity by the UN Commission on<br />

Human Rights (2005), seem to indicate the existence<br />

of customary international rules governing<br />

individual reparation claims.<br />

Although most international tribunals were<br />

established long before the adoption of the Basic<br />

Principles, the content of that resolution is<br />

widely accepted. Indeed, regional human rights<br />

courts have applied the five forms of reparation,<br />

the Inter-American Court of Human Rights being<br />

the most innovative, especially with respect to<br />

satisfaction and guarantees of non-repetition.<br />

Likewise, national truth and reconciliation commissions<br />

have taken important steps to provide<br />

redress and implement permanent programmes<br />

for social development.<br />

The forthcoming sections will track the Basic<br />

Principles as they are interpreted and implemented<br />

by the Inter-American Court of Human Rights.<br />

4. THE SCOPE AND IMPACT OF REPARA-<br />

TIONS ORDERED BY THE INTER-AME-<br />

RICAN COURT OF HUMAN RIGHTS<br />

The Inter-American Court of Human Rights<br />

has developed a global reputation for being progressive<br />

in the realm of reparations, having consis-


tently awarded every form of reparation both in the<br />

context of individual and collective claims. The holistic<br />

approach of the IACtHR has defined important<br />

concepts, such as full reparation (reparación<br />

integral) and damage to a project of life (proyecto de<br />

vida), and has interpreted the right to reparation in<br />

the light of the particularities of traditional groups<br />

and communities. Due to the factual nature of the<br />

cases before the Court, restitution has often been<br />

impossible, particularly in cases of death, severe<br />

psychological trauma, complete destruction of property<br />

or forced disappearances.<br />

The IACtHR’s faculty to order reparations<br />

is consecrated in Article 63(1) of the American<br />

Convention on Human Rights, which states the<br />

following:<br />

If the Court finds that there has been a violation<br />

of a right or freedom protected by this<br />

Convention, the Court shall rule that the injured<br />

party be ensured the enjoyment of his<br />

right or freedom that was violated. It shall<br />

also rule, if appropriate, that the consequences<br />

of the measure or situation that constituted<br />

the breach of such right or freedom be<br />

remedied and that fair compensation be paid<br />

to the injured party.<br />

The language of Article 63(1) is clear in disclosing<br />

to the Court a wide horizon in the matter<br />

of reparations. In fact, the drafting history (travaux<br />

préparatoires) of the American Convention<br />

reveals no debate about conferring broad remedial<br />

competence on the Court. Initially, the Inter-<br />

-American Commission on Human Rights had<br />

worked from drafts that replicated the language of<br />

Article 50 of the European Convention on Human<br />

Rights, and so were more restrictive with respect<br />

to forms of reparation other than compensation.<br />

However, Guatemala’s written comments on the<br />

Commission’s draft sought to strengthen the article<br />

further, so as to add other remedies for the<br />

consequences of the act that impaired the injured<br />

rights and that the injured party be guaranteed<br />

the enjoyment of the violated right. The drafting<br />

Committee II largely accepted these proposals,<br />

and the Plenary adopted the present version of<br />

Article 63(1) without discussion, giving the Court<br />

powers to (a) ensure that the victim enjoys future<br />

respect for the right or freedom that was violated;<br />

(b) remedy the consequences of the violation; and<br />

(c) compensate for the harm. 15<br />

The IACtHR, in the exercise of its judicial<br />

discretion, has interpreted and applied extensively<br />

Article 63(1) of the American Convention according<br />

to the teleological method of interpretation,<br />

which is provided by Article 31 of the 1969 Vienna<br />

Convention on the Law of Treaties. There is no<br />

other international tribunal that has awarded so<br />

many different and creative measures of reparation<br />

as the IACtHR. It regards reparations as “measures<br />

aimed at eliminating, moderating or compensating<br />

the effects of the violations committed. Their nature<br />

and amount depend on the characteristics of<br />

the violation and, at the same time, on pecuniary<br />

and non-pecuniary damaged caused”. 16 The Court<br />

has based its progressive case-law mainly on the<br />

jurisprudential criterion of full reparation (reparación<br />

integral), which takes into account the integrality<br />

of the personality of the victim, that is, the<br />

impact that the human rights violation had upon<br />

the victim’s potentialities and capacities and, consequently,<br />

upon his or her project of life (proyecto<br />

de vida). 17 In fact, for the purpose of achieving full<br />

reparation, the Court has also applied the principle<br />

of jura novit curia in cases in which petitioners did<br />

not specifically alleged a particular violation of the<br />

American Convention.<br />

In addition, recent reforms of the Rules of<br />

Procedure of the IACtHR have enlarged the participation<br />

of victims before the Court. In 1996<br />

the Rules of Procedure were reformed so as to<br />

confer locus standi to the victims exclusively for<br />

the reparations stage. In 2000 a new reform extended<br />

the locus standi of the representatives of<br />

victims to all stages of the proceedings before the<br />

Court. The fact that victims are able to independently<br />

present their views and arguments before<br />

the Court enabled judges to determine the nature<br />

of reparations with greater precision in a case-<br />

-by-case basis. Moreover, the constant assistance<br />

of experts (psychologists, anthropologists, social<br />

scientists, forensic and medical professionals) has<br />

proved to be of paramount importance in the assessment<br />

of the harms suffered by victims.<br />

5. RESTITUTION AS INTERPRETED BY<br />

THE INTER-AMERICAN COURT OF<br />

HUMAN RIGHTS<br />

Restitution should, whenever possible, restore<br />

the victim to the original situation before the<br />

human rights violation. Measures of restitution<br />

include the restoration of liberty, enjoyment of<br />

human rights, identity, family life and citizenship,<br />

return to one’s place of residence, restoration of<br />

employment, and return of property. 18<br />

The IACtHR has reviewed a series of unfair<br />

domestic judgments so as to restore the right to personal<br />

liberty. In Loayza Tamayo, for example, the<br />

Court declared that the trial to which the victim was<br />

325


subjected violated rights enshrined in the American<br />

Convention. For that reason, the Court (a) ordered<br />

the release of the victim, 19 and (b) declared that that<br />

trial had no legal effect and all the respective proceedings<br />

and records were null and void. 20<br />

The IACtHR has also ordered measures of<br />

restitution with respect to economic and social<br />

rights, mainly in the employment context. In Baena<br />

Ricardo et al., the Court ordered Panama to<br />

reinstate 270 workers that had their rights violated<br />

or, if that was not possible, to provide employment<br />

alternatives with similar condition, salaries<br />

and remuneration as they had at the time their rights<br />

were violated. 21 Similarly, in Loayza Tamayo,<br />

the Court found that Peru had an obligation to<br />

reinstate the victim in her previous job and ensure<br />

that she receives her salaries, social security<br />

and employment benefits. 22<br />

As to the return of property, one may single<br />

out the consideration given by the Court to<br />

cultural particularities, especially in the context<br />

of indigenous populations and traditional territories.<br />

In Moiwana Community, the Court ordered<br />

Suriname to take legislative, administrative,<br />

and any other necessary measures to ensure the<br />

property rights of the members of the Moiwana<br />

community in relation to the traditional territories<br />

from which they were expelled. 23 Similarly, in<br />

Yakye Axa Community, the Court declared that<br />

the measures of territorial restitution for indigenous<br />

populations must be guided primarily by the<br />

meaning of the land for them. The Court further<br />

stated that this same criterion should be applied<br />

in compensation measures, in case the State is<br />

unable to return the traditional territories. 24 This<br />

cultural perspective on restitution was also applied<br />

in Mayagna (Sumo) Awas Tingni Community,<br />

in which the Court stressed the following:<br />

326<br />

“Given the characteristics of the instant case,<br />

some specifications are required on the concept<br />

of property in indigenous communities.<br />

Among indigenous peoples there is a communitarian<br />

tradition regarding a communal form<br />

of collective property of the land, in the sense<br />

that ownership of the land is not centered on<br />

an individual but rather on the group and its<br />

community. Indigenous groups, by the fact<br />

of their very existence, have the right to live<br />

freely in their own territory; the close ties of<br />

indigenous people with the land must be recognized<br />

and understood as the fundamental<br />

basis of their cultures, their spiritual life, their<br />

integrity, and their economic survival”. 25<br />

It could be inferred from the case-law of the<br />

IACtHR that restitution of traditional territories<br />

can also imply the restoration of the right to manifest<br />

one’s religion. As the Court stated, “for indigenous<br />

communities, relations to the land are<br />

not merely a matter of possession and production<br />

but a material and spiritual element which they<br />

must fully enjoy, even to preserve their cultural<br />

legacy and transmit it to future generations.” 26<br />

6. COMPENSATION AS INTERPRETED<br />

BY THE INTER-AMERICAN COURT OF<br />

HUMAN RIGHTS<br />

When restitution is factually impossible, the<br />

Court resorts to compensation. It usually awards<br />

material and moral damages, alongside the use<br />

of other types of reparations. Regarding the prioritization<br />

of restitution over compensation, the<br />

Court has stressed:<br />

The reparation of harm caused by a violation<br />

of an international obligation requires, whenever<br />

possible, full restitution (restitutio in<br />

integrum), which consists in restoring the<br />

situation that existed before the violation occurred.<br />

When this is not possible, as in the<br />

present case, it is the task of this Tribunal<br />

to order the adoption of a series of measures<br />

that, in addition to guaranteeing respect for<br />

the rights violated, will ensure that the damage<br />

resulting from the infractions is repaired,<br />

by way, inter alia, of payment of an indemnity<br />

as compensation for the harm caused. 27<br />

The IACtHR has understood that material<br />

damages cover both lucro cessans (loss of profit)<br />

and damnum emergens (consequential damages).<br />

Punitive damages are generally not allowed.<br />

Damnum emergens comprehends expenses<br />

incurred into by the victim as a result of the violation,<br />

such as, inter alia, medical services, transportation,<br />

lodging, and investigation of the victim’s<br />

whereabouts. 28 Lucro cessans comprehends every<br />

loss of income as a consequence of the violation,<br />

such as the suspension of the salary of the victim<br />

or of their next of kin, 29 or any other circumstance<br />

that adversely impacts the labor capacity of the<br />

victim. In the case of survivors, the calculation of<br />

the compensation includes the time that the victim<br />

remained unemployed. 30 The notion of lucro<br />

cessans also comprehends loss of opportunities.<br />

In Cantoral Benavides, the Court considered that<br />

the violation of the victim’s rights interrupted his<br />

studies, and so it ordered a compensation for what


he otherwise would have received as a salary of a<br />

newly graduated biologist. 31<br />

The IACtHR defines moral damages as the<br />

suffering and distress caused to the victims and<br />

to their next of kin, and detriment to very significant<br />

personal values, such as non-pecuniary<br />

alterations in the conditions of existence of the<br />

victim and their family. 32 Those damages include<br />

feelings of frustration and impotence in face of<br />

the authorities’ failure to investigate, 33 humiliation,<br />

fear, anxiety, insecurity, and feelings of inferiority,<br />

34 which can be exacerbated by the special<br />

vulnerability of the victim. In cases of serious violations<br />

of human rights, the Court has consistently<br />

applied the presumption of moral damage to<br />

the victim’s next of kin. 35<br />

In addition to ordering indemnity payments<br />

to victims as compensation for the harm caused<br />

by a State Party, the IACtHR has ordered States<br />

to invest a certain amount in works or services<br />

of collective interest for the benefit of a community<br />

as a whole, by common agreement with the<br />

community and under the supervision of the<br />

Inter-American Commission on Human Rights.<br />

Thus, the Court has attempted not only to repair<br />

the right violated but also to improve the social<br />

conditions that make victims vulnerable to further<br />

human rights violations. This type of collective<br />

compensation was ordered in cases that involved<br />

a plurality of victims, such as the Mayagna<br />

(Sumo) Awas Tingni Community case. 36 In this<br />

case, the absence of “delimitation, demarcation,<br />

and titling of the property of indigenous communities”<br />

37 created conflicts about land ownership.<br />

An interpretive contribution of the IACtHR<br />

in the realm of compensation is its consideration<br />

to the economic realities facing States Parties. For<br />

example, in the case of Aloeboetoe v. Suriname,<br />

the Court took into account Suriname’s objection<br />

that reparations should be in line with the current<br />

social and economic reality in Suriname. 38 As<br />

a result, apart from requiring the state to pay a<br />

reduced amount (USD 453,<strong>10</strong>2) to the victims’<br />

relatives, the Court ordered other non-pecuniary<br />

measures, such as the reopening of a school in<br />

Gujaba and the staffing of it with teaching and<br />

administrative personnel, and making a medical<br />

dispensary operational in the same locality. 39<br />

It is worth noting that whereas national law<br />

has been used to support the calculation of reparations<br />

before the European Court of Human<br />

Rights, 40 national law does not play a significant<br />

role in its Inter-American counterpart. The Court<br />

focuses exclusively on international law in virtually<br />

every case. 41<br />

7. REHABILITATION AS INTERPRETED<br />

BY THE INTER-AMERICAN COURT OF<br />

HUMAN RIGHTS<br />

More so than its regional peers, the Inter-<br />

-American Court has identified the power of rehabilitation<br />

in both individual and collective reparations,<br />

and for family members of victims as well<br />

as victims themselves. Nonetheless, the Court<br />

has usually used terms other than rehabilitation,<br />

like assistance, and has always ordered rehabilitation<br />

alongside other types of reparations. Rehabilitation<br />

includes medical and psychological care<br />

as well as legal and social services. 42<br />

In the case of the Mapiripán Massacre, for<br />

example, the Court covered several types of reparations.<br />

First, the IACtHR ordered the State of<br />

Colombia to provide the next of kin of the victims,<br />

upon notification of those already identified and<br />

upon identification of others not yet individually<br />

identifiable, adequate medical treatment through<br />

national health services so as to reduce psychological<br />

disorders. Second, the Court ordered Colombia<br />

to ensure security conditions for the next<br />

of kin of the victims, as well as other inhabitants<br />

of Mapiripán who had been displaced, to return<br />

to Mapiripán and reintegrate themselves in their<br />

hometowns. The same approach was taken in the<br />

case of the Moiwana Community, whereby the<br />

Court ordered Suriname to ensure the safety of<br />

those community members who decided to return<br />

to Moiwana Village. 43<br />

The Inter-American Court ordered States to<br />

provide medical and psychological treatment to<br />

victims’ next of kin in several other cases, such as<br />

the case of Castro-Castro Prison, 44 the Massacre of<br />

Pueblo Bello case, 45 and the Massacres of Ituango<br />

case, amongst others. Interestingly, in the Massacres<br />

of Ituango case the Court went even further<br />

by ordering Colombia to implement a housing<br />

program and provide appropriate housing to the<br />

surviving victims who lost their homes. 46<br />

In the Plan de Sánchez v. Guatemala case,<br />

the Court was asked to provide appropriate redress<br />

for a Mayan indigenous community devastated<br />

by the mass murder of over 250 persons.<br />

This was the first time an international tribunal<br />

ordered reparations for the survivors and next of<br />

kin of a full-scale massacre. 47 The Court ordered,<br />

among other things, the investigation, prosecution,<br />

and punishment of the responsible parties;<br />

327


a public acceptance of responsibility for the case’s<br />

facts; establishment of a village housing program;<br />

medical and psychological treatment for all surviving<br />

victims; implementation of educational and<br />

cultural programs; and the translation of the judgment<br />

into the appropriate Mayan language. 48<br />

In some cases involving the victimization of<br />

groups, the Court ordered States to establish trust<br />

funds on behalf of the whole community, so as to<br />

enhance their economic and social development.<br />

In Moiwana Community, for example, the Court<br />

ordered Suriname to establish a community development<br />

fund. 49 Similarly, in Aloeboetoe, the<br />

Court ordered Suriname to establish two trust<br />

funds, one on behalf of the minor children and<br />

the other on behalf of adult beneficiaries, and a<br />

foundation to all the victims of the community. 40<br />

This demonstrates the Court’s use of rehabilitation<br />

as a form of collective reparation.<br />

It is worth noting that the Court has incorporated<br />

several educational measures reparations<br />

orders, which fall most obviously under the notion<br />

of rehabilitation, although not exclusively. On the<br />

one hand, in the realm of rehabilitation, victims<br />

received scholarships and educational materials,<br />

such as books, uniforms and class materials; 51 on<br />

the other hand, in the area of guarantees of non-<br />

-repetition, States were ordered to provide training<br />

in human rights and international humanitarian<br />

law to members of the Armed Forces, National<br />

Police, and heath care service, amongst others. 52<br />

8. SATISFACTION AS INTERPRETED BY<br />

THE INTER-AMERICAN COURT OF<br />

HUMAN RIGHTS<br />

The Inter-American Court has distinguished<br />

itself in developing the practice of ordering non-<br />

-pecuniary reparations, regardless of the size of<br />

the case or the human rights violations alleged.<br />

As forms of satisfaction, the Court has ordered<br />

measures such as (a) the construction of monuments<br />

and naming of streets in memory of victims;<br />

(b) the creation of national days, ceremonies,<br />

commemoration and tributes to victims; (c) the<br />

verification of the facts and full disclosure of the<br />

truth, including the search for the whereabouts of<br />

disappeared victims; and (d) the issuance of public<br />

apologies, official declarations, and the publication<br />

of its own judgment.<br />

In some cases the IACtHR used broad terminology<br />

to describe the nature of the memorials to<br />

be built, such as “memorial monument”, 53 whereas<br />

in other cases the Court specifically addressed<br />

328<br />

the measures to be taken, such as the naming and<br />

inaugurating of a school with the name of the victims.<br />

54 When the Court takes the decision of ordering<br />

the construction of a memorial, it usually<br />

imposes the requirement of consulting the parties<br />

on relevant questions, such as the location of the<br />

memorial, the date for completion, and the agents<br />

who shall carry out the process of construction. 55<br />

In most cases – mainly those involving massacres<br />

– the monuments are intended to pay tribute<br />

to a collective form of victimization. Even<br />

though a monument may be built on behalf of<br />

only one victim, the petitioners usually seek to<br />

