Hippocampus Ed. 38

SUMÁRIO
24
60
34
80
10 ENTREVISTA Bernardo Corrêa de Barros
24 CLUBE Atletas do CNC nos Jogos Olímpicos
34 CLUBE Grandes Eventos CNC 2021
50 CLUBE Equipas de Competição do CNC 2020/2021
60 REGATAS 36th America’s Cup/Prada Cup 2021
80 CLUBE Escola de Vela Mirpuri Foundation 2021
86 CLUBE Inclusion 6.5 para o projecto Vela Sem Limites
90 CLUBE Centro de Mergulho do Clube Naval de Cascais
100 CLUBES CORRESPONDENTES St. Francis Yacht Club
108 CULTURA International Art Show
114 Agenda CNC
90
108
Ficha técnica
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Clube Naval de Cascais
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Clube Naval de CASCAIS 3

EDITORIAL
Estimados Sócios,
Nesta primeira edição da Hippocampus publicada em 2021, muito
gostaria que as palavras que vos dirijo já não tivessem que estar
ensombradas pela famigerada pandemia que a todos tanto tem afectado.
Lamento que assim seja, mas também há que reconhecer que este ano
parece, pelo menos, não ir ser tão terrível para todo o mundo como o
foi o de 2020. E essa não poderá deixar de ser uma boa notícia.
Se é verdade que, como em qualquer guerra, e mais ainda numa em
que se começou por lutar contra um inimigo desconhecido, existiram
inúmeros avanços e recuos no combate ao vírus, não o será menos que,
hoje, estamos, neste particular, melhor do que estávamos há doze meses
atrás. Tudo está, ainda, (muito) longe de estar bem, é inequívoco que
as coisas ainda demorarão o seu tempo a estabilizar, mas o que importa
é não baixar os braços e manter firme a postura de tudo fazer para que
tal aconteça tão breve quanto possível.
Essa sempre foi a postura do Clube Naval de Cascais – e, desde logo,
o nosso calendário de atividades levadas a cabo no ano passado prova-o
de forma cabal. Por isso não existindo motivos para que assim não seja
em 2021, que, a ser diferente de 2020, só poderá sê-lo para melhor no
que às nossas cores diz respeito. Mesmo com as inúmeras dificuldades
que se nos deparam, tudo foi, está e continuará a ser feito para continuar
a guindar o nome do CNC até aos mais elevados patamares, tanto no
plano nacional como a nível internacional.
Evoco, a propósito desse espírito de resiliência típico dos cascalenses, e
plenamente confirmado durante esta época do combate à COVID-19,
a excelente entrevista dada à nossa revista por Bernardo Corrêa de Barros,
Presidente da Associação de Turismo de Cascais, e publicada mais
adiante no presente número. Nunca abdicando da lucidez essencial para
identificar os gravíssimos problemas com que um sector essencial para
o concelho actualmente se depara, também não dispensa a serenidade
fulcral para definir como apoiar quem mais precisa, identificar novas
soluções e, claro, transformar dificuldades em oportunidades.
Foi esta mesma a atitude desde sempre adoptada pelo CNCascais.
Sendo com indesmentível orgulho que convosco aqui partilho algumas
das linhas mestras da nossa estratégia para este ano, bem como alguns
dos feitos já alcançados. Como o reforço do apoio a quem dele mais
necessita, patente na aquisição do barco Inclusion 6.5, imperioso para
o desenvolvimento do projecto Vela Sem Limites, de Vela Adaptada.
Até numa época por demais complicada, parceiros, sócios e amigos do
CNC, entre os quais não seria possível deixar de destacar a Câmara
Municipal de Cascais, a Brisa, a Saúde Prime, a Marina de Cascais, a
Lindley, a Yacht Works e a Faz Letra, não faltaram à chamada, e, de
forma altruísta, contribuíram para este marco que para todos nós tanto
tem de ser motivo de indesmentível orgulho.
Orgulho que se estende, obrigatoriamente, à formação do CNC. No
rigoroso cumprimento das mais estritas normas sanitárias em vigor,
acrescidas de outras por nós próprios definidas, a Escola de Vela Mirpuri
Foundation, do Clube Naval de Cascais, consegue propor este ano um
calendário de actividades ainda mais notável do que o de 2020. Ao mesmo
tempo, as nossas equipas de competição tudo estão a fazer para cumprir
com as suas metas em termos de desenvolvimento, evolução e resultados,
por forma a continuarem a enriquecer um palmarés que é absolutamente
único no nosso país. Não menos importante, o CNC volta a representar
Portugal nos Jogos Olímpicos, com a ida a Tóquio a garantir a nossa
presença ininterrupta nas olimpíadas desde 1948, se exceptuarmos as
edições de 1976 e 1980, esta útima a todos os títulos excepcional, devido
ao boicote feito pelo mundo ocidental aos Jogos de Moscovo, na sequência
da invasão do Afeganistão por parte da antiga URSS.
Em termos de eventos desportivos, este também será um ano que ficará
para a história do Clube Naval de Cascais, não obstante alguns dos
campeonatos internacionais inicialmente programados para 2021 não
poderem ser realizados, pelos motivos de todos conhecidos. Também
aqui, o CNC empenhou-se a fundo, juntamente com os seus parceiros,
em dignificar o seu nome, e o de Cascais, e os resultados alcançados dificilmente
poderiam ser mais satisfatórios, sobretudo na atual conjuntura.
Pelo que o primeiro fim-de-semana de Junho será absolutamente a não
perder. Pelos amantes da alta competição e da alta tecnologia, em geral;
e pelos adeptos da vela ao mais alto nível, em particular. Será, então,
que terá lugar a segunda edição do Mirpuri Foundation Sailing Trophy,
troféu criado em conjunto, o ano passado, pelo CNC e pela Mirpuri
Foundation, e que desde logo se impôs quer pela vertente competitiva,
quer pelo facto de ter sido o primeiro evento do género, de cariz internacional,
realizado a nível global após o primeiro confinamento. Em
2021, a fasquia foi colocada ainda mais acima, antevendo-se mais do
dobro dos barcos inscritos e uma competitividade ainda mais intensa.
Mas há mais! Nesta mesma prova participará, igualmente, toda a frota
da The Ocean Race Europe, a regata europeia que ligará França a Itália,
servindo de preparação para a The Ocean Race de 2022-2023, tendo
Cascais sido escolhida para o seu primeiro stopover – uma honra para a
região e para o país. E como os resultados obtidos no Mirpuri Foundation
Sailing Trophy contarão para a classificação final da The Ocean Race
Europe, é certo que ninguém irá facilitar, antevendo-se uma competição
de excelência, quer na classe V065 (em que pontificará o “nosso” Racing
for the Planet, o barco inscrito pela Mirpuri Foundation em todas essas
provas, e que a bordo terá três velejadores do CNCascais), quer entre os
igualmente velozes IMOCA 60 “voadores”.
No final de Agosto, outro momento imperdível: a realização, em Cascais,
do Campeonato do Mundo de SB20, originalmente programado
para 2020. Será uma oportunidade de ouro para ver de perto os maiores
nomes do momento numa classe que é das mais populares no nosso país,
em permanente evolução e franco crescimento. Um facto extra que não
terá deixado de contribuir para que este seja já o terceiro mundial de
SB20 a visitar o CNC.
Duas notas adicionais relativas à presente edição da Hippocampus. A
primeira vai para o artigo dedicado à 36th America’s Cup, recentemente
disputada, pela importância que tem para o mundo da vela, e por se
tratar de um evento que também só nos proporciona boas memórias,
como as que remontam a 2011, o ano em que o CNC acolheu as suas
World Series, outro feio único em Portugal. A segunda é dirigida ao
Centro de Mergulho do CNC, uma valência porventura menos conhecida
do clube, mas que merece um olhar mais atento, por ser esta uma
actividade que permite aos seus praticantes melhor conhecer o mar sob
uma perspectiva tão singular quanto deslumbrante.
Não faltam, pois, razões para que a Primavera-Verão de 2021 seja
memorável para o Clube de Naval de Cascais e para os seus sócios. Faço
votos para que todos possamos da mesma usufruir da melhor forma,
marcando desde já encontro com todos para o próximo Outono!
6
Hippocampus

Dear members,
In this first edition of Hippocampus published in 2021, I would
very much like that the words I address to you no longer had to be
overshadowed by the infamous pandemic that has affected everyone
so much. I regret this, but we must also recognise that this year, at
least, does not seem to be as terrible for the whole world as it was in
2020. And this can only be good news.
If it is true that, as in any war, and even more so in one where one
starts fighting an unknown enemy, there have been numerous advances
and setbacks in the fight against the virus, it is no less true that we are
today, in this particular aspect, better than we were twelve months
ago. Everything is still (very) far from being well, it is unequivocal that
things will still take time to stabilise, but the important thing is not
to lower our guard and to keep a firm attitude of doing everything in
order for this to happen as soon as possible.
This has always been the attitude of Clube Naval de Cascais - and,
of course, our calendar of activities carried out last year is clear proof
of this. Therefore, there is no reason why this should not be the case
in 2021, which, if it differs from 2020, can only be for the better as far
as our colours are concerned. Even with the numerous difficulties we
face, everything has been, is and will continue to be done to continue
to raise the name of the CNC to the highest levels, both nationally
and internationally.
On the subject of this spirit of resilience typical of the people of
Cascais, and fully confirmed during this time of fighting COVID-19,
I would like to refer to the excellent interview given to our magazine
by Bernardo Corrêa de Barros, President of the Cascais Tourism Association,
published later in this issue. Never abdicating the essential
lucidity to identify the very serious problems that an essential sector
for the municipality is currently facing, he also does not lack the core
serenity to define how to support those most in need, identify new
solutions and, of course, transform difficulties into opportunities.
This was the attitude CNCascais has always adopted. It is with
undeniable pride that I share with you some of the main lines of our
strategy for this year, as well as some of the achievements already
made. Such as the reinforcement of the support to those who need it
most, patent in the acquisition of the Inclusion 6.5 boat, essential for
the development of the project Vela Sem Limites (Sailing Without
Limits), of Adapted Sailing. Even in a very complicated time, partners,
associates and friends of the CNC, among which we must highlight the
Municipal Council of Cascais, Brisa, Saúde Prime, Cascais Marina,
Lindley, Yacht Works and Faz Letra, did not miss the call, and, in
an altruistic way, contributed to this milestone that for all of us is an
undeniable reason for pride.
Pride that extends, necessarily, to the formation of the CNC. In strict
compliance with the strictest health standards in force, plus others
defined by us, the Mirpuri Foundation Sailing School, of Clube Naval
de Cascais, manages to propose this year a calendar of activities even
more remarkable than that of 2020. At the same time, our competition
teams are doing everything to meet their goals in terms of development,
evolution and results, in order to continue to enrich a record that is
absolutely unique in our country. No less important, the CNC will
once again represent Portugal at the Olympic Games, with the trip
to Tokyo ensuring our uninterrupted presence at the Olympics since
1948, except for the 1976 and 1980 editions, the latter exceptional
due to the boycott made by the western world to the Moscow Games,
following the invasion of Afghanistan by the former USSR.
In terms of sporting events, this will also be a year that will go down
in the history of Clube Naval de Cascais, notwithstanding the fact
that some of the international championships initially scheduled for
2021 cannot be held, for reasons that are well known. Here too, the
CNC has worked hard, along with its partners, to dignify its name
and that of Cascais, and the results achieved could hardly be more
satisfactory, especially in the current situation.
So the first weekend in June will be absolutely unmissable. For lovers
of high competition and high technology, in general; and for fans of
sailing at the highest level, in particular. It will be the second edition
of the Mirpuri Foundation Sailing Trophy, a trophy jointly created
last year by the CNC and the Mirpuri Foundation, which immediately
imposed itself both for its competitive aspect and for the fact
that it was the first event of its kind, of an international nature, held
globally after the first confinement. In 2021, the bar has been raised
even higher, with more than double the number of boats entered and
an even more intense competition.
But there is more! The entire fleet of The Ocean Race Europe
will also take part in this race, the European regatta that will link
France to Italy, serving as preparation for The Ocean Race of 2022-
2023, with Cascais chosen for its first stopover - an honour for
the region and for the country. And as the results obtained in the
Mirpuri Foundation Sailing Trophy will count towards the final
classification of The Ocean Race Europe, it is certain that no one
will make it easy, anticipating a competition of excellence, both
in the V065 class (in which “our” Racing for the Planet will shine,
the boat entered by the Mirpuri Foundation in all these races, that
will have three sailors from CNCascais on board), and among the
equally fast “flying” IMOCA 60 with hydrofoils.
At the end of August, another unmissable moment: the SB20
World Championship, originally scheduled for 2020, will be held in
Cascais. It will be a golden opportunity to see up close the biggest
names of the moment in a class that is one of the most popular in
our country, constantly evolving and growing. An extra fact that
will have contributed to this being already the third SB20 World
Championship to visit the CNC.
Two additional notes concerning the present edition of Hippocampus.
The first is for the article dedicated to the 36th America’s Cup,
recently disputed, for the importance it has for the sailing world, and
because it is an event that also only provides us with good memories,
such as those that date back to 2011, the year in which the CNC hosted
its World Series, another unique event in Portugal. The second is
directed to the CNC Diving Centre, a value perhaps less known of
the club, but which deserves a closer look, for being an activity that
allows its practitioners to better know the sea from a perspective as
unique as it is stunning.
There are, therefore, plenty of reasons for the Spring-Summer of
2021 to be memorable for Clube Naval de Cascais and its members.
I hope that we can all enjoy it in the best possible way, and I would
like to meet again with all of you this next Autumn!
Clube Naval de CASCAIS 7

Entrevista Bernardo Corrêa de Barros
UMA QUESTÃO
DE RESILIÊNCIA
O turismo é, sem dúvida, uma das áreas mais lesadas pela pandemia.
Questão que assume, já, contornos de algum dramatismo, mormente em
Cascais, reconhecidamente um dos principais e melhores destinos do país.
Mas tudo está a ser feito para com, a máxima, resiliência, superar esta fase
e encarar com optimismo o futuro. Isso mesmo é confirmado por Bernardo
Corrêa de Barros, presidente da Associação de Turismo de Cascais
Fotos: JOÃO ALCOBIA
Cascais é, de forma quase inata, como
que por vocação, natural, geográfica e
etnológica, região especialmente fadada para o
turismo. Contudo, o seu invejável desempenho
neste domínio também se deve a aturada e
intensa dedicação, nos mais distintos planos de
acção e intervenção. Neste particular, a Associação
de Turismo de Cascais é a instituição que
visa reunir os operadores do sector, e definir as
estratégias que melhor sirvam uma actividade
determinante para o concelho. Como o é para
o próprio país, de resto.
Em plena época de uma pandemia tão inesperada
quanto nefasta para a sociedade, a praticamente
a todos os níveis, e, literalmente, em
todas as latitudes, mas, no plano económico,
especialmente lesiva para sectores como o do
turismo, porventura ao contrário do que alguns
poderiam pensar, este tem sido, e continuará
a ser, um tempo de redobrado trabalho para
a Associação de Turismo de Cascais (ATC).
Seja a ajudar a identificar e garantir as soluções
que permitam, tanto quanto possível, aos seus
associados atravessar este período especialmente
difícil, seja a preparar a tão propalada e desejada
retoma, que se espera não só para breve, como
efectiva e sustentada, tanto na forma como no
tempo.
Disso mesmo nos dá conta Bernardo Corrêa
de Barros. Preside, desde 2020, à Associação
de Turismo de Cascais, de que foi fundador,
sucedendo a Duarte Nobre Guedes, de quem
foi vice-presidente, além de Administrador
Executivo da Cascais Dinâmica, a empresa
municipal responsável pela gestão de equipamentos
turísticos no concelho. Com provas
dadas neste capítulo, é a si que cabe, agora, liderar
uma instituição com mais de três centenas de
associados, oriundos de áreas tão distintas (e sem
ordem de preferência…) como os transportes
terrestres e marítimos; a organização de eventos
(casamentos incluídos); a hotelaria; bares e
restaurantes; SPAs; empreendimentos turísticos
e residenciais; agências imobiliárias; aluguer de
equipamentos multimédia e audiovisual, e para
espectáculos; observação de cetáceos; animação
turística; fundações; campos de golf; cabeleireiros;
joalheiros; escolas de surf; museus; sociedades de
advogados; parques naturais; catering; aluguer
de automóveis, motos e bicicletas; agências de
ingressos; organização de passeios (seja a pé,
como em diversos tipos de veículos, terrestres e
marítimos); ou produtoras de espectáculos. Não
faltam, sequer, o Jardim Zoológico de Lisboa,
a Marina de Cascais e, claro está, os clubes desportivos
– incluindo o Clube Naval de Cascais,
que a seu cargo tem, no presente mandato, a
Presidência do Conselho Fiscal da ATC.
EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE
Antes de mais, importa saber como avalia Bernardo
Corrêa de Barros a evolução da ATC desde
a sua génese, e que implicações prevê tenha para o
seu progresso a mudança de presidente: “A ATC
foi criada de uma derivação do Convention
Bureau e do Golf Bureau, ou seja, começámos
por juntar dois organismos, que já operavam
há alguns anos, para criar uma associação
mais macro, que pudesse envolver os vários
actores do turismo. Não nos fazia sentido ter
as coisas compartimentadas só em turismo
de negócios e de golf; se bem que a promoção
do lazer também fosse feita, considerámos
que devíamos ter uma representatividade
mais abrangente, que tocasse em todos os
sectores do turismo, e em todos os agentes
de cada um desses setores.
O projecto tem uma equipa que, na sua
grande maioria, se mantém. É um facto que
se deu a mudança de presidente em Julho
último, quando saiu Duarte Nobre Guedes,
mas este manteve-se no seio da ATC enquanto
Presidente do recém-criado Conselho Superior.
Porque eu acredito, enquanto presidente,
e o Conselho Superior é de nomeação directa
do presidente, que a geração anterior à minha
ainda tem muito para oferecer. Por serem
pessoas extremamente válidas, com uma
cabeça muito fresca, ainda com ideias muito
boas. E que não é pela sua idade que deixam
de ser válidas ou de poderem contribuir.
Considero que o projecto deve abranger
várias gerações, seja uma geração mais nova,
que também temos gente muito nova a trabalhar
connosco no Turismo de Cascais, seja
com gente mais velha, porque é assim que se
constrói o futuro, porque as coisas mudam,
mas não mudam assim tão rapidamente, e
todos juntos conseguimos construir mais”.
Então, pode considerar-se que o projecto tem
evoluído na continuidade? “Sim. Veja-se que
o novo Conselho Superior é composto por
Duarte Nobre Guedes, enquanto presidente
(por sinal, sócio, também, do CNCascais,
talvez um dos seus sócios mais antigos); por
Mário Assis Ferreira, do Casino do Estoril e
da Estoril-Sol; e por Pedro Garcia, que detém,
também, uma vasta experiência, seja na Estoril
10
Hippocampus

Plage, detentora do Hotel Palácio e do Hotel
Eden, ou enquanto responsável da Marina
de Cascais durante tantos anos. Portanto, no
Conselho Superior, temos muita experiência
em diversas áreas, e como este tem prestado
um excelente contributo para a ATC, o projecto
acabou por não mudar radicalmente,
há uma continuidade das coisas que se têm
vindo a fazer ao longo destes anos”.
Mas continuidade não é, sinónimo de imobilismo
ou de estagnação, certo? “Pelo contrário.
Penso que temos cumprido os objectivos de
agregar, de construir, de aumentar a capacidade
que esta equipa tem de criar, que é
muita. Agora, temos entrado em áreas algo
diferentes, apostado muito na digitalização,
e esse é dos grandes objectivos para 2021: a
digitalização, o conhecimento. Queremos
aproveitar, também, esta onda internacional,
esta tendência global, de sustentabilidade,
já que Cascais tem muito para dar nessa
área, pelo que tem vindo a ser feito não só
pela Câmara Municipal de Cascais, mas,
também, por todos os cascalenses, que
têm uma vertente talvez mais vincada da
sustentabilidade, e da sua promoção, para
o destino Cascais.
E vamos aproveitar esta pandemia, este
tempo menos activo na recepção de jornalistas,
de promotores, de visitas de inspecção
para a organização de congressos, para fazer
uma transição digital. Uma transição que
já se revelava necessária, de começarmos a
comunicar cada vez mais e melhor. E, com
isto, digo que, aproveitando o conhecimento
que nos é dado pelas várias plataformas com
que operamos, pelos vários estudos que
temos, pelas parcerias que temos também
com a academia, queremos implementar uma
comunicação cada vez mais assertiva, cada
vez mais individualizada, para obter uma
maior eficiência do dinheiro que é investido
nesta mesma promoção.
Assim, talvez não seja tanto a mudança
de presidente, até porque eu já era vice-
-presidente, mas muito mais estes tempos
diferentes que estamos a viver que nos fazem
adaptar a uma nova realidade, e que nos fazem
olhar para outros processos, para outra
forma de trabalhar, para tornar esta promoção
mais eficaz e mais eficiente. De regresso
à questão original: o projecto mantém-se, os
objectivos alteram-se mais pela pandemia,
pelo acompanhar dos tempos, do que pela
mudança do seu líder”.
Clube Naval de CASCAIS 11

Entrevista Bernardo Corrêa de Barros
DIFICULDADES E OPORTUNIDADES
E que exemplos podemos ter desse acompanhar
dos novos tempos? “Primeiro, é preciso perceber
que os tempos não mudaram de Julho do
ano passado para Janeiro ou Fevereiro deste
ano. A mudança tem vido a ser gradual, se
bem que fortemente acelerada nalguns aspectos
devido à pandemia. E agarrar estas
oportunidades é a meta que eu tenho passado
à equipa. É sermos o destino mais preparado
para o pós-pandemia; é aproveitar todo este
investimento que tem sido feito pela autarquia
nesta guerra a esse inimigo invisível,
que é a COVID-19; é conseguir preparar
devidamente os nossos associados. E que
passa pela cooperação com eles, por manter
os nossos associados atentos, vigilantes, informados.
Nomeadamente, através de uma
informação que seja trabalhada, e que está
a ser trabalhada, pelo nosso departamento
jurídico do Turismo de Cascais, recém-criado
para prestar esse mesmo apoio.
Relembro que o Governo emana leis redigidas
em ‘jurisdistês’, e que ninguém entende
o ‘jurisdistês’ a não ser os próprios juristas.
Então, o desafio que lançámos ao nosso
departamento jurídico foi preparar esta
informação de modo a que ela seja rapidamente
inteligível, e para podermos, também,
preparar internamente o apoio que damos
aos nossos associados. Para essa resposta
ser rápida, e em articulação com as várias
associações nossas congéneres e parceiras,
para que possamos agir em bloco, e para que
estejamos tão informados quanto os outros.
Eu acredito que a partilha é que é o segredo do
negócio, e não o próprio do segredo; creio que
com a partilha conseguimos ser mais fortes.
Como Mohamed ElBaradei, prémio Nobel
da Paz pela agência atómica, dizia aqui no
Estoril, numa das conferências: ‘ou vencemos
juntos, ou falhamos separadamente’. E este é o
tempo em que, ou vencemos juntos, ou vamos
falhar separadamente, portanto, temos que
estar unidos ao lado dos nossos associados,
ao lado dos nossos parceiros, para criarmos
um território que esteja mais preparado para
o pós-pandemia”.
Para atrair pessoas? “Para atrair pessoas,
para atrair capacidade de investimento no
território, para que o território possa crescer
da mesma forma que tem vindo a crescer nos
últimos tempos. Queremos que os negócios
continuem a prosperar, para se criar, também,
mais emprego – que, como bem diz o Presidente
da Câmara Municipal de Cascais, é o
bem mais escasso nestes tempos que estamos
a viver. Ou seja, criar as condições necessárias
para que tudo volte à normalidade, para
que o investimento regresse, para que esse
investimento possa de novo ser feito pelos
empresários na actividade económica, para
a criação de mais e melhor emprego”.
Mas não será segredo para ninguém, até por
várias declarações feitas pelo elenco directivo
da CMC, na pessoa do seu presidente, Carlos
Carreiras, e do Vice-Presidente, Miguel Pinto
Luz, e mesmo por Duarte Nobre Guedes, enquanto
ainda era Presidente da ATC, que Cascais
nunca apostou muito forte na quantidade, no
chamado turismo de massas, antes pretendeu
sempre criar um equilíbrio entre qualidade e
quantidade. É esse o caminho para continuar
a trilhar, mesmo depois da pandemia? “Vamos
continuar a apostar na qualidade, e é nesse
sentido que temos caminhado neste mandato,
e mesmo com Duarte Nobre Guedes ainda
como presidente. No sentido de capacitar
os nossos parceiros e os nossos associados
a investirem cada vez mais na qualidade, a
investirem cada vez mais naquilo que é nosso,
em produtos locais, numa dinamização da
economia local. Porque acredito que ainda
há muito espaço para crescermos em termos
de qualidade.
Diz-se que Cascais é um destino de luxo…
Cascais ainda não é um destino de luxo, nem
sei se o será num futuro muito próximo.
Cascais é um destino de altíssima qualidade,
como costumamos dizer aqui na ATC. É um
local onde se pode fazer tudo menos desportos
de neve, um destino com uma diversidade
imensa. Temos um parque natural de excelência;
praias óptimas; um destino hospitaleiro
e um povo extraordinário; uma gastronomia
variada, muito assente na dieta mediterrânica,
embora, provavelmente, não seja reconhecida
como das melhores gastronomias do mundo
– apesar de termos o melhor peixe do mundo.
Estamos ao lado de uma capital, o que nos
proporciona enormes benefícios, e a trinta
minutos de um aeroporto internacional. Só
que, provavelmente, não somos o melhor
destino do mundo em nenhuma destas áreas.
É a composição destes vários itens que faz de
nós um destino de excelência. E um destino de
excelência é, naturalmente, diferente de um
destino de luxo. Agora, não restam dúvidas
de que somos um destino muito bom, que tem
que continuar a apostar na qualidade, e não
na quantidade. Não queremos ser um destino
à imagem de outros neste país, que recebem
um turismo massificado, de baixo valor e com
baixa contribuição também naquele ciclo de
que falava, com baixa rentabilidade para os
operadores e, depois, menor reinvestimento
no destino. Há que continuar a apostar na
capacitação, a aumentar valor, para conseguir
que os empresários façam mais investimento,
criem mais emprego, e por aí fora. Acaba, de
facto, por ser um ciclo”.
Perante tudo isto, qual tem sido, então, a
importância do turismo, não só em termos de
receitas, mas também para o seu desenvolvimento
noutras áreas, na região de Cascais? “O turismo
acaba por ser uma área transversal. Toca no
conhecimento e, desde logo, temos a Escola
Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril,
que está no nosso território. Toca na restauração,
porque os turistas almoçam e jantam
todos os dias. Toca na indústria do golf, porque
há muito turismo de golf que também
nos chega. Toca no turismo de negócios,
nos organizadores de congressos. Toca nos
desportos, com os eventos que vão da vela ao
surf, passando pelo ténis, pelo hipismo, pelo
Iron Man, pelos desportos motorizados – em
que temos o Circuito do Estoril.
Em termos estatísticos, o turismo tem um
impacto de 18% na economia local. Mas estes
dados são muito difíceis de aferir, porque
acaba por ser, como referi, uma actividade
absolutamente transversal, que afecta diversas
áreas. E não podemos esquecer outras formas
de turismo, mais recentes, ou mais recentes
em Cascais, como o turismo de saúde, hoje
muito em voga, ou o turismo universitário,
em que muito beneficiamos com a Universidade
Nova.
Além de que, agora, está a aparecer uma
nova realidade: os nómadas digitais, com
trabalho remoto, o qual permite que as
pessoas desenvolvam as suas tarefas a partir
de qualquer parte do mundo. É uma
oportunidade que começa a nascer, e algo
de que, na minha perspectiva, Cascais pode
beneficiar muito, e não só pela sua situação
geográfica – embora, quando alguém criou
a Terra, tenha sido extremamente generoso
com Cascais. É que, em face desta sensação de
liberdade, que a pandemia nos fez procurar,
Cascais será um destino a ter muito em conta
também pelo nosso povo hospitaleiro, o povo
que melhor recebe no mundo, e por todas as
condições que temos para poder acolher esses
12
Hippocampus

nómadas digitais.
Nómadas que também se prevê possam
fixar-se no futuro, possam também eles
investir, possam fazer transitar os seus negócios
para cá. Existe aqui um amplo leque de
oportunidades que podem vir a ser criadas,
que tenham ainda maior impacto económico
no território. E, daí, a também recém-criada
Cascais Invest, a agência de investimento de
Cascais, para poder captar e estimular não
só os tais nómadas digitais, mas também o
investimento como um todo.
A propósito de modalidades e instalações
desportivas, a situação do Circuito do Estoril
sofreu alguma alteração? Ou tem perspetivas
de alterar-se? “Das conversas que tenho tido
com o Presidente da Câmara, o Circuito do
Estoril é algo que o município procura trazer
para a gestão municipal há já alguns anos.
Demos várias provas, enquanto território,
que conseguimos fazer melhor do que o
Estado central. Temos uma gestão mais eficiente,
conhecemos o nosso território como
ninguém, e achamos que temos a capacidade
de trazer ainda mais para o Circuito do
Estoril. Sei que tem havido conversas com a
Parpública, que é uma empresa detida pelo
Estado, e continuamos expectantes. Fizemos
duas investidas no passado, que não foram
bem sucedidas. Mas continuamos a querer o
equipamento, porque achamos que podíamos
fazer mais e melhor por ele, que tanto deu
ao nosso território, e ainda tanto pode vir a
dar dentro da área dos motores, e não só…”.
PANDEMIA OMNIPRESENTE
Neste ponto, é incontornável aprofundar o
tema inevitável da famigerada pandemia. De
que forma é que esta tem afectado o sector do
turismo, os seus operadores, e, também, a actividade
da própria câmara? É que há um vasto
lote de eventos destinados aos munícipes que
não se têm realizado, o que não deixará de ter
consequências até para o bem estar das pessoas,
até porque a população de Cascais tem por tradição
aderir e participar de forma activa naquilo
que decorre no concelho… “Eu até colocaria a
questão de outra forma: de que forma é que a
pandemia não afectou? Penso que a pandemia
afectou-nos a todos de forma transversal. O
turismo é, naturalmente, a área mais afetada
nesta fase: temos catorze hotéis encerrados,
em 2020 contam-se pelos dedos de uma mão
os eventos que aconteceram, e não sei se o
cenário será muito diferente em 2021.
Estamos claramente numa crise económica,
podemos estar a entrar numa crise de saúde
mental. Não acredito que algum empresário
consiga dormir descansado pelas responsabilidades
todas que tem hoje, e pelo dia de
amanhã, em que vai ter que começar a pagar
moratórias – e todos os meses paga contas para
fazer face às despesas do investimento que
realizou. Os números foram avassaladores;
saíram, recentemente, dados do INE, estamos
com números abaixo dos de 1984! Quando
as companhias aéreas não operavam como
operam hoje, havia meia dúzia delas; quando
o turismo em Portugal também não era nada
do que é hoje, muito menos do que aquilo que
era em 2019. Portanto, estamos de regresso
a 1984, mas com uma capacidade instalada,
a nível hoteleiro e dos alojamentos dos mais
variados, preparada para receber milhões e
milhões de turistas por ano. Negócios que,
neste momento, estão todos parados.
Insisto: os números do ano passado foram
assustadores. Seja a nível de preço médio,
seja a nível de RevPAR (n.d.r.: Revenue Per
Available Room), que registou quedas de 63%,
sendo esta a receita que o empresário retira
para poder investir novamente. Portanto, é
dramático. Em preço médio, temos quedas de
13%; mas, em termos de taxas de ocupação,
temos quebras gigantes, de 37 pontos percentuais,
o que não se via há muito tempo. Em
2019, e não estamos a falar na pré-história, o
crescimento rondava os 3% no preço médio
e crescia substancialmente no RevPAR - e cá
está a aposta na qualidade -, não tanto nas
taxas de ocupação, porque essas mantinham-
-se estáveis.
Este é o maior indicador de que estávamos
a apostar na qualidade. Tínhamos o RevPAR
mais alto do país, e continuávamos a crescer
sustentadamente, sem massificar. E daí eu
poder afirmar que não estamos a apostar
num turismo de massas, mas a apostar na
qualidade. E é por isso que estes números
são dramáticos, dramáticos para todos, e não
se vêem grandes perspestivas para o ano de
2021. Continuámos fechados em Fevereiro
e Março, na Páscoa, existe alguma esperança
para Junho, muito apostada no turismo nacional.
Já em 2020 fizemos uma campanha
muito centrada no turismo nacional, nunca
o tínhamos feito no passado, também aqui
Clube Naval de CASCAIS 13

Entrevista Bernardo Corrêa de Barros
nos adaptámos. E, até, uma campanha para
cascalenses, a convidar os cascalenses a irem
dormir aos hotéis de Cascais, o que também
não é normal…”.
E a receptividade foi boa? “Tivemos uma resposta
interessante por parte dos cascalenses,
que aproveitaram para ir namorar a Cascais,
conhecer os hotéis de Cascais. Eu também
o fiz, foi muito engraçado. Fiz de turista em
Cascais, andei por Cascais a deambular,
a pedir informações como se não vivesse
em Cascais. Descobri sítios giríssimos, que
não conhecia, porque encontramos sempre
alguém que nos diz: ‘Olhe, vá ali àquele beco
e tem uma vista lindíssima do farol’, por
exemplo. E eu nunca tinha estado naquele
beco, a olhar para o farol daquela forma,
portanto, dá-nos uma perspectiva bastante
interessante.
Mas não chega para compensar os estragos.
O impacto no golf são cerca de 72% menos
de estrangeiros no ano 2020. Para que se
tenha uma noção, as dormidas só de portugueses
em 2019 foram praticamente iguais às
totais de 2020, ou seja, de portugueses mais
estrangeiros: tivemos 239 000 portugueses
a dormir em Cascais em 2019, e um total de
310 000 dormidas em 2020. Os mercados
alteraram-se drasticamente, aquele que era,
tendencialmente, o nosso principal mercado,
o Reino Unido, em 2020 foi o quinto.
Tudo se alterou, o mundo mudou. Não
era possível recebermos os estrangeiros que
recebíamos num Iron Man, e daí ter sido
adiado – está agendado para 2021, não sei
de que forma é que o vamos ter, ou sequer
e se é possível tê-lo, acreditamos que sim, e
mantemos o nosso plano, mas vamos ter que
aguardar. Idem para os festivais de música,
para os eventos promovidos pelo município.
Dizia há pouco que o cascalense é participante
activo nos seus eventos, e isso é transversal
à nossa comunidade; este sentido de pertença,
do ser cascalense, é muito vincado em
Cascais, e as pessoas têm muito orgulho de
ser de Cascais e vivem muito aquilo que se
passa no território, com esse mesmo sentido
de pertença.
Estamos esperançosos, mas atentos para ver
o que é que esta evolução da pandemia nos
vai trazer. Os planos de vacinação já estão
a sair furados, e a adiar este sonho de uma
retoma mais rápida. Acredito que esta nova
estrutura, que foi criada para a vacinação
nacional, possa vir a ter bons resultados, mas
desconfiado… Porque o governo mostrou-
-nos que não tem sido assim tão eficiente na
gestão desta pandemia, tem alterado muito
as suas posições, e creio que temos que ser
mais actuantes, mais fortes, para sairmos
disto tão rápido quanto possível. Porque é
a única forma de voltarmos ao ponto em
que estávamos antigamente. Mesmo que as
medidas sejam duras, é a única forma em que
acredito para que se possa voltar aos eventos,
ao turismo como o conhecíamos antes. Para
não estarmos com números de 1984, que
são os de hoje, e, assim sendo, prevê-se seja
catastrófico para o turismo em Cascais e a
nível nacional”.
RESISTÊNCIA E RESILIÊNCIA
E, neste processo, é admissível que haja quem
tenha ficado irremediavelmente pelo caminho?
“Naturalmente, muita empresa ficará pelo
caminho”. Mesmo nesta área do turismo?
“Mesmo na área do turismo. Todos os dias
falo ao telefone com associados no Turismo de
Cascais. Tenho pessoas a chorar ao telefone,
que tinham negócios viáveis, com diversos
funcionários a trabalhar todos os dias, e
que neste momento estão parados. Pense-se
em empresas organizadoras de congressos,
organizadoras de espetáculos. Pense-se
em empresas de transferes, em empresas
marítimo-turísticas, que levam os turistas
a fazer um passeio, a ir ver golfinhos ou a ir
dar uma volta de barco até Lisboa. Pense-se
em empresas gestoras de equipamentos, em
hotéis que estão fechados, em alojamentos
locais. E por aí fora…
Muitos vão, infelizmente, ficar pelo caminho,
os apoios não são suficientes, e tenho
muitos empresários a dizer que vão ter que
fechar portas, que não aguentam esta pressão
financeira. Alguns transmitem-me que
não sabem se vão conseguir reerguer-se no
pós-pandemia, mesmo que a empresa vá
abaixo, se eles próprios conseguem voltar a ser
empresários. Esse é um dos grandes dramas:
quando o empresário deixa de ter capacidade
para ser empresário novamente, porque foram
os anéis, foram os dedos, foi tudo, e deixou
de ter essa capacidade. Porque foi tudo para
pagar rendas, para pagar moratórias, para
pagar salários, para pagar todas as despesas
decorrentes do negócio. E, às tantas, ele
próprio não tem capacidade de se reinventar.
E isso é o que mais me preocupa, quando o
empresário deixa de ser empreendedor, é
algo que considero muito preocupante…”.
E é uma perda de um capital importante…
“Sabemos que muitos negócios se estão a
reinventar, e bem, e tenho muitos associados
que já reinventaram os seus negócios. Caso
dos organizadores de congressos ou de eventos
corporativos, que passaram rapidamente para
o digital, que foram atrás de ferramentas, que
foram atrás de técnicos das mais variadas
14
Hippocampus

