Orion 7
international sci-fi and fantasy web-zine (novels, comics. illustrations)
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não se conseguem conter.<br />
- Ninguém toca no corpo enquanto eu não disser.<br />
A equipa da investigação criminal deve estar a chegar! –<br />
Decidiu determinado e dirigiu-se apressado com passos<br />
largos em direção ao exterior e ao circo que já tinha<br />
começado ali, contudo, antes sequer de sair do celeiro, lá<br />
vinha o inspetor-chefe Dr. Manuel Barros, como gostava<br />
de ser chamado, licenciado em criminologia, passos<br />
despreocupados, a coçar os joelhos e as virilhas e com a<br />
mesma mão e a barba por fazer.<br />
- Que se passa? Vais a correr para algum lado? Fica<br />
aqui quietinho sem fazer barulho. Vocês aí! Tirem a moça<br />
daí, o carro esta a fazer marcha atrás para seguir depressa<br />
pró Instituto de Medicina Legal (IML). - Acendeu um<br />
cigarro, com o cuidado de voltar as costas à enforcada. O<br />
inspetor Fernando tentou reclamar com a falta da recolha<br />
de provas, mas foi logo interrompido. – Qual recolha de<br />
provas? Nem eu nem o meu canudo nos vale, isto é<br />
feitiçaria, os novos crimes da era moderna, cruz credo<br />
onde fomos parar. Mais valia termos rebentado com o<br />
mundo inteiro e os magos e bruxos com ele. Diabos, olha<br />
só isto, que mentes perversas são estas? O Senhor<br />
Presidente quer apagar este crime dos olhos da população,<br />
sinceramente, eu também.<br />
- O Senhor Presidente da Câmara, com todo<br />
respeito, não tem esse tipo de autoridade.<br />
- Quem falou do Presidente da Câmara? - O<br />
inspetor pegou na beata do cigarro, espremeu a com um<br />
pé contra o chão de terra e palha. -Vamos embora, temos<br />
que ir a Inglaterra.<br />
- Agora, como?<br />
A resposta estava junto à estrada principal que<br />
dava acesso à quinta, um camião de doze metros com<br />
reboque do Ministério da Administração Interna,<br />
equipado com o topo de gama em inteligência e<br />
teletransporte.<br />
O homem é um ser muito mesquinho e ridículo,<br />
ao serem confrontados com a existência de magia, de fadas<br />
e duendes, e unicórnios no mundo, que na realidade só se<br />
tinham revelado para salvar a humanidade da aniquilação<br />
total, juntaram-se de repente para vencer a magia com<br />
tecnologia. Uma das primeiras coisas que apareceu foi o<br />
teletransporte, montado em carros como aqueles ou em<br />
estações de comboios e terminais de aeroportos a tentar<br />
substitui-los.<br />
O Inspetor Fernando era tão cético em relação às<br />
novas tecnologias como à magia, contudo apesar de saber<br />
que ela existia e que foi uma espécie de magia que acabou<br />
com o armamento bélico mundial, acreditava que devia<br />
ser investigada como uma ciência e não como uma<br />
manifestação paranormal.<br />
No exterior foram assaltados em massa por uma<br />
multidão de jornalistas armados com as novas armas de<br />
destruição maciça, câmaras de raios espiões que lançavam<br />
ondas invisíveis e que gravavam som e imagem<br />
tridimensional projetada para qualquer ecrã. Uma das<br />
razoes de o carro tático estar ali era para impedir aquelas<br />
ondas de atingir o objetivo, mas a comunicação social<br />
arranjava sempre uma maneira de contornar aqueles<br />
bloqueios, mas quando o fizeram, já o corpo da vítima<br />
estava a caminho do IML do Porto e o Inspetor Fernando,<br />
muito contrariado entrava numa cabine de teletransporte<br />
com o Inspetor-chefe Manuel Barros, de mãos enfiadas<br />
nos bolsos das calças de ganga, muito descontraído.<br />
CAPÍTULO III UM MAGO NA NEW SCOTLAND<br />
YARD<br />
O destino foi a estação ferroviária de Londres,<br />
dividida entre as duas formas de transporte, onde eram<br />
esperados por dois inspetores da New Scotland Yard que<br />
os conduziram rapidamente até ao também novíssimo<br />
edifício da sede. Fernando, sempre com suspeita de<br />
qualquer coisa, olhava e tomava atenção a tudo, sem<br />
deixar escapar nada. O chefe muito caladinho deixou-o<br />
ainda mais apreensivo. Para quem estava sempre a tentar<br />
evidenciar-se, junto dos ingleses já piava de fininho.<br />
Ali não era o Dr. Barros, era apenas o Inspetor<br />
Barros e muito mal pronunciado.<br />
A reunião foi no interior de uma sofisticada<br />
holossala, o único interveniente além dos inspetores<br />
Fernando e Manuel, era o orador e assim que chegaram,<br />
começou logo.<br />
O orador era um jovem de fato e gravata bem<br />
parecido, mais um criminalista acabado de sair da<br />
universidade, pensou Fernando. Ainda andavam<br />
agarrados à saia das mães e já os punham a resolver crimes.<br />
Fernando admitiu que sentiu uma certa inveja com a<br />
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