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Compromisso para o desenvolvimento de São Nicolau

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D E S E N V O L V I M E N T O D E S . N I C O L A U



Índice

MENSAGEM DO PRESIDENTE DO MPD..............................................................5

MENSAGEM DOS CANDIDATOS....................................................................................7

DESENVOLVIMENTO DE SÃO NICOLAU......................................................11

Introdução ...............................................................................................................................................12

Valorizar o passado e fortalecer a dignidade de

S. Nicolau...............................................................................................................................................13

Dinamizar a economia da ilha: resgatar a importância

económica de S. Nicolau...................................................................................................14

1. Economia azul.........................................................................................................................15

2.Turismo sustentável............................................................................................................16

3. Agricultura....................................................................................................................................17

4. Economia verde ....................................................................................................................19

5. Cidades saudáveis e atrativas ..............................................................................19

6. Transportes ...............................................................................................................................20

7. Qualificação dos recursos humanos.............................................................21

Desenvolvimento social..........................................................................................................22

1. Saúde ................................................................................................................................................22

2. Educação......................................................................................................................................23

3. Inclusão Social e produtiva .....................................................................................23

Governança e Financiamento do desenvolvimento.......................24

1. Planeamento e orientação para o Desenvolvimento

Sustentável....................................................................................................................................24

2. Inter-municipalidade ........................................................................................................25

3. Financiamento........................................................................................................................26

3


“O MpD é único

partido com uma

plataforma autárquica

estruturada, consistente,

com opções e orientações

de politicas e reformas

claras para o reforço

da descentralização

e para a dinamização

do desenvolvimento local

e regional.


Caro Sanicolaense

As eleições autárquicas de 25 de Outubro,

acontecem num momento único da vida do

país, afetado pela pandemia da COVID 19 e

pela crise económica e social daí adveniente,

que se junta aos efeitos de três anos conse cutivos de seca severa.

As eleições acontecem num momento em que é preciso estabilidade

e capacidade governativa a nível local.

O modelo de desenvolvimento escolhido pelo MpD e que vem sendo

im plementado desde Maio de 2016, tem no desenvolvimento local e

re gional um pilar fundamental. O Plano Estratégico de Desenvolvi -

men to Sustentável, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ter -

ritorializados) e a inauguração de uma nova era no relaciona men to

entre o Governo e os Municípios assente na parceria, comple men ta -

ridade e subsidiariedade retratam bem essa opção não só em termos

de princípios, mas de políticas, investimentos e resultados.

O perfil dos próximos presidentes das Câmaras Municipais é mais exi -

gente hoje. O país precisa de autarcas que realizem, concre ti za do res,

que resolvem os problemas, mas com visão, ambição de de sen vol vi -

mento e capacidade de liderança.

O MpD é único partido com uma plataforma autárquica estruturada,

consistente, com opções e orientações de politicas e reformas claras

para o reforço da descentralização e para a dinamização do desenvolvimento

local e regional.

O que está em causa nestas eleições não é só a administração muni -

5


cipal, mas essencialmente o desenvolvimento de Cabo Verde, das ilhas

e dos municípios.

O presente documento estratégico está concebido nesse sentido. Para

além das plataformas municipais dos candidatos - o Dr. José Frei tas

(Zé d’ Bia Mana) e o Eng. José Martins (Zeca Martins) – este do cu -

men to aborda o desenvolvimento integrado da ilha de S. Nicolau e

afir ma-se como um compromisso dos dois com a sua Ilha.

Traça uma estratégia de desenvolvimento com base (1) na valorização

do passado e da memória coletiva para fortalecer a dignidade de S.

Ni colau; (2) na dinamização da economia de S. Nicolau assente na

va lorização dos seus recursos endógenos nos domínios da economia

azul, do turismo sustentável, da agricultura e da economia verde; e

(3) no desenvolvimento social inclusivo.

Ambiciona (1) Ribeira Brava como uma Cidade Museu e ambas as ci -

dades, Ribeira Brava e Tarrafal, como cidades saudáveis e atrativas

para residir, visitar e investir; (2) uma ilha com um sistema de trans -

por tes eficiente; (3) recursos humanos qualificados através de educa -

ção e formação de excelência, em linha com a história de S. Nicolau.

Aposta na inter-municipalidade e no financiamento do desenvolvimento

com forte participação do setor privado nacional, da diáspora

e estrangeiro, para além do investimento público.