leave a deeper social trace, that is, they seek to<br />

share their reparation with society at large and for<br />

posterity. 56 The Trujillo-Oroza case is one such<br />

example, whereby the mother of the victim asked<br />

of the Court that “(…) a monument should be<br />

erected to the memory of José Carlos because this<br />

would allow future generations to learn about this<br />

part of Bolivia’s history and because the next of<br />

kin of detained-disappeared persons have the right<br />

to perpetuate the memory of the youth who<br />

died because they disagreed with the political<br />

system.” 57 The Court ordered Bolivia to officially<br />

assign the name of the victim to an educational<br />

establishment in Santa Cruz. 58<br />

Similarly, in the case of the Mapiripán Massacre,<br />

the IACtHR ordered Colombia to build, within<br />

one year of the judgement, an appropriate and<br />

dignified monument in remembrance of the facts<br />

in the Mapiripán Massacre. 59 The same approach<br />

was taken in the case of the Moiwana Community<br />

v. Suriname, since the Court ordered the State to<br />

build a memorial to the victims and to carry out<br />

a public ceremony whereby apologies should be<br />

made to the family member of the victims. 60<br />

The IACtHR has also ordered the construction<br />

of monuments in service of transitional justice.<br />

Three Peruvian cases, Barrios Altos, La Cantuta,<br />

and Prison of Castro-Castro illustrate the role<br />

that the construction of a monument can play in<br />

a society experiencing a time of transition – in the<br />

case of Peru, the end of both the Fujimori government<br />

and the fight against the Sendero Luminoso<br />

group. In 2001 the Court ordered the construction<br />

of a “memorial monument” in Lima for all<br />

the victims of the Barrios Altos case. 61 Then, in<br />

the case of La Cantuta (2006) the Peruvian State<br />

argued that a monument known as El Ojo que<br />

Llora (“The Crying Eye”), built by a private association<br />

in collaboration with State authorities,<br />

already existed in memoriam of all victims of violence<br />

in Peru. The Court ordered that the names


of the ten victims of the La Cantuta case should<br />

be included in the memorial. 62<br />

Finally, in the case of the Castro-Castro Prison,<br />

Peru once again complained that it had already<br />

built a monument for the victims, but the<br />

Court insisted that all the people declared as deceased<br />

victims in the case should be represented<br />

in the monument. 63 Today El Ojo que Llora is a<br />

well-known monument in Peru, located in the<br />

centre of Lima (Campo de Marte), and includes<br />

the names of all persons that were identified by<br />

the reports of the Peruvian Truth and Reconciliation<br />

Commission as victims of terrorist groups<br />

and State agents in Peru.<br />

Satisfaction as the search for truth has also<br />

been employed in several judgments on reparations<br />

before the IACtHR. In that context, the<br />

Court has emphasized the legal obligations of<br />

States to investigate the facts that caused the<br />

violation in question, to punish the perpetrators,<br />

and to publish the truth in the national media.<br />

For example, in the cases of Gutiérrez Soller v.<br />

Colombia (2005), Mapiripán Massacre v. Colombia<br />

(2005), and Maritza Urrutia v. Guatemala<br />

(2003), the Court ordered the State to investigate<br />

the facts, identify, prosecute and punish those<br />

responsible, and to publish the truth and the results<br />

of the trial in national newspapers. In fact,<br />

in Moiwana Community, the Court declared that<br />

the family members of victims of serious human<br />

rights, as well as society as a whole, have a right<br />

to truth, 64 highlighting that “the right to truth,<br />

once recognized, constitutes an important means<br />

of reparation.” 65 This measure is extremely relevant<br />

when “designed to restore [the victims’] reputation<br />

and honor.” 66 Thus, unlike the European<br />

Court of Human Rights, the interpretation of satisfaction<br />

advanced by the IACtHR, as the search<br />

for truth, surpasses the former’s limited notion of<br />

declaratory relief.<br />

The Street Children case illustrates how the<br />

Court has taken account of cultural particularities<br />

into its judgments. Given the paramount importance<br />

in Mayan culture of giving a proper burial to<br />

mortal remains, the IACtHR ordered, apart from<br />

pecuniary compensation, that the State of Guatemala<br />

provide resources and adopt measures for<br />

the transfer of the mortal remains of the victims<br />

and their subsequent burial in the place chosen by<br />

their parents. 67 This decision was clearly motivated<br />

by the desire of the next of kin to give the victims’<br />

mortal remains an appropriate burial, “according<br />

to their religious beliefs and customs.” 68<br />

The IACtHR also ordered Guatemala to designate<br />

an educational centre with a name allusive to the<br />

young victims and place in it a plaque with the<br />

names of each of the five street children that were<br />

murdered. 69<br />

A similar approach was taken in Moiwana<br />

Community: apart from pecuniary compensation,<br />

the Court ordered the State to recover the mortal<br />

remains of the Moiwana community members<br />

and deliver them to the surviving members. Likewise,<br />

in Neira Alegria et al. v. Peru, the Court<br />

stated: “as a form of moral reparation, the Government<br />

has the obligation to do all in its power to<br />

locate and identify the remains of the victims and<br />

deliver them to their next of kin”. 70 The separate<br />

opinion by Judge Cançado Trindade in the Street<br />

Children case stresses that the Court should not<br />

limit itself to the award of compensation since the<br />

“integrality” of the human being and human suffering<br />

require an integral form of reparation. He<br />

then highlights the need to use rehabilitation in<br />

concert with satisfaction measures. 71<br />

Also in the context of cultural particularities,<br />

in the public hearings of the case of Mayagna<br />

(Sumo) Awas Tingni Community, the indigenous<br />

members of the Mayagna Community stressed the<br />

vital importance of their relation to the lands where<br />

they live, not only for their own subsistence, but<br />

also for their religious beliefs and the integrity of<br />

the families. Thus, the Court ordered that the delimitation,<br />

demarcation and titling of that property<br />

should be done according to the customary law<br />

of the Mayagna Community, that is, their values,<br />

customs and mores, 72 defining the scope of reparations<br />

by the social context of victims.<br />

The IACtHR has also made important jurisprudential<br />

contributions to reparations for victims<br />

of massacres, in which restitution was simply<br />

impossible. 73 In these, the Court found that the<br />

distinction between direct and indirect victims<br />

was inappropriate, 74 thereby enlarging the notion<br />

of victimhood and their ability to seek redress. 75<br />

Moreover, since those cases involved an indefinite<br />

plurality of victims, the Court opted to establish<br />

a new criterion for ordering reparations, namely,<br />

that unidentified beneficiaries could be eventually<br />

included in an open-list and entitled to the reparations<br />

set by the Court, even if their names were<br />

not included in the petition prepared by the Inter-<br />

-American Commission. This criterion can be<br />

found mainly in the Colombian and Guatemalan<br />

cases. 76 In fact, the Inter-American system allows<br />

victims to file a group petition claiming reparations<br />

for violations of their collective rights. In the<br />

Saramaka People v. Suriname case, for example,<br />

the application was filed on behalf of the indigenous<br />

community of the Saramaka people. 77<br />

329


Interestingly, in several cases concerning<br />

massacres, States have acknowledged their international<br />

responsibility during the public hearings<br />

before the IACtHR. In fact, in some cases States<br />

have spontaneously issued public apologies for<br />

the victims. 78<br />

A unique contribution by the IACtHR to the<br />

notion of satisfaction is its concern for the temporal<br />

dimension of the suffering of victims, specifically<br />

through the concept of “project of life.” 79 The<br />

rationale of the concept of project of life is that the<br />

State must offer the victims means to fulfill their<br />

main projects of life when the violation that they<br />

suffered may be considered an insurmountable<br />

obstacle to the realization of those projects. Thus,<br />

in the case of Cantoral Benavides, the Court ordered<br />

Peru to provide the victim with the means to<br />

carry out and complete his studies at a university<br />

of recognized academic quality, since it was precisely<br />

his unlawful imprisonment that denied his<br />

project to pursue a university degree. 80 The Court<br />

went even further in the case of Gómez-Palomino<br />

versus Peru by applying the concept of project of<br />

life in an intergenerational perspective. Accordingly,<br />

the Court took into account that serious human<br />

rights violations leave lingering after-effects<br />

on the victims and their next of kin directly harmed,<br />

and so affect the new generations in different<br />

ways. 81 Thus, in order to achieve integral reparation,<br />

the Court ordered Peru to provide the<br />

siblings of the victim or, if so desired, to their sons<br />

and daughters, with scholarships and educational<br />

material as a measure of satisfaction. 82<br />

Furthermore, the IACtHR has consistently<br />

ordered the publication of its judgments so as to<br />

restore the dignity and reputation of the victims<br />

and persons closely connected with them. For that<br />

purpose, the Court has ordered the publication of<br />

its judgments in the native language of the victims,<br />

such as Maya-Achí, Miskito, Sumo, and Rama, 83<br />

through official gazettes and newspapers with national<br />

circulation, 84 radio stations with broad coverage,<br />

85 websites, 86 and bulletins of the armed forces.<br />

87 Alongside the publication of the judgment,<br />

the Court has ordered States to promote public acts<br />

of acknowledgment of its international responsibility<br />

and tribute to the memory of the victims. 88<br />

9. GUARANTEES OF NON-REPETITION<br />

AS INTERPRETED BY THE INTER-AME-<br />

RICAN COURT OF HUMAN RIGHTS<br />

Guarantees of non-repetition comprise measures<br />

of legislative, judicial and executive nature,<br />

as well as broad structural measures of a policy<br />

330<br />

nature, mainly institutional reforms aiming at<br />

the protection and promotion of human rights. 89<br />

Due to their preventive purpose, guarantees of<br />

non-repetition “benefits society as whole”, 90 and<br />

is therefore an important step in achieving collective<br />

redress for victims of gross violations of<br />

human rights.<br />

The IACtHR has ordered measures of executive<br />

nature that aimed, inter alia, at the protection<br />

of persons in the legal profession and human<br />

rights defenders, the promotion of human rights<br />

and international humanitarian law education<br />

to pertinent sectors of society, and the reform of<br />

detention centers according to the international<br />

standards. In Myrna Mack Chang, the Court ordered<br />

the State to provide security measures to<br />

members of the judicial system involved in the<br />

investigation of the murder of the victim. 91 In the<br />

same case, after identifying the participation of<br />

military officials in the killing of Myrna Mack,<br />

an anthropologist and human rights activist, the<br />

Court ordered Guatemala to provide human rights<br />

and international humanitarian law education<br />

to members of the Armed Forces and the<br />

National Police. 92 The Court issued similar orders<br />

in subsequent cases, such as La Cantuta 93 , Mapiripán<br />

Massacre, 94 Tibi, 95 Massacres of Ituango, 96<br />

and Ximenes Lopes. 97<br />

The IACtHR has also ordered significant legislative<br />

measures to harmonize provisions of domestic<br />

law with the American Convention on Human<br />

Rights. There are several cases in which the<br />

Court ordered States to repeal 98 , adopt and amend<br />

national laws, 99 including, if necessary, national<br />

constitutions, <strong>10</strong>0 so as to avoid further violations<br />

of the American Convention. Interestingly, in a<br />

memorable dictum of the Barrios Altos judgment,<br />

the Court held that self-amnesty laws lack legal<br />

effect because they violate non-derogable rights<br />

recognized by international human rights law and<br />

established in the American Convention. <strong>10</strong>1<br />

As to the judicial measures, the Court has<br />

consistently ordered States to investigate, prosecute<br />

and, if appropriate, punish the individuals<br />

responsible for the human rights violation. <strong>10</strong>2 Accordingly,<br />

States must remove all de facto and de<br />

jure obstacles that obstruct the investigation of<br />

the facts, and ensure that the next of kin of the<br />

victim or their representatives have full access to<br />

and participate in all stages and instances of the<br />

domestic criminal proceedings. As stated by the<br />

Court, “impunity promotes the chronic repetition<br />

of human rights violations and leaves victims and<br />

their families, who have a right to know the truth


about the facts, totally defenseless”; <strong>10</strong>3 hence the<br />

preventive nature of such judicial measures.<br />

As set forth in the case-law of the IACtHR,<br />

guarantees of non-repetition of human rights violations<br />

are also based on the education and training<br />

in the human rights area, which have a broad<br />

structural scope aimed at ending a culture of<br />

ignorance and discrimination in a specific sector<br />

of society or against a certain social groups. Thus,<br />

the Court has ordered specific human rights training<br />

to judicial servants, medical and health-<br />

-care professionals, police officers, and military<br />

agents. <strong>10</strong>4 Similarly, after identifying a “culture<br />

of gender-based discrimination” in Mexico, <strong>10</strong>5 the<br />

Court ordered the State to implement permanent<br />

education in human rights and gender in order<br />

to develop the capacity of the society to recognize<br />

the discrimination that women suffer in their<br />

daily life. <strong>10</strong>6<br />

Other measures of preventive nature have<br />

been ordered to society as a whole. In El Salvador,<br />

thousands of girls and boys were separated from<br />

their families as a result of an internal armed conflict.<br />

In order to enable those children to regain<br />

their identity and their past, the Court ordered<br />

the State to create a genetic information system<br />

to permit identification of family members<br />

and enhance their reunification. <strong>10</strong>9 Likewise, the<br />

Court ordered Guatemala to create a webpage and<br />

database for the search of children abducted and<br />

illegally retained during the internal conflict. <strong>10</strong>8<br />

<strong>10</strong>. CONCLUSION<br />

Full reparation transcends the purely economical<br />

perspective on the human person. Solutions<br />

of private law, such as concepts of material and<br />

moral damage, and elements of damnum emergens<br />

and lucrum cessans, are strongly influenced<br />

by a patrimonial content and interest. The IACtHR<br />

refused to undertake the pure and simple<br />

transposition of such concepts into the domain<br />

of the international human right law. <strong>10</strong>9 For that<br />

reason, the Court began advancing not only a new<br />

case-law on reparations, but also a new theory governing<br />

victims´ redress (collective and individual),<br />

bearing in mind the integrality of the personality<br />

of the victim, and the impact upon this latter<br />

of the human rights violation.<br />

After the case of Aloeboetoe v. Suriname,<br />

when the victims were awarded several non-<br />

-pecuniary measures of reparation, the IACtHR<br />

started to develop what later became the most<br />

prominent characteristic of its case-law: a holistic<br />

and non-pecuniary approach to reparations. 1<strong>10</strong> It<br />

was mainly after the cases of Loayza Tamayo and<br />

the Street Children (“Villagran Morales”) that the<br />

Court began to take into account that the integrality<br />

of the personality of the victim demands full<br />

reparation (reparación integral) for the damages to<br />

the project of life of the victim.<br />

The innovative approach of the IACtHR to<br />

satisfaction as a more meaningful form of reparation<br />

than mere “declaratory relief” – historically<br />

utilized by the European system – is an outcome<br />

of its willingness to consider the integrality of the<br />

victim and the collective impact of reparations. Indeed,<br />

satisfaction and guarantees of non-repetition<br />

have an important collective dimension: they inform<br />

society as a whole about the need to improve<br />

social policies according to international human<br />

rights standards. Thus, reparations are not simply<br />

backward looking. They aim to reintegrate the<br />

marginalized and stigmatized victims into society,<br />

playing an important role in the ending social exclusion.<br />

They also aim to rebuild and reform certain<br />

sectors of the society in order to create the<br />

conditions for communities to prosper. Furthermore,<br />

reparations can also represent the society’s<br />

acknowledgement of the harm done to the victim,<br />

and so recreate bonds of social solidarity. 111<br />

The Court’s consideration for relative cultural<br />

contexts and the desired wishes of the individuals<br />

and communities is of paramount importance.<br />

Overemphasizing pecuniary compensation in the<br />

domain of international human rights law, apart<br />

from being insufficient to achieve full redress,<br />

may also have negative impacts on victims and<br />

communities. For example, in Chile, studies have<br />

concluded that the impact of individual pecuniary<br />

measures of compensation awarded by the Government<br />

on the Mapuche indigenous communities<br />

have distorted family relations of solidarity<br />

and negatively affected community networks. 112<br />

Likewise, in Argentina, sociological studies<br />

have pointed that a considerable part of the society<br />

was not favorable to the administrative pecuniary<br />

measures of compensation for victims of enforced<br />

disappearance. Families believed that agreeing<br />

to receive this type of reparation was to presume<br />

the victim dead. Moreover, families had a sense<br />

of guilt for demanding money as a consequence<br />

of the disappearance of the victim. Many beneficiaries<br />

felt that by accepting this money the State<br />

would buy their silence and subsequently abandon<br />

the search for truth. In other words, families<br />

felt that pecuniary compensation was a measure<br />

for replacing true justice. For those reasons, the<br />

sociologist Elizabeth Jelín concluded that “most<br />

of the families preferred measures of restitution,<br />

331


satisfaction, and above all, guarantees that this<br />

would never take place again”. 113<br />

Under the concept of full redress, the five<br />

forms of reparation are seen as complementary<br />

rather than mutually exclusive. In certain cases,<br />

more than one form of reparation may commend<br />

victims in order to render justice. 114 Thus, reparations<br />

should combine individual and collective,<br />

material and symbolic measures.<br />

The potential impact of the case-law of the<br />

IACtHR onto the other two regional human rights<br />

courts is arguable. The African Court of Human<br />

and Peoples’ Rights still does not have a case-law<br />

on reparations, whereas the European Court of<br />

332<br />

Human Rights Article has been interpreting and<br />

applying article 50 of the European Convention<br />

restrictively, mainly awarding pecuniary forms<br />

of reparation. Nonetheless, the experience in Latin<br />

America may become extremely useful to the<br />

International Criminal Court (“ICC”), since the<br />

nature of crimes (e.g. crimes against humanity)<br />

that the IACtHR has dealt with are likely to come<br />

before the ICC. In this context, Article 75 of the<br />

Rome Statute allows the ICC to appropriate reparation<br />

in respect of victims. While it specifically<br />

mentions restitution, compensation and rehabilitation,<br />

it also uses the terminology “including,”<br />

meaning that the list of reparations in Article 75<br />

is not exhaustive.