áreas, do digital à Internet e outras, de designers
para criar novas soluções. E conseguiram
reinventar-se de uma forma diferente, com
receitas menores, naturalmente, mas estão
a trabalhar, estão a operar numa nova área.
Julgo que a meeting industry é a área que
mais vai mudar no nosso país, mas que,
também, por outro lado, cria oportunidades
muito interessantes. Às DMCs (n.d.r.:
Destination Manegement Company), e aos
PCOs (n.d.r: Professional Congress Organizer),
tenho-lhes dito que é um negócio que vai
mudar. Mas no qual Portugal tem muitas
oportunidades, porque congressos a que
não conseguiríamos concorrer no passado,
por não termos capacidade instalada para
receber um congresso de 5000 pessoas, ao
passarmos para este modelo híbrido, que
está a despontar agora, talvez o congresso
passe para 1000 pessoas presenciais, e 4000
a nível digital. E, deste modo, conseguimos
receber um congresso que nunca receberíamos.
Além de continuarmos a receber os que
já recebíamos.
É aqui criado um leque de oportunidades
gigante. Aliado a outro, que é a promoção por
via do digital: o congresso, acontecendo cá,
cria outras oportunidades de potenciais patrocinadores,
que não investiam em congressos
desses, e podem passar a investir porque as
oportunidades também são diferentes, porque
o digital cria essa oportunidade. A procura
por espaços mais espraiados no território
vai acontecer, e Cascais, aí, está muito bem
posicionado; tal como a procura por equipamentos
longe da pressão urbana, e Cascais,
aí, também tem muito a dizer, com o Centro
de Congressos, com o Casino, com os hotéis
com capacidade para receber congressos de
forma muito profissional, e tão bem quanto
os outros lá fora. Então, os que conseguiram
sobreviver, e conseguiram reinventar-se, vão
ganhar muito”.
É uma questão de resistência? “É uma questão
de resistência e de resiliência, porque
vai demorar a passar. Mas, passando, os
que cá estão, e que conseguiram adaptar-se,
estou crente de que vão dar a volta”. E, este
ano, quando tiver início a tão desejada retoma,
também vai contar-se outra vez muito com os
portugueses de outras regiões para vir ao concelho?
A aposta vai ser renovada? “Havendo
retoma, voltaremos aos números de turistas
portugueses que tínhamos no passado, somos
naturalmente um território que é muito
O SENTIDO DO DEVER CÍVICO
Bernardo Corrêa de Barros é Presidente da Associação de Turismo de Cascais, e
membro da Direcção da Cascais Invest (agência de atracção de investimento de Cascais)
e do Conselho Geral da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Ao longo
do seu percurso profissional, na vertente cívica, foi, ainda, administrador executivo da
empresa municipal Cascais Dinâmica; Vice-Presidente da Associação de Turismo de
Cascais; Membro do Board do Arte Institute (instituto de promoção da cultura portuguesa
com sede em Nova Iorque); adjunto do Vice-Presidente da Câmara Municipal de
Cascais; e Secretário Político do Vereador, na Câmara Municipal de Cascais.
No seu início de vida, começou por trabalhar no McDonald’s e, desde então, não mais
parou. Dos 16 aos 20 anos, ao mesmo tempo que estudava, trabalhou no centro comercial
Cascaishopping, nomeadamente em lojas de vestuário. Depois, e durante nove
anos, até passar a integrar a Câmara Municipal de Cascais, inicialmente entrando para
o Gabinete de Miguel Pinto Luz, trabalhou na indústria farmacêutica, sempre ligado ao
departamento de vendas e marketing, passando pelos laboratórios Decomed Farmacêutica,
Organon e Schering Plough.
Nativo em português, fluente em inglês e espanhol, e capaz de entender, e fazer-se entender,
em francês, frequentou o curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais da
Universidade Nova de Lisboa, licenciando-se em Jornalismo pela Universidade Lusófona
no Instituto Superior de Novas Profissões. Detém um Intensive Management Program
pela Universidade Nova de Lisboa – NOVA SBE, e um Elective MBA – Competitive
Strategy and General Management pela Erasmus University – RSM. Foi, igualmente,
orador convidado para diversas palestras realizadas em Portugal e no estrangeiro, sendo
membro do conselho consultivo de diversas organizações.
Da sua ligação à vela destacam-se o ser Sócio Honorário do Clube Naval de Sausalito
(Califórnia, EUA) e Presidente da Associação Sailors for the Sea Portugal (ONG com
sede nos EUA e duas filiais no mundo – Portugal e Japão). Mas foi praticante de uma
panóplia de modalidades, do xadrez ao voleibol, passando pelo judo, a escalada, o
ténis de mesa e, mais recentemente, o golf. Foi escuteiro durante quase toda a vida,
e voluntário em diversas instituições.
apetecível para os estrangeiros, mas também
para os portugueses. Durante este ano, vamos
continuar a apostar no mercado nacional,
naturalmente que sim – é o que estas fronteiras
fechadas, os voos que não existem, nos
permite. Permite-nos apostar num mercado
que está aqui, este mercado de proximidade,
não conhecem Cascais, conhecerão Cascais de
nome, de passagem, mas, se calhar, nunca cá
vieram dormir. Penso que temos muito para
dar aos portugueses, quero acreditar que esta
retoma vai existir, a seu tempo, também para
o mercado internacional, e que conseguiremos
dominar esta crise. Mas, até lá, investiremos,
naturalmente, no mercado nacional”.
A IMPORTÂNCIA DA VELA E DO CNC
A esse propósito: tanto numa perspectiva abrangente,
como no caso da vela e do Clube Naval de
Cascais em particular, em que medida considera
tem sido o desporto importante para a vila e para
a promoção do concelho? “O CNC é um parceiro
de longa data. Ganhou competências
internas na organização de eventos, fá-lo tão
bem quanto os melhores, conseguiu captar
eventos internacionais de altíssimo gabarito,
seja no tempo da America’s Cup World Series,
ou, mais recentemente com os TP52,
os RC44, os Dragões, os SB20. Em termos
de organização de eventos, e da captação de
eventos internacionais, faz tão bem quanto os
melhores. Seja no mar, que é uma referência
nacional e internacional, seja em terra, na sua
vertente mais corporativa e social.
Mas o CNC conseguiu outra coisa que não
é normal: ainda não se falava de turismo de
segunda habitação, e já o CNC nos alertava
para essa realidade, dos participantes estrangeiros
das várias classes, mais especificamente
das classes Dragão ou SB20, que tanta receita
já trouxeram ao município, pela venda de
casas aos armadores, aos proprietários das
embarcações. Porque estes eventos têm a
parte de promoção internacional, por via do
evento, mas, depois, também têm a parte dos
atletas que cá ficam, e da dinâmica económica
que o evento gera per si. Não só ao nível dos
fornecedores do evento, mas também dos
serviços que contrata, nas dormidas que
ficam nos hotéis, na dinâmica económica
dos restaurantes, etc.
Existe, de facto, esta vertente que tem
Clube Naval de CASCAIS 15

Entrevista Bernardo Corrêa de Barros
impacto directo no município, em termos
de IMT e IMI, que são dois impostos municipais,
e esse turismo de segunda habitação
já muito deu ao município por via dos
eventos realizados no CNC – um parceiro
do passado, do presente e, seguramente, do
futuro. Vamos manter um investimento forte
na vela em 2021, e continuamos a olhar para
novas oportunidades dentro da modalidade
da vela, porque a vela é, decididamente, a
identidade do nosso território – e eu falo
muito do território enquanto identidade dos
eventos, e dos eventos enquanto identidade
do território. Não acredito em eventos desgarrados,
em eventos que não constituam
uma combinação perfeita com o município,
com o território onde estamos inseridos. E a
vela é, claramente, um desporto de Cascais,
uma aposta de futuro, não só pela identidade,
como pelos resultados que tem trazido ao
longo dos últimos anos. Continuaremos a
apostar neste nosso parceiro e associado do
Turismo de Cascais, que tantas alegrias nos
tem dado nos últimos anos”.
Até porque, como o Presidente da ATC bem
sabe, estes são eventos com inequívoca sustentabilidade,
e, sendo essa uma das outras fortes
apostas do concelho, as actividades de vela do
CNC têm o mérito de possuir certificação ambiental
… “Está a falar do meu voluntariado!
É com gosto que falo da Sailors for the Sea, a
associação onde sou voluntário e a que presido
há sete anos. É a minha forma de devolver
ao mundo o que o mundo me tem dado a
mim, a título pessoal. É uma organização
que está em Portugal há sete anos, e existe
no mundo há dezassete. Que ajudou a fazer
do CNC, provavelmente, o clube náutico
mais sustentável do mundo, não só pelos
eventos que certifica, como pelas mudanças
que implementou no seio do clube e na sua
estrutura, na forma de o clube viver e na
forma como interage com os seus associados
e com quem recebe. É um orgulho imenso
ser presidente da Sailors for the Sea Portugal
e ter ajudado o CNC também nessa vertente.
Este é o meu voluntariado…”.
Não posso deixar de lhe pedir um comentário
final, relativo ao seu envolvimento no programa
do CNC com Sausalito. “Para quem não conhece
Sausalito, é uma cidade do outro lado
da ponte de Golden Gate, em São Francisco,
na Bay Area, em tudo parecida com Cascais.
Tem um clube naval como nós, um mar lindíssimo;
tem, a uma distância similar, uma
ponte em tudo igual à Ponte 25 de Abril, uma
população tão amistosa quanto a nossa. Tem,
também, uma gastronomia variada, uma
forma de viver em tudo idêntica à forma de
viver dos cascalenses. E, de há uns anos para cá,
é Geminada com Cascais e tem um programa,
o Youth Sailing Exchange, com o CNC.
O meu envolvimento vem de trás, o Vice-
-Presidente é que gere essa geminação, e
eu tenho acompanhado de alguma forma
a ponte entre Sausalito e Cascais, que já
tantos jovens do CNC levou a Sausalito;
e, por seu lado, tantos outros que vieram a
Cascais. Este programa tem uma particularidade
giríssima: além da vela, tem uma
componente social forte, em que as famílias
dos jovens também são envolvidas. Os
jovens não ficam em hotéis, mas em casas
de famílias, porque queremos que sintam
a nossa forma de viver, dentro das nossas
casas. Como vivemos, como nos alimentamos,
como é a nossa organização familiar.
E muitos sócios do CNC têm cedido as suas
casas para albergar estes miúdos de Sausalito,
da mesma forma que os de Sausalito
têm acolhido os nossos velejadores mais
jovens. É um programa extraordinário,
que foi adiado em 2020, estamos a avaliar
se vai acontecer em 2021, ou não, mas estou
convicto de que vai durar por muitos e bons
anos, porque as relações entre os dois clubes
são extraordinárias, as relações entre os dois
municípios são fantásticas, e tudo aponta
para que se mantenha como até aqui, e que
não seja esta pandemia a alterar o que quer
que seja nesta matéria”.
16
Hippocampus

Interview Bernardo Corrêa de Barros
A MATTER OF RESILIENCE
Tourism is undoubtedly one of the areas most affected by the pandemic. This issue has
taken dramatic proportions, especially in Cascais, which is recognized as one
of the main and best destinations in the country. But everything is being done, with
maximum resilience, to overcome this phase and face the future with optimism. This is
confirmed by Bernardo Corrêa de Barros, president of the Cascais Tourism Association
Photos: JOÃO ALCOBIA
Cascais is, almost by nature, as if by natural
vocation, geographically and ethnologically,
a region especially destined for tourism. However,
its enviable performance in this area is also due
to its careful and intense dedication, at the most
distinct levels of action and intervention. In this
regard, the Cascais Tourism Association is the
institution that aims to bring together the sector’s
operators and define strategies that best serve an
activity that is crucial to the municipality. As it
is for the country itself.
In the midst of a pandemic as unexpected as it
is harmful to society, on practically every level,
and literally in every corner of the globe, but, on
an economic scale, especially harmful to sectors
such as tourism, perhaps contrary to what some
might think, this has been, and will continue to
be, a time of hard work for the Cascais Tourism
Association (ATC). Whether helping to identify
and ensure solutions that allow, as far as possible,
its members to get through this particularly
difficult period, or preparing the much talked
about and desired recovery, which is expected
not only soon, but also effective and sustained,
both in form and time.
This is what Bernardo Corrêa de Barros tells
us. Since 2020 he has presided over the Cascais
Tourism Association (ATC), which he founded,
following Duarte Nobre Guedes, of whom he
was Vice-President, as well as Executive Director
of Cascais Dinâmica, the municipal company
responsible for the management of tourist facilities
in Cascais. With proven track records in this
area, it is now up to him to lead an institution
with over three hundred associates, from areas as
diverse (and in no particular order of preference...)
as land and sea transport; event organization
(weddings included); the hotel industry; bars
and restaurants; SPAs; tourist and residential
accommodation; real estate agencies, multimedia
and audiovisual equipment rental and for
shows; cetacean observation; tourist animation;
foundations; golf courses; hairdressers; jewelers;
surf schools; museums; law firms; natural parks;
catering; car, motorcycle and bicycle rental; ticket
agencies; organization of tours (either on foot,
or in several types of vehicles, land or sea); or
event producers. There is also the Lisbon Zoo,
the Cascais Marina and, of course, the sports
clubs - including Clube Naval de Cascais, which
is in charge of the Presidency and Fiscal Council
of the ATC.
EVOLUTION IN CONTINUITY
First of all, it is important to know Bernardo
Corrêa de Barros’ assessment of ATC’s evolution
since its creation, and what implications the
change in president has for its progress: “ATC
was created from a spin-off of the Convention
Bureau and the Golf Bureau, that is, we
started by bringing together two bodies that
had already been operating for some years
to create a more macro-level association that
could involve the various tourism players.
It didn’t make sense for us to have things
compartmentalized only into business and
golf tourism, although leisure promotion was
also done, we thought we should have a more
comprehensive representation, which would
touch all the tourism sectors, and which would
touch all the players in each of these sectors.
The project has a team that, for the most
part, remains the same. It is a fact that there
was a change of president last July, when the
well missed Duarte Nobre Guedes left, but
he remained within the ATC as President of
the newly created Superior Council. Because I
believe, as President, and the Superior Council
is directly appointed by the President, that the
generation prior to mine still has much to offer.
Because they are extremely valid people, with
a very fresh head, still with very good ideas
to give and to bring. And their age does not
mean that they are no longer valid or that they
can no longer contribute. In other words, I
believe that the project should encompass
several generations, be it a younger generation,
as we also have very young people working
with us at Cascais Tourism, or older people,
because that is how you build the future,
because things change, but they don’t change
so quickly, and together we can build more”.
So, can we consider that the project has evolved
in continuity? So, can we consider that the
project has evolved in continuity? “Yes. You see
that the new Superior Council is composed
of Duarte Nobre Guedes, as president ( who
is also a member of CNCascais, perhaps one
of its oldest members); Mário Assis Ferreira,
from Casino do Estoril and Estoril-Sol; and
Pedro Garcia, who also has vast experience,
whether at Estoril Plage, owner of the Hotel
Palácio and Hotel Eden, or as the person
responsible for the Cascais Marina for so
many years. So, on the Superior Council we
have a lot of experience in various areas, and
as it has made an excellent contribution to the
ATC, the project has not changed radically,
there is a continuity of things that have been
done over the years”.
But continuity is also not, in this case, synonymous
with immobility nor stagnation, correct?
“On the contrary. I think we have fulfilled
the objectives of aggregating, of building, of
increasing the capacity that this team has to
create, which is a lot. Now, we have entered
into slightly different areas, betting a lot on
digitalization, and this is one of the great
objectives for the year 2021: digitalization,
knowledge. We also want to take advantage
of this international wave, this global trend,
of sustainability, as Cascais has much to give
in the area of sustainability, for what has been
done not only by the Municipal Council of
Cascais, but also by all the people of Cascais,
who have perhaps a stronger aspect of sustai-
18
Hippocampus

nability, and its promotion, for Cascais as a
destination.
And we are going to take advantage of this
pandemic, this less active time in receiving
journalists, promoters, inspection visits for
the organization of congresses, to make a
digital transition. A transition that was already
necessary, to start communicating more and
better. And, by this, I mean taking advantage
of the knowledge that is given to us by the
several platforms we operate on, by the several
studies we have, by the partnerships we also
have with the academy, we want to implement
a communication that is more and more
assertive, more and more individualized, to
obtain a greater efficiency of the money that
is invested in this promotion.
So, perhaps it is not so as much the change of
president, because I was already vice president,
but much more these different times we are
living that make us adapt to a new reality, and
that make us look at other processes, another
way of working, to make this promotion
more effective and more efficient. Back to
the original question: the project remains the
same, the objectives are changed more by the
pandemic, by the times, than by the change
of its leader”.
DIFFICULTIES VS OPPORTUNITIES
And what examples can we have of this keeping
up with the new times? “First, it is necessary
to realize that times have not changed from
July of last year to January or February of this
year. The change has been gradual, although
strongly accelerated in some aspects due to the
pandemic. And seizing these opportunities
is the goal that I have been passing on to the
team. It is to be the most prepared destination
for the post-pandemic; it is to take advantage
of all this investment that has been made
by the municipality in this war against this
invisible enemy, which is COVID-19; it is to
be able to prepare our associates properly. And
that means cooperating with them, keeping
our associates attentive, vigilant, informed.
Namely, through information that is worked
on, and is being worked on, by our Cascais
Tourism legal department, recently created
to provide this support.
I remind you that the Government issues
laws written in ‘jurisdictionalese’, and that
no one understands ‘jurisdictionalese’ except
the lawyers themselves. So, the challenge
we launched to our legal department was
to prepare this information so that it can be
quickly understood, and so that we can also
prepare internally the support we give to our
associates. For this response to be quick, and
in articulation with our various sister and
partner associations, so that we can act as a
block, and so that we are as well informed as
the others. I believe that sharing is the secret
of the business, and not the secret itself; I
believe that with sharing we can be stronger.
As Mohamed ElBaradei, Nobel Peace Prize
winner for the atomic agency, said here in
Estoril, in one of the conferences: ‘either we
win together, or we fail separately. And this is
the time when, either we win together, or we
fail separately, so we have to be united alongside
our associates, alongside our partners,
to create a territory that is more prepared for
the post-pandemic”.
To attract people? “To attract people, to
attract investment capacity in the territory, so
that the territory can grow in the same way it
has been growing in recent times. We want
businesses to continue to prosper, to create,
also more jobs - which, as the Mayor of Cascais
rightly says, is the scarcest commodity in
these times we are living in. In other words, to
create the necessary conditions for everything
to return to normal, for investment to return,
so that this investment can once again be
made by entrepreneurs in economic activity,
to create more and better jobs”.
But it will be no secret to anyone, due to various
public statements made in this regard by the
executive board of the CMC, in the person of its
president, Carlos Carreiras, and vice-president,
Miguel Pinto Luz, and even Duarte Nobre
Guedes, while he was still president of the ATC,
Cascais never bet heavily on quantity, on so-called
mass tourism, but rather always tried to create a
balance between quality and quantity. Is this the
path to continue down, even after the pandemic?
“We will continue to bet on quality, and this
is the direction we have been heading in this
mandate, and even with Duarte Nobre Guedes
still as president. In the sense of empowering
our partners and our associates to invest more
and more in quality, to invest more and more
in what is ours, in local products, in stimulating
the local economy. Because I believe
there is still a lot of room for us to grow in
terms of quality.
It is said that Cascais is a luxury destination...
Cascais is not yet a luxury destination, nor
do I know if it will be in the very near future.
Cascais is a very high quality destination, as
we usually say here at ATC. It is a place where
you can do everything but snow sports, a
destination with immense diversity. We have
an excellent natural park; great beaches; a hospitable
destination and extraordinary people;
a varied gastronomy, very much based on the
Mediterranean diet, although probably not
recognized as one of the best gastronomies
in the world - even though we have the best
fish in the world. We are next to a capital city,
which gives us enormous benefits, and thirty
minutes from an international airport. Except
that we are probably not the best destination
in the world in any of these areas.
It is the composition of these various items
that makes us a destination of excellence. And
a destination of excellence is, naturally, different
from a luxury destination. Now, there is
no doubt that we are a very good destination,
which has to continue to invest in quality, not
quantity. We don’t want to be a destination
like others in this country, which receive mass
tourism, of low value and with low contribution
also in that cycle I was talking about, with
low profitability for the operators and then
less reinvestment in the destination. We have
to continue to invest in capacity building, in
increasing value, in order to get entrepreneurs
to invest more, create more jobs, and so on. In
fact, it ends up being a cycle”.
Clube Naval de CASCAIS 19

Interview Bernardo Corrêa de Barros
Given all this, what has been the importance
of tourism, not only in terms of revenue, but
also for its development in other areas, in the
Cascais region? “Tourism ends up being a
transversal area. It touches on knowledge and,
of course, we have the Estoril Higher Institute
for Tourism and Hotel Studies, which is in our
territory. It touches the restaurant business,
because tourists have lunch and dinner every
day. It touches the golf industry, because there
is a lot of golf tourism that also comes to us.
It touches the business tourism, the congress
organizers. It touches sports, with events that
range from sailing to surfing, tennis, horse
riding, Iron Man, motor sports - where we
have the Estoril Circuit.
Statistically speaking, tourism has an 18%
impact on the local economy. But this data
is very difficult to gauge, because it turns
out to be, as I said, an absolutely transversal
activity that affects various areas. And we
cannot forget other forms of tourism, more
recent, or more recent in Cascais, such as
health tourism, now very much in vogue, or
university tourism, in which we greatly benefit
from the Nova University.
Besides this, a new reality is now appearing:
digital nomads, with remote work, which
allows people to do their jobs from anywhere
in the world. It is an opportunity that is beginning
to emerge, and something that, in my
view, Cascais can greatly benefit from, and
not only because of its geographical location
- although, when someone created the Earth,
they were extremely generous with Cascais. It
is that, in view of this sense of freedom, which
the pandemic has made us seek, Cascais will
also be a destination to take into account
because of our welcoming people, the people
who host better in the world, and because of all
the conditions we have to be able to welcome
these digital nomads.
Nomads who are also expected to settle in the
future, to invest, and to move their businesses
here. There is a wide range of opportunities
that may be created here, that may have an
even greater economic impact on the territory.
And hence, the recently created Cascais Invest,
Cascais’ investment agency, to capture and
stimulate not only these digital nomads, but
also investment as a whole”.
Speaking of sports and sports facilities, has the
situation of the Estoril Circuit changed in any
way? Or does it have perspectives of changing?
“From the conversations I’ve had with the
Mayor, the Estoril Circuit is something the
municipality has been trying to bring under
municipal management for a few years now.
We have given several proofs, as a territory,
that we can do better than the central state.
We have a more efficient management, we
know our territory like no one else, and we
think we have the capacity to bring even
more to the Estoril Circuit. I know there have
been talks with Parpública, a state-owned
company, and we’re still looking forward
to it. We’ve made two attempts in the past,
which were not successful. But we still want
the equipment, because we think we could
do more and better for it, which has given
so much to our territory, and can still give so
much in the area of engines, and not only...”.
OMNIPRESENT PANDEMIC
At this point, it was inevitable to deepen the
inevitable theme of the infamous pandemic. How
has this affected the tourism sector, its operators,
and also the activities of the Municipal Council
itself: There is a vast number of events aimed at
the residents that have not taken place, which will
certainly have consequences for the well-being
of the people, especially since the population of
Cascais has a tradition of participating actively
in what is happening in the municipality... “I
would even put the question another way:
way did the pandemic not affect? I think the
pandemic affected us all in a transversal way.
Tourism is, naturally, the area most affected
at this stage: we have fourteen hotels closed,
in 2020 you can count on the fingers of one
hand the events that took place, and I don’t
know if the scenario will be much different in
2021. We are clearly in an economic crisis, we
may be entering a mental health crisis. I don’t
believe that any businessman can sleep at ease
because of all the responsibilities they have
today, and the day of tomorrow moratoriums
will have to be paid - and every month bills
have to be paid to meet the expenses of the
investment made. The numbers have been
overwhelming; recently, INE’s (National Statistics
Institute) data came out, we’re down to
figures below those of 1984! When airlines did
not operate as they do today, there were half
a dozen of them; when tourism in Portugal
was also nothing like it is today, much less
than what it was in 2019. So, we are back to
1984, but with an installed capacity, at hotel
and accommodation level of the most varied,
prepared to receive millions and millions
of tourists per year. Businesses that, at the
moment, are all at a standstill. I insist: last
year’s figures were frightening. Whether in
terms of average price, or in terms of RevPAR
(n.a.r.: Revenue Per Available Room), which
registered falls of 63%, this being the revenue
that the entrepreneur withdraws in order to
be able to invest again. So, it is dramatic. In
average price, we have drops of 13%; but, in
terms of occupancy rates, we have giant drops,
of 37 percentage points, which have not been
seen for a long time. In 2019, and we’re not
talking about prehistoric times, growth was
around 3% in average price and substantial
growth in RevPAR - and here’s the bet on
quality -, not so much in occupancy rates, because
they remained stable. This is the biggest
indicator that we were betting on quality. We
had the highest RevPAR in the country, and
we continued to grow sustainably, without
massification. And that is why I can say that
we are not betting on mass tourism, but on
quality. And that is why these numbers are
dramatic, dramatic for everyone, and we do
not see great prospects for the year 2021.
We are still closed in February and March,
in Easter, there is some hope for June, very
focused on national tourism. In 2020 we
ran a campaign very focused on national
tourism, which we had never done in the
past, and here we also adapted. And even a
campaign for Cascais residents, inviting the
people of Cascais to go and sleep in Cascais
hotels, which is not normal...”.
And has it been well received? “We had an interesting
response from the people of Cascais,
who took the opportunity to go and flirt in
Cascais, to get to know the hotels in Cascais. I
did it too, it was very funny. I played a tourist
in Cascais, I wandered around Cascais, asking
for information as if I didn’t live in Cascais. I
discovered the most beautiful places, which I
didn’t know, because we always meet someone
who tells us: ‘Look, go down that alley and
you have a beautiful view of the lighthouse’
for example. And I had never been in that
alley, looking at the lighthouse like that, so it
gives us a very interesting perspective. But it’s
not enough to make up for the damage. The
impact on golf is about 72% fewer foreigners
in 2020. To give you an idea, overnight stays
by Portuguese nationals alone in 2019 were
practically the same as the totals for 2020, i.e.
Portuguese plus foreigners: we had 239,000
Portuguese people sleeping in Cascais in 2019,
and a total of 310,000 overnight stays in 2020.
The markets changed dramatically, what
tended to be our main market, the United
20
Hippocampus

Kingdom, in 2020 was the fifth. Everything
has changed, the world has changed. It wasn’t
possible for us to receive the foreigners that
we used to receive at an Iron Man, and that’s
why it was postponed - it’s scheduled for
2021, I don’t know how we’re going to have
it, or even if it’s possible to have it, we believe
so, and we keep our plan, but we’ll have to
wait. The same goes for the music festivals,
for the events promoted by the council. I
was saying earlier that the Cascais citizen is
an active participant in its events, and this is
transversal to our community; this sense of
belonging, of being a Cascais citizen, is very
strong in Cascais, and people are very proud
to be from Cascais and live what happens in
the area, with this same sense of belonging.
We are hopeful, but watchful to see what this
pandemic evolution will bring us. Vaccination
plans are already going off the rails, and postponing
this dream of a quicker recovery. I
believe that this new structure that was created
for national vaccination may have good results,
but I am suspicious... Because the government
has shown us that it has not been that efficient
in the management of this pandemic, it has
changed its positions a lot, and I believe that
we have to be more active, stronger, to get
out of this as quickly as possible. Because it’s
the only way to get back to where we were
before. Even if the measures are tough, it’s the
only way I believe we can return to events, to
tourism as we knew it before. So that we are
not with figures from 1984, which are those
of today, and, as a result, it is predicted to be
catastrophic for tourism in Cascais and at a
national level”.
RESISTANCE AND RESILIENCE
And, in this process, is it admissible that some
have fallen hopelessly behind? “Naturally, many
companies will fall behind”. Even in this area
of tourism? “Every day I speak on the phone
with associates in Cascais Tourism. I have
people crying on the phone who had viable
businesses, with several employees working
every day, and who are now stopped. Think
about companies that organize congresses
and shows. Think of transfer companies,
maritime-tourism companies, which take
tourists for a trip, to see dolphins or to go for
a boat ride to Lisbon. Think of equipment
management companies, hotels that are
closed, local accommodation. And so on
and so forth. Many will, unfortunately, fall
behind, the support is not enough, and I have
THE SENSE OF CIVIC DUTY
Bernardo Corrêa de Barros is President of Cascais Tourism Association, and a member
of the Board of Cascais Invest (Cascais’ investment attraction agency) and a member of the
General Council of the Estoril Higher Institute for Tourism and Hotel Studies. Throughout his
professional career, on the civic side, he has also been the Executive Director of the Cascais
Dinâmica municipal company; Vice-President of the Cascais Tourism Association; Board
Member of the Arte Institute (an institute for the promotion of Portuguese culture based
in New York); Assistant to the Vice-President of Cascais Municipal Council; and Political
Secretary to the Town Councillor, in Cascais Municipal Council.
In his early life, he started by working at McDonald’s and hasn’t stopped since. From the
age of 16 to 20, while studying, he worked in the Cascaishopping Centre, namely in clothing
shops. Afterwards, and for nine years until he joined Cascais Town Council, initially as a
member of Miguel Pinto Luz’s Cabinet, he worked in the pharmaceutical industry, always
linked to the sales and marketing department, working for Decomed Pharmaceutical, Organon
and Schering Plough laboratories.
A native speaker of Portuguese, fluent in English and Spanish, and able to understand, and
make himself understood, in French, he attended the Political Science and International
Relations course at Universidade Nova de Lisboa, graduating in Journalism from Universidade
Lusófona at Instituto Superior de Novas Profissões (Superior Institute of New Professions).
He holds an Intensive Management Program by Universidade Nova de Lisboa - NOVA
SBE, and an Elective MBA - Competitive Strategy and General Management by Erasmus
University - RSM. He has also been a guest speaker at various conferences in Portugal and
abroad and is a member of the advisory board of various organisations. His sailing connections
include being an Honorary Member of the Sausalito Sailing Club (California, USA) and
President of the Sailors for the Sea Portugal Association (an NGO based in the USA and
with two branches in the world - Portugal and Japan). But he has also played a wide range
of sports, from chess to volleyball, judo, climbing, table tennis and, more recently, golf. He
has been a boy scout most of his life, and a volunteeer in several institutions.
many entrepreneurs saying that they will
have to close their doors because they cannot
withstand this financial pressure. Some tell
me that they don’t know if they will be able
to get back on their feet after the pandemic,
even if the company goes under, if they themselves
are able to become entrepreneurs
again. This is one of the great dramas: when
the entrepreneur no longer has the capacity
to be an entrepreneur again, because the rings
are gone, the fingers are gone, everything is
gone, and they no longer have that capacity.
Because it’s all gone to pay rents, to pay loans,
to pay salaries, to pay all the expenses of the
business. And then they don’t have the capacity
to reinvent themselves. And that is what
worries me the most, when the businessman
stops being an entrepreneur, it is something
that I find very worrying...”.
And it is a loss of important capital... “We
know that many businesses are reinventing
themselves, and rightly so, and I have many
associates who have already reinvented their
businesses. This is the case of congress organisers
or corporate event organisers, who
have moved quickly to digital, who have gone
after tools, who have gone after technicians
from the most varied areas, from digital to
Internet and others, designers to create new
solutions. And they managed to reinvent
themselves in a different way, with lower
revenues, of course, but they are working,
they are operating in a new area. I believe that
the meeting industry is the area that is going
to change the most in our country, but also,
on the other hand, it creates very interesting
opportunities. I have been telling the DMCs
(Destination Management Companies) and
the PCOs (Professional Congress Organizers)
that this is a business that is going to change.
But in which Portugal has many opportunities,
because congresses that we could not
compete in the past, because we do not have
the installed capacity to receive a congress of
5000 people, by moving to this hybrid model,
which is now emerging, perhaps the congress
will be attended by 1000 people, and 4000 at
a digital level. And, in this way, we are able to
receive a congress that we would never receive.
Besides continuing to receive those we were
already receiving.
A huge range of opportunities is created here.
Allied to another, which is promotion through
digital: the congress, happening here, creates
other opportunities for potential sponsors,
who did not invest in such congresses, and
Clube Naval de CASCAIS 21