No dia 25 de Outubro, S. Nicolau é chamada a votar. Votar é fazer

es colhas. É decidir sobre o futuro porque as escolhas de hoje serão

as consequências de amanhã.

Espero e desejo que façam uma boa escolha, a melhor escolha em

Ri beira Brava e no Tarrafal para o bem do desenvolvimento de S. Ni -

co lau.

Ulisses Correia e Silva

/Presidente do MpD/

6


Caro Sanicolaense

Numa iniciativa inédita em Cabo Ver -

de juntamos as forças neste momento em que são chamados a votar

e a es co lher os próximos presidentes das Câ maras Municipais da

nossa ilha, Ri bei ra Brava e Tarrafal.

Juntamos as forças para uma nova era para S. Nicolau porque o que

está em causa, para além dos nossos dois municípios, é o desenvolvimento

integrado e sustentável de S. Nicolau, o que só se consegue

com uma visão comum e uma estratégia que congrega os munícipes,

o Governo, o setor privado e as organizações da sociedade civil numa

perspetiva de médio e longo prazo.

Este documento é o nosso compromisso para com um S. Nicolau que

resgata a sua dignidade e projeta a ilha para o futuro próximo com

uma economia dinâmica capaz de criar emprego, aumentar o rendimento

e eliminar a pobre extrema.

É o nosso compromisso com um melhor aproveitamento e valorização

dos recursos humanos, patrimoniais e culturais da ilha para transformá-los

em riqueza e fatores de atratividade do investimento

pri vado nacional, da nossa diáspora e do estrangeiro.

Iremos criar a Associação dos Municípios de São Nicolau. Esta solução

permite analisar e resolver os problemas comuns e potenciar sinergias

e complementaridades, numa perspetiva de inter-municipalidade.

7


Iremos criar um Conselho Consultivo da Ilha composto por representantes

dos dois municípios, do Governo, das câmaras de comércio e

do turismo e das organizações da sociedade civil.

Iremos liderar, em parceria com o Governo, com as organizações empresariais

e com as organizações da sociedade civil, para no prazo

máximo de seis meses após a tomada de posse, termos elaborados o

Plano Estratégico de Desenvolvimento de S. Nicolau alinhado com os

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e com a Agenda Ambição

2030 e os programas operacionais da Economia Azul, do Turismo Sustentável,

da Agricultura Inteligente e da Economia Verde, com base

nas orientações estratégicas do presente Documento.

Iremos promover, em parceria com o governo e o setor privado, uma

SDR – Sociedade de Desenvolvimento Regional, como decisiva instituição

responsável pelo planeamento do desenvolvimento integrado

da Ilha e pela promoção e financiamento da iniciativa privada.

Como parte do esforço de promoção da SDR, os dois municípios colocarão

todo o empenho no sentido da criação, junto da diáspora, mas,

também, de outros investidores, condições favoráveis à compra de

ações e de outros ativos emitidos pela SDR, nomeadamente obrigações

que a mesma possa vir a emitir, dando uma oportunidade a

todos, em particular à imensa diáspora de participar, através de títulos

remunerados, no desenvolvimento da Ilha.

Estaremos juntos a representar S. Nicolau na Zona Especial de Eco -

no mia Marítima com sede em S. Vicente e que abrange as ilhas do

Norte.

Iremos criar uma sociedade intermunicipal de água e saneamento,

com capacidade para responder aos desafios de fornecimento de

água potável para uso doméstico e empresarial e, também, para dar

resposta aos desafios nos domínios do saneamento básico, incluindo

8


os resíduos sólidos, assegurando que a Ilha se apresente, sempre,

como exemplo na esfera ambiental.

Iremos elaborar e executar um programa de abordagem integrada,

ao nível da Ilha, dos desafios colocados no domínio da formação desportiva

e da formação artística (música, dança, artes plásticas, artes

cénicas e literatura, nomeadamente).

Iremos preparar, conjuntamente, um programa de luta contra a pobreza

extrema, colocá-lo junto de parceiros locais e externos e reali -

zá-lo em parceria.

Iremos realizar, conjuntamente, de preferência em parceria com ONG,

um programa de educação pré-escolar e de cuidados a idosos, crian -

ças e pessoas com deficiência.

