Noticiario 50 - Sociedad Española de Malacología
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que apresenta uma cobertura vegetal<br />
muito diversificada, T. pisana arietina s.<br />
l. foi observada em gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
plantas dunares, mesmo sobre a planta<br />
exótica, oriunda da África do Sul,<br />
Carpobrutus acinaciformis (L.) L. Bolus.<br />
Theba pisana pisana (Müller O. F., 1774)<br />
[figs. 13-16]<br />
Material: BAIXO ALENTEJO. Ferreira do<br />
Alentejo [NC70], 7-IX-2005, 6 co. Lagoa<br />
<strong>de</strong> S. André [NC11], Santiago <strong>de</strong><br />
Cacém, 26-VII-2007, 1 esp. Zambujeira<br />
do Mar [NB15], O<strong>de</strong>mira, 10-IX-2003, 2<br />
co. ALGARVE. O<strong>de</strong>ceixe [NB14], Aljezur,<br />
14-II-2008, 1 co. Arrifana [NB12], Aljezur,<br />
25-IV-2006, 1 co; 16-IX-2007, 3 co.<br />
Barão <strong>de</strong> S. Miguel [NB10], Vila do<br />
Bispo, 24-X-2008, 4 esp. Martinhal<br />
[NA09], Vila do Bispo 5-IX-2005, 1 co.<br />
Biometria: a. 11,0-16,1; d. 15,2-19,5; v.<br />
4,4-5,2 (ver Tabela II).<br />
Distribuição geográfica: Mediterrâneo e<br />
costa atlântica europeia, Açores, Ma<strong>de</strong>ira.<br />
Habitat: Similar ao da ssp. anterior. T.<br />
pisana pisana evi<strong>de</strong>ncia no entanto uma<br />
maior valência ecológica, ocorrendo<br />
também mais para o interior, associada<br />
a vales <strong>de</strong> rios, campos agrícolas e<br />
pastagens.<br />
Comentários: A forma típica <strong>de</strong> T.<br />
pisana arietina apenas foi encontrada<br />
em Monte Clérigo e Castelejo (carena<br />
periférica aguda discorrendo ao longo<br />
da última volta e visível na abertura;<br />
espira <strong>de</strong>primida) (figs. 1-4).<br />
Confrontando o material <strong>de</strong>stas duas<br />
populações com a iconografia apontada<br />
da população típica <strong>de</strong> Sierra <strong>de</strong> San<br />
Cristobal (HIDALGO,1875; GITTENBERGER &<br />
RIPKEN,1987; RUIZ, CÁRCABA, PORRAS &<br />
ARRÉBOLA, 2006: 179), e tal como BANK &<br />
DEKKER (1989), não encontro diferenças<br />
conquiliológicas significativas: <strong>de</strong> notar<br />
apenas o relativo menor tamanho dos<br />
exemplares do Algarve (Tabela 1), em<br />
particular da população <strong>de</strong> Castelejo<br />
(que po<strong>de</strong>rá não ser mais que um indício<br />
<strong>de</strong> regressão populacional) e a maior<br />
variabilida<strong>de</strong> cromática <strong>de</strong>sta última<br />
população (Tabela 3). Nas quatro outras<br />
populações <strong>de</strong>tectadas a concha é<br />
consi<strong>de</strong>ravelmente menor, a espira<br />
menos <strong>de</strong>primida, a carena periférica<br />
torna-se débil ou quase arredondada<br />
junto à abertura, o padrão cromático é<br />
mais variável (figs. 5-12, Tabelas I e III).<br />
32<br />
Tomando como certo o conceito<br />
introduzido por SACCHI (1957:81)<br />
segundo o qual esta ssp. estaria a ser<br />
reabsorvida pela ssp. nominativa,<br />
através <strong>de</strong> contacto secundário recente,<br />
o fenómeno dificilmente po<strong>de</strong> ser<br />
actualmente seguido observando as 6<br />
populações do Sul <strong>de</strong> Portugal. Isto<br />
porque o território estudado tem sofrido,<br />
em particular na última década, uma<br />
forte pressão urbanística que, aliada à<br />
crescente introdução <strong>de</strong> espécies<br />
florísticas exóticas e aos incêndios,<br />
estará a contrariar o contacto entre as 2<br />
ssp., isolando <strong>de</strong> novo as diferentes<br />
populações. Nos 6 locais <strong>de</strong> ocorrência<br />
<strong>de</strong> T. pisana arietina s.l. não foi<br />
encontrado qualquer vestígio da<br />
presença da ssp. nominativa. A relação<br />
mais próxima foi <strong>de</strong>tectada entre Monte<br />
Clérigo (arietina) e Arrifana (pisana), as 2<br />
populações distantes <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5 km.<br />
A conjugação dos factores adversos<br />
acima <strong>de</strong>scritos, pela sua continuida<strong>de</strong><br />
e previsível incremento, estará a por em<br />
causa a sustentabilida<strong>de</strong> das diferentes<br />
populações: (1) A duna primária <strong>de</strong><br />
Monte Clérigo foi pasto das chamas há<br />
alguns anos atrás. Entretanto, o coberto<br />
vegetal recuperou ainda que seja visível<br />
uma evi<strong>de</strong>nte quebra <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>. A<br />
recuperação <strong>de</strong> T. p. arietina,<br />
naturalmente mais lenta, po<strong>de</strong>rá estar<br />
comprometida. Em Fevereiro <strong>de</strong> 2008 foi<br />
apenas <strong>de</strong>tectado um espécime adulto<br />
e um juvenil. Em áreas próximas<br />
nenhum outro vestígio. (2) A população<br />
mais meridional <strong>de</strong> T. pisana arietina foi<br />
encontrada em Castelejo, cerca <strong>de</strong> 28<br />
km. a sul <strong>de</strong> Monte Clérigo. Aqui foram<br />
<strong>de</strong>tectados cerca <strong>de</strong> 200 espécimes<br />
concentrados numa área não superior a<br />
5 m 2. O maior tamanho do material<br />
rolado (Tabela I), colhido numa área<br />
aproximada <strong>de</strong> 100 m 2 , aponta para uma<br />
pòssível regressão populacional. (3) No<br />
extremo norte da distribuição<br />
conhecida, em S. Torpes, ocorre a forma<br />
anã <strong>de</strong> T. p. arietina s.l. Aqui apenas<br />
foram <strong>de</strong>tectadas conchas roladas. A<br />
perda <strong>de</strong> habitat parece ter sido o factor<br />
<strong>de</strong>terminante. O local está confinado<br />
entre duas estradas, a nascente a mais<br />
antiga que liga Sines a O<strong>de</strong>mira, a<br />
poente a estrada <strong>de</strong> acesso às praias<br />
construída sobre a duna primária. (4)<br />
Cerca <strong>de</strong> 8 km a sul, na praia do<br />
Pessegueiro, a população <strong>de</strong> T. p.