14.12.2015 Views

Top Gear

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EXCLUSIVO: SAIBA COMO NASCEU O PROGRAMA TOPGEAR TV<br />

Nº 49 JULHO 2015<br />

WWW.TOPGEAR.COM.PT<br />

disponível<br />

em portugal<br />

a partir de setemBro<br />

39.400 euros<br />

potência: 310 cv<br />

binário: 400 nm<br />

0-100 km/h: 5,7 seg.<br />

Vel. máx. : 270 km/h<br />

já conduzimos!<br />

honda<br />

type R<br />

civic<br />

o primeiro motor 2.0 vtec turbo da marca nipónica<br />

E AINDA: BMW XM • COR7E55E Z0 7S. A7EN5ADOR LP00 • SEA5 LEON EM NÜRB6RGRING


TOPGEAR.COM.PT<br />

acompanhe o nosso dia a dia na internet e nas redes<br />

sociais (facebook.com/topgearportugal)<br />

TELEVISÃO<br />

o seu programa de automóveis<br />

favorito. reveja o <strong>Top</strong><strong>Gear</strong><br />

TOPGEAR<br />

SUPERCARROS<br />

a melhor compilação<br />

anual dos mais fantásticos<br />

supertestes. Já à venda!<br />

004 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


EDIÇÃO 49 • JULHO 2015<br />

com esta edição, capa de julho, a revista <strong>Top</strong><strong>Gear</strong><br />

cumpre o seu quarto ano em portugal. Fazemos parte<br />

de um dos maiores grupos de revistas de automóveis<br />

em todo o mundo, com presença em mais de<br />

40 países e territórios, e, publicada em cerca de 20 línguas diferentes. Adaptada à<br />

realidade de cada um dos países onde se publica, a revista <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> é uma publicação<br />

que recolhe a preferência de milhares de leitores todos os meses. É para eles que<br />

selecionamos os melhores e mais exclusivos conteúdos a nível mundial e é a pensar<br />

em todos vós que diariamente testamos os mais diversos modelos e nos deslocamos<br />

aos mais exóticos dos lugares. Um único objetivo: levar a informação que interessa<br />

de uma forma diferente e descomprometida, com uma grande paixão: os automóveis!<br />

E é isso mesmo que poderá encontrar nesta edição. Paixão em tudo o que fazemos.<br />

Um dos compactos desportivos mais aguardados dos últimos tempos foi<br />

inalmente apresentado à imprensa internacional. E foi logo num dos seus habitats<br />

naturais: uma pista de competição. O novo Honda Civic Type R não é um supercarro<br />

na forma como normalmente os catalogamos. Mas proposto com o primeiro motor<br />

VTEC Turbo da marca nipónica, debita 310 cavalos e alcança a velocidade máxima<br />

de 270 km/h. Estes valores já o colocam a par de alguns superdesportivos, não lhe<br />

parece? O facto é que este é um modelo que impressiona ao vivo. As fotos não lhe<br />

fazem justiça, mas quando o leitor o vir dar-nos-á razão.<br />

Continuando a folhear a edição irá deparar-se com outros carros de caráter<br />

desportivo, eventualmente tão ou mais entusiasmantes mas menos acessíveis<br />

seguramente: o BMW X5 M, para pais de família verdadeiramente apressados,<br />

e o mítico Mercedes-Benz G63 AMG, para todos aqueles que sonham atravessar<br />

paredes, são dois exemplos de peso. Depois há os pesos-pluma. O Ferrari California T<br />

que desaia sem só nem piedade o Porsche 911 Turbo S num confronto a céu aberto<br />

ou o Corvette Z06 Stingray Convertible que, também em formato descapotável,<br />

provoca o Lamborghini LP700-4 Aventador Roadster. E se consegue ler isto quase<br />

sem respirar, prepare-se para continuar sem fôlego com a visita do Seat Leon Cupra<br />

ST a Nürburgring, que culminou com a obtenção de um novo recorde de uma<br />

carrinha de tração dianteira para a volta mais rápida à pista. E a <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> esteve lá!<br />

Nas páginas inais desta edição poderá ainda ter acesso à primeira parte<br />

de uma história que muitos já ouviram falar, mas que poucos podem contar na<br />

primeira pessoa. Saiba aqui, em exclusivo, todos os pormenores de como nasceu<br />

o programa de televisão sobre automóveis mais visto em todo o mundo.<br />

Saiba aqui como nasceu o <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> TV. Desfrute da edição!<br />

PAULO PASSARINHO DIRETOR<br />

ASSINE A TOPGEAR<br />

Receba comodamente em sua casa ou aceda aos formatos<br />

digitais, disponiveis para iOS e Android.<br />

Veja na página 59 mais pormenores<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

005


114<br />

DESTAQUES<br />

76<br />

Civic alado<br />

O que respondemos quando<br />

a Honda nos convida para conduzir<br />

o novo Type R em pista? “Vamos já!”<br />

106<br />

De cabelo ao vendaval<br />

Eis mais dois supercabrios. A Ferrari<br />

montou dois turbos no California e<br />

a Porsche atacou com o 911 Turbo S<br />

84<br />

BMW em peso...<br />

Literalmente, já que a marca alemã<br />

acaba de “atacar” o mercado com o<br />

X5 M e o Série 7. Descubra já tudo<br />

121<br />

Carro de combate<br />

O Mercedes‐Benz G63 prova<br />

que não é preciso ter curvas ou ser<br />

elegante para ter sucesso<br />

84<br />

96<br />

Cabrio vezes dois<br />

Dois dos mais radicais (e rápidos)<br />

descapotáveis da atualidade<br />

encontram‐se para um tira‐teimas<br />

128<br />

Seat ataca Nürburgring<br />

A TG aborda a questão dos recordes<br />

no Inferno Verde e vê a marca<br />

espanhola abusar de uma carrinha<br />

106<br />

140<br />

Voyage, voyage...<br />

Agarrámos em duas francesas e fomos<br />

à aventura... As francesas são duas<br />

Citroën C4! O que é que pensou?<br />

128<br />

E recebe<br />

ainda um<br />

exclusivo<br />

DVD<br />

OFERTA DE SUBSCRIÇÃO<br />

4 BOAS RAZÕES PARA ASSINAR<br />

A sua revista <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> apenas por € 33,60<br />

12 edições com 20% de desconto (poupa € 8,40!)<br />

Recebe um DVD <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> Polar Special / US Special!<br />

Renovar com condições especiais


NOVO FORD C-MAX<br />

Um carro inteligente e com estilo, com toda a<br />

tecnologia e espaço que a sua família precisa.<br />

E o ursinho também.<br />

ford.pt<br />

Por €19.890<br />

Consumo combinado de 5.1l/100km. Emissões de CO2 de 117g/km.<br />

Condições válidas para o novo Ford C-MAX Titanium 1.0 EcoBoost 125CV com Pack driver + Sistema de navegação + SYNC II + Sony CD.<br />

Campanha válida até 30/06/2015 e para stock limitado. Visual não contratual. Não inclui despesas de transporte e legalização. Para<br />

mais informações consulte o seu Concessionário Ford ou visite www.ford.pt


24<br />

26<br />

28<br />

30<br />

NOTÍCIAS PLANETA TOPGEAR TESTES<br />

Novidades Toyota<br />

Nipónicos apresentam novo Auris<br />

e versão atualizada do seu Avensis<br />

Opel Astra<br />

O ano cheio de lançamentos continua para<br />

a Opel: desta vez foi o novo Astra<br />

Adeus, GLK<br />

Mercedes-Benz despede GLK e contrata<br />

para o seu lugar o elegante GLC<br />

As várias faces do Golf<br />

A Volkswagen continua a recriar e remodelar<br />

o Golf. Nós contamos tudo<br />

46<br />

49<br />

50<br />

52<br />

Volvo Ocean Race<br />

A Doca de Pedrouços em Lisboa voltou a<br />

receber uma das provas mais duras do mundo<br />

Notícias absurdas<br />

Mais uma série de notícias que o vão deixar<br />

de queixo caído... Ou a rir à gargalhada<br />

Curiosidades<br />

James May compila diversos factos<br />

curiosos e ensina-o a recuar um reboque<br />

Lista de opções<br />

De bicicletas e lanternas a relógios<br />

elegantes, eis o que precisa este mês<br />

Conduzimos este mês…<br />

Seat Ibiza 56<br />

Opel Karl 58<br />

Skoda Octavia RS 60<br />

Volkswagen Passat 62<br />

Mercedes-Benz GLA 63<br />

Renault Kadjar 64<br />

Opel Insignia 65<br />

Ford Focus 66<br />

Mazda CX-3 67<br />

Volkswagen e-Golf 68<br />

Nissan Note 69<br />

Peugeot 208 70<br />

DS 5 71<br />

Audi Q7 72<br />

Renault Espace 74<br />

REGULARS<br />

E AINDA...<br />

32<br />

HAMMOND 15 MAY 16<br />

008 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


OFERTA DE SUBSCRIÇÃO<br />

20% DESCONTO<br />

AV. INFANTE D. HENRIQUE, Nº 306, LOTE 6, R/C – 1950-421 LISBOA<br />

E-MAIL TOPGEAR@GOODY.PT<br />

TOPGEAR.COM.PT<br />

EDITOR<br />

GOODY, S.A.<br />

SEDE SOCIAL, EDIÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE<br />

AV. INFANTE D. HENRIQUE,<br />

Nº 306, LOTE 6, R/C – 1950-421 LISBOA<br />

TEL.: 218 621 530 / FAX: 218 621 540<br />

Nº CONTRIBUINTE: 505 000 555<br />

DIRETOR GERAL ANTÓNIO NUNES<br />

ASSESSOR DA DIREÇÃO GERAL FERNANDO VASCONCELOS<br />

DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO ALEXANDRE NUNES<br />

CONTABILIDADE CLÁUDIA PEREIRA<br />

APOIO ADMINISTRATIVO TÂNIA RODRIGUES E CATARINA MARTINS<br />

DIRETOR PAULO PASSARINHO<br />

CONSULTORIA DE PROJETO MIGUEL CRESPO<br />

REDAÇÃO E COLABORADORESANDRÉ MENDES,<br />

NUNO ASSUNÇÃO (TRADUÇÃO E REVISÃO)<br />

E NUNO CATARINO<br />

FOTOGRAFIAMANUEL PORTUGAL<br />

EDITORA DE ARTE SUSANA BERQUÓ<br />

PAGINAÇÃO SUSANA BERQUÓ, VANDA MARTINS<br />

COORDENADOR DE PRODUÇÃO EXTERNA ANTÓNIO GALVEIA<br />

COORDENADOR DE PRODUÇÃO INTERNA PAULO OLIVEIRA<br />

DIRETORA COMERCIAL LUÍSA ALVES<br />

TEL.: 218 621 546<br />

E-MAIL: LUISA.ALVES@GOODY.PT<br />

A sua revista <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> apenas por € 33,60<br />

12 edições com 20% de desconto (poupa € 8,40!)<br />

Recebe um DVD <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> Polar Special / US Special!<br />

Renovar com condições especiais<br />

E recebe<br />

ainda um<br />

exclusivo<br />

DVD<br />

OFERTA DE SUBSCRIÇÃO<br />

4 BOAS RAZÕES PARA ASSINAR<br />

ACCOUNT CARLA PINHEIRO<br />

TEL. 218 621 547<br />

E-MAIL: CARLA.PINHEIRO@GOODY.PT<br />

SERVIÇO DE ASSINANTES E LEITORES MARISA MARTINS<br />

COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO CARLOS NUNES<br />

DISTRIBUIÇÃO JMTOSCANO LDA<br />

E-MAIL: GERAL@JMTOSCANO.COM<br />

PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO SOGAPAL<br />

ESTRADA DAS PALMEIRAS, QUELUZ DE BAIXO<br />

2745-578 BARCARENA<br />

TIRAGEM 13.000 EX.<br />

DISTRIBUIÇÃO URBANOS PRESS<br />

DEPÓSITO LEGAL N.º: 330074/11<br />

INSCRIÇÃO NA E.R.C. N.º: 126082<br />

BBC WORLDWIDE, UK PUBLISHING<br />

DIRECTOR OF UK PUBLISHING NICHOLAS BRETT<br />

HEAD OF UK PUBLISHING CHRIS KERWIN<br />

UK PUBLISHING COORDINATOR EVA ABRAMIK<br />

IMMEDIATE MEDIA CO.<br />

CHAIRMAN: STEPHEN ALEXANDER DEPUTY CHAIRMAN: PETER PHIPPEN - CEO: TOM BUREAU<br />

DIRETOR OF INTERNATIONAL LICENSING AND SYNDICATION: TIM HUDSON<br />

INTERNATIONAL PARTNERS MANAGER: ANNA BROWN<br />

INTERNATIONAL PARTNERS CO-ORDINATOR: JESSICA FLEMING<br />

UK TEAM<br />

MANAGING DIRECTOR TOP GEAR, UK: ADAM WADDELL PUBLISHER: SIMON CARRINGTON<br />

EDITOR IN CHIEF: CHARLIE TURNER ASSOCIATE EDITOR: TOM FORD<br />

CREATIVE DIRECTOR: IAN STEVENS ART DIRECTOR: OWEN NORRIS<br />

ASSINEAGORA.PT<br />

SERVIÇO DE ASSINANTES E LEITORES<br />

TEL.: 218 621 543<br />

E-MAIL: ASSINATURAS@GOODY.PT<br />

SITE: WWW.ASSINEAGORA.PT<br />

A <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> é publicada pela Goody, SA, sob licença da BBC Worldwide Limited,<br />

Media Centre, 201 Wood Lane, London W12 7TQ.<br />

<strong>Top</strong> <strong>Gear</strong> e o logótipo BBC são marcas registadas da British Broadcasting Corporation<br />

e são utilizadas sob licença pela Immediate Media Company London Limited.<br />

Copyright © Immediate Media Company London Limited<br />

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução de qualquer conteúdo ou parte.<br />

* A TOPGEAR JÁ OBEDECE AOS TERMOS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO<br />

A REVISTA<br />

TEM EDIÇÕES LOCALIZADAS NOS SEGUINTES TERRITÓRIOS:<br />

África do Sul, Alemanha, Austrália, Bulgária, China, Coreia do Sul, Croácia, Estónia, Filipinas, Finlândia, Hong Kong, India, Itália, Letónia, Lituânia,<br />

Malásia e Singapure, Médio Oriente, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Rússia, Suécia, Tailandia e Turquia


INTERNET, FACEBOOK, CARTA, POMBO<br />

CORREIO, SINAIS DE FUMO. FALE CONNOSCO!<br />

FACEBOOK.COM/TOPGEARPORTUGAL<br />

AVENIDA INFANTE D. HENRIQUE, Nº 306, LOTE 6 R/C – GOODY<br />

1950‐421 LISBOA<br />

BITAITES DA REDE SOCIAL<br />

O Karl vai substituir o Agila, certo?<br />

DIOGO F.<br />

BMW CSL HOMMAGE<br />

Marca bávara revelou concept inspirado<br />

no 3.0 CSL, coupé desportivo histórico<br />

da década de 70...<br />

Belíssimo! Há muito tempo que não gostava<br />

tanto de um BMW!!!<br />

A. Caldeira<br />

Frente horrível, pelo menos nesta cor.<br />

Há muito melhor no mercado para gastar<br />

o dinheiro que não tenho.<br />

André M.<br />

Esteticamente o carro é uma união<br />

bem conseguida do passado com o futuro,<br />

o aspeto agressivo contrasta com as grelhas<br />

verticais do clássico BMW CSL que este<br />

procura homenagear e ainda assim<br />

é uma criação espetacular.<br />

E. Valente<br />

Como uns americanos diziam há uns dias...<br />

A BMW desistiu de vez.<br />

R. Inácio<br />

As grelhas parecem grelhadores de sardinhas!<br />

Eduardo M.<br />

Adoro BMW, mas sinto-o demasiado “longe”<br />

no espaço/tempo, face ao que pretende invocar.<br />

Um aspeto mais rétro facilitaria a vida aos<br />

menos atentos. Apesar das nuances,<br />

não recorda em demasia o icónico pai...<br />

Alex R.<br />

Duas palavras: “Im...pressionante!!!”<br />

R. Gil<br />

ENVIE‐NOS AS SUAS FOTOS E HISTÓRIAS<br />

@David_Simister<br />

Estou a ler<br />

o primeiro número<br />

de sempre da revista<br />

<strong>Top</strong><strong>Gear</strong>.<br />

Que nostalgia!<br />

@_jaynevintage<br />

Grande dia no museu<br />

Beaulieu Motor.<br />

A exposição sobre<br />

o <strong>Top</strong><strong>Gear</strong><br />

foi excelente!<br />

Dullish<br />

Dizem que é uma<br />

paragem de<br />

autocarro<br />

norueguesa<br />

O BMW CSL Hommage é bonito...<br />

Mas deem‐me umas horitas com ele<br />

em Nürburgring que eu depois faço<br />

um relatório.<br />

M. DRAGOTRIP<br />

Aposto que o novo<br />

Jetta GLI terá zero modelos<br />

vendidos em Portugal...<br />

C. BARREIRA<br />

Adoro a chave do novo Série 7!<br />

JOAQUIM N.<br />

Estou numa maratona <strong>Top</strong><strong>Gear</strong>!<br />

@MRSHOWARD23380<br />

Este Morgan passou por mim em<br />

Nova Iorque e ninguém achou<br />

estranho. Muito giro!<br />

@MIKEHALLEY<br />

Dizem que… #Charcoal #Pastel Avalonprand<br />

DVD e pipocas. Festa rija! Hiddles-hooligan<br />

012 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


O XE ANDA À SOLTA<br />

NOVO JAGUAR XE<br />

UMA NOVA DEFINIÇÃO DE BERLINA DESPORTIVA<br />

O novo Jaguar XE chegou. A nossa mais avançada, eficiente e requintada berlina desportiva<br />

de sempre, nascida do ADN do F-TYPE, oferece uma performance e eficiência insuperáveis<br />

em toda a gama. A partir de apenas 41.750 €*, o novo XE está pronto a rugir.<br />

JAGUARPORTUGAL.PT<br />

THE ART OF PERFORMANCE **<br />

*P.V.P. do Jaguar XE 2.0 i4 Turbo diesel 163 CV Pure Caixa Manual: 41.750 € (IVA 23 %, ISV, transporte e<br />

campanha promocional incluídos). Válido até 31/07/15. Gama Jaguar XE: Consumo combinado 3,8–8,1 l/100 km.<br />

Emissões de CO 2 99–194 g/km. WWW.JAGUARPORTUGAL.PT **A Arte da Performance


RICHARD TEM UMA MISSÃO IMPORTANTE EM MÃOS:<br />

SALVAR UM LAGONDA EM APUROS.<br />

E DECIDIU LEVAR JAMES COM ELE<br />

salto foi dado e não só tenho<br />

resistido como até gostei.<br />

Possuo o meu Lagonda<br />

vintage há uns meses e até já<br />

O<br />

escrevi sobre ele. É uma<br />

máquina gloriosa com motor<br />

sobrealimentado, faróis que<br />

são um perigo para barcos, um volante gigante em<br />

que pode montar cadeirinhas e sentar clientes<br />

pagantes, e tudo o mais a que tenho direito.<br />

Comprei‐o num leilão e esperei ansiosamente<br />

pela sua entrega como uma criança no Natal.<br />

Navegou até à minha casa num reboque. Absorvi<br />

e adorei cada mácula e cicatriz que os seus 80<br />

anos deixaram na enorme carroçaria. Limpei‐o,<br />

sentei‐me lá dentro e ensaiei os diversos<br />

movimentos que implicam o seu arranque.<br />

Só que nunca o conduzi realmente. Com isto e<br />

aquilo a acontecer na minha vida, o desgraçado tem<br />

estado parado pacientemente na garagem à espera<br />

de ver a luz do dia. Viu‐a esta semana.<br />

Numa estranha conluência de timing e<br />

companhia, não pude esconder de James May, que<br />

veio visitar‐me, que o Lagonda estava pronto para<br />

rolar. Num daqueles momentos loucos em que diz<br />

precisamente aquilo que não quer, sugeri‐lhe que<br />

fôssemos de táxi até lá e conduzíssemos o velhote de<br />

volta. Achei que a sugestão não resultaria em nada<br />

porque, apesar do seu aspeto e da própria idade,<br />

“coLoQuei o pÉ direito<br />

no aceLerador.<br />

só Que era o travÃo.<br />

porQue o travÃo<br />

está À direita”<br />

James May é gloriosamente rabugento no que diz<br />

respeito a velharias. Mas, em jeito de cereja no topo<br />

deste bolo péssimo, James respondeu que adoraria ir<br />

buscar o carro. Não tive escolha. Lá fomos nós.<br />

O Lagonda estava na oicina porque descobri<br />

problemas nos ios elétricos junto à bateria. Enviei‐o<br />

para a oicina de um especialista em clássicos, o Rob.<br />

Lá estava o carro na rampa. Ele efetuou as várias<br />

operações necessárias à sua reanimação e eu quase<br />

dei um salto quando a máquina acordou e começou<br />

a fazer barulhos dignos de um carro. Rob tirou‐o da<br />

rampa e estacionou‐o. Depois, desejou‐nos boa<br />

viagem e boa sorte.<br />

Eu sabia o que tinha de fazer. Li o manual e<br />

pratiquei os movimentos. Mas pratiquei sozinho. Tal<br />

como em muitas outras coisas que praticamos<br />

sozinhos, preferia não ter companhia neste preciso<br />

momento. E ainda por cima é James May que está<br />

comigo. Com mãos trémulas, ajustei os controlos<br />

para o magneto de ignição, dou umas bombadas de<br />

combustível, atraso a ignição, carrego no botão e,<br />

para espanto geral, o carro começa a trabalhar.<br />

E depois de estar a trabalhar, conduz‐se como<br />

outro carro qualquer. O volante opera a direção, a<br />

embraiagem é comandada pelo pé esquerdo e a<br />

buzina está no centro do volante. As únicas<br />

diferenças é que a manete da caixa está à<br />

direita... e – há mais uma pequena<br />

diferença – os pedais do acelerador e do<br />

travão estão trocados. O acelerador é o<br />

do meio e o travão é o da direita.<br />

Arranquei e percebi, pelo barulho<br />

alarmante que ouvi quando engrenei a<br />

segunda, que não se trata de uma caixa<br />

sincronizada. Levantei o pé esquerdo da<br />

embraiagem e coloquei o direito no acelerador. Só<br />

que era o travão. Só que como o carro ia devagar e os<br />

travões não são propriamente carbocerâmicos, o<br />

James nem sequer deu por nada.<br />

Saímos da povoação. Concentrei‐me na<br />

localização do pedal do travão. À direita. O carro<br />

começou a ganhar cada vez mais velocidade,<br />

TODAS AS NOTÍCIAS<br />

DO MUNDO<br />

AUTOMÓVEL EM<br />

TOPGEAR.COM.PT<br />

especialmente numa descida íngreme. No im da<br />

descida havia uma curva. Eu vi‐a, mas só conseguia<br />

pensar no meu pé direito, que hesitava e tremia sobre<br />

os pedais. O meu pé estava a ter um esgotamento.<br />

Fala‐se muito da “memória muscular”, a ideia de que<br />

o nosso corpo pensa e processa os eventos<br />

inconscientemente, reagindo e movendo‐se de forma<br />

automática. Disse, então, ao meu pé que o travão<br />

estava à direita. E lá conseguimos cumprir a primeira<br />

curva com sucesso. James, num momento crítico,<br />

recordou‐me que o pedal da direita era o travão.<br />

Agradeci‐lhe por isso. Com o passar dos quilómetros,<br />

fui‐me habituando a conduzir algo que se comporta e<br />

soa como uma loja de móveis com rodas. Acima de<br />

tudo, concentrei‐me no pedal do travão. À direita.<br />

Conseguimos chegar a casa. E gostámos<br />

bastante da experiência, e até conduzimos à vez,<br />

com o James a mostrar imenso jeito para engrenar<br />

mudanças sem ruídos estranhos. Também precisou,<br />

no entanto, de diversos alertas para a localização<br />

exata do pedal do travão.<br />

Desde então já conduzi o carro sozinho. Correu<br />

bem, mas não tinha ninguém para dizer‐me onde<br />

estava o travão. À medida que a familiaridade com a<br />

máquina cresceu, entrei no período perigoso em que<br />

paro de pensar conscientemente no que<br />

faço e deixo o corpo trabalhar sozinho:<br />

perigoso no sentido em que o meu pé<br />

direito pisava o pedal do meio e partia<br />

do princípio que era o travão. Não era.<br />

O travão está à direita.<br />

Concentrei‐me em dizer a mim<br />

mesmo a localização do travão. Está à<br />

direita. Infelizmente, aconteceu o mesmo<br />

que acontece quando me dão direções.<br />

Digo a mim mesmo que tenho de escutar aquilo<br />

que me dizem. Só que a única coisa que ouço é a<br />

minha voz interior a dizer‐me para ter atenção.<br />

A solução está na personalização. O volante do<br />

Lagonda é enorme e tem espaço para um sinal, que<br />

vou mandar fazer com uma frase muito simples...<br />

“O Travão Está à Direita.”<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

015


JÁ OUVIMOS A HISTÓRIA CONTADA POR RICHARD,<br />

AGORA É A VEZ DE JAMES. O MAIS IMPORTANTE É<br />

LEMBRAR QUE O TRAVÃO ESTÁ À DIREITA...<br />

ão há nada mais importante<br />

na vida do que saber onde é<br />

o travão do carro. Pode não<br />

N<br />

ter essa ideia. É possível que<br />

esteja preocupado com<br />

outras coisas, de dinheiro a<br />

doenças, mas há uma altura<br />

em que essas coisas passam a ser secundárias.<br />

É no preciso momento em que o carro está a<br />

deslocar‐se estrada fora e o desejo ardente do<br />

condutor é que o carro pare. Então, o código do<br />

seu cartão multibanco, o nome de utilizador e a<br />

palavra‐passe da sua conta do YouTube, os<br />

resultados da ressonância, os problemas com o<br />

aquecimento da sua casa – e tudo o mais nos<br />

milhares de anos de experiência e conhecimento<br />

humanos – são irrelevantes. Tudo o que interessa<br />

é saber onde está o travão.<br />

Normalmente, num carro com caixa manual<br />

(como este), o pedal do travão é o do meio. Mas aqui<br />

não. Esse é o acelerador. O travão está à direita.<br />

Acho que o Hammond não foi suicientemente<br />

enfático quando referiu este assunto. Mas como<br />

poderia ser? Só escreveu uma página. Milhares de<br />

tomos foram produzidos sobre a história da<br />

civilização, e nenhum deles é tão importante quanto<br />

saber onde está o travão. À direita neste caso.<br />

“ nÃo me importo Que o<br />

Hammond seja irritante<br />

Quando o reverso da<br />

medaLHa É nÃo acabar<br />

enFiado num trator”<br />

Ou será que está à esquerda? Não. É à direita.<br />

De certeza absoluta. Lamento insistir, mas o pedal<br />

do travão não está onde deveria estar, e esse é um<br />

grande problema.<br />

Sei conduzir carros e motas. E tenho uma<br />

motosserra. Nunca confundi uma com a outra<br />

porque são máquinas totalmente diferentes.<br />

Nunca tentei reduzir duas e acelerar a fundo para<br />

a curva à direita com a motosserra, e também<br />

nunca conduzi a 500 Four para o meio do mato e<br />

tentei cortar uma árvore. Cada uma das máquinas<br />

implica um conjunto de movimentos e operações<br />

muito especíico. E ainda bem.<br />

Só que se mudar uma coisa só que seja... Tudo<br />

o mais sobre conduzir o Lagonda de Hammond é<br />

praticamente igual à condução de qualquer outro<br />

carro. O volante faz virar as rodas, a caixa não é<br />

um mimo, mas funciona como uma caixa de<br />

velocidades, a estrada rola sob o carro, as ovelhas<br />

passeiam nos campos e a vida é uma<br />

maravilha. Mas isso que interessa?<br />

Onde está o travão? Errado! Aquele<br />

pedal do meio só faz o carro andar<br />

mais depressa. O travão está, na<br />

verdade, à direita.<br />

Num dos meus turnos de<br />

condução, uma carrinha meteu‐se<br />

à nossa frente num entroncamento.<br />

Foi aí que descobri que estava a usar a<br />

parte consciente do cérebro e não a parte<br />

animalesca que é composta pelos instintos<br />

adquiridos. Mas naquele momento de pânico, pisei<br />

com força o pedal do meio – o acelerador –, que<br />

devia ser o travão. Só que o travão estava à direita.<br />

Foi bom ter um pendura, e ainda bem que nos<br />

ajudámos mutuamente. Não por causa da<br />

camaradagem, mas porque quem não estava a<br />

conduzir podia dedicar‐se à repetição, a cada<br />

curva, entroncamento ou perigo, do seguinte<br />

mantra muito simples: o travão é à direita.<br />

TODAS AS NOTÍCIAS<br />

DO MUNDO<br />

AUTOMÓVEL EM<br />

TOPGEAR.COM.PT<br />

Nenhum de nós negligenciou este dever um<br />

momento que fosse, porque existe um novo<br />

género de terror em ser o pendura num carro<br />

conduzido por alguém que pode ou não saber que<br />

o travão é o pedal da direita. Para ser sincero, o<br />

Hammond foi muito irritante, mas ele é sempre<br />

irritante e não me importo que o seja quando o<br />

reverso da medalha é não acabar eniado na<br />

traseira de um trator por ter‐me esqueci qual dos<br />

pedais é o travão. É o da direita. Alguém dizer‐lhe<br />

constantemente para deitar o lixo fora é cansativo.<br />

Mas alguém repetir‐lhe algo que lhe pode salvar a<br />

vida nos próximos segundos de condução é<br />

perfeitamente aceitável.<br />

De certeza que também fui irritante.<br />

O Hammond – e isto foi um pouco estranho<br />

– começou a conduzir de forma mais agressiva<br />

a certa altura, e iquei com dúvidas sobre se ele<br />

se lembrava que o travão era o pedal da direita.<br />

Disse‐lhe isso. Ele acatou muito bem as<br />

minhas palavras, dadas as circunstâncias.<br />

Tratava‐se do seu carro. O problema<br />

é que eu também lá estava dentro.<br />

Poderá pensar que estamos a<br />

dedicar demasiado espaço a este<br />

simples facto instrucional, mas não<br />

é verdade. O tempo que passou a ler<br />

estas duas crónicas é ínimo comparado à<br />

eternidade gritante que passa no momento<br />

em que precisa mais do travão do que de ar para<br />

respirar e não faz a mínima ideia qual é o pedal.<br />

É O PEDAL DA DIREITA.<br />

Claro que talvez isto seja irrelevante para si.<br />

Que probabilidades tem de acabar ao volante do<br />

Lagonda de Richard Hammond? Extremamente<br />

baixas, certo? Mas é, ipso facto, melhor saber algo<br />

do que não o saber, e se estiver a conduzir um<br />

veículo precisa mesmo de saber, acima de tudo<br />

o resto, onde é o travão.<br />

O pedal do travão é o da direita.<br />

016 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


TUDO O QUE PRECISA DE SABER SOBRE CARROS NOVOS ESTE MÊS<br />

DESTAQUE<br />

bmW csL Hommage<br />

Eis o Batmóvel da geração Internet... VIRE A PÁGINA<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

019


atmóvel<br />

Prepare‐se<br />

renasce<br />

para a nostalgia<br />

– os anos 70 voltaram JASON BARLOW<br />

H<br />

erança. Hoje em dia, é uma parte<br />

importante do negócio, e a BMW<br />

aproveita‐a melhor que a maioria<br />

das marcas. No ano passado,<br />

apresentou o Mini Superleggera<br />

– cuja produção foi entretanto<br />

conirmada –, que foi precedido pelo<br />

relançamento do M1 e por duas<br />

reinterpretações claramente rétro do 328<br />

MM. A BMW tem inúmeros modelos<br />

históricos, mas o relançamento deste ano<br />

– revelado no elegante Concours Villa<br />

d’Este – explora o ilão do CSL Batmóvel<br />

da década de 70. Nada que surpreenda. Há<br />

muito que se falava nessa possibilidade.<br />

“Qual é o meu BMW favorito?”,<br />

pergunta Karim Habib, diretor de design<br />

exterior, à <strong>Top</strong><strong>Gear</strong>. “Isso muda<br />

constantemente. Mas o CS coupé é um dos<br />

BMW mais elegantes de sempre, e o CSL<br />

ajudou a estabelecer a BMW que<br />

conhecemos hoje. Tenho feito pressão<br />

para recriarmos esse carro.”<br />

Os miúdos dos anos 70 tiveram o<br />

Lamborghini Countach e o Ferrari Boxer<br />

nas paredes do quarto, bem como uma<br />

certa tenista a puxar a saia e revelar o rabo,<br />

mas o CSL também teria icado lá muito<br />

bem. O Batmóvel foi uma lenda das<br />

corridas – no Campeonato Europeu de<br />

Carros de Turismo – e a marca produziu<br />

1.265 unidades entre 1972 e 1975.<br />

Enorme grelha<br />

em rim<br />

e asas = destruição<br />

da Internet<br />

Homens de barba rala e nomes como Hans<br />

e Dieter pilotaram‐nos em Spa e<br />

Nürburgring, trespassando uma<br />

atmosfera rica em óleo, cerveja e salsicha.<br />

Atualmente, um CSL pode custar mais de<br />

300 mil euros e desaia os suspeitos do<br />

costume no mercado de clássicos de topo.<br />

020 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


CSL inspirado no<br />

Batmóvel, com<br />

vislumbres do i8<br />

e um toque moderno<br />

Enquanto versão alada e reinada do<br />

belo CS coupé, o Batmóvel não era só fogo<br />

de vista. Na verdade, era um fogo de vista<br />

muito magrinho já que, antigamente, a<br />

perda de peso era a forma preferida de<br />

tornar um carro mais rápido. O CSL tinha<br />

os painéis das portas e o capot em alumínio<br />

e usava painéis inos de aço no resto do<br />

carro. Os carros destinados ao Reino<br />

Unido mantiveram frivolidades como os<br />

vidros elétricos, mas as 765 unidades do<br />

CSL de volante à esquerda livraram‐se de<br />

praticamente todo o peso extra.<br />

Esta recriação segue a mesma ilosoia<br />

de redução de peso. Desta feita, recorre ao<br />

plástico reforçado com ibra de carbono,<br />

um material que a marca tem usado<br />

muito, em especial nos seus modelos M e i,<br />

e é uma das tecnologia presentes no<br />

inovador Série 7, a ser lançado no outono.<br />

O CSL Hommage vai buscar os<br />

elementos de design mais corpulentos ao<br />

original e cerca‐os de pormenores<br />

contemporâneos. Os aspetos rétro têm<br />

como contraponto a grande inluência do<br />

i8. “Queremos que os modelos i sejam uma<br />

submarca”, esclarece Habib. “Mas os<br />

conceitos vão chegando a outros modelos.<br />

Tal como o i8, o CSL usa ibra de carbono,<br />

o que permite, por exemplo, separar os<br />

volumes no carro e brincar um pouco com<br />

a noção de espaço negativo.”<br />

À semelhança de tudo o que é bom, o<br />

CSL polariza opiniões, especialmente a<br />

sua dianteira. Nunca um BMW teve um<br />

par tão grande de grelhas em rim, a<br />

imagem de marca dos seus carros aqui<br />

transformada em caricatura propositada.<br />

Os faróis extramagros usam óticas laser,<br />

que projetam feixes de luz em X. As jantes<br />

bicolor têm 21 polegadas. Com pintura<br />

amarelo Golf – cor original –, o CSL é um<br />

evento em si próprio.<br />

Habitáculo<br />

reúne comandos<br />

e saídas de ar à<br />

frente do condutor<br />

BMW 3.0 CSL<br />

ORIGINAL<br />

O ORIGINAL INSPIRADOR<br />

CONHECE O SUCESSOR<br />

Leicht. O leve CSL Batmóvel viu a BMW<br />

enviar o elegante coupé dos anos 70 para<br />

a academia de treino – voltou pronto para<br />

atacar as pistas. Foi um período interessante<br />

para o DTM e ETCC, e o CSL dominou em<br />

1973 – venceu ainda Le Mans na sua classe<br />

– e de 1975 a 1979. Foi o primeiro a ser<br />

alvo da série de versões artísticas da BMW,<br />

embora seja mais giro pintado de prata com<br />

listas M. Ostenta ainda o melhor uso de<br />

madeira num habitáculo de sempre!<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