Porque o que está em causa é o desenvolvimento de S. Nicolau, apre -

sentamo-nos para vossa decisão no dia 25 de Outubro.

José (Zeca) Martins

José Freitas (Zé d’Bia Mana)

9



DESENVOLVIMENTO DE

SÃO NICOLAU

11


INTRODUÇÃO

A Ilha de São Nicolau foi a segunda principal ilha de Cabo Verde. Al -

ber gou a sede da Diocese de Cabo Verde e Guiné, acolheu o Semi -

ná rio-Liceu de Cabo Verde, foi sede da Comarca de Barlavento.

Cumpriu um papel importante na economia do País, como o seu se -

gundo celeiro, durante dois séculos, pelo menos.

Foi o principal centro da pesca da baleia, teve a primeira fábrica de

conservas de peixe do País (exportadora para a América e a Europa

– sobretudo Portugal e Itália), bem-sucedida, até agora.

Foi o principal exportador da urzela utilizada na tinturaria inglesa, à

época da Primeira Revolução Industrial.

Foi por S. Nicolau que se introduziu a cultura do café, em Cabo Verde,

e de onde o café partiu para o Brasil.

Teve uma burguesia notável (cuja memória está guardada na própria

arquitetura da Vila da Ribeira Brava).

Foi exportadora de banana para Portugal, de café, de peles e, para

as ilhas do Sal, da Boavista e de São Vicente, exportou produtos da

pecuária, cereais, farinha de mandioca, legumes, peixe salgado e enlatado,

fruta e produtos verdes.

Teve o primeiro cabo-verdiano que se formou em medicina, na Sorbonne.

E é considerada berço da intelectualidade e origem do movimento

claridoso. Por ela passou Pedro Álvares Cabral, a caminho do

achamento do Brasil.

Toda essa memória é guarda com profundo orgulho e carinho pela

população da Ilha. Até aos dias de hoje.

12


Essa realidade passada choca brutalmente com a realidade a nível

do papel da ilha nos dias de hoje e da sua situação económica, cultural

e social.

VALORIZAR O PASSADO E FORTALECER

A DIGNIDADE DE S. NICOLAU

Valorizar o passado e a memória coletiva para fortalecer a dignidade

de S. Nicolau é um referencial importante para a estratégia

de desenvolvimento da ilha.

1. Trazer para a superfície a História e a Cultura da ilha de

São Nicolau e dar-lhes grande visibilidade através da conservação,

recuperação, classificação e destaque de (1) localidades

patrimoniais como a Povoação da Preguiça, Centro Histórico

da Vila da Ribeira Brava, Queimadas, Porto Lapa; (2) caminhos

vi cinais caminhos das cruzes e das capelas; (3) edifícios patrimo -

niais como a Sé de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja matriz

de Nossa Senhora da Lapa, o ex-Seminário-Liceu de Cabo Verde,

o ex-Orfanato do Caleijão, as casas onde nasceram ou mo ra -

ram Baltasar Lopes, Pedro Corsino de Azevedo, José Lopes, Osvaldo

Azevedo, João Lopes.

Na mesma senda, o apoio, desenvolvimento, contribuição e projeção

nacional e internacional de eventos como (1) festas de

ro maria; (2) serenatas e outras manifestações tradicionais; (3)

Carnaval de S. Nicolau.

2. Realizar o conceito de Município Museu, vivo e dinâmico,

em Ribeira Brava, pela identificação, classificação, restauro,

con servação, descrição de todos os marcos, edifícios e lugares

históricos, nomeadamente: Alfandega da Preguiça, Forte da

Preguiça e marcos alusivos à passagem de Pedro Álvares Cabral,

13


a caminho do Brasil; Galeria de Fajã; Ex-Orfanato do Caleijão;

Seminário de São José; Sé de Nossa Senhora do Rosário; Busto

do Doutor Júlio José Dias; edifícios onde nasceram ou residiram

personalidades referência na Ilha de São Nicolau, no País e na

Diáspora; Busto de Monsenhor Bouças (a instalar na Praça

Mon senhor Bouças); Busto de Baltasar Lopes da Silva; Igreja

Ma triz de Nossa Senhora da Lapa. Criar o museu Claridade (de

etnologia, da História e da Cultura). Contribuir para a criação

do Museu de Arte Sacra.