1. The present research was undertaken by the<br />

author at Utrecht University, the Netherlands,<br />

during the academic year of 2009-20<strong>10</strong>,<br />

under the supervision of Professor Leo Zwaak,<br />

to whom the author expresses his thanks and<br />

appreciation.<br />

2. Bassiouni, Cherif. Victim’s Rights: International<br />

Recognition. In: The Pursuit of International<br />

Criminal Justice: Victimization, and Post-<br />

-Conflict Justice, vol. I. Antwerp: Intersentia,<br />

20<strong>10</strong>, p. 581.<br />

3. See Articles on Responsibility of States for Internationally<br />

Wrongful Acts, art. 30, adopted<br />

by the International Law Commission in 2001.<br />

4. Id, art. 31.<br />

5. Permanent Court of International Justice. Case<br />

Concerning the Factory at Chorzow (Claim for<br />

Indemnity – the Merits). Publications of the<br />

PCIJ, Series A, No. 17, 13 September 1928, pp.<br />

27-28.<br />

6. ICJ. Gabcikovo-Nagymaros Project (Hungary<br />

v. Slovakia), Judgement, I.C.J. Reports 1997, p.<br />

81, para. 152; Avena and Other Mexican Nationals<br />

(Mexico v. United States of America),<br />

Judgment, I.C.J. Reports 2004, p. 59, para. 119;<br />

Armed Activities on the Territory of the Congo<br />

(Democratic Republic of the Congo v. Uganda),<br />

Judgment, I.C.J. Reports 2005, p. 168, para.<br />

259; Reparation for Injuries Suffered in the Service<br />

of the United Nations, Advisory Opinion,<br />

I.C.J. Reports 1949, p. 184. See also IACtHR,<br />

Case of Blake v. Guatemala. Judgement of January<br />

22, 1999 (Reparations and Costs), para. 33,<br />

whereby the Court recognizes that reparation is<br />

a rule of international customary law.<br />

7. See Articles on Responsibility of States for Internationally<br />

Wrongful Acts, art. 36, adopted<br />

by the International Law Commission in 2001.<br />

8. Permanent Court of International Justice. Case<br />

Concerning the Factory at Chorzow (Claim for<br />

Indemnity – the Merits). Publications of the<br />

PCIJ, Series A, No. 17, 13 September 1928, pp.<br />

47-48.<br />

9. See Articles on Responsibility of States for Internationally<br />

Wrongful Acts, art. 37, adopted<br />

by the International Law Commission in 2001.<br />

<strong>10</strong>. Report of the International Law Commission<br />

on the work of its fifty-third session (A/CN.4/<br />

NOTES<br />

SER.A/2001/Add.1). Geneva: United Nations,<br />

2007, p. <strong>10</strong>6.<br />

11. See, for instance, the Corfu Channel case, where<br />

the Court granted Albania’s request to declare<br />

the wrongfulness of the action of the British<br />

Navy in order to provide “appropriate satisfaction”.<br />

ICJ, Corfu Channel, Merits, p. 35.<br />

12. UN Doc. S/2000/<strong>10</strong>63. Letter dated 12 October<br />

2000 from the President of the International<br />

Criminal Tribunal for the former Yugoslavia<br />

addressed to the Secretary-General, para. 20.<br />

13. Shelton, Dinah. Remedies in International Human<br />

Rights Law. New York: Oxford U. Press,<br />

2005, pp. 7-9.<br />

14. Boven, Theo van. Victims’ Rights to a Remedy<br />

and Reparation: the new United Nations Principles<br />

and Guidelines. In: Reparations for Victims<br />

of Genocide, War Crimes and Crimes against<br />

Humanity. Leiden: Nijhoff, 2009, p. 24.<br />

15. Shelton, Dinah. Remedies in International Human<br />

Rights Law. New York: Oxford U. Press,<br />

2005, p. 217.<br />

16. IACtHR. Case of Vargas-Areco v. Paraguay.<br />

Judgment of September 26, 2006 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 142.<br />

17. See Case of Loayza Tamayo v. Peru, Judgment<br />

of 27 November 1998 (Reparations and Costs),<br />

Joint Separate Opinion of Judges A.A. Cançado<br />

Trindade and A. Abreu Burelli. See also Case<br />

of the “Street Children” (Villagran-Morales et<br />

al.) v. Guatemala, Judgment of May 26, 2001<br />

(Reparations and Costs), Separate Opinion of<br />

Judge A.A. Cançado Trindade.<br />

18. UNGA Res. 147, 21 March 2006, A/<br />

RES/60/147, para. 19.<br />

19. IACtHR. Case of Loayza-Tamayo v. Peru, Judgment<br />

of September 17, 1997 (Merits), para. 84.<br />

20. IACtHR. Case of Loayza-Tamayo v. Peru, Judgment<br />

of November 27, 1998 (Reparations and<br />

Costs), para. 122. See also Case of Herrera<br />

Ulloa v. Costa Rica, Judgment of July 2, 2004<br />

(Preliminary Objections, Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 195.<br />

21. IACtHR. Case of Baena Ricardo et al. v. Panama,<br />

Judgment of February 2, 2001 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 214(7).<br />

333


22. IACtHR. Case of Loayza-Tamayo v. Peru, Judgment<br />

of November 27, 1998 (Reparations and<br />

Costs), paras. 113-116.<br />

23. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgement of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), operative para. 3. See also the Case of<br />

the Mayagna (Sumo) Awas Tingni Community<br />

v. Nicaragua, Judgment of August 31, 2001<br />

(Merits, Reparations and Costs), operative<br />

para. 3-4.<br />

24. IACtHR. Case of the Yake Axa Indigenous<br />

Community v. Paraguay. Judgment of June 17,<br />

2005 (Merits, Reparations and Costs), para.<br />

149. See also the Case of the Sawhoyamaxa<br />

Indigenous Community v. Paraguay. Judgment<br />

of March 29, 2006 (Merits, Reparations and<br />

Costs).<br />

25. IACtHR. Case of the Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua, Judgment<br />

of August 31, 2001 (Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 149.<br />

26 Ibid.<br />

27. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgement of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 170. See also: Case of the Serrano-Cruz<br />

Sisters, Judgment of March 1st., 2005.<br />

Series C No.120, para. 135; Case of Carpio-Nicolle<br />

et al., Judgment of November 22, 2004.<br />

Series C No.117, para 87; and Case of the Plan<br />

de Sánchez Massacre. Reparations, Judgment<br />

of November 19, 2004. Series C No. 116, para.<br />

53.<br />

28. Rojas Báez, Julio José. La Jurisprudencia de la<br />

Corte Interamericana de Derechos Humanos<br />

en material de Reparaciones y los criterios del<br />

proyecto de Articulos sobre Responsabilidad<br />

del Estado por hechos iinternacionalmente ilicitos.<br />

In: American University International<br />

Law Review, vol. 23, n. 1, 2007, p. <strong>10</strong>8. See<br />

also the following cases: Juan Humberto Sánchez<br />

v. Honduras, Judgment of June 7, 2003<br />

(Preliminary Objections, Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 166(c); Bulacio v. Argentina,<br />

Judgment of September 18, 2003 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 89; SUárez-Rosero<br />

v. Ecuador, Judgment of January 20, 1999 (Reparations<br />

and Costs), para. 60.<br />

29. See IACtHR, Case of Bámaca-Velásquez v.<br />

Guatemala, Judgment of February 22, 2002<br />

(Reparations and Costs), para. 54(a), whereby<br />

the Court granted a sum of money to Mrs.<br />

334<br />

Harbury for the time that she took investigating<br />

the whereabouts of her husband as well<br />

as struggling against the obstructions and acts<br />

of denial of justice, which did not allow her to<br />

practice her profession.<br />

30. IACtHR. El Amparo v. Venezuela, Judgment of<br />

September 14, 1996 (Reparations and Costs),<br />

para. 28.<br />

31. IACtHR. Cantoral-Benavides v. Peru, Judgment<br />

of December 3, 2001 (Reparations and<br />

Costs), para. 49.<br />

32. IACtHR. Bulacio v. Argentina, Judgment of<br />

September 18, 2003 (Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 90; Juan Humberto Sánchez v.<br />

Honduras, Judgment of June 7, 2003 (Preliminary<br />

Objection, Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 168; El Caracazo v. Venezuela,<br />

Judgment of August 29, 2002 (Reparations and<br />

Costs), para. 94; Trujillo Oroza v. Bolivia, Judgment<br />

of February 27, 2002 (Reparations and<br />

Costs), para. 77.<br />

33. IACtHR, Case of Blake v. Guatemala. Judgment<br />

of January 22, 1999 (Reparations and<br />

Costs), para. 20(e).<br />

34. IACtHR. Case of Loayza-Tamayo v. Peru, Judgment<br />

of September 17, 1997 (Merits), para. 57.<br />

35. IACtHR. Case of the Street Children (Villagrán-<br />

-Morales et al.) v. Guatemala, Judgment of<br />

May 26, 2001 (Reparations and Costs), para.<br />

68; Case of Aloeboetoe et al. v. Suriname, Judgment<br />

of September <strong>10</strong>, 1993 (Reparations and<br />

Costs), para. 71; Case of Velásquez Rodríguez<br />

v. Honduras, Judgment of July 21, 1989 (Reparations<br />

and Costs), para. 50; Case of Godínez<br />

Cruz v. Honduras, Judgment of July 21, 1989<br />

(Reparations and Costs), para. 48.<br />

36. IACtHR. Case of the Mayagna (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua, Judgment<br />

of August 31, 2001 (Merits, Reparations and<br />

Costs), operative para. 6.<br />

37. Id. at operative para 3.<br />

38. Id at para 34.<br />

39. IACtHR. Case of Aloeboetoe et al. v. Suriname.<br />

Judgement of September <strong>10</strong>, 1993 (Reparations<br />

and Costs).<br />

40. See for example, ECtHR, Case of Lithgow and<br />

Others, <strong>10</strong>2 Eur. Ct. H.R. (ser. A) (1986), in<br />

which compensation awarded for the taking of<br />

property was based on domestic U.K. law.<br />

41. Cf., for example, the case of Velásquez-Rodríguez<br />

v. Honduras; case of Godínez Cruz v.<br />

Honduras.


42. UNGA Res. 147, 21 March 2006, A/<br />

RES/60/147, para. 21.<br />

43. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgement of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), operative para. 4.<br />

44. IACtHR. Case of the Miguel Castro-Castro Prison<br />

v. Peru. Judgment of November 25, 2006<br />

(Merits, Reparations and Costs), operative<br />

para. 13-14.<br />

45. IACtHR. Case of Pueblo Bello Massacre v. Colombia.<br />

Judgment of January 21, 2006 (Merits,<br />

Reparations and Costs), para. 11.<br />

46. IACtHR. Case of the Ituango Massacres v. Colombia.<br />

Judgment of July 1, 2006 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and Costs),<br />

operative para. 19.<br />

47. See Separate opinion of Judge Cançado Trindade,<br />

April 2004: the “Plan Sanchez Case was<br />

of far greater magnitude than preceding cases<br />

such as Aloeboetoe v. Suriname.”<br />

48. IACtHR. Plan de Sánchez Masacre v. Guatemala<br />

case. Judgment of 19 November, 2004<br />

(Reparations and Costs), para. 93.<br />

49. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgement of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), operative para. 5.<br />

50. IACtHR. Case of Aloeboetoe et al. v. Suriname.<br />

Judgment of September <strong>10</strong>, 1993 (Reparations<br />

and Costs), para. <strong>10</strong>0.<br />

51. See, for example, the case of Barrios Altos v.<br />

Peru. Judgment of November 30, 2001 (Reparations<br />

and Costs), operative para. 4.<br />

52. Cf. infra.<br />

53. IACtHR. Case of Barrios Altos v. Peru. Judgement<br />

of November 30, 2001 (Reparations and<br />

Costs), operative para. 5.<br />

54. IACtHR. Cf. Street children case, op. cit., para.<br />

122.<br />

55. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgement of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 218. Inter-American Commission<br />

on Human Rights. Villatina Massacre v.<br />

Colombia, Case 11.141, Report No. <strong>10</strong>5/05,<br />

October 27, 2005, para. 25.<br />

56. MEGRET, (F.), “Of Shrines, Memorials and<br />

Museums: Using the International Criminal<br />

Court’s Victim Reparation and Assistance Regime<br />

to Promote Transitional Justice.” Electro-<br />

nic copy available at: http://papers.ssrn.com/<br />

sol3/papers.cfm?abstract_id=1403929.<br />

57. IACtHR. Case of Trujillo-Oroza v. Bolivia.<br />

Judgment of February 27, 2002 (Reparations<br />

and Costs), para. 46.<br />

58. Ibid, operative para. 6.<br />

59. IACtHR. Case of the “Mapiripán Massacre” v.<br />

Colombia. Judgement of September 15, 2005<br />

(Merits, Reparations, Costs), operative para.<br />

<strong>10</strong>-13.<br />

60. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgement of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), operative para. 2-7.<br />

61. IACtHR. Case of Barrios Altos v. Peru. Judgement<br />

of November 30, 2001 (Reparations and<br />

Costs), operative para. 5.<br />

62. IACtHR. Case of La Cantuta v. Peru. Judgement<br />

of November 29, 2006 (Merits, Reparations<br />

and Costs), operative para. 12.<br />

63. IACtHR. Case of the Miguel Castro-Castro Prison<br />

v. Peru. Judgment of November 25, 2006<br />

(Merits, Reparations and Costs), para. 454.<br />

64. For the notion of truth as a form of satisfaction<br />

to the family members of the victims, see:<br />

Myrna Mack Chang versus Guatemala (2003);<br />

Hermanas Serrano Cruz versus El Salvador<br />

(2005); Trujillo Oroza versus Bolivia (2002);<br />

Huilca Tecse versus Peru (2005); Carpio Nicolle<br />

et al. versus Guatemala (2004); 19 Tradesmen<br />

versus Colombia (2004); Bámaca Velásquez<br />

versus Guatemala (2002); Barrios Altos<br />

versus Peru (2001).<br />

65. IACtHR. Case of the Moiwana Community v.<br />

Suriname. Judgment of June 15, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 204.<br />

66. Inter-American Commission on Human Rights.<br />

Juan Manuel Contreras San Martín, Victor<br />

Eduardo Osses Conejeros, and José Soto Ruz<br />

v. Chile. Case 11.715, Report No. 32/02, March<br />

12, 2002, para. 14.<br />

67. IACtHR. Case of the “Street Children” (Villagrán<br />

Morales et al.) versus Guatemala. Judgement<br />

of May 26, 2001 (Reparations and Costs),<br />

operative para. 6.<br />

68. Id, para. <strong>10</strong>2.<br />

69. Id, operative para. 7.<br />

70. IACtHR. Case of Neira-Alegría et al. v. Peru.<br />

Judgment of September 19, 1996, para. 69.<br />

335


71. Cançado Trindade, A.A., Separate Opinion in<br />

the Case of the “Street Children” (Villagrán Morales<br />

et al.) vs. Guatemala. Judgement of May<br />

26, 2001 (Reparations and Costs), para. 28, 35<br />

and 37.<br />

72. IACtHR. Case of the Mayagma (Sumo) Awas<br />

Tingni Community v. Nicaragua, Judgment<br />

of August 31, 2001 (Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 164 and operative para. 4.<br />