021


ANTERIORES<br />

CONCEPTS BMW<br />

VILLA D’ESTE<br />

MAIS OBRAS‐PRIMAS ITALIANAS<br />

CRIADAS PELOS ALEMÃES<br />

Madeira e carbono<br />

dominam o habitáculo<br />

minimalista. O volante<br />

estilo DTM é de alumínio<br />

M1 (2008)<br />

Não foi apenas uma recriação do<br />

supercarro M1 de design Giugiaro, já que<br />

se inspirou no Turbo de Bracq (1972)<br />

“Imagine que Arnold Schwarzenegger<br />

aparecia no início da década de 60”,<br />

começa Habib, em jeito de analogia<br />

estranha. “Tê‐lo‐iam considerado um tipo<br />

qualquer de mutante. Mas 30 anos depois<br />

já foi perfeitamente aceite. Os padrões de<br />

beleza mudam.”<br />

Igualmente controversas são as asas<br />

dianteiras sobredimensionadas, cujas<br />

pequenas lâminas aerodinâmicas<br />

recordam o clássico que inspirou este<br />

carro. Os elementos em ibra de carbono<br />

anulam muito do peso visual e “limpam”<br />

a silhueta, destacando ainda mais o escape<br />

lateral. O quarto traseiro do carro<br />

também foi inspirado no i8, e a forma<br />

como a asa traseira se integra na<br />

carroçaria concentra mais de 40 anos de<br />

design num simples gesto genial. A faixa<br />

integral em LED remata o look.<br />

E expressamente uma atualização livre<br />

do carro antigo, defende Habib. “Alguns<br />

dos paralelos não são óbvios de imediato.<br />

Queríamos que as pessoas sentissem as<br />

semelhanças pouco a pouco em vez de ser<br />

logo tudo entendido à primeira vista.”<br />

Ecrã principal<br />

colocado à frente<br />

do condutor.<br />

Parece uma nave!<br />

O habitáculo dá seguimento à mistura<br />

de eras. É minimalista e belo, e só o ecrã<br />

central do eBoost interrompe a faixa de<br />

madeira que corre toda a largura do<br />

cockpit – como no original – e decorado<br />

com a lista azul, roxa e vermelha M nas<br />

margens. Tudo o resto está alojado num<br />

painel central na coluna de direção,<br />

incluindo as saídas da ventilação.<br />

Há um capacete no túnel de<br />

transmissão, e em vez de bancos traseiros<br />

há aquilo a que a BMW chama de coberturas<br />

de acumuladores eBoost. Também possui<br />

um género inovador de iluminação 3D<br />

reletida, e ainda um extintor vermelho com<br />

bocal vermelho anodizado. O volante estilo<br />

DTM é removível e composto<br />

maioritariamente por uma só peça de<br />

alumínio maquinado. Destaque ainda para<br />

os pilares A duplos e para a estrutura<br />

anticapotamento assimétrica.<br />

Será um modelo exequível? Sim. A<br />

BMW revelou o menos possível sobre este<br />

carro, provavelmente numa tentativa<br />

(condenada ao fracasso) que o universo<br />

automóvel exija a produção imediata deste<br />

328 HOMMAGE (2011)<br />

Foi revelado após um primeiro<br />

concept, ambos inspirados pelo<br />

carro de competição BMW dos anos 30<br />

MINI SUPERLEGGERA (2014)<br />

Este roadster vai mesmo<br />

dar o salto de concept para modelo<br />

da vida real<br />

carro. Mas a TG pode conirmar que o CSL<br />

usa a base do Série 6 e que não precisa de<br />

um grupo de estagiários de design para o<br />

empurrar. O CSL Hommage usa a<br />

propulsão híbrida eBoost com um motor<br />

de seis cilindros e tem a tecnologia de<br />

tração integral herdada do i8.<br />

A solução para tudo isto é simples. A<br />

BMW tem de criar um novo campeonato<br />

monomarca e homologar umas centenas<br />

de CSL. Se for preciso, até mudamos o<br />

nome para Hans ou Dieter.<br />

022 MARCH JULHO 2015 Ò J TOPGEAR.COM.PT


“Watch Planet SA - 21 342 83 08 *O meu jogo, as minhas regras”<br />

MODELO RELÓGIO TACTICAL WWW.POLICELIFESTYLE.COM POLICELIFESTYLE


toyota renova<br />

auris e avensis<br />

Em menos de um mês ficamos a conhecer as duas mais recentes propostas da marca japonesa PAULO PASSARINHO<br />

aToyota chega ao verão com<br />

uma forte dinâmica de renovações<br />

onde o Auris e o Avensis são<br />

os protagonistas maiores. Fomos<br />

conhecer os novos produtos.<br />

O novo design exterior do Auris confere<br />

linhas mais soisticadas e agradáveis que<br />

visaram tornar o modelo mais moderno<br />

e de certo modo mais consensual. A frente e<br />

a traseira foram redesenhadas para conferir<br />

ao Auris um aspeto mais amplo e um centro<br />

de gravidade mais baixo. Novos frisos<br />

cromados, novos grupos óticos com LED<br />

e uma grelha mais baixa e ampla são alguns<br />

dos elementos em destaque. Todo<br />

o conjunto possui agora maior presença<br />

na estrada para o que também contribuem<br />

as novas jantes de 16 e 17 polegadas,<br />

com novos desenhos.<br />

Ao nível do interior,<br />

as alterações incidiram na<br />

melhoria de materiais<br />

e na qualidade sensorial,<br />

embora seja ainda um dos<br />

pontos onde o Auris<br />

mereça mais atenção. Destaque para o novo<br />

ecrã tátil multifunções de sete polegadas e para<br />

as funções de assistência à condução, como o<br />

sistema de prevenção de colisão, entre outros.<br />

Mas as maiores novidades do Auris estão<br />

reservadas para a mecânica. As suspensões<br />

foram revistas para melhorar<br />

o amortecimento do rolamento da carroçaria<br />

e conforto. Houve ainda um claro trabalho na<br />

melhoria das vibrações e ruído de rolamento.<br />

O Toyota Auris está agora com um pisar mais<br />

sólido e apresenta maior robustez. Em termos<br />

de sensações, é clara também a melhoria em<br />

“uma das novidades é um novo<br />

motor 1.2 turbo com 116 cavalos”<br />

024 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


TOYOTA AVENSIS<br />

ELEGÂNCIA ENERGÉTICA É O TEMA DO CONCEITO<br />

DE DESIGN PARA O NOVO MODELO<br />

termos de feedback de condução, algo que<br />

na anterior geração se perdia um pouco<br />

em alguns pisos.<br />

Em termos de motores, as novidades são<br />

de monta: o 1.2T, um bloco a gasolina<br />

totalmente novo, de injeção direta e turbo,<br />

estreia-se pela primeira vez num modelo<br />

da Toyota. Apresenta uma potência máxima<br />

de 116 cavalos e desenvolve um binário de<br />

185 Nm, estando disponível com caixa<br />

manual de seis velocidades. A Toyota<br />

anuncia um consumo de 4,7 l/100 km e<br />

emissões de CO 2 de apenas 109 g/km. Para<br />

quem dispensar o diesel (e é bom fazer<br />

contas), este pode ser a melhor aposta.<br />

Um novo ecrã<br />

multifunções<br />

marca o interior<br />

No meio da oferta, o novo motor<br />

D-4D, com 1.598 cm 3 , turbodiesel substitui<br />

a unidade de 2,0 litros. Rende 112 cv<br />

de potência e disponibiliza um binário<br />

máximo de 270 Nm entre as 1.750 e as<br />

2.250 rpm. Promete bons valores<br />

de aceleração e recuperação.<br />

Já o motor de 1,4 litros D-4D foi<br />

substancialmente melhorado para ser<br />

compatível com a norma Euro 6, tendo<br />

recebido um novo turbocompressor. A gama<br />

encerra com a motorização híbrida que<br />

recorre a um motor de 1,8 litros a gasolina<br />

e que é uma das versões deste modelo<br />

mais vendidas na Europa.<br />

O Avensis está mais<br />

moderno e apelativo e<br />

conta com motor 1.6 D-4D<br />

MAIS DISTINTO<br />

E DINÂMICO!<br />

Eis como a Toyota<br />

deine o seu modelo<br />

topo de gama.<br />

A renovação operada<br />

no Avensis pretende<br />

posicioná-lo ainda mais<br />

ao gosto dos europeus.<br />

O porta-estandarte<br />

da marca é projetado<br />

e construído em solo<br />

europeu e já vendeu<br />

mais de 1,7 milhões<br />

de unidades.<br />

No modelo agora<br />

lançado, destaque para<br />

a introdução do novo<br />

motor 1.6 D-4D de 112<br />

cavalos, que deverá<br />

fazer o grosso das<br />

vendas em Portugal.<br />

A marca aposta forte na<br />

nova imagem e também<br />

no reforço da qualidade<br />

a bordo, com melhores<br />

acabamentos, novos<br />

materiais e argumentos<br />

renovados no que<br />

respeita a conetividade<br />

multimédia.<br />

O novo Avensis possui<br />

ainda, de série, vários<br />

novos sistemas de<br />

segurança ativa e de<br />

assistência ao condutor.<br />

A imagem do Auris é agora mais robusta<br />

e tende a ser mais consensual<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

025


novo capítulo<br />

rumo ao sucesso<br />

Mais leve, estética renovada e com novos motores: é a quinta geração do Opel Astra! PAULO PASSARINHO<br />

Àprimeira vista pode não parecer,<br />

mas a verdade é que é a própria<br />

marca que o airma. O novo Opel<br />

Astra inspira-se no concept Monza<br />

apresentado no Salão de Frankfurt<br />

há dois anos atrás.<br />

O logótipo centrado na nova barra<br />

da grelha e a “lâmina” esculpida nos lancos<br />

identiicam de imediato o novo modelo como<br />

parte da família Opel. Os faróis dianteiros<br />

integram-se com a grelha para formarem um<br />

único conjunto. O pilar C surge com realce<br />

a separar a linha do corpo do tejadilho e na<br />

traseira existe um jogo visual entre um vinco<br />

horizontal que une as ópticas, atravessando<br />

o logótipo. Maior dinamismo é a aposta.<br />

O novo Astra apresenta uma estrutura<br />

Mais curto e<br />

mais baixo,<br />

o novo Astra<br />

é mais dinâmico<br />

inteiramente nova, anunciando um peso total<br />

inferior em 200 quilos em relação ao atual.<br />

Esta poupança de gordura foi alcançada com<br />

o peso da carroçaria (375 para 280 kg)<br />

e ao nível do chassis, onde se recorreu a aços<br />

especiais ultra-rígidos e subchassis mais<br />

compactos (ganho de 50 kg).<br />

A marca assegura que, com esta nova<br />

estrutura e baixo peso, o novo Astra é<br />

um modelo mais dinâmico<br />

e igualmente confortável.<br />

Para assegurar o maior dinamismo,<br />

a Opel introduz toda a mais recente geração<br />

dos seus motores, num leque de potências<br />

dos 95 aos 200 cavalos e irá ainda apresentar<br />

um novo 1.4, com quatro cilindros, injeção<br />

direta a gasolina e turbocompressor, em duas<br />

versões com 125 e 150 cavalos. Este motor<br />

integralmente em alumínio pertence à família<br />

Ecotec de onde saiu o tricilíndrico 1.0 e é<br />

anunciado como um primor em termos<br />

de prestações e baixos consumos.<br />

O novo Opel Astra é mais curto (4,37 m) que<br />

o anterior em cinco centímetros e mais baixo<br />

(1,46 m) em 2,6 centímetros. Apesar disto, é<br />

maior por dentro. Isto porque os engenheiros<br />

alemães alteraram o desenho dos bancos<br />

dianteiros (com 18 modos de regulação e que<br />

podem ser climatizados por aquecimento ou<br />

ventilação), fazendo com que os passageiros<br />

dos bancos traseiros (também com capacidade<br />

de aquecimento) ganhassem 3,5 centímetros<br />

para as pernas. O habitáculo, aliás, foi alvo de<br />

profunda reinterpretação pois abandona de vez<br />

“estrutura inteiramente nova,<br />

com menos 200 kg que a atual”<br />

026 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


As óticas<br />

com LED<br />

a proliferação de botões e surge com um<br />

grande ecrã tátil policromático na consola<br />

central, onde irão marcar presença vastos<br />

serviços e sistemas de interconetividade<br />

com smartphone, internet, entre outros.<br />

Tecnologia é o que não faltará ao Astra<br />

com a introdução dos faróis IntelliLux, um<br />

sistema de 16 segmentos de LED (oito por<br />

farol) que irá operar em conjunto com a<br />

câmara Opel Eye para acender ou apagar cada<br />

LED de forma individual consoante a<br />

presença ou cruzamento com outros veículos.<br />

Para além deste novo sistema, a Opel anuncia<br />

Um novo motor<br />

1.4 turbo de<br />

125 e 150 cv<br />

será uma aposta<br />

ainda vários mecanismos de assistência à<br />

condução e um sistema de parqueamento<br />

automático. O condutor terá ao seu dispor<br />

18 modos diferentes de regulação. Os dois<br />

bancos dianteiros têm funções de massagem,<br />

ventilação e regulação de largura. Por seu<br />

turno, aos passageiros do banco traseiro é<br />

oferecido conforto acrescido graças a um<br />

sistema de aquecimento.<br />

O novo Astra revela, já este ano, o caminho<br />

que a Opel vai seguir no futuro. A descobrir<br />

muito em breve e com forte presença no<br />

próximo Salão de Frankfurt.<br />

Novo ecrã<br />

multifunções<br />

PUB


A vez do GLc<br />

Depois do sucesso do GLA, chega o seu irmão! PAULO PASSARINHO<br />

a<br />

sede da marca de alta costura<br />

Hugo Boss, em Metzingen, no Sul<br />

da Alemanha, engalanou-se<br />

(com direito a desile de moda<br />

e tudo) para receber<br />

a apresentação mundial da mais recente<br />

criação da Mercedes-Benz.<br />

Foi um sorridente Dieter Zetsche,<br />

acompanhado da supermodelo internacional<br />

checa Petra Nemcova, quem revelou ao<br />

mundo o novo GLC, num momento que<br />

acabou por dividir os fotógrafos...<br />

A nova nomenclatura que a<br />

Mercedes-Benz desenvolveu para os seus<br />

SUV foi pensada para permitir uma melhor<br />

deinição de qual a base que dá origem<br />

a cada modelo. O novo GLC, herdeiro<br />

do GLK, recorre à plataforma do Classe C, que viu<br />

o seu peso reduzido e rigidez aumentada. A marca<br />

assegura que as prestações fora de estrada foram<br />

potenciadas (com um novo pacote OfRoad capaz<br />

de elevar o modelo em 20 mm) ao mesmo tempo<br />

que todo um novo conjunto de sistemas permite ao<br />

GLC um melhor comportamento em estrada do que<br />

o seu antecessor. Entre eles, a evolução<br />

da suspensão AirMatic ou a possibilidade de optar<br />

por coniguração mais desportiva AMG (rebaixa<br />

em 15 mm). A suspensão pneumática, agora<br />

denominada Air Body Control, possui múltiplas<br />

câmaras de ar, incluindo ainda o GLC vários modos<br />

de transmissão selecionáveis (Dynamic Select)<br />

e tração integral permanente 4Matic.<br />

A eiciência energética e poupança<br />

de combustível foi também uma aposta para o novo<br />

modelo. Com a sua estética esculpida, o GLC<br />

promete consumos cerca de vinte por cento abaixo<br />

do GLK, para motorizações equivalentes.<br />

A estética do GLC não deixa margem para<br />

dúvidas e bebe inspiração do bem sucedido GLA,<br />

casando com a imagem do novo Classe C. Todo<br />

o conjunto apresenta um aspeto musculado e é<br />

percetível a tentativa de “esconder” as dimensões<br />

do modelo aproximando a sua forma de um coupé.<br />

Com as opcionais luzes de LED, a frente ganha<br />

ainda uma maior dinâmica visual.<br />

Nos interiores não encontrará surpresas. Se<br />

estiver familiarizado com a atual oferta da marca,<br />

irá de imediato reparar no grande ecrã central, onde<br />

é possível controlar os modos de condução ou<br />

ajustar os parâmetros de conetividade com o<br />

mundo exterior (ligação smartphone por exemplo).<br />

028 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Este está só<br />

em exposição<br />

Mais e melhor<br />

conetividade<br />

Interior<br />

com classe<br />

Herda a plataforma<br />

do Classe C<br />

O espaço a bordo é signiicativo – há amplo espaço<br />

para os passageiros traseiros e uma boa bagageira<br />

(550 litros). A qualidade dos materiais está num<br />

plano elevado e existem várias possibilidades<br />

de combinar estofos e cores a bordo.<br />

As motorizações apresentadas para o novo GLC<br />

são para já dois motores diesel. O 220 d e 250 d,<br />

respetivamente com 170 e 204 cavalos, e um gasolina<br />

250 com 211 cavalos, equipados com caixa automática<br />

de nove velocidades 9G Tronic. Para além disso é<br />

esperado um GLC 350 híbrido que junta ao motor de<br />

combustão do 250 um gerador de 116 cavalos e terá a<br />

convencional caixa de sete velocidades.<br />

O Mercedes-Benz GLC deverá chegar a Portugal<br />

no outono, não existindo, para já, indicação<br />

de preço. Para o ano poderá aparecer um coupé<br />

com base neste formato.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò OUTUBRO 2014<br />

029


P&R<br />

porque há tantos<br />

Golf rápidos?<br />

O GTE Sport com motor de rali e tração<br />

integral prova que a VW ainda tem mais<br />

versões na manga<br />

Bancos GTE com<br />

estranhos dispositivos<br />

de retenção de corpos<br />

Ah, este é o novo Golf GTI?<br />

Não. É o Golf GTE Sport Concept,<br />

revelado na concentração de tuning de<br />

Wörthersee como prenda para os fãs do<br />

Grupo VW que usam boné. Sob o capot<br />

está o motor 1.6 de quatro cilindros do carro<br />

de rali do VW Polo, que produz aqui 300<br />

cv. É apoiado por dois motores elétricos, um<br />

em cada eixo. Tudo combinado, o GTE SC<br />

produz 400 cv e 670 Nm de binário – os<br />

100 km/h chegam em 4,3 segundos e a<br />

velocidade máxima é de 280 km/h.<br />

Soa‐me bem. Posso comprá‐lo?<br />

Não. Tal como o tresloucado W16 revelado<br />

em Wörthersee em 2007, o GTE SC é um<br />

concept, uma caricatura de futuras versões<br />

rápidas do Golf. Para além do design, insiste<br />

na ideia do familiar desportivo híbrido.<br />

Mas já podemos comprar um Golf híbrido!<br />

Sim, a VW já lançou o Golf GTE, que<br />

combina o TSI 1.4 com um motor elétrico<br />

– tem 204 cv. Mas, verdade seja dita, esse<br />

não é um familiar desportivo. Se quer<br />

divertir‐se mesmo ao volante de um Golf<br />

tem de escolher uma das outras versões.<br />

Que versões?<br />

Em tempos, só podia comprar um Golf<br />

realmente rápido – o GTI –, mas agora a<br />

VW tem diversas versões desportivas: 220<br />

cv no GTI, com três ou cinco portas ou até<br />

cabrio, 230 cv no GTI Performance e 300<br />

cv no Golf R, que até está disponível em<br />

formato carrinha.<br />

É só isso?<br />

Não. Em Wörthersee, a Volkswagen revelou<br />

ainda o Golf GTI Clubsport, na prática um<br />

CLUBE GOLF<br />

GTI ainda mais vitaminado – tem 265 cv<br />

produzidos pelo 2.0 turbo a gasolina do<br />

costume. O Clubsport chega ao mercado no<br />

início de 2016 para defrontar o Megane RS,<br />

o Seat Leon Cupra e o resto dos familiares<br />

desportivos de tração dianteira com potência<br />

acima dos 250 cv.<br />

A VW ica por aqui, certo?<br />

Errado. Durante o ano de 2016, a VW<br />

adicionará à família Golf o novo R400, que é<br />

a versão de produção do concept revelado em<br />

Pequim em 2014. Esse carro usará o bloco<br />

2.0 turbo para produzir 400 cv e terá tração<br />

integral, à semelhança do Golf R.<br />

Será então mais potente que o Audi RS3.<br />

Muito mais. Ninguém sabe exatamente o<br />

que o futuro reserva, mas uma coisa é certa:<br />

teremos muitas versões do Golf.<br />

GTI<br />

O Golf desportivo original.<br />

Tem 220 cv, tração<br />

dianteira e toques rétro<br />

GTE<br />

Híbrido mais ou menos<br />

desportivo. São 204 cv<br />

e7,6 s dos 0‐100 km/h<br />

GTI Clubsport<br />

Tem 265 cv, tração<br />

dianteira e quer esmurrar<br />

o Megane RS em 2016<br />

R<br />

Este tem tração integral<br />

e 300 cv! Incrivelmente<br />

rápido, é um favorito TG<br />

R400<br />

Talvez chegue em 2016.<br />

Terá, em princípio, 400<br />

cv. Isto promete...<br />

030 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Xj atualizado<br />

A par da chegada do novo XE,<br />

a Jaguar revelou o XJ para 2016<br />

c<br />

hega no próximo outono<br />

a Portugal, mas já é possível<br />

de ser encomendado nesta nova<br />

coniguração. A berlina de luxo<br />

da Jaguar foi atualizada<br />

e a nova imagem do XJ foi refrescada,<br />

mas mantém a sua identidade. As<br />

alterações subtis incorporadas no<br />

design exterior, complementadas pelos<br />

faróis Full-LED, realçam as linhas<br />

exteriores distintas do XJ. À altura<br />

destes acabamentos artesanais de<br />

elevada qualidade,<br />

o novo XJ Model Year 2016 incorpora<br />

tecnologia de ponta que integra<br />

um novo sistema de informação e<br />

entretenimento, o InControl Touch Pro.<br />

Adicionalmente, graças ao motor V6<br />

diesel, disponibiliza maior potência<br />

e binário com consumo de combustível<br />

e emissões de CO 2 inferiores.<br />

O novo Jaguar XJ MY16 já se encontra<br />

disponível para encomenda<br />

a partir de 101.889 euros.<br />

PUB<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

031


conceito real<br />

O concept híbrido Aircross<br />

da Citroën aponta para<br />

um possível crossover<br />

para 2020 PAUL HORRELL<br />

s<br />

e vir um pouco do C4 Cactus<br />

neste concept Citroën Aircross,<br />

é porque os designers izeram<br />

bem o seu trabalho. O Cactus<br />

tornou‐se combustível para o<br />

motor criativo da Citroën, a<br />

personiicação das características que a<br />

marca quer conceder aos seus carros.<br />

“O Aircross mostra o que podemos<br />

fazer com o espírito do Cactus. Esse é o<br />

futuro da Citroën”, conta à <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> a<br />

chefe Linda Jackson. “Temos de ser<br />

diferentes. Na Europa, todos os nossos<br />

modelos vão seguir esta estratégia. É um<br />

SUV porque esse é o grande segmento da<br />

atualidade.” Linda apresenta os novos<br />

chavões da Citroën: expressa otimismo<br />

através do design, humanidade através<br />

do conforto, e inteligência através da<br />

tecnologia dirigida aos ocupantes.<br />

Mas não se parece apenas com um<br />

Cactus maior. O diretor de design<br />

Alexandre Malval explica. “Temos a<br />

preocupação de não nos repetirmos.<br />

Cada carro tem de ter uma identidade<br />

própria. Veja a história da Citroën – o<br />

2CV ou o DS. São diferentes, mas ambos<br />

eram inovadores e confortáveis.<br />

Queremos manter a nossa liberdade.”<br />

Pode encontrar conceitos do Cactus,<br />

mas reimaginados. O tejadilho lutuante<br />

está presente, mas decorado de forma<br />

diferente. As luzes LED estão sobre os<br />

faróis, mas o nariz tem mais pormenores<br />

porque é maior e porque se trata de um<br />

carro mais caro. Os Airbumps foram<br />

retrabalhados e surgem como favos de<br />

mel em alumínio na soleira das portas.<br />

Lá dentro, o design dos apoios de<br />

braço e puxadores foi inspirado em<br />

Luzes anunciam<br />

o uso da tecnologia<br />

Full LED. Boa!<br />

malas e os bancos devem mais ao design<br />

de mobília do que ao mundo automóvel.<br />

Os apoios de cabeça têm altifalantes<br />

embutidos para que cada pessoa tenha o<br />

seu próprio entretenimento. O tablier é<br />

horizontal e espartano, com os ecrãs<br />

instalados mais acima, como no Cactus,<br />

mas com uma diferença: o segundo ecrã<br />

pode ser deslocado e colocado à frente do<br />

pendura.<br />

A forma geral do carro tem tudo a ver<br />

com um caixote. Um caixote suavizado.<br />

Como se tivesse sido moldado por ondas<br />

do mar. “Queríamos um carro com<br />

volume”, revela Malval. “Isso dá‐nos<br />

mais espaço interior. Outros fazem SUV<br />

coupés, mas preferimos ser honestos.<br />

Tem uma traseira vertical e pesada.”<br />

O formato quadradão é quebrado por<br />

algumas formas metálicas. A que está<br />

032 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


DE CONCEPT<br />

A CACTUS<br />

A Citroën tem jeito para levar<br />

concepts alienígenas até à fase de<br />

produção – o concept C4 Cactus de<br />

2013 (esquerda) chegou ao mercado<br />

com poucas alterações. O Aircross<br />

poderá ir pelo mesmo caminho!<br />

Encostos de<br />

cabeça = conforto<br />

e sonoridade<br />

Habitáculo pertence<br />

mais a um salão de<br />

design de mobília<br />

“ um quarto das vendas da<br />

citroën são na china; a marca<br />

tem excelente imagem”<br />

junto à janela da porta de trás ajuda a<br />

canalizar em redor da cauda. Atrás da<br />

roda dianteira, um outro peril metálico<br />

ajuda a neutralizar o atrito ao controlar<br />

o ar que passa naquela zona.<br />

O concept foi revelado em Xangai. Um<br />

quarto das vendas da Citroën centra‐se<br />

na China, país onde têm excelente<br />

imagem. E a China é um mercado<br />

sedento de SUV, para além de gostarem<br />

de carros grandes – e oAircross é dos<br />

maiores que a marca francesa tem<br />

atualmente. Os híbridos Plug‐in e os<br />

motores a gasolina também são<br />

importantes na China, e o Aircross<br />

obedece. O eixo traseiro está ligado a um<br />

motor elétrico de 96 cv; o dianteira a um<br />

motor 1.6 turbo a gasolina com 220 cv. A<br />

autonomia elétrica é de 35 km.<br />

Malval chama‐lhe “concept real”, por<br />

oposição aos concepts que são simples<br />

montras de conceitos. O designer recusa<br />

revelar se um modelo deste género será<br />

mesmo produzido, mas sabemos que a<br />

Peugeot, a Citroën e a DS vão ter cada<br />

vez mais crossovers, e também sabemos<br />

que o C5 berlina vende bem na China,<br />

mas que é um fracasso no Velho<br />

Continente.<br />

Jackson concorda que os antigos<br />

clientes de carros grandes estão a mudar<br />

para crossovers, e isso signiica que um<br />

crossover desses é a única esperança que<br />

a Citroën tem em vender um carro<br />

grande na Europa, e talvez também na<br />

China. “O meu objetivo é manter os<br />

clientes e tentar saber o que querem a<br />

seguir.” Provavelmente, estamos a olhar<br />

para o que querem a seguir. Mas só chega<br />

em 2020.<br />

O segundo ecrã<br />

pode deslizar até<br />

junto do pendura<br />

ESTRATÉGIA<br />

GLOBAL<br />

O QUE RESERVA ENTÃO O FUTURO<br />

PARA A CITROËN?<br />

A Citroën anunciou que vai reduzir a<br />

gama de modelos. E depois revela um<br />

concept num segmento novo. Contradições<br />

aparentes. O que se passa? Os modelos da<br />

Citroën (e da Peugeot) são numerosos, mas<br />

não têm presença global. Ou seja, há carros<br />

que só vendem na China ou na América do<br />

Sul. Isso exclui carrinhas e o C1 partilhado<br />

com a Toyota, mas a Citroën vende 14<br />

carros diferentes em termos mundiais.<br />

Quer cortar esse número para sete e<br />

torná‐los modelos universais. Modelos<br />

desinteressantes vão à vida – Jackson<br />

admite que o C4 pode ser um deles – para<br />

dar lugar a coisas mais interessantes, o que<br />

inclui vários crossovers.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

033


como a china<br />

molda o seu<br />

próximo carro<br />

À medida que a China se torna o centro do universo<br />

automóvel, o mercado fica inundado de SUV<br />

China será o maior mercado<br />

“<br />

a<br />

automóvel... para sempre.”<br />

Quem o diz é Ola Källenius,<br />

diretor de marketing e vendas<br />

da Mercedes, em jeito de<br />

balanço do ano comercial de<br />

2014, em que os chineses compraram mais<br />

de 18 milhões de carros. Na Europa foram<br />

12,5 milhões. Com o crescimento das<br />

vendas, a China ultrapassará este ano ou<br />

no próximo os EUA como maior mercado<br />

automóvel – e não mais largará esse lugar.<br />

Mesmo que a economia da China vá<br />

arrefecendo gradualmente, ninguém<br />

prevê que seja ultrapassada em vendas<br />

automóveis. Isso torna a China o centro do<br />

mundo automóvel.<br />

Esse domínio é importante para o resto<br />

do mundo, em especial para os mercados<br />

que foram, em tempos, fortes e que agora<br />

são pouco representativos no cômputo<br />

geral. Embora o mercado europeu ainda<br />

seja muito importante, com a constante<br />

expansão do mercado automóvel chinês, a<br />

VW C COUPÉ<br />

GTE CONCEPT<br />

Igualmente revelado em Xangai, o<br />

GTE híbrido é uma berlina, situada<br />

abaixo do Phaeton, que será<br />

produzida na China em 2016. Os<br />

lugares traseiros são os melhores


importância do cliente europeu será<br />

minimizada, mesmo para as marcas<br />

europeias. Quer um desportivo de motor<br />

central? Azar. A China não quer.<br />

A China quer duas coisas em especial:<br />

berlinas de plataforma longa e SUV. Foi, em<br />

parte, por isso que a Bentley pôs o projeto<br />

Bentayga 4x4 à frente, por exemplo, de um<br />

pequeno desportivo de dois lugares. E é<br />

também por isso que a Mercedes acaba de<br />

revelar o GLC Coupé em Xangai.<br />

Esse concept ilustra o futuro rival<br />

Mercedes do BMW X4 (será um SUV coupé<br />

que usa a plataforma do Classe C) e parece<br />

estar quase na fase de produção. Um V6 3.0<br />

biturbo envia 367 cv para as quatro rodas<br />

através de uma caixa automática de nove<br />

velocidades. A Mercedes garante que o<br />

GLC Coupé de produção – a chegar em<br />

2016 – será “o SUV mais desportivo do<br />

mercado”. Vai ter muita concorrência,<br />

logo a começar pela interna: a Mercedes<br />

terá em breve sete SUV no catálogo. A<br />

BMW já tem cinco... E mais virão.<br />

Mercado chinês<br />

gosta de jantes<br />

e pneus circulares<br />

Källenius faz questão de vincar que a<br />

aposta da Mercedes nos SUV não tem só a<br />

ver com a China, já que esses veículos têm<br />

muita procura em todo o mundo. Por<br />

muito que isso seja verdade, se não fosse o<br />

apetite voraz da China, os fabricantes não<br />

lançavam crossovers com tanto fervor.<br />

Estaremos então condenados a um<br />

futuro de SUV, berlinas esticadas e pouco<br />

mais? Felizmente, não. Até nesta era de<br />

“carros universais”, os países não vão todos<br />

conduzir os mesmos carros. A Ford não<br />

envia as suas pickups da Série F para a<br />

Europa, mas recebemos os seus modelos<br />

mais pequenos. A China é um mercado<br />

lucrativo, mas desde que exista dinheiro<br />

para fazer noutras paragens, as marcas<br />

nunca deixarão de tentar aproveitá‐lo.<br />

As marcas de desportivos continuarão<br />

a fazer desportivos porque isso faz parte<br />

da sua identidade. A procura chinesa por<br />

marcas de luxo europeias advém do valor<br />

que dá à história. O 911 não vende tão bem<br />

quanto o Cayenne, mas é vital para a<br />

identidade da Porsche. A Porsche sem o 911<br />

não é a Porsche.<br />

A inluência da China também tem<br />

vantagens. A faixa etária baixa dos seus<br />

compradores de carros é composta por<br />

pessoas para quem a tecnologia de ponta é<br />

fundamental, e que não quererão sistemas<br />

de infoentretenimento antigos. Isso<br />

levará a que o resto do mundo tenha<br />

inalmente as tecnologias automóveis<br />

estilo Android/Apple que nos prometem<br />

há tanto tempo. Ser um mercado menos<br />

importante não é assim tão mau...<br />

XANGAI 2015:<br />

AÍ ESTÃO<br />

OS CHINESES<br />

O MAIOR SALÃO AUTOMÓVEL DA CHINA PROVA<br />

QUE A REVOLUÇÃO JÁ COMEÇOU<br />

A coisa mais estranha sobre o salão automóvel de<br />

Xangai deste ano é que... foi pouco estranho. Há<br />

uns anos, os salões chineses eram conhecidos por<br />

duas coisas: clones claramente ilegais de outros<br />

carros e concepts absurdos com nomes como<br />

SeaBong Friend Cloud e Great Windy.<br />

Mas as fotocópias más e os estudos de<br />

design estapafúrdios desapareceram quase<br />

completamente. Esperávamos ver veículos<br />

estranhos e só vimos coisas familiares. A maior<br />

parte das marcas chineses – a BYD, Dongfeng,<br />

Lifan, the Foton – está agora a lançar carros<br />

GLC Coupé poderá ter<br />

habitáculo similar ao<br />

do irmão GLE Coupé<br />

“estamos condenados<br />

a um futuro de suv, berlinas<br />

esticadas e pouco mais?”<br />

totalmente inofensivos, genéricos e baratos,<br />

e todos eles com o género de design que faz<br />

lembrar os restantes rivais e, ao mesmo tempo,<br />

os torna pouquíssimo memoráveis.<br />

Sabe o que isto quer dizer: vêm aí os chineses!<br />

Num futuro muito próximo, estes insípidos (e<br />

possivelmente muito baratos) veículos chegarão<br />

aos salões automóveis europeus e americanos, e<br />

daí para os mercados de cada país.<br />

E serão carros decentes. Tal como a Kia<br />

e a Hyundai (a antes delas, as japonesas) se<br />

livraram rapidamente da imagem de marcas<br />

com produtos de qualidade duvidosa, passando<br />

a ser rivais credíveis dos fabricantes europeus,<br />

as marcas chinesas farão o mesmo, e ainda mais<br />

depressa. Estou a falar de alguns anos, e não<br />

décadas, até a China aterrar na Europa e bater a<br />

Dacia no seu jogo low cost.<br />

Xangai provou que os fabricantes chineses<br />

já não são uma anedota automóvel. Estão, aliás,<br />

prestes a conquistar o mundo...<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