Realizar o conceito de Município Museu com a inclusão da His -

tó ria Natural e o património natural, pela identificação, conservação,

proteção e descrição desse património: (1) um jardim da

biodiversidade, que dê realce à biodiversidade endógena e à biodiversidade

importada, em particular as espécies que passaram

de uns continentes para outros continentes, em consequência

dos Descobrimentos Marítimos Portugueses; (2) a produção da

mandioca e o processo da sua transformação em diferentes

produtos que fazem parte da tradição alimentar e da culinária

sanicolaense; (3) a produção da cana sacarina e dos seus deri -

vados por métodos tradicionais; a produção do café e a sua

torrefação tradicional e embalagem.

DINAMIZAR A ECONOMIA DA ILHA: RESGATAR

A IMPORTÂNCIA ECONÓMICA DE S. NICOLAU

Dinamizar a economia de S. Nicolau, criar riqueza e emprego com

base nos recursos endógenos da ilha nos domínios da economia

azul, do turismo e da agricultura. Recursos que devem ser explorados

de forma sustentável com efeitos sobre outras áreas de atividade

económica, como a indústria e o comércio e ao serviço das

restantes ilhas.

14


1. Economia azul

S. Nicolau dispõe da maior baía de Cabo Verde (Baía de S. Jorge,

em Ribeira Brava); possui uma das maiores reservas mundiais de

blue marlin e praias para tratamentos termais.

A Baía de S. Jorge é um porto natural imenso, dispõe de espaço

ade quado para a piscicultura, produção, em cativeiro das mais va -

ria das espécies de peixes, moluscos e crustáceos de elevado valor,

destinados, sobretudo, à exportação.

Toda a faixa costeira da baía de S. Jorge possui um valor incomensurável

para o turismo de repouso e de saúde. Deve ser devidamente

planeada, aproveitada e integrada num produto global de

grande qualidade, representando uma opção invejável para um turis -

mo sustentável e de grande valor acrescentado.

A pesca e a indústria pesqueira são atividades relevantes em S. Nicolau,

particularmente no Tarrafal. A construção de cais de pescas

cujo processo está em curso, de um entreposto frigorífico em re gi -

me de concessão e parceria público-privado, e mercado de venda

de pescado vão melhorar substancialmente as condições em que

opera a atividade da pesca, permitindo a certificação dos produtos

para exportação e acesso ao mercado turístico, assim como as diversas

intervenções de apoio a pescadores, vendedores e tratadores

de peixes e nas comunidades piscatórias.

A nova Lei das Pescas impõe a obrigatoriedade de as embarcações

de pesca desembarcarem parte da captura no porto que estiver indicado

na licença de pesca, com impacto positivo na economia local

e sobre o fornecimento de peixe para a industria conserveira. A

SUCLA já beneficia desta lei.

15


A pesca desportiva é uma atividade que deve ser estruturada e integrada

no roteiro e no circuito turístico da ilha, com impacto na

economia local em termos de fornecimento de serviços de alojamento,

restauração, entretenimento e ligação ao eco-turismo.

Desportos náuticos, como a regata, o remo, a vela, a natação, o

mer gulho e os desportos radicais, particularmente na Baía de São

Jorge (Praia de Garfos, Praia de Gadjana, Porto Lapa e Carriçal)

de vem ser incentivados e promovidos.

O investimento privado na implementação de uma marina na praia

de Campo Pedrada em Tarrafal previsto para 2021, será um equipamento

fundamental para o desenvolvimento do Turismo e da Náutica

de Recreio, criação postos de trabalho direta e indiretamente,

o que constituiu uma mais-valia significativa para a dinamização da

economia e para a criação de emprego na ilha.

A dinamização do Museu da Pesca (em Tarrafal), a intervenção em

caminhos vicinais, a reabilitação e valorização de ruínas com interes -

se histórico e a restauração e aproveitamento económico da antiga

fábrica de atum em Carriçal, serão integrados no roteiro turístico

“Caminho da pesca da baleia”.

A requalificação da Preguiça está ligada à temática da economia

azul e albergará um pólo da Escola do Mar para a formação técnico-profissional.

2. Turismo sustentável

O turismo terá como suporte a História de S. Nicolau, com base na

valorização do passado e da singularidade cultural da Ilha; a paisa -

gem, a rede de caminhos vicinais, os microclimas, a variedade e ri -

que za da natureza, as serras e vales, a biodiversidade e o mar.

