Orion 7

A espada Possuída de Sofia Guilherme Lobo (ilstrações Renato Abreu)
CAPITULO I O TOR
O dia estava esplêndido. Depois de dias de chuva
intensa, um pouco de sol a iluminar o verde da paisagem
das terras planas de antigos pântanos com a colina do Tor
no horizonte.
Homens e
máquinas juntaram-se
no sopé da colina, logo
de madrugada para
drenarem as poças de
água transformadas em
lagos, que tornavam a
colina numa ilha, a ilha
de Avalon. Nada de
anormal se não fosse a
magia a voltar à terra e
as brumas levantadas
dos olhos cegos dos
homens.
Adriano
Gregoriano era italiano,
nascido e criado em
Milão, após conseguir
uma bolsa de estudos,
mudou-se para essa ilha
gloriosa que é
Inglaterra, que ocupou
os seus sonhos de
juventude e de homem
adulto. Historiador e
arqueólogo, obcecado pela era Arturiana, passou mais de
metade da sua vida a tentar provar a veracidade da
existência das lendas. E agora dois anos depois do véu ser
levantado sentia-se mais próximo do que nunca. O
túmulo resplandecente de Genever tinha sido encontrado
a doze metros de profundidade nas ruínas da suposta
cidade de Camelot. Mas o túnel não acabava ali, só tinham
que libertar o corredor de toneladas de escombros e terra
que os impedia de continuar. Sentia-se muito perto,
ansioso e excitado com a perspetiva de localizar o túmulo
do Rei Artur, não parava quieto, andava de um lado para
o outro na tentativa de acelerar o processo, e estando
finalizada a drenagem, as ruínas e o túnel livres da água,
finalmente conseguiu entrar. Um elevador improvisado,
constituído por uma plataforma montada num eixo fixo
foi montado em minutos pela equipa de engenharia.
Adriano e dois membros da sua equipa entraram na
plataforma que os desceu logo de imediato até ao túnel
muito bem escorado
com barrotes de
madeira e iluminado
por um fio contínuo de
LED. A lama no local
dificultava o avanço,
cada passo era um
esforço acrescido, mas
valia a pena só para ter
o privilégio de mais
uma vez entrar na
câmara de Ginever.
Ali estava a
primeira rainha da Grã-
Bretanha, esculpida
numa estátua estendida,
vestida com um manto
pregueado, na cintura o
emblema da árvore da
vida, o símbolo sagrado
da criação, fecundidade
e imortalidade, a ligação
entre o céu, a terra e o
submundo. Ginever
não era só rainha, era
uma sacerdotiza da
Deusa e uma magia estranha protegera daquele túmulo da
erosão do tempo e ao seu lado estava esculpido ainda o
bastão dos druidas. Seria também ela um Druida?
Estariam também as mulheres reservadas a cargos de
grande poder em pé de igualdade com os homens? A
estátua estava ladeada por dois lobos ferozes em posição de
guarda, dentes arreganhados e uma pata dianteira
levantada. As paredes exteriores da arca tumular estavam
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