035


PAUL HORRELL<br />

A ASCENÇÃO DA CHINA<br />

ANTIGAMENTE, NINGUÉM<br />

LEVAVA A CHINA A SÉRIO.<br />

AGORA, LEVAM...<br />

Anoite cai. O meu quarto de hotel tem vista para o rio a<br />

partir de um dos prédios mais altos do mundo. A sua<br />

altura é disfarçada pela loresta de arranha-céus –<br />

muitos deles com formas estranhas e iluminação estilo<br />

discoteca – que o rodeia. As ruas lá em baixo estão<br />

repletas de Mercedes, Audi, BMW e Range Rover,<br />

principalmente modelos topo de gama. Estive durante a<br />

tarde noutra zona da cidade e voltei ao hotel num táxi<br />

Uber, um híbrido plug-in que, pelos menos a partir do<br />

banco traseiro, funcionava lindamente.<br />

Podia tratar-se de uma qualquer megalópole mundial, mas o<br />

que torna Xangai diferente é o ritmo das mudanças. A terra de onde<br />

despontam agora arranha-céus estava cultivada há apenas 25 anos.<br />

O táxi soisticado onde viajei é desenvolvido e construído<br />

localmente, mas há um par de anos ainda gozávamos com os carros<br />

chineses. É um Roewe 550, a que chamamos MG6 na Europa:<br />

guardam as versões boas para eles e mandam para cá o carro com<br />

o motor diesel barulhento.<br />

É, claro, uma parvoíce fazer generalizações num país com<br />

5.000 km de largura, 1,35 mil milhões de pessoas e 56 grupos<br />

étnicos, a partir do que se passa no centro de uma das suas<br />

cidades. Para além do mais, Xangai sempre foi um centro<br />

portuário virado para o exterior. Mas sento-me defraudado.<br />

Esperava encontrar um sítio excitantemente alienígena. Só que<br />

não é assim tão diferente quanto isso.<br />

Não consigo evitar – ninguém consegue – retratar um país pelo<br />

que veja nas estradas. Lembro-me de, há 25 anos, aterrar no Japão<br />

e icar pasmado com a estranheza dos veículos. Não reconheci<br />

alguns dele, até modelos com o símbolo da Toyota ou Nissan. Na<br />

viagem que me trouxe do aeroporto de Xangai até ao centro, quase<br />

que podia estar na M4 perto de Heathrow. À exceção do cardume<br />

de táxis VW Santana, resultado direto da (muito previdente)<br />

abertura da primeira fábrica da VW em Xangai em 1983.<br />

No ano 2000, poucos indivíduos privados tinham carta de<br />

condução de carro. Desde então, houve uma explosão de<br />

encartados e de produção automóvel. Não é de estranhar que seja<br />

tudo tão novo. O primeiro troço de autoestrada foi inaugurado em<br />

1988. Em 2011 já a China tinha uma rede viária maior que o sistema<br />

interestadual nos EUA, e conta agora com cerca de 112 mil km,<br />

com 8.000 km novos a cada ano. Ena! E 70 por cento dos carros<br />

“O primeiro<br />

troço de<br />

AE na<br />

China data<br />

de 1988”<br />

O Roewe 550:<br />

merece elogios<br />

e não piadas<br />

novos na China são vendidos a alguém que nunca tinha tido um<br />

carro antes, sendo que há um total de 70 carros por cada mil<br />

habitantes. Na Europa, esse número é 500. Não é de estranhar que<br />

os fabricantes queiram uma fatia deste vasto e continuado lucro.<br />

Portanto, em termos automóveis, a China é ao mesmo tempo<br />

um país emergente (leia-se estranho) e maduro (leia-se dominante<br />

a nível global). Em vendas anuais, a China passou a Europa inteira,<br />

e também os EUA. E vai crescer mais. Metade desse mercado – e<br />

todo o setor premium – é detido por marcas ocidentais, japonesas e<br />

coreanas. E estão a esforçar-se ao máximo para não perder este<br />

autêntico ilão. Constroem várias fábricas novas no território<br />

chinês porque não querem que as marcas locais, que detêm<br />

metade do mercado e estão a aprender rapidamente a criar carros<br />

bons, iquem com uma fatia maior. Por vezes tomam decisões que<br />

consideramos estapafúrdias – porque é que a VW está a investir<br />

numa nova geração do Phaeton, e a Peugeot num novo 508, ou até a<br />

Rolls com um SUV? –, mas tudo isso deve-se à China.<br />

Já agora, ique a saber que há por aqui muitos carros europeus<br />

caros, até mesmo automóveis que não esperaria, da Maserati e da<br />

Aston Martin, porque há imensos milionários novos um pouco<br />

por todo o país. Mas a razão pela qual em Xangai só existem<br />

praticamente carros europeus de luxo é simples. Se houver<br />

demasiados carros, há engarrafamentos. Portanto, para estancar<br />

a procura, a cidade emite um número limitado de matrículas<br />

novos por mês. São leiloadas e por vezes os valores atingem<br />

muitos milhares de euros. E se pagou tanto pela matrícula, vai<br />

escolher um carro altamente desejável onde a pendurar.<br />

036 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


AS MAIS ESTRANHAS ESTÓRIAS DO NOSSO MUNDO E MAIS, MUITO MAIS...<br />

top<strong>Gear</strong><br />

“Faça o que fizer,<br />

não lhe chame tanque”<br />

PILOTAMOS O... TANQUE MAIS RÁPIDO DO MUNDO VIRE A PÁGINA<br />

p44<br />

arQuivo top<strong>Gear</strong><br />

Como a Battling Beryl lutou contra o sexismo<br />

p48<br />

o meu outro carro É...<br />

A Kawasaki Ninja H2. Sim, é uma mota<br />

Guia de bar de maY<br />

Sabia que Graham Hill foi um remador?<br />

p50<br />

p52<br />

Lista de opÇÕes<br />

A nossa seleção do material que mais interessa<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

037


TEXTO: DAN READ / FOTOS: SIMON THOMPSON<br />

O TANQUE<br />

MAIS RÁPIDO*<br />

GOSTAMOS DE MÁQUINAS EXTREMAS<br />

NA TG. MAS NUNCA PENSÁMOS<br />

CONDUZIR MÁQUINAS DE GUERRA...<br />

pLaneta / piLotar um tanQue


alvez esperasse que a nossa<br />

análise começasse com a arma<br />

T<br />

robótica guiada por laser, que<br />

persegue e destrói alvos<br />

distantes sozinha. Ou com as<br />

saias camuladas do tanque, que<br />

podem ser cobertas com células<br />

térmicas que, vistas por radar, transformam o veículo<br />

numa vaca. Nada disso. Ao invés, e porque estamos a<br />

fazer um ensaio a sério, vamos começar pela coisa mais<br />

importante nesta máquina de guerra sueca de quatro<br />

milhões de euros: conforto a bordo.<br />

Chama-se CV90 Armadillo, e é o primeiro veículo de<br />

lagartas do mundo com suspensão ativa. Isto signiica<br />

que amortece as pancadas decorrentes do terreno<br />

acidentado melhor que qualquer outro tanque, o que<br />

permite, por sua vez, viajar 40 por cento mais depressa.<br />

Tal como um carro com amortecimento ativo, o<br />

Armadillo regula a suspensão em permanência para<br />

lidar com o terreno, para que o veículo esteja sempre o<br />

mais nivelado possível. E se já tentou disparar em cima<br />

de um tanque em movimento, sabe que o facto de estar<br />

nivelado é muito bom.<br />

Produzido pela BAE Systems na Suécia, na mesma<br />

fábrica outrora usada pela Alvis, o Armadillo é o mais<br />

recente modelo da gama CV90. Faça o que izer, não lhe<br />

chame tanque. É, foi-me dito pelos responsáveis da<br />

“esperava encontrar<br />

um conjunto básico de<br />

manivelas e roldanas”<br />

Eis o compartimento<br />

de combate. Toca<br />

a entrar, pessoal!<br />

desde Que * o conduza<br />

Fora de estrada –<br />

ALIÁS, NÃO O FAÇA EM<br />

ESTRADA!<br />

marca, um veículo de combate de infantaria. Foi<br />

concebido para deslocar-se depressa, esconder-se em<br />

lorestas e proteger os soldados que estão lá dentro do<br />

género de explosões que encurtam pernas e mandam-no<br />

para o hospital sem perceber sequer que explodiu<br />

qualquer coisa. “Imagine cem toneladas de TNT a<br />

rebentarem a 10 cm do seu rabo”, diz o meu antigo<br />

instrutor do exército. “É uma força de 100.000 a<br />

300.000 g, o que é ligeiramente... desconfortável.”<br />

Quer seja ou não um tanque oicial, tem lagartas nos<br />

dois lados, há uma arma no topo, pesa 30 toneladas e a<br />

armadura é tão espessa quanto uma parede de alvenaria.<br />

Se não é um tanque, parece. E como ainda não foi<br />

entregue a nenhum dos primeiros clientes, a marca<br />

deixou-nos conduzir o Armadillo.<br />

Para entrar no cockpit, primeiro tem de subir para o<br />

capot, através de uma escada com um metro de altura, e<br />

depois tem de abrir a espécie de tampa do esgoto e<br />

eniar-se lá dentro. As pernas baloiçam até o seu rabo<br />

aterrar no banco do piloto, que está suspenso no ar<br />

como uma daquelas aranhas para bebés (esse formato<br />

permite ter espaço entre o seu rabo e explosões sob o<br />

CV90). É aqui, na minha rede suspensa de guerra, que<br />

investigo os controlos pela primeira vez.<br />

Esperava encontrar um conjunto básico de manivelas<br />

e roldanas, mas a tecnologia de tanques avançou desde a<br />

Segunda Guerra Mundial. Qualquer condutor automóvel<br />

Motor pode ser<br />

removido por dois<br />

homens em 60 min<br />

poderá conseguir pilotar um tanque. Há um pedal para<br />

os travões e um para o acelerador. O volante tem a forma<br />

de um “U” com a base direita e gatilhos no topo para<br />

ativar os limpa-para-brisas (pensava que fossem os<br />

mísseis). Tem um V8 diesel com 16 litros de capacidade,<br />

herdado de um camião Scania, que produz 810 cv e está<br />

montado a uns 30 cm à direita da minha cabeça.<br />

O resto dos instrumentos é uma mistura de<br />

mostradores estilo aviação e botões com ícones<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

039


Portinhola do<br />

comandante lá em<br />

cima. “Sim, senhor!”<br />

PLANETA / PILOTAR UM TANQUE<br />

“ O V8 é algo ruidoso,<br />

mas já conduzi carros<br />

mais barulhentos”<br />

familiares, como os da climatização. É apertado, à<br />

semelhança do cockpit de um caça, embora hoje tenham<br />

deixado a portinhola aberta para eu ver bem para o<br />

caminho. Felizmente, não estou sozinho. Aliás, a<br />

primeira coisa que aprende sobre um tanque é que não o<br />

está realmente a pilotar. Sim, carrega nos pedais, roda o<br />

volante e põe 30 t de metal em movimento, mas é o<br />

comandante que dá as instruções.<br />

Mantenho um botão carregado para acordar o motor<br />

(para efeitos do ensaio, tenho de confessar que ouço<br />

algum ruído, mas já conduzi carros mais barulhentos).<br />

Se der um toque no acelerador, as rotações sobem<br />

surpreendentemente depressa para um diesel gigante,<br />

mas com a red line às 2.500 rpm, não é muito rotativo.<br />

Ponho a alavanca da caixa em D, as rotações sobem um<br />

pouco e arrancamos – é fácil. Esta unidade tem as<br />

lagartas de borracha, pelo que não soa nem se comporta<br />

como um monstro de metal – o motor faz mais barulho<br />

que as lagartas. Até oscilo com suavidade no banco.<br />

O volante tem pegas com nós e esses nódulos fazem<br />

pressão contra a minha pele. Ao contrário de uma<br />

coluna de direção tradicional ligada ao par de rodas<br />

dianteiras, cujo ângulo muda para corresponder à<br />

posição do volante, o tanque muda de direção através da<br />

própria transmissão. Ou seja, se rodar o volante para a<br />

esquerda, reduz a potência nas lagartas esquerdas e<br />

“Pessoal, estou<br />

a fazer o robô.<br />

Vejam. O robô!”<br />

040 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


As armas podem<br />

ser ativadas a partir<br />

daqui. Muito útil!<br />

A vista lá<br />

de cima. Cuidado<br />

com os alces!<br />

Divertimo‐nos muito dentro do Armadillo, mas convém<br />

não esquecer que este é um veículo sério concebido para<br />

salvar mais vidas que aquelas que tira. E embora tenha<br />

muita tecnologia avançada, não há assistência em viagem<br />

atrás das linhas inimigas. “É uma máquina de guerra”,<br />

recorda Dan Lindell, gestor de plataforma do CV90.<br />

Procurar e destruir:<br />

arma consegue<br />

abater helicópteros


Homem baixo não<br />

chega à arma alta.<br />

Ainda bem!<br />

“ Os meus olhos dizem‐me<br />

que estou a atravessar<br />

valas a 80 km/h, mas o<br />

corpo permanece imóvel”<br />

aumenta do lado contrário. Com um dos lados a<br />

mover-se mais depressa do que o outro, o CV90 vira<br />

naturalmente para o lado mais lento. Assim, à medida<br />

que rodo o volante, o tanque gira para um lado ou para o<br />

outro. Com a caixa em N e o volante todo virado para um<br />

dos lados, o motor envia potência só para um dos<br />

conjuntos de lagartas e o veículo faz piruetas. Donuts<br />

num tanque: a manobra mais divertida que pode fazer<br />

numa máquina de guerra.<br />

Passemos à suspensão. O Armadillo possui diversos<br />

giroscópios, acelerómetros e sensores, todos eles a<br />

enviarem informação para um algoritmo especial que<br />

calcula ângulos e inclinações. Se, por exemplo, o sistema<br />

sentir que a dianteira pisou uma lomba, a suspensão<br />

traseira é avisada e preparada para o impacto. Como?<br />

Olhe para dentro das lagartas – existem sete rodas em<br />

cada lado. Cada uma delas está ligada ao chassis através<br />

de um braço oscilante, como numa mota. Num sistema<br />

passivo, o braço age de forma autónoma, mas aqui pode<br />

ser afrouxado para absorver a força do impacto e depois<br />

bloqueado para impedir o ressalto do veículo. O sistema<br />

também impede a inclinação dianteira quando se trava.<br />

Funciona inacreditavelmente bem. Os meus olhos e<br />

ouvidos dizem-me que estou a atravessar valas a 80<br />

km/h, mas o meu corpo permanece imóvel. Se estivesse<br />

a disparar uma metralhadora a partir de uma das<br />

portinholas de combate de certeza que falharia o alvo,<br />

mas por muito menos do que se estivesse num tanque de<br />

suspensão tradicional. Aliás, nem preciso de premir um<br />

gatilho – a lista de extras inclui armas remotas e<br />

sistemas anti-aéreos concebidos para abater<br />

helicópteros, enquanto o respetivo piloto admira-se<br />

como raio aquela vaca lá em baixo disparou um foguete.<br />

É um belo truque para um tanque que não é um tanque.<br />

Lagartas de borracha<br />

reduzem o ruído<br />

e o desconforto<br />

042 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Uma subida íngreme<br />

ou árvores tortas.<br />

O leitor decide<br />

Cruzamento entre<br />

Danças no Gelo<br />

e Guerra de Robôs<br />

Armadillo lida<br />

sem problemas com<br />

inclinações de 30º<br />

CONHEÇA O<br />

SUPERTANQUE<br />

TÍPICO! ESPERA TEMPOS E TEMPOS POR UM TANQUE<br />

COM SUSPENSÃO AJUSTÁVEL E DEPOIS APARECEM DOIS<br />

PLANETA / PILOTAR UM TANQUE<br />

ESTE CHAMA‐SE RIPSAW EV‐2, e – tal como o Armadillo –<br />

tem suspensão ativa que ajuda a ultrapassar praticamente<br />

qualquer obstáculo idiota o suiciente para estar à sua frente.<br />

Também faz enormes derrapagens no gelo.<br />

Howe & Howe Technologies é a empresa louca responsável<br />

pela sua criação, e não é uma novata na produção de veículos<br />

blindados e de categoria militar para quem quer que seja que<br />

os encomende… Incluindo vilões árticos paranoicos que<br />

queiram fugir por cima de um lago gelado.<br />

A empresa, sediada nos Estados Unidos, já magicou carros<br />

de bombeiros blindados que sobem ao topo de um vulcão para<br />

o apagar, microtanques robóticos para equipas de intervenção<br />

rápida e até transformaram a cadeira de rodas de um antigo<br />

lutador que icou tetraplégico – a cadeira tem agora lagartas e<br />

uma arma, já que o ex‐atleta gosta da caça ao veado.<br />

Ao contrário do Armadillo, que tem um sistema de<br />

amortecimento eletro‐hidráulico, o do Ripsaw é pneumático.<br />

Pesa menos que um tanque e pode não proteger os ocupantes<br />

das piores explosões, mas tem a vantagem de usar um V8 a<br />

gasolina em posição central que produz 650 cv. É rápido.<br />

Também salta e faz derrapagens vistosas. Quando o Juízo<br />

Final chegar, é este o veículo que quer ter na garagem.


Casa<br />

de leilões<br />

MELHOR LOTE DO MÊS<br />

Shelby GT500KR<br />

Fastback<br />

PLANETA / ARQUIVO TG<br />

Retirado<br />

dos<br />

arquivos<br />

UMA PIONEIRA<br />

DESCONHECIDA<br />

1. QUEM<br />

Beryl Swain<br />

2. O QUÊ<br />

Correr o TT<br />

3. ONDE<br />

Ilha de Man<br />

4. QUANDO<br />

1962<br />

TEXTO: DAN READ FOTOS: GETTY<br />

E<br />

PRÓXIMA EDIÇÃO: DAYTONA NOS ANOS 50<br />

AS MELHORES<br />

FOTOS DA<br />

HISTÓRIA,<br />

VINDAS DO<br />

CANTO ARRECADAÇÃO<br />

m 1962, Beryl Swain<br />

participou na corrida Isle<br />

of Man TT. Dez anos antes,<br />

conheceu Eddie Swain,<br />

dono de um stand de motas<br />

– casaram pouco tempo depois. Só que ela<br />

não era a típica dona de casa dos anos 50.<br />

“Não só tem um emprego e gere o lar”, conta<br />

um ilme antigo irremediavelmente<br />

machista, “como ainda tem um passatempo<br />

improvável... e é boa a desempenhá-lo!”<br />

O seu passatempo era motociclismo. Com Eddie como mecânico,<br />

Beryl competia lado a lado com os melhores pilotos nos circuitos<br />

britânicos, e até teve um acidente gravo, do qual recuperou rapidamente.<br />

Como o tal ilme conta, “não foi suiciente para derrubar a Beryl<br />

Corajosa”, que encontrou o seu nicho nos 50 cc – foi nessa classe que<br />

participou no TT.<br />

E lá foi ela, com os seus 48 kg de peso, para o complexo percurso do TT<br />

na sua Itom italiana, terminando na 22ª posição de entre os 25 pilotos<br />

– nada mau para uma novata com uma mota pequena e pneus iníssimos.<br />

Ela icou viciada e anunciou que voltaria à competição no ano seguinte.<br />

Infelizmente, esse regresso não se veriicou porque a sua presença no<br />

TT perturbou imenso o status quo masculino. Cancelaram a sua licença de<br />

piloto e baniram a participação de mulheres no TT – que durou até 1978 –<br />

com o pretexto de ser um evento demasiado perigoso.<br />

Portanto, ela regressou ao seu trabalho no Sainsbury’s, enquanto os<br />

homens que bateu naquele ano continuaram a competir...<br />

Motor: 7,0 litros, V8<br />

Ano: 1968<br />

Quando: 5 de junho,<br />

Mecum Auctions<br />

Valor: $ 165.000<br />

Chamavam‐lhe “Rei da Estrada”. E<br />

não estavam errados. Com o seu<br />

colossal V8 Cobra Jet de 7.014<br />

cc, este era o Mustang mais rápido<br />

que existia em 1968. A Ford<br />

anunciava 335 cv de potência,<br />

mas suspeitava‐se que o valor real<br />

andava acima dos 400 cv. E depois<br />

tínhamos o binário. Os 600 Nm<br />

de binário. Se queria o derradeiro<br />

Mustang da primeira geração, devia<br />

ter comprado este. Com a sua caixa<br />

automática de três velocidades e<br />

apenas 19.570 km percorridos, é<br />

uma de apenas 300 unidades que<br />

saíram de fábrica com este motor<br />

e ar condicionado. Tenho em conta<br />

a baixa quilometragem e o facto<br />

de ter sido recuperado por um dos<br />

juízes do Mustang Club of America,<br />

este carro de cor Highland Green<br />

– número 3794 – é um exemplar<br />

perfeito. Inclui toda a papelada.<br />

FOTOS: DAVID NEWHARDT, CORTESIA DA MECUM AUCTIONS<br />

044 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Planeta<br />

VOLVO OCEAN RACE EM LISBOA<br />

TEXTO: PP / FOTOS: OFICIAIS (D.R.)<br />

TODOS<br />

PRONTOS<br />

NA DOCA<br />

MILHARES DE<br />

PESSOAS EM<br />

PEDROUÇOS<br />

ma das mais conhecidas<br />

U<br />

regatas do mundo marcou<br />

presença em Lisboa no<br />

passado mês de junho.<br />

Os sete veleiros<br />

da Volvo Ocean Race marcaram presença numa<br />

espetacular etapa que culminou com a chegada<br />

ao Rio Tejo em grande apoteose, naquela<br />

que foi a sétima etapa desta fantástica regata<br />

em redor do mundo.<br />

Durante a presença dos veleiros,<br />

considerados por muitos os Fórmula 1 dos<br />

mares, foram milhares as pessoas que acorreram<br />

ao espaço preparado para receber, junto à doca<br />

de Pedrouços, não apenas a competição mas<br />

também vários espetáculos e atividades para<br />

todas as idades, envolvendo diversas entidades<br />

e empresas que se associaram ao evento.<br />

A Volvo, fabricante automóvel que patrocina<br />

e confere nome à regata, marcou forte presença<br />

com um espaço tipo lounge para os seus clientes<br />

e visitantes. Para além de poder icar a par das<br />

novidades de toda a gama houve ainda lugar<br />

à apresentação nacional do novo Volvo XC90,<br />

a nova coqueluche SUV topo de gama que já é<br />

possível encomendar em Portugal.<br />

O evento foi um sucesso com grande adesão<br />

de público. Ciente disso e a propósito deste<br />

evento, o Presidente da C.M. de Lisboa<br />

aproveitou para anunciar, em comunicado,<br />

que irá candidatar a cidade como sede<br />

da Volvo Ocean Race e para ser o ponto<br />

de partida da regata já em 2020.<br />

Este é mais um bom sinal do agrado<br />

da organização e equipas que também pode ser<br />

medido justamente pelo facto de quatro equipas<br />

em prova – Alvimedica, Vestas, Abu Dhabi e<br />

SCA – irem estabelecer a sua base de treino<br />

justamente na nossa capital.<br />

De Lisboa, os veleiros partiram para Lorient<br />

em França, não sem antes terem proporcionado<br />

algumas belas imagens no Tejo, onde foram<br />

acompanhados por centenas de embarcações<br />

num espetáculo de rara beleza.<br />

Depois de França irão chegar a Gotemburgo,<br />

na Suécia, para a etapa inal.<br />

046 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


A IMAGEM DA<br />

MARCA PRESENTE<br />

STAND VOLVO:<br />

LOCAL DE RELAX<br />

UM ESPETÁCULO DE<br />

GRANDE BELEZA<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

047


O MEU OUTRO CARRO É...<br />

A KAWASAKI<br />

NINJA H2<br />

É SÓ LEVANTAR A PERNA E MONTAR‐SE<br />

FACTO TG<br />

A H2 inspira‐se na<br />

mota de pista H2‐R,<br />

que tem uns alucinantes<br />

325 cv de potência<br />

Uma mota tão extrema<br />

que está numa revista<br />

de carros<br />

FICHA<br />

TÉCNICA<br />

MOTOR<br />

998 cc sobrealimentado,<br />

quatro cilindros<br />

TRANSMISSÃO<br />

Manual de 6 vel.,<br />

corrente<br />

PERFORMANCE<br />

200 cv,<br />

0‐100 km/h em 2,5 s<br />

(est.)<br />

300 km/h (limit.)<br />

QUADRO<br />

Aço de alta resistência,<br />

braço oscilante único<br />

TRAVÕES<br />

380 mm fr.;<br />

250 mm tr.<br />

DEPÓSITO<br />

17 litros<br />

Mais motas nesta revista!<br />

Sim, e pedimos desculpa por isso. Mas<br />

olhe bem para ela. É a Ninja mais<br />

recente, a mota de estrada mais rápida<br />

de sempre. O Veyron das duas rodas. E<br />

merece toda a nossa atenção.<br />

Porque é tão rápida?<br />

Não é a primeira supermota com motor<br />

de um litro do mundo, mas esta tem<br />

sobrealimentação. E arremessar tanto ar<br />

para dentro do motor resulta em ganhos<br />

de potência – são 200 cv.<br />

E isso é muito?<br />

Veja as coisas da seguinte forma: tem<br />

quase a mesma potência de um Golf<br />

GTI só que é cinco vezes mais leve. A<br />

matemática <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> aponta para uma<br />

velocidade cinco vezes superior. É por<br />

isso que tem controlo de tração.<br />

Qual é a velocidade máxima?<br />

Um acordo de cavalheiros das marcas<br />

obriga à limitação eletrónica de 300<br />

km/h, mas teoricamente ultrapassa os<br />

355 km/h. Se o condutor aguentar.<br />

Então e o tempo dos 0‐100 km/h?<br />

Os fabricantes raramente o anunciam,<br />

mas qualquer supermota decente atinge<br />

os 100 km/h num abrir e fechar de<br />

olhos. Depende muita da tração e do<br />

condutor, mas deve demorar uns 2,5 s.<br />

Isso deve ser… assustador!<br />

A própria Kawasaki admite que a H2 não<br />

é para todos os condutores. A menos<br />

que o seu nome seja Valentino e consiga<br />

fazer curvas praticamente deitado, deixe<br />

isso para os proissionais.<br />

PESO<br />

238 kg<br />

PREÇO<br />

€ 26.990<br />

PLANETA TG / VEÍCULO ALTERNATIVO<br />

AS<br />

RIVAIS<br />

TRÊS OUTRAS<br />

FORMAS DE<br />

APANHAR SUSTOS<br />

CONSTANTES<br />

1. BMW S1000RR<br />

BMW louca com 198 cv<br />

2. Ducati 1199 Panigale R<br />

Resposta italiana à melhor japonesa<br />

3. MV Agusta F4 RR<br />

A única mais exótcia que a Ducati<br />

048 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


As notícias mais<br />

ABSURDAS<br />

UM MÊS DE DISPARATES<br />

NUMA SÓ PÁGINA!<br />

QUALQUER<br />

PARECENÇA<br />

COM EVENTOS<br />

DA VIDA REAL É<br />

TOTALMENTE<br />

PROPOSITADA<br />

PLANETA / NOTICIÁRIO<br />

O QUERIDO CONDUTOR<br />

A Coreia do Norte diz que o líder Kim<br />

Jong‐un aprendeu a conduzir com três anos.<br />

Era gordo demais para o carrinho de bebé...<br />

“Em<br />

agradecimento<br />

pelo seu papel<br />

na operação,<br />

tenho a honra<br />

de oferecer<br />

cem Bentley<br />

aos cem pilotos<br />

sauditas.”<br />

Num tweet<br />

posteriormente<br />

apagado, o princípe<br />

Al-Waleed bin<br />

Talal faz promessa<br />

aos pilotos que<br />

bombardearam o<br />

Iémen.<br />

“Ainda tenho o<br />

meu Ferrari. É<br />

um 458 Italia,<br />

e acabei de<br />

comprar um<br />

LaFerrari.<br />

Deve chegar<br />

em breve.”<br />

Justin Bieber<br />

trocou o seu 458<br />

por um LaFerrari.<br />

Enim...<br />

FOI O PÁSSARO!<br />

Condutora tem acidente<br />

de carro. Conta à polícia<br />

que distraiu‐se com o<br />

seu papagaio, que estava<br />

a atacar o seu café<br />

TRATOR<br />

Juha Kankkunen bate<br />

recorde mundial de<br />

velocidade de trator:<br />

130,1 km/h. Nós demos<br />

mais... num corta‐relvas<br />

TROTE‐THROUGH<br />

Americano passa no<br />

drive-through de um<br />

McDonald’s ao “volante”<br />

do seu cavalo. Pediu<br />

duas saladas<br />

NÃO PASSARÁS!<br />

Guarda de passadeira<br />

em Londres suspenso<br />

após mandar parar<br />

carro dos bombeiros em<br />

marcha de emergência<br />

CAMIÃO DO MEL<br />

Camião tomba perto de Seattle, EUA,<br />

e espalha pela estrada caixotes com 13,7<br />

milhões de abelhas. Fujam!!!<br />

RELAÇÕES ESBURACADAS<br />

Fotograia para carta de condução<br />

rejeitada pela DVLA (IMTT britânico).<br />

A culpa foi do coador na cabeça.<br />

VIDA DE CÃO<br />

Cão pastor chamado Don “conduz” trator.<br />

Entra numa autoestrada britânica. Colide<br />

com um muro, mas não se magoa.<br />

INFESTADO<br />

Tipo suspeita que tem o carro cheio<br />

de ácaros e decide regá‐lo com álcool.<br />

Fuma cigarro... Chamas por todo o lado!<br />

“Lixaram a<br />

traseira toda<br />

do carro com<br />

os bicos!”<br />

Gangue de pavões<br />

ciumentos na<br />

aldeia inglesa de<br />

Clyst St Mary<br />

confundiu o<br />

próprio relexo<br />

na carroçaria de<br />

um carro com<br />

potenciais rivais e<br />

decidiu atacar.<br />

ESTRELA NUM<br />

CARRO DE PREÇO<br />

EXORBITANTE<br />

Este mês:<br />

Quentin Tarantino<br />

Carro: Cadillac Coupe de Ville<br />

Veredicto: Lembra-se de<br />

Cães Danados? Mr Blonde<br />

tinha um igual. O único<br />

carro cuja capacidade da<br />

mala é medida em corpos e<br />

não em litros. E é um corpo.<br />

De um polícia.<br />

FOTOS: GETTY, REX, SWNS<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

049


EX‐REMADOR<br />

Antes de cimentar a sua carreira como<br />

piloto, Graham Hill era remador no<br />

London Rowing Club. Em tempos,<br />

angariou fundos para o clube ao conduzir<br />

repetidamente um Morris Oxford contra<br />

um muro até avariar. Posteriormente,<br />

incorporou as cores do clube – azul<br />

escuro com branco e emblemas em<br />

forma de remo – no seu capacete.<br />

PLANETA / CURIOSIDADES<br />

CURIOSIDADES<br />

CURIOSIDADES<br />

QUAIS<br />

MUNIÇÕES<br />

PARA USAR NUM<br />

BAR. NINGUÉM<br />

SE MEXA!<br />

O Thrust 2 – no qual Richard<br />

Noble bateu o recorde de<br />

velocidade terrestre em 1983 –<br />

tinha um jato Rolls-Royce no<br />

centro do carro, com o cockpit do<br />

piloto instalado num dos lados.<br />

Para evitar uma distribuição de<br />

VOLTAGEM<br />

MÍSSIL BATATA<br />

Após um projeto de cinco anos que custou<br />

115 milhões de dólares, a Freightliner<br />

criou um camião híbrido que poupará<br />

aos camionistas cerca de 40 mil litros<br />

de combustível por ano. Num ensaio<br />

de 500 km no Texas, o SuperTruck ixou<br />

uma média de 23 l/100 km... Metade<br />

da média de um camião tradicional.<br />

peso desigual, um cockpit idêntico<br />

foi instalado no lado oposto. Só<br />

que como a equipa não conseguiu<br />

arranjar um pendura, conforme<br />

Noble pedira, o lugar vazio foi<br />

ocupado por sacas de batatas, que<br />

serviram de lastro.<br />

MELHOR<br />

BRITÂNICO<br />

Segundo um inquérito<br />

realizado junto de 2.484<br />

britânicos, o veículo mais<br />

icónico é o Supermarine<br />

Spitire, seguido pelo<br />

autocarro de Londres.<br />

Consulte os resultados na<br />

lista à direita...<br />

SPITFIRE 30%<br />

LONDON<br />

ROUTEMASTER 24%<br />

ASTON MARTIN DB5<br />

(JAMES BOND) 17%<br />

TÁXI PRETO 15%<br />

MINI (GOLPE EM ITÁLIA) 10%<br />

OUTRO 4%<br />

050 JUNE JULHO 2015 J Ò TOPGEAR.COM.PT


BOAS<br />

NOTÍCIAS<br />

Graças a uma<br />

alteração recente<br />

à lei, os<br />

condutores têm<br />

um período de<br />

graça de dez<br />

minutos após<br />

terminar a<br />

validade do<br />

estacionamento.<br />

Depois disso<br />

serão, claro,<br />

multados.<br />

A VIDA<br />

NA ESTRADA<br />

anoS<br />

DICA TOPGEAR<br />

Como...<br />

recuar o reboque<br />

FOTOS: GETTY<br />

BLOODHOUND SSC<br />

FACTO DO MÊS<br />

O cockpit do Bloodhound está forrado de<br />

painéis balísticos que protegem Andy<br />

Green de detritos supersónicos. Para testar<br />

a iabilidade dessas placas em carbono, os<br />

engenheiros atingiram‐nas com projéteis<br />

que simularam a força equivalente a uma<br />

bola de críquete a 3.200 km/h.<br />

APANHE‐ME... SE PUDER<br />

A maior perseguição policial terá ocorrido<br />

em 2002 e prolongou‐se por 1.000 km.<br />

Começou em Wrestedt, Alemanha, no<br />

assalto a um banco, e só terminou dois dias<br />

depois em Rivne, Ucrânia. Apesar de serem<br />

perseguidos por 20 carros da polícia<br />

e alguns helicópteros, os larápios atestaram<br />

o carro na Polónia!<br />

Duração média<br />

da “vida de condução”<br />

€ 260.010<br />

O custo de condução<br />

por todos esses anos.<br />

INCLUI, ENTRE OUTROS:<br />

€ 110.644<br />

COMBUSTÍVEL<br />

€ 79.135<br />

CARROS NOVOS E USADOS<br />

€ 7.910<br />

IMPOSTOS<br />

€ 8.065<br />

REVISÕES<br />

€ 5.163<br />

SEGURO CONTRA AVARIAS<br />

€ 3.640<br />

INSPEÇÕES<br />

€ 2.750<br />

PNEUS<br />

€ 209<br />

AMBIENTADORES<br />

Com ele engatado ao carro, entenda‐se, de forma a que siga<br />

atrás do mesmo num estado dinamicamente passivo. A expressão<br />

“recuar o reboque” é uma falácia porque, na verdade, assim que<br />

o começa a puxar, o reboque transforma‐se noutra coisa e o<br />

condutor entra num mundo de profunda angústia agravada pelas<br />

forças das trevas. Eis um método muito útil que aprendi com um<br />

adepto do caravanismo há uns anos:<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Primeiro, alinhe o conjunto carro/reboque com<br />

a zona de destino para onde quer ir. Agora, ponha<br />

as mãos na posição “um quarto para as três”<br />

no volante.<br />

Olhe pelos espelhos e não sobre o ombro. Se estiver<br />

demasiado reboque no espelho da direita, mova a mão<br />

direita para baixo. Vai abusar e ver o reboque invadir<br />

o espelho esquerdo. Mexa essa mão para baixo.<br />

Quantidades iguais de reboque em ambos os espelhos são<br />

sinal de que está a recuar a direito.<br />

Se quer fazer uma curva apertada, inverta essa regra.<br />

Para ter mais reboque no espelho esquerdo, mexa a mão<br />

esquerda para cima. Lembre-se que há uma altura em<br />

que o arco descrito pelo carro e reboque é mais apertado<br />

do que o raio de viragem do carro, e aí terá de avançar e<br />

começar a manobra de novo.<br />

Método alternativo: 1) Desengate o reboque 2) Puxe o<br />

reboque à mão até ao destino 3) Engate-o outra vez<br />

JAMES<br />

MERECE UMA<br />

CANECA POR<br />

ESTA DICA?