16


A aposta é num turismo diferenciado, seletivo, de elevado efeito

mul tiplicador e valor acrescentado, beneficiando diretamente as

famílias, assente em pequenas unidades hoteleiras de luxo, no turis -

mo de habitação e na promoção e desenvolvimento de aldeias turísticas.

Será efetuado um levantamento de toda a faixa costeira e a

iden tificação de locais mais adequados para a instalação de uni da -

des hoteleiras de luxo, vocacionadas para o turismo de repouso e

termal, assim como a sua promoção como oportunidades de investimento.

Uma abordagem integrada dos patrimónios históricos, culturais e na -

tu rais associados a eventos culturais, religiosos e tradicionais deve

posicionar S. Nicolau, através de roteiros e circuitos, na oferta de ecoturismo

de qualidade, a nível dos mercados internacional e in ter no.

Ações e investimentos realizados e em curso vão nesse senti do como

é o caso do projeto integrado de Preguiça em execução, requalificação

de caminhos vicinais, reabilitação da Galeria de Fajã, restauro

no Museu da Pesca e criação da Casa da Morna em Praia Branca.

Pro jetos de transformação da Casa Baltazar Lopes em Mu seu e de

re qualificação do ex- Orfanato do Caleijão, estão em pro cesso.

S. Nicolau alberga maravilhas classificadas que devem ser objeto de

um programa estruturado para a sua valorização económica e integração

num roteiro de eco-turismo de qualidade, salvaguardando

a sustentabilidade ambiental: Parque Natural de Monte Gordo, Carbeirinho,

Vale da Ribeira Prata e Fragata, Morro de Praia Branca,

Baía da Praia de Campo Pedrada, praia de Baixo de Rocha.

3. Agricultura

S. Nicolau possui importantes bacias hidrográficas como os vales de

Fajã, Queimadas e Ribeira Brava onde se concentra a maior parte

das terras aráveis.

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Importantes projetos foram implementados nos últimos quatro anos

como a reabilitação Galeria de Fajã que aumentou a disponibilidade

de água de 450 m3 para 750 m3; campo solar de Chã das Furnas,

Ca beçalinho e Praia Branca; projetos hidroagrícolas como o de Praia

Bran ca e de perímetro agrícola como o de Rabil em Rª da Prata e

vários micro projetos; desencravamento de localidades agrícolas e

com potencial turístico como a estrada Ribeira da Prata/Fragata (em

execução).

Um programa de ordenamento e desenvolvimento integrado das

bacias hidrográficas deve incidir em particular, nos seguintes do mí -

nios: conservação de solos e águas; mobilização de águas subterrâneas

e de escorrimento superficial; vulgarização de tecnologias

de rega que economizem o consumo de água; vulgarização e intro -

dução de fruteiras nas áreas irrigadas e nos microclimas das zonas

altas, assim como de sementes melhoradas e adaptadas; apoio fito

sanitário para combate a pragas; fertilização orgânica dos solos;

uso de espécies melhoradas e mais adaptadas às condições de clima

e solo; vulgarização de pequenas unidades familiares de transformação

de produtos agrícolas e pecuários, de raiz tradicional, assis -

tência técnica, nomeadamente no domínio da qualidade, e garantia

de certificação; promoção de condições para a emergência de centrais

de compra/venda/exportação; promoção da produção de forrageiras,

sua colheita e conservação.

Paralelamente, será desenvolvido um programa de fomento da

pecuária e melhoria das espécies, sempre na ótica do mercado, particularmente

do gado caprino, ovino, suíno e bovino, assim como

da avicultura familiar de escala média.

Pretende-se que São Nicolau seja exportadora, com significado, de

produtos hortícolas, de legumes, de carne de gado miúdo, de ovos

orgânicos e de carne de aves. E um dos maiores produtores e ex -

por tadores de fruta para as ilhas com déficit destes produtos.

18


4. Economia verde

S. Nicolau é detentora de uma das maiores reservas do País no

domínio da biodiversidade endógena, de onde sobressaem, em terra,

o tortolho, a língua de vaca, a marcela, a figueira brava e o icónico

dragoeiro. A ilha possui um conjunto de paisagens surpreendentes e

microclimas que vão do subtropical seco ao sub-húmido e ao

húmido com características de clima temperado de altitude.