Interview Bernardo Corrêa de Barros
may start investing because the opportunities
are also different, because digital creates that
opportunity. The demand for more spread
out spaces in the territory will happen, and
Cascais is very well positioned; as well as the
demand for equipment away from urban
pressure, and Cascais also has a lot to say,
with the Congress Centre, with the Casino,
with the hotels with the capacity to receive
congresses in a very professional way, and
as well as the others abroad. So, those who
managed to survive, and managed to reinvent
themselves, will gain a lot”.
Is it a question of resilience? “It’s a question of
resistance and resilience, because it will take
time to pass. But those who are here, and who
have managed to adapt, I’m convinced they’ll
come through”. And this year, when the longed-
-for upturn begins, will the Portuguese people
from other regions once again be counted on to
come to the municipality? Will the investment be
renewed? “If there is an upturn, we will return
to the numbers of Portuguese tourists that we
had in the past, we are naturally a territory
that is very attractive to foreigners, but also
to Portuguese people. During this year, we
will continue to bet on the national market,
naturally - it’s what these closed borders,
the flights that don’t exist, allow us to do. It
allows us to focus on a market that is here,
this market that is close by, they don’t know
Cascais, they may know Cascais by name, in
passing, but perhaps they have never come to
sleep here. I think we have a lot to give to the
Portuguese, I want to believe that this recovery
will be there, in time, also for the international
market, and that we will manage to dominate
this crisis. But, until then, we will naturally
invest in the national market”.
THE STRENGHT OF SAILING AND CNC
On this subject: both from a general perspective
and in the case of sailing and Clube Naval de
Cascais in particular, to what extent do you think
sport has been important for the town and for
the promotion of the municipality? “CNC is a
long-standing partner. It has gained in-house
skills in organising events, it does it as well as
the best, it has managed to capture top international
events, be it at the time the America’s
Cup World Series, or more recently with the
TP52s, the RC44s, the Dragons, the SB20s.
In terms of organising events, and attracting
international events, it is as good as the best.
Whether at sea, which is a national and international
reference, or on land, in its more
corporate and social aspect. But the CNC
achieved something else that is not normal:
there was still no talk of second-home tourism,
and the CNC was already alerting us to this
reality, of foreign participants of the various
classes, more specifically the Dragon or SB20
classes, which have already brought so much
revenue to the municipality, through the sale
of houses to the owners of the boats. Because
these events have the part of international
promotion, through the event, but then, they
also have the part of the athletes who stay
here, and the economic dynamics that the
event generates per se. Not only in terms of
the suppliers of the event, but also the services
that are hired, the overnight stays in hotels,
the economic dynamics of the restaurants,
etc. There is, in fact, this aspect that has a
direct impact on the municipality, in terms
of IMT and IMI, which are two municipal
taxes, and this second-home tourism has already
given a lot to the municipality through
the events held at the CNC - a partner of the
past, of the present and, surely, of the future.
We will maintain a strong investment in
sailing in 2021, and we continue to look for
new opportunities within the sailing sport,
because sailing is, definitely, the identity of our
territory - and I speak a lot about the territory
as the identity of the events and of the events
as the identity of the territory. I don’t believe
in loose events, in events that are not a perfect
combination with the municipality, with the
territory where we live. Sailing is clearly a
Cascais sport, a bet for the future, not only
for its identity, but also for the results it has
brought over the last few years. We will continue
to invest in this partner and associate
of Cascais Tourism, which has given us so
much joy in recent years.
And, as the ATC President is well aware,
these are events with unequivocal sustainability,
and, as this is one of the other strong
bets of the municipality, the sailing activities
of the CNC have the merit of having an environmental
certification... “You’re talking
about my volunteering! I am happy to talk
about Sailors for the Sea, the association
where I am a volunteer and of which I have
been president for seven years. It’s my way of
giving back to the world what the world has
given me personally. It is an organisation
that has been in Portugal for seven years,
and that has existed in the world for seventeen.
Which has helped to make the CNC
probably the most sustainable sailing club
in the world, not only because of the events
it certifies, but also because of the changes
it has implemented within the club and its
structure, in the way the club lives and in the
way the club interacts with its members and
with those it receives. It is an immense pride
to be President of Sailors for the Sea Portugal
and to have helped the CNC in this regard as
well. This is my volunteering...”.
I can’t help but ask you for a final comment
regarding your involvement in the CNC
programme with Sausalito. “For those who
don’t know Sausalito, it is a city across the
Golden Gate Bridge from San Francisco in
the Bay Area, which is similar in every way
to Cascais. It has a sailing club just like we
have, a beautiful sea, a bridge at a similar
distance, just like the 25th of April Bridge,
and a population just as friendly as ours. It
also has a varied gastronomy, a way of life
that is identical to that of the people of Cascais.
For some years now, it has been twinned
with Cascais and has a programme, the
Youth Sailing Exchange, with the CNC. My
involvement goes back a long way; it is the
Vice-President who manages this twinning
and I have somehow accompanied the bridge
between Sausalito and Cascais, which has
taken so many young people from the CNC
to Sausalito and, in turn, so many others who
have come to Cascais. This programme has
a very special feature: in addition to sailing,
it has a strong social component, in which
the young people’s families are also involved.
The young people don’t stay in hotels,
they stay in family homes, because we want
them to feel our way of life, in our homes.
How we live, how we feed ourselves, what
our family organisation is like. And many
of the CNC members have provided their
homes to host these kids from Sausalito,
just as those in Sausalito have also hosted
our younger sailors. It is an extraordinary
programme, which was postponed in 2020,
we are evaluating whether it will happen
in 2021, or not, but I am convinced that
it will last for many good years, because
the relations between the two clubs are extraordinary,
the relations between the two
municipalities are fantastic, and everything
points to it remaining as it has been until
now, and this pandemic will not change
anything in this matter”.
22
Hippocampus

Clube Atletas do CNC nos Jogos Olímpicos
QUADRO DE HONRA
O historial do Clube Naval de Cascais nos Jogos Olímpicos é quase tão longo quanto
a sua própria história. Com mais de 70 participações na maior competição desportiva
do planeta, e diversas medalhas conquistadas, o CNC é uma referência incontornável
neste domínio no nosso país, no desporto em geral, e na vela em particular, claro está.
A poucos meses da realização dos Jogos de Tóquio, nada como honrar os heróis
do passado… e incentivar os do presente!
Não demorou muito para que, uma
vez fundado o Clube Naval de
Cascais, nos seus anais começassem a
ser inscritos feitos desportivos de inequívoca
preponderância – para o clube,
para Cascais, para Portugal e, até, em
termos absolutos. Entre estes ter-se-ão,
obrigatória e naturalmente, que destacar
as presenças de atletas do CNC nos Jogos
Olímpicos, ou não fosse, em si mesma,
uma proeza a “mera” qualificação para
a maior e mais importante competição
desportiva do mundo, em que concorre
a elite dos atletas das várias modalidades
que a integram.
As páginas de ouro do CNCascais
neste capítulo começam a escrever-se
logo em 1948, ou seja, somente dez anos
Gustavo Lima
24
Hippocampus

José Manuel Quina/Mário Gentil Quina
Joaquim Fiúza/Francisco Rebello
de Andrade
volvidos sobre a sua fundação. Foi nos
Jogos Olímpicos desse ano, realizados
em Londres, que uma comitiva de nada
menos do que oito velejadores se deslocou
à capital de Inglaterra para defender a
bandeira de Portugal: António Herédia
(Star), Duarte Bello (Swallow), Fernando
Bello (Swallow), Henrique Sallaty (Dragão),
João Capucho (Dragão), João Tito
Duarte Bello/
Fernando Bello
(Firefly), Joaquim Fiúza (Star) e Júlio
Gourinho (Star).
Quatro anos volvidos, coube a Helsínquia
acolher as olimpíadas, nas quais o
CNC contou com nada menos do que
nove atletas. Tendo os heróis de 1952
sido Alberto Graça (Dragão), Carlos
Lourenço (Dragão), Duarte Bello (5,5 M),
Fernando Bello (5,5 M), Francisco Rebelo
Clube Naval de CASCAIS 25

Clube Atletas do CNC nos Jogos Olímpicos
Diogo Cayolla/Nuno Barreto
de Andrade (Star), João Tito (Dragão),
Joaquim Fiúza (Star), Júlio Gorinho (5,5
M) e Mário Gentil Quina (Single).
Os antípodas foram a sede para a edição
seguinte dos Jogos Olímpicos, disputada
em 1956. Desta feita, em Melbourne,
na Austrália, coube a Bernardo Mendes
d’Almeida (Dragão), Duarte Bello (Star)
e José Bustorff Silva (Star) representarem
o CNC e envergar as cores de Portugal. Já
em 1960, em Roma, marcaram presença
Carlos Ribeiro Ferreira (Dragão), Duarte
Bello (5,5 M), Fernando Bello (5,5 M),
Gonçalo Pinheiro de Mello (Dragão),
Joaquim Pinto Basto (Dragão), José
Manuel Quina (Star), Júlio Gourinho
(5,5 M) e Mário Gentil Quina (Star).
A história prossegue em 1964, em Tóquio,
onde honraram o nome do CNC
os velejadores Carlos Ribeiro Ferreira
26
Hippocampus

Os representantes do CNC e de Portugal nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984
Os velejadores do CNC presentes nos Jogos de Londres de 2012
A satisfação e o orgulho dos atletas do Clube Naval de Cascais por representarem Portugal
nas Olímpiadas de Londres de 2012
(Dragão), Duarte Bello (Star), Eduardo
Guedes de Queiroz (Dragão), Fernando
Bello (Star) e Joaquim Pinto Basto (Dragão).
Para, em 1968, nos Jogos Olímpicos
do México, caber a Bernardo Espírito
Santo (Finn), José Manuel Quina (Star)
e Mário Gentil Quina (Star) dar continuidade
à presença do clube nos jogos.
Munique foi a sede dos Jogos Olímpicos
de 1972, celebrizados também pelos
piores motivos, e, desta feita, os atletas
do CNC presentes na capital da Baviera
foram António Mardel Correia (Star),
Francisco Gentil Quina (Dragão), Henrique
Anjos (Star), José Manuel Quina
(Finn) e Mário Gentil Quina (Dragão).
Até hoje, os anos de 1976, em Montreal,
no Canadá, e de 1980 foram os únicos,
em 73 anos, em que o CNC não esteve
representado no evento, no último caso
os realizados em Moscovo, ou não tivessem
sido estes os Jogos Olímpicos da era
moderna menos participados de sempre,
marcados que foram pelo boicote que o
mundo ocidental aos mesmos fez, em
consequência da invasão do Afeganistão
por parte da antiga União Soviética. Mas
tudo regressou à normalidade em 1984,
com António Mardel Correia e Henrique
Anjos, ambos em Star, a marcarem
presença em Los Angeles; cabendo, na
edição seguinte, a Henrique Anjos e ao
Comodoro-Honorário do CNC, Patrick
Monteiro de Barros, mais uma vez em
Star, deslocarem-se a Seul, na Coreia do
Sul, para participar na competição.
Bem mais curta foi a viagem efectuada
em 1992, apenas até ao país vizinho,
já que este foi o ano em que coube a
Barcelona receber os Jogos Olímpicos e,
também, os velejadores do CNCascais
Fernando Bello (Star) e Francisco Pinheiro
de Mello (Star). Em Atlanta, em
1996, foi Vasco Serpa (Laser) a fazer as
honras do CNC, alargando-se substancialmente
a delegação em Sidney, no ano
2000, graças ao apuramento para os jogos
de Afonso Domingos (49er), Gustavo
Lima (Laser) e Miguel Nunes (470).
Início de novo século, e de novo milénio:
a histórica Atenas acolheu os Jogos
Olímpicos de 2004, e lá estiverem presentes,
honrando o CNC, Diogo Cayolla
(Tornado), Gustavo Lima (Laser) e Nuno
Barreto (Tornado). Para Pequim, em
Clube Naval de CASCAIS 27

Clube Atletas do CNC nos Jogos Olímpicos
Jorge Lima/Francisco Andrade
2008, foram apurados Afonso Domingos
(Star), Bernardo Santos (Star), Francisco
Rebelo de Andrade (49er), Gustavo Lima
(Laser) e Jorge Lima (49er).
Os Jogos de Londres, em 2012, foram
um marco em si mesmo, não só por terem
recebido uma das maiores comitivas de
sempre enviadas pelo CNC às olímpiadas,
como por esta ter sido a primeira a
integrar atletas do sexo feminino (e nada
menos do que quatro): Afonso Domingos
(Star), Bernardo Freitas (49er), Diana
Neves (Match Racing), Francisco Rebelo
de Andrade (49er), Frederico Pinheiro
de Melo (Star), Gustavo Lima (Laser),
Mariana Lobato (Match Racing), Rita
Gonçalves (Match Racing) e Sara Carmo
(Laser Radial). Por fim, no Rio de Janeiro,
em 2016, lá estiveram Gustavo Lima (Laser),
Jorge Lima (49er), José Costa (49er)
e Sara Carmo (Laser Radial).
PRIMUS INTER PARES
Tudo somado, desde 1948, o Clube Naval
de Cascais enviou aos Jogos Olímpicos
qualquer coisa como 77 velejadores – a
que há que somar José Costa e José Lima,
com presença garantida nas olimpíadas de
Tóquio, as quais deviam ter-se realizado
em 2020, mas que, devido à pandemia
da COVID-19, foram adiadas para o
próximo Verão. Ao mesmo tempo, e,
sublinhe-se de novo, por razões muito
concretas, só por uma vez o CNC não
marcou presença, desde então, na competição.
Um feito de que poucos clubes
náuticos se poderão orgulhar, verdadeiramente
único no nosso país.
Não restando dúvidas de que todos esses
atletas são merecedores das maiores honras,
também não será menos verdade que,
de entre eles, alguns há que se destacam
de modo especial, seja pelos resultados
obtidos, seja pelas suas carreiras desportivas
de sucesso invejavelmente longas.
Havendo até aqueles que brilham em
ambos os domínios. De notar, de igual
modo, que a vela é algo inerente não só ao
Clube Naval de Cascais, como faz parte
inerente das tradições familiares de tantos
e tantos dos seus membros, inclusive dos
mais destacados no plano desportivo,
havendo, mesmo a nível olímpico, os
que registaram êxitos de monta tanto
28
Hippocampus

Sara Carmo
na mesma geração, como em gerações
subsequentes.
Lugar especial na história desportiva do
CNCascais ocupam, com todo o mérito,
os que regressaram aos Jogos Olímpicos
com resultados tão notáveis que lhes
valeram as sempre tão ambicionadas
medalhas. Os primeiros a consegui-lo
foram os irmãos Duarte e Fernando
Bello, ambos conquistando a medalha
de prata na classe Swallow, nos Jogos
de Londres de 1948. Quanto ano mais
tarde, em Helsínquia, Francisco Rebello
de Andrade e Joaquim Fiúza receberiam
a medalha de bronze na classe Star. A
mesma que valeu aos também irmãos
José e Mário Gentil Quina a medalha de
prata nas olimpíadas de Roma de 1960.
No que ao número de presenças nos
Jogos Olímpicos concerne, a herança
do CNC não é menos impressionante.
Nada menos do que cinco olimpíadas
consecutivas disputaram Duarte Bello
(Londres 1948; Helsínquia 1952; Melbourne
1956; Roma 1960; e Tóquio
1964) e Gustavo Lima (Sydney 2000;
Atenas 2004; Pequim 2008; Londres
2012; e Rio de Janeiro 2016). Com quatro
presenças nos Jogos Olímpicos temos
Mário Gentil Quina (Helsínquia 1952;
Roma 1960; México 1968; e Munique
1972); e Fernando Bello (Londres 1948;
Helsínquia 1952; Roma 1960; e Tóquio
1964). Tendo participado em três edições
da competição José Manuel Quina (Roma
1960; México 1968; e Munique 1972) e
o ainda no activo Jorge Lima (Pequim
2008; Rio de Janeiro 2016; e Tóquio
2020 – estes últimos, como é sabido,
adiados para 2021).
Aliás, a dupla que este ano vai a Tóquio
alcançou já importantes resultados: 12º
lugar no Campeonato do Mundo de 2012;
5º lugar no Campeonato da Europa de
2013; 5º lugar no Campeonato do Mundo
de 2014; 2º lugar na Taça do Mundo de
2016 (Miami); Participação nos Jogos
Olímpicos de 2016 (Rio de Janeiro; 12º
lugar no Campeonato do Mundo de
2017 (porto); 9º lugar no Campeonato
do Mundo de 2018 (aquele que garantiu
a qualificação para os jogos deste ano).
Esperando-se uma prestação de nível
equivalente na capital nipónica.
Clube Naval de CASCAIS 29

Club CNC Athletes in the Olympic Games
Roll of honour
The history of Clube Naval de Cascais in the Olympic Games is almost as long
as its own history. With more than 70 participations in the greatest sporting
competition on the planet, and several medals won, the CNC is an undeniable
reference in this area in our country, in sport in general, and sailing in particular.
A few months before the Tokyo Games, there is nothing like honouring the heroes
of the past... and encouraging those of the present!
Afonso Domingos/Frederico Pinheiro de Melo
It was not long after, once Clube Naval
de Cascais was founded, that in
its annals sporting achievements of
unequivocal importance began to be
recorded - for the Club, for Cascais, for
Portugal and even, in absolute terms.
Among these, the presence of athletes
from the CNC in the Olympic Games
must, of course, be highlighted, or the
“mere” qualification for the biggest and
most important sporting competition in
the world, in which the elite of athletes
from the various sports compete, would
be an achievement in itself.
The golden pages of CNCascais in this
chapter start to be written in 1948, which
is only ten years after its foundation. It
was at the Olympic Games of that year,
held in London, that a committee of
no less than eight sailors went to the
capital of England to defend the Portuguese
flag: António Herédia (Star),
Duarte Bello (Swallow), Fernando Bello
(Swallow), Henrique Sallaty (Dragon),
João Capucho (Dragon), João Tito (Firefly),
Joaquim Fiúza (Star) and Júlio
Gourinho (Star).
Four years later, it was Helsinki’s turn
to host the Olympics, in which the
CNC had no less than nine athletes.
The heroes of 1952 were Alberto Graça
(Dragon), Carlos Lourenço (Dragon),
Duarte Bello (5.5 M), Fernando Bello
(5.5 M), Francisco Rebelo de Andrade
(Star), João Tito (Dragon), Joaquim Fiúza
(Star), Júlio Gorinho (5.5 M) and Mário
Gentil Quina (Single).
The Antipodes were the venue for the
next edition of the Olympic Games, disputed
in 1956. This time, in Melbourne,
Australia, Bernardo Mendes d’Almeida
(Dragon), Duarte Bello (Star) and José
Bustorff Silva (Star) represented the CNC
and wore the colours of Portugal. In
1960, in Rome, Carlos Ribeiro Ferreira
30
Hippocampus

Jorge Lima/José Costa
(Dragon), Duarte Bello (5.5 M), Fernando
Bello (5.5 M), Gonçalo Pinheiro
de Mello (Dragon), Joaquim Pinto Basto
(Dragon), José Manuel Quina (Star), Júlio
Gourinho (5.5 M) and Mário Gentil
Quina (Star) were present.
The story continues in 1964, in Tokyo,
where the sailors Carlos Ribeiro Ferreira
( Dragon), Duarte Bello ( Star), Eduardo
Guedes de Queiroz ( Dragon), Fernando
Bello ( Star) and Joaquim Pinto Basto
( Dragon) honoured the name of the
CNC. In 1968, at the Olympic Games in
Mexico, Bernardo Espírito Santo (Finn),
José Manuel Quina (Star) and Mário
Gentil Quina (Star) would continue the
presence of the Club in the games.
Munich was the host of the 1972 Olympic
Games, famous also for the worst
reasons, and, this time, the CNC athletes
present in the Bavarian capital were António
Mardel Correia (Star), Francisco
Gentil Quina (Dragon), Henrique Anjos
(Star), José Manuel Quina (Finn) and
Mário Gentil Quina (Dragon).
Until today, 1976 (Montreal, Canada)
and 1980 were the only years in 73
years in which the CNC was not represented
in the event, the latter held
in Moscow, or if these had not been
the Olympic Games of the modern
era with the least participation ever,
marked by the boycott of the same
by the Western world, as a result of
the invasion of Afghanistan by the
former Soviet Union. But everything
returned to normality in 1984, with
António Mardel Correia and Henrique
Anjos, both in Star, being present in
Los Angeles. In the following edition,
Henrique Anjos and the Commodore-
-Honorary of the CNC, Patrick Monteiro
de Barros, again in Star, went to
Seoul, in South Korea, to participate
in the competition.
Clube Naval de CASCAIS 31

Club CNC Athletes in the Olympic Games
Bernardo Freitas/Francisco Andrade
A much shorter trip was made in
1992, only to the neighbouring country,
since this was the year in which
Barcelona was the host for the Olympic
Games and also the CNCascais sailors
Fernando Bello (Star) and Francisco
Pinheiro de Mello (Star). In Atlanta,
in 1996, it was Vasco Serpa (Laser)
who did the honours for the CNC and
the delegation in Sydney, in 2000, was
substantially enlarged thanks to the
qualification for the Games of Afonso
Domingos (49er), Diogo Cayolla (49er)
and Gustavo Lima (Laser).
The beginning of a new century, and
a new millennium: the historic Athens
hosted the 2004 Olympic Games,
and there, honouring the CNC, were
Diogo Cayolla (Tornado), Gustavo Lima
(Laser) and Nuno Barreto (Tornado).
In 2008, Afonso Domingos (Star),
Bernardo Santos (Star), Francisco Rebelo
de Andrade (49er), Gustavo Lima
(Laser) and Jorge Lima (49er) qualified
for Beijing.
The London Games, in 2012, were
a milestone in themselves, not only
for having received one of the largest
delegations ever sent by the CNC
to the Olympics, but also for this
being the first to integrate female
athletes (and no less than four):
Afonso Domingos (Star), Bernardo
Freitas (49er), Diana Neves (Match
Racing), Francisco Rebelo de Andrade
(49er), Frederico Pinheiro de
Melo (Star), Gustavo Lima (Laser),
Mariana Lobato (Match Racing), Rita
Gonçalves (Match Racing) and Sara
Carmo (Laser Radial). Finally, in
Rio de Janeiro, in 2016, there were
Gustavo Lima (Laser), Jorge Lima
(49er), José Costa (49er) and Sara
Carmo (Laser Radial).
PRIMUS INTER PAREES
All in all, since 1948, Clube Naval
de Cascais has sent around 77 sailors
to the Olympic Games - to which
must be added José Costa and José
Lima, with guaranteed presence at
the Tokyo Olympics, which should
have taken place in 2020, but which,
due to the COVID-19 pandemic,
were postponed until next summer.
At the same time, and, again it must
be stressed, for very specific reasons,
only once has the CNC not been present
in the competition since then.
An achievement that few nautical
clubs can be proud of, truly unique
in our country.
While there is no doubt that all these
athletes are worthy of the highest honours,
it is also true that, among them,
some stand out in a special way, either
because of the results they have achie-
32
Hippocampus

Gustavo Lima
ved or because of their enviably long
and successful sporting careers. There
are even those who shine in both areas.
It should also be noted that sailing is
something inherent not only to Clube
Naval de Cascais, but is also an inherent
part of the family traditions of so many
of its members, including the most prominent
in the sporting arena, and there
are, even at the Olympic level, those who
have recorded major successes both in
the same generation, and in subsequent
generations.
A special place in the sporting history
of CNCascais is occupied, with all
merit, by those who returned from the
Olympic Games with such remarkable
results that earned them the ever so
coveted medals. The first to achieve it
were the brothers Duarte and Fernando
Bello, both conquering the silver medal
in the Swallow class, in the London
Games of 1948. A year later, in Helsinki,
Francisco Rebello de Andrade
and Joaquim Fiúza would receive the
bronze medal in the Star class. The
same that earned the brothers José and
Mário Gentil Quina the silver medal
at the 1960 Rome Olympics.
As far as the number of presences
in the Olympic Games is concerned,
the heritage of the CNC is equally
impressive. No less than five consecutive
Olympics were contested by
Duarte Bello (London 1948; Helsinki
1952, Melbourne 1956; Rome 1960;
and Tokyo 1964) and Gustavo Lima
(Sydney 2000; Athens 2004; Beijing
2008; London 2012; and Rio de Janeiro
2016). With four presences in
the Olympic Games we have Mário
Gentil Quina (Helsinki 1952; Rome
1960; Mexico 1968; and Munich 1972).
Having participated in three editions
of the competition José Manuel Quina
(Rome 1960; Mexico 1968; and Munich
1972) and the still active Jorge
Lima (Beijing 2008; Rio de Janeiro
2016; and Tokyo 2020 - the latter, as
we know, postponed to 2021).
In fact, the duo that is going to
Tokyo this year has already achieved
important results: 12th place in
the 2012 World Championship; 5th
place in the 2013 European Championship;
5th place in the 2014 World
Championship; 2nd place in the 2016
World Cup (Miami); Participation
in the 2016 Olympic Games (Rio de
Janeiro; 12th place in the 2017 World
Championship (Porto); 9th place in
the 2018 World Championship (the
one that guaranteed qualification for
this year’s Games). A performance
of equivalent level is expected in the
Japanese capital.
Clube Naval de CASCAIS 33

Clube
Marc Bow
Grandes Eventos CNC 2021
MARÉ CHEIA
Os tempos que atravessamos não são, de todo, os mais fáceis. Mas nem isso
faz esmorecer o empenho do Clube Naval de Cascais, que, em mais um ano
que se antevê complicado, volta a fazer das fraquezas forças, e a apresentar
um calendário de provas sem paralelo no nosso país, em que se incluem três
grandes eventos de nível mundial
Mesmo dando por boa a máxima de
que “atrás de tempos vêm tempos”,
não será menos verdade que os tempos que
presentemente vivemos são, a todos os níveis,
tão extraordinários quando inesperados, imprevisíveis
e desafiantes. O hoje omnipresente
surto pandémico, e a crise sanitária por este
causada, transformaram por completo a
vida como a conhecíamos, nos mais diversos
domínios, literalmente em todo o mundo,
condicionando hábitos, atitudes e perspectivas,
limitando a acção a um ponto de que
já muito poucos se lembrariam de ter vivido.
Como não podia deixar de ser, o desporto
não conseguiu fugir a esta regra, bem pelo
contrário, acabando, mesmo, por ser uma
das actividades mais afectadas pela pandemia,
logo, pelas medidas de protecção de
saúde pública que governos e autoridades
de saúde se viram obrigados a adoptar para
tentar conter a doença (veja-se, a título de
exemplo, a necessidade de adiamento dos
Jogo Olímpicos de Tóquio de 2020 para o
Verão deste ano). A vela, claro, não constitui
excepção, e tanto a prática da modalidade,
como a evolução dos respectivos atletas,
muito têm sofrido com a presente conjuntura,
mesmo tratando-se de uma atividade
levada a cabo ao ar livre, e com muito
reduzida concentração de pessoas.
Porém, é, de igual modo, indesmentível
que os velejadores são, inatamente, pessoas
formadas para enfrentar a adversidade, e
habituadas a lidar com ela. O verbo desistir
não faz parte do respectivo léxico, antes se
caracterizam pela resiliência, e tantas provas
disso mesmo foram dadas ao longo dos últimos
meses, quando, um pouco por toda
a parte, inclusivamente em Portugal, e em
Cascais em particular, mal a oportunidade
de velejar surgiu, seja na vertente do lazer
como na da competição, não faltou quem
atendesse à chamada, de imediato entrando
na água e içando velas para praticar a sua
modalidade de eleição.
34
Hippocampus

UMA REFERÊNCIA CHAMADA
CLUBE NAVAL DE CASCAIS
Neste particular, o Clube Naval de Cascais
tem sido, é e continuará a ser uma verdadeira
referência – um autêntico farol da vela em
Portugal… e não só! Num ano especialmente
difícil, como foi o de 2020, não deixou de contar
com um calendário de provas verdadeiramente
invejável, tendo em conta a conjuntura
que então se vivia, permitindo aos velejadores,
na máxima extensão possível, competirem
ao mais alto nível, ou mesmo preparem-se,
usufruindo das melhores condições, para os
desafios que iriam ter pela frente. Atente-se no
caso das dezanove equipas de 49er e 49er FX,
oriundas de três diferentes continentes, e das
melhores do mundo nestas classes, que, entre
Julho e Outubro do ano passado, escolheram
o Centro de Treino de Alto Rendimento do
CNCascais para prepararem o seu último ano
do ciclo olímpico, com vista à participação
nos Jogos de Tóquio de 2021.
Não menos importante, e prova cabal da sua
audácia, assim como das suas capacidades e
excelência organizativas, o CNC, em conjunto
com um dos seus principais parceiros, teve
a coragem de criar, em pleno ano de pandemia,
o Mirpuri Foundation Sailing Trophy.
Troféu que cumpriu, desde logo, um dos seus
maiores propósitos: conceder à comunidade
de velejadores a oportunidade de regressarem
ao mar após o início da pandemia, tendo
sido, inclusivamente, a primeira iniciativa de
calibre internacional a ser levada a cabo após
o primeiro confinamento, ou seja, foi a prova
que assinalou o regresso da comunidade da
vela ao mar em termos internacionais nessa
inesquecível Primavera de 2020, contando
com nada menos do que 56 barcos inscritos e
alguns dos melhores velejadores do planeta –
absolutamente notável, tendo em conta toda
a incerteza que então se vivia.
Estes foram só mais dois pequenos feitos
que serviram, também, para incentivar o
CNCascais a prosseguir, sem desvios de
monta, a sua rota há muito estabelecida, já
Jean-Marie Liot – Defi Azimut Marc Bow
que não é por acaso que é reconhecido como
um dos melhores organizadores de regatas
em termos globais, regularmente acolhendo
vários dos principais campeonatos de vela do
planeta. Rota essa que, inevitavelmente, passaria
por 2021, um ano, também ele, repleto
de dúvidas, mas que nem por isso deixará
de ser marcante, tanto para o próprio clube,
como para inúmeros velejadores, nacionais
e estrangeiros, mercê de um calendário de
provas do mais alto nível, sem paralelo no
nosso país.
E isto porque, ao longo deste ano, voltarão
a passar pelo Clube Naval de Cascais, e por
águas cascalenses, algumas das principais
competições de vela, até a nível mundial,
que se disputarão nos próximos meses.
Logo no final da Primavera, entre 4 e 5
de Junho, terá lugar a segunda edição do
Mirpuri Foundation Sailing Trophy, a qual
promete ser ainda mais espectacular do que
a de estreia, já que será disputada quando
a também nova The Ocean Race Europe
(espécie de competição preparatória para
a The Ocean Race 2022-2023, que dará a
volta ao mundo) fizer escala no nosso país,
tendo Cascais sido o local eleito para o efeito
– estando confirmado que toda a sua frota
se irá juntar ao lote de inscritos no próprio
troféu, o que promete uma acesa disputa
pela vitória. Por seu turno, já mais perto
do final de Verão, entre 29 de Agosto e 3
de Setembro, terá lugar o Campeonato do
Mundo de SB20, sendo esta a terceira vez
que o CNC tem o privilégio de organizar
a principal competição de uma das mais
classes mais populares entre os seus velejadores.
Três eventos de excelência, que vale
bem a pena conhecer melhor nas páginas
que se seguem.
Clube Naval de CASCAIS 35

Clube Grandes Eventos CNC 2021
MIRPURI FOUNDATION SAILING TROPHY
Os melhores augúrios
O Mirpuri Foundation Sailing Trophy está
de regresso em 2021, para a segunda edição
de uma regata que, logo no seu ano
de estreia, marcou o panorama da vela
a nível mundial. Este ano, tudo promete ser
ainda mais espectacular, até pela presença
de um magnifico lote de “convidados”
muito especiais, do mais alto gabarito.
Verdadeiramente a não perder, logo
no início de Junho
Marc Bow
Os dias 4 e 5 de Junho próximo prometem
ser agitados no Clube Naval
de Cascais, e pelos melhores motivos. Estas
são as datas para as quais está agendada a
segunda edição do Mirpuri Foundation
Sailing Trophy, iniciativa criada, desenvolvida
e organizada em conjunto pelo
CNCascais e pela Mirpuri Foundation, com
o intuito de despertar consciências para a
necessidade de preservação dos oceanos, e
de angariar fundos vitais para projectos de
conservação marinha em todo o mundo. E
que, logo na sua estreia, ficou marcada por
ter sido a primeira competição do género
de nível internacional a ser realizada após
o primeiro confinamento imposto pela
pandemia da COVID-19, embora nem
isso tenha condicionado o respectivo êxito,
bem pelo contrário: provam-no a soberba
organização (inclusive no plano sanitário),
assim como uma assinalável lista de inscritos,
composta por 56 barcos, e a bordo
dos quais seguiam alguns dos nomes mais
reputados da modalidade a nível mundial.
Em 2021, tudo está preparado para que
o Mirpuri Foundation Sailing Trophy seja
ainda mais memorável. Para o alcançar de tal
desiderato prestará contributo decisivo o facto
de o troféu multi-classes decorrer na mesma
altura em que a The Ocean Race Europe
efectuará em Portugal, mais concretamente
em Cascais, a sua primeira escala, comumente
conhecida como “stopover”, após ter cruzado
o Mediterrâneo na sequência da largada dada
em Lorient, em França. Uma prova que serve
como preparação para a The Ocean Race
2022-23, a reputada e histórica (apesar da nova
designação…) regata de circum-navegação
que, em Outubro do próximo ano, largará
de Alicante para dar a volta ao mundo, tendo
terminus previsto para o Verão do ano seguinte,
na cidade italiana de Génova.
36
Hippocampus