73. In most of the massacre cases before the Inter<br />

American Court, States have accepted responsibility<br />

for the massacres.<br />

74. See the Street Children case, whereby the Court<br />

found that the mothers of the street children<br />

should also be considered direct victims, but in<br />

relation to other human rights violations.<br />

75. Note that this innovative notion of victim is not<br />

limited to massacre cases. See IACtHR, Case of<br />

the Sisters Yean and Bosico v. Dominican Republic.<br />

Judgment of September 8, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and Costs);<br />

Case of Cesti-Hurtado v. Peru. Judgment of May<br />

31, 2001 (Reparations and Costs).<br />

76. IACtHR. Mapiripán Massacre v. Colombia.<br />

Judgment of September 15, 2005 (Merits, Reparations,<br />

and Costs), paras. 247 and 257(b);<br />

Case of the Plan de Sánchez Massacre v. Guatemala,<br />

Judgment of November 19, 2004<br />

(Reparations), para. 67. See also Case of the<br />

Moiwana Community v. Suriname. Judgement<br />

of June 15, 2005 (Preliminary Objections, Merits,<br />

Reparations and Costs), para. 178.<br />

77. IACtHR. Case of the Saramaka People v. Suriname.<br />

Judgment of November 28, 2007 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations, and<br />

Costs), para. 22.<br />

78. IACtHR. Case of Mapiripán Massacre v. Colombia<br />

(2005). Judgment of September 15, 2005<br />

(Merits, Reparations and Costs), para. 314, whereby<br />

Colombia expresses “(…) it’s deep respect<br />

and sympathy for the victims of the facts that<br />

took place in Mapiripán in July 1997, and (…)<br />

evokes their memory to state its regret and to<br />

apologize to their next of kin and to Colombian<br />

society”. Similarly, see Case of the Moiwana<br />

Community v. Suriname. Judgment of June 15,<br />

2005 (Preliminary Objections, Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 216.<br />

79. The concept of “project of life” was first applied<br />

by the Court in the case Loayza Tamayo versus<br />

Peru and later in Street Children v. Guatemala<br />

(2001), Cantoral Benavides v. Peru (2001), Gómez<br />

Palomino versus Peru (2005).<br />

336<br />

80. IACtHR. Case of Cantoral Benavides v. Peru.<br />

Judgment of December 3, 2001 (Reparations<br />

and Costs), operative para. 6.<br />

81. IACtHR. Case of Gómez-Palomino v. Peru.<br />

Judgment of November 22, 2005 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 146.<br />

82. Id, paras. 145, 148.<br />

83 IACtHR. Case of the Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala, Judgment of November 19,<br />

2004 (Reparations), para. <strong>10</strong>2; Case of Yatama<br />

v. Nicaragua, Judgment of June 23, 2005 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 253.<br />

84. IACtHR. Case of the Plan de Sánchez Massacre<br />

v. Guatemala, Judgment of November 19,<br />

2004 (Reparations), para. <strong>10</strong>2.<br />

85. IACtHR. Case of Yatama v. Nicaragua, Judgment<br />

of June 23, 2005 (Preliminary Objections,<br />

Merits, Reparations and Costs), para.<br />

253.<br />

86. IACtHR. Case of Serrano-Cruz Sisters v. El Salvador.<br />

Judgment of March 1, 2005 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 195.<br />

87. IACtHR. Case of Carpio-Nicolle et al. v. Guatemala,<br />

Judgment of November 22, 2004 (Merits,<br />

Reparations and Costs), para. 138.<br />

88. IACtHR. Case of Huilca Tecse v. Peru, Judgment<br />

of March 3, 2005 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 111; Case of the Serrano-<br />

-Cruz Sisters v. El Salvador, Judgment of March<br />

1, 2005 (Merits, Reparations and Costs), para.<br />

194; Case of Carpio-Nicolle et al. v. Guatemala,<br />

Judgment of November 22, 2004 (Merits,<br />

Reparations and Costs), para. 136; Case of the<br />

Yakye Axa Indigenous Community v. Paraguay,<br />

Judgment of June 17, 2005 (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 226.<br />

89. UNGA Res. 147, 21 March 2006, A/<br />

RES/60/147, para. 23.<br />

90. IACtHR. Case of Trujillo-Oroza v. Bolivia. Judgement<br />

of February 27, 2002 (Reparations and<br />

Costs), para. 1<strong>10</strong>.<br />

91. IACtHR. Case of Myrna Mack Chang v. Guatemala.<br />

Judgement of November 25, 2003 (Merits,<br />

Reparations and Costs), operative para. 6.<br />

92. See supra n. <strong>10</strong>4 at para. 282.<br />

93. IACtHR . Case of La Cantuta v. Peru. Judgement<br />

of November 29, 2006 (Merits, Reparations<br />

and Costs), operative para. 15.


94. IACtHR. Case of the “Mapiripán Massacre” v.<br />

Colombia. Judgement of September 15, 2005<br />

(Merits, Reparations, Costs), operative para. 13.<br />

95. IACtHR. Case of Tibi v. Ecuador, Judgment of<br />

September 07, 2004 (Preliminary Objections,<br />

Merits, Reparations and Costs), operative<br />

para. 13.<br />

96. IACtHR. Case of the Ituango Massacres v. Colombia.<br />

Judgment of July 1, 2006 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and Costs),<br />

operative para. 21.<br />

97. In this case the education and training program<br />

was targeted at health care staff. IACtHR. Case<br />

of Ximenes Lopes v. Brazil, Judgment of July 4,<br />

2006 (Merits, Reparations and Costs), operative<br />

para. 8.<br />

98. IACtHR. Case of Barrios Altos v. Peru. Judgement<br />

of March 14, 2001 (Merits), operative<br />

para. 4; Case of La Cantuta v. Peru. Judgement<br />

of November 29, 2006 (Merits, Reparations<br />

and Costs), operative para. 7. Case of Almonacid<br />

Arellano et al v. Chile. Judgement of<br />

September 26, 2006 (Preliminary Objections,<br />

Merits, Reparations and Costs), operative para.<br />

3 and 5.<br />

99. IACtHR. Case of Castillo Petruzzi v. Peru. Judgement<br />

of May 30, 1999 (Merits, Reparations<br />

and Costs), operative para. 14.<br />

<strong>10</strong>0. IACtHR. Case of “The Last Temptation of<br />

Christ” (Olmedo-Bustos et al) v. Chile. Judgement<br />

of February 5, 2001 (Merits, Reparations<br />

and Costs), operative para. 4.<br />

<strong>10</strong>1. IACtHR. Case of Barrios Altos v. Peru. Judgement<br />

of March 14, 2001 (Merits), paras.<br />

41-44.<br />

<strong>10</strong>2. IACtHR. Case of Baldeón García v. Peru,<br />

Judgment of April 6, 2006 (Merits, Reparations,<br />

and Costs), para. 199; Case of Escué<br />

Zapata v. Colombia, Judgment of July 4, 2007<br />

(Merits, Reparations and Costs), para. 166;<br />

Case of the Rochela Massacre v. Colombia,<br />

Judgment of May 11, 2007 (Merits, Reparations,<br />

and Costs), para. 295.<br />

<strong>10</strong>3. IACtHR. Case of Heliodoro Portugal v. Panama,<br />

Judgment of August 12, 2008 (Preliminary<br />

Objections, Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 244.<br />

<strong>10</strong>4. IACtHR. Case of La Cantuta v. Peru, Judgment<br />

of November 29, 2006 (Merits, Reparations<br />

and Costs), paras. 240-241; Case of<br />

Ximenes-Lopes v. Brazil, (Merits, Reparations<br />

and Costs), para. 250; Case of the Caracazo v.<br />

Venezuela, Judgment of August 29, 2002 (Re-<br />

parations and Costs), para. 127; Case of Myrna<br />

Mack Chang v. Guatemala, Judgment of<br />

November 25, 2003 (Merits, Reparations and<br />

Costs), para. 282; Case of Gutiérrez-Soler v.<br />

Colombia, Judgment of September 12, 2005<br />

(Merits, Reparations and Costs), para <strong>10</strong>6.<br />

<strong>10</strong>5. IACtHR. Case of González et al. (“Cotton<br />

Field”) v. Mexico, Judgment of November 16,<br />

2009 (Preliminary Objection, Merits, Reparations,<br />

and Costs), paras. 164.<br />

<strong>10</strong>6. IACtHR. Case of González et al. (“Cotton<br />

Field”) v. Mexico, Judgment of November 16,<br />

2009 (Preliminary Objection, Merits, Reparations,<br />

and Costs), paras. 540-541.<br />

<strong>10</strong>7. IACtHR. Case of Serrano-Cruz Sisters v. El<br />

Salvador. Judgment of March 1, 2005 (Merits,<br />

Reparations and Costs), para. 193. Similarly,<br />

see the case of the Mapiripán Massacre v.<br />

Colombia. Judgment of September 15, 2005<br />

(Merits, Reparations, and Costs), para. 308.<br />

<strong>10</strong>8. IACtHR. Case of the “Las dos Erres” Massacre<br />

v. Guatemala, Judgment of November 24,<br />

2009 (Preliminary Objection, Merits, Reparations,<br />

and Costs), para. 271-274.<br />

<strong>10</strong>9. See Case of Loayza Tamayov. Peru, Judgment<br />

of 27 November 1998 (Reparations and<br />

Costs), Joint Separate Opinion of Judges A.A.<br />

Cançado Trindade and A. Abreu Burelli.<br />

1<strong>10</strong>. Salvioli, Fabian. Que veulent les victimes de<br />

violations graves des droits de l’homme? In:<br />

Réparer les violations graves et massives des<br />

droits de l’homme: La Cour interaméricaine,<br />

pionnière et modèle? Paris: Société de législation<br />

comparée, 20<strong>10</strong>, pp.31-67.<br />

111. De Greiff, Pablo. Justice and Reparations, In:<br />

The Handbook of Reparations. New York:<br />

Oxford University Press, 2006, pp. 451-477;<br />

Roht-Arriaza, Naomi. Reparations in International<br />

Law and Practice. In: The Pursuit of<br />

International Criminal Justice: Victimization,<br />

and Post-Conflict Justice, vol. I. Antwerp: Intersentia,<br />

20<strong>10</strong>, pp. 655-698.<br />

112. Cf. Pérez, Teresa, Herzfeld, Roberta, Sales,<br />

Pau. Muerte y Desaparición Forzada en la<br />

Araucanía: una aproximación étnica – efectos<br />

psicosociales e interpretación sociocultural de<br />

la repression política vivida por los familiares<br />

de detenidos-desaparecidos y ejecutados mapunches<br />

y no-mapunches. In: Ko’aga Roñe’eta<br />

Online Journal, Series X, available at: http://<br />

www.derechos.org/koaga/x/mapuches.<br />

113. Jeiín, Elizabeth apud Guembe, Maria José.<br />

Economic Reparations for Grave Human Ri-<br />

337


Vinícius Fox Drummond Cançado Trindade<br />

338<br />

ghts Violations: The Argentinean Experience.<br />

In: The handbook of reparations. Pablo<br />

de Greiff (ed.). New York: Oxford University<br />

Press, 2006, p. 38.<br />

114. Boven, Theo van. Victims’ Rights to a Remedy<br />

and Reparation: the new United Nations<br />

Principles and Guidelines. In: Reparations for<br />

Victims of Genocide, War Crimes and Crimes<br />

against Humanity. Leiden: Nijhoff, 2009, p. 39.


ANEXOS


ADDRESS TO THE U.N. HUMAN RIGHTS COMMITTEE<br />

ON THE OCCASION OF THE COMMEMORATION<br />

OF ITS <strong>10</strong>0 TH SESSION<br />

(PALAIS DES NATIONS, UNITED NATIONS, GENEVA, 29 OCTOBER 20<strong>10</strong>)<br />

I. INTRODUCTION<br />

1. This is a significant day to all those devoted<br />

to the international protection of human<br />

rights: we all gather today, 29 October 20<strong>10</strong>, here<br />

at the United Nations Headquarters in Geneva,<br />

to commemorate the <strong>10</strong>0 th session of the U.N.<br />

Human Rights Committee, the organ established<br />

by the International Covenant on Human Rights<br />

to supervise compliance with its provisions. The<br />

Committee has been doing so, along the years of<br />

its existence, in the faithful exercise of its functions,<br />

by means either of its Views on communications<br />

under the Optional Protocol (Article 5(4)),<br />

or of its Concluding Observations on reports of<br />

States Parties to the Covenant, or else of its General<br />

Comments.<br />

2. I am particularly honoured by, and grateful<br />

for, the kind invitation to address this commemorative<br />

act of the <strong>10</strong>0 th session of the Committee.<br />

More than three decades ago, by the end<br />

of 1977 and the beginning of 1978, I had the occasion<br />

to assist in the processing, in the old U.N.<br />

Division of Human Rights, here at the Palais des<br />

Nations in Geneva, of the first lot of communications,<br />

for examination by the Human Rights<br />

Committee. The great majority of them conformed<br />

what came to be known, in those days, as<br />

the cycle of cases concerning Uruguay. Much of<br />

South America was, in those years, plagued by authoritarian<br />

and repressive regimes, which became<br />

one of the earliest challenges faced by the Human<br />

Rights Committee in its history. Today, 33 years<br />

later, if we look back, we are bound to express our<br />

recognition for the significant contribution, in all<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