A ilha vai-se posicionar como uma economia verde com: (1) uma

agricultura produtiva, orientada para o mercado; (2) uma aposta

na transição energética ao nível de centrais de produção de energias

renováveis, massificação da micro geração, nexo água / energia

solar na agricultura e mobilidade elétrica; (3) a integração do turis -

mo no ecossistema natural de uma forma sustentável; (4) um forte

programa de segurança sanitária garantindo às famílias mais pobres

a melhoria das condições de habitabilidade mediante o acesso domiciliário

à água, ao saneamento, a casa de banho e a energia; (5) a

criação de um aterro sanitário e um programa de redução drástica

da população de insetos e animais vetores potenciais de doenças

endémicas e epidémicas; (6) a requalificação urbana e ambiental

com especial atenção para a drenagem das águas pluviais, a proteção

do leito das ribeiras e da orla marítima; (7) uma solução estrutural

para a produção de areia e outros inertes, evitando a

delapidação da areia das praias e as intervenções de risco no leito

das ribeiras e nas encostas; (8) educação ambiental e sanitária nas

escolas e nas comunidades.

5. Cidades saudáveis e atrativas

Cidades saudáveis e atrativas são fundamentais para o bem-estar

da população e para a atração de novos residentes, visitantes e investidores.

19


Para além dos investimentos em requalificação urbana e ambiental

dos bairros e das localidades, é preciso desenvolver um conceito de

cidade assente na atitude e no comportamento urbanos dos habitantes

e não apenas na existência de um núcleo urbano com essa

classificação. Com este entendimento, cidade é todo o Município

(neste caso da Ribeira Brava e do Tarrafal), incluindo núcleos urbanos

e áreas de povoamento disperso (particularmente os seus

vales), sem qualquer discriminação, onde os seus habitantes se identificam

pelas atitudes e pelos comportamentos urbanos. Com este

entendimento, TODO O MUNICÍPIO É UMA CIDADE, e à mesma são

dirigidas as políticas urbanísticas, nomeadamente: (1) fazer cumprir

o código de posturas municipais; (2) fazer do Município um exemplo

de asseio das vias públicas; (3) incentivar o acabamento e a pintura

da fachada das casas e desestimular a prática arreigada de “paredes

cinzentas”; (4) promover a massificação de espaços verdes; (5)

plane ar e ordenar as zonas comerciais, incluindo serviços de restauração;

(6) investir em equipamentos e infraestruturas sociais, culturais

e desportivas; (7) dar vida cultural e económica aos pa tri -

mónios e eventos da ilha (música, dança, literatura, artes cénicas,

artesanato, investigação científica, desporto na natureza).

6. Transportes

É reconhecido que o transporte marítimo melhorou substancialmente.

De uma frequência média semanal de duas ligações marítimas

em 2015, de quinze em quinze dias (uma para a Praia e outra

para S. Vicente) passou-se para uma frequência média semanal de

seis viagens, mais uma exclusivamente de carga.

A expansão e modernização do porto marítimo de Tarrafal terá impacto

nas operações portuárias, comércio e escoamento de produtos

e transporte de passageiros.

20


A frequência dos transportes aéreos, afetada pelo contexto da pandemia

da COVID 19, passou de dois voos semanais para um voo semanal.

Garantir maior frequência, previsibilidade e regularidade de transportes

aéreos e marítimos para tornar fácil a circulação de pessoas

e mercadorias é um imperativo para a ilha de S. Nicolau. Os transportes

aéreos deverão ser incentivados e subsidiados até que a di -

nâmica económica da ilha crie fluxos de passageiros suficientes para

rentabilizar as operações e aumentar a frequência de voos. É nesse

sentido que o Governo aprovou e está a ser aplicada uma no va

metodologia de sistema tarifário que desonera as tarifas das via gens

que obrigam conexões, casos PRA/SN/PRA, via SAL; SV/SN/SV, via

PRA; e SAL/SN/SAL, via PRA.

Numa perspetiva de futuro próximo, o atual aeroporto deverá ser

adequado às reais necessidades do desenvolvimento da ilha quer

em termos de pista, quer de das áreas de assistência em terra.

A política de transportes aéreos para a ilha de S. Nicolau deverá ser

melhorada e erigida como um dos motores para a dinamização da

economia da ilha.

