Tungíase: doença negligenciada causando patologia grave
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1.1.9 – Controle<br />
O controle da T. penetrans deverá abarcar não apenas o hospedeiro<br />
humano (como abordado no item anterior), mas incluir o controle do reservatório<br />
animal e socio-ambiental (intra e extra-domiciliar).<br />
O caráter de zoonose conferido a tungíase torna seu controle complexo,<br />
uma vez que são requeridas intervenções em uma variedade de animais que servem<br />
como reservatórios (cães, gatos, porcos e ratos) (HEUKELBACH et al., 2001;<br />
HEUKELBACH et al., 2003a). Por outro lado, há que se considerar o ciclo de vida da<br />
pulga T. penetrans no qual estágios pré-adultos da pulga (ovos, larva e pupa)<br />
persistam no ambiente (HICK, 1930; CALHEIROS, 2007; WITT et al., 2007;<br />
LINARDI et al. 2010). Estes aspectos tornam o controle da tungíase um desafio<br />
(HEUKELBACH et al., 2002a), associados ainda com comportamento dos<br />
indivíduos, condições de pobreza e falta de tratamento adequado, entre outros fatores.<br />
A redução do reservatório animal em uma comunidade reduzirá a taxa de<br />
ataque nos humanos (PILGER et al., 2008b; PILGER et al., 2008c). Entretanto,<br />
devido a questões culturais esta estratégia pode apresentar limitações. Desta forma, o<br />
tratamento dos animais domésticos infestados pode ser efetivo – embora caro. Por<br />
exemplo, a aplicação tópica de uma combinação de 10% imidacloprida e 50%<br />
permetrina (Advantix®) em cachorros apresentou eficácia terapêutica contra pulgas<br />
penetradas (KLIMPEL et al., 2005). Outra estratégia para reduzir prevalências nos<br />
humanos, pode ser o confinamento dos porcos em comunidades nas quais aqueles<br />
circulam livremente (UGBOMOIKO et al., 2007a; UGBOMOIKO et al., 2008b).<br />
Estratégias sócio-ambientais, como cimentação do chão de casas e<br />
pavimentação das ruas, também podem reduzir as taxas de ataque pois as pulgas, na<br />
fase fora dos hospedeiros, parecem desenvolver-se preferivelmente em terra arenosa e<br />
com sombra (CALHEIROS, 2007; NAGY et al., 2007; WITT et al., 2007; LINARDI<br />
et al. 2010).<br />
Medidas de intervenção para controle da tungíase precisam ser planejadas<br />
por um grupo interdisciplinar de profissionais e em conjunto com as comunidades<br />
afetadas. Além disso, faz-se necessário políticas públicas que promovam mudanças<br />
sustentáveis de qualidade de vida e saúde as quais reduzirão a incidência e a carga<br />
negativa que este parasito provoca nas comunidades afetadas (HEUKELBACH et al.,<br />
2002a; HEUKELBACH, 2006).<br />
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