Marc Bow
Dúvidas subsistissem acerca das ambições
dos organizadores para o Mirpuri
Foundation Sailing Trophy de 2021, fica
a nota de que as primeiras cem inscrições
serão gratuitas, o que deixa antever uma
lista de participantes com mais do dobro
das entradas do que a do ano passado.
E motivos de interesse não faltarão para
disputar este evento único no nosso país,
nomeadamente a oportunidade de competir,
lado a lado, com a frota de IMOCA 60 com
hidrofólios e de VO65 da The Ocean Race
Europe, que também disputará o troféu
(pelo que se prevê uma adesão massiva).
Desenganem-se, por seu turno, os que
possam pensar que esta participação ocorre
apenas a título “exibicional” ou meramente
lúdico: os resultados obtidos na regata
costeira contarão para a classificação final
da The Ocean Race Europe, pelo ninguém
irá facilitar. Quanto aos portugueses, seguramente
irão torcer pelo “Racing for the
Planet”, o barco da classe VO65 inscrito
pela Mirpuri Foundation e capitaneado
pelo francês Yoann Richomme, tanto mais
que a bordo levará três velejadores lusos do
CNC: Bernardo Freitas, Mariana Lobato
e Frederico Pinheiro de Melo.
Um evento incrível e imperdível, não
só para os velejadores, mas, também,
para o público em geral, e muito particularmente
para os amantes da vela, que
terão aqui uma oportunidade de ouro
para ver evoluir alguns dos barcos mais
espectaculares da actualidade, e vários
dos mais reputados nomes da modalidade
do momento. Este é um troféu que
prima, ainda, pela sustentabilidade: livre
de plástico, e absolutamente controlado
no plano sanitário, dado que, mais uma
vez, uma equipa médica dedicada fará
parte integrante da organização, para
que todos os participantes, pessoal de
apoio e representantes da imprensa sejam
testados, antes do início da prova, à
COVID-19, assim se garantindo que esta
será uma competição totalmente segura
em termos de saúde.
FALA QUEM SABE
A propósito da edição de 2021 do Mirpuri
Foundation Sailing Trophy, e do seu feliz encontro
com a The Ocean Race Europe, alguns
dos principais mentores da iniciativa tiveram
a oportunidade de tecer algumas considerações
acerca desta tão especial comunhão de
interesses. Caso de Paulo Mirpuri, fundador
e Presidente da Mirpuri Foundation: “Um
momento notável para a vela portuguesa.
Iremos receber em Cascais a The Ocean
Race Europe, e, agora., já podemos afirmar
que a frota irá juntar-se ao Mirpuri
Foundation Sailing Trophy. O evento
deste ano promete ser espectacular. Não só
porque ver de perto os IMOCA 60 e VO65
é verdadeiramente impressionante, mas
também porque podermos acolher velejadores
de toda a Europa de regresso à água,
após o ano que a nossa comunidade teve,
será algo muito emocional. Em parceria
com os nossos amigos do Clube Naval de
Cascais, tenho também o prazer de confirmar
que iremos oferecer a inscrição aos
primeiros cem barcos. Queremos ter tantos
competidores quanto possível na linha de
largada no Clube Naval de Cascais, para
o que promete ser um dos pontos altos do
calendário do Verão”.
Já Phil Lawrence, Director de Prova da The
Ocean Race Europe, afirmou: “O Mirpuri
Foundation Sailing Trophy adiciona uma
emocionante regata costeira à The Ocean
Race Europe, em que as nossas equipas
competirão numa distância relativamente
curta, testando o trabalho em equipa
e as tácticas a adoptar por cada barco,
de uma forma que não acontece com
muita frequência em regatas offshore.
Para mais com um prémio monetário
para os melhores classificados, estamos
confiantes de que o Mirpuri Foundation
Sailing Trophy será, para as equipas e
para os adeptos, um desafio popular da
The Ocean Race Europe”.
Pelo seu lado, Gonçalo Esteves, Presidente
do Clube Naval de Cascais, referiu: “A
primeira edição do Mirpuri Foundation
Sailing Trophy foi muito especial para
o Clube Naval de Cascais, porque foi o
primeiro grande evento de vela, para o
clube, e também em Portugal, após o
primeiro confinamento. Para a segunda
edição, as expectativas voltam a estar
muito elevadas, agora que teremos os
barcos que competem na The Ocean
Race Europe a participar no Mirpuri
Foundation Sailing Trophy. Gostaria
de agradecer à Mirpuri Foundation
pelo imenso trabalho desenvolvido em
prol deste evento, que será seguido pela
comunidade da vela de todo o mundo”.
Clube Naval de CASCAIS 37

Clube Grandes Eventos CNC 2021
THE OCEAN RACE EUROPE
Estreia absoluta
Durante anos conhecida como
Volvo Ocean Race, aquela que
é uma das mais reputadas
regatas de circum-navegação
do mundo regressa às águas
no próximo Outono. Antes disso,
terá a edição de estreia da sua
versão europeia, denominada
The Ocean Race Europe, cuja
primeira escala decorre
em Cascais, já no início de Junho,
o que constitui natural motivo
de orgulho para o concelho,
para o Clube Naval de Cascais
e, obviamente, para Portugal
Originalmente organizada pela British
Royal Naval Sailing Association,
nasceu, em 1973, como Whitbread Round
the World Race, e é tida como a mais antiga
regata com escalas à volta do mundo. A
realizar de quatro em quatro anos, e depois
de patrocinada pela cervejeira Whitbread, a
prova mudou de nome, entre 2001 e 2019,
para Volvo Ocean Race, justamente por via
do patrocínio do conhecido fabricante de
automóveis sueco. Deste então, e até aos
nossos dias, foi simplesmente baptizada com
The Ocean Race, mas não deixou de ser
por muitos considerada como o derradeiro
teste que se pode colocar a uma equipa, e
como uma aventura sem igual para homens
e barcos.
Ao longo de praticamente cinco décadas de
existência, esta prova de circum-navegação
tem-se constituído como que um mito para
alguns dos maiores velejadores de sempre, e
como o evento supremo para darem mostras
de todo o seu valor algumas verdadeiras
lendas da modalidade. Não faltando, ainda,
quem considere este como o mais longo e
mais duro evento desportivo do mundo,
como o maior desafio para uma equipa, e
como um dos três maiores eventos desportivos
do planeta, a par dos Jogos Olímpicos
e da America’s Cup.
Notarão os mais atentos que a próxima
edição da prova, a The Ocean Race 2022-
2023, só largará de Alicante no início do
ano que vem. Mas importava recordar
Marc Bow
o historial, e o prestígio do evento, para
sublinhar que os actuais organizadores decidiram
criar como que uma versão europeia
da mesma, de seu nome The Ocean Race
Europe, e cuja estreia terá lugar já em 2021,
constituindo como o primeiro passo para
a regata de circum-navegação. Não menos
importante, entre a sua largada no final de
Maio, em Lorient, França, e a chegada à
linha de meta, colocada em Génova, Itália,
e prevista para finais de Junho, a prova durará
cerca de três semanas, cumprirá cerca
de duas mil milhas náuticas e terá quatro
escalas, ocorrendo a primeira, justamente,
em Cascais, a 4 e 5 de Junho.
Esta á uma iniciativa que tem por objectivo
não só contribuir para a preparação
das equipas que participarão na regata à
volta do mundo, mas também promover o
envolvimento dos cidadãos europeus com
esta vertente tão específica da vela, também
através do incremento da respectiva sensibilização
para a ambiciosa (e ambicionada)
transição verde, assim como para a transformação
digital. Concebida para exibir
ao mais alto nível as melhores tripulações
internacionais de regatas oceânicas, num
formato altamente competitivo, a The
Ocean Race Europe levará os barcos das
classes VO65 e IMOCA 60 (que se estreia
na competição, exibindo a mais moderna
tecnologia de hidrofólios), e respectivas
tripulações, a digladiarem-se numa rota que
unirá a costa do Atlântico Norte ao Mediterrâneo,
passando pelo Golfo da Biscaia.
O percurso da prova conta com quatro
etapas, cada qual valendo o mesmo
número de pontos para a classificação
final, sendo estabelecidos vencedores e
atribuídos prémios em cada uma das
classes. Incluirá, igualmente, duas regatas
costeiras, que também contarão
para o resultado final, sendo uma delas
o Mirpuri Foundation Sailing Trophy,
em que a frota da The Ocean Race Europe
se juntará a do novel, mas já muito
38
Hippocampus

François Van Malleghem
prestigiado, troféu criado e organizado
em parceria pelo Clube Naval de Cascais
e pela Mirpuri Foundation.
TUDO PASSA POR CASCAIS
Cascais é, ao mesmo tempo, o destino
do primeiro stopover da The Ocean Race
Europe e a sede de uma das equipas que
tentarão conquistar a The Ocean Race
2022-2023, ou não fosse no Clube Naval
de Cascais que a Mirpuri Foundation
Sailing Team e o seu espectacular barco
da classe VO65 (o primeiro a inscrever-se
na The Ocean Race Europe), de seu nome
“Racing for the Planet”, têm a respectiva
sede. Um conjunto que se baterá em águas
portuguesas com algumas das principais
equipas internacionais de regatas offshore.
Em terra, serão levadas a cabo diversas
atividades públicas, assim como eventos
promocionais por parte de cada uma das
equipas. Tudo sempre dentro do mais estrito
cumprimento das normas sanitárias
em vigor, já que a saúde dos velejadores e
dos restantes membros da equipa, do staff
e do público em geral é uma das principais
prioridades da organização.
Richard Brisius, Director de Prova da The
Ocean Race, elenca algumas das principais
valências desta etapa europeia: “A The
Ocean Race Europe irá, seguramente,
proporcionar-nos uma acérrima competição
na água. Mas também constitui uma
oportunidade para a nossa maravilhosa
modalidade inspirar um propósito de nível
superior. Estamos unidos em tomar todas
as acções no sentido de promover o bem
estar dos oceanos, e ansiamos por trabalhar
nesse sentido com todos os nossos
amigos e parceiros em Cascais quando
estivermos em Portugal, em Junho”.
Paulo Mirpuri, fundador e Presidente da
Mirpuri Foundation, um dos principais impulsionadores
no trazer da The Ocean Race
Europe até Cascais, sublinha a sua satisfação
com esta conquista: “Estamos orgulhosos
por dar as boas-vindas à The Ocean Race
Europe a Cascais, e por acolher o seu primeiro
stopover no nosso porto de origem,
juntamente com os nossos amigos do
Clube Naval de Cascais. Esta é a primeira
vez que um evento da Ocean Race vem a
Cascais, já tendo visitado em Lisboa em
anteriores ocasiões. Este é o culminar de
um enorme trabalho levado a cabo por
muitas partes. Trabalhámos arduamente
com os organizadores da prova para trazer
a The Ocean Race Europe a Cascais, à
nossa terra, e iremos partilhar brevemente
muitos mais desenvolvimentos. Esta será
uma regata espectacular, após um ano
tão difícil para tantos, e mal podemos
esperar por receber a frota em Portugal”.
Já Miguel Pinto Luz, Vice-Presidente da
Câmara Municipal de Cascais, referiu, a propósito:
“Cascais tem um enorme orgulho
em ter sido uma das cidades escolhidas
para ser uma das escalas da The Ocean
Race Europe. A vela faz parte da nossa
identidade, e acolher das melhores regatas
do mundo passou a ser uma tradição nossa.
Consideramos Cascais o melhor lugar para
viver: seja por um dia, ou durante uma vida
inteira. E, para quem é velejador, este é um
paraíso… Um dos melhores locais para a
realização de regatas do mundo, defronte
da nossa lindíssima baía”.
Uma afirmação que merece a concordância
de Yoann Richomme, skipper da Mirpuri
Foundation Racing Team: “Será uma honra
capitanear o ‘Racing For The Planet’ e a
nossa tripulação desde a minha terra natal,
em Lorient, até ao nosso porto de origem,
Cascais, na próxima Primavera. Um local
que vimos tantas vezes a partir do nosso
barco, mas nunca rodeado de uma frota
tão incrível. Será uma ocasião maravilhosa
para todos os envolvidos. Não restam
dúvidas: a paixão da Mirpuri Foundation
pela vela será sentida por todos”.
Clube Naval de CASCAIS 39

Clube Grandes Eventos CNC 2021
SB20 WC
Os melhores do mundo
em Cascais
Em final de Agosto terá início
em Cascais o Campeonato
do Mundo de SB20 de 2021.
Mais uma demonstração cabal
das competências organizativas
do Clube Naval de Cascais, o
evento trará até nós os melhores
velejadores da classe, que têm
nas águas cascalenses um dos
seus locais preferidos para
a prática da modalidade. Aliás,
não será por acaso que esta é já
a terceira vez que o mundial se
disputa na “Riviera Portuguesa”
A
classe SB20 foi outras das muito
afectadas pela pandemia da CO-
VID-19. A mais recente edição do campeonato
do mundo dedicado a esta classe
esteve inicialmente marcada para 2020,
mas, por razões de todos sobejamente
conhecidas, acabou por ter que ser adiada
para este ano, estando a respectiva realização
agendada para o final do Verão,
mais concretamente de 29 de Agosto e
3 de Setembro próximos.
A escolha do local para a realização do
Campeonato do Mundo de SB20 de 2021
representa como que um hat trick para
Cascais e para CNC, já que esta é nada
menos do que a terceira vez que o evento
decorre em terras e mar cascalenses. Tudo
indica que foi acérrima a luta por receber
o campeonato, mas a votação, renhida,
acabou por ser favorável ao nosso país,
com o próprio Conselho Mundial da
Classe SB20 a destacar que os próprios
velejadores adoram o local, também, pelos
seus ventos fortes e grande ondulação.
Considerando que esta foi uma grande
notícia não só para Portugal, como para
classe SB20 no seu geral.
Naquela que será a sua décima terceira
edição, o Mundial de SB20 terá como
anfitrião o Clube Naval de Cascais,
40
Hippocampus

internacionalmente reconhecido pelas
suas competências em matéria de organização,
tanto no plano desportivo como
na vertente social. É mesmo o organismo
que superintende a classe a nível global
destaca a substantiva experiência que o
CNCascais detém em levar a cabo excelentes
regatas nacionais e internacionais,
evocando, até, alguns dos principais
campeonatos que, por tradição, fazem
parte do calendário desportivo do clube,
como TP52, RC44 ou Extreme Sailing
Series, não esquecendo as tão populares
e internacionalmente reconhecidas SB20
Cascais Winter Series.
No Campeonato do Mundo de SB20 de
2021 marcarão presença mais de setenta
equipas, oriundas de quinze países, e
provenientes de localizações dão distintas
como Austrália, Singapura e Emirados
Árabes Unidos. Contudo, será da Europa
que provirão as delegações mais
numerosas, mormente do Reino Unido,
Irlanda, Rússia e França. E, claro está,
de Portugal, cuja frota se prevê venha a
integrar mais de trinta barcos.
Vasco Serpa, Vice-Presidente da Classe
SB20 em Portugal, e elemento fundamental
para o desenvolvimento da classe entre
nós, comentou, a este propósito: “A classe
tem-se mantido sólida em Portugal,
com a frota local a aproximar-se, agora,
rapidamente, dos quarenta barcos. O
calendário desportivo é, por norma,
bastante preenchido, e atrai inúmeras
tripulações estrangeiras. A realização,
pela terceira vez, do Campeonato do
Mundo de SB20, é um prémio natural
para o trabalho que a classe e o Clube
Naval de Cascais têm vindo a desenvolver
com enorme sucesso. Estamos
francamente entusiasmados e deveras
ansiosos por dar as boas-vindas aos
velejadores e suas famílias neste evento
de 2021”.
Clube Naval de CASCAIS 41

Club
Major Events CNC 2021
HIGH TIDE
The times we are going through are by no means the easiest. But even this does
not weaken the commitment of Clube Naval de Cascais, which, in another year
that is expected to be complicated, once again makes weaknesses strengths,
and presents a calendar of events unparalleled in our country, which includes
three major world-class events
Even if we believe the saying “times
come after times come”, it is no less
true that the times we live in today are,
at all levels, as extraordinary as they are
unexpected, unpredictable and challenging.
The now omnipresent pandemic
outbreak, and the health crisis it has
caused, have completely transformed life
as we know it, in the most diverse areas,
literally all over the world, conditioning
habits, attitudes and perspectives, limiting
action to a point that very few would
remember having lived through.
As it could not be otherwise, sports did
not escape this rule, quite the contrary,
and ended up being one of the activities
most affected by the pandemic, therefore,
by the public health protection measures
that governments and health authorities
were forced to adopt to try to contain
the disease (see, for example, the need to
postpone the Olympic Games in Tokyo
2020 to the summer of this year). Sailing,
of course, is no exception, and both the
practice of the sport and the evolution of
its athletes have suffered a lot with the
present set, even though it is an activity
carried out outdoors, and with a very low
concentration of people.
However, it is equally undeniable that
sailors are people inherently trained to
face adversity and accustomed to dealing
with it. The verb to quit is not part of their
vocabulary, rather they are characterized
by resilience, and much proof of this has
been given over the past few months when,
a little everywhere, including in Portugal,
and in Cascais in particular, as soon as
the opportunity to sail arose, whether for
leisure or for competition, there was no
shortage of people who answered the call,
immediately entering the water and hoisting
sails to practice their favorite sport.
A REFERENCE CALLED
CLUBE NAVAL DE CASCAIS
In this respect, Clube Naval de Cascais
has been, is and will continue to be a
42
Hippocampus

Marc Bow
true reference - a true beacon of sailing
in Portugal... and beyond! In a particularly
difficult year, as was that of 2020,
it did not fail to have a truly enviable
calendar of events, taking into account
the environment that existed at the time,
allowing sailors, to the fullest extent
possible, to compete at the highest level,
or even prepare themselves, enjoying the
best conditions, for the challenges ahead
-as was the case of the nineteen teams of
49er and 49er FX , from three different
continents, and the best in the world
in these classes, who, between July and
October last year, chose the CNCascais
High Performance Training Center to
prepare for their last year of the Olympic
cycle, with a focus on participating in
the 2021 Tokyo Games.
No less important, and full proof of
its audacity, as well as its organizational
capabilities and excellence, the CNC, together
with one of its main partners, had
the courage to create, in the middle of the
pandemic year, the Mirpuri Foundation
Sailing Trophy. A trophy that immediately
fulfilled one of its greatest purposes: to give
the sailing community the opportunity to
return to sea after the beginning of the
pandemic, having been, even, the first
Jean-Marie Liot - Defi Azimut
international scale initiative to be carried
out after the first confinement, or in other
words, it was the event that marked the
return of the sailing community to sea in
international terms in that unforgettable
spring of 2020, with no less than 56 boats
registered and some of the best sailors on
the planet - absolutely remarkable, considering
all the uncertainty that existed
at the time.
These were just two more small achievements
that also served to encourage
CNCascais to continue, without
major deviations, its long-established
route, since it is not by chance that it
is recognized as one of the best regatta
organizers in global terms, regularly
hosting several of the planet’s major
sailing championships. This route would
inevitably pass through 2021, a year that
is also full of doubts, but that will still
be memorable, both for the club itself
and for countless sailors, national and
foreign, thanks to a calendar of events
of the highest level, unparalleled in our
country.
And this is because, throughout this
year, some of the main sailing competitions,
even at world level, will once
again pass through Clube Naval de
Cascais, and through Cascais waters, over
the upcoming months. In late spring,
between June 4th and 5th, the second
edition of the Mirpuri Foundation Sailing
Trophy will take place, which promises
to be even more spectacular than the
first, since it will be held when the also
new The Ocean Race Europe (a kind of
preparatory competition for The Ocean
Race 2022-2023, which will go around
the world) will visit Portugal, and Cascais
has been chosen for the effect - it has been
confirmed that its entire fleet will join
the group of entries for the trophy itself,
which promises a fierce competition for
victory. On the other hand, nearer the
end of summer, between August 29th and
September 3rd, the SB20 World Championship
will take place, being this the
third time that the CNC has the privilege
of organizing the main competition of
one of the most popular classes among its
sailors. Three events of excellence, which
are well worth knowing more about in
the following pages.
Clube Naval de CASCAIS 43

Club Major Events CNC 2021
MIRPURI FOUNDATION SAILING TROPHY
The best omens
The Mirpuri Foundation Sailing
Trophy is back in 2021, for the
second edition of a race that,
in its debut year, marked the
sailing scene worldwide. This
year, everything promises to
be even more spectacular, not
least because of the presence
of a magnificent group of very
special “guests” of the highest
reputation. Truly not to be missed,
at the beginning of June
June 4th and 5th promise to be hectic
at Clube Naval de Cascais, and for
the best of reasons. These are the dates for
which is scheduled the second edition of
the Mirpuri Foundation Sailing Trophy, an
initiative created, developed and organized
in partnership by CNCascais and the Mirpuri
Foundation, in order to raise awareness
of the need to preserve the oceans, and to
raise vital funds for marine conservation
projects around the world. And that, right
at its debut, was marked by having been the
first competition of its kind at international
level to be held after the first confinement
imposed by the COVID-19 pandemic,
although not even that conditioned its
success, quite the contrary: proved by the
superb organisation (including in terms of
health), as well as a remarkable list of entries,
composed of 56 boats, and on board of which
followed some of the most reputable names
of the sport worldwide.
In 2021, everything is prepared to make
the Mirpuri Foundation Sailing Trophy even
more memorable. The fact that the multi-
-class trophy will take place at the same time
as The Ocean Race Europe will make its
first stopover in Portugal, more specifically
in Cascais, after crossing the Mediterranean
following the start in Lorient, France, will
contribute decisively to achieving this goal. A
race that serves as preparation for The Ocean
Race 2022-23, the renowned and historic
(despite the new name...) circumnavigation
race that, in October next year, will depart
from Alicante to sail around the world, ha-
Marc Bow Luis Fráguas
44
Hippocampus

Luis Fráguas
ving its end foreseen for the summer of the
following year, in the Italian city of Genoa.
If there were any doubts about the ambitions
of the organisers for the Mirpuri
Foundation Sailing Trophy in 2021, the
first hundred entries will be free of charge,
which suggests a list of participants with
more than twice as many entries as last
year. And there will be no lack of reasons to
compete in this unique event in our country,
namely the opportunity to compete side by
side with the IMOCA 60 fleet with foils
and VO65 of The Ocean Race Europe,
which will also compete for the trophy (so
it is expected a massive adhesion). Those
who may think that this participation is
only for “exhibition purposes” or merely for
fun should be mistaken: the results obtained
in the coastal race will count towards
the final classification of The Ocean Race
Europe, so nobody will make it easy. As
for the Portuguese, they will surely cheer
for “Racing for the Planet”, the VO65 class
boat registered by the Mirpuri Foundation
and skippered by the Frenchman Yoann
Richomme, especially since he will have
three Portuguese sailors from the CNC on
board: Bernardo Freitas, Mariana Lobato
and Frederico Pinheiro de Melo.
An incredible and unmissable event, not
only for sailors, but also for the general public,
and particularly for sailing lovers, who
will have here a golden opportunity to see
some of the most spectacular boats of today,
and several of the most renowned names of
the sport at the moment. This is a trophy
that also stands out for its sustainability:
free of plastic, and absolutely controlled in
terms of health, since, once again, a dedicated
medical team will be an integral part of the
organization, so that all participants, support
staff and press representatives are tested,
before the start of the race, to COVID-19,
thus ensuring that this will be a totally safe
competition in terms of health.
SPOKEN BY THOSE IN THE KNOW
Regarding the 2021 edition of the Mirpuri
Foundation Sailing Trophy, and its happy
meeting with The Ocean Race Europe, some
of the main mentors of the initiative had the
opportunity to make some remarks about this
special communion of interests. In the case of
Paulo Mirpuri, founder and President of the
Mirpuri Foundation: “A remarkable moment
for Portuguese sailing. We will host The
Ocean Race Europe in Cascais, and now we
can already affirm that the fleet will join the
Mirpuri Foundation Sailing Trophy. This
year’s event promises to be spectacular. Not
only because seeing the IMOCA 60 and
VO65 up close is truly impressive, but also
because being able to welcome sailors from
all over Europe back on the water after the
year our community has had will be something
very emotional. In partnership with
our friends at the Clube Naval de Cascais,
we are also pleased to confirm that we will
be offering registration to the first hundred
boats that sign up for the event. We want to
have as many competitors as possible on the
start line at the Clube Naval de Cascais for
what promises to be one of the highlights
of the summer calendar”.
Phil Lawrence, Race Director for The
Ocean Race Europe, said: “The Mirpuri
Foundation Sailing Trophy adds an exciting
inshore race to The Ocean Race
Europe where our teams will compete
over a relatively short distance, testing
teamwork and tactics for each boat in
a way that does not happen very often
in offshore races. With prize money for
the top finishers, we are confident that
the Mirpuri Foundation Sailing Trophy
will be a popular challenge for teams and
fans alike in The Ocean Race Europe”.
For his part, Gonçalo Esteves, President
of Clube Naval de Cascais, said: “The first
edition of the Mirpuri Foundation Sailing
Trophy was very special for Clube Naval de
Cascais, because it was the first major sailing
event for the club, and also in Portugal,
after the first confinement. For the second
edition, expectations are again very high,
now that we will have the boats competing
in The Ocean Race Europe taking part in
the Mirpuri Foundation Sailing Trophy. I
would like to thank the Mirpuri Foundation
for the immense work done in favour
of this event, which will be followed by the
sailing community around the world”.
Clube Naval de CASCAIS 45

Club Major Events CNC 2021
THE OCEAN RACE EUROPE
Absolute Premiere
For years known as Volvo Ocean
Race, one of the world’s most
renowned circumnavigation races
returns to the water this autumn.
Before that, it will have the debut
edition of its European version,
called The Ocean Race Europe,
whose first stopover will be in
Cascais, in early June, which
is a natural source of pride
for the municipality, for Clube
Naval de Cascais and, obviously,
for Portugal
Originally organised by the British
Royal Naval Sailing Association, it
was born in 1973 as the Whitbread Round
the World Race, and is considered to be
the oldest race with stopovers around the
world. Held every four years, and after
being sponsored by the Whitbread brewery,
the race changed its name to Volvo Ocean
Race between 2001 and 2019, precisely because
of the sponsorship of the well-known
Swedish car manufacturer. Since then,
and until today, it was simply called The
Ocean Race, but it was still considered by
many as the ultimate test for a team, and
as a unique adventure for men and boats.
Throughout almost five decades of existence,
this circumnavigation race has
become a myth for some of the greatest
sailors of all time and the supreme event
for some of the sport’s true legends to show
their worth. There is no shortage of those
who consider this to be the longest and
toughest sporting event in the world, the
greatest challenge for a team, and one of
the three greatest sporting events on the
planet, along with the Olympic Games
and the America’s Cup.
The more attentive will notice that the
next edition of the race, The Ocean Race
2022-2023, will only start from Alicante
at the beginning of next year. But it is important
to remember the history, and the
prestige of the event, to underline that the
current organisers have decided to create a
European version of it, called The Ocean
Race Europe, which will debut in 2021, as
Yvan Zedda
the first step towards the circumnavigation
race. No less important, between the start
at the end of May in Lorient, France, and
the finish line in Genoa, Italy, planned for
the end of June, the race will last about
three weeks, covering about two thousand
nautical miles and with four stopovers, the
first of which will be in Cascais on June
4th and 5th.
This is an initiative that aims not only to
contribute to the preparation of the teams
that will take part in the race around the
world, but also to promote the involvement
of European citizens with this very
specific aspect of sailing, also by raising
their awareness of the ambitious (and desired)
green transition, as well as of digital
transformation. Designed to showcase the
best international ocean racing crews at
the highest level in a highly competitive
format, The Ocean Race Europe will see
VO65 and IMOCA 60 class boats and their
crews compete against each other on a route
that will link the North Atlantic coast to
the Mediterranean, via the Bay of Biscay.
The race course will feature four stages,
each worth the same number of points towards
the final classification, with winners
established and prizes awarded in each of
the classes. It will also include two coastal
races, which will also count towards the
final result, one of them being the Mirpuri
Foundation Sailing Trophy, in which The
Ocean Race Europe fleet will join that of
the novel but already very prestigious trophy
created and organised in partnership by
Clube Naval de Cascais and the Mirpuri
Foundation.
EVERYTHING HAPPENS IN CASCAIS
Cascais is, at the same time, the destination
of The Ocean Race Europe’s first stopover
and the headquarters of one of the teams
that will try to conquer The Ocean Race
2022-2023, as it is at Clube Naval de Cascais
that the Mirpuri Foundation Sailing
46
Hippocampus

Sailing Team and its spectacular VO65
class boat (the first to sign up for The
Ocean Race Europe), named “Racing for
the Planet”, have their headquarters. A
team that will battle it out in Portuguese
waters with some of the top international
offshore racing teams.
On land, several public activities will be
carried out, as well as promotional events by
each of the teams. All of this will be done
in strict compliance with the health rules
in force, since the health of the sailors and
the other members of the team, the staff
and the general public is one of the main
priorities of the organisation.
Richard Brisius, Race Director of The
Ocean Race, lists some of the key strengths
of this European leg: “The Ocean Race
Europe will certainly provide us with
fierce competition on the water. But it
is also an opportunity for our wonderful
sport to inspire a higher level of purpose.
We are united in taking every action to
promote the well-being of the oceans,
and look forward to working towards
this with all our friends and partners in
Cascais when we are in Portugal in June”.
Paulo Mirpuri, Founder and Chairman of
the Mirpuri Foundation, one of the main
drivers in bringing The Ocean Race Europe
to Cascais, underlines his satisfaction
with this achievement: “We are proud
to welcome The Ocean Race Europe to
Cascais, and to host its first stopover in
our home port, together with our friends
from Clube Naval de Cascais. This is the
first time that an Ocean Race event has
come to Cascais, having already visited
in Lisbon on previous occasions. This
is the culmination of a huge amount of
work carried out by many parties. We
have worked hard with the race organisers
to bring The Ocean Race Europe to
Cascais, to our hometown, and we will be
sharing many more developments soon.
This will be a spectacular race after such
a difficult year for so many, and we can’t
wait to welcome the fleet to Portugal”.
Miguel Pinto Luz, Vice-Chairman of Cascais
Municipal Council, said: “Cascais is
extremely proud to have been one of the
towns chosen to be one of the ports of call
for The Ocean Race Europe. Sailing is part
of our identity, and hosting the best races
in the world has become a tradition for us.
We consider Cascais the best place to live:
whether for a day, or for a lifetime. And for
sailors, this is paradise... One of the best
places in the world to hold regattas, right
in front of our beautiful bay”.
A statement that Yoann Richomme,
skipper of the Mirpuri Foundation Racing
Team agrees: “It will be an honour to
skipper ‘Racing For The Planet’ and our
crew from my home town in Lorient to
our home port of Cascais next spring. A
place we have seen so many times from
our boat, but never surrounded by such
an incredible fleet. It will be a wonderful
occasion for all involved. There is no
doubt: the Mirpuri Foundation’s passion
for beauty will be felt by all”.
Yvan Zedda
Clube Naval de CASCAIS 47

Club Major Events CNC 2021
SB20 WC
The best in the world
in Cascais
In late August will start
in Cascais the 2021 SB20
World Championship. Yet
another demonstration of the
organisational skills of Clube
Naval de Cascais, the event will
bring to us the best sailors in
the class, who have in Cascais
waters one of their favourite
places to practice the sport. It is
not by chance that this is already
the third time that the world
championship is held on the
“Portuguese Riviera”
The SB20 class was another one of
the most affected by the COVID-19
pandemic. The most recent edition of
the world championship dedicated to
this class was initially scheduled for
2020, but, for reasons well known to
all, it had to be postponed to this year,
being scheduled for the end of summer,
more specifically from 29 August to 3
September.
The choice of venue for the 2021 SB20
World Championship represents a “hat
trick” for Cascais and for the CNC, as
this is no less than the third time the
event will be held on Cascais land and sea.
Everything indicates that the fight to host
the event was fierce, but the close vote
ended up being in favour of our country,
with the World SB20 Class Council
highlighting that the sailors themselves
love the location, also, for its strong winds
and large swell. Considering that this was
great news not only for Portugal, but for
the SB20 class in general.
48
Hippocampus

In what will be its thirteenth edition,
the World SB20 Championship will be
hosted by Clube Naval de Cascais, internationally
recognised for its organizational
skills, both in sporting and social terms.
It is even the body that oversees the class
globally that highlights the substantial
experience that CNCascais holds in carrying
out excellent national and international
regattas, even evoking some of the
major championships that, by tradition,
are part of the club’s sporting calendar,
as TP52, RC44 or Extreme Sailing Series,
not forgetting the very popular and
internationally recognised SB20 Cascais
Winter Series.
The 2021 SB20 World Championship
will be attended by over seventy teams
from fifteen countries, and from locations
as diverse as Australia, Singapore and the
United Arab Emirates. However, it will be
from Europe that the largest delegations
will come, especially from the United
Kingdom, Ireland, Russia and France.
And, of course, Portugal, whose fleet is
expected to include more than thirty boats.
Vasco Serpa, Vice-President of the SB20
Class in Portugal, and a key element in
the development of the class in Portugal,
commented on this subject: “The class has
remained solid in Portugal, with the local
fleet now fast approaching forty boats.
The sporting calendar is normally very
full and attracts numerous foreign crews.
The third SB20 World Championship is
a natural reward for the work that the
class and the Clube Naval de Cascais have
been developing with great success. We
are very excited and very much looking
forward to welcoming the sailors and
their families to the 2021 event”.
Clube Naval de CASCAIS 49

Clube Equipas de Competição do CNC 2020/2021
De pequenino…
Nos dias que correm, para chegar à alta competição desportiva, rara é a modalidade que
não obrigue a que a respectiva prática se inicie na mais tenra idade. A vela não constitui,
naturalmente, excepção, sendo esta uma área em que o Clube Naval de Cascais detém
inequívocos pergaminhos, incomparáveis no nosso país. Tudo tem início nas suas
prestigiadas Equipas de Competição – ou mesmo antes, na Escola de Vela, de onde
provêm todos os seus elementos, alguns dos quais acabaram por tornar-se referências
incontornáveis da vela no nosso país
Éde todos bem conhecido que o Clube
Naval de Cascais, no decorrer dos seus
82 anos de história, em muito contribuiu
para a formação, em Portugal, de atletas
do alto gabarito na vela. Muitos deles são
referências incontornáveis na modalidade,
tendo conquistado títulos de inequívoca
valia, tanto a nível nacional como no plano
internacional, contando o CNC, até ao
momento, com nada menos do que 72
representações nos Jogos Olímpicos. Isto
para não mencionar os vários campeões
europeus e mundiais, em distintas classes,
que deram os primeiros passos na Escola de
Vela do CNC e passaram pelas suas equipas
de competição, ou detêm no seu palmarés
alguns dos mais reputados troféus de vela a
nível mundial.
Só entre os que marcaram presença nas
olimpíadas, podemos encontrar vários nomes
que dispensam apresentações e que iniciaram
a sua carreira na Escola de Vela no CNC.
É o caso de Gustavo Lima (Sidney 2000,
Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e
Rio de Janeiro 2016, sempre na classe Laser);
Afonso Domingos (Sidney 2000 em 49er,
Pequim 2008 e Londres 2012 em Star);
Frederico Pinheiro de Melo (Londres 2012
em Star); Jorge Lima (Pequim 2008, Rio
de Janeiro 2016 e Tóquio 2021 em 49er);
Bernardo Freitas (Londres 2012 em 49er);
Francisco Rebelo de Andrade (Pequim 2008
e Londres 2012 em 49er); e Diana Neves
(Londres 2012 em Match Racing)
O objectivo primordial da Escola de Vela
do CNCascais é transmitir o gosto pela
vela. Do seu modelo de desenvolvimento
do velejador constam metas pré-definidas
a alcançar em cada uma das suas etapas,
50
Hippocampus

Luís Fráguas
sendo a principal a sua formação na área
da vela de uma forma geral, dado que é
sabido que os conceitos técnicos/tácticos
são adquiridos ao longo de um período de
tempo relativamente prolongado, e de forma
contínua e permanente.
Em boa verdade, a escola de vela é indissociável
da vertente da competição, já que
a primeira constitui a base da segunda,
funcionando como porta de entrada para a
prática da modalidade. Cumpre, por isso,
delinear as linhas orientadoras que definem
os objectivos das equipas de competição do
CNC, assim como estabelecer um plano a
médio e longo prazo, criando, deste modo,
uma estratégia para o desenvolvimento dos
atletas. Tanto mais que a Escola de Vela
do CNC é, sem dúvida, a principal e mais
generosa fonte de atletas de alto rendimento
das selecções nacionais de vela.
O primeiro passo para atingir os fins
pretendidos passa pela entrada na escola.
A Escola de Vela procura ser, a cada ano,
mais atractiva, e apresentar um conjunto
de características que sejam apelativas para
quem pretende praticar desporto, ou apenas
uma actividade ao ar livre. Por isso, há que
manter o apelo da escola, através de uma
imagem dinâmica, de uma organização
primorosa e de um programa de qualidade,
Clube Naval de CASCAIS 51