Em termos de acessibilidades rodoviárias estruturantes que criem

mais valor económico para a ilha, deve ser criada uma nova solução

que aproxime significativamente a cidade do Tarrafal à Cidade da

Ribeira Brava e ao Aeroporto do Campo da Preguiça, aproxime significativamente

a cidade da Ribeira Brava ao Porto do Tarrafal, seja

mais económica e reduza substancialmente os riscos rodoviários.

7. Qualificação dos recursos humanos

A qualificação e capacitação dos jovens para o emprego e para o

empreendedorismo através da formação profissional, estágios pro -

21


fissionais e programas de apoio ao empreendedorismo, é fundamental

para reter os jovens na ilha e dar respostas às necessidades

da economia da ilha à medida que investimentos produtivos vão

acontecendo e desenvolvendo.

Ribeira Brava já está dotada de um Centro de Emprego e Formação

Profissional que deverá entrar brevemente em funcionamento. Vai

permitir oferta de formação profissional e de assistência técnica e

programas para o empreendedorismo localmente e com maior pro -

ximidade.

Na educação, a ampliação da Escola Sec. Baltazar Lopes está em

curso. Investimentos consistentes foram realizados pelas Câmaras Municipais

e pelo Governo para dotar as escolas de melhores con dições

de organização e funcionamento, particularmente o acesso às TIC’s.

Numa ilha com a história de S. Nicolau no ensino, é fundamental

que a excelência da educação e da formação seja erigida como um

desígnio regional e sejam um verdadeiro suporte e impulsionador

do desenvolvimento sustentável da ilha.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

1. Saúde

Nos últimos quatro anos, a ilha passou a contar com mais dois médicos,

mais dez enfermeiros e investimentos na reabilitação de postos

sanitários e centros de saúde foram realizados. Em fase de instalação,

equipamentos para a melhoria da capacidade de diagnóstico médico.

Continuar a investir na saúde em termos de prevenção (associada

ao conceito de cidades saudáveis), de segurança sanitária, de recur -

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sos humanos, infraestruturas, equipamentos, materiais e tecnologia

é importante do ponto de vista do Serviço Nacional de Saúde, mas

também da criação de condições para posicionar S. Nicolau no segmento

de turismo de saúde e nas externalidades em termos de

inves timentos privados que poderá provocar.

2. Educação

Garantir que não haverá nenhuma criança com idade inferior a quatro

anos fora do ensino pré-escolar, é o maior investimento que os

municípios de S. Nicolau devem fazer na educação e na construção

do futuro.

Este investimento complementa o assumido pelo Governo com a

gratuitidade completa do ensino básico ao ensino secundário e com

a gratuitidade, incluindo o ensino superior e formação profissional,

a pessoas com deficiência.

Sinergias no investimento na ação social escolar (transportes, re -

feições, kits e bolsas de estudos) entre os municípios, o Governo e

as organizações da sociedade civil e empresariais são importantes

pois o retorno é grande e assegurado através da redução do abandono

escolar, aumento do aproveitamento escolar e transformação

da escola num ambiente de aprendizagem, formação do Homem e

de felicidade. S. Nicolau desenvolverá um conceito de “Educação

Solidária” para não deixar nenhuma criança, nenhum adolescente e

nenhum jovem para trás no desígnio de educação inclusiva e de excelência,

fiel à sua história secular.

3. Inclusão Social e produtiva

Garantir que não haverá nenhuma família a viver em situação de po -

breza extrema, nem pessoas da terceira idade a viverem em con -

23


dições de isolamento e abandono, é um dos propósitos maiores do

desenvolvimento sustentável da ilha. Para alcançar este objetivo, também

se elege como parceiras as ONG´s e as organizações religiosas.

Garantir uma boa inclusão de pessoas com deficiência do ponto de

vista da educação, formação, habitação, urbanístico e de direitos

consagrados no país e internacionalmente.

Garantir que não haverá nenhuma residência sem cobertura sanitária

e sem ligação à rede pública de abastecimento de água. Este é um

objetivo associado à política de habitação e de segurança sani tária a

prosseguir numa forte parceria entre os municípios e o Go ver no.

A dinamização da economia da ilha e as políticas ativas de emprego

deverão garantir uma taxa de desemprego de um dígito.

