Núm. 102-107 - Fábrica Nacional de Moneda y Timbre

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16.05.2013 Views

M A R I O A R E I A S a maior parte das suas medalhas possui apenas uma face, a que serve de campo a efigie. Recorreu, por vezes, ao medalhao, sobretudo, quando retratava pessoas vivas, procedendo A modelacáo na presenca do retratado. O diitro regulava entre os 20 e os 30 cm. O material que mais usou para perpetuar a sua obra medalhística foi o bronze e, em circunstancias especiais, o gesso e a terracota. Abre-se uma excepcao para as medalhas dedicadas a rainha D. Luisa de Gus- milo e ao condestável D. Kuno Alvarez Pereira, cuja cunhagem foi feita de bronze e de prata. Neste metal mandou tirar um exemplar de cada uma de las para a sua coleccao particular. Sao, pois, exemplares únicos. O motivo do artista se ter dedicado exclusivamente aos retratos, aliás execu- tados nos moldes clássicos, deve ser procurado na sua conduta artística, a qual obedeceu desde o principio aos cinones da arte clássica, embora, por vezes, haja ele recorrido as formas de acento mais moderno por mero derivativo da sua alma de artista na escolha, noutros campos, de um modo diferente de se manifestar, sem, contudo, cair nas extravagancias da arte agressiva e destruidora de pre- conceitos. O artista tomou como patrono da sua actividade medalhistica, digamos assim, o notável pintor e medalhísta de Verona, António Pisanello, o iniciador renas- centista da arte da medalha fundida. Adoptou o mesmo método do artista de Verona para a fundicao de medalhas, dando-lhes uma forma de primitivismo a que nao falta certa regozidade característica da fundicao em areia como outrora se fazia. Sabe-se que o uso do retrato na medalha e na moeda vem da antiguidade. Nao e, portanto, coisa nova. Entre os romanos, por exemplo, foi a partir do ano 44 a. c. que as leis permitiram que a efigie de um homem vivo pudesse aparecer a ilustrar a moeda, prerrogativa de que gozou Julio Cesar. Até entáo só aos mortos era dado o direito de se perpetuarem pelo retrato nas moedas que, aliás, se con- fundiam com as medalhas, tornando-se difícil, por vezes, a sua identificacáo. Essa confusao vinha do facto de antigamente se designar por medalha a umoeda antigao. Por isso se chamavam

RA bL XA VIER, ESCULTOR-MEDALHISTA Quem foi Raúl Maria Xavier? Nasceu o artista em hIacau (território portugues no continente asiático), em 23 de Marco de 1894. Disfrutou de quase 70 anos de vida terrena, dos quais 50 entre- gues ao ideal magnifico de se expressar pela Arte, aquela Arte a que o genial Rodin se referiu como sendo ((a mais sublime miss50 do homem, porque 6 o esercicio do pensamento que se esforca por compreender o mundo e faze-lo compreender ... s Raúl Xavier era filho e neto de chinesas que casaram com portugueses A ma- neira europeia. RJuito novo ainda veio para Portugal, onde teve como professor das primeiras letras o notável pedagogo Palyart Pinto Ferreira que o iniciou nas subtilezas da Arte logo que notou nele certa propens50 para o desenho. Fornm os primeiros desenhos feitos debaiso das vistas daquele professor quc dtnuncia- ram em Raúl Xavicr urna verdadeira vocaqao para o estudo das formas. Escolheu a escultura. Depois seguiu-se a medalliistica, modalidade artística que o entusiasmou nos Últimos anos da sua vida. Deixou as aulas do prof. Palyart Pinto Ferreira para receber os primeiros ensinamentos da arte de modelar do escultor Costa hlota (tio), que regia ent5o a aula de modelacáo na Escola de Belas-Artes, em Lisboa. O novo artista entregou- se entiio de alma e coracáo ;i arte das formas e dos volumens, valendo-se da per- sistencia e do amor ao tabalho, virtudes características da raca oriental, que her- dou pelo lado materno. Esta heranca oriental manifestou-se nas formas de alguns dos seus trabalhos escultóricos, sobretudo na imaginária religiosa. Na medalhística, todavia, nao existe qualquer influencia desse seu atavismo. A sua arte medalhistica é inteira- mente a de um artista peninsular, carregada dos matizes do classissismo de que ele foi um ponderado seguidor. Da sua vasta obra escultorica e monumental destacam-se algumas estátuas de grande porte, que merecem referencia especial, como as dos pontífices Pio IX e Pio XII. A primeira encontra-se colocada no Santuário dedicado a N.a S.& do Sameiro (Braga), em comemoraciio da definicáo dogmática da Imaculada Conceiqio pela bula de 8 de Dezembro de 1854, publicada durante o pontificado de Pio IX. A outra foi erigida numa praca da cidade de Braga, com a particularidade de ser a primeira estátua de homenagenl a Pio XII levantada no mundo e ainda em vida do pontífice romano. Este artista está representado em varios museus de Portugal e do Brasil, além de ter participado em diversas exposiqóes internacionais, como por exemplo na que se realizou em Sevilha, em 1929. Modelou, para figurar no pavilliáo de Portugal, os bustos do imortal poeta épico, Luis de Camóes, e do navegador, autor da viagem de circum-navegag50 em redor do mundo Ferniio de fiIagalháes. Estes dois bustos, aliás de grandes dimensoes, foram feitos de cimento armado. Pela sua participaciio nesta exposicáo e pela qualidade dos trabalhos ai apresen- tados, recebeu uma medalha de ouro. Passaremos, agora, a falar da sua obra medalhística que é aquela que mais se amolda A essencia desta revista.