Former President of Inter Inter-American Court of Human Rights;<br />

Judge of the International Court of Justice<br />

continents, of the Human Rights Committee, to<br />

the international protection of human rights.<br />

II. VIEWS ON COMMUNICATIONS.<br />

3. In so far as the petitioning system is concerned,<br />

the Committee’s handling of communications<br />

provides a clear illustration of its interpretation<br />

of the Covenant provisions concerning the<br />

absolute prohibition of torture or ill-treatment, a<br />

wide range of protected rights (such as the right to<br />

life, the right to a fair hearing, the right to liberty<br />

and security of person, the right to freedom of movement,<br />

the right of aliens not to be expelled arbitrarily,<br />

the right to privacy and family and reputation,<br />

among others). The Committee has further<br />

interpreted the Covenant’s provisions on, e.g., the<br />

prohibition of slavery, servitude and forced labour,<br />

as well as its provisions on fundamental freedoms<br />

(such as the freedom of thought and conscience<br />

and religion, the freedom of expression, the freedoms<br />

of assembly and association).<br />

4. By means of its Views on communications,<br />

the Committee has further interpreted the<br />

Covenant to deal with crucial issues, such as, for<br />

example, that of non-derogable rights and states of<br />

emergency 1 . In relation to another key issue, that<br />

of non-discrimination, the Committee gave a pioneering<br />

contribution when, in its views in the cases<br />

of Broeks and Zwaan-de Vries versus The Netherlands<br />

in 1987, it found a breach of Article 26 of the<br />

Covenant in respect of social security benefits, and<br />

upheld, in a ground-breaking way, an autonomous<br />

right to non-discrimination, thus paving the way<br />

for further developments on the issue.<br />

341


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

5. It is, moreover, deserving of singling out<br />

the way the Committee has tackled the issue of<br />

arbitrariness of public authorities, in its Views<br />

on communications. The Committee has avoided<br />

equating arbitrariness only with the expression<br />

“against the law”. Thus, in the Marques de<br />

Morais versus Angola case (2005), inter alia, it<br />

gave arbitrariness a broader interpretation, so as<br />

to encompass elements of injustice, lack of due<br />

process of law, inappropriateness, and lack of<br />

predictability. Likewise, earlier on, in the R. Mojica<br />

versus Dominican Republic case (1994) and<br />

in the Tshishimbi versus Zaire case (1996), the<br />

Committee warned that an interpretation that<br />

would allow States Parties “to tolerate, condone<br />

or ignore” threats made by public authorities to<br />

the personal liberty and security of non-detained<br />

individuals under the jurisdiction of the States<br />

Parties concerned, “would render ineffective the<br />

guarantees of the Covenant” 2 .<br />

III. CONCLUDING OBSERVATIONS ON<br />

REPORTS OF STATES PARTIES.<br />

6. In so far as the reporting system is concerned,<br />

by means of its Concluding Observations the<br />

Human Rights Committee has, along the years<br />

of its operation, contributed to give precision to<br />

the scope of the rights protected under the Covenant,<br />

as well as to the corresponding obligations<br />

incumbent upon States Parties. Moreover, the<br />

Committee has, in the exercise of this function,<br />

at times disclosed the impact of the International<br />

Law of Human Rights upon distinct chapters of<br />

Public International Law: a pertinent illustration<br />

is provided by its acknowledgment of the continuity<br />

of human rights obligations in cases of State<br />

succession 3 . Last but not least, by discharging<br />

its tasks in respect of the reporting system under<br />

the Covenant, the Committee has undertaken a<br />

continuous monitoring of the situation of human<br />

rights in States Parties around the world.<br />

IV. General Comments.<br />

7. By means of its General Comments, the<br />

Human Rights Committee has provided invaluable<br />

guidance to its interpretation of the relevant<br />

provisions of the Covenant on Civil and Political<br />

Rights. Its successive General Comments (33<br />

to date) have covered a wide range of topics. The<br />

principle of humanity underlies the two general<br />

comments, ns. 9 (1982, para. 3) and 21 (1992,<br />

para. 4) on Article <strong>10</strong> of the Covenant (humane<br />

treatment of persons deprived of their liberty).<br />

The principle of humanity, usually invoked in the<br />

domain of International Humanitarian Law, thus<br />

342<br />

extends itself also to that of International Human<br />

Rights Law. And, as the Committee rightly stated<br />

in its general comment n. 31 (2004), “both<br />

spheres of law are complementary, not mutually<br />

exclusive” (para. 11).<br />

8. The principle of humanity, thus understood<br />

in its wide dimension, permeates the<br />

Committee’s consideration of the fundamental<br />

right to life (Article 6) lato sensu, in its general<br />

comments ns. 6 (1982 para. 2) and 14 (1984,<br />

paras. 2-7). The Committee stresses therein the<br />

“supreme duty” to prevent wars and other acts of<br />

mass violence (which “continue to be a scourge of<br />

humanity”), and calls upon all States, “in the interest<br />

of mankind”, to rid the world of the menace<br />

of nuclear weapons. The Committee has likewise<br />

devoted special attention to the fundamental<br />

principle of non-discrimination: in its general<br />

comment n. 18 (1989), the Committee singles<br />

out the wide scope of that fundamental principle,<br />

by pointing out that while Article 2 circumscribes<br />

the rights to be protected against discrimination<br />

to those enshrined into the Covenant, Article 26<br />

goes much further in providing in itself an autonomous<br />

right, and in prohibiting discrimination<br />

“in law or in fact in any field regulated and protected<br />

by public authorities”(para. 12).<br />

9. In its recent and lengthy general comment<br />

n. 32 (2007), the Committee identified the right<br />

to equality before the courts and tribunals and<br />

to a fair trial, as “a key element of human rights<br />

protection” and “a procedural means to safeguard<br />

the rule of law” (para.2). In the Committee’s understanding,<br />

Article 14 of the Covenant contains<br />

guarantees that “States Parties must respect, regardless<br />

of their legal traditions and their domestic<br />

law” (para.4). Thus, to deviate from the fundamental<br />

principles of fair trial, encompassing the<br />

presumption of innocence, “is prohibited at all<br />

times” (para.6).<br />

<strong>10</strong>. This whole issue is linked to access to<br />

justice itself, as Article 14 encompasses the right<br />

of access to the courts and tribunals and to equality<br />

before them. This right<br />

“is not limited to citizens of States Parties, but<br />

must also be available to all individuals, regardless<br />

of nationality or statelessness, or whatever<br />

their status, whether asylum-seekers, refugees,<br />

migrant workers, unaccompanied children or<br />

other persons, who may find themselves in the<br />

territory or subject to the jurisdiction of the State<br />

Party”(para.9).<br />

11. The Committee added that the guarantees<br />

of Article 14 - in particular that of equality of all


Address to the U.N. Human Rights Committee on the Occasion of the Commemoration of its <strong>10</strong>0th session<br />

persons before the courts and tribunals - apply in<br />

all circumstances, including when domestic law<br />

entrusts a judicial body with the task of deciding<br />

about expulsions and deportations (para.62). The<br />

issue was also examined by the Committee in its<br />

general comment n. 15 (1986), wherein it pondered<br />

that Article 13 of the Covenant clearly aims<br />

at preventing arbitrary expulsions, in providing<br />

that expulsions can only be carried out “in pursuance<br />

of a decision reached in accordance with<br />

law”, without discrimination, and giving the alien<br />

the means to pursue his appeal against expulsion<br />

(para.<strong>10</strong>).<br />

12. Some of the general comments of the Human<br />

Rights Committee, on certain issues of substantive<br />

as well as procedural law, were soon to<br />

echo in other mechanisms of human rights protection,<br />

both at U.N. and at regional levels. Such<br />

was the case, for example, of general comment<br />

n. 24 (1994), on issues relating to reservations to<br />

the Covenant on Civil and Political Rights or the<br />

Optional Protocols thereto. I promptly captured<br />

this contribution of the Committee, in my Separate<br />

Opinions in the Blake versus Guatemala case<br />

(Judgments on Preliminary Objections, Merits,<br />

and Reparations), decided shortly afterwards by<br />

the Inter-American Court of Human Rights.<br />

13. And, throughout my years of Presidency<br />

of the Inter-American Court (1999-2004), I kept<br />

in mind the keen awareness, on the part of the<br />

Human Rights Committee, of the time factor in<br />

the settlement of cases raising issues of competence<br />

ratione temporis. In this respect, reference<br />

can also be made to the Committee’s general<br />

comment n. 26 (1997), on the continuity of<br />

obligations, with an incidence in another area of<br />

international law. The Committee boldly stated<br />

therein that “the Covenant is not the type of treaty<br />

which, by its nature, implies a right of denunciation”<br />

(para.3). In insisting that “international<br />

law does not permit a State which has ratified or<br />

acceded or succeeded to the Covenant to denounce<br />

it or withdraw from it” (para.5), the Committee<br />

reiterated the view that it has consistently taken<br />

in its long-standing practice, to the effect that<br />

“The rights enshrined in the Covenant belong to<br />

the people living in the territory of the State Party.<br />

(...) Once the people are accorded the protection<br />

of the rights under the Covenant, such protection<br />

devolves with territory and continues to belong<br />

to them, not-withstanding change in government<br />

of the State Party, including dismemberment in<br />

more than one State or State succession or any<br />

subsequent action of the State Party designed to<br />

divest them of the rights guaranteed by the Covenant”<br />

(para.4).<br />

14. The general obligation of States Parties<br />

to respect and to ensure the rights recognized by<br />

the Covenant (Article 2(1)) was examined by the<br />

Committee in its general comment n. 31 (2004).<br />

Such general obligation, added to the specific obligations<br />

in respect of each of the protected rights,<br />

were all obligations erga omnes partes, as Article<br />

2 is couched in such terms as to make it clear<br />

that “every State Party has a legal interest in the<br />

performance by every other State Party of its obligations”<br />

(para.2). The enjoyment of the protected<br />

rights is to be secured to all individuals, irrespective<br />

of any circumstances, under the jurisdiction<br />

of the State Party (para. <strong>10</strong>). This applies also to<br />

cases of expulsions (para. 12). States Parties are<br />

thus to conform their domestic law and practices<br />

with the Covenant (para.13), and are to provide<br />

accessible and effective remedies to individuals to<br />

vindicate the protected rights (para. 15).<br />

15. General comment n. 31 further asserts<br />

that States Parties are to secure the “direct applicability”<br />

of the Covenant provisions in domestic<br />

law, as well as the “interpretive effect” of the Covenant<br />

provisions in the application of domestic<br />

law (para. 15). Article 2(3) provides for reparations<br />

to individuals whose Covenant rights have<br />

been violated, and the Committee noted in this<br />

respect that reparations can consist of:<br />

“restitution, rehabilitation and measures of<br />

satisfaction, such as public apologies, public<br />

memorials, guarantees of non-repetition and<br />

changes in relevant laws and practices, as<br />

well as bringing to justice the perpetrators of<br />

human rights violations” (para.16).<br />

Last but not least, general comment n. 31<br />

espoused the view that the individual’s right to an<br />

effective remedy:<br />

“may in certain circumstances require States<br />

Parties to provide for and implement provisional<br />

or interim measures to avoid continuing<br />

situations and to endeavour to repair at the<br />

earliest possible opportunity any harm that<br />

may have been caused by such violations” 4 .<br />

V. CONCLUSIONS<br />

16. In the exercise of its functions, the Human<br />

Rights Committee has thus aptly identified,<br />

in its interpretation of the Covenant on Civil<br />

and Political Rights, the proper time and space<br />

dimensions in all its consequences. Examples of<br />

the former are provided by its endorsement of the<br />

343


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

notions of continuing situation 5 and persistent<br />

effects, in its handling of communications, as well<br />

as, in certain circumstances, of potential victims 6 .<br />

As to the latter, an example is provided by its endorsement<br />

of the extra-territorial application of<br />

the protected rights.<br />

17. The hermeneutics pursued by the Human<br />

Rights Committee, on the basis of the general<br />

rule of treaty interpretation (Article 31 of the<br />

two Vienna Conventions on the law of Treaties of<br />

1969 and 1986), has been proper to a system of<br />

protection which is ineluctably victim-oriented. It<br />

has disclosed distinct features, namely:<br />

344<br />

a) it has pursued a hermeneutical criterion<br />

grounded on the principle pro persona humana,<br />

pro victima;<br />

b) it has pursued a holistic approach, relating<br />

the protected rights inter se (thus avoiding<br />

to consider them in isolation from each<br />

other), in a way conducive to the acknowledgement<br />

of the interdependence and<br />

indivisibility of all human rights;<br />

c) it has worked in the framework of the universality<br />

of human rights.<br />

18. The contribution of the Human Rights<br />

Committee to the international protection of human<br />

rights has been reckoned within the United<br />

Nations system as a whole, and indeed beyond it,<br />

at regional level. There have been, in recent years,<br />

successive judgments of the European Court<br />

of Human Rights which refer to Views adopted<br />

by the Committee on communications. Likewise,<br />

the Inter-American Court of Human Rights,<br />

ever since my years serving and presiding it until<br />

now, has referred, in successive judgments,<br />

to the Views, as well as General Comments, of<br />

the Committee. And I am confident that the new<br />

African Court on Human and Peoples’ Rights will<br />

be no exception to this trend.<br />

19. Turning back to the universal level, the<br />

International Court of Justice, as the principal<br />

judicial organ of the United Nations, has, in the<br />

exercise of its contentious as well as advisory<br />

functions in recent years, referred either to relevant<br />

provisions of the Covenant on Civil and<br />

Political Rights, or to the work of its supervisory<br />

organ, the Human Rights Committee. Thus, as<br />

to contentious cases, in its Judgement in the case<br />

of Armed Activities on the Territory of the Congo<br />

(D.R. Congo versus Uganda, 19.12.2005), the<br />

Court held that the Covenant provisions were<br />

applicable to the case. Shortly afterwards, in its<br />

Judgment in the case of the Application of the<br />

Convention against Genocide (Bosnia-Herzegovina<br />

versus Serbia and Montenegro, 26.02.2007),<br />

the Court recalled the wording of Articles 2 and<br />

3 of the Covenant to support its interpretation of<br />

the meaning of the word “undertakes” in the Convention<br />

against Genocide (Article 1).<br />

20. As to its advisory function, the ICJ held,<br />

in its Advisory Opinion on Legal Consequences<br />

of the Construction of a Wall in the Occupied<br />

Palestinian Territory (09.07.2004), that the<br />

Covenant is not unconditionally suspended in<br />

times of conflict (para. <strong>10</strong>6), and that the Covenant<br />

applies outside the States Parties’ territory<br />

when they exercise their jurisdiction therein, as<br />

emerges from the legislative history of the Covenant,<br />

as well as from the consistent practice of the<br />

Human Rights Committee (paras. <strong>10</strong>7-111 and<br />

134). Earlier on, in its Advisory Opinion on the<br />

Threat of Use of Nuclear Weapons (08.07.1996),<br />

the ICJ referred to Article 6 (right to life) of the<br />

Covenant. Very recently, in my Separate Opinion<br />

in the Court’s Advisory Opinion on Accordance<br />

with International Law of the Declaration of Independence<br />

of Kosovo (22.07.20<strong>10</strong>), I deemed it<br />

fit to refer to Article 1 of the Covenant(s) as well<br />

as to the Human Rights Committee’s position<br />

on the States’ automatic succession in respect of<br />

human rights treaties and on the extra-territorial<br />

application of human rights (paras. 154 and 191),<br />

- already referred to.<br />

21. At the end of this incursion into the<br />

work of the Human Rights Committee, along<br />

its first <strong>10</strong>0 sessions, singling out some of the<br />

main positions it has adopted, in its Views on<br />

Communications, its Concluding Observations<br />

on States Reports, and its General Comments,<br />

and their repercussions, we can conclude that the<br />

Committee’s contribution, through the interpretation<br />

of the Covenant, to the evolution of the International<br />

Law of Human Rights itself, has been<br />

remarkable. On the present commemoration of<br />

the <strong>10</strong>0 th session of the Committee, may I present<br />

my compliments to it, and the expression of confidence<br />

that it will continue to render its invaluable<br />

contribution to the cause of the prevalence of<br />

human rights along its next <strong>10</strong>0 sessions. Thank<br />

you very much for your attention.


Address to the U.N. Human Rights Committee on the Occasion of the Commemoration of its <strong>10</strong>0th session<br />