GOVERNANÇA E FINANCIAMENTO

DO DESENVOLVIMENTO

1. Planeamento e orientação para o Desenvolvimento

Sustentável

No próximo ciclo 2020-2024, os Municípios serão atores de primeira

linha na realização da Agenda Estratégica de Desenvolvimento Sustentável

de Cabo Verde, e assim na concretização da visão para as

respetivas regiões onde estão integrados.

Isto pressupõe uma abordagem mais comprometida do município

com o conceito de desenvolvimento orientado para a criação de

va lor económico, social, ambiental, urbanístico, de segurança e de

bem-estar, numa perspetiva e compromisso geracional de longo

prazo.

24


Pressupõe uma abordagem mais integrada da visão do município

(concelho) com a visão da ilha (região), um alinhamento da função

municipal com a ambição de desenvolvimento da ilha em que está

inserido, nomeadamente no que se refere à valorização do potencial

económico da ilha e à complementaridade entre as ilhas para a cria -

ção de riqueza e oportunidades de emprego.

Ribeira Brava e Tarrafal são os municípios e S. Nicolau a Ilha (região).

O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável de S. Nicolau

é uma prioridade imediata. Não deve ser uma soma dos planos dos

dois municípios, mas “o chapéu”, o enquadramento para os planos

operacionais municipais. Não deve ser concebida numa perspetiva

apenas de competências municipais, mas mais abrangente, envolvendo

competências do Governo e parcerias com o setor privado

empresarial, social e cultural, incluindo a diáspora.

2. Inter-municipalidade

Sendo S. Nicolau uma ilha com dois municípios, a inter-municipalidade

é importante para uma abordagem integrada do desenvolvimento

que não se limite a compartimentos estanques dos territórios

municipais.

Os Municípios de Ribeira Brava e do Tarrafal apostam em soluções

de inter-municipalidade no ordenamento e planeamento do território,

no ambiente e saneamento, na gestão da água, nos transportes

públicos rodoviários de passageiros, em sinergias e com ple -

mentaridades económicas, na proteção civil e na gestão de riscos

de desastres. As soluções de inter-municipalidade visam economias

de escala, a garantia de qualidade, regularidade e o nivelamento da

qualidade de serviços, a nível da ilha. Um modelo institucional adequado

para o efeito deverá ser criado e implementado.

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A nível da solução de inter-municipalidade, um Conselho Consultivo

da Ilha será criado, composto por representantes dos dois municípios,

do Governo, das câmaras de comércio e do turismo e das organizações

da sociedade civil.

3. Financiamento

Para além do Orçamento do Estado e do orçamento municipal, uma

parte importante do financiamento do desenvolvimento de S. Nicolau

deverá centrar-se no fomento da iniciativa privada para a

atração de investimentos e criação de emprego.

Existe hoje em Cabo Verde um bom ecossistema fiscal e de financiamento

orientado para micro, pequenas, médias e grandes empresas,

incluindo incentivos especiais ao empreendedorismo jovem.

O novo regime do imposto sobre o património vai dar a possibilidade

de os municípios fixarem o valor do imposto (IPI e do ITI) dentro

de limites de um intervalo de taxas fixado pela lei, permitindo

assim a cada município adequar à sua realidade o imposto sobre a

propriedade de imóveis que pretende ver cobrado na sua área de

jurisdição e utilizar a fiscalidade como um instrumento de incentivo

ao investimento. Uma política fiscal e de taxas municipais harmonizadas

entre os dois municípios de S. Nicolau deve ser desenvolvida

como complemento da atratividade fiscal da ilha.

As convenções de estabelecimento, o regime de Projetos de Mérito

Diferenciado e o Estatuto do Investidor Emigrante introduziram um

sistema de benefícios fiscais mais vantajosos para investimentos em

concelhos e ilhas cujo PIB per capita se situa abaixo da média nacional,

como é o caso de S. Nicolau.

A criação de uma Sociedade de Desenvolvimento Regional, com um

capital social não inferior a duzentos e cinquenta mil contos, com

26


funções de planeamento do desenvolvimento, do financiamento à

iniciativa privada e da mobilização de recursos endógenos, designadamente

de empresas e emigrantes, e de recursos externos para

financiar projetos de investimento privado na Ilha de São Nicolau é

uma solução a ser operacionalizada a curto prazo, existindo já um

bom quadro legal para o efeito.


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