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3.1 A ESPECIFICIDADE DAS UNIDADES DO LIVRO 9.º ANO
Acreditamos que o hábito da leitura é adquirido na infância e que, se isto não tiver
acontecido no seio familiar nos primeiros anos de vida, deve ser a tarefa primordial da
escola, seja na língua materna ou na estrangeira. Acreditamos na relevância do contato
com o texto, porque é a leitura que permite a incursão em outros mundos, reais ou
fictícios, criados por outras pessoas, mas que podem ser apropriados pelo jovem. Essa
apropriação, por sua vez, abre as portas para novos textos, já que a interação possibilita
diversas respostas ao autor e a si mesmo como leitor. O processo de recriação e de retextualização
é uma das formas de construção da própria identidade que, ao penetrar no
universo cambiante dos eventos, inventado ou não, se transforma continuamente. No
fundo da nossa consciência, sentimos a necessidade de que nos contem histórias, verdadeiras
ou não, para que elas nos sirvam de apoio psicológico e cognitivo.
No contexto educacional brasileiro, pensamos que o ensino de língua espanhola a
jovens do Ensino Fundamental deve ser revisto, levando em consideração que é nessa
fase escolar que os novos conhecimentos começam a fervilhar. Antes, era apenas uma
introdução ao mundo, usando as ferramentas básicas de alfabetização (tradicional ou
crítica). No ensino fundamental-II os alunos estão preparados para as novidades, inclusive
linguísticas.
Quando se trata de língua espanhola para falantes brasileiros, existe a crença generalizada
de que é uma “língua-cópia” da materna, o que pode gerar problemas de
aprendizagem, pois desde o início parece haver uma espécie de euforia por compreender
facilmente o vocabulário e as mensagens básicas, como os cumprimentos a autoapresentação,
os locais comuns num bairro, os membros da família, a idade, etc. Mas, em
geral, são situações didaticamente construídas que distam bastante da realidade. Nesse
sentido, sempre comentamos o exemplo anedótico daquele que, mesmo passados vários
anos, sabe manter uma conversação básica em espanhol perguntando ao outro
seu nome, sua idade, se tem pais, quantos irmãos, etc., e fica intrigado por que o seu
interlocutor fica chateado e não quer interagir mais. Na realidade, o fato de ser correto
gramaticalmente não o livrou de ser inadequado socioculturalmente.
Não é esse tipo de material de espanhol que idealizamos. Queremos que o nosso
jovem seja exposto ao mundo real, com indivíduos reais participando de eventos reais.
Queremos que pouco a pouco, ele comece a ler as diferentes formas de mensagem e
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manual do professor