Clube Equipas de Competição do CNC 2020/2021
Augusto Castelo Branco
Francisco Camacho e Felipe Ferreira
Matilde Bandeira aos nove anos de idade
diversificado e equilibrado, para, assim, ir
de encontro às ambições de quem pretende
praticar uma actividade desportiva única e
interessante.
EVOLUÇÃO NATURAL
Após a respectiva entrada na escola de vela,
existe um programa destinado aqueles que
desejam permanecer na modalidade, por
forma a levá-los ao caminho da competição.
Para o efeito, existe, hoje, um rumo bem
definido, que leva os velejadores a subirem
de nível até chegarem a uma classe de pré-
-competição. Ao longo deste percurso, os
alunos vão enfrentando um aumento não
só da exigência dos conteúdos programáticos,
como do número de horas de prática
desportiva.
Para a época 2020-2021, as Equipas de
Competição do CNC integram um total
de 38 velejadores, que o representam nas
classes Optimist, Laser, 420, Hansa 303
e Hansa 2.3. O velejador, actualmente, há
mais tempo nas equipas do clube é Tomas
Gray Vasco, que se iniciou na classe Optimist
e, hoje, continua a competir, mas na Classe
420, fazendo dupla com Sebastião Ramirez,
que também está nas equipas de competição
desde 2015, tendo dado os primeiros passos,
igualmente, na classe Optimist. Também
a atleta Mafalda Cruz está nas equipas de
competição desde 2015, quando se iniciou
na classe Optimist, fazendo hoje parte da
equipa da Classe 420, sendo a atleta feminina
há mais tempo nas Equipas de Competição
do Clube Naval de Cascais.
Tendo em conta que todos os velejadores,
de todas equipas, são considerados fundamentais,
importa dispor de um programa
desportivo equilibrado e que sirva os propósitos
de todos. Tanto dos que desejam seguir
o caminho da alta competição, como dos
restantes, que procuram na vela uma actividade
desportiva/competitiva equilibrada,
saudável e com um foco educacional.
O ano de 2020 foi, certamente, um ano de
muitos e grandes desafios para as Equipas
de Competição do CNCascais, desde logo
devido ao excesso de alterações que foi necessário
introduzir no calendário competitivo,
em consequência do surto pandémico. Porém,
e não obstante este enorme desafio, as
equipas continuaram a obter bons resultados
nas Classes Optimist, Hansa, Laser e 420.
Após a primeira suspensão das actividades,
na Primavera de 2020, as Equipas de Competição
regressaram aos treinos no início
de Maio de 2020, embora com diversas
restrições, nomeadamente a obrigatoriedade
de apenas poderem serem utilizados barcos
individuais, das classes Optimist e Laser, o
que implicou que a equipa de 420 tivesse
que treinar nos Laser Pico cedidos pela
escola de vela. Mas, mesmo sem calendário
competitivo, as equipas do CNC voltaram
a treinar, tentando recuperar o tempo de
treino “perdido” para se alcançar, assim, o
nível desportivo planeado pelos treinadores
para cada qual.
52
Hippocampus

Felipe Ferreira Francisco Cai-Água Cruz José Vozone Fernanda Hoffmann
Equipa Laser Pré-competição
Assim que a situação sanitária melhorou,
e as autoridades de saúde permitiram que
a competição regressasse, o CNC marcou
de imediato presença, e os bons resultados
não se fizeram esperar. Em 2020, na classe
Optimist, Francisco Uva Sancho sagrou-se
Campeão Nacional com 15 anos de idade.
Actualmente, representa o CNC na equipa
de 420, na categoria Juniores Sub17, em
dupla com José Vozone.
Pelo pioneirismo que o CNCascais detém
nesta matéria, era inevitável aqui deixar uma
menção para a Vela Adaptada, cuja equipa
é composta por seis velejadores. Atletas que
se iniciaram na vela através do projecto Vela
sem Limites, e que, após avaliação da equipa
técnica, foram guindados para a competição,
de acordo com as suas qualidades
técnico-tácticas e com a sua capacidade de
compromisso.
Estes elementos cumprem um calendário
anual que inclui treinos todos os Sábados,
provas e campeonatos nacionais, acompanhados
pelo treinador e com apoio total em todas
as deslocações. Na Classe Hansa 303, em
2020, Pedro Reis sagrou-se Vice-Campeão
Nacional, cabendo a quarta posição nesta
competição a Daniel Cunha, ao passo que
Teodoro Cândido alcançou um igualmente
meritório sétimo lugar.
EQUIPA TÉCNICA: A IMPORTÂNCIA
DE (BEM) ORIENTAR
A Equipa Técnica do Clube Naval de Cascais
é formada por treinadores, técnicos e
dirigentes, todos com grande experiência de
formação na modalidade de vela, tanto na
vertente de lazer como na da competição.
Há mais de trinta anos que o CNC tem uma
Escola de Competição, organizada por equipas
e classes, trabalhando permanentemente
na organização e condução dos treinos dos
velejadores e no planeamento de regatas.
Entre as funções da equipa técnica está a
elaboração de um programa anual de actividades,
que inclui um plano de treinos e
Luís Fráguas
a participação em competições, visando o
alcance dos objectivos destinados a cada
equipa que é trabalhada. Cada equipa,
consoante a classe, escalão e experiência,
tem metas globais, e também individuais,
em termos de resultados e de tarefas.
Importa não esquecer que a modalidade
da vela traz benefícios complementares à
formação dos alunos que poucas outras
actividades conseguem oferecer. Devido
às suas características intrínsecas, a vela
reforça valores importantes para a própria
formação humana dos seus praticantes,
como sejam a auto-confiança, a disciplina,
a responsabilidade, o trabalho em equipa,
a socialização, o respeito e preservação do
meio ambiente, e o aprender a superar as
adversidades. Isto na vertente da formação
educacional, já que a sua prática contribui,
de igual modo, para o desenvolvimento da
coordenação motora geral, e especificamente
dos agrupamentos musculares, interagindo,
por isso, de forma benéfica com a formação
psicológica da criança.
Os progressivos níveis de desenvolvimento
dos programas da Escola de Vela e das Equipas
de Competição do CNC contemplam a
preparação dos velejadores para uma longa
e equilibrada carreira desportiva, e em que
são tidos em cuidados com as componentes
externas ao desporto, com especial incidência
nas carreiras académicas de cada um. Aos
nossos treinadores, além do enquadramento
geral que têm de realizar, cumpre-lhes, ainda,
serem modelos desportivos, que transmitam
valores fundamentais, sendo o espírito de
equipa, o amor à camisola e o fair-play os
principais pilares da formação desportiva.
Ao longo de todo o processo, em cada nível
de progresso dos alunos, são redigidos relatórios
e levada a cabo uma avaliação constante
por parte dos treinadores e instrutores do
clube, em conjunto com a equipa técnica.
Esta avaliação tem por base os seguintes
Clube Naval de CASCAIS 53

Clube Equipas de Competição do CNC 2020/2021
Os protagonistas na primeira pessoa
Porventura em qualquer actividade, e, seguramente,
no caso da vela, os melhores avaliadores
de qualquer iniciativa serão, sem dúvida, os seus
destinatários. Por isso, nada melhor do que dar a
palavra a alguns dos mais destacados membros
das Equipas de Competição do Clube Naval de
Cascais, recordando o seu início de carreira,
alguns dos seus principais feitos e a relação
que mantêm com o CNC, e com as próprias
equipas que integram. Sendo notável a forma
como, apesar da sua juventude, provam ter os
seus valores e objectivos tão bem definidos.
Veja-se o caso de Tomás Gray Vasco, há dez anos
nas Equipas de Competição do CNC e, hoje, o
seu velejador mais antigo: “A minha experiência
no CNC começou quando tinha apenas sete
anos, nos Cursos de Verão. Entre diversas
alterações de rumo, mudanças de vento e
tormentas que a vida nos prega, sempre vi
o clube como a minha segunda casa, o lugar
onde mais gosto de passar o meu tempo.
Tomás Gray Vasco aos nove anos de idade
Tenho um grande fascínio pela vela: comecei a
competir com onze anos, na classe Optimist,
onde cumpri quatro épocas, a primeira das quais
na pré-competição. Nessas quatro épocas tive
a oportunidade de participar em diversos campeonatos
internacionais, que me permitiram
evoluir e criar novas amizades, que mantenho
até hoje. Na minha última época nos Optimist, o
clube proporcionou-me a oportunidade de fazer
um intercâmbio com um velejador americano
– só tenho boas recordações dessa viagem e
considero que foi uma experiência única.
Abandonei a classe Optimist com quinze anos
e embarquei com um grande amigo meu para
uma nova classe, os 420. Encontro-me agora
na minha terceira época, uma época com várias
interrupções, devido à pandemia. Nestas três
épocas, que contaram com muitas horas de
Francisco Uva Sancho aos nove anos de idade
mar, estágios, idas à guia e treinos extensos,
conseguimos alcançar uma evolução progressiva
que nos permitiu participar em diversos
campeonatos, como, por exemplo, o Campeonato
do Mundo que decorreu em Vilamoura.
Sem a nossa dedicação e motivação seria
impossível conseguir concretizar os nossos
objectivos. Um dos aspectos que mais me
motiva a velejar em Cascais é o ambiente que
há no CNC: um ambiente de entreajuda, de
trabalho de equipa constante. E, claro, o vento!”.
Não menos relevante, e interessante, o testemunho
de Francisco Uva Sancho, Campeão
Nacional de Optimist em título, graças ao
sucesso alcançado em 2020: “Comecei a
andar à vela aos oito anos, no Clube Naval de
Cascais. Primeiro nos Cursos de Verão, com
um Optimist de latão. Ainda fiz alguns Cursos
de Verão e Primavera e, aos nove anos, comecei
o Curso de Iniciação. Depois, seguiu-se o
Aperfeiçoamento e, logo de seguida, juntei-me
à Equipa de Pré-Competição, com o treinador
Lourenço Empis.
Comecei, então, a realizar algumas provas,
como o Troféu Duarte Bello, e, assim, comecei
a perceber o que era a competição de Vela.
Em Setembro de 2016, enquanto membro da
equipa de Pré-Competição do Clube Naval de
Cascais, fui ao XII Campeonato de Infantis e
Iniciados, em Setúbal.
Depois deste campeonato, juntei-me à Equipa
de Competição de Optimist do Clube Naval
de Cascais, com o treinador João Vidinha. De
início, foi um grande desafio para mim, mas,
ao longo do tempo, fui-me adaptando, porque
os meus colegas de equipa ajudaram-me em
vários aspectos.
Comecei a ir a provas nacionais e internacionais
de um nível mais elevado. Inicialmente, tive
dificuldades, mas fui aprendendo com os meus
erros para não voltar a cometê-los. Desde a
minha primeira época de Optimist (2016-2017)
até à última (2019-2020), fui sempre aprendendo.
Estar numa equipa de competição implica um
grande compromisso, sendo necessário fazer
algumas escolhas. Implica, também, aprender
a gerir o tempo, de forma a conciliar os estudos
com o calendário de treinos e as competições.
Mas a verdade é que estas escolhas acabaram
por dar os seus frutos.
A época de 2019- 2020 foi a minha última época
na classe Optimist. Foi também o ano em que
começou a pandemia. Na Primavera de 2020,
não conseguimos treinar, mas, com a ajuda da
minha equipa, do nosso treinador, o Afonso
Prieto, e do seu irmão João Prieto, consegui
manter o foco.
Em Maio, conseguimos voltar aos treinos e
estive focado, desde o primeiro minuto até ao
último. Os treinos prolongaram-se durante
todo o Verão. A nossa equipa esteve muito
unida, sempre pronta para tudo, e tenho que
agradecer-lhes muito por isso, pois não tenho
dúvidas de que foi devido a esse espírito de
equipa que consegui alcançar os meus objectivos
pessoais.
Finalmente, em Setembro de 2020, o Campeonato
de Portugal de Optimist, em Vilamoura
chegou! Fui sempre pensando regata a regata,
e, no final, o trabalho recompensou, as escolhas
que fiz valeram a pena, e consegui ser Campeão
Nacional de Optimist, o que me permitiu ir ao
Campeonato da Europa de Optimist, na Eslovénia,
dado que o Campeonato do Mundo tinha
sido cancelado, devido à pandemia.
A minha experiência na Eslovénia foi muito
boa, pois era como se fosse um Mundial dentro
de um Europeu. Tive oportunidade de estar
com velejadores de topo, com quem aprendi
bastante, e também de estar integrado numa
Selecção Nacional, a representar o meu país.
Durante todo o meu percurso em Optimist no
Clube Naval de Cascais, sempre contei com o
apoio de todos os meus treinadores, cada um
com o seu estilo, e que me ensinaram muito
sobre andar à vela, andar no mar e estar numa
equipa. Também contei com o apoio do meu
clube, que nos proporcionou muitas experiências
inesquecíveis, muito para além dos Optimist.
Ser campeão nacional é um grande orgulho, mas
não é por isso que vou começar a perder o foco!
Vou continuar a aprender e a melhorar, mas,
acima de tudo, a divertir-me a andar à vela!”.
54
Hippocampus

Tomás Gray Vasco
Francisco Uva Sancho Peter Kemp Francisco Camacho
Peter Kemp
Equipa Vela Sem Limites
Luís Fráguas
parâmetros: conhecimentos técnicos, domínio
e à-vontade no mar e no barco, destreza
física, idade cronológica, maturidade e
comprometimento pessoal.
Adicionalmente, cada treinador tem de ser
capaz de gerir a sua equipa e de lidar com
os objectivos individuais de cada velejador,
ajudando cada atleta a organizar a sua campanha
desportiva, consoante as capacidades
e expectativas de cada qual. Esse processo de
formação na vela, mediante a participação
numa equipa de competição, tem grande
potencial na formação completa do atleta,
já que este usufrui, durante anos, de um
convívio com a sua equipa, que passa pela
descoberta de novos amigos e lugares, de
diferentes cidades e países, permanentemente
aprendendo a superar as dificuldades, com
o apoio da equipa e do seu treinador.
Aos treinadores são ainda exigidos conhecimentos
técnicos e tácticos da classe que
orientam, bem como um bom conhecimento
das regras de regata. Consoante o nível da
equipa, serão ainda tidos em consideração
nos planos de treino os seguintes temas:
preparação física, nutrição, regras de regata
e preparação psicológica.
Para que um velejador possa integrar as
Equipas de Competição do Clube Naval de
Cascais, é necessário, primeiro, ingressar na
Escola de Vela e, claro, gostar de andar a vela,
para que possam progredir no conhecimento
da modalidade. Após avaliação pela equipa
técnica, e indicação para fazer parte de uma
equipa, inicia-se a comunicação para a apresentação
do calendário de actividades com
provas regionais, nacionais e internacionais,
de acordo com cada nível. Por norma, a
época desportiva inicia-se em Setembro e
termina em Junho, com treinos todos o
fins-de-semana e feriados, em consonância
com os calendários escolares.
Clube Naval de CASCAIS 55

Club CNC Competition Teams 2020/2021
Bets to bend while…
Nowadays, to reach the top of the sporting competition, there is rarely a sport that does
not require the practice to begin at a very tender age. Sailing is, naturally, no exception,
and this is an area in which Clube Naval de Cascais holds unequivocal parchments,
unparalleled in our country. It all starts with its prestigious Competition Teams – or even
before, in the Sailing School, from where all of its elements come from, some of which have
become unavoidable references in sailing in our country
José Vozone (10 years old)
It is well known that Clube Naval de Cascais,
over the course of its 82 years of history,
has contributed greatly to the training, in
Portugal, of athletes of the highest calibre
in sailing. Many of them are undeniable
references in the sport, having conquered
titles of unequivocal value, both nationally
and internationally, with the CNC having,
to date, no less than 72 representations in the
Olympic Games. This is not to mention the
various European and world champions, in
different classes, who took their first steps in
the CNC Sailing School and passed through
its competition teams, or have in their portfolio
some of the most reputable sailing
trophies worldwide.
Just among those who were present at the
Olympics, we can find several names that
need no introduction and who began their
careers at the CNC Sailing School. This is
the case of Gustavo Lima (Sydney 2000,
Athens 2004, Beijing 2008, London 2012
and Rio de Janeiro 2016, always in the Laser
class); Afonso Domingos (Sydney 2000
in 49er, Beijing 2008 and London 2012 in
Star); Frederico Pinheiro de Melo (London
2012 in Star); Jorge Lima (Beijing 2008, Rio
de Janeiro 2016 and Tokyo 2021 in 49er);
Bernardo Freitas (London 2012 in 49er);
Francisco Rebelo de Andrade (Beijing 2008
and London 2012 in 49er); and Diana Neves
(London 2012 in Match Racing).
The main objective of the CNCascais Sailing
School is to pass on the love of sailing. Its
model for the development of sailors includes
pre-defined goals to be achieved in each of
its stages, the main one being general sailing
training, given that it is known that technical/
tactical concepts are acquired over a relatively
long period of time, and in a continuous and
permanent way.
In truth, the sailing school is inseparable
from the competition aspect, since the first
constitutes the basis of the second, functioning
as the entrance door to the practice of the
sport. It is necessary, therefore, to establish the
guidelines that define the goals of the CNC
competition teams, as well as to establish a
medium and long-term plan, creating, in this
way, a strategy for the development of the
athletes. All the more so since the CNC Sailing
School is, without a doubt, the main and
most generous source of high-performance
athletes of the national sailing teams.
The first step to achieve the intended goals is
to enter the school. The Sailing School seeks to
be, each year, more attractive, and to present
56
Hippocampus

Equipa Optimist Competição
Mafalda Cruz
a set of characteristics that are appealing to
those who want to practise sport, or just an
outdoor activity. Therefore, it is necessary to
maintain the appeal of the school, through
a dynamic image, an excellent organisation
and a quality, diversified and balanced programme,
in order to meet the ambitions of
those who wish to practise a unique and
interesting sporting activity.
NATURAL EVOLUTION
After entering the sailing school, there is a
programme for those who wish to remain in
the sport, in order to lead them to competition.
To this end, today there is a well-defined
course, which takes sailors up a level until they
reach a pre-competition class. Along this path,
the students face an increase, not only in the
demand of the programme contents, but also
in the number of hours of sports practice.
For the 2020-2021 season, the CNC Competition
Teams integrate a total of 38 sailors,
who represent it in the Optimist, Laser, 420,
Hansa 303 and Hansa 2.3 classes. The sailor,
currently, for the longest time in the club’s
teams is Tomás Gray Vasco, who started in
the Optimist class and, today, continues to
compete, but in the 420 Class, making a
pair with Sebastião Ramirez, who is also in
the competition teams since 2015, having
taken his first steps, also, in the Optimist
class. Also the athlete Mafalda Cruz is in
the competition teams since 2015, when she
started in the Optimist class, being today
part of the 420 Class team, being the longest
female athlete in the Competition Teams of
Clube Naval de Cascais.
Taking into account that all sailors, from
Luís Fráguas
all teams, are considered fundamental, it is
important to have a balanced sports programme
that serves everyone’s purposes. Both
those who wish to follow the path of high
competition, as well as the others, who seek
in sailing a balanced sportive/competitive activity,
healthy and with an educational focus.
The year of 2020 was certainly a year of
many and great challenges for the CNCascais
Competition Teams, due to the excessive
changes that had to be introduced in the
competition calendar, as a result of the pandemic
outbreak. However, and despite this
enormous challenge, the teams continued
to obtain good results in Optimist, Hansa,
Laser and 420 classes.
After the first suspension of activities, in
the spring of 2020, the Competition Teams
returned to training in early May 2020,
although with several restrictions, including
the requirement that only Optimist and Laser
class individual boats could be used, which
implied that the 420 team had to train in
Laser Pico borrowed from the sailing school.
But, even without competitive calendar, the
CNC teams returned to practice, trying to
recover the “lost” training time to achieve,
thus, the sportive level planned by the coaches
for everyone.
As soon as the health situation improved,
and the health authorities allowed the competition
to return, the CNC immediately
marked its presence, and the good results were
quick in coming. In 2020, in the Optimist
class, Francisco Uva Sancho became National
Champion at the age of 15. Currently,
he represents the CNC in the 420 team, in
the Junior Under17 category, paired with
José Vozone.
Due to the pioneer spirit that CNCascais
holds in this matter, it was inevitable to leave
a mention to the Adapted Sailing, whose
team is composed by six sailors. Athletes who
started sailing through the project Sailing
Without Limits, and who, after evaluation
by the technical team, were promoted to
competition, according to their technical
and tactical qualities and their commitment.
These elements comply with an annual calendar
that includes training every Saturday,
competitions and national championships,
accompanied by the coach and with full
support in all their trips. In the Hansa 303
Class, in 2020, Pedro Reis was National
Vice-Champion, with Daniel Cunha taking
Clube Naval de CASCAIS 57

Club CNC Competition Teams 2020/2021
Sebastião Ramirez
fourth place in this competition, while Teodoro
Cândido achieved an equally meritorious
seventh place.
TECHNICAL TEAM: THE IMPORTANCE
OF (GOOD) GUIDANCE
The technical team of Clube Naval de Cascais
is made up of coaches, technicians and
officials, all with great experience in sailing
training, both in leisure and competition.
For more than thirty years that the CNC
has a Competition School, organised by
teams and classes, working permanently in
the organisation and conduction of sailors’
training and in the planning of regattas.
Among the tasks of the technical team is
the preparation of an annual programme
of activities, which includes a training plan
and participation in competitions, aimed at
achieving the goals for the team. Each team,
depending on its class, level and experience,
has global goals, and also individual goals in
terms of results and tasks.
It is important not to forget that the sport
of sailing brings complementary benefits to
the formation of the pupils that few other
activities can offer. Due to its intrinsic characteristics,
sailing reinforces important
values for the proper human formation of its
practitioners, such as self-confidence, discipline,
responsibility, teamwork, socialisation,
respect and preservation of the environment,
and learning to overcome adversities. This
is in terms of educational training, since
its practice also contributes to the development
of general motor coordination, and
specifically of muscle groups, and therefore
interacts beneficially with the psychological
development of the child.
The progressive levels of development of
the programmes of the Sailing School and
the CNC Competition Teams contemplate
the preparation of the sailors for a long and
balanced sporting career, and in which care
is taken with the external components of the
sport, with special emphasis on the academic
careers of each sailor. Our coaches, besides the
general framework that they have to provide,
The protagonists in the first person
Perhaps in any activity, and certainly in the
case of sailing, the best evaluators of any
initiative will undoubtedly be its recipients.
Therefore, nothing better than to give the
word to some of the most prominent members
of the Competition Teams of Clube Naval
de Cascais, remembering the beginning of
their careers, some of their main achievements
and the relationship they have with
the CNC, and with the teams themselves.
It is remarkable how, despite their youth,
they prove to have their values and goals
so well defined.
Take Tomás Gray Vasco, who has been in the
CNC Competition Teams for ten years and is
now its longest-serving sailor: “My experience
at the CNC began when I was only seven years
old, on the Summer Courses. Between various
changes of direction, changes of wind and the
storms that life throws at us, I have always
seen the club as my second home, the place
where I most like to spend my time.
I am fascinated by sailing: I started competing
at the age of eleven, in the Optimist class,
where I completed four seasons, the first of
which was in pre-competition. During those
four seasons I had the opportunity to take
part in various international championships,
which allowed me to develop and create new
friendships, which I still maintain today. In my
last season in Optimist, the club gave me the
opportunity to do an exchange with an American
sailor - I only have good memories of that
trip and I think it was a unique experience.
I left the Optimist class when I was fifteen
and embarked with a good friend of mine
for a new class, the 420. I am now in my third
season, a season with several interruptions
due to the pandemic. In these three seasons,
which included many hours at sea, training
sessions, trips to Guia and extensive training,
we managed to achieve a progressive
evolution that allowed us to participate in
various championships, such as the World
Championship held in Vilamoura.
Without our dedication and motivation, it
would be impossible to achieve our goals.
One of the aspects that most motivates me to
sail in Cascais is the atmosphere at the CNC:
an atmosphere of mutual help, of constant
teamwork. And, of course, the wind!”.
No less relevant, and interesting, is the testimony
of Francisco Uva Sancho, Optimist
National Champion in title, thanks to the
success achieved in 2020: “I started sailing
at the age of eight, at Clube Naval de Cascais.
First in the Summer Courses, with a brass
Optimist. I did some Summer and Spring
Courses and, at the age of nine, I started
the Beginner’s Course. Then followed the
58
Hippocampus

Mafalda Cruz Sebastião Ramirez Tiago dos Santos Max de Groot
are also responsible for being sporting role
models who transmit fundamental values,
with team spirit, love for the team’s colours
and fair-play being the main pillars of sports
training.
Throughout the process, at each level of
the students’ progress, reports are written
and constant evaluation is carried out by
the club’s coaches and instructors, together
with the technical team. This evaluation
is based on the following parameters:
technical knowledge, mastery and ease
at sea and on the boat, physical dexterity,
chronological age, maturity and personal
commitment.
Additionally, each coach must be able
to manage his team and to deal with the
individual objectives of each sailor, helping
each athlete to organise his sporting
campaign, according to the capacities and
expectations of each one. This process of
training in sailing, through participation
in a competition team, has great potential
in the complete training of the athlete,
since they enjoy, for years, a conviviality
with his team, which includes the discovery
of new friends and places, different cities
and countries, permanently learning to
overcome difficulties, with the support of
the team and the coach.
Coaches are also required to have technical
and tactical knowledge of the class they coach,
as well as a good knowledge of the racing
rules. Depending on the level of the team,
the following subjects will also be taken into
consideration in the training plans: physical
preparation, nutrition, racing rules and psychological
preparation.
For a sailor to join the Competition Teams
of Clube Naval de Cascais, it is first necessary
to join the Sailing School and, of course, to
enjoy sailing, so that they can progress in their
knowledge of the sport. After evaluation by the
technical team, and indication to be part of a
team, communication begins for the presentation
of the calendar of activities with regional,
national and international competitions,
according to each level. Normally, the sports
season starts in September and ends in June,
with training every weekend and holidays, in
accordance with the school calendar.
Intermediate Course and soon afterwards I
joined the Pre-Competition Team, with coach
Lourenço Empis.
I then started to do some races, like the
Duarte Bello Trophy, and so I started to
understand what Sailing competition was
all about. In September 2016, as a member
of the Pre-Competition team from Clube
Naval de Cascais, I went to the XII Juniors
Championships in Setubal.
After this championship, I joined Clube Naval
de Cascais Optimist Competition Team, with
coach João Vidinha. At first it was a big challenge
for me, but over time I adapted, because
my teammates helped me in several ways.
I started going to national and international
competitions at a higher level. Initially, I had
difficulties, but I was learning from my mistakes
so as not to make them again. From
my first Optimist season (2016-2017) to the
last one (2019-2020), I was always learning.
Being in a competition team implies a big
commitment and it is necessary to make
some choices. It also implies learning to
manage time, in order to reconcile studies
with the training schedule and competitions.
But the truth is that these choices ended up
paying off.
The 2019-2020 season was my last season
in the Optimist class. It was also the year
when the pandemic started. In the spring
of 2020, we couldn’t train, but with the help
of my team, our coach, Afonso Prieto, and
his brother João Prieto, I managed to stay
focused.
In May, we managed to get back to practice
and I was focused from the first minute to
the last. The training sessions went on all
summer long. Our team was very united,
always ready for everything, and I have to
thank them very much for that, because I have
no doubt that it was due to that team spirit
that I was able to achieve my personal goals.
Finally, in September 2020, the Optimist Portuguese
Championship in Vilamoura arrived!
I kept focusing on regatta by regatta, and, in
the end, the work paid off, the choices I made
paid off, and I managed to become Optimist
National Champion, which allowed me to go
to the Optimist European Championship in
Slovenia, since the World Championship had
been cancelled, due to the pandemic.
My experience in Slovenia was very good, as
it was like a World Cup within a European one.
I had the opportunity to be with top sailors,
with whom I learnt a lot, and also to be part
of a National Team, representing my country.
Throughout my Optimist career at Clube
Naval de Cascais, I always had the support
of all my coaches, each one with their own
style, and who taught me a lot about sailing,
being at sea and being in a team. I also had
the support of my club, which gave us many
unforgettable experiences, apart from the
Optimists.
Being national champion is a great pride,
but it won’t make me start losing focus! I
will keep learning and improving, but most
of all, having fun sailing!”.
Clube Naval de CASCAIS 59

REGATAS
36th America’s Cup/Prada Cup 2021
O MAIS DESEJADO
A America’s Cup é, muito provavelmente, a principal competição que um velejador pode
aspirar disputar e, se possível, vencer. O mais antigo troféu internacional do mundo é,
também, por muitos considerado como um dos três principais eventos desportivos
do planeta. A edição de 2021, 36ª do seu historial, e comemorativa dos 170 anos de vida,
fez jus à tradição e até serviu para inscrever um novo recorde nos anais da prova
Photos: ACE – COR 36 / STUDIO BORLENGHI
Mero sonho para a esmagadora maioria,
realidade somente para alguns
afortunados – de entre os quais apenas uns
quantos eleitos conseguem alcançar a glória.
Nascida em 1851, sendo, por isso, nada menos
do que 45 anos mais antiga do que os Jogos
Olímpicos da era moderna, a America’s Cup
é o pináculo da vela e o mais antigo troféu
internacional da história do desporto – um
dos mais importantes que um velejador pode
aspirar a conquistar. É, também, por muitos
considerada como um dos três maiores eventos
desportivos do planeta, a par das olimpíadas
e da hoje conhecida como The Ocean Race.
Tudo começou quando um consórcio de
empresários de Nova Iorque cruzou o Atlântico
a bordo da escuna America para visitar
a Exposição Universal de Londres de 1851.
Na capital britânica, o barco, com um visual
radical para a época, disputou, em representação
do então recém-criado New York Yacht
Club, uma regata em torno da ilha de Wight,
na costa sul de Inglaterra, promovida pelo
Royal Yacht Squadron, batendo toda a frota
inglesa e reclamando o prémio de cem libras
esterlinas da denominada 100 Guinea Cup.
Nesse dia de Agosto, tudo decorreu sob o
olhar atento da Rainha Vitória, que assistia
do desenrolar o embate. No final, perguntava
a um dos seus acompanhantes quem tinha
ficado em segundo lugar – ao que lhe foi
respondido que tal classificação não existia.
Um episódio que ficou para a história da
America’s Cup, perdurando até hoje, por dizer
bem do espírito da prova, e da sua procura
única pela excelência.
Mais do que o êxito numa regata, este foi
um feito que simbolizou uma marcante vitória
do novo mundo sobre o antigo, um triunfo
que destituiu a Grã-Bretanha enquanto maior
potência marítima incontestada do planeta. A
taça rumou, assim, a terras da jovem democracia
estadounidense, já depois de os mentores
da proeza, liderados por John Cox Stevens,
Comodoro do New York Yacht Club, terem
vendido o America e regressado a casa como
heróis. O troféu foi, naturalmente, entregue
ao clube náutico nova iorquino enquanto
doação (Deed of Gift), a qual estabelecia
que esta passaria a ser uma taça perpétua,
a ser disputada numa competição amigável
entre países – nascia, assim, a America’s Cup,
baptizada em homenagem à tal escuna que
acabaria por ficar para a história.
60
Hippocampus

Uma história tão longa quanto repleta de
feitos. Atente-se, por exemplo, no facto de os
EUA terem aqui iniciado o que viria a tornar-
-se na mais longa série de vitórias da história
do desporto, já que tiveram que passar 132
anos para que um outro país conquistasse o
troféu, com os norte-americanos a defendê-
-lo com êxito durante nada menos de 24
vezes consecutivas. Ao mesmo tempo, a
America’s Cup foi disputada por nove vezes
antes de ser realizada, em Atenas, em 1896,
a primeira edição dos Jogos Olímpicos da era
moderna, fazendo desta a competição desportiva
internacional mais antiga do mundo
ainda em disputa – e, também, a mais difícil
de conquistar, não sendo mais do que quatro
as nações que conseguiram alcançar a vitória
(EUA, Austrália, Nova Zelândia e Suíça).
Ao longo dos anos, a America’s Cup tem
encantado não só velejadores, mas inúmeras
figuras de referência das mais diversas áreas,
como Sir Thomas Lipton, Alan Bond, Sir
T.O.M. Sopwith, Aga Khan, Ted Turner ou
S. Vanderbilt. Os primeiros desafios foram
protagonizados pelo britânico James Ashbury,
enquanto Challenger, que começou
por enfrentar uma frota do New York Yacht
Club (enquanto Defender) ao largo de Staten
Island, em 1870, terminando em décimo entre
dezassete barcos em compita, mas desde logo
assumindo o desafio para a edição seguinte,
no qual se bateu, até no plano jurídico, por
competir apenas contra um barco, e não uma
frota inteira. Então sem êxito, mas a ideia
ficava a medrar.
O Canadá assumiu os dois desafios seguintes,
para ter início, em 1930, a chamada “Era
Lipton”, quando o barão do chá, Sir Thomas
Lipton, foi o Challenger da America’s Cup por
cinco vezes, entre 1899 e 1930, nunca vencendo,
mas dando mostras de um insuperável
desportivismo – que não deixou de fazer valer
a seu favor para desenvolver os seus interesses
nos EUA… O seu desafio final marcou a
estreia dos belíssimos barcos da classe J, dos
quais, hoje, apenas restam, lamentavelmente,
três, que ainda participam em regatas um
pouco por todo o mundo, já que os restantes
foram desmantelados para ajudar ao esforço
de guerra da II Grande Guerra.
Com o final do conflito, a America’s Cup
regressou em 1958, já com os barcos da classe
12 M. Mas houve que esperar por 1983 para
a taça deixar, pela primeira vez, os EUA. O
feito coube ao Australia II, que levou até
terras do Tio Sam uma arma secreta: uma
quilha alada, que a formação dos antípodas
conseguiu manter longe dos olhares alheios
mesmo quando o barco estava fora de água.
A competição foi acérrima, e o resultado final
só ficou decidido na sétima regata, quando o
Liberty, de Dennis Conner, foi batido, permitindo
ao troféu viajar, pela primeira vez, para
fora de território americano, e logo para o outro
lado do mundo. Mas a vingança não tardou a
chegar, e, em 1987, o Fremantle derrotou os
australianos por uns concludentes 4-0.
Tirando partido de uma lacuna existente no
regulamento original, Dennis Conner agendou
o próximo desafio para o ano seguinte, naquela
que foi a primeira edição da America’s Cup
disputada entre barcos diferentes: um enorme
90 pés da Nova Zelândia, e um muito mais
pequeno, e veloz, catamarã norte-americano. A
batalha legal não se fez esperar, mas a contenda
acabou por ser favorável ao Defender. Um
momento menos eficiente para a America’s
Cup, mas que não deixou de acarretar consequências
positivas: em 1988, era introduzida
uma nova classe de barcos, baptizada como
AC (acrónimo de America’s Cup), que passava
a ser se utilização obrigatória por parte de
todos os participantes.
O chamado “Ano dos Kiwi” foi o de 1995,
o primeiro em que a Nova Zelândia conquistou
a America’s Cup, pelas mãos de Sir Peter
Blake e Russell Coutts, ao leme do Black
Magic, assim levando a taça de regresso ao
hemisfério sul, onde se manteria por oito
anos, já que a edição de 2000 voltaria a ser
favorável aos neozelandeses, graças aos mesmos
protagonistas. Simultaneamente, e um século
volvido, a Nova Zelândia era o primeiro país,
além dos EUA, a vencer a Taça América por
duas vezes consecutivas.
Três anos mais tarde, Russell Couts tornava-
-se num verdadeiro mito ao vencer pela terceira
vez consecutiva a America’s Cup (no total,
conta com cinco vitórias no seu palmarés!). Só
que, desta feita, a bordo do Alinghi, com uma
tripulação composta por muitos dos velejadores
que com ele tinham feito equipa nas duas
anteriores edições, e uma organização criada
para o efeito pelo empresário suíço Ernesto
Bertarelli. Bateu a sua antiga formação por
5-0, e esta foi a única vez em que a America’s
Cup veio para a Europa, um indesmentível
motivo de orgulho para a nação helvética, que
defendeu com êxito a sua conquista na edição
seguinte, passando a ser o terceiro pais a vencer
a America’s Cup por duas vezes consecutivas,
embora já sem a presença de Russell Couts,
devido a desentendimentos com o milionário
“patrão” da equipa.
O início da segunda década do segundo milénio
assistiu à chegada dos enormes, evoluídos
e velocíssimos multicascos, que, em 2013,
passaram a constituir a nova classe AC72:
trimarãs capazes de superar os 40 nós, dotados
de hidrofólios no caso do Team New Zealand,
a primeira equipa a trazer tal tecnologia para a
America’s Cup. E, à primeira vista, com sucesso
garantido: lideravam por 8-1 a 34ª edição da
America’s Cup, mas os americanos da Oracle
Team USA nunca se deram por vencidos, e
fizeram história ao vencer por 9-8, o resultado
mais renhido de sempre!
O que não fez esmorecer os neozelandeses:
em 2017, inovavam, mais uma vez, na máxima
extensão permitida pelo regulamento, com
o trimarã AC50, vencendo a America’s Cup
desse ano por uns concludentes 7-1. E assim
se chegou a 2021, o ano que assistiu não só à
estreia do monocasco com hidrofólios AC75,
como ao estabelecer de mais um recorde por
parte da Nova Zelândia.
Contudo, antes que tal pudesse acontecer,
era preciso, primeiro, definir quem iria este
ano defrontar a Emirates Team New Zealand.
Para tal, existe um evento dentro do próprio
evento, em que o Challenger é seleccionado
após um conjunto de regatas que não só têm
como objectivo apurar qual o mais preparado
para disputar o embate final, como garantir
que o fará com a melhor preparação possível.
Algo que ao longo de mais de um século serviu
para identiticar o Defender, mas que só
desde 1970 se aplica também ao Challenger,
por ter sido este o ano em que, pela primeira
vez, houve mais do que um clube a pretender
constituir-se enquanto tal.
Hoje conhecida como Prada Cup, esta
competição é, por si mesma, um espectáculo
fantástico, integrado nesse espectáculo
inimitável que é a America’s Cup. Em 2000,
ainda sob a designação Louis Vuitton Cup,
proporcionou aquelas que foram, porventura,
as duas melhores semanas de regatas na
história da America’s Cup: quando o italiano
Luna Rossa bateu o norte-americano
AmericaOne na final, depois de muitas das
regatas terem sido disputadas com ambos
os barcos somente a escassos metros um do
outro, e permanentes trocas de liderança na
classificação geral.
Clube Naval de CASCAIS 61

