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Orion 7

international sci-fi and fantasy web-zine (novels, comics. illustrations)

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decoradas com uma sucessão de nichos que acolhiam<br />

vários animais: o lobo, a raposa, a lebre, o veado e o gato.<br />

Animais de poder. Na face do túmulo, junto aos pés,<br />

estava representado o que parecia ser um anjo de asas<br />

abertas, um sinal cristão, e na face junto a cabeça saia em<br />

alto relevo um urso de boca aberta ameaçador.<br />

Nenhuma descrição identificava o túmulo como<br />

sendo da Rainha Ginevra, era uma presunção sua, queria<br />

acreditar que estava no caminho certo. Durante alguns<br />

minutos ficou a adorar o<br />

túmulo, liberto da magia que<br />

o ocultou por mais de mil<br />

anos, alheiro ao início dos<br />

trabalhos dos arqueólogos.<br />

Acarinhou a estátua de pedra<br />

deitada sobre a mesma, o<br />

bastão, a coroa, seguiu as<br />

pregas das suas vestes até ao<br />

medalhão na cintura e então<br />

algo aconteceu: um clique, o<br />

medalhão deslocou-se.<br />

Adriano soltou um pequeno<br />

grito, uma mistura de medo<br />

e júbilo. As surpresas nunca<br />

mais terminavam, os homens<br />

que trabalhavam no túnel<br />

voltaram para trás<br />

respondendo ao sinal de<br />

alarme do colega e entraram<br />

na câmara mesmo na hora<br />

em que Adriano, de frente ao<br />

túmulo aberto erguia ao alto<br />

uma espada empoeirada, de<br />

punho dourado sem brilho<br />

de onde saíam duas quimeras com corpo de leão e cabeça<br />

de dragão. A espada resplandeceu de repente, brilhando<br />

intensamente com luz própria e num piscar de olhos,<br />

Adriano e a espada desapareceram.<br />

CAPÍTULO II A VIRGEM E O CALDEIRÃO<br />

Era um cenário macabro, em vinte anos de<br />

trabalho na polícia o inspetor Fernando nunca tinha visto<br />

nada assim. No sítio da exploração de ovelhas de<br />

Barcelinhos, a apenas dois quilómetros da entrada da<br />

pequena vila, uma jovem é assassinada. No interior do<br />

celeiro foi montado um verdadeiro altar à Deusa-mãe, ali<br />

representada por uma imagem em barro sem cabeça, de<br />

ventre proeminente, as suas mãos estendiam-se sobre a<br />

cabeça de dois lobos ferozes que a ladeavam. À frente da<br />

estátua de barro estava um caldeirão em ouro maciço de<br />

meio metro de altura e metro e meio de raio de boca e por<br />

cima do caldeirão a<br />

vítima balançava<br />

levemente ao sabor<br />

da corrente de ar,<br />

presa pelo pescoço a<br />

uma corda amarrada<br />

a um dos barrotes<br />

que fazia a linha da<br />

asna do meio que<br />

sustentava o<br />

telhado. Enforcada e<br />

degolada quase em<br />

simultâneo, o<br />

sangue teria jorrado<br />

abundantemente<br />

para dentro da boca<br />

do caldeirão e ainda<br />

pingava. Contudo,<br />

assim que as pingas<br />

de sangue grosso<br />

passavam a boca do<br />

caldeirão,<br />

desaparecia logo de<br />

imediato.<br />

Durante o longo<br />

momento em que passou a assimilar aquele estranho<br />

crime, uma pequena grua dos bombeiros locais entrou no<br />

interior do celeiro e subiu o cesto até ao corpo da vítima.<br />

Esse ato acordou-o do seu estado hipnótico. Endireitou as<br />

costas, fechou a boca e perguntou:<br />

- Quem mandou retirar o corpo?<br />

O operador da grua respondeu perturbado.<br />

- O Senhor Presidente da Câmara. Pode ir<br />

confirmar, está lá fora com a polícia a tentar aguentar um<br />

exército de mirones e jornalistas, estas coisas sabe como é,<br />

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