1. Cf., e.g., [Various Authors] Droits intangibles et<br />

états d’exception (eds. D. Prémont et alii), Bruxelles,<br />

Bruylant, 1996, pp. 1 ss.<br />

2. Para. 5.4, in both cases. In the L. Rajapakse versus<br />

Sri Lanka case (2006), likewise, the Committee<br />

again pondered that personal security<br />

was to be safeguarded in distinct circumstances,<br />

also beyond the context of formal deprivation<br />

of liberty.<br />

3. Cf., e.g., F. Pocar, “Patto Internazionale sui Diritti<br />

Civili e Politici ed Estradizione”, in Diritti<br />

dell´Uomo, Estradizione ed Espulsione (Atti<br />

del Convegno di Ferrara di 1999 per Salutare<br />

G. Battaglini, ed. F. Salerno), Padua/Milan, Cedam,<br />

2003, pp. 89-90.<br />

4. Para. 19 (emphasis added).<br />

NOTES<br />

5. On the origins of the notion of “continuing situation”,<br />

and its configuration in international<br />

litigation and case-law, and in international<br />

legal conceptualization at normative level, cf.:<br />

ICJ, case of the Jurisdictional Immunities of the<br />

State (Counter-Claim, Germany versus Italy,<br />

Order of 06.07.20<strong>10</strong>), Dissenting Opinion of<br />

Judge A.A. Cançado Trindade, paras. 55-94.<br />

6. The notion of “potential victim” was soon to<br />

mark presence in the evolving international case-law<br />

in the domain of international human<br />

rights protection; cf. A.A. Cançado Trindade,<br />

“Co-existence and Co-ordination of Mechanisms<br />

of International Protection of Human Rights”,<br />

202 Recueil des Cours de l´Académie de<br />

Droit International de La Haye (1987), ch. XI,<br />

pp. 262-283.<br />

345


CONVENIO GENERAL DE COLABORACIÓN QUE CELEBRAN<br />

POR UNA PARTE EL CENTRO JURÍDICO UNIVERSITARIO,<br />

REPRESENTADO EN ESTE ACTO POR SU RECTORA<br />

DRA. RUTH VILLANUEVA CASTILLEJA, QUE EN LO SUCESIVO<br />

SE DENOMINARÁ “EL CENTRO”; Y POR LA OTRA, EL INSTITUTO<br />

BRASILEÑO DE DERECHOS HUMANOS, REPRESENTADO EN ESTE<br />

ACTO POR SU PRESIDENTE EL DR. CÉSAR BARROS LEAL, QUE<br />

EN LO SUCESIVO SE DENOMINARÁ “EL IBDH” CONFORME<br />

A LAS DECLARACIONES Y CLÁUSULAS SIGUIENTES:<br />

DECLARACIONES:<br />

I. DECLARA “EL CENTRO” POR CONDUC-<br />

TO DE SU REPRESENTANTE LEGAL<br />

a) Que es el ente académico de la Asociación Civil<br />

constituida mediante escritura pública número<br />

cincuenta y seis mil ochocientos cuarenta<br />

y uno, de fecha tres de septiembre de mil novecientos<br />

noventa y dos, otorgada ante la fe de notario<br />

público número sesenta del distrito federal,<br />

Lic. Francisco de P. Morales Díaz, y que dentro<br />

de sus objetivos plasmados en sus estatutos se<br />

encuentran, entre otros, el impulsar las acciones<br />

tendientes a estimular las posiciones profesionales<br />

y académicas en las áreas de la prevención<br />

del delito, la readaptación social, la adaptación<br />

de menores y en general del estudio de las conductas<br />

antisociales así como celebrar acuerdos<br />

con instituciones para la realización de sus fines<br />

de una manera profesional.<br />

b) Que dentro de sus programas de trabajo en<br />

el campo de la investigación y profesionalización,<br />

su interés se enfoca hacia la formación<br />

de profesionales acreditados que cuenten con<br />

los elementos de capacitación, sensibilización y<br />

aptitudes, así como con el perfil adecuado para<br />

desarrollarse dentro de las áreas específicas de la<br />

prevención la adaptación y readaptación sociaL,<br />

por medio del centro jurídico universitario.<br />

c) Que la doctora Ruth Villanueva Castilleja, se<br />

encuentra facultada para suscribir este acuerdo<br />

en representación del “Centro”.<br />

d) Que para efectos del presente acuerdo, señala<br />

como domicilio el ubicado en Misterios nº.<br />

534, Colonia Industrial, Delegación Política<br />

Gustavo A. Madero, C.P. 07800, México, Distrito<br />

Federal.<br />

II. DECLARA “EL IBDH” POR CONDUC-<br />

TO DE SU REPRESENTANTE LEGAL<br />

a) Que se encuentra legalmente constituido como<br />

asociación civil en Fortaleza, Ceará, Brasil bajo<br />

las normas y leyes establecidas en este País.<br />

b) Que, dentro de sus objetivos, “EL IBDH” desarrolla<br />

la enseñanza y la investigación de los<br />

Derechos Humanos, así como su promoción,<br />

buscando el intercambio en esta materia a nivel<br />

Nacional e Internacional.<br />

c) Que el Doctor César Barros Leal tiene las atribuciones<br />

que le han sido concedidas por quienes<br />

representa en su carácter de Presidente de<br />

“EL IBDH”, para la celebración del Presente<br />

Convenio.<br />

d) Que para los efectos legales de este instrumento<br />

señala como su domicilio, el ubicado en la<br />

calle José Carneiro da Silveira, número 15,<br />

apartamento 301, Cocó, Fortaleza, Ceará, Brasil,<br />

Código Postal 60.192.030.<br />

III. DECLARAN AMBAS PARTES<br />

a) Reconocerse recíprocamente el carácter y las<br />

facultades con las que comparecen a la firma<br />

del presente convenio.<br />

b) El presente acto lo suscriben libre de toda violencia,<br />

error, lesión, dolo o mala fe, por lo que<br />

desde ahora renuncian en perjuicio a invocar<br />

algún vicio del consentimiento.<br />

c) Que atendiendo a los objetivos y funciones<br />

que la sociedad les ha confiado, consideran de<br />

347


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

348<br />

fundamental importancia para el desarrollo<br />

de sus respectivos fines institucionales realizar<br />

acciones de colaboración en el campo de la<br />

educación, de la investigación y el análisis, que<br />

favorezcan el desarrollo de los conocimientos<br />

en el área de los Derechos Humanos, la Criminología,<br />

el Sistema de Seguridad Pública, Penitenciario<br />

y de Menores Infractores.<br />

d) Que reconocen la importancia de desarrollar<br />

lazos académicos y de amistad que propicien el<br />

mutuo entendimiento de los pueblos de Brasil<br />

y México, así como ampliar la colaboración en<br />

las áreas educativas de la Criminología, el Sistema<br />

de Seguridad Pública, Penitenciario y de<br />

Menores Infractores.<br />

Expuesto lo anterior, las partes están de<br />

acuerdo en sujetar sus compromisos en los términos<br />

y condiciones previstos en las siguientes:<br />

PRIMERA: OBJETO<br />

CLÁUSULAS<br />

El objeto del presente Convenio es el establecimiento<br />

de las bases conforme a las cuales ambas<br />

partes llevarán a cabo actividades de complementación<br />

y colaboración académica, científica y cultural,<br />

encaminadas a realizar acciones conjuntas<br />

para promover el estudio, análisis e investigación<br />

en materia de los Derechos Humanos, Criminología,<br />

el Sistema de Seguridad Pública, Penitenciario<br />

y de Menores Infractores en relación a los diversos<br />

programas de estudio que se ofrecen en “EL CEN-<br />

TRO”, mediante el desarrollo de Convenios de Colaboración<br />

Específicos en áreas de interés común.<br />

SEGUNDA: ALCANCE<br />

Para el cumplimiento del objeto del presente<br />

Convenio, las partes llevarán a cabo las siguientes<br />

actividades:<br />

a) Impulsar la realización de Cursos, Diplomados<br />

y Talleres acerca de temas relacionados con<br />

los programas de estudio que ofrece “EL CEN-<br />

TRO” a fin de promover una cultura de respeto<br />

a la legalidad;<br />

c) Las partes promoverán investigaciones de manera<br />

conjunta en temas relacionados con los<br />

jóvenes en riesgo y el conflicto con la Ley Penal<br />

y su vinculación con los Derechos Humanos,<br />

la Criminología y otras áreas del conocimiento<br />

afines;<br />

d) Impulsarán la creación, publicación y difusión<br />

de obras literarias y estudios que atañen a temas<br />

relacionados con la justicia de menores, la<br />

prevención del delito, los Derechos Humanos,<br />

la Criminología, el Sistema de Seguridad Pública,<br />

Penitenciario y de Menores Infractores y los<br />

que atañen a los programas de estudio con los<br />

que cuenta “EL CENTRO”.<br />

e) Las partes se comprometen a facilitar el acceso<br />

al material bibliográfico, hemerográfico y documental<br />

que esté vinculado con los temas de<br />

interés.<br />

f) Ambas Instituciones podrán gestionar convenios<br />

con organismos gubernamentales y de la<br />

sociedad civil, en el ámbito Nacional e Internacional,<br />

que conlleven a: diseño de proyectos<br />

de investigación conjunta en temas de interés<br />

común; preparación de docentes en especialidades;<br />

asesorías para estudios de posgrado; y cualquier<br />

otra modalidad que las partes convengan.<br />

TERCERA: CONVENIOS ESPECÍFICOS<br />

Para el desarrollo de las actividades señaladas<br />

en la cláusula anterior, las partes elaborarán<br />

programas de trabajo a efecto de delimitar el alcance<br />

de los compromisos que tendrá cada una.<br />

Los programas de trabajo y su desarrollo se<br />

elevarán a la categoría de Convenios Específicos,<br />

los cuales deberán constar por escrito y describirán<br />

con precisión sus objetivos, las actividades<br />

a desarrollar, calendarios y lugares de trabajo,<br />

personal involucrado, enlaces y coordinadores o<br />

responsables, recursos técnicos y materiales, publicación<br />

de resultados y actividades de difusión,<br />

controles de evaluación y seguimiento, aportaciones<br />

económicas de cada una, así como aquellos<br />

aspectos y elementos necesarios para determinar<br />

sus propósitos y alcances.<br />

CUARTA: COMISIÓN DE SEGUIMIENTO<br />

Y EVALUACIÓN<br />

Las partes acuerdan constituir una Comisión<br />

de Seguimiento y Evaluación del cumplimiento<br />

del presente instrumento, la cual se integrará por<br />

igual número de miembros de cada una de las partes<br />

y deberá quedar constituida dentro de los quince<br />

(15) días posteriores a la suscripción de este<br />

Convenio General de Colaboración.<br />

La Comisión de Seguimiento y Evaluación<br />

tendrá las funciones siguientes:<br />

a) Elaborar el Programa Anual de Trabajo,<br />

que deberá anexarse al presente Convenio<br />

General de Colaboración;<br />

b) Recibir propuestas de colaboración de<br />

cualquiera de las partes y transmitirlas a


Convenio General de Colaboración que Celebran por una Parte el Centro Jurídico Universitario, Representada of por su Rectora, Dra. Ruth<br />

Villanueva Castilleja y por la Otra, el <strong>Instituto</strong> Brasileño de Derechos Humanos, Representado por su Presidente, Doctor César Barros Leal<br />