Regatas Prada Cup 2021
O caminho para a glória
Desde 1970, o formato da
America’s Cup passou a incluir
uma competição que permite
a vários Challenger lutarem entre
si para definir qual aquele que irá
enfrentar o Defender, ou detentor
do troféu internacional mais
antigo do mundo. Em 2021,
a prova adoptou o nome
de Prada Cup e integrou três
equipas: INEOS Team UK,
do Reino Unido, NYYC American
Magic, dos EUA, e Luna Rossa
Prada Pirelli Team, de Itália.
No arranque, os britânicos
mostraram-se imbatíveis,
mas foram os italianos que
dominaram por completo a final.
Pelo meio, os norte-americanos
viveram um episódio assustador,
felizmente sem consequências
de maior, mas que não deixará
de ter contribuído para o seu
afastamento da prova
Desde que foi introduzido, em 1970, o
actual formato da competição, a hoje
conhecida como Prada Cup é o evento organizado
pelo detentor do troféu (Defender)
para definir qual a equipa (Challenger) que o
desafiará a cada edição da America’s Cup. Tem
vindo a assumir-se, cada vez mais, como um
espectáculo à parte dentro desse espectáculo
único que é a disputa do troféu internacional
mais antigo do desporto, e o ano de 2021 não
fugiu à regra: as três tripulações que se bateram
em Auckland, na Nova Zelândia, de meados
de Janeiro até final de Fevereiro, pela presença
na 36ª edição da America’s Cup, garantiram
que deram o seu tempo por bem empregue
os muitos que não abdicaram de acompanhar
estas fantásticas regatas.
O esquema de funcionamento para apurar o
vencedor é relativamente simples e composto
por três fases. A primeira inclui quatro sessões
e é levada a cabo segundo o método “round
robin” (cada equipa enfrentando cada uma
das outras por quatro vezes), com o vencedor
a ficar automaticamente apurado para a final.
As restantes duas equipas enfrentam-se, depois,
entre si, e a primeira a somar quatro vitórias
apura-se, igualmente, para a final. Final que
é, então, disputada à melhor de sete, e cujo
vencedor é o tão ambicionado Challenger que
irá enfrentar o Defender na America’s Cup
propriamente dita – no caso em apreço, a
equipa Emirates Team New Zealand.
Em 2021, participaram na Prada Cup três
formações, oriundas da Europa e dos EUA,
todas com um passado de respeito na prova.
Criada em 2014, a INEOS Team UK, do
Reino Unido, representava as cores do histórico
Royal Yacht Squadron, tendo como
skipper do Brittania um nome incontornável
da vela: Sir Ben Ainslie, detentor de cinco
medalhas olímpicas, alcançadas em cinco
Jogos Olímpicos consecutivos, e único atleta
no mundo a conquistar quatro medalhas de
ouro consecutivas em outras olimpíadas (Sidney,
Atenas, Pequim e Londres, entre 2000
e 2012). A desempenhar a função de táctico
estava o também medalha de ouro olímpico
Giles Scott, com a equipa, no seu conjunto,
a contar com dezasseis vitórias da America’s
Cup e oito medalhas olímpicas.
A representar o não menos reputado New
York Yacht Club, a equipa NYYC American
Magic tinha em Terry Hutchinson, outra
figura mítica do mundo da vela, o seu líder e
skipper do Patriot, o mesmo nome de baptismo
do barco que venceu a primeira edição da
America’s Cup, em 1851. Numa tripulação
recheada de talento, destaque para o leme
Dean Barker, mais um velejador com larga
experiência na America’s Cup.
Por fim, o Boat 2 foi o barco utilizado
pela equipa Luna Rossa Prada Pirelli Team,
representante do Circolo della Vela Sicilia.
A acompanhar o skipper Max Sirena estava
uma tripulação maioritariamente constituída
62
Hippocampus

Clube Naval de CASCAIS 63

Regatas Prada Cup 2021
por velejadores transalpinos, entre os quais
se destacavam diversos nomes de referência,
alguns deles já bem conhecedores, também,
da costa de Cascais, como Francesco Bruni
ou Vasco Vascotto.
ACÇÃO!
Na primeira ronda da Prada Cup, a INEOS
Team UK foi a única que enfrentou os seus
dois oponentes, vencendo de ambas as vezes:
primeiro a NYYC American Magic, de seguida
a Luna Rossa Prada Pirelli Team. No segundo
dia de regatas, a formação italiana superou a
dos seus congéneres norte-americanos, que
voltaram a ser batidos pelos rivais britânicos,
ao passo que, na terceira ronda, a INEOS
Team UK levou a melhor sobre a Luna Rossa
Prada Pirelli Team, que, por seu turno, venceu
a NYYC American Magic.
Último dia da primeira fase da prova, e mais
dois desaires para os americanos, batidos pelos
seus oponentes, enquanto que, na regata por
ambas disputada, a formação britânica voltou
a superar a italiana.
Contas feitas, a INEOS Team UK contava
por vitórias todas as regatas disputadas, somava
seis pontos e apurava-se directamente para
a final da Prada Cup. A Luna Rossa Prada
Pirelli Team, nunca vencendo os britânicos,
mas batendo sempre os norte-americanos, iria
disputar a meia final com a NYYC American
Magic, equipa que não conseguiu qualquer
vitória nesta fase da competição. Facto para o
qual não terá deixado de concorrer o episódio
porventura menos positivo desta edição da
prova, quando o Patriot se virou na segunda
regata do terceiro dia, causando avultados
danos no barco e pregando um valente susto
a toda a tripulação, que, felizmente, saiu ilesa
do incidente, devido à pronta intervenção e
auxílio tanto das autoridades e serviços de
emergência, como da organização, como
dos seus próprios opositores, incluindo, até, a
equipa Emirates Team New Zealand.
Ainda assim, tal não impediu os representantes
do clube náutico nova iorquino de
marcarem presença na meia final, mesmo que
o espírito a bordo não fosse, previsível e naturalmente,
o melhor, nem sequer as condições
físicas e anímicas, para além de que o barco
exibia sinais evidentes de não estar em plena
forma, sobretudo no que à electrónica diz
respeito. Também por isso, não foram precisos
mais do que dois dias de competição para que
a Luna Rossa Prada Pirelli Team contasse por
vitórias as quatro regatas disputadas, deixando
fora de prova a combalida formação da NYYC
American Magic e garantindo o seu lugar na
final da Prada Cup.
Tendo em conta o desempenho inicial da
equipa capitaneada por Sir Ben Ainslie, muitos
apontavam-na como a principal candidata a
vitória, e o mínimo que se esperava era que
64
Hippocampus

a final da Prada Cup fosse acerrimamente
disputada, ou, a haver um dominador, que
fosse a formação britânica. Contudo, e não
sem alguma surpresa, foi exactamente o oposto
que sucedeu: a Luna Rossa Prada Pirelli Team
venceu as duas regatas tanto no primeiro como
no segundo dia; no terceiro dia, a ausência de
vento não permitiu a realização de regatas; ao
quarto dia, os italianos venceram a primeira
regata, e permitiram aos seus rivais a marcação
do seu ponto de honra na segunda; e, no
quinto e derradeiro dia, fizeram, mais uma
vez, o pleno, batendo INEOS Team UK por
7-1. Uma vitória tão saborosa quanto meritória
na Prada Cup, mas que não era mais do
que o início da história: poucos dias depois,
a Luna Rossa Prada Pirelli Team iniciaria a
mais apetecida aventura, aquela a que se verdadeiramente
se havia proposto, enfrentando
a Emirates Team New Zealand na 36ª edição
da America’s Cup.
Clube Naval de CASCAIS 65

Regatas 36th America’s Cup
O troféu mais desejado
Troféu internacional mais antigo
do mundo, e considerado um dos
três maiores eventos desportivos
do planeta, a America’s Cup
disputa-se desde 1851, com
a edição deste ano, a 36ª do
seu historial, a ser aquela que
celebrou, também, os longos
170 anos de vida da competição.
Como é da tradição, foi disputada
na terra natal do Defender,
ou detentor do troféu, no caso
Auckland, na Nova Zelândia,
sede da equipa Emirates Team
New Zealand
Aformação kiwi, em representação
do Royal New Zealand Yacht Squadron,
foi capitaneada por Peter Burling,
skipper e leme do Te Rehutai, o evoluído e
extremamente veloz monocasco AC75 com
hidrofólios que protagonizou esta edição
da prova. Uma equipa plena de tradição
e pergaminhos, na qual pontificaram
referências absolutas da vela, como Sir
Peter Blake, Russel Couts, Dean Barker
ou Glenn Ashby, e que foi a única não
norte-americana, desde 1851, a conquistar
o troféu e a ser bem sucedida na sua
defesa por duas vezes, feito primeiramente
alcançado em 1995-2000, e agora repetido
em 2017-2021 (a suíça Société Nautique
de Genève também foi repetente em
vitórias consecutivas na America’s Cup,
em 2003-2007).
A enfrentar a equipa dos antípodas estiveram
os italianos da Luna Rossa Prada
Pirelli Team, vencedores da Prada Cup,
em que bateram a INEOS Team UK,
do Reino Unido. A bordo do Boat 2, e
representando o Circolo della Vela Sicilia,
o skipper Max Sirena tinha por companhia
uma tripulação maioritariamente constituída
por italianos, e em que pontuava
66
Hippocampus

várias referências da vela ao mais alto nível,
como Francesco Bruni ou Vasco Vascotto.
As regatas da 36th America’s Cup disputaram-se
no Golf de Hauraki, ao largo
da capital neo-zelandesa, com o troféu a
caber à equipa que primeiro alcançasse
quatro vitórias. Como em todas as regatas,
e mais ainda na America’s Cup, em que
estas tendem a ser extraordinariamente
renhidas, a preparação para a largada é
fundamental, já que um bom início é,
por norma, essencial para cruzar a linha
de chegada na frente. De recordar que
os AC75 são barcos extremamente evoluídos,
capazes de alcançar velocidades
de tirar a respiração, e de proporcionar
uma disputa extremamente acérrima e
próxima, que há não muito tempo atrás
se julgava impossível para barcos capazes
de navegar a velocidades tão elevadas, tal
a sua fantástica manobrabilidade.
No arranque para a 36th America’s Cup,
alguns factores mereciam ser levados em
consideração. Por exemplo, o facto da
equipa Luna Rossa Prada Pirelli Team
contar já com dezasseis regatas disputadas
em águas neo-zelandesas desde Dezembro,
contra apenas seis da Emirates Team New
Clube Naval de CASCAIS 67

Regatas 36th America’s Cup
Zealand. Mais experiência, mas um desgaste
físico eventualmente superior, para
a formação italiana; o oposto para os velejadores
da tripulação da Nova Zelândia.
Por outro lado, os analistas consideravam
que os italianos seriam mais fortes
com condições de vento fraco, e os seus
adversários os mais preparados caso o
vento soprasse com maior intensidade.
Curiosamente, as previsões meteorológicas
apontavam para condições variáveis,
capazes de favorecer, a espaços, o melhor
desempenho de qualquer das tripulações.
O que obrigava, por seu turno, a redobradas
atenções por parte dos seus membros,
na tentativa de antecipar essas mudanças
das condições de vento e, assim das mesmas
tirar o melhor partido possível. Do
que ninguém tinha dúvidas era que a
primeira regata tenderia a ser crucial para
o resultado final.
HOSTILIDADES ABERTAS
Dia 10 de Março de 2021: primeiro dia
de prova da 36th America’s Cup, primeira
regata disputada, com vento a soprar com
uma intensidade de 10-12 nós. Para que se
tenha uma noção da performance destes
barcos, atente-se que o Te Rehutai, da
Emirates Team New Zealand, abordou
a linha de partida a nada menos do que
44 nós! Ganhou ligeira vantagem sobre a
equipa italiana, que nunca mais perdeu,
assim alcançando a sua primeira vitória
na prova, e mais uma vez dando razão
aqueles que defendem que um bom início
pode ser determinante.
Segunda regata do dia, e os papéis alteraram-se.
A formação do Boat 2 foi
mais lesta na partida, manteve-se sempre
na dianteira, mesmo que com diminuta
vantagem, e empatava a classificação
com uma renhida, mas merecida e muito
saborosa vitória. A diferença, no final, foi
de apenas sete segundos, provando que, a
este nível, não existe margem para erros.
Passados dois dias, as equipas voltaram à
água, para cumprir mais dois embates, com
resultado idêntico no final, uma vitória
para cada, ainda que por ordem inversa
à da ronda inicial: a Luna Rossa Prada
Pirelli Team levou a melhor na primeira,
os seus rivais foram quem cruzou a linha
de chegada na frente na segunda. Tudo
empatado, pois, à entrada para o terceiro
dia de competição, e as coisas voltaram a
não se alterar: vitória italiana na primeira
68
Hippocampus

egata, sendo a segunda vencida pelos
neo-zelandeses, para um empate a três na
classificação geral.
Mais um dia de interregno, desta feita
devido à ausência de vento, e as hostilidades
reabriram no dia seguinte, aquele
em que o rumo da prova, definitivamente,
mudou. O Defender alcançou a primeira
posição em ambas as regatas, abrindo uma
diferença de dois pontos na classificação
e colocando toda a pressão do lado da
formação transalpina. No dia seguinte,
mais uma vez por via das condições meteorológicas,
só foi cumprida a primeira
regata programada, e o Emirates Team
New Zealand voltou a vencer, deixando a
Luna Rossa Prada Pirelli Team em situação
difícil, ao ficar a apenas uma vitória do
sucesso mais ambicionado. Que chegou
no último dia de prova, já que, à décima
regata disputada, os detentores do troféu
venceram mais uma vez, batendo a concorrência
com um concludente 7-3 final, e
assim mantendo-o em sua posse durante,
pelo menos, mais quatro anos.
Se uma vitória da America’s Cup já é
algo de que qualquer praticante de vela,
natural e justamente, se orgulhará, com
o êxito alcançado em 2021, a Emirates
Team New Zealand alcançou mais um
feito único: ser a primeira equipa não
americana, e logo pela segunda vez, a
conquistar e manter o troféu em sua
posse. Dúvidas não restando de que,
daqui por quatro anos, tudo fará para
assinalar um terceiro marco na competição:
vencer por três vezes consecutivas
a America’s Cup
Clube Naval de CASCAIS 69

REGATTAS
36th America’s Cup/Prada Cup 2021
THE MOST WANTED
The America’s Cup is, most certainly, the main competition that a sailor can aspire to compete
in and, if possible, win. The oldest international trophy in the world is also considered
by many to be one of the three main sporting events on the planet. The 2021 edition,
the 36th in its history and commemorating its 170th anniversary, lived up to tradition
and even saw a new record set in the annals of the event
Fotos: ACE – COR 36 / STUDIO BORLENGHI
Amere dream for the overwhelming
majority, reality only for a fortunate
few - among whom only a select few manage
to achieve glory. Born in 1851, and therefore
only 45 years older than the modern Olympic
Games, the America’s Cup is the pinnacle
of sailing and the oldest international trophy
in the history of the sport - one of the
most important that a sailor can aspire to
win. It is also widely regarded as one of the
three greatest sporting events on the planet,
alongside the Olympics and what is now
known as The Ocean Race.
It all began when a consortium of New
York businessmen crossed the Atlantic
aboard the schooner America to visit the
1851 Universal Exhibition in London. In
the British capital, the boat, which looked
radical for the time, represented the then
recently founded New York Yacht Club
in a race around the Isle of Wight, off the
south coast of England, organised by the
Royal Yacht Squadron, beating the entire
English fleet and claiming the £100 prize
of the so-called 100 Guinea Cup.
On that August day, everything took place
under the watchful eye of Queen Victoria,
who watched the battle unfold. At the end,
she asked one of her companions who had
come second - to which she was told that
there was no such classification. An episode
that went down in America’s Cup history,
lasting until today, as it speaks well of the
spirit of the competition, and its unique
search for excellence.
More than just success in a regatta, this
was an achievement that symbolised a remarkable
victory of the new world over the
old, a triumph that ousted Great Britain as
the greatest undisputed sea power on the
planet. The cup thus headed for the lands
of the young American democracy, after the
masterminds of the feat, led by John Cox
Stevens, Commodore of the New York Yacht
Club, had sold the America and returned
home as heroes. The trophy was, naturally,
given to the New York Yacht Club as a gift
(Deed of Gift), which established that this
would become a perpetual cup, to be played
in a friendly competition between countries
- the America’s Cup was born, named after
the schooner that would go down in history.
A history as long as it is full of achievements.
Take, for example, the fact that the
70
Hippocampus

USA started what would become the longest
winning streak in sporting history, as it
took 132 years for another country to win
the trophy, with the Americans successfully
defending it for no fewer than 24 consecutive
times. At the same time, the America’s
Cup was contested nine times before the
first Olympic Games of the modern era
were held in Athens in 1896, making it the
oldest international sporting competition in
the world still in contention - and also the
most difficult to win, with no more than
four nations having managed to achieve
victory (USA, Australia, New Zealand and
Switzerland).
Over the years, the America’s Cup has
enchanted not only sailors but also many
leading figures from the most diverse areas,
such as Sir Thomas Lipton, Alan Bond, Sir
T.O.M. Sopwith, Aga Khan, Ted Turner
and S. Vanderbilt. The first challenges
were led by the British James Ashbury, as
Challenger, who began by facing a fleet from
the New York Yacht Club (as Defender)
off Staten Island, in 1870, finishing tenth
out of seventeen boats in competition, but
immediately taking up the challenge for
the next edition, in which he fought, even
legally, to compete against only one boat,
and not an entire fleet. So, without success,
but the idea was still alive.
Canada took on the next two challenges,
only to have the so-called “Lipton Era” begin
in 1930, when the tea baron, Sir Thomas
Lipton, was the Challenger of the America’s
Cup five times between 1899 and 1930,
never winning, but showing unsurpassed
sportsmanship - which he did not fail to
use to his advantage to develop his interests
in the USA... His final challenge marked
the debut of the beautiful J Class boats,
of which, today, unfortunately, only three
remain, still participating in races all over
the world, as the others were scrapped to
help in World War II.
With the end of the conflict, the America’s
Cup returned in 1958, with the 12 M class
boats. However, it was not until 1983 that
the America’s Cup left the USA for the first
time. Australia II took a secret weapon to
the land of Uncle Sam: a winged keel, which
the Antipodean team managed to keep out
of sight even when the boat was out of the
water. The competition was fierce, and the
final result was only decided in the seventh
race, when Dennis Conner’s Liberty was
beaten, allowing the trophy to travel for
the first time outside American territory,
and to the other side of the world. Revenge
was soon to come, however, and in 1987
Fremantle beat the Australians 4-0.
Taking advantage of a loophole in the
original regulations, Dennis Conner scheduled
the next challenge for the following
year, in what was the first America’s Cup
to be contested between different boats: a
huge 90-footer from New Zealand, and a
much smaller, and faster, North American
catamaran. The legal battle was not long in
coming, but the contest eventually went in
Defender’s favour. A less efficient moment
for the America’s Cup, but one that had
positive consequences: in 1988, a new class
of boats was introduced, baptized AC (an
acronym for America’s Cup), which became
mandatory for all participants.
The so-called “Year of the Kiwi” was
1995, the first time New Zealand won the
America’s Cup, under Sir Peter Blake and
Russell Coutts, at the helm of the Black
Magic, thus bringing the cup back to the
southern hemisphere, where it would remain
for eight years, since the 2000 edition would
again be in favour of the New Zealanders,
thanks to the same players. At the same time,
a century later, New Zealand became the
first country other than the USA to win the
America’s Cup on two consecutive occasions.
Three years later, Russell Couts would become
a true myth by winning the America’s
Cup for the third time in a row (he has a total
of five victories under his belt!). Only this
time, aboard Alinghi, with a crew composed
of many of the sailors who had teamed up
with him in the two previous editions, and
an organisation created for the effect by the
Swiss businessman Ernesto Bertarelli. He
beat his old crew by 5-0, and this was the
only time that the America’s Cup came to
Europe, an undeniable source of pride for
the Swiss nation, who successfully defended
their victory in the following edition, becoming
the third country to win the America’s
Cup twice in succession, although without
Russell Couts, due to disagreements with
the millionaire “boss” of the team.
The beginning of the second decade of
the second millennium saw the arrival of
the huge, evolved and very fast multihulls,
which, in 2013, became the new AC72
class: trimarans capable of over 40 knots,
equipped with hydrofoils in the case of Team
New Zealand, the first team to bring such
technology to the America’s Cup. And, at
first sight, with guaranteed success: they
led 8-1 in the 34th edition of the America’s
Cup, but the Americans of Oracle Team
USA never gave up, and made history by
winning 9-8, the closest result ever!
The New Zealanders were not discouraged:
in 2017, they innovated once again in the
maximum length allowed by the regulations,
with the AC50 trimaran, winning
the America’s Cup that year by a conclusive
7-1. And so it was 2021, the year that saw
not only the debut of the AC75 hydrofoil
monohull, but also the setting of another
record by New Zealand.
The New Zealanders were not discouraged:
in 2017, they innovated once again in the
maximum length allowed by the regulations,
with the AC50 trimaran, winning the
America’s Cup that year by a whopping 7-1.
And so it came to 2021, the year that saw
not only the debut of the AC75 hydrofoil
monohull, but also the setting of another
record by New Zealand.
However, before this could happen, it was
first necessary to define who would face
Emirates Team New Zealand this year.
For this purpose, there is an event within
the event itself, in which the Challenger is
selected after a series of races that not only
have the objective of determining which
is best prepared to face the final match,
but also to guarantee that they will do so
with the best possible preparation. Something
that for over a century has served to
identify the Defender, but only since 1970
also applies to the Chalenger, because this
was the year in which, for the first time,
there was more than one club wanting to
be established as such.
Now known as the Prada Cup, this competition
is in itself a fantastic show, part of
that inimitable show that is the America’s
Cup. In 2000, still under the Louis Vuitton
Cup name, it provided what were perhaps
the two best weeks of racing in America’s
Cup history: when the Italian Luna Rossa
beat the American AmericaOne in the final,
after many of the races were fought with
both boats only a few metres from each
other, and permanent exchanges of lead
in the overall standings.
Clube Naval de CASCAIS 71

Regattas Prada Cup 2021
The path to glory
Since 1970, the America’s
Cup format has included a
competition that allows several
Challenger teams to race against
each other to determine which
team will face Defender, or the
holder of the oldest international
trophy in the world. In 2021, the
race took the name of Prada Cup
and included three teams: INEOS
Team UK from the UK, NYYC
American Magic from the USA,
and Luna Rossa Prada Pirelli
Team from Italy. The British were
unbeatable at the start, but it
was the Italians who completely
dominated the final. In between,
the Americans experienced a
frightening episode, fortunately
without major consequences,
but still contributed to their
withdrawal from the race.
Since the current format of the competition
was introduced in 1970, the
event known today as the Prada Cup has
been organised by the Defender to determine
which team (Challenger) will challenge
him at each edition of the America’s
Cup. It has increasingly become a show
apart within that unique event that is the
contest for the oldest international trophy
in the sport, and 2021 was no exception:
the three crews that battled in Auckland,
New Zealand, from mid-January to the
end of February, for the 36th edition of
the America’s Cup, guaranteed that they
gave their time well spent to the many
who didn’t give up following these fantastic
races.
The scheme of operation to determine
the winner is relatively simple and consists
of three phases. The first comprises four
sessions and is carried out in a round robin
fashion (each team facing each other four
times), with the winner automatically
qualifying for the final. The remaining
two teams then face each other, with the
first team to record four wins also qualifying
for the final. The final is then best
of seven and the winner is the Challenger
who will face Defender in the America’s
Cup itself - in this case Emirates Team
New Zealand.
In 2021, three teams took part in the
Prada Cup, from Europe and the USA,
all with a respectable history in the event.
Set up in 2014, INEOS Team UK, from
the United Kingdom, represented the
colours of the historic Royal Yacht Squadron,
with Brittania’s skipper being an
inescapable name in sailing: Sir Ben
Ainslie, holder of five Olympic medals,
won in five consecutive Olympic Games,
and the only athlete in the world to win
four consecutive gold medals in other
Olympics (Sydney, Athens, Beijing and
London, between 2000 and 2012). Filling
the role of tactician was fellow Olympic
gold medallist Giles Scott, with the team
as a whole boasting sixteen America’s Cup
wins and eight Olympic medals.
Representing the no less reputable New
York Yacht Club, the NYYC American
Magic team had in Terry Hutchinson,
another mythical figure of the sailing
world, its leader and skipper of the Patriot,
the same name as the boat that won the
first edition of the America’s Cup in 1851.
In a crew full of talent, highlight to the
helm Dean Barker, another sailor with
extensive experience in the America’s Cup.
Finally, Boat 2 was the boat used by the
Luna Rossa Prada Pirelli Team, representing
Circolo della Vela Sicilia. Accompanying
skipper Max Sirena was a crew
mostly made up of trans-Alpine sailors,
among whom were several big names, some
of them already well acquainted with the
Cascais coast, such as Francesco Bruni
and Vasco Vascotto.
ACTION!
In the first round of the Prada Cup,
INEOS Team UK was the only one to
face its two opponents, winning both
times - first NYYC American Magic, then
Luna Rossa Prada Pirelli Team. On the
second day of racing, the Italian line-up
beat their North American counterparts,
who were again beaten by their British
rivals, while in the third round INEOS
Team UK got the better of Luna Rossa
Prada Pirelli Team, who in turn beat
NYYC American Magic. Last day of
the first phase of the race, and two more
losses for the Americans, beaten by their
opponents, while, in the race for both, the
British team again beat the Italian team.
INEOS Team UK won all its races,
72
Hippocampus

Clube Naval de CASCAIS 73

Regattas Prada Cup 2021
gained six points and qualified directly
for the final of the Prada Cup. Luna
Rossa Prada Pirelli Team, never beating
the British team, but always beating the
Americans, would dispute the semi final
with NYYC American Magic, a team
that didn’t get any victory at this stage
of the competition. A fact that must have
contributed to the less positive episode of
this edition of the race, when the Patriot
capsized in the second race of the third
day, causing major damage to the boat
and scaring the crew, who fortunately
came out unharmed due to the prompt
intervention and help from the authorities
and emergency services, as well as from the
organisation and its opponents, including
Emirates Team New Zealand.
Even so, this did not prevent the representatives
of the New York sailing club from
reaching the semi-final, even if the spirit on
board was not, predictably and naturally,
the best, nor were the physical and mental
conditions, adding to the fact that the boat
showed clear signs of not being fully fit,
especially when it came to electronics. Also
because of this, it did not take more than
two days of competition for the Luna Rossa
Prada Pirelli Team to win all four races, leaving
the NYYC American Magic out of the
race and guaranteeing its place in the final
of the Prada Cup.
Given the initial performance of Sir Ben
Ainslie’s team, many expected them to be
the main contenders for victory, and the
Prada Cup final was expected to be fiercely
contested to say the least, or, if there was to
be a dominator, it would be the British team.
However, and not without some surprise, the
exact opposite was the case: the Luna Rossa
Prada Pirelli Team won both races on day
one and two; on day three, the lack of wind
meant no races could be held; on day four, the
Italians won the first race, and allowed their
rivals to score their point of honour on the
second; and on the fifth and final day, they
once again made the plan, beating INEOS
Team UK 7-1. A victory as tasty as it was
meritorious in the Prada Cup, but that was
no more than the beginning of the story: a
few days later, the Luna Rossa Prada Pirelli
Team would start the most craved adventure,
the one they had truly set out to accomplish,
taking on Emirates Team New Zealand in
the 36th edition of the America’s Cup.
74
Hippocampus

Clube Naval de CASCAIS 75

Regattas 36th America’s Cup
The most coveted trophy
The oldest international trophy
in the world, and considered
one of the three greatest
sporting events on the planet,
the America’s Cup has been
held since 1851, and this year’s
edition, the 36th in its history,
was also the one that celebrated
the long 170 years of life of the
competition. As is tradition, it
was held in the birthplace of the
Defender, or holder of the trophy,
in this case Auckland, in New
Zealand, home of the Emirates
Team New Zealand.
The Kiwi crew, representing the Royal
New Zealand Yacht Squadron, was
captained by Peter Burling, skipper and helm
of Te Rehutai, the advanced and extremely
fast AC75 monohull with hydrofoils that was
the protagonist of this edition of the race. A
team full of tradition and honours, in which
absolute references of sailing, such as Sir Peter
Blake, Russel Couts, Dean Barker or Glenn
Ashby, have distinguished themselves, and
was the only non-American, since 1851, to
win the trophy and to be successful in its
defence twice, a feat first achieved in 1995-
2000, and now repeated in 2017-2021 (the
Swiss Société Nautique de Genève was also
a repeated winner of consecutive victories in
the America’s Cup, in 2003-2007).
Facing the antipodean team were the Italians
of Luna Rossa Prada Pirelli Team, winners of
the Prada Cup, where they beat INEOS Team
UK, from the United Kingdom. On board of
Boat 2, and representing Circolo della Vela
Sicilia, skipper Max Sirena had as company
a crew mostly constituted by Italians, and in
which scored several references of sailing at
the highest level, such as Francesco Bruni or
Vasco Vascotto.
The 36th America’s Cup regattas were held
at Hauraki Gulf, around the New Zealand
capital, with the trophy going to the team that
first achieved four wins. As in all races, and
even more so in the America’s Cup, where they
tend to be extraordinarily close, preparation
for the start is fundamental, as a good start
is usually essential to cross the finish line in
first. Remember that the AC75s are highly
evolved boats capable of breath-taking speeds
and provide an extremely close and fierce race
that was thought impossible not so long ago
for boats capable of navigating at such high
speeds, given their fantastic manoeuvrability.
At the start for the 36th America’s Cup,
some factors deserved to be taken into consideration.
For example, the fact that the Luna
Rossa Prada Pirelli Team has already sailed
sixteen races in New Zealand waters since
December, compared to only six for Emirates
Team New Zealand. More experience, but
possibly more physical fatigue, for the Italian
team; the opposite for the sailors of the New
Zealand crew.
On the other hand, the analysts considered
that the Italians would be stronger in light
wind conditions, and their opponents would
be better prepared if the wind was stronger.
Curiously, the weather forecasts pointed to
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Hippocampus

Clube Naval de CASCAIS 77

Regatas 36th America’s Cup
variable conditions, capable of favouring, at times,
the best performance of any of the crews.
This, in turn, meant that the crew members
had to pay extra attention to anticipating these
changing wind conditions in order to make
the most of them. What nobody questioned
was that the first race would tend to be crucial
to the final result.
OPEN HOSTILITIES
March 10th, 2021: the first day of the 36th
America’s Cup, the first race, with the wind
blowing at 10-12 knots. To give you an idea
of the performance of these boats, Te Rehutai,
from Emirates Team New Zealand, approached
the starting line at no less than 44 knots!
They gained a slight advantage over the Italian
team, which never lost, thus achieving its first
victory in the race, and once again giving
reason to those who argue that a good start
can be decisive.
Second race of the day, and the roles changed.
Boat 2 was quicker at the start, kept ahead,
even with a small advantage, and tied the
classification with a close, but well deserved
and very tasty victory. The difference, in the
end, was only seven seconds, proving that, at
this level, there is no margin for error.
After two days, the teams were back on the
water for two more races, with identical results
at the end, one victory each, but in reverse
order of the first round: the Luna Rossa Prada
Pirelli Team took the lead in the first, their
rivals crossing the finish line in the second. All
tied, going into the third day of racing, and
things remained unchanged: Italian victory
in the first race, the second won by the New
Zealanders, for a three-way tie in the overall
standings.
Another day of interruption, this time due to
the lack of wind, and the hostilities reopened
the next day, the one where the course of the
race definitely changed. The Defender took
first place in both races, opening a two-
-point difference in the classification and
putting all the pressure on the transalpine
team. The following day, again due to the
weather conditions, only the first scheduled
race was completed, and Emirates Team New
Zealand won again, leaving the Luna Rossa
Prada Pirelli Team in a difficult situation, as
they were only one win away from their most
wanted success. That came on the last day of
the race, since, in the tenth race, the holders
of the trophy won once again, beating the
competition with a conclusive 7-3 final, and
thus keeping it in their possession for at least
another four years.
If winning the America’s Cup is already
something to be proud of for any sailor, and
rightly so, with the success achieved in 2021,
Emirates Team New Zealand has achieved
another unique feat: becoming the first non-
-American team, and for the second time, to
win and keep the trophy in their possession.
There is no doubt that in four years time they
will be doing everything they can to reach a
third milestone in the competition: winning
the America’s Cup three times in a row.
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Hippocampus

