Tungíase: doença negligenciada causando patologia grave
Tungíase: doença negligenciada causando patologia grave
Tungíase: doença negligenciada causando patologia grave
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
porta de entrada para micro-organismos patógenos (FELDMEIER et al., 2002;<br />
FELDMEIER et al., 2003). Durante o ato de coçar a área da lesão o indivíduo,<br />
também, promove a entrada de bactérias invasoras (FELDMEIER et al., 2002).<br />
O espectro das lesões vai de pápulas assintomáticas à prurido, dor,<br />
ulceração e infecção secundária. Tendo em vista que a tungíase é uma <strong>doença</strong> auto-<br />
limitada (EISELE et al., 2003), o incômodo por prurido e dor, bem como outros<br />
sintomas clínicos e sinais de superinfecção bacteriana, usualmente, não causam<br />
<strong>patologia</strong> significativa quando a infestação limita-se a uma ou poucas pulgas<br />
penetradas, tal como ocorre com viajantes que retornam de áreas endêmicas<br />
(FRANCK et al., 2003).<br />
Nos indivíduos de áreas endêmicas, porém, as complicações <strong>grave</strong>s e<br />
seqüelas são comuns (HEUKELBACH et al., 2001; FELDMEIER et al., 2002;<br />
FELDMEIER et al., 2003). Nestas áreas cujas condições de higiene são precárias, a<br />
re-infestação é uma regra e novas lesões aparecem próximas às pulgas já penetradas<br />
nos indivíduos infestados (HEUKELBACH et al., 2004c). Conseqüentemente, eles<br />
carregam muitas pulgas penetradas em diferentes estágios de desenvolvimento no<br />
hospedeiro (BEZERRA, 1994; MASHEK et al., 1997; FELDMEIER et al., 2003;<br />
MUEHLEN et al., 2003; ARIZA et al., 2007; HEUKELBACH et al., 2007;<br />
UGBOMOIKO et al., 2007b; UGBOMOIKO et al., 2008a). Como os parasitos<br />
tendem a se acumular em certas localizações topográficas dos indivíduos, a <strong>patologia</strong><br />
nestas é inevitavelmente <strong>grave</strong>. Adicionalmente, a gravidade da tungíase pode ser<br />
ainda mais agravada pela co-presença das lesões inadequadamente removidas.<br />
Uma variedade de bactérias aeróbicas e anaeróbicas já foram isoladas de<br />
pulgas penetradas (HEUKELBACH et al., 2001; FISCHER et al., 2002;<br />
HEUKELBACH et al., 2004a). Mais comumente a superinfecção é causada por<br />
Staphylococcus aureus e Streptococci (CHADEE, 1998; FELDMEIER et al., 2002).<br />
As lesões superinfectadas levam à formação de pústulas, supuração e úlcera<br />
(HEUKELBACH et al., 2001); e a lesão causada pela penetração da pulga pode servir<br />
como porta de entrada para Clostridium tetani, agente causador do tétano em<br />
indivíduos não-vacinados (OBENGUI, 1989; TONGE, 1989; LITVOC et al., 1991;<br />
GRECO et al., 2001; HEUKELBACH et al., 2001; JOSEPH et al., 2006). Foram<br />
descritas também as bactérias endossimbióticas Wolbachia em T. penetrans<br />
(HEUKELBACH et al., 2004a). O papel destas bactérias como causadoras de<br />
<strong>patologia</strong> clínica (como acontece nas filarioses) não é conhecido, mas é possível que a<br />
21