A SELEÇÃO TOPO DE GAMA<br />

PARA ESTE MÊS<br />

HAIBIKE SDURO HARDSEVEN SL<br />

A meio da noite apetece‐lhe ir dar um passeio de bicicleta para cansar o corpo e descansar a mente?<br />

Fica sem vontade de pedalar a meio do caminho? É aqui que a SDURO entra em ação – é uma<br />

bicicleta de montanha híbrida com um motor elétrico Yamaha que debita 70 Nm de binário. O motor<br />

auxilia imenso o esforço das suas pernas e permite‐lhe desfutar mais do passeio. Uma carga de 4‐6 horas<br />

fornece cerca de 120 km de autonomia – a partir daí tem de dar mesmo à perna para andar. Esta é a versão<br />

base, mas já inclui travões de disco de 180 mm... € 2.099; fullycharged.com<br />

HEIMPLANET WEDGE<br />

Esta é mais recente proposta da Heimplanet<br />

– uma tenda para duas pessoas que dispensa<br />

as habituais varetas ao usar um exoesqueleto<br />

geodésico insuflável. Enche num instante e é fácil<br />

enfiá‐la numa mochila quando estiver na hora de<br />

partir. € 449,00; heimplanet.com<br />

VSSL FLASK LIGHT<br />

Transportar cerveja nem sempre é fácil,<br />

especialmente quando precisa de uma mão<br />

livre para manejar uma lanterna, por exemplo. Pode<br />

encher este recipiente com algo mais forte que água<br />

e aproveitar o facto de também ser uma lanterna. É o<br />

chamado “dois em um”. $ 55; Projeto Kickstarter<br />

BIOLITE BASECAMP<br />

Queima madeira e transforma o fogo em<br />

eletricidade. Pode carregar o telemóvel<br />

enquanto grelha o pequeno‐almoço – como tem<br />

33 cm de diâmetro, pode cozinhar várias salsichas ao<br />

mesmo tempo. Bastam 30 minutos de carregamento<br />

para falar cinco horas. € 499,95; wildstoves.co.uk<br />

052 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


RELÓGIOS<br />

Ignição!<br />

Um relógio<br />

com motor<br />

MIKI ELETA TIMEBURNER<br />

Se tem pulsos carnudos e muito dinheiro na carteira, eis o relógio ideal<br />

para si. Chama‐se Timeburner e é basicamente um motor para o pulso.<br />

Um motor grande e ásperto, como o que encontra numa mota antiga.<br />

O movimento – em vez de fazer andar os ponteiros como num relógio normal – está<br />

ligado a uma biela que movimenta um pistão, como num motor. O pistão percorre<br />

uma escala que toma o lugar dos tradicionais ponteiros dos minutos. A hora é vista<br />

através de um disco sob o mostrador, visível numa secção recortada. Cada um<br />

dos exemplares deste Timeburner é montado à mão por um senhor muito<br />

dedicado na Alemanha. € 7.425; timeburner.ch<br />

TAG HEUER CARRERA CALIBRE<br />

HEUER 01<br />

É um relógio vistoso desenhado para atrair<br />

homens que gostam de coisas vistosas e que<br />

não têm dinheiro para relógios que custam o<br />

quíntuplo deste... Embora este não seja exatamente<br />

barato, claro. € 4.750 (aprox.); tagheuer.com<br />

ARMIN STROM X GUMBALL 3000<br />

Armin Strom não é apenas um relojoeiro, mas<br />

sim um “mestre criador de esqueletos”. Ou<br />

seja, gosta de mostrar tudo. Esta é a sua mais recente<br />

criação dirigida aos participantes do Gumball – que<br />

são as únicas pessoas que gostam dele e que o<br />

podem comprar. Preço n.d.; gumball3000.com<br />

BULOVA ACCUTRON II UHF<br />

Parece‐se com um clássico da década de<br />

70, mas este novo Accutron – com o seu<br />

movimento de quartzo de frequência UHF – é<br />

um relógio moderníssimo (corre a 262 kHz<br />

enquanto o quartzo normal tem 32 kHz).<br />

€ 570; bulova.com<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

053


Pat<br />

Devereux<br />

A VOZ DA RAZÃO NA TERRA DA LIBERDADE<br />

CARRINHAS NOS EUA<br />

orque é que os americanos não<br />

compram carrinhas?<br />

O declínio começou em plena crise do<br />

P<br />

petróleo de 1973, quando toda a gente<br />

procurou formas de poupar combustível.<br />

A diminuição de motores e carroçarias foi a forma mais<br />

óbvia de o fazer. E a enorme carrinha americana foi uma<br />

das primeiras a ir. No inal da década de 80 começaram a<br />

desaparecer. O petróleo foi o grande culpado.<br />

O que aconteceu na década de 80?<br />

Em 1984, a Chrysler lançou o primeiro monovolume. Não<br />

tinha a beleza estética da carrinha, mas compensava isso<br />

com a facilidade de acesso, posição elevada de condução e<br />

pragmatismo. Os fabricantes também preferiam os<br />

monovolumes porque não são homologados como veículos<br />

ligeiros, o que signiica que não tinham (e continuam a não<br />

ter) de cumprir as normas poluentes mais exigentes. De<br />

acordo com essas normas, as CAFE, em 1984 um ligeiro<br />

não podiam consumir mais de 10,5 l/100 km em média,<br />

enquanto um camião ligeiro podia gastar 13,9 l/100 km.<br />

As marcas esforçaram‐se por vender monovolumes?<br />

Exato. A carrinha tinha de ser 30 por cento mais eiciente, o<br />

que representava um custo adicional. Tinha de ser mais<br />

leve e/ou tecnicamente soisticada, o que diminuía os<br />

lucros. Por isso, mesmo que os monovolumes fossem mais<br />

feios, também eram mais baratos e práticos, pelo que o<br />

mercado não se queixou.<br />

Isso não foi suiciente para ditar a sua morte.<br />

O monovolume lançou o primeiro ataque, mas o KO foi<br />

aplicado com a chegada do SUV em 1984, pela Jeep. Como<br />

tinha tração integral, podia ter uma média de consumo<br />

mais alta (15,3 l/100 km em 1984). Junte a isso o seu aspeto<br />

robusto e o facto de desfrutar de benefícios iscais por ser<br />

considerado um carro de trabalho.<br />

PLANETA / SÓ NA AMÉRICA<br />

Qual foi o resultado?<br />

A marca vendeu mais de 2,8 milhões de Cherokee – o SUV<br />

abriu um novo segmento de mercado. Os outros dois<br />

gigantes americanos juntaram-se à festa, e o Ford Explorer<br />

teve bastante sucesso. Até os europeus aderiram à moda – a<br />

Land Rover lançou o Range Rover nos EUA em 1987,<br />

mesmo antes de ter lançado a própria marca-mãe da Land<br />

Rover no território norte-americano.<br />

Nenhuma marca dos EUA manteve as carrinhas?<br />

Um par delas. A Buick Roadmaster e a Chevy Caprice – as<br />

duas últimas carrinhas full size a serem produzidas por<br />

marcas norte-americanas – existiram até 1996. A Ford<br />

produziu a horrível carrinha Taurus até 2005. A Dodge<br />

teve a esplêndida Magnum durante três anos, tendo<br />

“ O monovolume não tinha a<br />

beleza estética da carrinha”<br />

terminado o projeto em 2008. A Cadillac aguçou-nos o<br />

apetite com a carrinha CTS-V, uma das nossas favoritas,<br />

em 2010. Mas também ela desapareceu entretanto.<br />

Então e as marcas europeias?<br />

A Volvo não parou de importar as suas grandes carrinhas<br />

no meio deste turbilhão de vendas e tornou-se a escolha<br />

sensata para as famílias de classe média que não se<br />

deixaram convencer pelo espaço do monovolume nem<br />

pela conotação aventureira do SUV. Mas mesmo a marca<br />

sueca parou de vender carrinhas nos EUA há uns anos.<br />

A BMW não tem nada. A Audi vende a Allroad. A Mercedes<br />

tem a Classe E na versão normal e na incrível AMG.<br />

E icamos por aqui? A carrinha não vai regressar?<br />

Na verdade, já regressou. Com o crossover a tomar o lugar<br />

do SUV – após o governo acabar com as tais diferenças de<br />

média de consumo –, o mercado voltou a assumir uma<br />

postura mais sensata. Os clientes sabem que o SUV gasta<br />

mais combustível e é menos dinâmico, mas gostam da<br />

robustez, da segurança da tração integral e do preço.<br />

Mas passaram a comprar carrinhas ou não?<br />

Sim, mas só um modelo vende bem – o Subaru Outback, de<br />

produção americana, vende mais de dez mil unidades por<br />

mês. Não é difícil perceber porquê. Oferece as capacidades<br />

de um SUV, prestações ao nível de uma berlina e espaço<br />

digno de uma carrinha. Tudo isso a um preço razoável.<br />

É precisamente o que o cliente norte-americano quer.<br />

ROTAS<br />

DE SONHO<br />

AS MELHORES ESTRADAS<br />

DO MUNDO TRAZIDAS ATÉ SI<br />

EM PALAVRAS E FOTOS<br />

inÍcio<br />

Medbourne<br />

B664<br />

INGLATERRA<br />

QUE PARTE?<br />

Entre Medbourne<br />

e Uppingham<br />

NÃO A ENCONTRO…<br />

Ponha isto no GPS:<br />

52.561629, -0.776960<br />

QUANDO DEVO IR?<br />

Numa agradável tarde<br />

de verão. Está, no im de<br />

contas, no Reino Unido...<br />

QUE CARRO LEVO?<br />

O mais leve possível – um<br />

Caterham 160<br />

TIVE UM<br />

ACIDENTE…<br />

Ligue 999 e prepare um<br />

“Sorry, oicer”<br />

FiM<br />

Uppingham<br />

FOTO: MAT FASCIONE<br />

054 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


EDITED BY PIERS WARD<br />

OS CARROS QUE INTERESSAM CONHECER, TESTADOS AO ESTILO DA TOPGEAR<br />

TESTE DO MÊS<br />

SEAT<br />

NOVOS<br />

TESTES<br />

RÁPIDOS<br />

p63<br />

IBIZA<br />

Quinta geração do sucesso espanhol de vendas já chegou! VIRE A PÁGINA<br />

p67<br />

p70<br />

p74<br />

p58<br />

OPEL KARL<br />

Novo modelo Opel promete conquistar a urbe<br />

MAZDA CX‐3<br />

É o mais recente SUV compacto da marca japonesa<br />

PEUGEOT 208<br />

Saiba tudo sobre o recém‐atualizado leãozinho<br />

RENAULT ESPACE<br />

O Espace voltou... Só que agora é um crossover!<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

055


SEAT IBIZA<br />

Ícone atualizado<br />

A Seat renovou o seu Ibiza, mas as maiores novidades estão escondidas ANDRÉ MENDES<br />

Seat levou-nos até<br />

Barcelona com o objetivo<br />

de mostrar o seu novo<br />

A<br />

Ibiza, mas assim que<br />

chegámos foi inevitável<br />

pensarmos: “novo?” Ainal, para quem vê<br />

de fora, as diferenças face ao modelo que já<br />

conhecemos não são muitas. Mas não pare<br />

já de ler. Este “novo” Ibiza, ainal, tem<br />

muito para nos contar e as maiores<br />

novidades são daquelas que mal se vêem.<br />

Para começar, a Seat airma que esteve<br />

a “Leonizar” o Ibiza, ou seja, esteve a subir<br />

os padrões de qualidade do seu modelo<br />

mais importante de sempre para os que<br />

conseguiu com a mais recente geração do<br />

Leon, mas também a melhorar os sistemas<br />

de comunicação de forma a deixar o Ibiza<br />

conetado ao mundo. Através de uma<br />

parceria com a Samsung, a Seat<br />

desenvolveu um sistema mais focado na<br />

necessidade que a maior parte das pessoas<br />

têm atualmente de estar ligadas a redes<br />

sociais, por exemplo, e à crescente<br />

necessidade de estar ligado ao mundo.<br />

Para isso, o sistema de entretenimento<br />

do Ibiza conta agora com a função<br />

Mirror Link, com a qual é possível<br />

controlar algumas das aplicações de um<br />

smartphone, através do monitor existente<br />

na consola central, ou mesmo usando<br />

comandos por voz. E com o sistema<br />

Full Link, o mais completo dos disponíveis<br />

para o Ibiza (compatível com Android<br />

e iOS), é possível receber e ler mensagens<br />

escritas, aceder ao Facebook e outras redes<br />

sociais, utilizar a aplicação dos mapas<br />

como sistema de navegação, ou mesmo<br />

ouvir as suas listas de músicas preferidas<br />

do Spotify, sem ter sequer de pegar no<br />

telefone e praticamente sem ter de tirar<br />

as mãos do volante.<br />

Mas ainda agora começámos. Outra das<br />

novidades do novo Seat Ibiza está nas<br />

múltiplas hipóteses de personalização que<br />

oferece. É certo que a estética não mudou<br />

muito, ainal, era mesmo esse o desejo da<br />

maioria dos clientes da marca, mas há<br />

diversas novas tecnologias como os faróis<br />

dianteiros com luzes de condução diurna<br />

em LED, com um desenho também mais<br />

PORMENOR<br />

EM DETALHE<br />

A versão FR ainda é a<br />

mais pretendida no<br />

nosso mercado<br />

O interior do Ibiza,<br />

segundo a Seat, foi<br />

“Leonizado”<br />

VEREDICTO<br />

Mais atual e<br />

moderno, mas<br />

com a mesma<br />

estética<br />

6/ 10<br />

As jantes de liga<br />

leve têm um novo<br />

desenho<br />

aproximado do que conhecemos do Leon,<br />

novos desenhos para as jantes de liga leve<br />

de 16 e 17 polegadas e também duas novas<br />

cores para a carroçaria: o Cinzento<br />

Moonstone e o Vermelho Chilli.<br />

No habitáculo, a consola central<br />

e a zona superior estão mais arrumadas<br />

e a maioria dos comandos recebeu novos<br />

materiais, mas agora, com a opção Colour<br />

Pack, também é possível alterar a cor<br />

de alguns elementos tais como os aros das<br />

saídas da ventilação, algumas das peças<br />

do volante e do comando da caixa de<br />

velocidades, mas também nos assentos. E<br />

neste caso, a parte de fora do Ibiza também<br />

recebe uma decoração a condizer, com<br />

a cor escolhida a fazer parte das capas dos<br />

espelhos, do friso que serve de moldura à<br />

FICHA 1.422 cc, 3 cil., 105 cv, 250 Nm 3,6/100 km, 94 g/km CO 2 0-100 km/h em 10,3 seg., 192 km/h 1.211 kg 22.481<br />

056 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


2<br />

3<br />

4<br />

1<br />

5<br />

VIDA A BORDO<br />

grelha dianteira ou em algumas zonas das<br />

jantes de liga leve, com novos desenhos<br />

e com diâmetros de 16 e 17 polegadas.<br />

No que diz respeito aos motores, bem,<br />

aqui é mesmo tudo novo. No novo Ibiza já<br />

estão presentes as novas motorizações<br />

de três cilindros de construção modular,<br />

apresentadas com a mais recente geração<br />

do Volkswagen Polo. Nas motorizações<br />

a gasolina, a cilindrada base é de apenas<br />

um litro, com potências de 75, 95 ou 110<br />

cavalos, sendo a primeira atmosférica e<br />

as duas últimas sobrealimentadas. O bloco<br />

de 1,4 litros já conta com quatro cilindros,<br />

mas consegue desligar dois deles quando<br />

não estão a ser necessários, ainda que, com<br />

os quatro em funcionamento, se consiga<br />

uma potência de 150 cavalos. Nos diesel,<br />

a única opção é mesmo o motor 1.4 TDI,<br />

também com três cilindros, e que está<br />

RIVAL<br />

RENAULT CLIO<br />

SPORT TOURER<br />

O Clio é o alvo a<br />

abater pelo Ibiza e o<br />

que também inclui o<br />

formato carrinha,<br />

além do Skoda Fabia<br />

A família de<br />

motores é<br />

totalmente nova<br />

disponível em três patamares de potência:<br />

75, 90 e 105 cavalos.<br />

A dinâmica também não foi esquecida<br />

e nesta nova geração está presente um<br />

novo sistema de direção assistida elétrica,<br />

bem como novos acertos na suspensão<br />

e a possibilidade de adicionar, como opção,<br />

o sistema de amortecimento adaptativo,<br />

com as funções Comfort e Sport, o que<br />

acaba por melhorar um pouco a dinâmica<br />

do Ibiza em estradas mais sinuosas.<br />

O Seat Ibiza continua a ser o modelo<br />

mais bem-sucedido da marca espanhola,<br />

com mais de cinco milhões de unidades<br />

comercializadas nos últimos trinta anos e<br />

este “novo” modelo deixa a gama pronta<br />

para mais uma temporada naquele que é o<br />

segmento mais competitivo do nosso<br />

mercado. A data de chegada da nova gama<br />

Ibiza está prevista para este verão e os<br />

1<br />

2<br />

O<br />

3<br />

Com<br />

4<br />

O<br />

5<br />

Os<br />

O volante desportivo da versão<br />

FR do Ibiza inclui os comandos<br />

do rádio no volante<br />

painel de instrumentos foi<br />

também herdado do Leon e<br />

conta com um novo graismo<br />

o sistema Full‐Link,<br />

é possível comandar um<br />

smartphone através do monitor<br />

desenho do tablier não é<br />

muito diferente, mas conta com<br />

melhores materiais e montagem<br />

assentos do Ibiza podem ser<br />

personalizados com cores mais<br />

vivas, tal como na carroçaria<br />

preços começam nos 14.981 euros da<br />

versão Reference de cinco portas, equipada<br />

com o motor 1.0 de 75 cavalos. Se preferir<br />

algo com um visual um pouco mais<br />

desportivo, as versões FR continuam a ser<br />

uma boa aposta e nesse caso, tem<br />

disponíveis as versões a gasolina e diesel<br />

mais potentes da gama, com preços que<br />

nunca vão ultrapassar muito a fasquia dos<br />

vinte mil euros. E depois há também a<br />

possibilidade de escolher entre os três<br />

formatos de carroçaria disponíveis com<br />

este modelo: o mais convencional de cinco<br />

portas, o SC de três portas e a carrinha ST.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

057


OPEL KARL<br />

SIMPLIFICADO<br />

O conceito de ter um carro foi simplificado com o novo Opel Karl ANDRÉ MENDES<br />

epois do lançamento<br />

do novo Opel Adam<br />

D<br />

e da apresentação da nova<br />

geração do Opel Corsa,<br />

a marca alemã chegou à<br />

conclusão que ainda faltava uma opção<br />

bastante importante na sua gama de<br />

modelos mais pequenos: o automóvel<br />

destinado a quem precisa mesmo de um<br />

carro, mas que não liga muito àquilo que<br />

cada modelo tem, nem quer gastar dinheiro.<br />

Foi desta forma que a Opel simpliicou<br />

as escolhas disponíveis, pegou numa folha<br />

de papel nova e deu início a um projeto<br />

diferente. O novo Karl, batizado com<br />

o mesmo nome de um dos ilhos de Adam<br />

Opel, está resumido ao essencial. Ainda<br />

assim, conta com uma plataforma adaptada<br />

para oferecer um bom espaço a bordo e uma<br />

carroçaria de cinco portas. O motor é o<br />

mesmo bloco de um litro com três cilindros<br />

que a Opel já disponibiliza no Adam e no<br />

O motor não tem<br />

turbo e o espaço<br />

atrás é razoável<br />

RIVAL<br />

RENAULT<br />

TWINGO<br />

Um modelo de visual<br />

original, prático<br />

e simples de utilizar<br />

Linhas simples, mas<br />

funcionais no interior<br />

do novo Opel Karl<br />

Corsa mas sem turbo, o que se traduz numa<br />

potência de apenas 75 cavalos, mas também<br />

em médias de consumo que não chegam aos<br />

4,5 litros e em emissões de apenas 99 g/km.<br />

Com apenas 3,68 metros de<br />

comprimento, 1,60 de largura e um metro<br />

e meio de altura, o Adam parece circular<br />

pela cidade de Amesterdão, onde decorreu<br />

a apresentação deste modelo, como um<br />

peixe dentro de água, apesar de o trânsito<br />

mais intenso nos fazer pensar que a bicicleta<br />

seria mesmo a melhor opção. Ainda assim,<br />

num passeio pela parte mais antiga da cidade<br />

e junto aos canais, o Karl sobreviveu a ruas<br />

apertadas, lugares de estacionamento à justa<br />

e manobras mais complicadas com<br />

a facilidade que se exige a um citadino.<br />

No habitáculo, o espaço disponível é<br />

razoável, assim como a bagageira<br />

de 215 litros, suiciente para as coisas que<br />

transportamos no dia-a-dia. A posição de<br />

condução é confortável e o tablier conta com<br />

VEREDICTO<br />

O automóvel<br />

ideal para quem<br />

não quer pensar<br />

muito nele e<br />

apenas usá-lo<br />

todos os dias<br />

sem problemas<br />

5/ 10<br />

linhas simples mas funcionais e com uma<br />

qualidade muito aceitável. No topo<br />

da consola central, encontramos o sistema<br />

de som com ecrã táctil, através do qual é<br />

possível controlar o telemóvel.<br />

E o melhor de tudo é que o Karl custa<br />

menos de 12 mil euros, o que representa uma<br />

excelente proposta para quem prefere um<br />

modelo novo em vez de um carro usado e não<br />

tem muito dinheiro para investir. Mesmo<br />

assim, o equipamento fornecido de série já é<br />

algo recheado e estão presentes elementos<br />

como o ar condicionado, o computador<br />

de bordo, o sistema de som com ligações<br />

Bluetooth e USB para dispositivos portáteis,<br />

controlo de estabilidade e seis airbags.<br />

Na fase de lançamento, a Opel oferece ainda<br />

o Pack Style, no valor de 450 euros, que já<br />

inclui as jantes de liga leve de 15 polegadas,<br />

os faróis de nevoeiro e o sistema de alerta de<br />

saída de faixa. E a garantia é de cinco anos<br />

ou cem mil quilómetros. Simples, não é?<br />

FICHA<br />

999 cc, 3 cil., 75 cv, 95 Nm 4,3 l/100 km, 99 g/km CO 2<br />

0-100 km/h em 13,9 seg., 170 km/h 939 kg 11.850<br />

058 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


AGORA TAMBÉM EM VERSÃO DIGITAL!<br />

A partir desta edição pode ter a revista O Mundo da Fotografia Digital em formato digital no<br />

seu equipamento móvel. Descarregue já a app gratuita, veja a versão<br />

de demonstração e aproveite os descontos para assinaturas mensais (20%) e anuais (30%).<br />

Conteúdos do CD disponíveis para download gratuito no interior da edição digital.<br />

GRÁTIS<br />

EDIÇÃO<br />

ESPECIAL<br />

Descarregue a aplicação e a versão<br />

de demonstração gratuitas!<br />

€<br />

EDIÇÃO 123<br />

3 ,99<br />

POR APENAS<br />

OFERTA: EDIÇÃO DIGITAL ESPECIAL<br />

"PORTFÓLIOS DE SONHO"<br />

Os melhores fotógrafos nacionais: entrevistas e portfólios.<br />

E ainda oito vídeos de edição de imagem em Photoshop!<br />

JÁ DISPONÍVEL<br />

EM ANDROID!<br />

Descarregar na<br />

Windows Store<br />

Descarregar na<br />

App Store<br />

Descarregar nas versões<br />

Windows® + OS X


SKODA OCTAVIA RS<br />

Família expresso<br />

A opção mais desportiva da gama, mas que não esquece a família ANDRÉ MENDES<br />

receita do modelo<br />

desportivo com motor<br />

diesel que a Volkswagen<br />

A<br />

utilizou para o Golf GTD<br />

e a Seat para o Leon FR foi<br />

aproveitada da melhor forma pela Skoda<br />

para produzir a Octavia RS. No entanto, ao<br />

optar pelo formato mais familiar da gama,<br />

a carrinha, esta Octavia ganhou também um<br />

nível de interesse muito mais apetecível.<br />

Com o mesmo carro, é possível transportar<br />

a família quando é necessário e levar os<br />

miúdos ao colégio, passar alguns momentos<br />

mais divertidos numa estrada de montanha,<br />

poupar combustível caso adotemos um<br />

ritmo mais tranquilo e também, se<br />

necessário, ir comprar uma estante a uma<br />

conhecida loja nórdica de mobiliário.<br />

A versatilidade da carrinha Octavia é<br />

assim complementada com as virtudes<br />

de um modelo mais desportivo, sendo que<br />

as diferenças começam logo no exterior.<br />

Os para-choques são muito mais<br />

desportivos e enquanto na frente há<br />

entradas de ar de tamanho mais generoso<br />

e uma grelha num tom negro que faz<br />

sobressair o logo RS, atrás há saídas<br />

de escape mais próximas da extremidade<br />

do para-choques e que dão um visual mais<br />

cativante. No topo da tampa da bagageira<br />

está um deletor de ar um pouco maior do<br />

que o habitual e as jantes de 18 polegadas<br />

também são especíicas desta versão, mas há<br />

também capas dos espelhos num tom negro.<br />

E se tudo isto for combinado com este tom<br />

Azul Race metalizado da unidade ensaiada,<br />

o aspeto inal é mesmo muito apelativo.<br />

No habitáculo, as tonalidades são mais<br />

escuras, sendo que a iluminação só é melhor<br />

graças à presença do teto de abrir<br />

panorâmico com comando elétrico que faz<br />

parte da unidade ensaiada, uma opção<br />

de 982 euros. Os bancos desportivos com<br />

a assinatura RS são oferecidos com o<br />

equipamento de série, mas o forro em pele é<br />

outra das opções disponíveis. A sua presença<br />

deixa a posição de condução um pouco mais<br />

elevada do que o habitual, mas o resultado<br />

inal é muito bom, uma vez que estão<br />

disponíveis diversas regulações no assento e<br />

na coluna da direção. O volante de três<br />

PORMENOR<br />

EM DETALHE<br />

A grelha frontal<br />

pintada de negro<br />

inclui o logo RS<br />

A caixa DSG permite<br />

uma condução<br />

mais desportiva<br />

VEREDICTO<br />

Muito espaço<br />

a bordo, boas<br />

prestações e<br />

baixo consumo<br />

7/ 10<br />

As jantes de 18<br />

polegadas têm um<br />

tom mais escuro<br />

braços desportivo está forrado a pele<br />

e oferece uma pega excelente, pelo que se<br />

está muito bem a bordo desta Octavia RS.<br />

E depois há ainda a vantagem de haver<br />

bastante espaço disponível para quem viaja<br />

nos lugares traseiros e uma bagageira com<br />

uns massivos 590 litros de capacidade onde<br />

cabe tudo e mais alguma coisa. Se o espaço<br />

não for suiciente, os assentos traseiros<br />

também podem rebater-se facilmente<br />

através das alavancas existentes de cada<br />

lado do compartimento de carga.<br />

Mas regressemos aos lugares da frente,<br />

enquanto acabamos de ajustar o banco<br />

desportivo ao nosso gosto. Depois, resta<br />

ligar o motor e arrancar. Com as regulações<br />

no modo mais neutro, nota-se obviamente<br />

que a suspensão é mais irme e que o motor<br />

FICHA 1.968 cc, 4 cil., 184 cv, 380 Nm 4,7 l/100 km, 124 g/km CO 2 0-100 km/h em 8,2 seg., 230 km/h 1.473 kg 41.423<br />

060 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


2<br />

1<br />

4<br />

3<br />

5<br />

VIDA A BORDO<br />

tem bastante binário para oferecer, mas<br />

também que a caixa DSG continua a não<br />

gostar das manobras efetuadas a velocidade<br />

reduzida. No entanto, e depois<br />

de perdermos uns segundos a explorar<br />

as conigurações do Driving Mode Selection<br />

(com os modos Normal, Sport, Eco e<br />

Individual a comandar elementos como<br />

a direção, motor, as luzes de curva dinâmica<br />

e até o ar condicionado) passamos tudo para<br />

o modo mais desportivo e rumamos a uma<br />

conhecida zona de traçado mais sinuoso.<br />

Notamos que a direção ica um pouco mais<br />

irme e que a suspensão está menos<br />

tolerante às irregularidades do piso, mas em<br />

contrapartida a Skoda Octavia assume uma<br />

postura mais eicaz em curva. A direção é<br />

suicientemente precisa e apenas em<br />

mudanças de direção um pouco mais<br />

bruscas é que sentimos a traseira a querer<br />

RIVAL<br />

VOLKSWAGEN<br />

GOLF GTD<br />

Foi a inspiração para<br />

esta versão da<br />

Octavia e foi dele que<br />

herdou a maioria dos<br />

componentes. Versão<br />

carrinha para breve...<br />

O motor 2.0 TDI<br />

de 184 cavalos<br />

foi o escolhido<br />

afastar-se ligeiramente da sua trajetória<br />

correta, mas nada de terrível ou assustador,<br />

que não possa ser compensado levantando<br />

um pouco o pé ou ajustando o volante.<br />

O motor de dois litros destinado a<br />

equipar esta versão também já é conhecido<br />

de outros modelos. Trata-se do 2.0 TDI de<br />

184 cavalos que, nesta unidade, também<br />

recebe a companhia da caixa de velocidades<br />

automática de dupla embraiagem na versão<br />

com seis relações. Na prática, esta é uma<br />

opção que parece casar na perfeição com<br />

este modelo uma vez que oferece boas<br />

prestações e médias de consumo razoáveis.<br />

Segundo a icha técnica, a aceleração dos 0<br />

aos 100 km/h é feita em apenas 8,2 segundos<br />

e a velocidade máxima anunciada ronda os<br />

230 km/h. Em contrapartida, a média de<br />

consumo declarada pela Skoda em circuito<br />

combinado é de apenas 4,7 litros.<br />

1<br />

O<br />

2<br />

O<br />

3<br />

A<br />

4<br />

O<br />

5<br />

Bancos<br />

volante desportivo inclui o<br />

logo RS e os comandos no<br />

volante com diversas funções<br />

monitor existente na consola<br />

tem comandos táteis para ajustar<br />

diversos sistemas da Octavia<br />

caixa automática DSG é rápida<br />

nas acelerações, mas não nas<br />

manobras de estacionamento<br />

Driving Modo Selection<br />

permite optar entre quatro<br />

modos de condução<br />

desportivos com a<br />

inscrição RS, apoios de cabeça<br />

integrados e um bom apoio<br />

A versão mais desportiva da gama<br />

Octavia tem um preço base de 41.423 euros,<br />

sendo que este valor já inclui a caixa de<br />

velocidades DSG, um nível de equipamento<br />

bastante completo e o visual mais<br />

desportivo que nenhum outro Octavia<br />

consegue ter. No entanto, a unidade<br />

ensaiada costuma sempre incluir alguns<br />

mimos e esta azul que vê nas imagens não<br />

foge à regra. Para tornar o visual exterior<br />

ainda mais especial, foi escolhido este Azul<br />

Race metalizado e o Black Package que<br />

consiste na pintura negra de diversos frisos<br />

e das molduras das janelas.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

061


VOLKSWAGEN PASSAT<br />

SALTO QUALITATIVO<br />

O novo Passat está ainda mais apetecível com o motor 2.0 TDI de 190 cavalos ANDRÉ MENDES<br />