Clube Naval de CASCAIS 79

Clube Escola de Vela Mirpuri Foundation 2021
Imparável
Depois de, em ano tão sui generis, a Escola de Vela Mirpuri Foundation,
do Clube Naval de Cascais, ter dado mostras de uma invejável vitalidade, 2021 promete
voltar a constituir um êxito, pelo menos, equiparável. Há várias novidades para
descobrir, mas algo que não se altera: a qualidade da formação e a garantia
de que a vela pode, e deve!, ser algo extremamente divertido
Fotos: LUÍS FRÁGUAS
Mesmo num ano como o de 2020,
absolutamente atípico, e marcado
de forma indelével pela incerteza e pelo
receio, a dedicada equipa da Escola de Vela
Mirpuri Foundation, do Clube Naval de
Cascais, não baixou os braços, bem pelo
contrário!, e deu o máximo de si para
proporcionar a melhor oferta de cursos, e
a mais gratificante experiência para aqueles
que os frequentaram. E os resultados
não podiam ter sido mais encorajadores:
em ano de plena pandemia, um dos mais
inovadores clubes náuticos do país, cuja
escola é certificada pela Federação Portuguesa
de Vela como Escola de Vela Gold,
recebeu perto de um milhar de alunos,
entre crianças, jovens e adultos, decididos a
não perderem a oportunidade de aprender
a velejar e a experimentar barcos de diversas
classes, sempre com muita diversão.
E fosse qual fosse a intensidade do vento,
pois, quando as condições climatéricas
não ajudam, também são utilizados os
caiaques e o standup paddle, óptimas
ferramentas para o desenvolvimento de
uma melhor adaptação aquática para as
actividades náuticas.
Em face deste êxito, para 2021, a empenhada
equipa da Escola de Vela Mirpuri
Foundation cedo meteu mãos à obra,
criando um calendário de cursos que,
seguramente, a todos garantirá dias muito
bem passados, com muita actividade,
grande animação e uma forte aposta na
pedagogia – traduzida numa aprendizagem
de qualidade para todas as faixas
etárias, e para todas as nacionalidades,
também porque sempre levando em conta
tanto as necessidades individuais como
o bem-estar colectivo (não esquecendo,
naturalmente, o rigoroso cumprimento de
todas as normas e determinações emanadas
80
Hippocampus

pelas autoridades de saúde, e em vigor à
data da respectiva realização). Afinal de
contas, o Clube Naval de Cascais sabe
bem que a escola de vela está no cerne da
sua actividade, por ser na mesma que se
inicia a formação dos futuros velejadores,
e a integração entre as famílias, para tal
contando com o apoio permanente de
parceiros como a Câmara Municipal de
Cascais e a Mirpuri Foundation.
Como habitualmente, nestes cursos, a
principal componente das actividades
náuticas desenvolvidas é a vertente lúdica,
para que todos gostem de velejar,
tendo como principal lema o conceito
de vela para todos, não sendo necessário
deter qualquer tipo de experiência na
modalidade para frequentá-los, uma
vez que os alunos recebem a aprendizagem
do conteúdo básico da vela num
ambiente lúdico e que tem marcado a
tradição do desporto em Portugal, e
muito particularmente da vela, há mais
de 80 anos. Tudo apoiado na melhor
estrutura do país em termos de barcos
e materiais náuticos, e em instalações
de referência, com duas rampas de fácil
acesso ao mar.
O REGRESSO ÀS AULAS…
Assim sendo, individualmente ou em grupo,
até mesmo em família, seja de forma conjunta
ou distribuída por diferentes grupos,
em 2021, os Optimist, Laser Pico, Sunfish,
Raquero, Sprinto e Laser Bahia (além do
windsurf, para todas as faixas etárias) aí
estão para voltar a fazer as delícias dos
que pretendem iniciar-se na vela – sempre
acompanhados por um barco de apoio com
um treinador, para garantir a orientação e a
segurança no mar. Tratam-se de excelentes
programa para as férias, dado que os alunos
estão sempre ao ar livre, próximos ao mar,
Clube Naval de CASCAIS 81

Clube Escola de Vela Mirpuri Foundation 2021
82
Hippocampus

com elevado grau de socialização, muita
alegria e diversas actividades náuticas.
Mais uma vez este ano, não faltarão
oportunidades para frequentar a que
será, muito provavelmente, a melhor
escola de vela do país, e usufruir de
uma formação de topo, sempre acompanhada,
não é demais referi-lo, de imenso
divertimento: os cursos de Primavera
decorrerão de 10 de Abril a 20 de Junho,
aos Sábados e Domingos; os de Verão
estão marcados de 28 de Junho a 12 de
Setembro, tanto de segunda a sexta-feira,
como aos Sábados e Domingos; e os de
Outono terão lugar de 25 de Setembro
a 28 de Novembro, mais uma vez, aos
Sábado e Domingos.
A Escola de Vela Mirpuri Foundation, do
Clube Naval de Cascais, quer a todos dar
as boas-vindas ao mar. Independentemente
da idade, do nível de experiência ou da
nacionalidade. Por isso, nada melhor do
que juntar-se à equipa do CNC! Não hesite,
pois, em solicitar mais informações e efectuar
a sua inscrição através do endereço de
correio electrónico escola@cncascais.com
Clube Naval de CASCAIS 83

Club Mirpuri Foundation Sailing School 2021
Unstoppable
After the Mirpuri Foundation Sailing School of Clube Naval de Cascais,
had shown enviable vitality in such a sui generis year, 2021 promises to
once again be at least as successful. There are several new things
to discover, but one thing remains unchanged: the quality of the training
and the guarantee that sailing can and should! be something extremely fun
Photos: LUÍS FRÁGUAS
Even in a year like 2020, absolutely
atypical, and indelibly marked by
uncertainty and fear, the dedicated team
of the Mirpuri Foundation Sailing School
of Clube Naval de Cascais, did not quit,
quite the contrary, and did its utmost to
provide the best offer of courses, and the
most rewarding experience for those who
attended them. And the results couldn’t
have been more encouraging: in a pandemic
year, one of the most innovative sailing
clubs in the country, whose school is certified
by the Portuguese Sailing Federation
as a Gold Sailing School, received nearly
a thousand students, including children,
young people, and adults, determined
not to miss the opportunity to learn to
sail and try out boats of various classes,
always with a lot of fun. And whatever the
wind intensity, because when the weather
conditions do not help, kayaks and standup
paddle are also used, great tools for the
development of a better aquatic adaptation
for nautical activities.
In view of this success, for 2021, the dedicated
team at the Mirpuri Foundation
Sailing School soon set to work, creating
a calendar of courses that will surely
guarantee that everyone will have a great
time, with lots of activity, great animation
and a strong commitment to pedagogy
- translated into quality learning for all
age groups, and for all nationalities, also
taking into account both individual needs
and collective welfare (not forgetting, of
course, the strict compliance with all standards
and determinations issued by health
authorities, and in force on the date of their
implementation). After all, Club Naval de
Cascais knows well that the sailing school
is at the heart of its activities, because it
is there that the training of future sailors
84
Hippocampus

egins, and the integration between families,
and for this it has the ongoing support
of partners such as Municipal Council of
Cascais and Mirpuri Foundation.
As it is usual in these courses, the main
component of nautical activities developed
is the recreational aspect, so that
everyone enjoys sailing, having as main
motto the concept of sailing for all, not
being necessary to have any kind of
experience in the sport to attend them,
since the students receive the learning of
the basic content of sailing in a playful
environment and that has marked the
tradition of the sport in Portugal, and
particularly sailing, for more than 80
years. All supported by the best structure
in the country in terms of boats
and nautical materials, and in reference
facilities, with two ramps for easy access
to the sea.
FUN IN TRAINING
So, individually or in groups, even with
the family, either together or distributed
among different groups, in 2021, Optimist,
Laser Pico, Sunfish, Raquero,
Sprinto, and Laser Bahia (as well as windsurfing,
for all age groups) are there to
delight those who want to start sailing
- always accompanied by a support boat
with a coach, to ensure orientation and
safety at sea. These are excellent programs
for the vacations, since the students are
always outdoors, close to the sea, with a
high degree of socialization, a lot of joy
and several nautical activities.0
Once again in 2021, there will be no
lack of opportunities to attend what will
probably be the best sailing school in the
country, and enjoy a top training, always
accompanied, it should be noted, by lots
of fun: the spring courses will run from
April 10th to June 20th, on Saturdays
and Sundays; the summer courses are
scheduled from June 28th to September
12th, both Monday to Friday, as well as
Saturdays and Sundays; and the autumn
courses will take place from September
25th to November 28th, again on Saturdays
and Sundays.
The Mirpuri Foundation Sailing School of
Clube Naval de Cascais, wants to welcome
everyone to the sea. Regardless of age, level
of experience or nationality. So, nothing
better than joining the CNC team! Do
not hesitate to request more information
and make your registration through the
email address escola@cncascais.com
Clube Naval de CASCAIS 85

Clube Inclusion 6.5 para o projecto Vela Sem Limites
É
já tão extenso, quanto meritório e preenchido,
o historial do projecto Vela Sem
Limites, ao ponto de este se ter tornado num
dos pilares essenciais da missão do Clube
Naval de Cascais. Dedicado a pessoas com
deficiência, e contando com mais de uma
década de existência, regista milhares de
sessões de vela adaptada, fornecidas de forma
totalmente gratuita, tanto na vertente da vela
escolar como na das pessoas com necessidades
especiais. Não menos relevante, o palmarés
que os membros da equipa de competição
desta vertente muito particular da modalidade
granjearam, no decurso de mais de
uma década, ao CNCascais, em Portugal
como no estrangeiro, e absolutamente único
a nível nacional.
Contudo, e como é seu timbre, este retumbante
êxito não satisfazia o CNC. Pelo que o
próprio clube, guindado pelos responsáveis
pela Vela Sem Limites, consideraram, há menos
de dois anos, que não só mereceria a pena,
como era imperioso, chegar mais longe – o
que, por seu turno, implicava dispor de mais
meios para o conseguir. Foi, então, decidido
que, para que a vela adaptada não tivesse, de
facto, limites, a solução ideal passava pela
aquisição de uma embarcação Inclusion 6.5,
barco projectado e construído em Portugal
pela Inclusive Sailing, fundada por Frederico
Cerveira, Mestre em Engenharia e Arquitectura
Naval pelo Instituto Superior Técnico
de Lisboa, e também o autor do projecto, o
qual contou, ainda, com a colaboração do
Professor Nuno Fonseca.
Valerá a pena recordar que o Inclusion 6.5,
sem perder de vista a beleza estilística, é um
catamarã concebido para ser simples, seguro e
confortável, e com uma notável acessibilidade.
Com 6,8 m de comprimento total, um casco
com 6,5 m de comprimento, uma boca de 4,0
m, um calado de 0,45m/4,45 m e um peso-leve
de 850 kg, conta com uma vela grande com
uma área de 18 m2, um estai de 6 m2 e um
gennaker de 20 m2. A estes atributos há que
adicionar um outro não pouco relevante: a
lotação de máxima de dez pessoas, ou dois
monitores e quatro cadeiras de rodas.
Sonho
realizado
Em pouco mais de um ano, foi alcançado o objectivo
essencial para fazer evoluir o projecto Vela Sem Limites,
iniciativa tão importante para o Clube Naval de Cascais:
a bem-sucedida campanha de crowdfunding, lançada em
Novembro de 2019, permitiu cumprir o sonho de adquirir
o catamarã Inclusion 6.5, embarcação especificamente
concebida para tornar a vela acessível a todos
Fotos: ASSUNÇÃO BRANCO
EVOLUÇÃO NATURAL
Só por isto, percebem-se algumas das suas
vantagens para o projecto Vela Sem Limites,
face ao Hansa por norma utilizado nas respectivas
actividades. Ainda que estas não se
esgotem na lotação, já que este é um barco
86
Hippocampus

com um convés estável e rampas de acesso; em
que dois monitores podem levar consigo oito
passageiros, ou quatro em cadeiras de rodas;
em que as cadeiras de rodas são transportadas
por rampas; que não necessita de grua nem de
operador; que, por estar dotado de um motor
fora de bordo, permite passeios quando há
falta de vento; e que, por apresentar um calado
reduzido, permite a utilização em baixa-mar.
Dúvidas já não restando de que adicionar
o Inclusion 6.5 à frota do projecto Vela
Sem Limites era o rumo certo a tomar,
a evolução natural do projecto, faltava
“apenas” resolver uma questão adicional:
dispor da verba necessária para a respectiva
aquisição. Nesse sentido, foi lançada, em
Novembro de 2019, uma campanha de
crowdfunding, apresentada aos sócios do
CNCascais no Jantar dos Vinhos de Outono
desse mesmo ano, destinada, justamente, a
esse efeito, tendo, então, sido aproveitada
a oportunidade para destacar-se o facto
de ser este um activo que permitiria ao
projecto Vela Sem Limites crescer ainda
mais, e melhor. E que todos os contributos,
mesmo que aparentemente singelos, seriam
tão inestimáveis quanto valiosos.
Pouco mais de um ano volvido, o Clube
Naval de Cascais congratula-se e tem o
excelso prazer de anunciar que o objectivo
foi alcançado. Alvo de uma notável adesão,
para mais em tempos de tanta indefinição
e incerteza, como são estes, dominados
pela pandemia, a campanha foi um êxito,
porque os parceiros institucionais desta
iniciativa, a par dos sócios e amigos dos
CNC, não foram, de todo, insensíveis ao
apelo, estando, enfim, angariados os 60 mil
euros que permitirão a aquisição do Inclusion
6.5 para o projecto Vela Sem Limites.
É, pois, da mais elementar justiça sublinhar
publicamente a importância decisiva
que teve para este projecto, agradecendo-o
profundamente, o contributo dado por
Câmara Municipal de Cascais; Brisa;
Saúde Prime; Marina de Cascais; Lindley;
Yacht Works; e Faz Letra. Igualmente
imprescindíveis, os muitos particulares,
alguns, até, de forma anónima, que não
se eximiram de dar mostras da sua generosidade
naquela que será, porventura,
a vertente mais altruísta da actuação do
CNC. A todos, o Clube Naval de Cascais
reitera o seu mais sincero agradecimento.
Bem hajam!
Clube Naval de CASCAIS 87

Club Inclusion 6.5 for the Sailing Without Limits project
Dream come true
In little more than a year, the essential goal to evolve the Sailing Without Limits
project, such an important initiative for the Cascais Sailing Club, has been achieved:
the successful crowdfunding campaign, launched in November 2019, made
it possible to fulfill the dream of acquiring the catamaran Inclusion 6.5,
a boat specifically designed to make sailing accessible to all
Photos: ASSUNÇÃO BRANCO
The history of the Sailing Without
Limits project is already so extensive,
as well as meritorious and fulfilling, that it
has become one of the essential pillars of
the CNC’s mission. Dedicated to people
with disabilities, and counting on more
than a decade of existence, it has registered
thousands of sessions of adapted sailing,
provided completely free of charge, both in
the area of sailing for schools and for people
with special needs. No less relevant is the
record that the members of the competition
team of this very particular branch of the
sport have earned, over the course of more
than a decade, for CNCascais, in Portugal
and abroad, and absolutely unique at a
national level.
However, and as is its trademark, this resounding
success did not satisfy the CNC.
Therefore, the club itself, led by those responsible
for Sailing Without Limits, considered,
less than two years ago, that it was
not only worth it, but that it was imperative
to go further - which, in turn, implied having
more means to achieve it. It was then
decided, so that adapted sailing would, in
fact, have no limits, the ideal solution was
to acquire an Inclusion 6.5, a boat designed
and built in Portugal by Inclusive Sailing,
founded by Frederico Cerveira, Master in
Naval Engineering and Architecture by the
Instituto Superior Técnico of Lisbon, and
also the author of the project, which also
counted on the collaboration of Professor
Nuno Fonseca.
It is worth remembering that the Inclusion
6.5, Without losing sight of stylistic beauty,
is a catamaran designed to be simple, safe
and comfortable, and with remarkable
accessibility. With a total length of 6.8 m,
a hull length of 6.5 m, a mouth of 4.0 m,
88
Hippocampus

a draught of 0.45m/4.45 m, and a weight
of 850 kg, it has a mainsail with an area of
18 m2, a mast of 6 m2, and a gennaker of
20 m2. To these attributes must be added
another significant one: a maximum capacity
of ten people, including four wheelchairs.
NATURAL EVOLUTION
Just for this, can be seen some of its advantages
for the Sailing Without Limits project,
compared to the Hansa normally used in
the respective activities. Even though these
advantages do not end with its capacity, since
this is a boat with a stable deck and access
ramps; two monitors can carry eight passengers,
or four in wheelchairs; wheelchairs are
carried on ramps; it does not need a crane
or an operator; since it has an outboard engine,
it allows trips when there is no wind;
and since it has a reduced draught, it can be
used at low tide.
There was no doubt that adding the Inclusion
6.5 to the project Vela Sem Limites
fleet was the right direction to take, the
natural evolution of the project, but “only”
one additional issue remained to be solved:
having the necessary funds for the respective
acquisition. To this end, a crowdfunding
campaign was launched in November 2019,
presented to CNCascais members at the Autumn
Wine Dinner of that same year, aimed
precisely at that effect, and the opportunity
was then taken to highlight the fact that this
was an asset that would allow the Sailing
Without Limits project to grow even more,
and better. And that all contributions, even
if apparently simple, would be as priceless
as valuable.
A little over a year later, the Clube Naval
de Cascais is pleased to announce that the
goal was achieved. With a remarkable response,
especially in times of uncertainty, as
are these, dominated by the pandemic, the
campaign was a success, because the official
parteners, as well the members and friends
of the CNC were not at all insensitive to
the appeal, and finally 60 thousand euros
were raised, which will allow the purchase
of the Inclusion 6.5. for the Sailing Without
Limits project.
It is therefore only fair to publicly highlight
the decisive importance for this initiative of
the contribution made by the institutional
partners of this initiative: Municipal Council
of Cascais; Brisa; Saúde Prime; Cascais Marina;
Lindley; Yacht Works; and Faz Letra.
Equally essential to its successs, the many
individuals, some of them anonymously,
who have not failed to show their generosity
in what is perhaps the most altruistic aspect
of the CNC’s work. To all, Clube Naval de
Cascais would like to express its deepest and
most sincere gratitude. Thank you all!
Clube Naval de CASCAIS 89

Clube Centro de Mergulho do Clube Naval de Cascais
O mar em todo o seu
esplendor
Ainda que a vela constitua, por inerência e vocação, o cerne das suas
actividades, o Clube Naval de Cascais é, por definição, um clube
umbilicalmente ligado ao mar, nas suas mais variadas vertentes. Até mesmo
debaixo de água: o Centro de Mergulho do CNC será (ainda…) uma das suas
valências mais discretas, mas que vale bem a pena conhecer melhor,
até por permitir aceder a uma das mais belas panorâmicas dos oceanos
Com mais de oitenta anos de história,
o Clube Naval de Cascais está indelevelmente
ligado à vela. É normal que
assim seja, ou não fosse esta a modalidade
que, ao longo dos tempos, tem dominado
as suas actividades e foi um dos principais
móbeis da sua fundação. Mas não significa
isso que o CNCascais não esteja permanentemente
atento, por um lado, às mais
diversas valências do mar que lhe serve de
sustentáculo; e, por outro, a todas as formas
de ampliar o leque de serviços e benefícios
disponibilizados aos seus sócios, amigos e
aqueles que o visitam.
Prova disso mesmo, o Centro de Mergulho
do CNC. Será, porventura, uma das suas
vertentes menos conhecidas, mas nem por
isso pouco relevante. Desde logo, por ser
o mergulho recreativo uma forma única
de conhecer de perto, e literalmente “por
dentro”, os oceanos (e não só, já que também
pode ser praticado em água doce…).
Mas também por se tratar de uma modalidade
totalmente sustentável, e que tende
a propiciar em todos os que a praticam o
estabelecimento de uma íntima relação de
respeito com o mar, por norma traduzida,
ainda, numa ânsia de melhor conhecê-lo, e,
por consequência, e não menos importante,
preservá-lo.
Tudo começou em meados da década
passada, quando José Eduardo dos Santos,
sócio do CNC, e detentor de uma vasta
experiência nesta área, contactou a direcção
do clube no sentido de estabelecer na sua
sede um centro de mergulho. A ideia surgiu
90
Hippocampus

após uma tentativa gorada (por razões de
segurança, infelizmente, de todos hoje bem
conhecidas) de criar um projecto similar
em Moçambique, e de já ter desenvolvido
um centro de mergulho na Marina de
Oeiras, ainda em actividade, bem como
algo semelhante numa colectividade de
Matos Cheirinhos. Todavia, o viver em
Cascais, preferir estar mais perto do mar,
e considerar que esta seria uma iniciativa
útil de abraçar também pelo CNCascais,
levou-o a enverdar por este caminho.
As conversações foram breves e bem sucedidas,
até porque, nas palavras do próprio,
o projecto dificilmente podia ter sido mais
bem acolhido, e o seu mentor bem recebido
por todos. E assim nasceu, em 2017,
o Centro de Mergulho do Clube Naval de
Cascais. Foi inicialmente registado como
centro de mergulho PADI (Professional
Association of Diving Instructors) pela
organização certificadora mais reconhecida
e com maior implementação a nível mundial:
mais de 6200 centros de mergulho
em todo mundo, distribuídos por mais de
Clube Naval de CASCAIS 91

Clube Centro de Mergulho do Clube Naval de Cascais
180 países; materiais didáticos em mais de
26 idiomas; mais de 25 milhões de certificações
emitidas desde a sua fundação,
em 1966; mais de 900 mil certificações
emitidas anualmente; cerca de 136 000
instrutores activos.
EVOLUÇÃO ACELERADA
E PERMANENTE
Mas estes foram os primórdios. A assinalável
adesão ao seu programa de atividades, e o
empenho colocado no desenvolvimento do
Centro de Mergulho do Clube Naval de
Cascais, levaram a que este registasse um
notável progresso. De início contando com
equipamento de mergulho completo para
não mais do que quatro pessoas, possui
hoje um lote de material destinado às
actividades subaquáticas composto por 28
fatos isotérmicos, 26 máscaras, 30 cintos
de chumbo, 21 coletes, 24 garrafas e 26
reguladores (o dispositivo “mágico” que
permite aos mergulhadores autónomos
respirarem debaixo de água).
Para além deste invejável espólio de equipamentos
completos, indispensáveis para
a prática da modalidade, o Centro de
Mergulho do CNC detém, ainda, um
moderno compressor, que permite encher,
em simultâneo, duas garrafas de mergulho
a 200 bar. Ao mesmo tempo, usufrui de
uma privilegiada localização, com acesso
directo ao mar, muito contribuindo para a
extrema comodidade com que são realizadas
as saídas de mergulho. Sendo, igualmente,
indesmentível motivo de orgulho o facto
de, num ano tão difícil como o de 2020, e
aqui contando com a colaboração do Course
Director Paulo Vilarinho, ter atingido o
mais alto estatuto da organização PADI,
passando a ser classificado como PADI
Five Star Instructor Development Center.
Com tudo isto, o Centro de Mergulho do
CNC orgulha-se, hoje, de poder proporcionar
experiências de mergulho desde a crianças
(a partir dos oito anos em piscina, e dos
dez anos no mar) como a iniciados adultos.
As saídas de mergulho são realizadas em
barco semi-rígido próprio, e cumprindo
todas as mais estritas normas de segurança
em vigor, e outras adicionais, seja no mar,
seja debaixo de água. Não sendo, de todo,
despiciendo o facto de o seu responsável
ser técnico oficial e revendedor de duas
das marcas de equipamento mergulho mais
reputadas do mercado, o que permite oferecer,
também, aos utilizadores serviços de
manutenção dos respectivos equipamentos.
Determinante para a actividade do Centro
de Mergulho do CNC, a vertente da formação,
que vai desde os cursos destinados
ao mergulho recreativo, dos graus mais
acessíveis aos mais evoluídos, aqueles que
visam níveis de cariz mais profissional: Dive
Master, Assistente de Instrutor e Instrutor,
nos seus diferentes níveis e especialidades.
Está ainda disponível formação na área
de primeiros socorros, também até ao nível
de instrutor, através da organização e
com reconhecimento internacional (EFR
– Emergency First Response), incluindo o
uso de DAE (Desfibrilhador Automático
Externo), e a especialidade de administração
de oxigénio de emergência. De salientar que
estas formações não visam apenas os praticantes
de mergulho, antes destinando-se a
toda a comunidade, podendo, igualmente,
ser ministrada formação em primeiros
socorros específica para crianças e bebés.
92
Hippocampus

Em destaque, o curso de instrutor, que
tem vindo a revelar-se uma boa aposta,
tanto para quem pretende ter uma vida
ligada ao mar e ao mergulho recreativo,
com possibilidade de emprego em qualquer
parte do mundo, como para quem
ambiciona complementar a sua actividade
profissional actual com a sua paixão pelo
meio subaquático e pelo ensino. Algo que
já pode ser proporcionado pelo Centro de
Mergulho do CNC.
Deste modo, qualquer que seja o nível
de experiência dos mergulhadores que o
visitem, o Centro de Mergulho do CNC
está apto a oferecer formação e saídas de
mergulho capazes de proporcionar momentos
memoráveis, memórias inesquecíveis.
Por norma, os mergulhos são realizados
em zonas relativamente próximas do CNC,
para melhor se poder conhecer os locais
subaquáticos mais interessantes da costa
de Cascais, não faltando, neste domínio,
pontos de interesse. Mas também são
organizadas saídas para localizações mais
distantes, porque, afinal, o oceano é um só,
e bem merece ser descoberto em pormenor.
Motivos de sobra, portanto, para que venha
mergulhar connosco!
Clube Naval de CASCAIS 93

Clube Centro de Mergulho do Clube Naval de Cascais
O ROSTO POR DETRÁS
DO CENTRO DE MERGULHO DO CNC
José Eduardo dos Santos está desde tenra
idade ligado ao mundo subaquático, como o
próprio recorda: “A minha paixão pelas actividades
marítimas começou com a oferta
de uma cana de pesca, tinha eu cinco anos
de idade. Era habitual passar férias na praia
de Galápagos, onde um familiar tinha casa,
e entretinha-me a pescar. Mais tarde, aos
doze anos de idade, puxado por amigos
mais velhos, iniciei-me com eles na caça
submarina, e era frequentador habitual da
praia das Avencas – nessa altura residia
na Parede, e ainda hoje tenho um carinho
especial por esta praia, que, para mim, foi
berço da minha aprendizagem subaquática”.
A caça submarina continuou a fazer parte dos
seus passatempos, e foi aos dezasseis anos
que conseguiu comprar o seu primeiro fato de
caça submarina. Entretanto, despontava em
si outra paixão, que o acompanha até hoje: a
da fotografia: “Pelos meus 19 anos, comprei
a minha primeira câmara subaquática, uma
Canon A6, o que fez crescer o ‘bicho’ pela
fotografia. Muitas vezes, ao fazer caça submarina,
ficava indeciso se fotografava ou se
disparava a arma. Normalmente, o resultado
era o peixe fugir, e nem foto, nem peixe no
arpão… Acabei por trocar a arma pela câmara,
tinha prazer em mostrar aos amigos as minhas
fotos subaquáticas – normalmente, efectuava
fotografia em diapositivos. e adorava projetar
slides aos amigos. Não raro, o prazer era mais
meu, e apenas um frete para eles...”.
Em 1992, com 22 anos, fez o seu primeiro curso
de mergulho. E não mais parou de praticar a modalidade,
nem de aprofundar os seus conhecimentos
sobre a mesma. Ainda que, profissionalmente,
tenha sido a fotografia a acompanhá-lo, então,
mais de perto: em 1986 tira o Curso Profissional
de Fotografia do Instituto Português de Fotografia,
onde foi formador de laboratório; em 1994 obtém
uma especialização em fotografia subaquática.
Trabalhou na JC Alvarez, tanto nas vendas como
num minilab, e chegou a ter a sua própria escola
de fotografia, em Setúbal, com laboratório, estúdio
e duas salas de aula.
O advento da fotografia digital, para um apaixonado
pelo analógico e pelas técnicas de revelação
94
Hippocampus

em laboratório, levou-o a mudar de ramo: “Até
aos dias de hoje, tenho andado zangado com
a era digital. No meu laboratório imprimia de
diapositivos diretamente para papel, usava
papel Cibachrome, parecido com a película
de radiografia, o que me dava um enorme
prazer. Cheguei a estar dez horas fechado
no laboratório, para afinar uma fotografia
em termos de cor, era um processo de nove
banhos com uma precisão térmica de 0,02°
C, a temperatura influenciava a cor”.
Foi assim que, após uma visita a Moçambique,
se encantou com o país e decidiu abrir um eco
resort, e é claro que tinha de envolver mergulho:
“For por isso que decidi inscrever-me num
curso de instrutor de mergulho, mas, com o
aumento da criminalidade em Moçambique,
acabei por desistir do projecto, apesar de toda
a documentação”. Só que o curso estava feito,
e com aproveitamento, pelo que nada melhor do
que aplicá-lo na prática: “Resolvi, na brincadeira,
fazer uns cursos para amigos, inicialmente
associado a outros centros de mergulho. Mais
tarde, resolvi ter a minha independência, até
que, em 2017, foi aceite a minha proposta para
desenvolver o projecto do Centro de Mergulho
do Clube Naval de Cascais”.
O seu amor pela modalidade leva-o a evoluir, a
frequentar diversos cursos de especialidades
de mergulho, desde 1996 até hoje, chegando a
Master Instrutor. Presentemente, é detentor de
um invejável currículo nesta área, que o habilita
a prestar formação nos seus mais diversos
domínios. Sem esquecer a experiência que lhe
foi transmitida pelos mergulhos que efectuou
em latitudes tão distintas como Austrália, Nova
Zelândia, Tailândia, Cabo Verde, Moçambique,
Brasil, EUA, México, Jamaica, Maldivas, Egipto,
Tunísia, entre outras, e pela participação em
várias expedições (Ilhas Selvagens, Madeira e
Porto Santo; e diversas viagens ao banco Gorringe,
afundado a 120 milhas a Sudoeste do cabo
de São Vicente). Na sua opinião, a configuração
do fundo do mar na costa de Cascais é uma das
melhores do país, com pedras altas, repletas
de reentrâncias, e das que melhor merece a
pena descobrir.
Clube Naval de CASCAIS 95

Club Diving Centre of the Clube Naval de Cascais
The sea in all its
splendour
Although sailing is, by nature and vocation, the core of its activities, Clube
Naval de Cascais is, by definition, a club that is umbilically linked to the sea,
in its most varied forms. Even underwater: the CNC Diving Centre is (still...)
one of its most discreet assets, but well worth getting to know,
as it provides access to one of the most beautiful panoramas of the oceans
With over eighty years of history,
Clube Naval de Cascais is indelibly
linked to sailing. It is normal that this should
be so, as this is the sport which, throughout
time, has dominated its activities and was
one of the main reasons for its foundation.
But this does not mean that CNCascais is
not permanently attentive, on the one hand,
to the most diverse aspects of the sea that
sustains it; and on the other, to all forms
of broadening the range of services and
benefits available to its members, friends
and those who visit.
Proof of this is the CNC Diving Centre.
It is, perhaps, one of its less known but not
less relevant aspects. First of all, because
recreational diving is a unique way of getting
to know the oceans up close and literally
“inside” (and not exclusively, since it can
also be practiced in fresh water). But also
because it is a totally sustainable modality,
which tends to propitiate in all who practice
it the establishment of an intimate relation of
respect with the sea, usually translated into
an anxiety to know it better and, consequently,
and not less important, to preserve it.
It all started in the middle of the last
decade, when José Eduardo dos Santos,
a member of the CNC, and with vast experience
in this area, contacted the club’s
management in order to establish a diving
centre at its headquarters. The idea came
about after an unsuccessful attempt (for
safety reasons, unfortunately well-known
to all today) to set up a similar project in
Mozambique, and having already developed
96
Hippocampus

a diving centre in the Oeiras Marina, still
operating, as well as something similar in a
community in Matos Cheirinhos. However,
living in Cascais, preferring to be closer to
the sea, and considering that this would be
a useful initiative to be embraced also by
CNCascais, led him to follow this path.
The talks were brief and successful, because,
in his own words, the project could hardly
have been more welcomed, and its mentor
welcomed by all. And so, in 2017, the Cascais
Naval Club Diving Centre was born. It was
initially registered as a PADI (Professional
Association of Diving Instructors) by the
most recognised and most widely implemented
certification organisation in the world:
over 6200 dive centres worldwide, spread
over 180 countries; teaching materials in
over 26 languages; over 25 million certifications
issued since its foundation in 1966;
over 900,000 certifications issued annually;
around 136,000 active instructors.
ACCELERATED AND
PERMANENT EVOLUTION
But these were the beginnings. The remarkable
adherence to its program of activities,
and the commitment put into the development
of the Diving Centre of Clube Naval
de Cascais, led to its remarkable progress.
Initially with full diving equipment for no
more than four people, today it has a lot of
material for underwater activities composed
of 28 isothermal suits, 26 masks, 30 lead
belts, 21 diving jackets, 24 bottles and 26
regulators (the “magic” device that allows
autonomous divers to breathe underwater).
Besides this enviable collection of complete
equipment, indispensable for the practice
of the sport, the CNC Diving Centre has,
also, a modern compressor, that allows to
fill, simultaneously, two diving bottles at
200 bar. At the same time, it enjoys a privileged
location, with direct access to the sea,
contributing to the extreme comfort with
which the diving trips are carried out. It is
also an undeniable reason for pride that in
a year as difficult as 2020, and here counting
with the cooperation of the Course
Director Paulo Vilarinho, has reached the
highest status of the PADI organization,
being classified as PADI Five Star Instructor
Development Center.
Clube Naval de CASCAIS 97

