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não se conseguem conter.<br />

- Ninguém toca no corpo enquanto eu não disser.<br />

A equipa da investigação criminal deve estar a chegar! –<br />

Decidiu determinado e dirigiu-se apressado com passos<br />

largos em direção ao exterior e ao circo que já tinha<br />

começado ali, contudo, antes sequer de sair do celeiro, lá<br />

vinha o inspetor-chefe Dr. Manuel Barros, como gostava<br />

de ser chamado, licenciado em criminologia, passos<br />

despreocupados, a coçar os joelhos e as virilhas e com a<br />

mesma mão e a barba por fazer.<br />

- Que se passa? Vais a correr para algum lado? Fica<br />

aqui quietinho sem fazer barulho. Vocês aí! Tirem a moça<br />

daí, o carro esta a fazer marcha atrás para seguir depressa<br />

pró Instituto de Medicina Legal (IML). - Acendeu um<br />

cigarro, com o cuidado de voltar as costas à enforcada. O<br />

inspetor Fernando tentou reclamar com a falta da recolha<br />

de provas, mas foi logo interrompido. – Qual recolha de<br />

provas? Nem eu nem o meu canudo nos vale, isto é<br />

feitiçaria, os novos crimes da era moderna, cruz credo<br />

onde fomos parar. Mais valia termos rebentado com o<br />

mundo inteiro e os magos e bruxos com ele. Diabos, olha<br />

só isto, que mentes perversas são estas? O Senhor<br />

Presidente quer apagar este crime dos olhos da população,<br />

sinceramente, eu também.<br />

- O Senhor Presidente da Câmara, com todo<br />

respeito, não tem esse tipo de autoridade.<br />

- Quem falou do Presidente da Câmara? - O<br />

inspetor pegou na beata do cigarro, espremeu a com um<br />

pé contra o chão de terra e palha. -Vamos embora, temos<br />

que ir a Inglaterra.<br />

- Agora, como?<br />

A resposta estava junto à estrada principal que<br />

dava acesso à quinta, um camião de doze metros com<br />

reboque do Ministério da Administração Interna,<br />

equipado com o topo de gama em inteligência e<br />

teletransporte.<br />

O homem é um ser muito mesquinho e ridículo,<br />

ao serem confrontados com a existência de magia, de fadas<br />

e duendes, e unicórnios no mundo, que na realidade só se<br />

tinham revelado para salvar a humanidade da aniquilação<br />

total, juntaram-se de repente para vencer a magia com<br />

tecnologia. Uma das primeiras coisas que apareceu foi o<br />

teletransporte, montado em carros como aqueles ou em<br />

estações de comboios e terminais de aeroportos a tentar<br />

substitui-los.<br />

O Inspetor Fernando era tão cético em relação às<br />

novas tecnologias como à magia, contudo apesar de saber<br />

que ela existia e que foi uma espécie de magia que acabou<br />

com o armamento bélico mundial, acreditava que devia<br />

ser investigada como uma ciência e não como uma<br />

manifestação paranormal.<br />

No exterior foram assaltados em massa por uma<br />

multidão de jornalistas armados com as novas armas de<br />

destruição maciça, câmaras de raios espiões que lançavam<br />

ondas invisíveis e que gravavam som e imagem<br />

tridimensional projetada para qualquer ecrã. Uma das<br />

razoes de o carro tático estar ali era para impedir aquelas<br />

ondas de atingir o objetivo, mas a comunicação social<br />

arranjava sempre uma maneira de contornar aqueles<br />

bloqueios, mas quando o fizeram, já o corpo da vítima<br />

estava a caminho do IML do Porto e o Inspetor Fernando,<br />

muito contrariado entrava numa cabine de teletransporte<br />

com o Inspetor-chefe Manuel Barros, de mãos enfiadas<br />

nos bolsos das calças de ganga, muito descontraído.<br />

CAPÍTULO III UM MAGO NA NEW SCOTLAND<br />

YARD<br />

O destino foi a estação ferroviária de Londres,<br />

dividida entre as duas formas de transporte, onde eram<br />

esperados por dois inspetores da New Scotland Yard que<br />

os conduziram rapidamente até ao também novíssimo<br />

edifício da sede. Fernando, sempre com suspeita de<br />

qualquer coisa, olhava e tomava atenção a tudo, sem<br />

deixar escapar nada. O chefe muito caladinho deixou-o<br />

ainda mais apreensivo. Para quem estava sempre a tentar<br />

evidenciar-se, junto dos ingleses já piava de fininho.<br />

Ali não era o Dr. Barros, era apenas o Inspetor<br />

Barros e muito mal pronunciado.<br />

A reunião foi no interior de uma sofisticada<br />

holossala, o único interveniente além dos inspetores<br />

Fernando e Manuel, era o orador e assim que chegaram,<br />

começou logo.<br />

O orador era um jovem de fato e gravata bem<br />

parecido, mais um criminalista acabado de sair da<br />

universidade, pensou Fernando. Ainda andavam<br />

agarrados à saia das mães e já os punham a resolver crimes.<br />

Fernando admitiu que sentiu uma certa inveja com a<br />

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