epois de alguns anos<br />

a observar de perto todos<br />

D<br />

os modelos do Grupo<br />

Volkswagen, é impossível<br />

não ir percebendo o que<br />

muitos deles têm em comum, desde<br />

os componentes mais importantes até aos<br />

pequenos detalhes estéticos e funcionais<br />

com que acabamos por lidar diretamente.<br />

No entanto, com a chegada do novo Passat<br />

é fácil perceber que é justamente neste<br />

modelo que muda o ciclo. O desenho<br />

de algumas peças e a evolução no que diz<br />

respeito à qualidade dos materiais é bastante<br />

percetível, logo desde o primeiro momento<br />

em que nos sentamos a bordo, ou mesmo<br />

desde a altura em que perdemos uns<br />

segundos a observar os novos traços desta<br />

carroçaria mais executiva de três volumes.<br />

A secção dianteira está bem mais<br />

agressiva e com traços mais vincados, que<br />

ganham ainda mais destaque com a presença<br />

O painel de<br />

instrumentos digital<br />

é fascinante<br />

RIVAL<br />

OPEL INSIGNIA<br />

Potência equivalente<br />

e o mesmo país de<br />

origem mas com um<br />

preço mais baixo<br />

As linhas do Passat<br />

estão mais modernas<br />

e elegantes<br />

dos faróis em LED e dos para-choques mais<br />

desportivos do pacote estético R-Line.<br />

Atrás, as saídas de escape estão<br />

perfeitamente integradas nos para-choques<br />

e todos os restantes componentes parecem<br />

estar mais arrumados. Da versão R-Line<br />

ainda fazem parte as discretas saias laterais<br />

e na unidade ensaiada marcam também<br />

presença as jantes de liga leve<br />

de 18 polegadas, o que belisca ligeiramente o<br />

elevado nível de conforto do Passat, mas sem<br />

o deixar sair de uma zona bastante cativante<br />

e digna do segmento em que se insere.<br />

A bordo do Volkswagen Passat, a imagem<br />

tipicamente alemã ganha agora contornos<br />

mais modernos e depois de conseguirmos<br />

ligar a outra coisa que não o novo painel<br />

de instrumentos totalmente digital,<br />

descobrimos o assento ErgoConfort para<br />

o condutor, que faz parte do equipamento<br />

de série, e o sistema de navegação mais<br />

completo que é opção. Aliás, da lista de<br />

VEREDICTO<br />

O formato mais<br />

executivo da<br />

gama Passat<br />

ica mais<br />

interessante<br />

com o motor<br />

TDI de 190 cv<br />

7/ 10<br />

opções, a unidade ensaiada ainda incluía<br />

a suspensão adaptativa DCC e o bloqueio<br />

eletrónico do diferencial XDS, pelo que resta<br />

ao motor 2.0 TDI de 190 cavalos alimentar<br />

os ânimos de quem vai ao volante.<br />

A dinâmica é suicientemente apurada para<br />

um executivo e esta motorização ainda<br />

tem a vantagem de não precisar de muito<br />

combustível para uma sessão de condução<br />

mais emotiva, o que também acaba por lhe<br />

trazer mais benefícios em termos de custos<br />

face às opções mais potentes da gama.<br />

O preço de tabela desta versão 2.0 TDI<br />

Highline de 190 cavalos equipada com a<br />

caixa de velocidades DSG chega quase aos<br />

42.300 euros, mas com todos os extras<br />

presentes na unidade ensaiada, este valor<br />

acaba por superar a fasquia dos 51 mil euros.<br />

Ainda assim, trata-se de um modelo<br />

executivo, com uma boa relação<br />

preço/equipamento e que inclui um motor<br />

competente e económico.<br />

FICHA<br />

1.968 cc, 4 cil., 190 cv, 400 Nm 4,5 l/100 km, 118 g/km CO 2<br />

0-100 km/h em 7,7 seg., 230 km/h 1.549 kg 51.341 (unid. ensaiada)<br />

062 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


MERCEDES‐BENZ GLA<br />

OPINIÃO TG<br />

TESTE RÁPIDO<br />

Só tem 60 segundos? Leia aqui!<br />

SEAT LEON CUP R<br />

Estar na moda<br />

O GLA mais económico e estradista ANDRÉ MENDES<br />

SUV da Mercedes que<br />

também inclui a letra A tem<br />

O na versão 180 CDI uma das<br />

propostas mais tentadoras<br />

de toda a gama. Claro que<br />

nesta equação não estamos a incluir as pessoas<br />

que gostam de sair do asfalto e percorrer<br />

trilhos de areia ou lama e sim aqueles que,<br />

nos últimos anos, têm sido os responsáveis por<br />

dinamizar um segmento que se tornou numa<br />

clara alternativa as mais familiares carrinhas.<br />

O GLA é como se fosse um Classe A<br />

com um visual um pouco mais radical e com<br />

uma suspensão ligeiramente mais elevada, mas<br />

com esta opção 180 CDI quer também dizer<br />

que inclui médias de consumo muito<br />

comedidas e prestações razoáveis. Sim, já<br />

todos sabemos que este é “aquele” motor que<br />

a Mercedes pediu emprestado à Renault,<br />

graças a uma parceria entre as duas marcas,<br />

mas o que é facto é que esta é uma decisão<br />

que está (muito) longe de ser má.<br />

O motor turbodiesel de 1,5 litros tem aqui<br />

109 cavalos de potência e consegue oferecer<br />

uma condução razoável ao GLA, seja em<br />

ambiente de cidade, seja numa volta maior<br />

com a família a bordo num im de semana de<br />

lazer. Durante o nosso teste, a nossa média<br />

pouco passou dos cinco litros e andámos<br />

VEREDICTO<br />

O GLA conta<br />

com um visual<br />

apelativo e<br />

um motor<br />

económico que<br />

não desilude<br />

nas prestações<br />

6/10<br />

quase sempre com o ar condicionado ligado e<br />

sem grandes preocupações com o consumo,<br />

pelo que é um valor muito apelativo. O bloco<br />

de 1,5 litros e os seus 260 Nm de binário<br />

lidam bem com os regimes mais baixos e a<br />

caixa de seis velocidades também é a escolha<br />

mais indicada para esta opção.<br />

A bordo, e tal como acontece com o<br />

Classe A, o espaço disponível não é dos seus<br />

melhores trunfos, mas para quem se senta na<br />

frente, os assentos são confortáveis e a posição<br />

de condução também é boa, com regulações<br />

amplas e com o volante a icar bem na vertical,<br />

tal como gostamos mais de conduzir.<br />

Os preços do GLA com esta motorização<br />

começam abaixo dos 35 mil euros, mas a<br />

versão equipada com a Linha Urban, como a<br />

que vê nas imagens, já acrescenta 1.900 euros<br />

a este valor. Ainda assim, deixa o GLA com<br />

um visual melhorado e muito na moda.<br />

BMW X6 XDRIVE 40D<br />

• Abaixo do<br />

estratosférico M50d<br />

tem no 40d uma opção<br />

mais acessível mas<br />

ainda assim com<br />

elevadas prestações e<br />

qualidades<br />

avassaladoras<br />

• A nova<br />

geração do X6<br />

está mais reinada<br />

e continua a ser um<br />

dos SUV topo de<br />

gama favoritos de<br />

quem procura um ar<br />

mais desportivo<br />

Motor 2.993 cc, 6 cil., tr. integral, 313 cv, 630 Nm<br />

Prestações 6,2 l/100 km, 163 g/km CO 2 , 0‐100 km/h<br />

5,8 s, 240 km/h Peso 2.180 kg Preço €100.230<br />

CITROËN C4 CACTUS<br />

• O motor tricilíndrico<br />

permite uma condução<br />

fácil e descontraída.<br />

Com 110 cavalos<br />

chega para todo o<br />

serviço e consegue<br />

consumos abaixo<br />

dos 5,5 litros<br />

• O motor três litros<br />

com seis cilindros em<br />

linha debita 313<br />

cavalos e alcança um<br />

binário de 630 Nm.<br />

Um poço de força<br />

com muita<br />

disponibilidade<br />

• Não é um carro<br />

para se aventurar<br />

pela terra, mas é um<br />

SUV de grandes<br />

dimensões que as<br />

esconde bem quando<br />

está a conduzir em<br />

estrada aberta<br />

• Uma imagem<br />

original e alguns<br />

pormenores<br />

exclusivos podem<br />

tornar o Citroën C4<br />

Cactus num caso<br />

sério de<br />

popularidade<br />

Mercedes Classe A<br />

com um toque de G<br />

FICHA<br />

1.461 cc, 4 cil., tr. dianteira,<br />

109 cv, 260 Nm<br />

4,0 l/100 km, 105 g/km CO 2<br />

0‐100 km/h em 12,0 s, 190 km/h<br />

1.440 kg<br />

39.672 (unidade ensaiada)<br />

• Muito espaço<br />

a bordo, com<br />

banco traseiro<br />

corrido e conforto<br />

típico da marca.<br />

Simplicidade é<br />

o apanágio para<br />

o Cactus<br />

• O preço de 21<br />

mil euros permite<br />

ao Cactus 1.2<br />

posicionar‐se bem no<br />

seu segmento. Só falta<br />

o consumidor fazer<br />

contas para comprar o<br />

motor a gasolina<br />

Motor 1.199 cc, 3 cil., 110 cv, 205 Nm<br />

Prestações 4,7 l/100 km, 107 g/km CO 2 , 0‐100<br />

km/h 9,3 s, 188 km/h Peso 1.095 kg Preço € 21.086<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

063


P&R<br />

RENAULT KADJAR<br />

Malditas portagens PAULO PASSARINHO<br />

ue nome estranho...<br />

Sim. É um facto que Kadjar<br />

não é propriamente o nome<br />

Q<br />

mais feliz do universo<br />

automóvel, mas se<br />

esquecermos esse pormenor tudo muda.<br />

Assim de traseira parece um Qashqai...<br />

De traseira é uma forma de expressão porque<br />

ambos partilham a mesma plataforma e só<br />

mesmo naquilo que é mais vísivel se<br />

apresentam com identidade própria.<br />

Então vem aí mais um SUV de sucesso?<br />

Apetece desde já responder que sim, mas há<br />

um pequeno handicap que complica essa<br />

equação. Chama‐se legislação e tem a ver<br />

com a classe das portagens.<br />

Como assim?<br />

Como os designers da Renault quiseram<br />

impor uma linha mais musculada, subiram<br />

a altura do modelo através de uma curvatura<br />

no capot em 25 milímetros face ao modelo<br />

nipónico seu irmão. Resultado? Em Portugal,<br />

devido à lei estúpida que determina que um<br />

carro paga Classe 2 acima de 1,10 metros<br />

de altura, medido justamente no eixo<br />

dianteiro... Percebe-se o resto da história.<br />

Isto significa que não teremos Kadjar?!<br />

Para já não! A Renault assegura que os<br />

responsáveis da marca em França já estão<br />

a trabalhar em soluções que permitam<br />

ultrapassar esta questão e que, por isso, a<br />

haver novidade apenas será em 2016.<br />

Mas e vale a pena esperar pelo produto?<br />

Já conduzimos o novo Renault Kadjar em<br />

asfalto (versões de tração dianteira) e troços<br />

de terra (versão tração integral). A nossa<br />

escolha recai no motor 1.6 dCi de 130 cavalos<br />

que permite uma boa desenvoltura.<br />

Mesmo em modo todo-o-terreno?<br />

Hoje em dia a maioria das pessoas que<br />

compram veículos SUV ou crossover<br />

querem-nos mais pelo aspeto possante do que<br />

pelas capacidades de ultrapassar obstáculos.<br />

Mas o Kadjar, com linhas atuais e aplicações<br />

em plástico em redor da carroçaria, para além<br />

do aspeto não desilude em percursos of‐road.<br />

O 4x4 seria a nossa escolha.<br />

E no interior?<br />

A marca francesa mostra um salto qualitativo<br />

neste produto, o que é de realçar.<br />

Pormenores como os bancos com pesponto<br />

e aplicações em pele elevam o patamar.<br />

Para além disso, a nova versão do sistema<br />

de infoentretenimento conta com um ecrã<br />

Comando rotativo<br />

para alternar<br />

modos de suspensão<br />

VEREDICTO<br />

Num país<br />

“normal” o<br />

Kadjar não teria<br />

facilidade em<br />

impor os seus<br />

argumentos.<br />

Esperemos<br />

por 2016<br />

6/10<br />

tátil a cores de sete polegadas com novas<br />

funcionalidades, com destaque para<br />

a conetividade com smartphones.<br />

E perspetiva de preços?<br />

Não há! Primeiro, é necessário resolver<br />

a questão que colocaria este modelo<br />

classiicado como um Classe 2 e que lhe<br />

mataria a carreira comercial. Depois disso,<br />

a Renault Portuguesa promete todos os<br />

esforços para oferecer produto competivivo.<br />

FICHA<br />

1.598 cc, 4 cil. turbo, tr. integral., 130 cv, 320 Nm 4,9 l/100 km, 129 g/km CO 2 0-100 km/h em 10,5 s, 190 km/h 1.536 kg n.d.<br />

064 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


OPEL INSIGNIA<br />

AO SERVIÇO<br />

Uma opção diferente para o familiar da marca PAULO PASSARINHO<br />

o centro da oferta diesel<br />

para o Insignia surge esta<br />

N<br />

versão 2.0 CDTI com<br />

170 cavalos e com um<br />

preço base abaixo<br />

dos 40 mil euros, já na coniguração<br />

de equipamento Cosmo.<br />

A chegada deste motor pretende<br />

oferecer aos consumidores uma opção<br />

mais reinada, pois os técnicos germânicos<br />

apuraram o bloco de modo a conferir-lhe<br />

mais vigor do que a anterior opção<br />

de 163 cavalos mas beneiciando as<br />

prestações, consumos e emissões de gases.<br />

Esta motorização é apresentada como uma<br />

mais-valia em termos ecológicos também<br />

porque apenas emite 118 g/km de CO 2 .<br />

Isto é conseguido eliminando os óxidos<br />

de azoto dos gases de escape através<br />

da introdução de AdBlue.<br />

Segundo dados da marca, o Insignia<br />

com a motorização de 170 cavalos acelera<br />

No meio da oferta do<br />

Insignia aparece este<br />

CDTI de 170cv<br />

RIVAL<br />

PEUGEOT 508<br />

O rival francês<br />

também busca maior<br />

protagonismo<br />

Só a falta de apoio<br />

dos bancos desilude<br />

neste habitáculo<br />

dos 0 aos 100 km/h em 9,0 segundos<br />

e consegue consumos da ordem dos<br />

4,5 litros aos 100 km. Após o nosso ensaio<br />

conseguimos consumos de 6,5 litros.<br />

Um valor bem razoável até porque não<br />

andamos propriamente sempre com<br />

a preocupação de bater recordes…<br />

de consumo!<br />

Na unidade ensaiada (recheada<br />

de equipamento, como por exemplo<br />

os estofos em pele e as impressionantes<br />

jantes de 18 polegadas), é de enaltecer<br />

a presença da suspensão Flexride que<br />

confere uma dinâmica ainda mais<br />

interessante. Em modo Sport (existem<br />

também o modo Normal e Tour), nota-se<br />

uma maior disponibilidade do modelo<br />

para, em conjunto com a caixa de<br />

velocidades rápida, proporcionar uma<br />

condução de índole desportiva. Sim, é um<br />

facto que o Biturbo (com 195 cavalos) é<br />

provavelmente a escolha para quem queira<br />

VEREDICTO<br />

Racional<br />

quanto baste,<br />

o 2.0 CDTI<br />

com 170 cv tem<br />

equipamento<br />

e preço<br />

interessantes<br />

6/ 10<br />

verdadeiramente explorar na plenitude<br />

todo o potencial do excelente chassis do<br />

Insignia, mas o motor de 170 cavalos<br />

é menos guloso e não lhe deixará<br />

de permitir mostrar os seus dotes<br />

sem o compromisso da versão<br />

mais acessível (140 cavalos).<br />

Analisando no seu todo o conjunto esta<br />

opção parece a mais simples de entender.<br />

Baixar um patamar de potência<br />

e aumentar o nível de equipamento por<br />

um preço bem bom.<br />

Curioso ainda de veriicar que, apesar<br />

dos anos passarem, a Opel tem sabido<br />

refrescar o seu modelo de bandeira de<br />

modo a manter-se atual. Prova disso<br />

mesmo é a forma como algumas pessoas<br />

continuam a olhar para o modelo não<br />

hesitando em compará-lo, em termos de<br />

prestígio, a ofertas de segmentos<br />

eventualmente superiores.<br />

E é bem merecido.<br />

FICHA<br />

1.956 cc, 4 cil., 170 cv, 400 Nm 4,5 l/100km, 118 g/km CO 2 0-100 km/h em 9,0 seg, vel. máx. 225 km/h 1.613 kg 39.580<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

065


FORD FOCUS<br />

O SEDUTOR<br />

Visual agressivo com boas prestações e comportamento desportivo P AULO PASSARINHO<br />

repare-se para que alguns<br />

dos outros condutores<br />

P<br />

o olhem com alguma<br />

desconiança inicial.<br />

Um Ford Focus rebaixado,<br />

com jantes grandes, spoilers e ailerons.<br />

Integralmente pintado de negro desde<br />

a traseira até à grelha, pode parecer que foi<br />

alvo de alguma transformação… Não lhes dê<br />

qualquer coniança, carregue no acelerador<br />

e disfrute!<br />

Em boa hora a marca da oval azul decidiu<br />

conciliar a sigla ST com uma unidade diesel.<br />

O Focus ST 2.0 TDCi, aqui em versão Station<br />

Wagon, apresenta-se ao serviço com<br />

185 cavalos debitados pela unidade com<br />

1.997 cc de injecção direta e turbo<br />

de geometria variável. Conte ainda com um<br />

binário de 400 Nm disponível entre 2.000<br />

e 2.750 rpm. Agora junte ao conjunto jantes<br />

de 18 polegadas, travões desportivos, e, no<br />

interior, baquets Recaro e conjunto extra de<br />

O ST tem<br />

pormenores<br />

desportivos<br />

RIVAL<br />

SEAT LEON<br />

CUPRA ST<br />

Potência semelhante,<br />

imagem desportiva<br />

A qualidade<br />

do interior<br />

foi melhorada<br />

manómetros, só para mencionar os itens<br />

mais chamativos. Já tem uma ideia<br />

do que tem ao seu dispor? Mais umas dicas:<br />

um chassis, já de si referencial, recebe<br />

tratamento desportivo e junta-lhe o sistema<br />

de vectorização de binário e um controle<br />

de estabilidade mais permissivo.<br />

Que mais quer? Uma boa sequência<br />

de curvas é o que lhe garanto!<br />

ST é a sigla que a Ford escolheu para<br />

marcar os seus modelos desportivos<br />

e este é um excelente representante dessa<br />

mais recente geração de modelos.<br />

Será capaz de o surpreender e, ao mesmo<br />

tempo, entusiasmar!<br />

O binómio motor-chassis encontra<br />

justamente aqui um dos seus melhores<br />

representantes. Conduzir esta “carrinha”<br />

como um desportivo é uma realidade<br />

permanente. O motor tem força suiciente<br />

para se manter sempre disponível logo a<br />

partir das 2.000 rpm e tem uns médios<br />

VEREDICTO<br />

O Ford Focus<br />

ST SW tem<br />

um visual<br />

irrepreensível<br />

com prestações<br />

e dinâmica a<br />

condizer.<br />

8/ 10<br />

regimes de grande intensidade. Prepare-se<br />

para uma suspensão pensada para isso<br />

mesmo, e por isso mais saltitante em mau<br />

piso e extremamente eicaz em bom piso. A<br />

eicácia é tão grande que não irá ter quaisquer<br />

pensamentos negativos. Bem pelo contrário.<br />

O sistema de vectorização de binário permite<br />

controlar a forma como a potência é<br />

distribuída consoante a necessidade em<br />

curva enviando justamente para a roda que<br />

mais precisa dela. Um conjunto sempre<br />

intuitivo e fácil de apreender.<br />

O preço base deste modelo é de 37.587<br />

euros e por este preço é o melhor que<br />

encontra no mercado deixando para trás<br />

algumas propostas, completamente sem<br />

sabor, de alguma concorrência que se valem<br />

eventualmente da força do logótipo para<br />

oferecer motores subnutridos e bem menor<br />

prazer de condução.<br />

O Focus ST “diesel”, como poderá ser<br />

chamado, é um verdadeiro desportivo!<br />

FICHA<br />

1.997 cc, 4 cil., 185 cv, 400 Nm 4,2 l/100km, 110 g/CO 2<br />

0-100 km/h em 8,3 seg, vel. máx. 217 km/h 1.488 kg 37.587 (base)<br />

066 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


MAZDA CX-3<br />

O PEQUENO KODO<br />

A filosofia de design da Mazda encaixa que nem uma luva no seu SUV mais pequeno ANDRÉ MENDES<br />

novo Mazda CX-3 vai<br />

permitir que a marca<br />

O<br />

nipónica entre num<br />

segmento onde nunca se<br />

tinha aventurado, o dos<br />

pequenos SUV, mas conta de imediato com<br />

uma vantagem incrível face à concorrência:<br />

a estética. O Kodo Design, como a marca lhe<br />

chama, parece fazer aqui todo o sentido e o<br />

CX-3 conta com uma estética apelativa de<br />

qualquer ângulo, pelo menos, para os nossos<br />

gostos e para os que nos mostravam sinais<br />

de apreciação por onde íamos passando nas<br />

zonas em torno da cidade de Barcelona.<br />

Com um comprimento inferior a 4,3<br />

metros e uma largura que pouco passa dos<br />

1,75 metros, o pequeno SUV da Mazda conta<br />

com um visual cativante e com um<br />

habitáculo muito próximo do seu irmão<br />

mais novo, o Mazda 2, no qual vai buscar a<br />

sua base de partida. A posição de condução é<br />

boa e todos os comandos destinados à<br />

As jantes de liga leve<br />

de 18’’ são de série na<br />

versão Excellence<br />

RIVAL<br />

PEUGEOT 2008<br />

Um visual de SUV<br />

mais arrojado, com<br />

um preço igualmente<br />

apelativo<br />

Habitáculo com<br />

destaque para<br />

o condutor<br />

condução estão num local perfeito.<br />

O espaço disponível não desilude quem viaja<br />

na frente, mas lembra-nos de imediato do<br />

segmento em que se insere assim que nos<br />

sentamos nos lugares traseiros, sendo que<br />

ainda sobra espaço para uma bagageira com<br />

uma volumetria de 350 litros.<br />

A única motorização disponível para o<br />

nosso mercado alimenta-se de gasóleo,<br />

tem 105 cavalos de potência e um binário<br />

máximo de 270 Nm, disponíveis logo a<br />

partir das 1.600 rpm. Consegue impor um<br />

ritmo interessante ao CX-3 nos ambientes<br />

mais urbanos da cidade de Barcelona e um<br />

ritmo divertido quando subimos para as<br />

montanhas, mas o seu grande trunfo está<br />

mesmo na possibilidade de manter as<br />

médias de consumo em torno dos quatro<br />

litros de combustível quando nos portamos<br />

bem e não abusamos do pedal do lado<br />

direito. Em termos de prestações, a marca<br />

anuncia uma aceleração dos 0 aos 100 km/h<br />

VEREDICTO<br />

O CX-3 conta<br />

com um bom<br />

preço, um<br />

motor diesel<br />

económico<br />

e muita<br />

versatilidade<br />

6/ 10<br />

a rondar os dez segundos e uma velocidade<br />

máxima de 177 km/h.<br />

Em Portugal, o Mazda CX-3 terá apenas<br />

esta motorização diesel de 1,5 litros de<br />

cilindrada e 105 cavalos de potência, mas<br />

estará disponível em versões de tração<br />

dianteira ou integral, com caixa manual ou<br />

automática. Há dois níveis de equipamento<br />

previstos, Evolve e Excellence, sendo que<br />

a opção mais completa que vê nas imagens já<br />

inclui elementos como as jantes de liga leve<br />

de 18 polegadas, os faróis em LED,<br />

os assentos em pele ou o sistema de áudio<br />

da Bose. O sistema de navegação é que já faz<br />

parte da lista de opções.<br />

O Mazda CX-3 já está disponível e os<br />

preços começam abaixo dos 23 mil euros<br />

para a versão de duas rodas motrizes e com<br />

o nível de equipamento Evolve. A versão<br />

Excellence começa nos 25.220 euros e para<br />

as opções de tração integral já é preciso<br />

juntar mais de 28 mil euros.<br />

FICHA<br />

1.499 cc, 4 cil., 105 cv, 270 Nm 4,0 l/100 km, 105 g/km CO 2 0-100 km/h em 10,1 seg., 177 km/h 1.200 kg a partir de 22.970<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

067


VOLKSWAGEN E-GOLF<br />

O TODO ELÉTRICO<br />

O e‐Golf depende apenas da eletricidade para se deslocar ANDRÉ MEDNES<br />

a edição passada<br />

mostrámos-lhe como<br />

N<br />

a Volkswagen usou<br />

a tecnologia elétrica para<br />

desenvolver um modelo<br />

com aptidões mais desportivas. Mas há um<br />

outro modelo que também já se encontra no<br />

mercado e que foi um dos principais passos<br />

dados para chegar ao GTE. O Volkswagen<br />

e-Golf move-se exclusivamente a<br />

eletricidade e dispensa a presença de um<br />

motor de combustão. Debaixo do capot<br />

está apenas o elétrico que se alimenta das<br />

baterias que estão arrumadas sob o piso<br />

da bagageira. Calculamos que já deve estar<br />

a pensar na autonomia, mas para já<br />

dizemos-lhe apenas que ronda os 190 km.<br />

Tal como todos os modelos elétricos,<br />

o e-Golf vai sempre detestar os trajetos<br />

efetuados em autoestrada, uma vez que a<br />

velocidade constante e mais elevada (do que<br />

em cidade) vão fazer desaparecer a carga das<br />

Em vez de gasolina,<br />

o motor precisa<br />

de eletricidade<br />

RIVAL<br />

MERCEDES-BENZ<br />

CLASSE B ELETRIC<br />

Um outro formato,<br />

mas também em<br />

modo 100% elétrico<br />

Fora a instrumentação,<br />

o e-Golf não é muito<br />

diferente dos outros Golf<br />

baterias num espaço de tempo mais curto e<br />

não vão receber qualquer ajuda do sistema<br />

de regeneração de energia, pois como<br />

raramente travamos este quase não é usado<br />

em autoestrada. Já em cidade, o e-Golf<br />

parece fazer muito mais sentido. Os<br />

quilómetros da autonomia indicada pelo<br />

computador de bordo parecem durar muito<br />

mais tempo e damos por nós a aproveitar<br />

toda e qualquer descida para embalar o Golf<br />

e conseguir gerar mais uns kW de energia,<br />

prolongado assim a autonomia. E tudo<br />

no Golf está feito para que isso aconteça. Há<br />

alturas em que os pneus de baixa resistência<br />

ao rolamento com que está equipado<br />

o deixam rolar a uma velocidade igual ou<br />

superior ao carro que se desloca à nossa<br />

frente, mesmo sem estarmos a acelerar,<br />

sendo que isto também é uma vantagem,<br />

uma vez que nos obriga a ir travando,<br />

regenerando assim mais energia.<br />

Chega a ser divertido conduzir o<br />

VEREDICTO<br />

O e-Golf é<br />

divertido de<br />

conduzir em<br />

cidade, onde<br />

os 190 km<br />

parecem durar<br />

ainda mais<br />

6/ 10<br />

Volkswagen e-Golf em cidade. Primeiro<br />

porque não emite qualquer tipo de ruído<br />

e depois porque nos faz repensar no trânsito<br />

e na confusão de uma forma mais ponderada<br />

e de acordo com a autonomia indicada<br />

pelo computador de bordo. O facto de os<br />

abastecimentos de eletricidade não serem<br />

tão simples, nem rápidos, como os de<br />

gasolina, e também a diiculdade de nem<br />

sempre haver um posto por perto, ainda é a<br />

principal dor de cabeça para quem conduz<br />

um automóvel elétrico. Então, chegamos a<br />

casa e resta ligar o Golf à corrente e atestar<br />

as baterias de energia, o que, dependendo da<br />

distância percorrida, poderá não ser<br />

necessário fazer todos os dias. No nosso<br />

teste, efetuámos três carregamentos ao<br />

Golf, um deles parcial, e percorremos<br />

quase 500 quilómetros com ele, com todo<br />

o conforto e a facilidade de condução que<br />

já estamos habituados das versões deste<br />

modelo mais convencionais de toda a gama.<br />

FICHA<br />

elétrico de 115 cv, 270 Nm 12,7 kWh/100 km; autonomia: 190 km 0-100 km/h em 10,4 seg., 140 km/h 1.510 kg 38.970<br />

068 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


NISSAN NOTE<br />

OPINIÃO TG<br />

TESTE RÁPIDO<br />

Só tem 60 segundos? Leia aqui!<br />

SEAT LEON CUP R<br />

Nota de espaço<br />

O Note conta com um habitáculo surpreendente ANDRÉ MENDES<br />

e um dos principais milagres<br />

da Nissan dos últimos anos<br />

S foi o Qashqai, o segundo foi<br />

garantidademente o Note.<br />

Trata-se de um modelo com<br />

tamanho de citadino, mas com argumentos<br />

semelhantes aos de um familiar, principalmente<br />

no que diz respeito ao espaço no habitáculo<br />

e à facilidade com que convive com uma<br />

pequena família no seu dia-a-dia.<br />

A versão que aqui lhe apresentamos é<br />

conhecida por MY15 e conta com algumas<br />

melhorias em termos de equipamento e ainda<br />

um ou outro detalhe do ponto de vista<br />

estético, tais como as novas óticas dianteiras<br />

e o visual mais desportivo.<br />

Debaixo do capot está o mais do que<br />

conhecido motor 1.5 dCi, aqui com<br />

90 cavalos de potência, utilizado em diversos<br />

dos modelos da aliança Renault/Nissan.<br />

É o principal responsável pelas médias de<br />

consumo sempre inferiores a seis litros que<br />

o Note consegue sem grande esforço e pelas<br />

prestações razoáveis para um modelo com<br />

cariz mais citadino do que estradista.<br />

Ainda assim, o Nissan Note surpreende<br />

com a sua facilidade de utilização, pela<br />

bagageira bastante ampla e com um espaço<br />

gigante sob o piso da mesma, pelo habitáculo<br />

VEREDICTO<br />

Pequeno por<br />

fora, mesmo<br />

muito grande<br />

por dentro<br />

e com um<br />

motor muito<br />

económico<br />

6/10<br />

muito espaçoso principalmente para quem<br />

viaja nos lugares traseiros e pela versatilidade<br />

que oferece, icando apenas a faltar<br />

a regulação em profundidade da coluna da<br />

direção e mais espaços de arrumação a bordo<br />

para que o Note fosse ainda mais cativante.<br />

O preço da versão N-Tec que aqui lhe<br />

apresentamos é de 21.400 euros, sendo que<br />

a Nissan tem a decorrer uma campanha, que<br />

pode deixar este mesmo Note a custar cerca<br />

de 18 mil euros, mediante a retoma do seu<br />

carro usado. Com este nível de equipamento,<br />

o Note ica bastante recheado e nem sequer<br />

falta o sistema de navegação, o ar<br />

condicionado, as jantes de liga leve e um visual<br />

mais desportivo da carroçaria, mas também<br />

a câmara de visão exterior traseira ou o escudo<br />

de proteção inteligente, que engloba sistemas<br />

como o aviso de ângulo morto, detetor de<br />

movimento e o aviso de mudança de faixa.<br />

AUDI A6 QUATTRO<br />

ALLROAD V6 3.0 TDI<br />

• O Audi A6 Allroad<br />

recorre a um só bloco<br />

nesta versão quattro<br />

diesel: o V6 3.0 TDI. Há<br />

três níveis de potência,<br />

Este é o de 320 cv... e<br />

650 Nm. Potência<br />

para dar e vender!<br />

• É provável que<br />

adicione uns<br />

milhares aos<br />

€ 92.900 da versão<br />

base. O pack Advance<br />

(€ 2.775), com GPS,<br />

é essencial... E os faróis<br />

em LED (€ 1.400)<br />

Motor 2.967 cc, 6 cil., tr. integral, 320 cv, 650 Nm<br />

Performance 6,5 l/100 km, 172 g/km CO 2 , 0‐100<br />

km/h 5,5 s, 250 km/h Peso 2.030 kg Preço € 92.900<br />

SMART FORFOUR<br />

PASSION 90CV<br />

• Na segunda geração<br />

do Smart, um quatro<br />

portas com desenho<br />

mais agradável e<br />

consensual ao que junta<br />

maiores argumentos,<br />

como a<br />

personalização<br />

• Apesar dos 2.030<br />

kg da versão, os 100<br />

km/h chegam em 5,5<br />

segundos e o<br />

consumo médio<br />

oicial é 6,5 l/100 km.<br />

A onda de binário<br />

surpreende<br />

• O Audi Drive<br />

Select tem nesta<br />

unidade seis modos<br />

– o modo Allroad<br />

levanta o carro para<br />

poder atacar com<br />

maior segurança trilhos<br />

fora de estrada<br />

• Versão Passion<br />

junta jantes em liga<br />

leve de 15 polegadas,<br />

apoio para<br />

smartphone na<br />

consola central e<br />

painéis<br />

metalizados<br />

O Note conta com<br />

um visual mais<br />

desportivo<br />

FICHA<br />

1.461 cc, 4 cil., tr. dianteira,<br />

90 cv, 200 Nm<br />

4,2 l/100 km, 93 g/km CO 2<br />

0‐100 km/h em 11,9 s, 179 km/h<br />

1.132 kg<br />

21.400 (versão N‐Tec)<br />

• O motor<br />

0,9 litros de<br />

90 cavalos tem<br />

injeção eletrónica,<br />

turbocompressor<br />

e intercooler.<br />

É despachado no<br />

meio do trânsito<br />

• Abaixo de 15<br />

mil euros é o preço<br />

da exclusividade<br />

ainda que com<br />

espaço para apenas<br />

quatro ocupantes<br />

(incluindo condutor)<br />

e pouca bagagem<br />

Motor 898 cc, 3 cil., tr.traseira, 90 cv, 135 Nm<br />

Performance 4,3 l/100 km, 99 g/km CO 2 , 0‐100<br />

km/h 11,2 s, 165 km/h Peso 920 kg Preço € 14.830<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

069


PEUGEOT 208<br />

REPOSICIONAR<br />

Refrescado e preparado para subir de escalão. Será que consegue? P AULO PASSARINHO<br />

mensagem da Peugeot<br />

parece ser muito clara:<br />

A<br />

a concorrência terá que<br />

se habituar à ideia que<br />

o construtor francês<br />

pretende determinar um posicionamento<br />

superior para o seu 208. Para chegar a esse<br />

entendimento a marca francesa aplicou um<br />

conjunto de alterações, umas mais visíveis<br />

do que outras. A nível estético, os faróis<br />

dianteiros foram redesenhados e os farolins<br />

traseiros contam com uma nova assinatura<br />

onde se destacam as marcas da garra do leão<br />

realizadas com LED. A grelha com efeito<br />

tridimensional é, no entanto, o ponto de<br />

partida para a alteração mais importante: a<br />

personalização! Sim. A Peugeot propõe para<br />

além de novas e exclusivas cores (incluindo<br />

uma pintura “baça”), a possibilidade de<br />

o cliente optar por combinações de cores<br />

com efeito nas capas dos retrovisores e nas<br />

aplicações de interior. Curiosamente, ou<br />

Personalização e<br />

mais conetividade<br />

são a chave<br />

O ambiente<br />

a bordo é agora<br />

mais agradável<br />

talvez não, o 208 parece ele todo, apesar<br />

das poucas alterações, um modelo com<br />

aspeto mais desportivo. E isto mesmo tendo<br />

em conta que irá existir uma versão GT Line<br />

e, claro, um GTi. Este último sim,<br />

não apenas com aspeto mas também<br />

de caráter desportivo.<br />

No interior, as alterações focam-se, para<br />

além da personalização, apenas na renovada<br />

conetividade do sistema presente no ecrã<br />

de sete polegadas, nomeadamente com<br />

a introdução do Mirror Link para telefones<br />

com sistema operativo Android.<br />

Para um primeiro contacto decidimos<br />

destacar o novo 1.6 BlueHdi de 75 cavalos<br />

de potência (substitui o anterior 1.4 HDi,<br />

e apresenta ainda potências de 100 e 120<br />

cavalos). E para perceber a nossa escolha<br />

basta dizer que a Peugeot anuncia 3,0 litros<br />

aos 100 km e emissões de apenas 79 g/km<br />

de CO 2 ! Mesmo sem grande possibilidade de<br />

aferir tão baixo consumo (assumidamente<br />

VEREDICTO<br />

A tentativa de<br />

o tornar um<br />

modelo mais<br />

premium é<br />

conseguida com<br />

melhor imagem<br />

e materiais<br />

6/ 10<br />

realizado em condições controladas, a<br />

exemplo de outros), a verdade é que o motor<br />

até chega a surpreender. É um motor<br />

claramente superior ao seu antecessor em<br />

disponibilidade, em particular a partir das<br />

1.500 rpm até 3.500 rpm onde não exige<br />

grande recurso à caixa de velocidades.<br />

Para além dos diesel, a marca francesa<br />

introduziu a atualização dos 1.2 PureTech,<br />

tricilíndricos com 110 e 82 cavalos<br />

(este fazendo a entrada de gama a partir<br />

de 14.150 euros).<br />

Na <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> icamos à espera da versão<br />