Club Diving Centre of the Clube Naval de Cascais
THE FACE BEHIND THE CNC DIVING CENTRE
José Eduardo dos Santos has been connected
to the underwater world from an early age, as he
recalls: “My passion for maritime activities
began with the offer of a fishing rod when
I was five years old. I used to spend my
holidays on the Galapagos beach, where a
relative had a house, and I used to fish. Later,
when I was twelve years old, I was drawn by
older friends. I started underwater fishing
with them, and was a regular on Avencas
beach - at that time I lived in Parede, and
to this day I still have a special affection for
this beach, which for me was the starting
point of my underwater learning”.
Spearfishing continued to be one of his hobbies,
and it was at the age of sixteen that he
managed to buy his first spearfishing suit. In
the meantime, another passion emerged within
him, which remains with him to this day:
photography: “When I was 19, I bought my
first underwater camera, a Canon A6, which
gave me the ‘bug’ for photography. Many
times, when I was underwater hunting, I
was indecisive whether to photograph or
to shoot. Normally, the result was that the
fish ran away, and neither the photo nor the
fish in the harpoon... I ended up changing
the gun for the camera, I had pleasure in
showing my underwater photos to my
friends - usually, I photographed in slides
and I loved to project slides to my friends.
Not infrequently, the pleasure was more
mine, and just ‘boring’ for them...”.
In 1992, at the age of 22, he took his first diving
course. And he never stopped practising
the sport, nor deepening his knowledge of
it. In 1986 he took the Professional Photography
Course of the Portuguese Institute
of Photography, where he was a laboratory
trainer; in 1994 he obtained a specialization
in underwater photography. He worked at
JC Alvarez, both in sales and in a mini lab,
and even had his own photography school,
in Setúbal, with a laboratory, studio and two
classrooms.
The advent of digital photography, for a lover
of analogue and laboratory development techniques,
led him to change business: “Up until
today, I’ve been angry with the digital era.
In my lab I used to print from slides directly
onto paper, using Cibachrome paper, similar
to X-ray film, which gave me enormous
pleasure. I spent up to ten hours locked in
the laboratory to perfect a photograph in
terms of colour, it was a process of nine
baths with a thermal precision of 0.02° C,
the temperature influenced the colour”.
That’s how, after a visit to Mozambique, he became
enchanted with the country and decided
to open an eco-resort, and of course it had to
involve diving: “That’s why I decided to enrol
on a diving instructor course, but with the
increase in crime in Mozambique, I ended
up giving up the project, despite all the
documentation”. But the course was done,
and successfully, so there was nothing better
than to apply it in practice: “I decided, for fun,
to do some courses for friends, initially in
association with other diving centres. Later,
I decided to be independent, until, in 2017,
my proposal to develop the Clube Naval de
Cascais Diving Centre project was accepted”.
His love for this modality leads him to evolve,
to attend several specialty diving courses,
from 1996 until today, becoming a Master
Instructor. Presently, he holds an enviable
curriculum in this area, which qualifies him to
provide training in its most diverse domains.
Without forgetting the experience that was
transmitted to him by the dives he made in
such different latitudes as Australia, New
Zealand, Thailand, Cape Verde, Mozambique,
Brazil, USA, Mexico, Jamaica, Maldives,
Egypt, Tunisia, among others, and by the
participation in several expeditions (Savage
Islands, Madeira and Porto Santo; and several
trips to the Gorringe bank, sunken 120 miles
southwest of Cape St. Vincent). In his opinion,
the configuration of the seabed off the coast
of Cascais is one of the best in the country,
with high rocks, full of recesses, and one of
the best worth discovering.
98
Hippocampus

With all this, the CNC Diving Centre
is proud to be able to provide diving experiences
for children (from eight years old
in the pool and ten years old in the sea) as
well as for adult beginners. The diving trips
are done in our own semi-rigid boat and
comply with all the strictest safety rules in
force, and additional ones, both at sea and
underwater. It is not insignificant that the
person in charge is an official technician and
reseller of two of the most reputable brands
of diving equipment on the market, which
also allows us to offer maintenance services
for the respective equipment.
Determinant for the activity of the CNC
Diving Centre is the training aspect, which
goes from courses for recreational diving,
from the most accessible to the most evolved
degrees, those aimed at more professional
levels: Dive Master, Assistant Instructor
and Instructor, in its different levels and
specialties. There is also first aid training
available, also up to instructor level, through
the organisation and with international recognition
(EFR - Emergency First Response),
including the use of AEDs (Automatic
External Defibrillator), and the speciality of
emergency oxygen administration. It should
be noted that this training is not only aimed
at divers, but for the whole community, and
specific first aid training can also be given
for children and babies.
In highlight, the instructor course, which
has been proving to be a good bet, both for
those who want a life linked to the sea and
recreational diving, with the possibility of
employment anywhere in the world, and for
those who aim to complement their current
professional activity with their passion for the
underwater environment and for teaching.
Something that can already be provided by
the CNC Diving Centre.
In this way, regardless of the level of experience
of the divers who visit it, the CNC
Diving Centre is able to offer training and
diving trips capable of providing memorable
moments, unforgettable memories.
Normally, the dives are made in areas relatively
close to the CNC, so that the most
interesting underwater places on the Cascais
coast can be better known. But trips are also
organized to more distant locations, because,
after all, the ocean is one and deserves to be
discovered in detail. So, there are plenty of
reasons for you to come diving with us!
Clube Naval de CASCAIS 99

Clubes Correspondentes St. Francis Yacht Club
StFYC
Parceria de prestígio
Nome incontornável entre os clubes náuticos, o St. Francis Yacht Club é uma
das mais estimadas instituições do seu género. A caminhar rapidamente
para o seu centenário, é mais uma organização que o Clube Naval de Cascais
se orgulha de incluir na sua invejável lista de Clubes Correspondentes
100
Hippocampus

StFYC
OSt. Francis Yacht Club (StFYC) foi
fundado por 21 velejadores de São
Francisco no já longínquo ano de 1927,
e o seu inequívoco prestígio assenta, em
boa parte, em praticamente um século
das melhores tradições da vela, conjugadas
com a sua reconhecida capacidade
para inovar. Ao longo dos seus 94 anos
de existência, a sua acção pautou-se pelo
servir da modalidade, e por estar ancorada
nos grandes eventos internacionais de vela
levados a cabo na Baía de São Francisco.
Nunca esquecendo a vertente da formação,
patente nos muitos dias que, todos os anos,
a sua escola de vela dedica aos mais jovens.
Desde a sua génese, a lista de sócios do St.
Francis Yacht Club incluiu sempre muitos
dos mais proeminentes cidadãos, e melhores
velejadores, da região em que insere.
Os seus membros são, essencialmente,
velejadores amadores ou profissionais,
cruzadores e guardiões dos mares. E, ainda
hoje, nomes que dispensam apresentações,
como os de Paul Cayard, John Kostecki,
John Bertrand, Stan Honey, Morgan
Larson, Johnny Heineken, Daniela Moroz,
Paige Railey, Nicole Breault ou Russ
Silvestri, continuam a manter o clube na
vanguarda da vela.
Com apenas três anos de existência, o
StFYC viu o seu galhardete ser transportado
à volta do mundo pela escuna Zaca, e
tinha somente nove anos de idade quando
o yawl Dorade, ostentando as suas cores,
venceu, em 1936, a famosa Transpac. Tudo
isto prova que, no fundo, são as pessoas
e os barcos que fazem da modalidade da
vela aquilo que é, e a verdade é que, ao
longo de mais de noventa anos, através dos
seus membros, convidados, profissionais
e gerações de jovens que insistem na frase
“Não estou com frio, quero voltar a tentar”,
o St. Francis Yacht Club tem conhecido
o melhor de ambos.
INSTALAÇÕES DE EXCEPÇÃO
É, também, por isso que o St. Francis
Yacht Club é um dos mais estimados
clubes náuticos do mundo. Mas não só.
As suas instalações são outra das valências
dignas do maior destaque. Incluindo quer
uma clubhouse nas margens da Baía de
São Francisco, quer uma ilha privada no
delta do Sacramento, que permite aos
seus membros desfrutarem de actividades
na água, e usufruírem de uma saudável
camaradagem, durante todo o ano.
Apesar dos percalços porque passou –
um incêndio a 21 de Dezembro de 1976,
que matou um sócio e feriu gravemente
outros sete, e o terramoto Loma Prieta, de
17 de Outubro de 1989 – a clubhouse foi
sempre reconstruída graças ao empenho e
dedicação dos sócios do StFYC, e continua
a ser um dos seus must. Da autoria do
famoso arquitecto de São Francisco, Willis
Polk, que morreu antes das plantas finais
estarem prontas, acabando estas por ser
terminadas pelo seu atelier, e construída
junto à água, num terreno alugado pelo
clube à cidade, sobre um aterro criado para
receber a Exposição Universal Panamá
Pacífico de 1915, assume-se como um
espaço notável para acolher as actividades
náuticas e sociais dos sócios e seus convidados,
exibindo um estilo mediterrâneo
revivalista, e desfrutando de uma ampla
panorâmica, que vai da Ponte de Golden
Gate à ilha de Alcatraz, e mais além.
A clubhouse conta com ancoradouros de
águas profundas, fantásticos espaços des-
Clube Naval de CASCAIS 101

Clubes Correspondentes St. Francis Yacht Club
tinados a refeições e incríveis vistas sobre
a ponte de Golden Gate e a Baía de São
Francisco. Só para refeições, existem três
opções: a mais formal sala de jantar, situada
no piso superior; o bar Clippership, também
no primeiro piso; e a “churrasqueira”,
um confortável e mais descontraído local
de encontro, este situado no piso térreo.
Adicionalmente, e em reposta à pandemia
da COVID-19, o StFYC criou duas novas
áreas de refeição no exterior.
Uma delas é o Race Deck, situado na
cobertura da clubhouse e o local de eleição
para assistir às regatas realizadas na célebre
orla marítima da cidade. Assim sendo, com
o horizonte de São Fancisco e a ponte de
Golden Gate como pano de fundo, o St.
Francis Yacht Club tem justificado orgulho
em proporcionar aos seus visitantes todas
as comodidades e os melhores serviços, ao
mesmo tempo que os deslumbra com uma
espectacular envolvência.
Quanto à ilha de Tinsley, adquirida em
1958, é definida pelo StFYC como uma
pequena fatia privada do paraíso, impregnada
de uma elegância primitiva. Situada a
cerca de 60 milhas, ou seja, perto de uma
centena de quilómetros, da sede do clube,
no delta do rio Sacramento, é como que
um oásis com mais de 16 hectares, que
constitui um refúgio para os seus sócios
durante todo o ano.
ESPÍRITO DE MISSÃO
Tendo como missão servir como centro
inspirador das actividades náuticas a nível
regional, e assumir-se como um líder da
vela no plano internacional, o St. Francis
Yacht Club faz questão de honrar a camaradagem,
o desportivismo, a tradição e a
herança marítima de São Francisco num
ambiente de topo. Mas também dispensa
particulares cuidados à vertente competitiva,
ou não fosse o seu calendário de
regatas um dos mais activos do mundo:
todos os anos, a equipa responsável pelos
eventos desportivos do StFYC organiza
cerca de 140 dias, ou mais, de competição,
incluindo campeonatos de vela nacionais
e internacionais, em praticamente todas as
vertentes, dos barcos clássicos ao kiteboard.
Parte da atracção de velejar no St. Francis
Yacht Club provém das excelentes e
desafiantes condições para a prática da
modalidade, únicas da Baía de São Francisco,
e que se verificam durante todo o
ano. Ao mesmo tempo fisicamente bela,
e naturalmente exigente, a baía oferece
aos atletas as condições derradeiras em
termos de vento, correntes e climatéricas
Sharon Green
Sharon Green
102
Hippocampus

para a disputa de regatas verdadeiramente
competitivas e emocionantes.
De Março a Outubro, impera na baía de
São Francisco uma forte brisa marítima,
combinada com um cenário de enorme
beleza natural, e uma envolvência rica em
atracções, essa confiável brisa confere à
baía um atractivo inigualável para a vela de
competição. Sendo o ponto alto da época
a visita anual das Rolex Big Boat Series,
por muitos considerada como a regata de
topo da Costa Oeste dos EUA: quatro
dias de competição de nível mundial no
St. Francis Yacht Club e na Baía de São
Francisco, com o evento a celebrar, em
2019, a sua 55ª edição através da abertura
das regatas às embarcações one-design nas
classes J/105, J/88, J/70 and Express 37,
e aos monocascos com mais de 35 pés,
com certificação ORR total ou parcial.
Sharon Green
StFYC
StFYC
StFYC
Paul Cayard (Chairman), Peter Gilmore (Rear Commodore), Ken
Gildewell (Commodore), Bill Dana (Vice Commodore) – for 2020
Clube Naval de CASCAIS 103

Correspondent Clubs St. Francis Yacht Club
Prestigious Partnership
A reference among sailing clubs, the St. Francis Yacht Club is one of the most
esteemed institutions of its kind. Fast approaching its centenary, it is another
organization that Clube Naval de Cascais is proud to include in its enviable list
of Correspondent Clubs
The St. Francis Yacht Club (StFYC) was
founded by 21 San Francisco sailors
way back in 1927, and its unquestionable
prestige is based in large part on nearly
a century of the best sailing traditions
combined with its recognized capacity
for innovation. Throughout its 94 years
of existence, its action has been guided
by serving the sport, and by anchoring
the great international sailing events in
San Francisco Bay. Never forgetting the
training aspect, evident in the many days
that, every year, its sailing school dedicates
to the youngest.
Since its inception, the St. Francis Yacht
Club’s membership has included many
of the most prominent citizens, and best
sailors, of its region. Its members are
primarily amateur or professional sailors,
cruisers, and stewards of the seas. And even
today, names that need no introduction,
such as Paul Cayard, John Kostecki, John
Bertrand, Stan Honey, Morgan Larson,
Johnny Heineken, Daniela Moroz, Paige
Railey, Nicole Breault, or Russ Silvestri,
continue to keep the club in the forefront
of sailing.
At only three years old, the StFYC saw
its burgee carried around the world by
the schooner Zaca, and was only nine
years old when the yawl Dorade, flying
its colors, won the famous Transpac in
1936. All this proves that ultimately it is
the people and the boats that make sailing
what it is, and the truth is that for over
ninety years, through its members, guests,
Chris Ray
104
Hippocampus

Sharon Green
professionals, and generations of young
people insisting on the phrase “I’m not
cold, I want to try again,” the St. Francis
Yacht Club has known the best of both.
EXCEPTIONAL FACILITIES
This is also why the St. Francis Yacht
Club is one of the most esteemed sailing
clubs in the world. But that’s not all. Its
facilities are another feature worth mentioning.
Including both a clubhouse on the
shores of San Francisco Bay and a private
island in the Sacramento Delta, it allows
its members to enjoy on-water activities
and healthy camaraderie year-round.
Despite the setbacks - a fire on December
21, 1976, which killed one member and
seriously injured seven others, and the
Loma Prieta earthquake of October 17,
1989 - the clubhouse was always rebuilt
thanks to the commitment and dedication
of the StFYC members, and remains one
of its musts. Designed by famous San
Francisco architect Willis Polk, who died
before the final blueprints were ready and
was eventually completed by his firm, and
built on a waterfront lot leased by the club
from the city on an landfill created to host
the 1915 Panama Pacific International
Exposition, the clubhouse is a remarkable
space for the boating and social activities
Chris Ray
of members and their guests, boasting a
Mediterranean Revival-style, and enjoying
a wide panoramic view from the Golden
Gate Bridge to Alcatraz Island and beyond.
The clubhouse features deep-water guest
docks, fantastic dining areas, and incredible
views of the Golden Gate Bridge and
San Francisco Bay. For dining alone, there
are three options: the more formal dining
room on the top floor; the Clippership bar,
also on the second floor; and the “grill”,
a comfortable and more relaxed meeting
place on the first floor. In addition, and
in response to the COVID-19 pandemic,
StFYC has created two new outdoor dining
areas.
One of these is the Race Deck, located
on the rooftop of the clubhouse and the
place of choice for watching the races
held on the city’s celebrated waterfront.
So with the San Francisco skyline and the
Golden Gate Bridge as a backdrop, the St.
Francis Yacht Club takes justifiable pride
in providing its guests with all the best
Clube Naval de CASCAIS 105

Correspondent Clubs St. Francis Yacht Club
amenities and services while dazzling them
with spectacular surroundings.
As for Tinsley Island, purchased in 1958,
it is defined by StFYC as a small, private
slice of paradise, steeped with a primitive
elegance. Located about 60 miles, or
close to a hundred kilometers, from the
clubhouse in the Sacramento River Delta,
it is a 16-acre oasis that provides a year-
-round refuge for its members.
MISSION SPIRIT
With a mission to serve as an inspirational
center for regional sailing activities
and a leader in international sailing, the
St. Francis Yacht Club is committed to
honoring San Francisco’s camaraderie,
sportsmanship, tradition, and maritime
heritage in a top-notch environment.
But it also takes particular care to be
competitive, as its racing calendar is
one of the most active in the world:
every year, the StFYC sports events
team organizes about 140 days or more
of competition, including national and
international sailing championships in
virtually every discipline from classic
boats to kiteboarding.
Part of the appeal of sailing at the St.
Francis Yacht Club comes from the excellent
and challenging sailing conditions
that are unique to San Francisco Bay, and
which occur year-round. At once physically
beautiful, and naturally demanding,
the bay offers racers the ultimate wind,
current, and weather conditions for truly
competitive and exciting races.
From March to October, a strong sea
breeze prevails in San Francisco Bay,
combined with a setting of outstanding
natural beauty, and a richly attractive
surroundings, that reliable breeze gives
the bay an unparalleled attraction for
competitive sailing. The highlight of the
season being the annual visit of the Rolex
Big Boat Series, considered by many to be
the top regatta on the US West Coast: four
days of world-class competition at the St.
Francis Yacht Club and on San Francisco
Bay, with the event celebrating, in 2019,
its 55th edition by opening up racing to
one-design boats in the J/105, J/88, J/70
and Express 37 classes, and to monohulls
over 35 feet, with fully or partially measured
ORR certification.
Chris Ray – StFYC
Sharon Green
106
Hippocampus

Cultura International Art Show
Escolha preferencial
Cascais foi o local eleito pelo prestigiado grupo internacional Bel-Air Fine
Art para a realização da sua primeira exposição em Portugal. Em finais
de 2020, e durante mais de um mês, os visitantes da Marina de Cascais
puderam admirar, de forma totalmente gratuita, mais de duas centenas
de obras de arte contemporânea, assinadas por mais de vinte artistas
de renome internacional
Foi de 2 de Novembro a 6 de Dezembro
do ano passado que estiveram em
exposição, na Marina de Cascais, mais de
duas centenas de obras de arte contemporânea,
da autoria de mais de vinte artistas
de renome internacional, entre os quais
se encontravam algumas das principais
referências não só da chamada Arte Contemporânea,
mas, também, da Neo Pop
Art, da Arte Óptica e da Fotografia Contemporânea
– ou seja, os quatro principais
movimentos artísticos a que se dedicam os
organizadores. A iniciativa coube à Bel-Air
Fine Art, reputado grupo internacional
com sede na Suíça, e galerias situadas nos
locais mais exclusivos do mundo (casos
de Paris, Saint-Tropez, Veneza, Cannes,
Mónaco ou Miami), e contou com o apoio
de parceiros exclusivos, como Câmara
Municipal de Cascais, Marina de Cascais,
Pricci Jewelry, Vilaça Interiores, Montez
Champalimaud, Paços de Teixeiró, Quinta
do Côtto e Villa Collection.
Permitindo trazer o fascínio do mundo
da arte contemporânea não só para o
concelho de Cascais, como para a região
da Grande Lisboa, a mostra de estreia
em território português da Bel-Air Fine
Art, instituição (re)conhecida pelos seus
exigentes critérios no que respeita à arte
contemporânea, e representante de alguns
dos mais importantes mestres deste
movimento artístico, só poderia ter lugar
108
Hippocampus

em Cascais. Afinal, os seus proprietários,
Gregory e François Chabanian, têm uma
ligação muito próxima com o nosso país, e
mais ainda com Cascais, dado que a Vila
situada à beira-mar tem sido o seu destino
de férias de eleição há já alguns anos.
Foi, assim, num espaço totalmente renovado,
com mais de 600m2 de superfície,
que abriu essa galeria de arte temporária
onde marcaram presença obras especialmente
selecionadas para o efeito por
François Chabanian, todas autenticadas
e certificadas. O mote da exposição foi
dado, nem mais nem menos, pelo próprio
Salvador Dalí, uma vez que, para
esta exposição em particular, a Bel-Air
Fine Art entrou em contacto com Jean
Amiot, o mais prestigiado coleccionador
do mundo das criações do mestre da arte
moderna espanhol, que, gentilmente,
disponibilizou mais de trinta gravuras
originais, litografias e desenhos raros da
sua colecção particular, não esquecendo as
várias esculturas provenientes do Museu
Dalineum, do mesmo Jean Amiot.
Presença de destaque no International
Art Show marcaram, ainda, as obras de
Jeff Koons, Patrick Hughes, Carole Feuerman,
Richard Orlinski, Idan Zareski, Patrick
Rubinstein, Patrick Hughes, Joseph,
Christian Voigt ou Cécile Plaisance, entre
muitos outros. Um evento que constituiu
um marco para a arte contemporânea
Clube Naval de CASCAIS 109

Cultura International Art Show
em Portugal, e que, durante mais de um
mês, permitiu que todos os visitantes da
Marina de Cascais, e, especialmente, os
apreciadores da arte, em geral, e deste
movimento artístico, em particular, conhecessem
melhor alguns dos seus principais
protagonistas.
REFERÊNCIAS INCONTORNÁVEIS
Pese embora tenham sido mais de duas
dezenas os artistas cujas obras estiveram
em exibição no International Art Show,
nomes há que, pela sua importância para
a arte moderna, merecem referência particular.
Desde logo, Salvador Dalí, o pintor,
escultor, gravador e escritor espanhol que
é considerado um dos principais representantes
do surrealismo, e um dos pintores
mais famosos do século XX. Os temas
que abordou com mais frequência foram
os sonhos, a sexualidade, a comida, a sua
esposa (Gala) e a religião. A Persistência da
Memória é uma das suas pinturas surrealistas
mais famosas, o Cristo de São João
da Cruz uma das suas principais pinturas
religiosas. Artista muito imaginativo, Dalí
exibia uma forte tendência para o narcisismo
e a megalomania, que lhe permitia
captar a atenção do público, mas irritava
uma parte do mundo da arte, que via neste
comportamento uma forma de publicidade
que por vezes ultrapassava a sua obra. Não
obstante, dois museus foram-lhe dedicados
ainda em vida, o Museu Salvador Dalí e o
Museu-Teatro Dalí, este último uma obra
surrealista da criação do próprio.
Nascido em York, no estado norte-americano
da Pensilvânia, em 1955, Jeff Koons
estudou no Maryland Institute College of
Art, em Baltimore, e na School of the Art
Institute of Chicago, e recebeu um BFA
do Maryland Institute College of Art em
1976. Vive e trabalha em Nova Iorque, e
desde a sua primeira exposição individual,
em 1980, o ser trabalho foi apresentado
nas principais galerias e instituições de
todo o mundo.
Quanto a Patrick Hughes, fez a sua primeira
pintura tridimensional em relevo em
1964, e os seus relevos pintados confundem
constantemente o seu público, demonstrando
como as aparências podem ser
enganosas, pois, à medida que se caminha
em direcção às pinturas aparentemente
planas, estas surgem como que do nada,
criando uma experiência desorientadora e
“comovente”. As suposições preconcebidas
do olho e do cérebro são desafiadas, inevitavelmente
levantando questões importantes
sobre nossa percepção visual. Contudo,
as suas ilusões não pretendem confundir
(embora o façam), antes visam esclarecer
a nossa relação com a realidade.
O escultor francês Richard Orlinski
nasceu em Paris, em 1966, e o seu trabalho
é particularmente influenciado pelo
110
Hippocampus

movimento pop art, que o fascina desde
os primeiros anos, tendo como materiais
preferidos a resina e o alumínio, utilizados
segundo um processo de fundição. Já o
israelita Idan Zareski, apesar de natural
de Haifa, vive e trabalha entre a Costa
Rica, França e Miami, e teve uma vida
muito surpreendente: fluente em várias
línguas (como francês, inglês e espanhol),
desde jovem teve oportunidade de estar
imerso em várias culturas, vivendo uma
vida cosmopolita entre África, Europa,
Estados Unidos e América Latina, mas,
aos 38 anos, decidiu mudar de rumo para
seguir a sua paixão – esculpir, e da sua
paixão por encorajar a consciência cultural
e a tolerância em todo o mundo nasceu a
família Bigfoot, que alcançou notoriedade
mundial através das suas viagens e mensagem
universal de união.
A carreira de Cécile Plaisance começou
com uma boneca, mas não com uma boneca
qualquer. Os maiores nomes da moda,
Karl Lagerfeld, Yves St. Laurent, Christian
Louboutin, Christian Lacroix e muitos
outros, já lhe prestaram homenagem. E,
como uma jovem que amava todas as coisas
belas, começou por tirar fotos da única
companheira de brincadeiras que admirava
e representava uma presença constante
no mundo das raparigas, que a vestiam e
despiam diariamente – trata-se da célebre
Barbie, claro. Cécile Plaisance teve tanto
êxito, que as suas primeiras composições
transformaram-se em sucessos instantâneos.
A artista deseja tornar a vida mais alegre e
uma oportunidade de trazer de volta estas
lembranças de infância.
Christian Voigt nasceu em Munique,
na Alemanha, mas vive e trabalha em
Hamburgo (onde está situado o seu actual
estúdio) com máquinas fotográficas
de grande formato, tanto digitais quanto
analógicas. Experimenta novas técnicas
de fotografia e explora todo o potencial
do digital. Em algumas das suas obras, as
suas fotos em grande formato podem medir
até oito metros de largura, mas as restantes
edições limitadas também são propostas
em tamanhos mais modestos, que clientes
e coleccionadores podem pendurar nas
paredes de sua casa.
Artista visual francesa, Emmanuelle Rybojad
nasceu em 1991, e vive e trabalha em
Paris. As suas obras inspiram-se no cinema
e na pop art,e a sua pesquisa artística fê-la
explorar vários meios, materiais e volumes,
levando-a criar mosaicos de Cubos de
Rubik, quebra-cabeças gigantes colocados
em espelhos que brincam com perspetivas,
e ainda baús luminosos, em que encena
formas geométricas. Palavra final para Joseph,
artista conceptual nascido em Paris,
em 1961, em que, na sua última série de
criações, a obra atribui ao espectador um
lugar, uma função e um poder.
Clube Naval de CASCAIS 111

Culture International Art Show
Preferred Choice
Cascais was the location chosen by the prestigious international group Bel-Air
Fine Art to hold its first exhibition in Portugal. At the end of 2020, and for over
a month, visitors to the Cascais Marina were able to admire, completely free
of charge, over two hundred works of contemporary art signed by over twenty
internationally renowned artists
From November 2nd to December 6th
last year, more than two hundred works
of contemporary art by more than twenty
internationally renowned artists were on
display at the Cascais Marina. Among them
were some of the main references not only in
so-called Contemporary Art, but also in Neo
Pop Art, Optical Art, and Contemporary
Photography - in other words, the four main
artistic movements to which the organizers
are dedicated. The initiative was taken by
Bel-Air Fine Art, a renowned international
group based in Switzerland, with galleries
located in the world’s most exclusive places
(such as Paris, Saint-Tropez, Venice, Cannes,
Monaco and Miami), and was supported by
exclusive partners such as Municipal Council
of Cascais, Cascais Marina, Pricci Jewelry,
Vilaça Interiores, Montez Champalimaud,
Paços de Teixeiró, Quinta do Côtto and Villa
Collection.
Bringing the fascination of the contemporary
art world not only to the municipality
of Cascais, but also to the Greater Lisbon
area, the debut show in Portugal of Bel-Air
Fine Art, an institution (re)known for its
demanding criteria with regard to contemporary
art, and representative of some of
the most important masters of this artistic
movement, could only take place in Cascais.
After all, its owners, Gregory and François
Chabanian, have a very close connection
to our country, and even closer to Cascais,
as the seaside village has been their favorite
vacation destination for several years now.
It was, therefore, in a totally renovated
space, with more than 600m2 of surface
area, that this temporary art gallery opened,
where works specially selected for the effect
by François Chabanian, all authenticated
and certified, were present. The motto for
the exhibition was given, no more and no
less, by Salvador Dalí himself, since, for
this particular exhibition, Bel-Air Fine Art
contacted Jean Amiot, the world’s most
prestigious collector of the creations of the
Spanish master of modern art, who kindly
made available more than thirty original
engravings, lithographs, and rare drawings
from his private collection, not forgetting
the various sculptures from the Dalineum
Museum, owned by the same Jean Amiot.
Also a highlighted presence at the International
Art Show were works by Jeff
Koons, Patrick Hughes, Carole Feuerman,
Richard Orlinski, Idan Zareski, Patrick Rubinstein,
Patrick Hughes, Joseph, Christian
Voigt or Cécile Plaisance, among many
others. An event that was a milestone for
contemporary art in Portugal, and which,
for over a month, allowed all visitors to the
Cascais Marina, and especially art lovers
in general, and this artistic movement in
particular, to get to know some of its main
protagonists better.
KEY REFERENCES
Although there were more than two dozen
artists whose works were on display at the
International Art Show, there are names
that, due to their importance to modern art,
deserve special mention. First of all, Salvador
Dalí, the Spanish painter, sculptor, engraver
and writer who is considered one of the main
figures of Surrealism, and one of the most
famous painters of the 20th century. The
themes he most often addressed were dreams,
sexuality, food, his wife (Gala), and religion.
The Persistence of Memory is one of his most
famous surrealist paintings, the Christ of St.
John of the Cross one of his major religious
paintings. A very imaginative artist, Dalí exhibited
a strong tendency towards narcissism and
megalomania, which allowed him to capture
the public’s attention, but irritated a part of the
art world, which saw in this behavior a form of
publicity that sometimes went beyond his work.
Nevertheless, two museums were dedicated to
112
Hippocampus

him while he was still alive, the Salvador Dalí
Museum and the Dalí Museum-Theater, the
latter a surrealist work of his own creation.
Born in York, Pennsylvania, in 1955, Jeff
Koons studied at the Maryland Institute
College of Art in Baltimore and at the School
of the Art Institute of Chicago, and received
a BFA from the Maryland Institute College
of Art in 1976. He lives and works in New
York City, and since his first solo exhibition
in 1980, his work has been featured in major
galleries and institutions around the world.
As for Patrick Hughes, he made his first
three-dimensional embossed painting in
1964, and his embossing paintings constantly
confuse his audience, demonstrating how
deceptive appearances can be, for as one
walks towards the seemingly flat paintings,
they appear as if out of nowhere, creating a
disorienting and “moving” experience. The
preconceived assumptions of the eye and brain
are challenged, inevitably raising important
questions about our visual perception. However,
his illusions are not intended to confuse
(although they do), rather they aim to clarify
our relationship with reality.
French sculptor Richard Orlinski was born
in Paris in 1966, and his work is particularly
influenced by the pop art movement, which
has fascinated him since his early years. His
preferred materials are resin and aluminum,
used in a casting process. The Israeli Idan
Zareski, on the other hand, although born
in Haifa, lives and works between Costa
Rica, France, and Miami, and has had a
very surprising life: fluent in several languages
(such as French, English and Spanish),
from a young age he had the opportunity
to be immersed in various cultures, living a
cosmopolitan life between Africa, Europe,
the United States and Latin America, but at
the age of 38 he decided to change course to
follow his passion - sculpting, and from his
passion for encouraging cultural awareness
and tolerance around the world was born the
Bigfoot family, which has achieved worldwide
notoriety through its travels and universal
message of unity.
Cécile Plaisance’s career began with a doll,
but not just any doll. The biggest names in
fashion, Karl Lagerfeld, Yves St. Laurent,
Christian Louboutin, Christian Lacroix and
many others, have all paid tribute to her.
And like a young girl who loved all things
beautiful, she started by taking pictures of the
only playmate she admired and represented a
constant presence in the world of girls, who
dressed and undressed her every day - the
famous Barbie, of course. Cécile Plaisance
was so successful that her first compositions
became instant hits. The artist wishes to make
life more joyful and a chance to bring back
these childhood memories.
Christian Voigt was born in Munich, Germany,
but lives and works in Hamburg (where
his current studio is located) with large format
cameras, both digital and analog. He experiments
with new photography techniques and
explores the full potential of the digital. In
some of his works, his large format photos
can measure up to eight meters wide, but the
remaining limited editions are also offered in
more modest sizes, which clients and collectors
can hang on the walls of their homes.
French visual artist Emmanuelle Rybojad
was born in 1991, and lives and works in Paris.
Her works are inspired by cinema and pop
art, and her artistic research has led her to
explore various media, materials and volumes,
leading her to create Rubik’s Cube mosaics,
giant puzzles placed in mirrors that play with
perspectives, and also luminous trunks, in
which she stages geometric shapes. A final
word for Joseph, a conceptual artist born in
Paris in 1961, where, in his latest series of
creations, the work assigns the viewer a place,
a function, and a power.
Clube Naval de CASCAIS 113

Agenda Regatas CNC 2021
MÊS / Month DATA / Date CLASSE / Class EVENTO / Event
Abril/April
Maio/May
Junho/June
Julho/July
Agosto/August
Setembro/September
Outubro/ October
Dezembro/December
10-11 SB20 3rd Cascais SB20 Winter Series
11 SB20 3rd Cascais SB20 Winter Series – Entrega de Prémios / Prize Giving
17-18 Snipe PAN – Prova de Apuramento Nacional
18 Snipe PAN – Prova de Apuramento Nacional – Entrega de Prémios / Prize Giving
23-25 Dragão / Dragon 3rd Cascais Dragon Winter Series
25 Dragão / Dragon 3rd Cascais Dragon Winter Series – Entrega de Prémios / Prize Giving
01-02 SB20 4th Cascais SB20 Winter Series
02 SB20 4th Cascais SB20 Winter Series – Entrega de Prémios / Prize Giving
03-09 49er / 49er FX 2021 49er & 49er FX Championship
15-16 VC Troféu Conde Caria
16 VC Troféu Conde Caria – Entrega de Prémios / Prize Giving
22-23 SB20 Spring Cup Cascais SB20
23 SB20 Spring Cup Cascais SB20 – Entrega de Prémios / Prize Giving
28-30 Dragão / Dragon 26th H.M. King Juan Carlos Trophy
30 Dragão / Dragon 26th H.M. King Juan Carlos Trophy – Entrega de Prémios / Prize Giving
03-05 Optimist Mirpuri Foundation Junior Sailing Trophy
04-05 VC Mirpuri Foundation Sailing Trophy
05 VC Mirpuri Foundation Sailing Trophy – Entrega de Prémios / Prize Giving
18-20 SB20 Campeonato Nacional SB20 / SB20 Nationals
20 SB20 Campeonato Nacional SB20 / SB20 Nationals – Entrega de Prémios / Prize Giving
26-27 Todas / All Troféu 83º Aniversário – 83rd Anniversary Regatta
26 – Jantar de Aniversário, 83 Anos / Anniversary dinner, 83 years
26 – Festa Hello Summer / Hello Summer Party
10-11 SB20 Summer Regatta SB20
11 SB20 Summer Regatta SB20 – Entrega de Prémios / Prize Giving
23-25 Formula Foil Campeonato Ibérico Formula Foil Open
25 Formula Foil Campeonato Ibérico Formula Foil Open – Entrega de Prémios / Prize Giving
21-22 SB20 Sail Cascais Trophy
22 SB20 Sail Cascais Trophy – Entrega de Prémios / Prize Giving
27-29 Cruzeiro / Dragão / SB20 Cascais Vela
29 Cruzeiro / Dragão / SB20 Cascais Vela – Entrega de Prémios / Prize Giving
29-31 SB20 SB20 World Championship
01-03 SB20 SB20 World Championship
03 SB20 SB20 World Championship – Entrega de Prémios / Prize Giving
02-03 Snipe / SB20 Troféu Maria Guedes Queiroz
03 Snipe / SB20 Troféu Maria Guedes Queiroz – Entrega de Prémios / Prize Giving
08 VA / Para Sailing Encontro Brisa / Brisa Encounter
09 VA / Para Sailing Troféu Brisa / Brisa Trophy
15-17 SB20 Women’s Sailing Champions League
17 SB20 Women’s Sailing Champions League – Entrega de Prémios / Prize Giving
30 SB20 1st Cascais SB20 Winter Series 2021-22
04-05 Optimist, 420, Laser Regata de Natal / Christmas Regatta
05 Optimist, 420, Laser Regata de Natal / Christmas Regatta – Entrega de Prémios / Prize Giving
04-05 SB20 2nd Cascais SB20 Winter Series 2021-22
05 SB20 2nd Cascais SB20 Winter Series – Entrega de Prémios / Prize Giving
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