RA bL XA VIER, ESCULTOR-MEDALHISTA<br />

Quem foi Raúl Maria Xavier?<br />

Nasceu o artista em hIacau (território portugues no continente asiático), em 23<br />

<strong>de</strong> Marco <strong>de</strong> 1894. Disfrutou <strong>de</strong> quase 70 anos <strong>de</strong> vida terrena, dos quais 50 entre-<br />

gues ao i<strong>de</strong>al magnifico <strong>de</strong> se expressar pela Arte, aquela Arte a que o genial Rodin<br />

se referiu como sendo ((a mais sublime miss50 do homem, porque 6 o esercicio<br />

do pensamento que se esforca por compreen<strong>de</strong>r o mundo e faze-lo compreen<strong>de</strong>r ... s<br />

Raúl Xavier era filho e neto <strong>de</strong> chinesas que casaram com portugueses A ma-<br />

neira europeia. RJuito novo ainda veio para Portugal, on<strong>de</strong> teve como professor<br />

das primeiras letras o notável pedagogo Palyart Pinto Ferreira que o iniciou nas<br />

subtilezas da Arte logo que notou nele certa propens50 para o <strong>de</strong>senho. Fornm<br />

os primeiros <strong>de</strong>senhos feitos <strong>de</strong>baiso das vistas daquele professor quc dtnuncia-<br />

ram em Raúl Xavicr urna verda<strong>de</strong>ira vocaqao para o estudo das formas.<br />

Escolheu a escultura. Depois seguiu-se a medalliistica, modalida<strong>de</strong> artística<br />

que o entusiasmou nos Últimos anos da sua vida.<br />

Deixou as aulas do prof. Palyart Pinto Ferreira para receber os primeiros<br />

ensinamentos da arte <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar do escultor Costa hlota (tio), que regia ent5o a<br />

aula <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lacáo na Escola <strong>de</strong> Belas-Artes, em Lisboa. O novo artista entregou-<br />

se entiio <strong>de</strong> alma e coracáo ;i arte das formas e dos volumens, valendo-se da per-<br />

sistencia e do amor ao tabalho, virtu<strong>de</strong>s características da raca oriental, que her-<br />

dou pelo lado materno.<br />

Esta heranca oriental manifestou-se nas formas <strong>de</strong> alguns dos seus trabalhos<br />

escultóricos, sobretudo na imaginária religiosa. Na medalhística, todavia, nao<br />

existe qualquer influencia <strong>de</strong>sse seu atavismo. A sua arte medalhistica é inteira-<br />

mente a <strong>de</strong> um artista peninsular, carregada dos matizes do classissismo <strong>de</strong> que<br />

ele foi um pon<strong>de</strong>rado seguidor.<br />

Da sua vasta obra escultorica e monumental <strong>de</strong>stacam-se algumas estátuas<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, que merecem referencia especial, como as dos pontífices Pio IX<br />

e Pio XII.<br />

A primeira encontra-se colocada no Santuário <strong>de</strong>dicado a N.a S.& do Sameiro<br />

(Braga), em comemoraciio da <strong>de</strong>finicáo dogmática da Imaculada Conceiqio pela<br />

bula <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1854, publicada durante o pontificado <strong>de</strong> Pio IX.<br />

A outra foi erigida numa praca da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Braga, com a particularida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser a primeira estátua <strong>de</strong> homenagenl a Pio XII levantada no mundo e ainda<br />

em vida do pontífice romano.<br />

Este artista está representado em varios museus <strong>de</strong> Portugal e do Brasil,<br />

além <strong>de</strong> ter participado em diversas exposiqóes internacionais, como por exemplo<br />

na que se realizou em Sevilha, em 1929. Mo<strong>de</strong>lou, para figurar no pavilliáo <strong>de</strong><br />

Portugal, os bustos do imortal poeta épico, Luis <strong>de</strong> Camóes, e do navegador,<br />

autor da viagem <strong>de</strong> circum-navegag50 em redor do mundo Ferniio <strong>de</strong> fiIagalháes.<br />

Estes dois bustos, aliás <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensoes, foram feitos <strong>de</strong> cimento armado.<br />

Pela sua participaciio nesta exposicáo e pela qualida<strong>de</strong> dos trabalhos ai apresen-<br />

tados, recebeu uma medalha <strong>de</strong> ouro.<br />

Passaremos, agora, a falar da sua obra medalhística que é aquela que mais<br />

se amolda A essencia <strong>de</strong>sta revista.

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