208 GTi by Peugeot Sport, também revelada<br />

na apresentação internacional, uma<br />

reinterpretação do conceito GTi, com<br />

menor altura ao solo (menos 10 milímetros),<br />

vias mais largas (mais 22 e 16 milímetros<br />

respetivamente à frente e atrás) e inclusão<br />

de jantes de 18 polegadas. A marca diz<br />

que não deverá vir para Portugal.<br />

Bem, lá teremos que tratar disso!<br />

FICHA<br />

1.560 cc, 4 cil., 75 cv, 230 Nm 3,0 l/100km, 79 g/CO 2<br />

0-100 km/h em 13,3 seg, vel. máx. 170 km/h 1.075 kg 18.740 (base)<br />

070 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


DS5<br />

SEAT LEON CUP R<br />

Premium<br />

Pequenos retoques estéticos e uma nova insígnia PAULO PASSARINHO<br />

decisão do grupo PSA de<br />

autonomizar a marca DS<br />

pretende dotar o grupo<br />

A<br />

francês de uma marca<br />

assumidamente premium.<br />

Deixar de ser uma versão luxuosa ou<br />

topo de gama da Citroën e passar a ser<br />

uma marca com identidade e postura<br />

própria. O DS 5 é o primeiro produto dessa<br />

política e por isso aparece agora renovado.<br />

No exterior uma nova grelha, mais<br />

imponente, faróis redesenhados<br />

e o posicionamento do logo da marca em<br />

lugar de destaque: ao centro da grelha.<br />

O que pouco mudou foi o interior futurista.<br />

É certo que o novo ecrã tátil eliminou um<br />

bom número de botões, mas continua<br />

a profusão de elementos que tornaram<br />

este modelo um ícone para os amantes<br />

da nave Enterprise.<br />

Exagero à parte, a originalidade do<br />

interior mantêm-se, tal como o elevado<br />

conforto proporcionado pelos bancos,<br />

verdadeiras poltronas de conforto.<br />

Apesar de querer posicionar-se num<br />

patamar premium a DS assume que irá<br />

manter a sua imagem de vanguarda e<br />

futurismo e por isso, não esperem interiores<br />

sombrios e espartanos. E ainda bem!<br />

Talvez um maior reforço de qualidade<br />

VEREDICTO<br />

Agora DS é<br />

marca, mas<br />

nem por isso o<br />

DS 5 recebeu<br />

alterações<br />

radicais. Está<br />

melhorado<br />

6/ 10<br />

O novo ecrã veio<br />

reduzir botões<br />

sentida em alguns materiais fosse<br />

bem-vinda para que o objetivo da marca<br />

fosse ainda mais fácil de alcançar.<br />

A unidade ensaiada conta com<br />

o motor 2.0 BlueHDi de 180 cavalos<br />

e caixa automática de seis velocidades,<br />

infelizmente sem patilhas no volante.<br />

O propulsor confere uma certa<br />

desportividade ao modelo e ainda bem,<br />

pois a imagem geral com as jantes<br />

de 19 polegadas parece mesmo pedir<br />

potência. Na verdade, não tem um<br />

comportamento propriamente desportivo,<br />

mas não o deixará icar mal na fotograia.<br />

O DS 5 é um modelo que irá cativar<br />

quem quer marcar a diferença, mas não<br />

será ainda este o modelo a roubar vendas<br />

a outros modelos premium, até porque o<br />

preço um pouco acima de 47.500 euros<br />

só lhe dá o estatuto. O que já consegue é<br />

continuar a fazer virar cabeças com este<br />

seu ar musculado e robusto. E aí ganha<br />

pontos pois não há modelo no segmento<br />

a que se possa apontar tanta originalidade<br />

como este. É uma nova marca. É de icar<br />

atento aos próximos passos.<br />

1.997 cc, 4 cil., 180 cv, 400 Nm 4,4 l/100km, 114 g/CO 2 0-100 km/h 9,2 seg, v. máx. 220 km/h 1.615 kg 47.673 (base)<br />

BMW 220I CABRIO<br />

PAULO PASSARINHO<br />

e é daqueles que recusa<br />

determinantemente a presença<br />

S<br />

do ruído de um motor diesel<br />

durante a condução do seu belo<br />

descapotável, e não tem dinheiro ou<br />

vontade para versões mais desportivas,<br />

então tem aqui uma boa opção. A BMW<br />

apresenta um 220i Cabrio a partir de<br />

49.500 euros que lhe permite alcançar<br />

esse sonho de conduzir com os cabelos<br />

ao vento. Motorizado pela unidade dois<br />

litros com 184 cavalos, o 220i tem<br />

prestações interessantes com o arranque<br />

dos 0 aos 100 km/h a fazer-se em<br />

7,6 segundos. A caixa automática<br />

de oito velocidade é uma preciosa aliada,<br />

mantendo o registo de eicácia que já se<br />

conhece em outras versões. Mas para<br />

cumprir o seu dia-a-dia prepare-se para a<br />

parte menos boa: consumos da ordem dos<br />

8,5/9 l/100 km num andamento é certo<br />

que rápido. Dá que pensar até porque no<br />

catálogo tem o 220d, bem mais apetecível<br />

nesse campo e proposto quase ao mesmo<br />

preço. Mas tem o tal problema do som…<br />

Equipada a rigor para o verão, a unidade<br />

de ensaio exige 65.307 euros, mas inclui,<br />

por exemplo, a capota castanha com<br />

acabamento brilhante, jantes de 18”, bancos<br />

desportivos, entre outros.<br />

O preço com opcionais e o consumo<br />

são os pontos menos conseguidos, num<br />

modelo pleno de estilo.<br />

VEREDICTO: Um motor suave e progressivo<br />

num chassis de grande rigor e eficácia<br />

FICHA<br />

1.997 cc, 4 cil., 184 cv, 270 Nm<br />

6,2 l/100km, 144 g/km CO 2<br />

0‐100 km/h 7,6 s, v. máx. 226 km/h<br />

1.530 kg<br />

49.584 (base)<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

6/ 10<br />

071


AUDI Q7<br />

Compêndio tecnológico<br />

Dez anos depois, a Audi mostra‐nos o novo Q7 com muito mais tecnologia A NDRÉ MENDES<br />

SUV mais imponente<br />

da marca dos anéis ajudou<br />

a criar uma moda na marca<br />

O<br />

e iniciou uma tendência<br />

que se viria a tornar quase<br />

viral em mercados tão importantes como<br />

o americano, por exemplo. Desde o início da<br />

sua comercialização, já foram vendidas mais<br />

de um milhão de unidades em todo o planeta<br />

(cerca de mil unidades em Portugal)<br />

e mesmo assim, o Audi Q7 ainda continua<br />

a ser procurado e preferido por muitos, face<br />

a outras propostas que entretanto foram<br />

chegando ao mercado.<br />

Quase depois de uma década de história,<br />

no entanto, é a altura de a Audi apresentar<br />

a nova geração deste modelo. Inclui as mais<br />

recentes tecnologias da marca que já<br />

conhecemos de outras opções da gama<br />

e outras que se estreiam justamente no Q7.<br />

No entanto, um dos maiores destaques deste<br />

modelo está na busca de novos materiais<br />

e na aplicação dos mesmos, com o objetivo<br />

de reduzir ao máximo o peso de todo o<br />

conjunto. Fomos até à Áustria para conhecer<br />

o novo SUV da Audi e a primeira versão que<br />

conduzimos é a que está equipada com<br />

o motor TFSI de três litros, a gasolina,<br />

com uma potência de 333 cavalos.<br />

Num primeiro olhar, o Q7 está mais<br />

agressivo, mas também com um visual mais<br />

moderno e desportivo. A carroçaria conta<br />

com diversas novas linhas e vincos e a grelha<br />

dianteira trapezoidal já conta com o novo<br />

visual tridimensional. Atrás, o formato das<br />

óticas é semelhante ao da nova A6 Avant,<br />

mas com uma dimensão ajustada ao Q7.<br />

Menos visível é o facto de a carroçaria estar<br />

O Q7 está maior e com linhas<br />

mais vincadas e desportivas<br />

PORMENOR<br />

EM DETALHE<br />

O sistema de tração<br />

integral da Audi ainda<br />

é uma referência<br />

O motor V6 TFSI é<br />

um dos primeiros a<br />

chegar ao mercado<br />

O sistema MMI<br />

estreia um novo e<br />

mais simples graismo<br />

mais curta cerca em 37 mm e mais estreita<br />

em 15 mm, ainda que as cotas do habitáculo<br />

sejam mais amplas do que as do seu<br />

antecessor. Para complementar o visual<br />

mais desportivo, as jantes de liga leve podem<br />

chegar às 21 polegadas de diâmetro<br />

e o pacote desportivo S-Line já faz parte<br />

desta unidade, apesar de se tratarem de duas<br />

opções. Na frente, os faróis já receberam<br />

a tecnologia Matrix LED, que também lhes<br />

confere um visual desportivo e tecnológico.<br />

O desenho do tablier é mais estreito,<br />

mas muito mais elegante e simples.<br />

Em contrapartida, a consola central é mais<br />

generosa e o monitor do sistema MMI<br />

também cresceu até às 8,3 polegadas (na<br />

versão maior) e conta com mais resolução<br />

e com um novo graismo mais intuitivo<br />

e simples, de forma a lidar com todas<br />

as novas conigurações dos mais variados<br />

sistemas existentes. Este continua a<br />

erguer-se do tablier quando ligamos o Q7<br />

e é aqui que continuamos a visualizar a<br />

totalidade das informações do sistema MMI<br />

e todas as conigurações e funções que este<br />

oferece. Entre elas, as do magníico sistema<br />

de som 3D desenvolvido pela Bang &<br />

Olufsen, com 23 altifalantes e um<br />

ampliicador de 1.920 watts de potência.<br />

Assim que nos sentamos, é<br />

imprescindível reservar uns segundos para<br />

utilizar as múltiplas regulações do assento,<br />

que deixam a posição de condução num<br />

FOTOS: AUDI<br />

072 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


As linhas do tablier<br />

do novo Audi Q7 são<br />

mais elegantes<br />

patamar perfeito. Ao fechar a porta,<br />

relembramos o que os engenheiros da marca<br />

nos estiveram a contar sobre as melhorias<br />

efetuadas no capítulo da insonorização.<br />

O ambiente a bordo do novo Q7 está mesmo<br />

num patamar muito elevado e já inclui as<br />

hipóteses de personalização com LED,<br />

que se podem mudar de cor, conta com uma<br />

qualidade de materiais e de construção<br />

muito elevada e com um conforto digno<br />

de um topo de gama bastante luxuoso.<br />

Em estrada, os inúmeros sistemas<br />

de segurança já presentes neste Q7 deixam<br />

que a condução se aproxime de um modelo<br />

autónomo, uma vez que este modelo já<br />

consegue ajustar a velocidade consoante os<br />

limites das zonas por onde vai passando ou<br />

mesmo parar no trânsito sem sequer ter<br />

de tocar nos pedais. O sistema de travagem<br />

automática funciona até aos 85 km/h e, por<br />

isso, pode mesmo ser capaz de impedir um<br />

RIVAL<br />

VOLVO XC 90<br />

O SUV nórdico que<br />

se encontra a chegar<br />

ao mercado nacional<br />

também vem<br />

carregado de<br />

tecnologia e com uma<br />

imagem muito<br />

moderna e atualizada<br />

VEREDICTO<br />

O novo Q7 é<br />

um compêndio<br />

de tecnologia<br />

e tem um<br />

habitáculo onde<br />

sabe bem estar<br />

7/ 10<br />

acidente, imobilizando o Q7 se necessário.<br />

Dinamicamente, o novo Q7 goza da<br />

vantagem das quatro rodas motrizes e<br />

direcionais, sendo muito mais manobrável<br />

em velocidades mais reduzidas, mas<br />

também muito mais estável em deslocações<br />

de autoestrada, por exemplo. O motor 3.0<br />

TFSI e os seus 333 cavalos de potência<br />

conseguem fazer-se notar, graças,<br />

principalmente, ao facto de o Q7 ter sofrido<br />

uma cura de emagrecimento considerável<br />

e de ter passado para baixo da fasquia das<br />

duas toneladas.<br />

As primeiras unidades do novo Audi Q7<br />

já estão a chegar a Portugal, mas apenas<br />

nesta versão de três litros a gasolina e na<br />

equipada com o motor 3.0 TDI de 272<br />

cavalos. No início do próximo ano, chegará<br />

o 3.0 TDI de 218 cavalos e a versão híbrida<br />

Plug-in da gama, o Q7 PHEV, que é também<br />

o primeiro modelo da marca a combinar um<br />

sistema elétrico com um motor diesel.<br />

Em termos de preços, a Audi simpliicou<br />

a escolha e o valor base para o seu novo<br />

SUV é de 88.190 euros, seja a versão a TFSI<br />

a gasolina ou diesel TDI.<br />

FICHA 2.995 cc, 6 cil. em V, 333 cv, 440 Nm 7,9 l/100 km, 183 g/km CO 2 0-100 km/h em 6,3 seg., 250 km/h 2.030 kg 88.190<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

073


RENAULT ESPACE<br />

Viagem no tempo<br />

A nova geração do Renault Espace parece ter vindo do futuro ANDRÉ MENDES<br />

Renault Espace foi, talvez,<br />

o primeiro monovolume<br />

destinado a transportar<br />

O<br />

toda a família. Enquanto<br />

muitos construtores ainda<br />

andavam entretidos com as grandes berlinas<br />

do segmento dos familiares ou os utilitários<br />

destinados às cidades, a Renault<br />

surpreendeu com um novo formato, que<br />

depressa se transformou num dos modelos<br />

mais desejados para quem gosta de viajar<br />

com algumas pessoas a bordo e com um<br />

conforto elevado. As quatro gerações<br />

existentes viram as suas linhas serem<br />

modiicadas, de forma a icarem mais<br />

próximas de outros modelos da gama, mas<br />

com a quinta geração a marca francesa<br />

voltou a inovar.<br />

O Renault Espace que chega agora ao<br />

mercado parece ter saído diretamente de<br />

um Salão Automóvel para a rua, uma vez que<br />

o desenho da carroçaria é tão futurista como<br />

o de alguns concepts que a marca nos tem<br />

vindo a mostrar. Trata-se da quinta geração<br />

deste modelo e a versão que recebemos para<br />

este primeiro contato está equipada com<br />

o motor turbodiesel de 1,6 litros, 160 cavalos<br />

de potência e com o nível de equipamento<br />

de topo, o Initiale Paris.<br />

O primeiro contacto com o Renault<br />

Espace é muito cativante, desde o momento<br />

em que recebemos o redesenhado cartão de<br />

mãos-livres, que guardamos de imediato no<br />

bolso das calças. Assim que chegamos junto<br />

do Espace, o cartão é detetado e mesmo<br />

antes de tocarmos sequer no carro, as luzes<br />

de presença acendem-se e os espelhos<br />

retrovisores regressam a sua posição. O<br />

desenho deste modelo está mesmo incrível<br />

e muito soisticado e as dimensões pouco<br />

têm a ver com o que imaginávamos de<br />

imagens. O novo Espace tem 4,86 metros<br />

de comprimento e 1,89 metros de largura.<br />

A linha de cintura é bastante elevada e as<br />

jantes têm um diâmetro de 19 polegadas.<br />

Assim que a nossa mão entra no puxador,<br />

o Espace destranca-se e entramos para<br />

o lugar do condutor. Nota-se facilmente que<br />

a Renault esmerou-se na escolha dos<br />

materiais existentes a bordo e em melhorar<br />

o ambiente que nos rodeia, principalmente<br />

PORMENOR<br />

EM DETALHE<br />

Estes botões<br />

permitem rebater os<br />

cinco bancos traseiros<br />

Na frente, há muito<br />

conforto e assentos<br />

com massagens<br />

VEREDICTO<br />

O Espace ainda<br />

é o eleito para<br />

as viagens<br />

mais longas<br />

7/ 10<br />

O ecrã tátil domina<br />

a consola central<br />

com este seu nível de equipamento mais<br />

completo. As regulações do assento<br />

do condutor são elétricas e não demoramos<br />

muito até encontrar uma posição de<br />

condução satisfatória, pelo que resolvemos<br />

arrancar e descobrir tudo o resto mais tarde.<br />

Logo nas primeiras manobras, o sistema<br />

4Control de quatro rodas direcionais<br />

faz-nos esquecer do tamanho mais generoso<br />

deste modelo, tal a facilidade com que se<br />

deixa deslizar por zonas mais justas<br />

e complicadas. A insonorização é elevada,<br />

mas em contrapartida descobrimos também<br />

que, ainal, a qualidade da montagem ainda<br />

tem bastante espaço para evoluir.<br />

Os materiais usados têm um visual cativante<br />

e moderno, mas nesta unidade ensaiada já<br />

existiam diversos ruídos parasitas a bordo.<br />

FICHA 1.598 cc, 4 cil., 160 cv, 380 Nm 4,7 l/100 km, 120 g/km CO 2 0-100 km/h em 9,9 seg., 202 km/h 1.659 kg 51.940<br />

074 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


1<br />

3<br />

4<br />

5<br />

2<br />

VIDA A BORDO<br />

No enorme LCD existente no topo da<br />

consola central é onde podemos encontrar<br />

todas as conigurações dos mais variados<br />

sistemas, pelo que resolvemos encostar<br />

e dar uma vista de olhos com mais atenção,<br />

em vez de estar a tentar fazê-lo em<br />

andamento. São mesmo muitos os menus<br />

e funções existentes ou os elementos que é<br />

possível personalizar e conigurar ao nosso<br />

gosto, desde as cores dos LED no habitáculo<br />

até à posição dos mapas do sistema de<br />

navegação ou do sistema de som no enorme<br />

monitor da consola. O sistema Multi-Sense<br />

permite, através de cinco modos distintos,<br />

desde o mais confortável até ao mais<br />

desportivo, passando por um totalmente<br />

personalizável, conigurar elementos como<br />

a irmeza da suspensão, a resposta do motor,<br />

se desejamos massagens no assento ou<br />

múltiplas hipóteses de iluminação.<br />

RIVAL<br />

BMW X5 25D<br />

É grande, também<br />

pode ter sete lugares<br />

e pagar Classe 1<br />

O desenho conta<br />

com uma linha de<br />

cintura elevada<br />

Claro que por se tratar de um Renault<br />

Espace não poderiam faltar os sete lugares<br />

no habitáculo e todas as condições para que<br />

a viagem seja única. Para isso, a superfície<br />

vidrada é muito ampla e não falta o teto<br />

panorâmico em vidro. No entanto, o jogo<br />

dos assentos traseiros, agora, é bem mais<br />

soisticado. Já não é necessário dar um jeito<br />

nas costas e arranjar espaço na garagem<br />

para arrumar cinco assentos quando<br />

precisar de mais espaço a bordo. No novo<br />

espaço, todos os assentos traseiros podem<br />

desaparecer individualmente para debaixo<br />

do piso, usando apenas os botões existentes<br />

no LCD da consola central ou na bagageira.<br />

Já em estrada, é altura de nos<br />

habituarmos ao sistema 4Control de quatro<br />

rodas direcionais, o mesmo que já<br />

conhecemos do Laguna, por exemplo.<br />

As suas vantagens nas manobras ou em<br />

1<br />

O<br />

2<br />

Sob<br />

3<br />

O<br />

4<br />

O<br />

5<br />

Com<br />

painel de instrumentos é<br />

personalizável na cor e até no<br />

visual, mais moderno ou clássico<br />

a consola central, há mais<br />

espaços destinados à arrumação<br />

de inúmeros objetos<br />

enorme monitor da consola<br />

central é o que reúne todas<br />

as conigurações do Espace<br />

logo 4Control é o que<br />

relembra a presença do sistema<br />

de quatro rodas direccionais<br />

um pequeno toque num<br />

botão, surje perante nós um<br />

espaço de arrumação enorme<br />

velocidade de autoestrada são muito bem<br />

vindas. No entanto, a unidade ensaiada<br />

não nos deixou relaxar sempre que<br />

procurávamos manter o volante na posição<br />

central nem em curvas mais ligeiras a baixa<br />

velocidade, parecendo que o sistema nem<br />

sempre queria colaborar. Uma questão<br />

de hábito, possivelmente. Ainda assim,<br />

com o nível de equipamento de topo e com<br />

a motorização mais potente da gama, o<br />

Renault Espace está de volta por um preço<br />

um pouco acima dos 50 mil euros, mas que<br />

volta a trazer o prazer de viajar em família<br />

oferecendo uma experiência incrível.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

075


CIVIC TYPE R<br />

O TYPE R<br />

ESTÁ DE VOLTA!<br />

Depois de um período com alguma apatia, a versão Type R<br />

do Civic está de volta e promete voltar a dar (muito) que falar<br />

TEXTO: ANDRÉ MENDES (ESLOVÁQUIA) / FOTOS: HONDA<br />

076 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


HOT HATCHES<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

077


CIVIC TYPE R<br />

A<br />

história dos<br />

símbolos da Honda<br />

com o fundo pintado<br />

de vermelho<br />

começou com o seu<br />

modelo de Fórmula 1<br />

de 1965, o Honda<br />

RA272, mas<br />

os primeiros de que<br />

nos lembramos de<br />

imediato são mesmo os que conhecemos no saudoso<br />

simulador de condução Gran Turismo, de que<br />

abusávamos até não conseguir extrair mais um<br />

único cavalo que fosse do seu motor. Entre Honda<br />

Integra, Civic, NSX ou mesmo o Accord, as versões<br />

Type R foram sempre as mais desejadas.<br />

Ao mercado europeu, no entanto, as versões<br />

mais desportivas da Honda só chegaram em 1998,<br />

ano em que conhecemos “pessoalmente” a segunda<br />

geração do Integra, e o primeiro Civic Type R a ser<br />

comercializado em Portugal foi também o da<br />

segunda geração, uma vez que o primeiro CTR só foi<br />

comercializado no Japão. O “nosso” primeiro Civic<br />

Type R era construído na fábrica da Honda no Reino<br />

Unido e contava com uma motorização atmosférica<br />

de dois litros, com 200 cavalos de potência e era<br />

capaz de regimes próximos das 8.000 rpm.<br />

Mas estes valores vão icar um pouco diferentes<br />

com o novo Honda Civic Type R que fomos<br />

conhecer a Bratislava.<br />

Este é o momento que muitos de nós já<br />

estávamos à espera há uns bons anos e por mais<br />

do que um motivo. Primeiro, porque já tínhamos<br />

saudades de receber uma nova versão Type R<br />

da Honda, segundo porque a última que<br />

conhecemos não foi lá muito interessante e depois<br />

porque o novo Honda Civic Type R marca também<br />

a entrada da marca nipónica no mundo dos motores<br />

sobrealimentados a gasolina.<br />

O primeiro dia do evento organizado pela Honda<br />

não incluía condução, mas mesmo à porta do hotel<br />

já estava disponível um dos novos Type R para que<br />

o pudéssemos admirar. E admirar é mesmo o termo.<br />

Esta versão transforma bastante o Civic (para<br />

melhor) e dá-lhe um visual muito mais agressivo e<br />

quase demoníaco. A asa traseira não é a mesma<br />

do concept, mas é igualmente imponente, há saídas<br />

de ar laterais nos para-lamas dianteiros,<br />

o para-choques dianteiro é bastante baixo e muito<br />

agressivo e o extrator de ar traseiro não lhe ica<br />

atrás, uma vez que neste também se encontram<br />

quatro imponentes saídas de escape.<br />

Na conferência de imprensa, Kotaro Yamamoto,<br />

uns dos responsáveis pelo desenvolvimento desta<br />

versão, diz-nos que há quatro pontos fundamentais<br />

de que nos quer falar: o motor, a aerodinâmica,<br />

a suspensão e o modo “+R”, que faz parte de todos<br />

os Civic Type R.<br />

Ora, o motor é o primeiro da Honda a incluir um<br />

sistema de sobrealimentação em conjunto com<br />

o sistema V-TEC (controlo eletrónico de comando<br />

e abertura das válvulas) e o Dual VTC (comando<br />

variável da distribuição). Trata-se de um bloco<br />

de dois litros, com 310 cavalos de potência às 6.500<br />

rpm, com um binário máximo de 400 Nm e está<br />

acoplado a uma caixa de velocidades manual de<br />

relações curtas e que também foi reforçada para<br />

este modelo. As seis relações são controladas<br />

através de um punho em alumínio, com um desenho<br />

semelhante ao que ainda nos recordamos do S2000,<br />

e conta com um comando curto com um curso<br />

de apenas 40mm. E o Civic Type R, segundo Kotaro<br />

Yamamoto, nunca será equipado com uma caixa<br />

de velocidades automática, nem como opção.<br />

O turbocompressor escolhido é monoscroll, ao<br />

contrário do que se costuma veriicar na maioria<br />

dos modelos atuais, sendo que isto se deve apenas ao<br />

facto de esses sistemas não conseguirem lidar com<br />

os regimes mais elevados que este motor consegue.<br />

Assim, a disponibilidade de potência a baixos<br />

regimes ica um pouco mais limitada, mas os ganhos<br />

078 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


NISSAN ZEOD<br />

Being a racing<br />

driver – it’s not all<br />

Os capacetes<br />

já estão à nossa<br />

espera na box<br />

Este é o primeiro<br />

motor turbo a gasolina<br />

fabricado pela Honda<br />

“MUITOS DOS<br />

COMPONENTES<br />

DO TYPE R<br />

FORAM<br />

INSPIRADOS<br />

NO CIVIC QUE<br />

A MARCA USA<br />

NO WTCC”<br />

Os três Civic<br />

Type R que vieram<br />

para a Europa<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

079


CIVIC TYPE R<br />

As estradas mais sinuosas<br />

são também as mais<br />

divertidas para este Civic<br />

080 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


“NÃO HÁ NADA<br />

NO TYPE R<br />

DESTINADO<br />

APENAS A SER<br />

BONITO, TODOS<br />

OS COMPONENTES<br />

TÊM UMA FUNÇÃO<br />

ESPECÍFICA”<br />

que se conseguem nos regimes mais elevados<br />

acabam por compensar. Ainda assim,<br />

o funcionamento dos sistemas V-TEC e dual VTC<br />

acabam por compensar este ponto. O controlo<br />

da pressão do turbo é feito através de uma válvula<br />

wastegate com comando elétrico.<br />

No Civic Type R foi também instalado um<br />

diferencial dianteiro autoblocante, assegurando<br />

uma dinâmica mais apurada, sendo que esta solução<br />

foi a responsável por se terem reduzido quase cinco<br />

segundos no tempo por volta ao Nordschleife<br />

nos testes iniciais desde modelo.<br />

No que diz respeito à aerodinâmica, Kotaro<br />

Yamamoto diz-nos que, apesar do visual mais<br />

agressivo do Civic Type R, não há nada no Type R<br />

destinado apenas a ser bonito, e todos os<br />

componentes têm uma função especíica.<br />

Em jeito de exemplo, o spoiler traseiro com<br />

a iluminação mais original que estava presente no<br />

concept do Type R só não passou para a versão<br />

de produção porque tornava o carro mais lento.<br />

Muitos dos componentes do Type R foram<br />

inspirados no Civic que a marca usa no WTCC.<br />

Está presente uma saia frontal bastante grande<br />

e saias laterais. O recorte nos para-lamas dianteiros<br />

consegue reduzir a turbulência nas rodas,<br />

e as saídas de ar laterais junto às portas dianteiras<br />

e as existentes na zona superior dos para-lamas<br />

destinam-se a deixar sair o ar que entra pela enorme<br />

entrada de ar dianteira arrefecendo<br />

o compartimento do motor, sem criar uma grande<br />

resistência aerodinâmica.<br />

A suspensão do Civic foi adaptada a esta versão<br />

e conta com uma geometria de duplo eixo, o que<br />

acaba por reduzir o torque steer, ou a tendência<br />

para o carro se desviar da trajetória nas acelerações,<br />

e permite um controlo muito mais preciso em<br />

curva. Além disso, o sistema de amortecimento<br />

adaptativo existente nas quatro rodas consegue<br />

efetuar inúmeras medições por segundo e ir<br />

ajustando a irmeza da suspensão de uma forma<br />

individual, em cada roda, proporcionando assim<br />

muito mais tracção nas acelerações e uma<br />

estabilidade mais elevada em curva. Além disso, a<br />

Honda optou ainda por colar diversos componentes<br />

do chassis e da carroçaria, aumentando<br />

consideravelmente a sua rigidez, sem prejudicar<br />

muito o peso deste modelo, que ainda consegue<br />

manter-se abaixo dos 1.400 quilos.<br />

Os pneus do Civic Type R foram desenvolvidos<br />

em conjunto com a Continental e são instalados em<br />

jantes negras de 18 polegadas, que cobrem de uma<br />

forma muito bonita as pinças de travão vermelhas<br />

com a assinatura da Brembo, a marca responsável<br />

pelo desenvolvimento do sistema de travagem desta<br />

versão do Civic.<br />

O modo “+R” do Honda Civic Type R é um<br />

pequeno botão existente do lado esquerdo do painel<br />

de instrumentos, mas que consegue mudar<br />

consideravelmente a dinâmica deste modelo,<br />

transformando-o, segundo as palavras de Gabriele<br />

Tarquini, num “autêntico carro de corrida”. Assim<br />

que o premimos, a resposta ao acelerador é muito<br />

mais imediata, a direção ica um pouco mais pesada<br />

para um controlo ainda mais preciso, o controlo de<br />

estabilidade assume uma postura um pouco mais<br />

Toda a aerodinâmica<br />

do Type R é funcional<br />

HOT HATCHES<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

081


Mesmo de noite,<br />

o visual do Type R<br />

é muito agressivo<br />

HONDA CIVIC<br />

TYPE R<br />

Preço: € 39.400<br />

Motor: 1.996 cc, 4 cil.,<br />

310 cv, 400 Nm<br />

Performance: 0‐100<br />

km/h em 5,7 seg.;<br />

vel. máx.: 270 km/h<br />

Transmissão: Manual<br />

de 6 vel., tr. dianteira;<br />

Consumo/emissões:<br />

7,3 l/100 km, 170 g/km CO 2<br />

Peso: 1.382 kg<br />

No modo +R,<br />

tudo ica ainda<br />

mais vermelho<br />

Ao volante, todos os<br />

comandos essenciais<br />

estão ali por perto<br />

“A PRIMEIRA<br />

VOLTA É PARA<br />

VER PARA QUE<br />

LADO SÃO AS<br />

CUVAS, MAS NA<br />

SEGUNDA JÁ<br />

VAMOS PUXAR<br />

PELO TYPE R”<br />

082 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


NISSAN CIVIC TYPE ZEOD R<br />

tolerante e a suspensão ica mais irme em cerca<br />

de 30 por cento. Perde-se um pouco em conforto, é<br />

certo, mas o que se ganha no desempenho em pista<br />

faz com que valha a pena o “sacrifício”. Tudo isto<br />

na teoria, claro, uma vez que a prática icou para<br />

o segundo dia do evento, com o Slovakian Ring<br />

como palco dos acontecimentos.<br />

Depois de uma noite bem dormida, uma viagem<br />

de autocarro mais longa que o desejado e de<br />

provarmos que tínhamos carta de condução, foi-nos<br />

atribuído um piloto proissional como instrutor,<br />

escolhemos um capacete, entrámos num Civic Type<br />

R e fomos para a pista. A primeira volta é para ver<br />

para que lado são as curvas e com a nossa instrutora<br />

a aconselhar-nos sobre a mudança e a trajetória<br />

ideal para cada curva, mas na segunda já vamos<br />

puxar pelo Type R. Com uma sonoridade muito<br />

cativante para um motor de quatro cilindros,<br />

especialmente quando as passagens de caixa são<br />

feitas com o ponteiro do conta-rotações muito<br />

próximo das 7.000 rpm, o Civic quase que nos vai<br />

provocando para conduzirmos mais depressa.<br />

O sopro do turbo é inevitável e quase assustador<br />

quando mantemos o pedal do lado direito em baixo<br />

e o deixamos respirar da melhor forma, mas assim<br />

que tiramos o pé, a válvula wastegaste parece dar um<br />

espirro que nunca nos vamos importar de ouvir.<br />

A primeira impressão dada pelo Civic Type R<br />

é de que conseguimos perceber tudo o que está<br />

a acontecer e o que se passa em qualquer uma das<br />

rodas. Obviamente que com 310 cavalos no eixo<br />

dianteiro, as saídas de frente vão ser sempre<br />

inevitáveis, mas a precisão do Civic parece<br />

deixar-nos com coniança suiciente para abusar<br />

e aprender como tirar partido ou evitar esta<br />

tendência subviradora.<br />

Para as próximas duas voltas, dizem-nos para<br />

ativar o modo “+R” que ouvimos falar na<br />

conferência de imprensa e nota-se que o motor<br />

passou a estar muito mais alerta às solicitações do<br />

acelerador e que a suspensão está bem mais irme.<br />

O Civic TypeR torna-se ainda mais preciso e muito<br />

mais eicaz, mas também mais comunicativo. Na<br />

terceira volta ao Slovakian Ring, já estamos a tentar<br />

rodar a traseira, levantando um pouco o pé a meio<br />

da curva e logo de seguida a usar o acelerador com<br />

mais vigor, de forma a deixar trabalhar o diferencial<br />

dianteiro, que nos consegue voltar a puxar para<br />

o interior da curva. A volta seguinte é a de<br />

arrefecimento, mas depois do nosso teste<br />

seguem-se as voltas ao circuito com o Tiago<br />

Monteiro ao volante. E agora sim, de uma forma<br />

muito simples e completamente tranquila, o Tiago<br />

explica-nos justamente como podemos tirar<br />

partido do rodar o carro em curva com a ajuda do<br />

diferencial e do deixar escorregar um pouco o eixo<br />

traseiro e como o Civic TypeR se presta facilmente<br />

a todas estas manobras em pista e sem sustos.<br />

O Honda Civic TypeR chegará a Portugal em<br />

setembro com duas versões. A versão base tem um<br />

preço de 39.400 euros, mas já inclui as jantes de liga<br />

leve de 19 polegadas, os faróis em LED, os bancos<br />

desportivos, o sistema Honda Connect, a câmara<br />

traseira de estacionamento e o característico punho<br />

da caixa de velocidades em alumínio. Mas, para<br />

os mais exigentes, a Honda terá também o nível<br />

de equipamento GT, que acrescenta a tudo isto os<br />

sistemas de segurança mais completos, os sensores<br />

de estacionamento traseiros e dianteiros, um<br />

sistema de som mais elaborado, o ar condicionado<br />

automático, os sensores de luz e chuva e alguns<br />

elementos decorativos em vermelho no habitáculo<br />

e na carroçaria, sendo que o preço desta versão GT<br />

será de 41.900 euros. Para toda a gama, há cinco<br />

cores disponíveis, sendo o vermelho o único que não<br />

requer um aumento de preço. O azul, o preto e o<br />

cinzento são uma opção de 480 euros, e o branco<br />

mais característico dos Honda Type R exige um<br />

investimento de mil euros. Ainda assim, e com tudo<br />

isto somado, o Civic Type R vai dar muito que falar<br />

nos próximos tempos e muito que fazer aos seus<br />

principais rivais. O tempo de 7:50,63 registado<br />

numa volta ao Nordschleife, foi apenas um dos<br />

primeiros passos. E nós vamos estar na primeira ila<br />

de tudo isto, a assistir com muita curiosidade a tudo<br />

o que se vai passar. Bem-vindo, Civic Type R!<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