la otra en la modalidad de programas y<br />

proyectos de colaboración específica;<br />

c) Vigilar el efectivo cumplimiento del presente<br />

Convenio General de Colaboración<br />

y sus Anexos;<br />

d) Designar a los funcionarios y áreas responsables<br />

de la ejecución de Convenios de<br />

Colaboración Específicos por cada una de<br />

las partes, estableciéndolos en el Programa<br />

de Trabajo que corresponda;<br />

e) Recomendar a las partes la adopción de las<br />

medidas correctivas que juzguen pertinentes<br />

para optimizar el perfeccionamiento<br />

del presente Convenio y de sus Anexos.<br />

f) Reunirse por lo menos una vez al año, en<br />

el lugar y fechas previamente acordadas<br />

para evaluar el avance y cumplimiento de<br />

las actividades definidas en el Programa<br />

Anual de Trabajo.<br />

g) Proponer a las partes las modificaciones al<br />

Convenio General de Colaboración y sus<br />

Anexos;<br />

h) Presentar a las partes un informe final por<br />

escrito y por etapas, cuando sea necesario,<br />

sobre los resultados obtenidos de la ejecución<br />

de los Convenios de Colaboración<br />

Específicos, así como la conveniencia de<br />

continuar, ampliar o finiquitar cada Convenio.<br />

Los informes finales también se<br />

harán del conocimiento de las autoridades<br />

diplomáticas correspondientes.<br />

La Comisión de Seguimiento y Evaluación<br />

podrá invitar a sus reuniones a personas o representantes<br />

de organizaciones de su respectivo país<br />

para que asesoren y apoyen en su caso, la planificación<br />

y ejecución de las actividades de colaboración<br />

realizadas dentro de este Convenio.<br />

QUINTA: OBTENCIÓN DE RECURSOS<br />

Las partes convienen que los gastos resultantes<br />

de las actividades de colaboración definidas<br />

en el Programa Anual de Trabajo, así como los<br />

gastos que genere la Comisión de Seguimiento y<br />

Evaluación, serán sufragados con base en su disponibilidad<br />

de fondos presupuestarios asignados<br />

para ello. Asimismo, convienen en buscar de forma<br />

conjunta o separada, ante otras instituciones<br />

u organismos de carácter nacional o internacional,<br />

la obtención de los recursos necesarios para<br />

el desarrollo de los programas o proyectos objeto<br />

de este Convenio y de los Convenios Específicos<br />

que en su caso se firmaren, para el supuesto de<br />

que dichos recursos no puedan ser aportados total<br />

o parcialmente por las partes.<br />

SEXTA: CONFIDENCIALIDAD<br />

Las partes guardarán confidencialidad respecto<br />

de las actividades materia de este Convenio,<br />

en los casos que se considere necesario o que expresamente<br />

se comuniquen las partes.<br />

Asimismo, podrán utilizar libremente toda<br />

la información intercambiada en virtud del presente<br />

Convenio, excepto en aquellos casos en que<br />

la parte que la suministró haya establecido restricciones<br />

o reservas de su uso y difusión. En ningún<br />

caso podrá ser transferida por una de las partes a<br />

terceros, sin el consentimiento previo de la otra<br />

parte otorgado por escrito.<br />

SÉPTIMA: DERECHOS DE AUTOR Y<br />

PROPIEDAD INTELECTUAL<br />

Las partes convienen que la difusión objeto<br />

del presente convenio se realizará de común<br />

acuerdo. En los Convenios Específicos que se celebren,<br />

se deberá definir y precisar a quién pertenecerá<br />

la titularidad de la propiedad intelectual<br />

generada, en caso de no determinarlo se sujetarán<br />

a lo previsto en este instrumento.<br />

La titularidad de los derechos de autor en su<br />

aspecto patrimonial corresponde a la parte cuyo<br />

personal haya realizado el trabajo que sea objeto<br />

de publicación, dándole el debido reconocimiento<br />

a quienes hayan intervenido en la realización<br />

del mismo.<br />

Las partes convienen que las publicaciones<br />

de diversas categorías (artículos, folletos, etc.) así<br />

como las coproducciones y difusión objeto del presente<br />

instrumento y los trabajos que se deriven<br />

de la ejecución de los convenios específicos, que<br />

sean susceptibles de protección intelectual corresponderá<br />

a la parte cuyo personal haya realizado<br />

el trabajo objeto de protección, dándole el debido<br />

reconocimiento a quienes hayan intervenido en la<br />

realización del mismo, por lo que gozarán, en lo<br />

que corresponda, de los derechos otorgados por las<br />

leyes en materia de propiedad intelectual tanto en<br />

la República mexicana como en el extranjero.<br />

En caso de trabajos generados y de los cuales<br />

no sea posible determinar el grado de participación<br />

del “CENTRO” y de “EL IBDH”, la titularidad de<br />

la propiedad intelectual corresponderá a las dos en<br />

partes iguales, otorgando el debido reconocimiento<br />

a quienes hayan intervenido en la realización<br />

de los mismos.<br />

349


Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

Queda expresamente entendido que las partes<br />

podrán utilizar en sus tareas académicas los<br />

resultados obtenidos de las actividades amparadas<br />

por el presente instrumento.<br />

OCTAVA: RELACIÓN LABORAL<br />

Las partes convienen que el personal comisionado<br />

por cada una de ellas para la realización<br />

del objeto materia de este Convenio se entenderá<br />

relacionado exclusivamente con aquella que lo<br />

empleó. Por ende, asumirá su responsabilidad por<br />

este concepto y en ningún caso serán considerados<br />

como patrones solidarios o sustitutos.<br />

Si en la realización de un programa interviene<br />

personal que preste sus servicios a instituciones<br />

o personas distintas a las partes, éste continuará<br />

bajo la dirección y dependencia de la institución o<br />

persona para la cual trabaja, por lo que su participación<br />

no originará relación de carácter laboral<br />

con el “CENTRO” ni con el “IBDH”.<br />

NOVENA: INTERCAMBIO DE INFOR-<br />

MACIÓN<br />

Las partes podrán utilizar toda la información<br />

intercambiada en virtud del presente Convenio,<br />

excepto en aquellos casos en que la parte<br />

que la suministró haya establecido restricciones o<br />

reservas de su uso o difusión. En ningún caso podrá<br />

ser transferida por una de las partes a terceros,<br />

sin el consentimiento previo de la otra, otorgado<br />

por escrito.<br />

Asimismo, las partes convienen en que la propiedad<br />

intelectual que se derive de los programas<br />

y/o proyectos realizados, así como la información<br />

intercambiada al amparo del presente Convenio,<br />

quedarán sujetos a la legislación nacional aplicable<br />

de ambos países, así como a los tratados en<br />

materia de propiedad intelectual y de acceso a la<br />

información de los que México y Brasil sean parte.<br />

DÉCIMA: VIGENCIA Y TERMINACIÓN<br />

ANTICIPADA<br />

El presente Convenio tendrá una vigencia de<br />

cuatro años, contados a partir de la fecha de su firma<br />

y podrá ser prorrogado previa evaluación de los<br />

resultados obtenidos, mediante notificación escrita<br />

de la parte interesada, a menos que una de ellas<br />

comunique a la otra por escrito y con tres meses<br />

de antelación su intención de darlo por terminado.<br />

Para el caso de terminación, ambas partes tomarán<br />

las medidas necesarias para evitar perjuicios,<br />

tanto a ellas como a terceros, en el entendido<br />

350<br />

de que deberán continuar hasta su conclusión las<br />

acciones ya iniciadas.<br />

DÉCIMA PRIMERA: MODIFICACIONES<br />

Este instrumento podrá ser modificado o<br />

adicionado por voluntad de las partes; las modificaciones<br />

o adiciones obligarán a los signatarios a<br />

partir de la fecha de su firma.<br />

DÉCIMA SEGUNDA: RESPONSABILIDAD<br />

CIVIL<br />

Ambas partes están exentas de toda responsabilidad<br />

civil por los daños y perjuicios que se<br />

puedan derivar en caso de incumplimiento total o<br />

parcial del presente Convenio, debido a caso fortuito<br />

o de fuerza mayor, entendiéndose por esto<br />

a todo acontecimiento, presente o futuro, ya sea<br />

fenómeno de la naturaleza o no, que esté fuera del<br />

dominio de la voluntad, que no pueda preverse o<br />

que aún previéndose no pueda evitarse, incluyendo<br />

la huelga y el paro de labores académicas o administrativas.<br />

En tales supuestos las partes revisarán<br />

de común acuerdo el avance de los trabajos<br />

para establecer las bases de terminación.<br />

DÉCIMA TERCERA: SOLUCIÓN DE CON-<br />

TROVERSIAS<br />

Las partes manifiestan que el presente Convenio<br />

General de Colaboración es producto de la<br />

buena fe, por lo que realizarán todas las acciones<br />

que estén a su alcance y sean inherentes a<br />

su cumplimiento; sin embargo, en caso de que<br />

existan controversias deberán solucionarse por la<br />

Comisión de Seguimiento y Evaluación a que se<br />

refiere la Cláusula Cuarta.<br />

Leído que fue el presente instrumento y enteradas<br />

las partes de su contenido y alcances lo<br />

firman por duplicado en la ciudad de México DF,<br />

a los _________ del mes de ____________ de 20<strong>10</strong>.<br />

POR “EL CENTRO”<br />

DRA. RUTH VILLANUEVA CASTILLEJA<br />

Rectora<br />

POR “EL IBDH”<br />

DR. CÉSAR BARROS LEAL<br />

Presidente<br />

TESTIGOS DE HONOR<br />

POR “EL CENTRO”<br />

DR. ALFREDO LÓPEZ MARTÍNEZ<br />

POR “EL IBDH”<br />

DR. NÉSTOR JOSÉ MÉNDEZ GONZÁLEZ


PACTO INTERAMERICANO POR LA EDUCACIÓN<br />

EN DERECHOS HUMANOS<br />

El <strong>Instituto</strong> Interamericano de Derechos Humanos,<br />

el Ministerio de Educación de El Salvador<br />

y el Ministerio de Educación de la República<br />

Oriental del Uruguay convergen en la importancia<br />

de promover a la educación en derechos humanos<br />

como sustrato ético y eje articulador del sistema<br />

educativo formal y como condición necesaria para<br />

el desarrollo de capacidades ciudadanas que conduzcan<br />

al fortalecimiento del sistema democrático<br />

y la vigencia efectiva de los derechos humanos.<br />

Por ello acuerdan impulsar un plan de trabajo<br />

que constituya, por un lado, la profundización<br />

en los avances que en ambos países se han producido<br />

en materia de educación en derechos humanos.<br />

Por el otro, servir de ejes paradigmáticos para<br />

impulsar mayores progresos en esta materia en<br />

América Latina y el Caribe, a través de la difusión<br />

que de esta experiencia realicen conjuntamente<br />

con el IIDH.<br />

El <strong>Instituto</strong> sostiene como tarea fundamental<br />

e ineludible de la democracia el cumplimiento<br />

del derecho a la educación y el derecho a la educación<br />

en derechos humanos, de acuerdo a lo establecido<br />

en el art.13 del Protocolo Adicional a la<br />

Convención Americana sobre Derechos Humanos<br />

en materia de Derechos Económicos, Sociales<br />

y Culturales –Protocolo de San Salvador-. El IIDH<br />

considera inviable cualquier acción dirigida a la<br />

convivencia pacífica, la superación de la pobreza y<br />

el desarrollo social y económico que soslaye la inversión<br />

sostenida y oportuna para el cumplimiento<br />

de tales derechos, pues son condicionantes del<br />

ejercicio de los demás derechos humanos.<br />

El IIDH tiene capacidad, recursos y experiencia<br />

para apoyar en los procesos de reforma e implementación<br />

curricular, desarrollo de programas de<br />

capacitación docente y la producción o adecuación<br />

de herramientas didácticas, además de coadyuvar<br />

en procesos jurídico y político pedagógicos para<br />

impulsar otras acciones coligadas.<br />

Precisamente por ello se plantea, a grande<br />

rasgos, el desarrollo de acciones en esos tres campos,<br />

enfatizando en los puntos de conexión que<br />

conducen al fortalecimiento de la dimensión pedagógica<br />

de la educación en derechos humanos, a<br />

través de una estrategia de incidencia sucesiva y<br />

complementaria:<br />

1. RECONOCIMIENTO LEGAL DEL DE-<br />

RECHO A LA EDUCACIÓN EN DERE-<br />

CHOS HUMANOS<br />

El IIDH reconoce la relevancia y promueve<br />

el reconocimiento estatal de los derechos humanos<br />

en el ámbito legal, a través de la suscripción y<br />

ratificación de los instrumentos internacionales y<br />

su inclusión expresa en la constitución política y<br />

las leyes. Asimismo, el desarrollo de la normativa<br />

que permite la instalación y funcionamiento de<br />

los mecanismos legales de protección y realización<br />

de tales derechos. En el ámbito de la educación en<br />

derechos humanos, el IIDH promueve, especialmente,<br />

el Protocolo de San Salvador que, como se<br />

señaló, reconoce el derecho a la educación y a la<br />

educación en derechos humanos y establece el estándar<br />

interamericano en esta materia. En el marco<br />

de este Pacto, el IIDH se propone impulsar los<br />

mayores desarrollos jurídicos que permitan garantizar<br />

la plena vigencia del derecho a la educación<br />

en derechos humanos. En el ámbito educativo,<br />

refiriéndonos al centro escolar, el reconocimiento<br />

legal y la protección de los derechos tiene una<br />

manifestación y realización que debe evidenciarse<br />

y ser objeto de atención desde las autoridades públicas.<br />

Promoción y protección de los derechos humanos<br />

de estudiantes y docentes.<br />

La educación en derechos humanos, más que<br />

un simple contenido intelectual, debe ser entendida<br />

como mediadora entre la prescripción<br />

normativa y la realización de los derechos en<br />

la cotidianidad. Por ello, la incorporación de<br />

estos contenidos teóricos al aula tiene sentido<br />

en tanto están inspirados e inspiran ciertos<br />

valores y actitudes que conducen al desarrollo<br />

de determinadas competencias ciudadanas de<br />

convivencia. Por lo tanto, su efectividad se<br />

mide en cuanto esta enseñanza impregna y<br />

transforma la interrelación entre los agentes<br />

educativos, sobre la base común de la dignidad<br />

humana. Pero también los derechos humanos<br />

en la escuela implican necesariamente<br />

la existencia de garantías de su respeto a<br />

través de normas de conducta y mecanismos<br />

de protección. En el ámbito extraescolar debe<br />

351


Pacto Interamericano por la Educación en Derechos Humanos<br />

352<br />

existir un marco jurídico correspondiente que<br />

garantice a docentes y estudiantes el respeto<br />

del Estado de sus derechos y el desarrollo de<br />

normas y políticas para ampliar y mejorar esa<br />

protección. Desde ese punto de vista, es insostenible<br />

la acción pedagógica en el aula sin<br />

avances correspondientes en el ámbito jurídico<br />

y político y la sociedad en general.<br />

2. Desarrollo de políticas públicas educativas<br />

Hacer operativas las normas de protección<br />

de los derechos humanos requiere el desarrollo de<br />

estrategias político-administrativas que implican<br />

la ejecución de acciones interrelacionadas desde el<br />

Estado en distintos ámbitos. Garantizar que todos<br />

los niños, niñas y jóvenes en edad escolar reciban<br />

una educación de calidad que contemple, como<br />

contenido y práctica central, a los derechos humanos.<br />

En esta materia, deben considerarse acciones<br />

de la más distinta índole que tiendan a garantizar<br />

la superación de cualquier obstáculo que impide<br />

la realización de ese derecho. En el marco de este<br />

Plan, se plantean, al menos, cuatro campos concretos<br />

de acción.<br />

Dotación de infraestructura y recursos técnicos:<br />

Los Ministerios de Educación realizarán esfuerzos<br />

necesarios para impulsar mayores y<br />

mejores avances en materia de infraestructura<br />

y dotación de recursos técnicos con el fin de<br />

garantizar las condiciones indispensables para<br />

el trabajo educativo, especialmente en centros<br />

educativos en zonas relegadas del desarrollo<br />

económico y social, como forma de desarrollar<br />

acciones positivas tendientes a la superación<br />

de la inequidad. El IIDH ofrecerá sus buenos<br />

oficios para fomentar y facilitar el intercambio<br />

de experiencias regionales en este campo y el<br />

acercamiento con otros sectores interesados en<br />

colaborar con estas iniciativas.<br />

Diseño, adecuación e implementación cu-<br />

rricular.<br />

El currículum o plan de estudios es una manifestación<br />

principal de la política pública. La<br />

selección de contenidos y el modelo metodológico<br />

de implementación expresan una visión<br />

política de Estado. El Estado democrático, por<br />

tanto, requiere reflejar en el desarrollo curricular<br />

los principios que inspiran ese modelo<br />

y que están asociados, inexorablemente a los<br />

derechos humanos. La educación en derechos<br />

humanos debe ser, entonces, contenido<br />

teórico y práctico explícito de la educación<br />

democrática y, en ese sentido, una tarea impostergable<br />

en los países de la región. Por ello<br />

el IIDH ha desarrollado una Propuesta curricular<br />

y metodológica para la incorporación<br />

de la educación en derechos humanos en la<br />

educación formal que pretende ofrecer lineamientos<br />

para el trabajo que en este campo<br />

corresponde realizar a los Ministerios de Educación.<br />

En el marco de este Pacto, el IIDH<br />

continuará ofreciendo asistencia técnica especializada<br />

a los encargados de reforma curricular<br />

y áreas temáticas o asignaturas a las que<br />

les corresponda el desarrollo del tema con el<br />

fin de apoyarlos en este trabajo de fundamental<br />

importancia.<br />

Abordaje de la exclusión, la discriminación<br />

y la pobreza desde la educación en derechos<br />

humanos:<br />

La exclusión, la discriminación y la pobreza<br />

–especialmente esta última, que es epítome<br />

de las primeras– constituyen situaciones generalmente<br />

contrapuestas al ejercicio pleno<br />

del derecho a la educación. Es una suerte de<br />

círculo vicioso pues esas circunstancias representan<br />

obstáculos reales de acceso, permanencia<br />

y conclusión del sistema educativo,<br />

y la falta de educación, a su vez, profundiza<br />

esas contradicciones a la dignidad humana y<br />

la sociedad democrática. Por lo tanto, estas<br />

deberán ser motivo de atención principal de<br />

la acción educativa al menos desde un punto<br />

de vista objetivo (como contenido de estudio)<br />

y subjetivo (como atención del sujeto que sufre<br />

estas situaciones). En cuanto al primero, el<br />

currículum debe tratar de manera manifiesta<br />

estos temas para analizarlos en su dimensión<br />

histórica y para comprender el rol de cada persona,<br />

en su contribución ciudadana, para su<br />

superación. En relación al ámbito subjetivo,<br />

deben desarrollarse acciones que permitan<br />

la inclusión en el sistema educativo de las<br />

personas que excluidas por cualquier motivo,<br />

especialmente por razón de la pobreza. El<br />

derecho a recibir una educación sistemática,<br />

de calidad, que le permita a la persona recibir<br />

formación técnica y ética significativa, es una<br />

condición sine qua non para el ejercicio pleno<br />

de los demás derechos humanos, la ciudadanía<br />

democrática y para aspirar a un proyecto<br />

de vida personal. Las acciones que deben<br />

emprenderse para hacer real este derecho implican<br />

acciones que pasan por el desarrollo<br />

de infraestructura, la inversión tecnológica<br />

y desarrollo de proyecto directos de atención


de los estudiantes y sus familias, a través de<br />

becas o estímulos para crear condiciones que<br />

garanticen su acceso, permanencia y conclusión<br />

del sistema educativo.<br />

Seguridad y erradicación de la violencia:<br />

La escuela no es ajena a su entorno. La inseguridad<br />

ciudadana y las manifestaciones de<br />

violencia se reproducen en la escuela. La explicación<br />

de este fenómeno trasciende al ámbito<br />

educativo y por lo tanto sus soluciones<br />

requieren del concurso y la articulación de diversas<br />

instituciones y sectores. Sin embargo,<br />

desde las autoridades educativas deben plantearse<br />

soluciones y propuestas que permitan<br />

acciones de prevención, atención, contención<br />

y superación. La educación en derechos humanos<br />

debe tener un rol orientador central en<br />

cualquier política que pretenda enfrentar este<br />

problema. En este campo el IIDH dispone<br />

también de amplia experiencia y redes de contactos<br />

en el trabajo con fuerzas de seguridad,<br />

entidades de la sociedad y comunidades, por<br />

lo cual puede también fungir como facilitador<br />

del diálogo para la definición de acuerdos para<br />

el trabajo conjunto y complementario.<br />

3. Fortalecimiento de las condiciones<br />

y recursos pedagógicos del sistema<br />

educativo para la educación en derechos<br />

humanos<br />

La realización de la educación en derechos<br />

humanos se produce en el aula, en el diálogo entre<br />

los agentes educativos. Las acciones previamente<br />

señaladas permiten crear condiciones de distinta<br />

índole para su desarrollo, pero en el ámbito escolar<br />

debe garantizarse el desarrollo de las condiciones<br />

pedagógicas para hacer posible, en última instancia,<br />

la educación en derechos humanos. Esto<br />

implica el diseño e implementación de un modelo<br />

metodológico para poner en práctica el currículum<br />

en el aula, a través del acto educativo, con<br />

miras a la realización de los derechos humanos<br />

en la cotidianidad. La primera condición tiene que<br />

ver con el desarrollo y fortalecimiento de capacidades<br />

teórico conceptuales y metodológicas en los<br />

docentes; la segunda está vinculada al diseño, desarrollo<br />

y puesta a disposición de docentes y estudiantes<br />

de herramientas pedagógicas de apoyo<br />

que son indispensables para la labor educativa; la<br />

tercera tiene que ver con el desarrollo de espacios<br />

y capacidades en los y las estudiantes para la participación<br />

política.<br />

Pacto Interamericano por la Educación en Derechos Humanos<br />

Formación y capacitación continua de docentes.<br />

Durante 30 años el IIDH ha dedicado sus<br />

mayores esfuerzos a este campo. Posee una<br />

larga trayectoria que se muestra con más de<br />

15,000 agentes del sistema educativo formal<br />

capacitados en la región así como el desarrollo<br />

e implementación de programas de estudio<br />

para educadores en distintos niveles y respondiendo<br />

a diversas necesidades concretas.<br />

La estrategia de trabajo probada como más<br />

efectiva por el IIDH en esta materia se enfoca<br />

en capacitar a agentes multiplicadores que<br />

trasladen su aprendizaje, en un efecto cascada,<br />

a sus colegas. Actualmente se cuenta con<br />

un programa de capacitación que combina<br />

el ejercicio presencial (seminarios-talleres)<br />

con la capacitación a distancia (Aula Virtual<br />

Interamericana). Ambas metodologías<br />

han mostrado su pertinencia y eficacia para<br />

el trabajo con educadores y educadoras. La<br />

propuesta de estas capacitaciones, coherente<br />

con la concepción institucional de los derechos<br />

humanos, incorpora las dimensiones<br />

histórica, normativa, social, política, ética y<br />

vivencial de los derechos humanos. En cuanto<br />

a la población meta, el IIDH enfatiza por<br />

igual en las personas que actualmente ejercen<br />

la docencia y en aquellas que aun están en<br />

formación profesional (universidades y escuelas<br />

normales), así como a otros agentes educativos<br />

que coadyuvan en este proceso (otros<br />

funcionarios públicos vinculados al ámbito<br />

educativo, encargados de educación de entidades<br />

de la sociedad civil, funcionarios de organismos<br />

internacionales que colaboran con<br />

los sistemas educativos en diferentes campos,<br />

docentes y estudiantes universitarios y líderes<br />

comunitarios).<br />

Trabajo de asesoría a Ministerios –o sus proveedores–<br />

para el desarrollo de materiales didácticos.<br />

El IIDH tiene una larga trayectoria en la producción<br />

de herramientas didácticas para la<br />

educación en derechos humanos. Actualmente<br />

cuenta con una colección de más de 200 títulos,<br />

entre impresos, audiovisuales y digitales,<br />

dirigidos específicamente a la capacitación docente<br />

y al apoyo del trabajo en el aula, los cuales<br />

constituyen una de las principales fuentes<br />

de referencia en la materia para los educadores<br />

de la región. El IIDH ha apoyado solicitudes<br />

expresas de Ministerios de Educación para el<br />

desarrollo de materiales específicos en contextos<br />

determinados, los cuales se han convertido<br />

en textos oficiales de estudios (vg. Módulos de<br />

353


Pacto Interamericano por la Educación en Derechos Humanos<br />

354<br />

Educación Cívica y Derechos Humanos y Cuadernos<br />

de trabajo para estudiantes de educación<br />

media, desarrollados para El Salvador en<br />

conjunto con el Departamento de Ciencias de<br />

la Educación de la Universidad Centroamericana<br />

José Simeón Cañas).<br />

El IIDH pone a disposición de los Ministerios<br />

su colección bibliográfica, sea como referencia<br />

o como base de adecuación contextualizada<br />

de otros materiales. Asimismo, ofrece su experiencia<br />

académica para la construcción de<br />

nuevas herramientas didácticas.<br />

Gobiernos estudiantiles y otros ámbitos de<br />

participación política de estudiantes:<br />

El ejercicio de la ciudadanía no resulta de<br />

manera automática, requiere del desarrollo<br />

de ciertas capacidades que se pueden y deben<br />

aprender y practicar en el ámbito escolar. Pero<br />

no basta el discurso académico; se requiere<br />

del ejercicio del objeto de ese conocimiento:<br />

los derechos y responsabilidades de las personas.<br />

Para ello el sistema educativo debe crear<br />

las condiciones y espacios para que los niños,<br />

niñas y jóvenes aprendan y practiquen, en espacios<br />

que sean significativos y trasciendan la<br />

mera simulación, lo que significa ser titular<br />

de derechos y sus respectivas responsabilidades<br />

y el rol de cada uno en la sociedad democrática,<br />

a través del desarrollo de capacidades<br />

para el conocimiento crítico de la realidad, el<br />

diálogo, la negociación y la convivencia, entre<br />

otros. En algunos países existe la figura de<br />

los gobiernos estudiantiles, a través de la cual<br />

los y las estudiantes de los centros educativos<br />

eligen en procesos electorales escolares a sus<br />

representantes, quienes tienen diversas atribuciones,<br />

según cada caso. En otro lugares, se<br />

cuenta con otros espacios de representación<br />

y participación, formales y no formales. De<br />

cualquier manera, es un propósito del Pacto<br />

fortalecer y dar mayor significado a los modelos<br />

que enseñan y estimulan la participación<br />

política de los y las estudiantes y promover su<br />

existencia y desarrollo en todos los sistemas<br />

educativos de la región.<br />

Esta clasificación de ámbitos y acciones derivadas,<br />

si bien se basa en ciertas características<br />

propias, se desdibuja hasta cierto punto a la hora<br />

de la implementación. Las acciones señaladas son<br />

complementarias, aún reconociendo su especificidad,<br />

y en la mayoría de casos y situaciones implican<br />

interacciones, abordajes interinstitucionales,<br />

intersectoriales e interdisciplinarios y la necesidad<br />

de comprenderlas e implementaras en el marco<br />

de una estrategia. Por eso el IIDH, reconociendo<br />

el mandato de cada institución, especialmente<br />

del Ministerio de Educación, estimula el trabajo<br />

concertado y articulado entre todas las partes intervinientes<br />

para optimizar recursos y maximizar<br />

resultados en cada ámbito señalado.<br />

En ese sentido, espera que el Pacto Interamericano<br />

por la Educación en Derechos Humanos constituya<br />

motivo para el desarrollo de un modelo de<br />

incidencia jurídica, política y pedagógica que fortalezca<br />

la vigencia efectiva del derecho a la educación<br />

y la educación en derechos humanos, de acuerdo a<br />

lo establecido en el Protocolo de San Salvador.


