La Ruta del Esclavo en el Río de la Plata: su ... - unesdoc - Unesco
La Ruta del Esclavo en el Río de la Plata: su ... - unesdoc - Unesco
La Ruta del Esclavo en el Río de la Plata: su ... - unesdoc - Unesco
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
244<br />
Com isso po<strong>de</strong>mos distinguir o que era priorida<strong>de</strong>, ou seja, a secundarização dos direitos<br />
econômicos, mas principalm<strong>en</strong>te os sociais e culturais. Importava o po<strong>de</strong>r político, combinado<br />
com o econômico para a continuida<strong>de</strong> da exploração, aja vista que, muito embora o compromisso<br />
formal das nações signatárias da Dec<strong>la</strong>ração Universal e dos pactos que a <strong>su</strong>ce<strong>de</strong>ram em conjugar<br />
os direitos civis e políticos com os econômicos, sociais e culturais, <strong>su</strong>a efetivação, na prática,<br />
<strong>de</strong>ixou muito a <strong>de</strong>sejar. A própria auto<strong>de</strong>terminação dos povos, consolidada na carta <strong>de</strong> São<br />
Francisco e na Dec<strong>la</strong>ração <strong>de</strong> 1948, sofreu resistência por parte dos países imperialistas, 3 no<br />
s<strong>en</strong>tido <strong>de</strong> não abrir mão <strong>de</strong> <strong>su</strong>as colônias na África e Ásia, principalm<strong>en</strong>te.<br />
Com a eclosão dos vários movim<strong>en</strong>tos <strong>de</strong> libertação dos países colonizados, principalm<strong>en</strong>te<br />
no início da segunda meta<strong>de</strong> do século XX, e a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>su</strong>bjugá-los p<strong>el</strong>a força<br />
militar, as potências ocid<strong>en</strong>tais tiveram que achar alternativa para continuarem a locupletar-se;<br />
a alternativa <strong>de</strong>u-se p<strong>el</strong>a dominação política e econômica m<strong>en</strong>os explícita e mais <strong>su</strong>til.<br />
Esta dominação não é etérea, reflete-se negativam<strong>en</strong>te em segm<strong>en</strong>tos popu<strong>la</strong>cionais<br />
historicam<strong>en</strong>te discriminados ou fragilizados: mulheres, crianças, idosos, minorias étnicas,<br />
homossexuais, d<strong>en</strong>tre outros. Enfim, os mesmos personag<strong>en</strong>s <strong>de</strong> ontem e <strong>de</strong> hoje, que além <strong>de</strong><br />
sofrerem as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s estruturais e sociais que o mo<strong>d<strong>el</strong></strong>o econômico impõe à cidadania, e<br />
por fugirem aos padrões da normalida<strong>de</strong> constituída, são os alvos prioritários das múltip<strong>la</strong>s e<br />
v<strong>el</strong>adas discriminações e violências.<br />
Estes “<strong>su</strong>jeitos <strong>de</strong> direitos” acabam não t<strong>en</strong>do possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acessar os recursos, oportunida<strong>de</strong>s,<br />
a distribuição das riquezas produzidas, não têm pl<strong>en</strong>o exercício <strong>de</strong> <strong>su</strong>a cidadania e,<br />
estigmatizados, são excluídos ou marginalizados. O processo <strong>de</strong> exclusão, <strong>de</strong> injustiça social,<br />
também acontece com as manifestações culturais <strong>de</strong> grupos e (ou) minorias étnicas, r<strong>el</strong>igiosas,<br />
castas e alguns segm<strong>en</strong>tos sociais minoritários, gerando x<strong>en</strong>ofobias e intolerâncias no convívio<br />
com a diversida<strong>de</strong>.<br />
Os negros brasileiros fazem parte <strong>de</strong>ssa pret<strong>en</strong>sa minoria. 4 Des<strong>de</strong> <strong>su</strong>a chegada no século<br />
XVI <strong>en</strong>quanto trabalhadores escravizados, até os dias atuais, <strong>su</strong>a história e <strong>su</strong>as manifestações<br />
culturais, <strong>de</strong> modo geral, foram r<strong>el</strong>egadas a invisibilida<strong>de</strong> e ao ostracismo. Mesmo atualm<strong>en</strong>te,<br />
todos os indicadores socioeconômicos, praticam<strong>en</strong>te, apontam a exclusão, a marginalização, a<br />
injustiça social e a categoria <strong>de</strong> cidadão <strong>de</strong> segunda c<strong>la</strong>sse a que foi r<strong>el</strong>egada a gran<strong>de</strong> maioria<br />
dos negros brasileiros.<br />
Segundo dados do IBGE, 64% dos pobres e 69% dos indig<strong>en</strong>tes são negros, ou seja, não<br />
há uma distribuição eqüitativa da pobreza. Mesmo hav<strong>en</strong>do, nos últimos anos, uma redução na<br />
proporção <strong>de</strong> pobres e indig<strong>en</strong>tes, a proporção <strong>en</strong>tre brancos e negros tem-se mantida<br />
praticam<strong>en</strong>te inalterada, segundo dados do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA.<br />
A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, por cor, em 20015 foi <strong>de</strong> 8,3% <strong>de</strong> brancos e 10,7% <strong>de</strong> negros,<br />
s<strong>en</strong>do que no estudo feito estas difer<strong>en</strong>ças se mantêm <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1992. A r<strong>en</strong>da domiciliar per capita,<br />
3. Trinda<strong>de</strong>, José Damião <strong>de</strong> Lima. História Social dos Direitos Humanos.<br />
4. Segundo dados do último c<strong>en</strong>so do IBGE, negros e pardos constituem por volta <strong>de</strong> 47% da popu<strong>la</strong>ção brasileira.<br />
O critério usado p<strong>el</strong>o IBGE foi <strong>de</strong> auto-id<strong>en</strong>tificação, como recai sobre os negros um estigma negativo, muitos <strong>d<strong>el</strong></strong>es não<br />
se as<strong>su</strong>mem <strong>en</strong> quanto tal. Por isso é <strong>de</strong> <strong>su</strong>por que a popu<strong>la</strong>ção negra seja maior do que a apontada p<strong>el</strong>as estatísticas.<br />
5. Fonte: IPEA, com base na PNAD, IBGE.<br />
UNESCO<br />
TERCER PANEL