083


M TAMANHO XL<br />

084 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


BMW X5 M<br />

Não se deixe enganar<br />

pelo jogo de letras.<br />

O BMW X5 M é um<br />

verdadeiro desportivo com<br />

capacidade para levar a família<br />

e subir passeios sem grandes problemas<br />

TEXTO: PAULO PASSARINHO / FOTOS: MANUEL PORTUGAL<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

085


BMW X5 M<br />

unca gostei de tamanhos grandes.<br />

N<br />

Passar de M a L foi um dos maiores<br />

desânimos da minha maioridade.<br />

Abrir o guarda-fatos e selecionar apenas<br />

as camisas que não revelam o crescimento<br />

da barriga é uma prioridade no ego dos<br />

homens. A solução passa por uma dieta<br />

equilibrada, exercício regular e porque não a ajuda de algumas<br />

máquinas em centros de estética… São coisas típicas da idade.<br />

Mas a idade, para além das preocupações estéticas, traz alguma<br />

ponderação e passamos a ter outros prazeres na vida. Lá está,<br />

passado um tempo deixamos de nos voltar a preocupar tanto com<br />

o L que entretanto passa de forma natural a M e por vezes com<br />

o adiantar da idade chega inclusive ao S.<br />

Que tem isto a ver com o novo BMW X5 M? Estranhamente,<br />

ou talvez não, tem tudo a ver. Não sou fã de SUV. Talvez porque<br />

com uma altura de 1,75 não me vejo dentro de um modelo mais<br />

alto do que eu ou próximo disso. Bem, complexos com a barriga<br />

e com a altura? Nada disso, apenas uma simpática forma<br />

de abordar este teste.<br />

A verdade é que nos últimos tempos as marcas automóveis<br />

têm-se esforçado para que eu mude de ideias sobre formatos e não<br />

é que este X5 M é um bom representante desse empenho?<br />

É que se por um lado o tamanho pode assustar (e é bom que<br />

assuste como irá perceber), já as prestações têm (quase) tudo<br />

para o fazer feliz.<br />

Pressione o botão que ativa a ignição e de imediato percebe<br />

que algo de muito potente está ao seu dispor. O X5 M apresenta<br />

o motor V8 4.4 biturbo de 575 cavalos de potência. Dito desta<br />

forma, até custa a respirar e ainda nem sabe que o binário máximo<br />

ascende a uns obscenos 750 Nm. Acredite que quando pressionar<br />

o pedal da direita irá esquecer-se de todas as dimensões<br />

do modelo, ou melhor esquecer-se do peso (2.350 quilos),<br />

porque das dimensões será difícil.<br />

A marca anuncia uma aceleração fulgurante de 4,2 segundos<br />

dos 0 aos 100 km/h e uma velocidade máxima de 250 km/h<br />

(limitada eletronicamente na ausência do “M Drivers Pack”).<br />

Se está a pensar na questão dos consumos e das emissões<br />

de CO 2 , arrumo já com esse “problema”: nem lhe digo quanto<br />

a marca anuncia, digo antes que em condução normal não se<br />

consegue descer dos 17 litros aos 100 km. Se acelerar um pouco<br />

que seja torne-se acionista da Galp na primeira oportunidade…<br />

Não pense que é um defeito é mais o feitio de um desportivo<br />

de grande porte.<br />

O BMW X5 M permite o mesmo tipo de ajustes de condução de<br />

qualquer M moderno. A saber, tem a possibilidade de personalizar<br />

dois parâmetros próprios de condução (M Drive) ou ir<br />

experimentando diversas combinações de entre as disponíveis na<br />

consola central: resposta do acelerador, nível de assistência da<br />

“O TAMANHO PODE<br />

ASSUSTAR (E É BOM<br />

MESMO QUE ASSUSTE)”


Bancos desportivos envolventes.<br />

O lugar perfeito para desfrutar de<br />

umas belas horas de condução<br />

direção, regime de passagem de caixa ou irmeza da suspensão.<br />

É altura de experimentar as emoções. Tal como num<br />

encontro que se pretende amoroso, na primeira noite a sós<br />

convém não ir logo com muita sede ao pote. O BMW X5 pode<br />

parecer um enorme monstro, mas não se deixe enganar pelo<br />

seu tamanho. Em menos tempo do que aquele que leva a pensar<br />

sobre o assunto já irá a velocidades muito para além do<br />

proibitivo. Refrear é preciso. A forma como o motor sobe<br />

de regime é impressionante. Às 2.200 rpm tem 750 Nm à sua<br />

disposição. Não há muitos modelos que lhe possam fazer frente<br />

nesse aspeto. Com estas dimensões e conforto a bordo não me<br />

ocorre mesmo nenhum. Os engenheiros alemães que<br />

decidiram acoplar um duplo turbo a este V8 conseguiram<br />

provocar uma verdadeira orquestra de emoções e sentidos.<br />

O som que o motor emite é o equivalente a uma tempestade<br />

tropical na sua força máxima. Se há carros que nos apetece ir<br />

para dentro de um túnel com os vidros abertos, para melhor<br />

podermos ouvir os seus escapes, neste não será necessário.<br />

Aliás, basta ligar a ignição. De repente é dos poucos que me<br />

lembro que abafou o escape de uma certa Harley-Davidson<br />

que de vez em quando desce à garagem. E é um som tão forte,<br />

tão potente, tão bom!<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

087


BMW X5 M<br />

A imponente grelha a encher<br />

o retrovisor traseiro do carro<br />

da frente é cá uma visão...<br />

A posição de condução elevada<br />

confere-nos a sensação de<br />

estarmos no controlo do mundo<br />

Ao ralenti parece que está a abanar qual barco em mar<br />

agitado. Nada disso, apenas está a provocar-nos. O arranque é<br />

brutal, tal a forma como a tração integral se encarrega de fazer<br />

mover o colosso sem o mínimo de esforço. Mas o que<br />

verdadeiramente impressiona é a forma como este podelo<br />

permite ser conduzido como um vulgar desportivo. Como referia<br />

no início do texto, é relativamente fácil esquecermo-nos de que<br />

estamos ao volante de uma peça de engenharia com mais<br />

de duas toneladas e quase cinco metros de comprimento por dois<br />

de largura. Destaque para o incansável sistema de travagem M<br />

que mantém a sua eicácia durante muito mais tempo do que<br />

a anterior geração. Fazer o X5 M perder a compostura é algo que<br />

só aconselho se puder conduzir numa pista ou num aeródromo.<br />

Em estrada aberta não vai querer sentir a falta das ajudas<br />

eletrónicas do modelo. Com tudo ligado vai poder continuar<br />

“AO RALENTI PARECE QUE<br />

ESTÁ A ABANAR COMO UM<br />

BARCO EM MAR AGITADO.<br />

APENAS ESTÁ A PROVOCAR!”<br />

Em movimento não parece tão<br />

assustador pois não? A nova<br />

geração é mais luída no desenho<br />

a divertir-se e ao mesmo tempo transportar confortavelmente a<br />

família a bordo. E é justamente a pensar nisso que no interior, a<br />

par do toque desportivo, há muito de requinte. A começar<br />

justamente pelo entretenimento para si e para a família.<br />

Para si, o sistema de som Harman Kardon Premium Logic 7,<br />

com ampliicador digital de 600 watts e um conjunto de 16<br />

altifalantes, entre sete parelhas de tweeters e médios (espalhados<br />

pelo interior) e dois subwoofers ativos (localizados debaixo dos<br />

bancos dianteiros). Para desfrutar da experiência de som (e para<br />

aliviar um pouco a tensão provocada pelo ronco inebriante do<br />

conjunto motor-escape), os bancos dianteiros M em pele têm<br />

múltiplas regulações elétricas. Há, para os passageiros do banco<br />

de trás, duas televisões nas costas dos bancos dianteiros. É um<br />

sistema multimédia com capacidade de recepção de sinal<br />

de televisão TDT com comando à distância por infravermelhos.<br />

A fatura total para poder adquirir um modelo onde, para além<br />

da superexclusividade garantida, existe uma certa dose de<br />

loucura por poder sentir-se quase inalcançável é elevada. Com<br />

os inúmeros extras que a marca já nos habituou, vai necessitar<br />

de 190 mil euros para se tornar o feliz proprietário deste X5 M.<br />

Não será com certeza o tipo de M que irá levar para um<br />

autódromo, mas é bom sentir que, se assim desejar, poderá<br />

fazê-lo e com elevado brio. Também não é propriamente um SUV<br />

para nos aventurarmos em caminhos de terra pela mata fora,<br />

mas novamente é bom saber que um troço ou outro está<br />

igualmente acessível sem grande frustração de sentidos.<br />

O BMW X5 M é um veículo na categoria destinada<br />

a conhecedores. Não pode preocupar-se com consumos, não<br />

pode pensar em estradas estreitas e acima de tudo não poderá<br />

importar-se de que todos o olhem com receio de que lhes vá<br />

passar por cima a qualquer instante.<br />

Se já chegou à idade em que não se importa que a sua camisa<br />

seja um tamanho acima daquele que vestia há uns anos atrás, isso<br />

pode ser bom sinal. Signiica que está no lote daqueles que<br />

eventualmente compram um X5 M.<br />

088 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


BMW X5 M<br />

Preço: € 190.278<br />

(v. ensaiada);<br />

Motor: 4.395 cc, V8 biturbo,<br />

575 cv às 6.000-6.500 rpm,<br />

750 Nm às 2.200-5.000 rpm<br />

Prestações:<br />

0-100 km/h em 4,2 seg.,<br />

v. máx. 250 km/h (limitada)<br />

Transmissão: tração integral,<br />

caixa automática 8 vel.<br />

Consumo e emissões: 11,1 l/100 km<br />

e 258 g/km CO 2<br />

Peso: 2.350 kg<br />

Adornar? Como? A tração<br />

integral é um precioso<br />

aliado em condução<br />

Travões de alta<br />

perfomance estão<br />

aqui presentes<br />

O espelho tem o<br />

tratamento aerodinâmico<br />

idêntico a outros M


BMW SÉRIE 7<br />

NA ROTA DO<br />

CARBONO<br />

090 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Mais leve, mais dinâmico e com vasta<br />

introdução de novas tecnologias.<br />

Fomos ver o novo BMW Série 7<br />

TEXTO: PAULO PASSARINHO (MUNIQUE) / FOTOS: OFICIAIS<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

091


BMW SÉRIE 7<br />

moda do emagrecimento e redução de peso parece ter tomado<br />

de assalto todos os engenheiros das marcas de automóveis.<br />

A<br />

Não há uma única apresentação nos últimos meses onde esse<br />

item não seja um dos mais visados. Para além das razões<br />

ecológicas, ambientais e de economia de combustível há<br />

outras que não são de desprezar. Menos peso é sinónimo de menores custos<br />

de produção num mundo onde qualquer parafuso a mais ou a menos pode fazer<br />

a diferença no momento da passagem da fatura ao consumidor.<br />

A BMW não deixou os seus créditos por mãos alheias. Talvez já a adivinhar<br />

a rápida associação entre o peso e a produção, e aproveitando o lançamento<br />

mundial do seu porta-estandarte, convidou um restrito grupo de jornalistas,<br />

numa rara oportunidade, a conhecer o complexo de Dingoling onde<br />

é justamente produzido, entre outros, o novo Série 7.<br />

Este complexo, com mais de 1,6 mil metros quadrados foi inaugurado em<br />

1973 e é o maior de toda a rede de produção da marca. Emprega mais de 17.500<br />

pessoas e conta ainda com 800 colaboradores. Mais impressionante é o nível<br />

de automação com cerca de cinco mil robots. O complexo é multifuncional<br />

e operacional. A lexibilidade permite produzir 17 diferentes tipos de modelos<br />

de cinco gamas distintas. Por dia são produzidos cerca de 1.600 veículos (só<br />

não fazem Série 1, 2 e a linha X). Em 2014 produziram 396.027 veículos – isso<br />

corresponde à produção de um em cinco BMW vendidos no mundo. Para além<br />

das unidades de produção, em Dingoling existe ainda um centro de testes<br />

e vários núcleos de desenvolvimento. É daqui que partem os mais avançados<br />

estudos sobre as aplicações do carbono para os diferentes modelos da marca.<br />

O conhecimento adquirido pela BMW na concepção e construção do i3 e i8<br />

permitiu ao construtor desenvolver toda uma nova plataforma para o seu novo<br />

topo de gama onde marca presença um elemento que lhe permite estar na<br />

dianteira em termos tecnológicos: o carbono. De facto, o novo BMW Série 7<br />

chega ao mercado com um conjunto de novidades, mas a maior de todas<br />

e aquela que mais afeta as suas capacidades é o novo chassis construído com<br />

recurso a ibra de carbono reforçada com plástico (CFRP), combinada com<br />

alumínio e aço. Este novo elemento contribui, em conjunto com outras<br />

alterações para uma poupança no peso total do carro em cerca de 130 quilos,<br />

face a versões equivalentes do antecessor. A força do carbono será vincada<br />

com um pequeno logo “Carbon Core” cravado no pilar B, apenas visível com<br />

as portas abertas.<br />

A nova berlina de luxo germânica visa diretamente o Classe S da rival de<br />

Estugarda ou o A8 da marca de Ingolstadt. Por isso, o construtor de Munique<br />

muniu-se das mais diversas ferramentas tecnológicas e técnicas para este<br />

modelo. É um segmento onde o luxo impera e a exclusividade paga-se.<br />

O cliente quer o melhor do melhor e, portanto, as marcas premium batalham<br />

de forma feroz pelo protagonismo a este nível.<br />

“ O NOVO BMW SÉRIE 7 IRÁ APRESENTAR<br />

UM CHASSIS COM FIBRA DE CARBONO<br />

REFORÇADA (CFRP), ALUMÍNIO E AÇO”


CONTROLO POR<br />

MOVIMENTO<br />

INTERIOR<br />

TOTALMENTE<br />

RENOVADO<br />

ALTA ATENÇÃO<br />

AOS DETALHES<br />

CAPACIDADE DE<br />

ESTACIONAMENTO<br />

REMOTO<br />

FARÓIS EM LASER<br />

POR OPÇÃO<br />

AOS LED<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

093


BMW SÉRIE 7<br />

ATRÁS CONTARÁ COM<br />

UM TABLET SAMSUNG<br />

EXCLUSIVO PARA SI<br />

O SÉRIE 7<br />

É PRODUZIDO<br />

EM DINGOLFING<br />

094 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


“É UM SEGMENTO ONDE O LUXO IMPERA E A<br />

EXCLUSIVIDADE PAGA-SE. AS MARCAS PREMIUM<br />

BATALHAM AQUI PELO PROTAGONISMO”<br />

Em termos estéticos, a linha do novo Série 7 é agora mais esguia e elegante<br />

do que o seu antecessor. Há um maior dinamismo logo evidente na<br />

proeminente grelha frontal, com os rins maiores e com os faróis maiores<br />

a terminarem junto a estes. Vem equipado, de série, com tecnologia LED<br />

e pode, em opção, receber luz laser como já experimentamos no i8.<br />

O dinamismo do modelo está presente em vários pontos. Na lateral, a abertura<br />

de ar em forma de cunha assume particular destaque nas versões com pack M.<br />

O novo Série 7 contará com dois blocos a gasolina – o três litros de seis<br />

cilindros em linha com 326 cavalos (740i) e 4,4 litros V8 com 450 cavalos (750i)<br />

– e o já conhecido bloco diesel de três litros com seis cilindros e 265 cavalos<br />

(730d). Mais tarde irá aparecer um novo Plug-in híbrido que recorre ao motor<br />

2.0 Twinturbo acoplado a um gerador elétrico para uma potência combinada<br />

de 326 cavalos (740e drive). Este motor promete consumos de 2,1 litros aos 100<br />

km, emissões de 49 g/km de CO 2 e autonomia elétrica até aos 40 quilómetros.<br />

Com a apresentação dinâmica marcada para a bela zona portuguesa<br />

do Douro, mas só lá mais para o inal do verão, os engenheiros limitaram-se<br />

a revelar que o BMW Série 7 terá pela primeira vez suspensão adaptativa<br />

automática a ar, para ajustar a altura ao solo e a rigidez do conjunto<br />

mola/amortecedor em função do piso e da condução, sistema de quatro rodas<br />

direcionais e ainda um sistema para evitar o rolamento da carroçaria.<br />

O série 7 promete menor peso, maior rigidez e melhores sistemas<br />

de controlo, e será, por isso, com certeza um modelo que se poderá conduzir<br />

dentro do espírito que a marca bávara tanto habituou os clientes.<br />

Mas se há local onde as inovações tecnológicas atingem o seu clímax<br />

é o interior do novo modelo. A começar desde logo pela forma como se acede<br />

ao mesmo. A BMW desenvolveu em primeira mão mundial um comando<br />

de abertura de porta com miniecrã digital que permite aceder a um conjunto<br />

de funções básicas e informações sobre o modelo. Esta chave com controlo<br />

remoto possibilita ainda estacionar de forma autónoma o Série 7,<br />

aproveitando por exemplo espaços entre paredes onde a abertura das portas<br />

seria impossível.<br />

Dentro do renovado habitáculo destaque para o atualizado iDrive, com ecrã<br />

tátil, que permite controle em algumas funções através de gestos, como por<br />

exemplo para atender chamadas, alterar o volume do rádio, entre outros.<br />

Para os passageiros dos bancos de trás, e talvez a pensar nos mercados<br />

emergentes onde muitos destes carros, vendidos em versões longas, são<br />

conduzidos não pelos proprietários mas por motoristas, existe um tablet<br />

Samsung com sistema Android. Não é comparável com qualquer outro modelo<br />

pois foi desenvolvido especiicamente para o BMW, mas quem estiver<br />

familiarizado com o sistema terá grande facilidade em operar. Controle de ar<br />

condicionado, acesso a televisão, navegação e muitas outras funcionalidades<br />

estão igualmente presentes.<br />

Depois de um dia intenso resta aguardar pela oportunidade de condução.<br />

A chegada ao mercado português está agendada para o início do último trimestre<br />

do ano e é grande a expetativa de poder aferir das qualidades dinâmicas de um<br />

modelo que a marca insiste que será uma surpresa neste campo.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

095


Z06 VS. AVENTADOR


Ácidos, doces e refrescantes...<br />

Corvette Stingray Z06 Convertible<br />

viaja com Lamborghini Aventador<br />

LP700 roadster<br />

texto: PAT DEVEREUX /<br />

FotoS: ROWAN HORNCASTLE<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

097


Cores simples em<br />

busca dos prazeres<br />

simples desta vida<br />

ionne Warwick estava errada. Los<br />

D<br />

Angeles não é apenas uma longa<br />

autoestrada. É uma longa autoestrada<br />

cerca por algumas das melhores estradas<br />

do mundo. Estradas com alcatrão<br />

impecável, aquecidas pelo sol quase<br />

permanente e rodeadas por paisagens<br />

que o fazem parar e apontar com cara de parvo.<br />

Sim, LA também tem os seus problemas de trânsito – o trânsito<br />

lento é uma autêntica dor de cabeça a qualquer hora após as 14:30.<br />

Mas compensa o condutor com uma vasta rede de estradas (quase<br />

desertas) junto a desiladeiros, costas e montanhas, que se<br />

estendem ao longo da região, do reluzente Oceano Pacíico a<br />

ocidente até ao árido deserto a oriente.<br />

É o sítio perfeito para testar as capacidades de qualquer carro<br />

rápido, mas em especial para compreendermos os talentos – e os<br />

problemas – de um superdescapotável novo como o Corvette<br />

Stingray Z06. Para além da meteorologia e da topograia, este é<br />

sítio onde a versão de capota do supercarro preferido dos EUA – e<br />

vencedor de um prémio TG – será mais vendida e usada. Se o carro<br />

não for bom aqui, não tem qualquer hipótese no resto do mundo.<br />

Só para manter o Chevy atento, e para ter a perspetiva<br />

europeia, trouxemos connosco um Lamborghini Aventador<br />

LP700 Roadster – 350 km/h de velocidade máxima! Já testámos<br />

este carro, o últimos dos supercarros a sério na nossa opinião, mas<br />

nunca aqui. Queremos saber como lida com estas estradas<br />

norte-americanas... e com o Z06.<br />

Em teoria, o Chevy de 650 cv está em desvantagem em relação<br />

aos 700 cv do Lambo já que ambos pesam 1.625 kg. Espera-se que o<br />

italiano com o seu V12, uso intensivo de carbono, suspensão<br />

Öhlins, tração integral – e o simples facto de ser um Lamborghini<br />

– seja melhor. Mas é melhor esperar para chegarmos a uma<br />

conclusão. Este não é um confronto direto, mas vamos aprender<br />

muito sobre ambos os carros nos próximos dias.<br />

Tipicamente, começaríamos uma viagem destas em Los<br />

Angeles e terminaríamos num ponto qualquer interessante<br />

situado a centenas ou até milhares de quilómetros. Desta vez,<br />

vamos icar pela região. Os residentes de LA gabam-se de existir<br />

por aqui uma mistura tão grande de condições que podem ir<br />

esquiar de manhã, surfar de tarde e jantar num oásis no deserto. E<br />

é verdade... caso acorde cedo e tenha um helicóptero à disposição.<br />

Optámos por fazer o equivalente automóvel, mas sem<br />

quaisquer pressas. Um passeio pela costa, um ataque às estradas<br />

tortuosas sobre Malibu e depois a subida ao longo das montanhas<br />

San Gabriel e posterior descida calma até Santa Monica. Podíamos<br />

fazer tudo num dia, mas para quê apressar a experiência?<br />

Dividimos então a viagem em dois dias e, para lhe conceder um<br />

pouco de cor, convidámos dois condutores locais a<br />

experimentarem os carros. Já conhecemos muitas das estradas<br />

desta zona, mas pensámos que seria boa ideia pedir a opinão dos<br />

convidades. E também queremos saber o que pensam dos dois<br />

carros. O Z06 é um carro interessante para nós, mas faz parte do<br />

imaginário coletivo americano. Será que cumpre o prometido ou é<br />

totalmente suplantado pelo Aventador verde-lima?<br />

Com todas estas perguntas ainda por responder, estacionamos<br />

ambos os carros no parque perto da praia, baixamos as capotas –<br />

dois painéis em carbono no Lambo e uma capota em tecido no<br />

Vette – e esperamos pela chegada do primeiro conduto convidado.<br />

Em LA, terra obcecada por novidade e pela vaidade, o aspeto é a<br />

sua qualidade mais importante – logo a seguir à conta bancária,<br />

claro. O primeiro teste foi, portanto, saber qual dos carros atraía<br />

mais atenção. Para nós, o Aventador tem uma silhueta familiar,<br />

pelo que o Z06 amarelo, totalmente novo, foi a nossa aposta.<br />

Perdemos a aposta. Assim que estacionamos os carros, todos<br />

os skaters, ciclistas, caminhantes e vagabundos – até as gaivotas –<br />

cercam o Aventador, e pouco faltou para se porem em cima do<br />

Vette para verem melhor o italiano. Sendo o último modelo<br />

sobrevivente da marca que ostenta a total liberdade de design que<br />

marcou a Lamborghini na década passada, o Aventador atrai<br />

multidões como o primeiro dia de saldos no Harrods. Alguns fãs de<br />

carros investigam o Z06 e manifestam o seu agrado com o carro,<br />

mas o Lamborghini é o claro centro das atenções.<br />

Quando já pensávamos em cobrar às pessoas para verem o<br />

Aventador, Ryan Phinny, o nosso primeiro convidado, chega.<br />

Decidimos partir. Ryan já competiu em diversas disciplinas tanto<br />

na Europa como nos Estados Unidos, e será o primeiro novato<br />

norte-americano em três anos em IndyCar na próxima temporada.<br />

Ryan acorda a pensar em carros, passa o dia a conduzir e a falar<br />

sobre carros e gosta de acabar o dia com uma boa conversa sobre,<br />

isso mesmo, mais carros. É o convidado perfeito.<br />

Ao vê-lo sair disparado do parque de estacionamento, com a<br />

nota de escape grave do Z06 – o tom supersónico do Lambo é bem<br />

“ Se o Z06 nÃo FoR BoM<br />

aQUi, nÃo teM hipÓteSe<br />

no ReSto do MUndo”


Z06 VS. AVENTADOR<br />

O Corvette não<br />

deixa o Lambo<br />

ganhar vantagem<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

099


Z06 VS. COUPES AVENTADOR<br />

mais agudo – a ecoar nos penhascos e desiladeiros, sentimo-nos mal<br />

pela falta de atenção que o carro recebeu. Mas a nossa opinião iria<br />

mudar em breve. Uma loira que conduzia um Golf GTI vermelho<br />

ignorou completamente o Aventador e dirigiu-se para Ryan, no Vette.<br />

Apesar de ser impossível perceber se ela está tão animada por adorar o<br />

carro ou o condutor ou por odiar ambos – é difícil discernir os seus<br />

gestos –, o Stingray ica com mais um ponto. Está a receber atenção, e é<br />

isso que importa neste caso.<br />

A outra revelação na estrada junto à costa é que os carros são muito<br />

diferentes. Com os painéis do Lamborghini guardados na bagageira<br />

dianteira, mesmo com os bancos na posição mais baixa é possível sentir<br />

o vento que invade o habitáculo. Isto transforma o penteado de quem<br />

estiver no Aventador (se tiver cabelo) numa espécie de permanente em<br />

cinco minutos. O Vette é, comparativamente, calmíssimo com a capota<br />

e as janelas abertas. Nenhum dos carros inclui um deletor de vento,<br />

mas só o Lambo precisaria dele. Com a capota rígida posta ou não, não<br />

há qualquer vestígio de torção por parte do exótico chassis em carbono<br />

do Aventuador. Já o habitáculo do Vette é atormentado por um outro<br />

tremor, mas a estas velocidades de passeio é pouco preocupante – os<br />

amortecedores magnéticos da terceira geração compensam as<br />

imperfeições dos restantes elementos do carro.<br />

Assim que chegámos a Malibu, terra dos ricos e dos ainda mais ricos,<br />

deparámo-nos com um outro tipo de compensação. Há supercarros um<br />

pouco por todo o lado, um LaFerrari estacionado na rua como se fosse<br />

um Ford Focus, diversos Bentley e Rolls-Royce a despontarem dos seus<br />

lugares de estacionamento. Miúdos com Rolex Daytona no pulso. É<br />

assim a vida por aqui. Algumas pessoas olham para nós – estão mais<br />

interessados em quem está a conduzir do que nos carro em si –, e nada<br />

mais. Fazemo-nos às estradas mais interessantes.<br />

Por muito calma que fosse a estrada costeira, assim que fazemos<br />

uma curva à direita e começamos a subir a encosta em direção ao<br />

desiladeiro, o cenário é diferente. Há curvas rápidas à direita e à<br />

esquerda, ganchos apertados seguidos de curvas rápidas e cegas que<br />

dão lugar a pequenas retas. Por aqui, seria de esperar que o Lambo, com<br />

tração integral e motor atmosférico, fosse o mais rápido dos dois carros.<br />

E é precisamente isso que parece ao início, a suspensão irme e a direção<br />

pesada aproximam-no da ação e deixam-no sentir tudo o que se passa,<br />

com o carro a rugir e a gritar na subida pela encosta.<br />

Mas uma olhadela rápida pelo retrovisor revela que Ryan, em vez de<br />

ser um ponto distante, tem o Vette a alguns centímetros do<br />

para-choques traseiro do Aventador. Claro que a facilidade com que o<br />

faz tem a ver com o facto de ser um piloto, mas quando trocamos de<br />

carro torna-se óbvio que essa é só parte da história.<br />

O Z06 é mais composto, uma onda sinusodial suave comparada ao<br />

violento evento seismográico do Aventador. O motor começa a puxar<br />

às 1.000 rpm e só acalma quando atinge o limitador de rotações. A caixa<br />

manual de sete relações, com a genial tecnologia de sincronização de<br />

rotações, torna as passagens suaves e à prova de idiotas. E a tração,<br />

graças aos magníicos pneus Michelin Cup 2 (várias pessoas<br />

avisaram-nos que tínhamos os pneus carecas – não estavam, eles já<br />

nascem assim), e ao Performance Traction Management (cuja ação se<br />

assemelha a bruxaria), é assombrosa. Não só Ryan como todos os<br />

membros da nossa equipa icaram impressionados com o americano.<br />

Após mais 4.607 curvas, chegamos à zona da Mulholland Highway<br />

conhecida como The Snake. É para aqui que motociclistas e condutores<br />

se dirigem aos ins de semana para percorrerem (e verem outros<br />

percorrer) uma curva apertada em especial. Há vários acidentes por<br />

semana nesta zona, maioritariamente pouco graves, o que assegura a<br />

presença de uma multidão e de elementos da polícia. Até para este<br />

público habituado a grandes máquinas, o Lambo é o alvo de todas as<br />

fotos. Temos um novo nome para ele: Eventador.<br />

No im dessa descida, paramos para descansar, e dois miúdos de 11<br />

anos em bicicletas pedalam furiosamente até junto dos carros. Sabem<br />

que carros são, mas é o italiano que vence a votação “poster na parede<br />

É o supercarro italiano<br />

que recebe mais atenção.<br />

Que surpresa!<br />

100 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Vamos lá testar<br />

o sistema de gestão<br />

de tração do Z06...<br />

O Corvette tem 650 cv<br />

produzidos pelo<br />

V8 de 6,2 litros<br />

“o SeU aSpeto É QUaSe<br />

tÃo iMpoRtante QUanto<br />

o eXtRato BancÁRio”<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

101


CORVETTE Z06<br />

STINGRAY<br />

CONVERTIBLE<br />

Preço: $ 83.000<br />

(€ 73.850)<br />

Motor: 6.162 cc, V8,<br />

650 cv às 6.400 rpm,<br />

880 Nm às 3.600 rpm<br />

Performance:<br />

0‐100 km/h em<br />

2,95 s, 320 km/h<br />

vel. máx.<br />

Transmissão: manual<br />

de 7 vel., tr. traseira<br />

Consumo/emissões:<br />

n.d.<br />

Peso: 1.625 kg


LAMBORGHINI<br />

LP700‐4 AVENTADOR<br />

ROADSTER<br />

Preço: € 443.990<br />

Motor: 6.498 cc, V12,<br />

700 cv às 8.250 rpm,<br />

690 Nm às 5.500 rpm<br />

Performance:<br />

0‐100 km/h em 3,0 s,<br />

350 km/h vel. máx.<br />

Transmissão: ISR de 7<br />

vel., tr. integral<br />

Consumo/emissões: 16<br />

l/100 km, 370 g/km CO 2<br />

Peso: 1.625 kg<br />

Z06 VS. AVENTADOR


104 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT<br />

“o MotoR do aventadoR<br />

taMBÉM teM deSativaÇÃo<br />

de ciLindRoS”


Z06 VS. AVENTADOR<br />

do quarto”. E ainda bem que é assim, já que custa mais de 500 mil<br />

dólares por cá. O Z06, mesmo com o kit de desempenho Z07 e<br />

todo o género de extras, custa cerca de 100 mil dólares. Só que é<br />

fácil ver para onde vai o dinheiro extra no Lambo. Conta com<br />

pormenores deliciosos de alta qualidade, da margem lindamente<br />

polida junto às janelas à incrível qualidade de todos os botões e<br />

interruptores. Só que o Z06, à exceção dos gráicos manhosos do<br />

ecrã, tem um interior perfeitamente funcional.<br />

Também tem várias funcionalidades que nem o exótico<br />

Lamborghini possui. Para além do sistema PTM que referi antes,<br />

tem o Performance Data Recorder, uma espécie de GoPro<br />

incorporada que grava a sua condução, para depois a rever no ecrã<br />

do carro ou na TV lá de casa. Muito engenhoso. Mas os trunfos<br />

técnicos do Z06 não icam por aí.<br />

Apesar de ser um motor turbo, o LT4 usa a mesma tecnologia<br />

de desativação de cilindros que o bloco LT1 atmosférico do<br />

Stingray normal, o que é surpreendente. Mas o Chevy não é o<br />

único com este sistema, e foi aí é que icámos genuinamente<br />

surpreendidos. O motor do Aventador também tem desativação<br />

de cilindros – desliga um banco de seis cilindros quando não é<br />

preciso. Só funciona com o carro no modo Strada – o menos<br />

desportivo –, razão pela qual nunca tínhamos reparado na sua<br />

existência. Neste último troço, o Z06 consumiu, em média, 28,2<br />

l/100 km. O Aventador? Humm, 70 l/100 km!<br />

Com o conhecimento de Ryan sobre estas estradas aplicado e a<br />

opinião sobre os carros transmitida – gostou dos dois, mas icou<br />

pasmado com a velocidade e competência do Z06 –, percorremos<br />

as autoestradas e atravessamos a aberta imensidão das<br />

montanhas San Gabriel. Pelo caminho, apanhamos o próximo<br />

especialista local, Hans Schif. Hans é uma espécie de versão da<br />

vida real de Ari Gold, agente de talentos de Entourage. É<br />

precisamente isso que ele faz. É um tipo alegre com um aperto de<br />

mão irme que faz negócios de milhões de dólares com o seu<br />

iPhone como uma pessoa normal.<br />

Quando não está a fazer negócios com a CAA, gosta de acelerar<br />

no seu 911 e M5 sempre que possível. Já partiu o motor do M5 – a<br />

caminho do trabalho! – e artilhou o 911 até aos limites do que<br />

aquela máquina pode fazer. É, portanto, o cliente alvo perfeito para<br />

um ou até para ambos os carros. Hans é ainda uma autêntica fonte<br />

de conhecimento acerca das melhores estradas que atravessam a<br />

montanha. É o guia perfeito para esta parte da viagem.<br />

Corvette: 28,2 L/100 km<br />

Aventador: 70 l/100 km!<br />

Olá, bomba de gasolina<br />

E põe logo mãos à obra. Partimos em direção à paisagem árida<br />

– parece o pano de fundo de milhares de Western – e Hans<br />

diverte-se com a condução física do Lambo, a carroçaria a<br />

metamorfosear-se enquanto se livra do calor e cria mais força<br />

descendente. Eu estou igualmente ocupado no Z06. Com o<br />

sistema PTM em Sport, o diferencial é regulado pelo cérebro do<br />

carro segundo inúmeros parâmetros, da posição do acelerador à<br />

temperatura de cada pneu. É só travar, virar, ouvir o rugido, sorrir<br />

e travar, virar, ouvir o rugido, sorrir.<br />

É chocante perceber quão capaz é este Z06 descapotável. Faz o<br />

papel de um GT confortável sem problemas e arrasa estradas com<br />

o seu trovejar sobrealimentado. E acompanha sem grande esforço<br />

um supercarro radical. Ao perder o tejadilho, não perdeu nenhuma<br />

das suas qualidades, e até ganhou mais envolvimento atmosférico.<br />

Hans também icou fã do carro, e até icou sem palavras no<br />

primeiro troço a sério que fez no Chevy. “Esta coisa é incrível!”,<br />

exclamou ele com um grito quando parámos.<br />

E tem razão. O carro é incrível. Não é que o Aventador seja<br />

mau, claro, já que é o supercarro mais extravagante que pode<br />

comprar atualmente, para mais em verde. Mas o Z06 é uma<br />

máquina assombrosa. Após passarmos boa parte do dia a<br />

acompanhar as supermotas que andam por estas montanhas – e a<br />

explicar que carros conduzíamos –, chegámos à conclusão que faz<br />

pouco sentido comprar um carro mais potente ou caro que o Z06<br />

descapotável para satisfazer a sua vontade de conduzir de cabelos<br />

ao vento. Essa é, aliás, a conclusão a que Hans chega antes de nos<br />

passar a chave do Stingray e nos deixar envoltos numa nuvem de<br />

fumo de pneu e negócios multimilionários.<br />

Pessoalmente, preiro o Z06 coupé – com o pacote Z07 na<br />

mesma – já que traz de série os painéis do tejadilho removíveis.<br />

Essa versão apresenta a mistura perfeita entre diversão a céu<br />

aberto e carro fechado. E o Z06 coupé está mais próximo do que o<br />

Lamborghini oferece – um supercarro estupidamente rápido com<br />

um secador de cabelo incorporado. A nova versão SV do italiano<br />

será mais rápida e radical. E, com uma asa ixa na traseira, atrairá<br />

ainda mais os olhares alheios, se é que isso é possível.<br />

Mas mesmo esse, apesar de ser para um cliente diferente,<br />

diicilmente bate este Z06 descapotável no campo da diversão ao<br />

volante. Se, como a senhora Warwick insiste, está prestes a gastar<br />

cem mil dólares num carro, não há melhor candidato que este Z06.<br />

Seria uma pechincha se custasse o dobro.