PRÉSENTATION DE L’ OUVRAGE INTITULÉ<br />

“INTERNATIONAL LAW FOR HUMANKIND:<br />

TOWARDS A NEW JUS GENTIUM”<br />

(PALAIS DE LA PAIX, LA HAYE, LE 13 OCTOBRE 20<strong>10</strong>)<br />

Messieurs les Juges, Ambassadeurs, Professeurs;<br />

Mesdames et Messieurs,<br />

1. Le présent ouvrage trouve son origine<br />

dans le Cours Général de Droit International<br />

Public que j’ai délivré à l’Académie de Droit International<br />

de La Haye en juillet et août 2005.<br />

Dispenser un tel Cours est certainement le plus<br />

grand honneur qui puisse être accordé à un scholar<br />

du Droit International, et représente le couronnement<br />

d’une vie universitaire consacrée à<br />

l’étude et à l’enseignement de cette discipline.<br />

Lorsque, en 1999, le Curatorium de l’Académie<br />

de La Haye m’a chargé de préparer le Cours Général<br />

de 2005, j’ai entrepris - parallèlement aux<br />

travaux de recherche auxquels je m’étais promptement<br />

attelé - de revoir mes propres écrits et de<br />

mettre de l’ordre dans mes souvenirs personnels.<br />

Ayant eu le privilège de connaître une grande proximité<br />

avec les grands thèmes de notre époque et<br />

leur évolution, ainsi que de travailler personnellement<br />

sur certains d’entre eux pendant plus d’une<br />

trentaine d’années, c’est avec un sentiment de<br />

reconnaissance que j’ai eu l’heur de transmettre,<br />

lors de mon Cours Général de 2005, la somme<br />

de mes réflexions en la matière et mon message<br />

fondamental aux nouvelles générations de juristes<br />

internationaux.<br />

2. Ce Cours Général que j’ai délivré en 2005,<br />

sous l’intitulé International Law for Humankind :<br />

Towards a New Jus Gentium, restera gravé dans<br />

ma mémoire comme le plus beau et le plus gratifiant<br />

exercice de transmission aux nouvelles générations<br />

de la substance de mon message. Près<br />

de cinq ans plus tard, j’ai entrepris de mettre à<br />

jour le Cours Général en question, lequel paraît<br />

aujourd’hui, en 20<strong>10</strong>, dans ce nouveau tome de<br />

· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·<br />

Antônio Augusto Cançado Trindade<br />

Ancien Président de la Cour Interaméricaine des Droits de l´Homme;<br />

Juge de la Cour Internationale de Justice<br />

la très sélective Monograph Series de l’Académie<br />

de La Haye. Mon intention est d’y offrir un tour<br />

d’horizon de l’état actuel et des perspectives du<br />

droit international à la lumière d’un Leitmotiv<br />

présent dans l’ensemble de cette discipline telle<br />

qu’elle existe aujourd’hui, en privilégiant certains<br />

domaines dans lesquels cette idée-force se manifeste<br />

tout particulièrement.<br />

3. Ma propre expérience m’a fait comprendre<br />

que ce Leitmotiv correspondait à la manière<br />

dont je concevais au fond moi-même le droit international<br />

contemporain, à savoir, comme un<br />

corpus juris tendant de plus en plus à répondre<br />

aux besoins et aux aspirations des êtres humains,<br />

des peuples et de l’humanité tout entière. Il va<br />

sans dire que, dans mon examen de ce Leitmotiv,<br />

je n’ai vu aucune raison que ce soit de me limiter<br />

au droit international positif. En fait, il me semble<br />

d’autant plus nécessaire aujourd’hui de dépasser<br />

cette perspective, ce que j’ai tâché de faire à chaque<br />

fois que j’ai été appelé à me prononcer sur des<br />

questions de droit international ces trente dernières<br />

années. Etant donné l’expérience internationale<br />

qu’elle a accumulée jusqu’à ce jour, la communauté<br />

internationale ne peut faire abstraction<br />

des valeurs universelles.<br />

4. En fait, dans le présent ouvrage, j’expose<br />

en substance que la dimension purement interétatique<br />

du droit international doit sans aucun<br />

doute être dépassée et qu’elle appartient au passé;<br />

que la personnalité juridique internationale s’est<br />

développée pour s’étendre aujourd’hui non seulement<br />

aux Etats et aux organisations internationales,<br />

mais aussi aux individus - à la personne<br />

humaine, - qui sont les véritables sujets (et non<br />

de simples «acteurs») du droit international; que<br />

355


Antònio Augusto Cançado Trindade<br />

toutes les conditions sont réunies pour que, à ce<br />

début du XXI e siècle, nous allions de l’avant en<br />

bâtissant un nouveau jus gentium, pourvu que<br />

nous tenions compte des besoins sociaux et des<br />

aspirations de la communauté internationale (civitas<br />

maxima gentium) et de l’humanité dans son<br />

ensemble afin, par nos réponses, d’y satisfaire.<br />

5. Le message que je souhaite adresser aux<br />

nouvelles générations est donc, pour l’essentiel, un<br />

message d’espoir et de foi en l’avenir du droit international.<br />

À cette fin, il est extrêmement important<br />

de sauvegarder les principes fondamentaux<br />

de notre discipline et de ne pas éluder la question<br />

essentielle des fondements du droit des gens. Le<br />

développement du droit international dans l’esprit<br />

universaliste que je défends depuis des années ne<br />

peut que s’inscrire parfaitement dans la logique<br />

universelle qui caractérise les origines historiques<br />

de cette discipline. L’ensemble de la communauté<br />

internationale nourrit aujourd’hui des préoccupations<br />

légitimes à l’égard des conditions de vie des<br />

peuples du monde entier, et le droit international<br />

contemporain ne peut rester indifférent à ce phénomène.<br />

6. J’ai voulu dépeindre ce nouveau jus gentium<br />

des temps modernes tel que je le percevais,<br />

c’est-à-dire, comme un droit international au<br />

service de l’humanité, en suivant dans le présent<br />

ouvrage un plan qui - tout au long de ses 28 chapitres<br />

- tourne autour de huit grands thèmes, à<br />

savoir: l’évolution vers un nouveau jus gentium<br />

et la dimension temporelle du droit international<br />

(partie I); les fondements du droit international<br />

356<br />

(partie II); le processus de formation du droit international<br />

moderne, y compris les sources formelles<br />

ainsi que matérielle de celui-ci (partie III);<br />

les sujets de droit international, qui comprennent<br />

les Etats, les organisations internationales, la<br />

personne humaine (individuellement ou en groupes),<br />

et l’humanité (partie IV); les constructions<br />

conceptuelles du droit international au service de<br />

l’humanité (partie V); les considérations fondamentales<br />

d’humanité dans le corpus juris du droit<br />

international, qui reflètent l’humanisation de ce<br />

dernier (partie VI); la construction de la préeminence<br />

du droit (rule of law) au niveau international,<br />

qui reconnaît le besoin et la quête d’une compétence<br />

internationale obligatoire (partie VII);<br />

les acquis hérités des conférences mondiales des<br />

Nations Unies et, enfin, la codification et le développement<br />

progressif liés à l’universalisation<br />

du droit international dans le cadre de l’évolution<br />

vers un nouveau jus gentium, ou droit international<br />

pour l’humanité (partie VIII).<br />

7. Je ne doute pas que les nouvelles générations<br />

de juristes internationaux tâcheront de<br />

faire en sorte que ce processus d’universalisation<br />

et d’humanisation du droit international se poursuive,<br />

en restant fidèles à la pensée des pères fondateurs<br />

de notre discipline et de la doctrine empreinte<br />

de lucidité qu’est le droit des gens, tout<br />

en restant attentives aux besoins et aspirations<br />

de la communauté internationale et de toute<br />

l’humanité des temps modernes. Je vous remercie<br />

de toute votre attention.


CONSELHO EDITORIAL<br />

• Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra)<br />

Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular da<br />

Universidade de Brasília e do <strong>Instituto</strong> Rio Branco; Juiz e ex-Presidente da Corte<br />

Interamericana de Direitos Humanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério das<br />

Relações Exteriores do Brasil; Membro do Conselho Diretor do <strong>Instituto</strong> Internacional<br />

de Direitos Humanos (Estrasburgo) e da Assembléia Geral do <strong>Instituto</strong> Interamericano<br />

de Direitos Humanos; Membro Titular do “Institut de Droit International” e Juiz da<br />

Corte Internacional de Justiça (Haia).<br />

• César Oliveira de Barros Leal (Presidente)<br />

Pós-doutor em Estudos Latino-americanos (Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da<br />

Universidade Nacional Autônoma do México); Doutor em Direito com menção honorífica<br />

pela UNAM; Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará; Procurador do Estado<br />

do Ceará; Professor da Faculdade de Direito da UFC; ex-Membro Titular do Conselho<br />

Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Membro da Assembléia Geral do <strong>Instituto</strong><br />

Interamericano de Direitos Humanos e da Academia Brasileira de Direito Criminal;<br />

Membro da Academia Cearense de Letras e da Academia de Ciências Sociais do Ceará.<br />

• Paulo Bonavides (1 o Vice-Presidente)<br />

Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal<br />

do Ceará; Professor Visitante nas Universidades de Colônia (1982), Tennessee (1984) e<br />

Coimbra (1989); Presidente Emérito do <strong>Instituto</strong> Brasileiro de Direito Constitucional;<br />

Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa; Titular das Medalhas “Rui<br />

Barbosa”, da Ordem dos Advogados do Brasil (1996) e “Teixeira de Freitas”, do <strong>Instituto</strong><br />

dos Advogados Brasileiros (1999).<br />

• Washington Peluso Albino de Souza (2 o Vice-Presidente)<br />

Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais;<br />

ex-Diretor e Decano da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais;<br />

Presidente da Fundação Brasileira de Direito Econômico.<br />

• Alexsandra de Lima<br />

Graduada em Letras; ex-Professora de Francês do Núcleo de Línguas da Universidade<br />

Estadual do Ceará – UECE; Graduada em Direito pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR.<br />

• Antônio Álvares da Silva<br />

Professor Titular de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da Universidade Federal de<br />

Minas Gerais; Juiz Togado do Tribunal Regional do Trabalho – TRT – da 3ª Região.<br />

• Antônio Celso Alves Pereira<br />

Ex-Reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Professor de Direito Internacional<br />

Público da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Professor<br />

de Política Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.<br />

• Antônio Otávio Sá Ricarte<br />

Professor Assistente do <strong>Instituto</strong> Rio Branco; ex-Delegado no Brasil ante o Escritório<br />

das Nações Unidas em Genebra.<br />

357


Conselho Editorial do IBDH<br />

• Antônio Paulo Cachapuz de Medeiros<br />

Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Professor de Direito<br />

Internacional da Universidade de Brasília, da Universidade Católica do Rio Grande<br />

do Sul e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.<br />

• Arnaldo Oliveira<br />

Diretor-Presidente da Editora Del Rey; Especialista em Publicações na Área Jurídica.<br />

• Carlos Weis<br />

Defensor Público do Estado de São Paulo; Professor de Direitos Humanos da Academia<br />

de Polícia do Estado de São Paulo; ex-Membro do Conselho Nacional de Política<br />

Criminal e Penitenciária.<br />

• Dimas Macedo<br />

Mestre em Direito; Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará;<br />

Procurador do Estado do Ceará; Membro da Academia Cearense de Letras e da Academia<br />

de Ciências Sociais do Ceará.<br />

• Emilia Segares<br />

Secretária Adjunta da Corte Interamericana de Direitos Humanos.<br />

• Emmanuel Teófilo Furtado<br />

Pós-doutor em Direito do Trabalho pela Universidade de Salamanca – Espanha; Professor<br />

Visitante da Universidade de Havre - França; Professor de Direito da Universidade<br />

Federal do Ceará; Juiz Titular da <strong>10</strong>ª Vara do Trabalho de Fortaleza.<br />

• Gerardo Caetano<br />

Historiador e Politólogo; Doutor em História, Universidade Nacional de La Plata, Argentina;<br />

Coordenador Acadêmico do Observatório Político do <strong>Instituto</strong> de Ciência Política,<br />

Universidade da República (desde 2005 até a presente data); Integrante a título individual<br />

do Conselho Superior da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO); Investigador<br />

e Catedrático Titular Grau 5 na Universidade da República.<br />

• Gonzalo Elizondo Breedy<br />

Professor Titular da Universidade da Costa Rica; ex-Diretor da Área de Instituições<br />

Públicas do <strong>Instituto</strong> Interamericano de Direitos Humanos.<br />

• Hélio Bicudo<br />

Ex-Deputado Federal (Partido dos Trabalhadores – São Paulo); ex-Presidente da Comissão<br />

Interamericana de Direitos Humanos.<br />

• Hermes Vilchez Guerrero<br />

Mestre em Direito; Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de<br />

Minas Gerais; Professor da Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade<br />

Católica de Minas Gerais; ex-Membro Titular do Conselho Nacional de Política Criminal<br />

e Penitenciária; Secretário Geral da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção<br />

de Minas Gerais; Membro do Conselho Editorial da Livraria Del Rey Editora Ltda.<br />

• Juan Carlos Murillo<br />

Representante do ACNUR para a América Central.<br />

358


Conselho Editorial do IBDH<br />

• Julieta Morales Sánchez<br />

Professora da Faculdade de Direito da Universidade Autônoma do México; Mestre em<br />

Direito com Menção Honorífica pela UNAM e Doutoranda nesta mesma Instituição;<br />

Título de Especialista em Direitos Humanos e Certificado de Estudos Avançados de<br />

Doutorado em Direito Constitucional pela Universidade de Castilla La Mancha (Espanha).<br />

• Manuel E. Ventura Robles<br />

Secretário da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Membro Associado do<br />

<strong>Instituto</strong> Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional.<br />

• Margarida Genevois<br />

Membro da Comissão de Justiça e Paz do Estado de São Paulo; Coordenadora da Rede<br />

Brasileira de Educação em Direitos Humanos.<br />

• Maria Glaucíria Mota Brasil<br />

Doutora em Serviço Social; Mestre em Sociologia; Professora Adjunta do Departamento<br />

de Serviço Social e do Mestrado em Políticas Públicas e Sociedade da Universidade<br />

Estadual do Ceará.<br />

• Néstor José Méndez González<br />

Advogado; Professor da UNAM; Diretor Geral do <strong>Instituto</strong> Nacional de Apoio a<br />

Vítimas e Estudos em Criminalidade (México).<br />

• Pablo Saavedra Alessandri<br />

Secretário da Corte Interamericana de Direitos Humanos.<br />

• Renato Zerbini Ribeiro Leão<br />

Doutor em Direito Internacional e Relações Internacionais pela Universidade Autônoma<br />

de Madri – UAM; Representante do ACNUR no Brasil; Pesquisador Associado na<br />

Universidade de Brasília; Professor da UniCEUB em Brasília; Advogado.<br />

• Roberto Cuéllar<br />

Diretor Executivo do <strong>Instituto</strong> Interamericano de Direitos Humanos; ex-Diretor de<br />

Investigação e Desenvolvimento do <strong>Instituto</strong> Interamericano de Diretos Humanos.<br />

• Ruperto Patiño Manffer<br />

Doutor em Direito pela Universidade Nacional Autônoma do México, com<br />

especialidade em Direito Constitucional e Administrativo; Diretor da Faculdade de<br />

Direito da Universidade Nacional Autônoma do México.<br />

• Sílvia Maria da Silveira Loureiro<br />

Mestre em Direito pela Universidade de Brasília; Especialista em Direito Processual<br />

pelo <strong>Instituto</strong> Superior de Administração e Economia da Amazônia/Fundação Getúlio<br />

Vargas; Professora do Curso de Direito da Escola Superior de Ciências Sociais da<br />

Universidade do Estado do Amazonas.<br />

• Theresa Rachel Couto Correia<br />

Doutora em Direito Internacional e Integração Econômica pela Universidade do<br />

Estado do Rio de Janeiro; Mestre em Direito Constitucional e Teoria do Estado<br />

pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Graduada em Direito pela<br />

Universidade de Fortaleza; Bolsista de Pós-doutorado do Programa PRODOC/CAPES<br />

na Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará (2008-20<strong>10</strong>).<br />

359


ÁREA DE LOGÍSTICA<br />

Ambiente de Gestão dos Serviços de Logística<br />

Célula de Produção Gráfica<br />

OS 2011-01/4.979 - Tiragem: 1.500

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