pULMÃo<br />

BeM<br />

cheio


SUPERCABRIOS<br />

Where would you take two<br />

£150k twin-turbo cabriolets<br />

from Ferrari and Porsche?<br />

Monte Carlo? Portoino?<br />

Nah, welcome to Devon<br />

WORDS: OLLIE MARRIAGE /<br />

PICTURES: MARK FAGELSON


e<br />

sperávamos um pôr do sol,<br />

daqueles suaves e envolventes,<br />

de um laranja profundo com o<br />

céu aveludado. Foi por isso que<br />

atravessámos Exmoor<br />

depressa, não deixámos o<br />

aroma dos restaurantes de ish<br />

and chips de Braunton<br />

convencer‐nos a parar, e<br />

preferimos descer o traiçoeiro<br />

caminho até à praia de<br />

Saunton Sands. O dia esteve<br />

fresco, fragrante e bonito, perfeito para<br />

descapotáveis, e esperávamos encontrar a<br />

alaranjada bola de ténis de mesa de Deus e descer<br />

sobre o mar ardente, enquanto pano de fundo<br />

perfeito para os nossos dois desportivos potentes e<br />

sedutores.<br />

Claro, assim que os motores biturbo sentiram o<br />

cheiro a maresia, nuvens cobriram o céu. Não o<br />

género de nuvens fofas, mas sim aquelas altas que<br />

sugam toda a cor e todo o calor do céu. Foi como se<br />

um Dementor tivesse voado sobre Devon, e só o iltro<br />

especial da câmara de Mark anulou a maldição. A<br />

pintura do Ferrari perdeu o tom metálico e<br />

transformou‐se em castanho; o Porsche parecia uma<br />

mancha de nevoeiro em forma de 911. Estes são<br />

carros para quem vive perto da praia. De preferência<br />

na Costa Brava ou na Côte d’Azur, num sítio com<br />

bares e discotecas excitantes ao invés de salões de<br />

chá e pessoas a passear cãezinhos, mas se há carro<br />

que consegue trazer consigo uma deliciosa fatia do<br />

glamour mediterrânico para a Grã‐Bretanha, esse<br />

carro é um Ferrari.<br />

Este é o novo California T, uma variante<br />

profundamente alterada do antigo, embora com o<br />

mesmo formato e design básico: quatro lugares,<br />

capota rígida, motor dianteiro, tração traseira, caixa<br />

de sete velocidade com dupla embraiagem.<br />

É o motor que tem feito correr tinta, o V8 de 3,9<br />

litros e dois turbos, – o primeiro motor turbo da<br />

Ferrari desde o F40. Mas desta vez isso não foi feito<br />

por questões de potência e sim por questões<br />

legislativas. Sim, gasta menos gasolina (mas não faça<br />

caso dos 10,5 l/100 km anunciados – obtivemos uma<br />

média de 15,4 l/100 km na viagem de 320 km desde<br />

Londres, e uns consideráveis 22,8 l/100 km nas partes<br />

mais sinuosas). Mas – e isto é importante porque é<br />

uma questão por vezes ignorada – é um verdadeiro<br />

louco turbinado. É tão rápido quanto o F40. Ambos<br />

As jantes pretas do Cali<br />

parecem pequenas nas<br />

cavas. E são caras!<br />

atingem os 200 km/h em cerca de 11 segundos.<br />

A tração integral desde 911 alucinante<br />

permite‐lhe ser ainda mais rápido a arrancar, mas<br />

em movimento são os dois muito parecidos. Trata‐se<br />

do 911 Turbo S Cabrio com caixa PDK. Branco. Com<br />

o habitáculo cheio de cabedal vermelho. É tudo o que<br />

os puristas detestam no 911: o motor é lento a<br />

responder, o ruído é abafado, a direção menos pura,<br />

o chassis menos rígido, o preço estapafúrdio. É<br />

quase tão odiado quanto o Panamera.<br />

Eu não discordo. Há trepidação estrutural – mais<br />

do que no Ferrari –, a direção não dança como num<br />

carro de tração traseira, o motor demora algum<br />

tempo a encher os pulmões e é tão pujante nos<br />

regimes médios que não faz sentir ultrapassar as<br />

5.000 rpm nem tem oportunidade de se aperceber do<br />

barulho produzidos pelos escapes. Ah! E já lhe contei<br />

que um Turbo S Cabrio sem extras custa 245 mil<br />

euros?<br />

Só que o 911 está num patamar alto. Elevadíssimo.<br />

Mesmo com os problemas dinâmicos mínimos, o<br />

preço elevado e as opções... duvidosas desta unidade<br />

ensaiada, não deixa de ser um carro ferozmente<br />

desejável. O contraponto perfeito para o Ferrari, já<br />

que de resto têm potências parecidas e ambos<br />

Pormenores a vermelho?<br />

É um Ferrari. O V8 está muito<br />

atrás no compartimento<br />

108 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


SUPERCABRIOS<br />

“ o caLiFoRnia t É<br />

o pRiMeiRo FeRRaRi<br />

tURBo deSde o F40”<br />

À procura de uma<br />

discoteca ina no<br />

meio de Devon<br />

WRAITH: ANALOGUE<br />

‘N’ DIGITAL LUXURY<br />

TOPGEAR.COM J J SEPTEMBER DECEMBER 2014 2013 109


SUPERCABRIOS<br />

COUPES<br />

Está a olhar para dois<br />

carro rapidíssimos.<br />

O Cali faz lembrar o F40!<br />

conjugam a exuberância do descapotável com a<br />

capacidade de atacar o alcatraão.<br />

Estacionámos junto à praia, o céu continua<br />

cinzento e enquanto Mark procura nos sacos o iltro<br />

“Sol Brilhante Instantâneo”, temos a oportunidade<br />

de analisar os carros. O Porsche é uma máquina<br />

impressionante. Veja bem quão pequena é a traseira<br />

em comparação à do Ferrari, e depois lembre‐se que o<br />

motor, a caixa, o eixo e o mecanismo de atuação da<br />

capota estão ali eniados. É mais curto, estreito e<br />

baixo, mas oferece mais espaço a quem está<br />

condenado a viajar nos bancos traseiros. Senta‐se<br />

numa posição baixa, o habitáculo é descomplicado e<br />

ergonómico e convence‐o a conduzir – nem que seja<br />

para evitar estar a olhar constantemente para todo<br />

aquele cabedal vermelho.<br />

Nada cheira como um Ferrari. Mesmo de capota<br />

“onde o caLiFoRnia<br />

É ModeRado,<br />

o poRSche ataca<br />

o condUtoR<br />

coM... tURBo ”<br />

aberta, o cheiro pungente a vaca apaparicada dá ao<br />

Cali uma riqueza e um luxo muito superiores ao do<br />

911. Pode vê‐lo ainda na espessura da pintura, do<br />

símbolo lindamente reproduzido e até na elegante e<br />

simétrica montagem do motor. Independentemente<br />

do que pensa sobre o aspeto do Ferrari, os<br />

acabamentos e os pormenores são sublimes.<br />

Se não contarmos com o deletor de vento. Essa<br />

peça fugiu ao controlo de alta qualidade. No Porsche,<br />

carrega num botão e o deletor emerge da traseira de<br />

uma forma majestosa que evoca o rigor da engenharia<br />

alemã, mas o do Ferrari implica alguma montagem.<br />

Quatro pedaços de plástico têm de ser montados e a<br />

peça daí resultante colocada no lugar correpondente.<br />

É trabalhoso e inútil porque a turbulência dentro do<br />

habitáculo não é assim tão má.<br />

Senta‐se mais alto no Ferrari, com uma posição de<br />

Montar o deletor do<br />

Ferrari demora 5 min.<br />

O do 911 demora 5 s!<br />

110 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


a paRte chata MaS eSSenciaL<br />

FERRARI CALIFORNIA T<br />

3.855 cc, V8 biturbo<br />

560 cv às 7.500 rpm<br />

755 Nm às 2.750‐5.000 rpm<br />

DSG 7 vel., tr. traseira<br />

1.730 kg<br />

3,09 kg/cv<br />

10,5 l/100 km<br />

250 g/km CO 2<br />

3,6 segundos<br />

315 km/h<br />

3,6 segundos<br />

2,7 segundos<br />

7,3 segundos<br />

22,8/15,3 l/100 km<br />

17,3/18,9 segundos<br />

€ 214.027/€ 277.945 (UK)<br />

Motor<br />

Potência<br />

Binário<br />

Transmissão<br />

Peso<br />

Relação peso/potência<br />

Consumo<br />

Emissões<br />

Prestações anunciadas<br />

0-100 km/h<br />

Vel. máxima<br />

Valores TG<br />

0-100 km/h<br />

48-112 km/h<br />

0-160 km/h<br />

Consumo (Exmoor/Autoestrada)<br />

Descer/subir capota<br />

Preço/unidade ensaiada<br />

PORSCHE 911 TURBO S<br />

3.800 cc, 6 cil. boxer biturbo<br />

560 cv às 6.500‐6.750 rpm<br />

750 Nm às 2.100‐4.250 rpm<br />

DSG 7 vel., tr. integral<br />

1.605 kg<br />

2,86 kg/cv<br />

9,9 l/100 km<br />

231 g/km CO 2<br />

3,1 segundos<br />

318 km/h<br />

3,0 segundos<br />

2,5 segundos<br />

6,7 segundos<br />

16,4/10,7 l/100 km<br />

13,9/17,4 segundos<br />

€ 245.741/€ 250.187<br />

AGRADECIMENTOS: CHRISTIE DEVON ESTATES PELO ACESSO À PRAIA DE SAUNTON SANDS;<br />

AO HOTEL SAUNTON SANDS (WWW.SAUNTONSANDS.CO.UK) PELO ALOJAMENTO<br />

condução estilo GT por causa do motor dianteiro. Há<br />

muito carro à sua frente, os pilares A são espessos e<br />

largos e a abordagem “montem todos os botões no<br />

volante” é um pouco estranha. Temos ainda o sistema<br />

Apple CarPlay. Tem poucas funcionalidades a mais<br />

em relação a uma porta USB, mas pelo menos os<br />

mapas da Apple são melhores que os da Ferrari e o<br />

sistema lê mensagens de texto. Custa € 3.300. Esta é,<br />

aliás, a marca que cobra quase dez mil euros pela<br />

pintura Rosso California e mais € 5.500 pelas câmaras<br />

de estacionamento…<br />

Há um novo botão entre as saídas de ar com um<br />

anel tátil que permite escolher de entre uma série de<br />

informações relativas ao turbo, como a resposta<br />

disponível ou a pressão. É uma engenhoca engraçada<br />

que mostra que a Ferrari não tem vergonha de ter<br />

montado um motor turbo no carro.<br />

E não tem vergonha porque o motor é excelente.<br />

Este é, claro, o carro ideal para o estrear, um carro em<br />

que o nível de exigência é inferior, por exemplo, ao do<br />

488 GTB. Seja como for, é um motor delicioso. A<br />

Ferrari percebeu que não tem de puxar ao máximo<br />

pelos turbos o mais cedo possível, que é bom dar ao<br />

condutor uma razão para atingir os regimes mais<br />

elevados. O Cali tem o binário limitado em todas as<br />

relações da caixa exceto na sétima, os engenheiros<br />

mexeram na distribuição de potência e binário e o<br />

carro icou ainda mais excitante. A Ferrari é boa em<br />

motores, e este é um bom motor Ferrari.<br />

Há menos inércia no California do que no 911, o<br />

motor respira melhor e soa melhor. O seu<br />

comportamento está mais próximo de um bloco<br />

atmosférico do que um de admissão forçada porque<br />

os turbos não têm o papel principal. Na viagem até à<br />

praia, vindos de leste com o sol a descer no céu e a<br />

proa a emoldurar Exmoor, o V8 foi majestoso,<br />

berrando estrada fora. Foi incrível. Eu devia parecer<br />

um imbecil.<br />

O Porsche é mais gutural, com o seis cilindros<br />

boxer a depender mais dos turbos do que o V8 italiano.<br />

Só que com tudo no nível máximo de desempenho,<br />

incluindo o Sport Plus, é uma arma nuclear. Enquanto<br />

o Ferrari contenta‐se com doses moderadas de<br />

excitação turbo, o Porsche ataca o condutor com...<br />

TURBO! É uma saraivada excitante e nada subtil de<br />

potência e aceleração, mas é demasiado dominante e<br />

difícil de dosear com precisão, dispondo sempre de<br />

grandes colheradas de binário em qualquer regime.<br />

Mas o chassis do Porsche? Bem, essa é uma<br />

questão diferente. Como está numa posição baixa,<br />

sente que o centro de gravidade do 911 é baixo.<br />

Sob a pele, o Ferrari<br />

Californa tem alma<br />

de Transformer<br />

TOPGEAR.COM.PT J Ò AUGUST JULHO 2014 2015 111


Demasiado vistosos?<br />

O 911 e o California<br />

atacam a Inglaterra rural<br />

COUPES


SUPERCABRIOS<br />

Ambos têm travões<br />

cerâmicos. Os do 911<br />

são melhores<br />

Aproxima‐o da estrada e nunca o distancia do que a<br />

mecânica faz. É cru e envolvente.<br />

Já o Ferrari tem uma direção leve mas precisa,<br />

travões leves mas precisos e um acelerador leve mas<br />

preciso. É um exagero – as respostas do carro são um<br />

pouco falsas, forçadas e distanciam‐no da verdadeira<br />

sensação de condução. Tem um comportamento<br />

exímio nas estradas mais sinuosas, acelera com<br />

facilidade e não tem qualquer problema em curva,<br />

mas o condutor não sente uma ligação profunda à<br />

mecânica. Ao invés, olha para baixo e ica sempre,<br />

sempre chocado com a velocidade a que viaja. O<br />

Ferrari faz todo o trabalho por si, mas oferece<br />

feedback preciso na tentativa de convencê‐lo que é o<br />

responsável por tudo. É uma condução artiicial.<br />

Ao passo que o Cali diz “Tenha calma que eu trato<br />

disto”, o 911 responde com um “Quer andar mais<br />

depressa? Podemos andar mais depressa. Podemos<br />

sempre andar mais depressa.” Quer atacar o alcatrão,<br />

mas deixa a decisão nas mãos (e pés) do condutor. Isso<br />

faz parte da genética Porsche. O génio do 911 é que ali<br />

isso à docilidade a baixa velocidade e conforto em<br />

grandes viagens . Sim, o ruído de rolamento é notório,<br />

o curso mínimo da suspensão é brusco<br />

comparativamente ao do California, e penso que o<br />

habitáculo rebaixado é problemático para as pessoas<br />

na faixa etária ao qual se dirige, mas o 911 nunca luta<br />

contra o condutor, e quaisquer movimentos mais<br />

traiçoeiros são anulados num instante. Tração?<br />

“o caLi eSFoRÇa‐Se<br />

tanto poR SeR<br />

BeLo QUe eSQUece<br />

o condUtoR”<br />

Aderência? Impecáveis. O equilíbrio do chassis,<br />

direção, e a união de toda a mecânica, tudo isso não<br />

existe do lado do Ferrari.<br />

Durante dois dias, dei por mim a sair do Ferrari a<br />

acenar com a cabeça, admirado com as prestações,<br />

apaixonado pelo motor, mas só um aspeto icou<br />

gravado na memória – a aderência em curva. É um<br />

carro louco e majestoso. Cumpre na perfeição aquilo<br />

a que se propõe: abordar qualquer estrada em total<br />

estilo e fanfarronice. Mas o Cali esforça‐se tanto por<br />

ser belo e carismático que esquece o condutor.<br />

O Porsche nunca o faz. Isso devia ser suiciente<br />

para o considerarmos vencedor – e vence mesmo<br />

porque é o 911 o meu preferido, e é muito melhor do<br />

que os puristas fazem crer. Mas tenho de admitir que<br />

os 240 mil euros não representam a melhor compra da<br />

marca, ainda que seja um carro potente, rápido, ágil e<br />

muito bom enquanto conjunto.<br />

O Ferrari tem mais presença. Se é o tipo de<br />

pessoa que gosta de conduzir com um braço de fora<br />

do carro, o California é para si. E apesar de os extras<br />

serem caríssimos, dá a sensação que é uma boa<br />

compra Ferrari. E é um carro muito bom. É<br />

precisamente o carro que tem de ser para atrair os<br />

clientes‐alvo (aliás, estou convencido que a Ferrari<br />

conhece melhor este segmento do que a Porsche).<br />

Claro que são clientes que encontramos mais<br />

facilmente na Côte d’Azur do que no meio do<br />

condado de Devon.<br />

Embora este Porsche<br />

911 custe 240 mil euros,<br />

não é o mais desejável<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

113


ESCOLA PORSCHE<br />

dia de aULaS<br />

intenSo<br />

114 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


A Porsche convidou‐nos para um dos<br />

seus cursos de condução, onde<br />

é possível aprender a conduzir melhor<br />

e testar alguns dos seus mais recentes<br />

modelos como o 911 GT3<br />

TEXTO: ANDRÉ MENDES /<br />

FOTOS: MANUEL PORTUGAL<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

115


ESCOLA PORSCHE<br />

Jantes exclusivas<br />

e pneus desportivos<br />

da Michelin<br />

M<br />

uitas das marcas que incluem modelos<br />

desportivos na sua gama, já contam<br />

com a possibilidade de treinar os seus<br />

clientes e de lhes mostrar algumas das<br />

coisas que os seus carros conseguem fazer. Desta vez,<br />

vamos participar num dos seus eventos da Porsche<br />

destinados a clientes ou aos apaixonados pela marca.<br />

A data está marcada na agenda e o local é o nosso<br />

“querido” Autódromo do Estoril.<br />

A chegada ao Circuito tem sempre algo de<br />

especial. Aquele momento em que paramos para falar<br />

com o segurança antes da cancela e começamos a<br />

olhar para o túnel que dá acesso ao padock tem<br />

sempre qualquer coisa que nos desperta uma espécie<br />

de sentimento mais nostálgico. O circuito do Estoril é<br />

o que está mais perto de casa, é aquele onde,<br />

provavelmente, já conduzimos mais vezes e é onde<br />

“jogamos em casa”. É inevitável pensar nos gloriosos<br />

dias em que a fórmula 1 andava por aqui e que Ayrton<br />

Senna vencia corridas debaixo de um dilúvio de chuva<br />

como só ele conseguia fazer. Enim, outros tempos.<br />

Mas hoje, há um cavalo empinado à nossa espera e<br />

não, não é esse em que já estão a pensar. É o que se<br />

encontra na bandeira da cidade de Estugarda e que<br />

faz parte do logo da Porsche.<br />

Na chegada ao estacionamento por trás das boxes,<br />

encontramos todos os modelos que vamos poder<br />

conduzir e em que o destaque é o Porsche 911 GT3. O<br />

tom branco da carroçaria é cortado com as faixas<br />

“ AS MARCAS DE<br />

BORRACHA NO<br />

CAPOT MOSTRAM<br />

QUE O GT3 JÁ<br />

CONHECE A PISTA”<br />

laterais da Porsche Sport Driving School e as marcas<br />

de borracha no capot mostram que o GT3 já conhece a<br />

pista. Por trás do GT3 está também um 911 Turbo,<br />

alguns 911 GTS e 911 Carrera 4S, mas também um<br />

Boxster GTS e dois Cayman na versão base. É uma<br />

frota de modelos que transita de evento em evento<br />

dentro de um camião e que vai sendo assistida<br />

conforme seja necessário. Uma substituição de pneus<br />

ou de pastilhas de travão, ou algo mais complicado<br />

caso haja uma saída de pista. De resto, estes Porsche<br />

só precisam de alguém que os abasteça e conduza.<br />

Fazemos o check-in e somos separados por<br />

grupos, mas o primeiro momento da agenda é o<br />

brieing com toda a gente e onde nos é indicado tudo o<br />

que vamos poder fazer ao longo do dia. Há quatro<br />

A silhueta do GT3<br />

é inconfundível. As<br />

jantes e asas ajudam<br />

116 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


O GT3 é fantástico<br />

a explorar o traçado<br />

do Circuito do Estoril<br />

O primeiro ponto<br />

da agenda é o<br />

brieing, onde nos<br />

são explicadas<br />

algumas técnicas de<br />

condução e diversas<br />

informações sobre o<br />

traçado do Estoril.<br />

A presença do 911<br />

GT3 é bastante<br />

imponente junto<br />

dos outros modelos<br />

da marca, mas o<br />

Boxster GTS também<br />

se mostrou muito<br />

competente e rápido<br />

de conduzir em pista<br />

Fazer piões em torno<br />

de um cone parece<br />

mais fácil na teoria<br />

do que na prática<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

117


Com a pista fechada,<br />

podemos parar para<br />

admirar os detalhes<br />

desta versão<br />

“ ASSIM QUE ENTRAMOS<br />

EM PISTA, FICAMOS<br />

HIPNOTIZADOS DE<br />

IMEDIATO COM A<br />

SONORIDADE DO GT3”<br />

O GT3 é o 911 que mais<br />

dá vontade de conduzir<br />

rápido. Muito rápido<br />

Não consigo evitar um<br />

sorriso nervoso antes<br />

de entrar no 911 GT3<br />

zonas com exercícios diferentes: um em pista, outro<br />

de todo-o-terreno e dois exercícios no padock com<br />

pinos em que um deles será cronometrado.<br />

Recebemos um resumo sobre o circuito, para quem<br />

ainda não o conhece e algumas dicas de condução que<br />

poderemos usar ao longo do dia. Dentro do carro<br />

estará sempre um instrutor connosco, que tem a<br />

missão de nos ajudar em tudo o que precisarmos, mas<br />

também de nos fazer apreciar esta experiência da<br />

melhor forma possível.<br />

O primeiro exercício do grupo em que icámos é<br />

em pista e os carros já estão à nossa espera. E, depois<br />

de termos testado o 911 Carrera 4 GTS, que<br />

publicámos na edição anterior, escolhemos a versão<br />

de apenas duas rodas motrizes deste 911 GTS. Somos<br />

os primeiros a entrar em pista, mas o GT3 vem<br />

mesmo atrás de nós e já com muita pressa, pelo que o<br />

deixamos passar. A versão GTS conta com uma<br />

sonoridade incrível e é com ela que relembramos as<br />

melhores trajetórias do Estoril, sempre percebendo<br />

como as podemos melhorar através das dicas do<br />

instrutor que viaja connosco. Apenas com tração às<br />

rodas traseiras, o 911 continua a ser aquela máquina<br />

de condução que nos transmite uma coniança<br />

incrível e que nos faz sempre querer mais e mais,<br />

permitindo que exploremos melhor as saídas de<br />

curva usando os seus 430 cavalos de potência e<br />

delineando a trajetória com uma direção<br />

milimetricamente precisa. As voltas acabam depressa<br />

e regressamos à box. Segue-se o 911 GT3.<br />

No fundo, no fundo, trata-se do mesmo carro. É<br />

um Porsche 911 da mesma geração, mas nem sequer é<br />

preciso entrar para perceber que as sensações de<br />

condução vão ser bastante diferentes. As jantes de<br />

aperto central têm um desenho especíico para o GT3<br />

e é garantido que a enorme asa traseira e os parachoques<br />

mais desportivos não vão passar<br />

despercebidos. Lá dentro, os bancos desportivos<br />

foram trocados por bacquets de competição com<br />

poucas regulações e os lugares traseiros deram lugar<br />

a um roll-bar que aumenta a segurança em caso de<br />

acidente, mas também a rigidez de todo o conjunto.<br />

118 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


ESCOLA PORSCHE<br />

PORSCHE<br />

911 GT3<br />

Preço: € 181.365<br />

Motor: 3.799 cc; 6 cil.;<br />

475 cv às 8.250 rpm;<br />

440Nm às 6.250 rpm;<br />

Performance:<br />

0–100 km/h em 3,5 s;<br />

315 de vel. máx.;<br />

Transmissão: PDK de<br />

sete vel.; tração traseira;<br />

Consumos/emissões:<br />

12,4 l/100 km;<br />

289g/km CO 2<br />

Peso: 1.430kg<br />

No painel de instrumentos, o logo GT3 identiica a<br />

versão mais desejada pelos puristas, mas o que nos<br />

capta mais o olhar é a escala do conta-rotações com a<br />

parte vermelha a surgir apenas às 9.000 rpm!<br />

Assim que entramos em pista, icamos<br />

hipnotizados de imediato com a sonoridade mais<br />

agressiva do GT3 e entramos na curva 2 já com o<br />

mesmo ritmo de quem acabou de iniciar mais uma<br />

volta ao traçado do Estoril, abusando do corretor do<br />

interior da curva e já com os olhos postos no ponto de<br />

travagem da curva 3. Nesta, a precisão da direção<br />

parece ainda mais aguçada e o eixo traseiro, que<br />

também é direcional, parece querer dar uma ajuda<br />

colocando o GT3 na direção certa. A entrada tardia na<br />

O som do GT3 é incrível<br />

e as passagens de caixa<br />

requerem o nosso silêncio<br />

curva VIP e a aceleração bastante antes da saída<br />

comprovam que este sistema ajuda na eicácia do<br />

GT3, mas que esta versão também gosta de ser<br />

provocada para comportamentos menos próprios e<br />

que é necessário recorrer à direção para sair da VIP<br />

em plena aceleração para a reta interior. A subida de<br />

regime do motor boxer de 3.8 litros, aqui com 475<br />

cavalos de potência, é incrível e o som que emite<br />

próximo das 9.000 rpm é simplesmente obsceno. De<br />

tal forma, que queremos repetir as vezes que nos for<br />

possível ao longo destas três ou quatro voltas a que<br />

temos direito.<br />

A reta interior é feita a fundo até perto da placa dos<br />

100 metros da parabólica interior, para a qual<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

119


ESCOLA PORSCHE<br />

A frota de modelos da Porsche transita<br />

de evento em evento. E depois, resta escolher,<br />

entrar e aproveitar os momentos em pista<br />

Os modelos da Porsche não estão limitados<br />

à utilização em asfalto. Há outros, como<br />

este Cayenne, que conseguem proporcionar<br />

momentos mais aventureiros como estes,<br />

em trilhos de terra onde nem sequer é fácil<br />

andarmos a pé, mas sem beliscar o conforto a<br />

bordo ou uma diferente eicácia de condução<br />

entramos de forma decidida e deixamos o GT3<br />

acelerar progressivamente numa trajetória perfeita<br />

até ao corretor do lado contrário, antes da travagem<br />

para a curva da orelha. Num ritmo mais lento e com o<br />

gancho antes dos “esses” na mira, icamos com a<br />

certeza que a condução mais pura seria com a<br />

presença de uma caixa de velocidades manual, mas<br />

que esta PDK de dupla embraiagem é tão precisa e<br />

eicaz que nem sequer icamos com vontade de a<br />

trocar pela opção mais tradicional. Dos “esses” para a<br />

parabólica Ayrton Senna resta deixar o GT3 escolher<br />

a trajetória ideal e não vamos icar muito longe do que<br />

seria ideal. Optamos por abusar da segunda relação<br />

apenas como desculpa para ouvir mais uma passagem<br />

de caixa com o ponteiro do conta-rotações a tocar nas<br />

9.000 rpm e entramos na última curva antes da meta<br />

estudando os pontos de referência chave para que<br />

tudo corra na perfeição. A reta da meta é feita a fundo<br />

até ao banner vermelho antes da primeira curva e<br />

repetimos tudo novamente até nos deixarem.<br />

Podíamos icar aqui o dia todo ao volante deste GT3,<br />

mas há mais coisas para fazer neste dia Porsche. E há<br />

mais pessoas que querem conduzir esta que é, talvez,<br />

a versão mais radical, perfeita e incrível de todos os<br />

911. Ainda que haja ainda um GT3 RS e um Turbo, que<br />

também consegue fazer muitas das coisas que o GT3<br />

também consegue, mais ainda mais depressa, e<br />

vestido com um fato de executivo.<br />

Depois da pista, seguem-se os dois exercícios no<br />

padock. Um deles conta com uma espécie de circuito<br />

improvisado entre pinos, onde um controlo preciso<br />

do carro nos permite ser mais rápidos, mas onde<br />

algumas das curvas incluem um gel especíico no piso<br />

que nos faz deslizar quase como se estivéssemos em<br />

cima de gelo, o que obriga a um controlo mais preciso<br />

do acelerador e da direção. O segundo exercício<br />

consiste muito basicamente em fazer donuts em<br />

“O SOM QUE EMITE<br />

PRÓXIMO DAS<br />

9.000 RPM<br />

É SIMPLESMENTE<br />

OBSCENO”<br />

torno de um pino com o piso molhado, o que, ao<br />

volante da versão base do Cayman poderá ser mais<br />

fácil na teoria do que na prática. É que o Cayman não<br />

gosta nada de perder o controlo, a aderência dos<br />

pneus é algo que até nos custa a acreditar e os 275<br />

cavalos de potência desta versão sabem a pouco. Para<br />

terminar, resta uma volta de Cayenne por um piso<br />

fora de estrada, com subidas e descidas mais<br />

acentuadas e um cruzamento de eixos no topo de um<br />

monte que nos mostra que há alguns Porsche que<br />

gostam de se afastar do asfalto.<br />

O dia termina com a simulação de uma corrida no<br />

Estoril, com direito a uma partida com semáforo e<br />

tudo. Aqui, já são os instrutores que estão ao volante<br />

e nós ocupamos apenas o lugar do passageiro, mas<br />

estão todos os carros em pista ao mesmo tempo e o<br />

divertimento é mais importante do que chegar em<br />

primeiro. E no que diz respeito ao divertimento, a<br />

missão está mais do que cumprida. Foi um dia<br />

simplesmente excelente e que recordaremos para<br />

sempre. Pelo menos, até ao dia em que conseguiremos<br />

repeti-lo, eventualmente, como cliente da marca.<br />

Um dia…<br />

120 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


DURO DE ROER<br />

Preparado para tudo, disposto<br />

a não perdoar erros. Um colosso<br />

intemporal na selva automóvel!<br />

TEXTO: PAULO PASSARINHO / FOTOS: BERND HANSELMANN


o início dos anos 90,<br />

N<br />

do século passado, um<br />

alto e musculado ator<br />

conferia corpo a um<br />

polícia que primava pelo<br />

seu ar místico e que<br />

normalmente despachava um bando de<br />

malfeitores enquanto eu me entretinha a<br />

devorar metade de um balde de pipocas.<br />

Observar parado o Mercedes-Benz G63 nas<br />

suas vestes negras, faz-me lembrar um pouco<br />

Steven Seagal com o seu sobretudo negro e<br />

olhar cinzento.<br />

Ao contrário do herói americano que<br />

apenas servia para entretenimento puro e<br />

estúpido, do inal da minha adolescência, o<br />

Classe G da Mercedes-Benz sempre teve<br />

mais utilidade e reúne, quer a mim<br />

parecer-me, uma legião bem maior de fãs.<br />

Não estou a falar propriamente de<br />

conduzir e testar um veículo novo, estou sim<br />

a falar de uma rara oportunidade de conduzir<br />

eventualmente um dos últimos de uma<br />

geração de verdadeiros jipes todo-o-terreno<br />

que alguma vez se izeram. O Classe G<br />

ganhou fama pela sua robustez.<br />

O seu ar de indestrutível tem aqui no<br />

casamento com uma poderosa versão AMG<br />

um estrondoso aliado.<br />

Grande, muito grande é a primeira<br />

impressão que nos deixa. De facto,<br />

os 4,763 metros de comprimento até nem<br />

impressionam muito face a alguns SUV<br />

modernos, mas os 1,938 metros de altura já<br />

são de outro campeonato. E se as dimensões<br />

deixam de imediato antever o seu estilo,<br />

então o que dizer dos 2.550 quilos que mostra<br />

na icha técnica.<br />

O G63 AMG é um autêntico peso-pesado.<br />

Não consta que tenha sentido necessidade de<br />

ir até ao oriente beber inluências de alguma<br />

arte-marcial, e é na realidade a personiicação<br />

pura do estilo e rigor teutónico. Parece um<br />

veículo saído dos inais de uma guerra.<br />

É brutal em todos os sentidos da palavra.<br />

A versão AMG foi o motivo deste teste.<br />

Olhando para os pneus apenas indicados<br />

para asfalto (está equipado com pneumáticos<br />

275x50 R20) nem me atrevi a pensar<br />

aventurar em caminhos mais complexos,<br />

mas que dá vontade de ir explorar toda<br />

e qualquer ravina lá isso dá. Quem sabe não<br />

encontrava o acampamento de algum grupo<br />

de malfeitores mesmo a precisarem<br />

de uma boa lição.<br />

Lição é o que parece não ser necessário<br />

aos engenheiros alemães que equiparam<br />

o G63 AMG com uma das coqueluches<br />

do catálogo de Afalterbach. O motor V8<br />

de 5.461 cc está montado a 90 graus e possui<br />

injeção direta com dois grandes turbos.<br />

Debita 544 cavalos às 5.500 rpm e acusa no<br />

papel um binário de 760 Nm disponível logo<br />

a partir das 2.000 rpm e constante até às<br />

5.000 rpm. Com tração integral permanente<br />

(que isto para controlar não é brincadeira),<br />

recorre ainda a uma caixa automática<br />

de sete velocidades.<br />

A primeira sensação que tenho enquanto<br />

regulo a posição de condução é de que seja<br />

qual for a altura do condutor, ou a sua largura<br />

de ombros, não irá encontrar uma posição<br />

evidente. O desenho e conceção são antigos<br />

e o G foi feito para durar não tendo recebido<br />

grandes alterações ao longo dos anos de vida.<br />

Acordar a besta. É a primeira coisa que me<br />

ocorre. Devo ter assassinado um grupo<br />

inteiro de focas algures no ártico. Mau. Logo<br />

eu que me estava a comparar a um paladino<br />

da justiça e protetor do ambiente. O que é que<br />

isso importa? Debaixo do meu pé está um<br />

pedal de acelerador que reage de forma<br />

imediata. O ronco é estridente. Um V8 da<br />

AMG é inconfundível e este não deixa os seus<br />

créditos por mãos alheias. Se querem chegar<br />

sem ser anunciados este, deinitivamente,<br />

não é o carro a eleger.<br />

A marca avança que o G63 AMG cumpre<br />

o arranque dos 0 aos 100 km/h em<br />

5,4 segundos. Não é um valor nada mau.<br />

Procure uma boa, direita, larga e longa reta<br />

para o poder experimentar.<br />

Também diz que a velocidade máxima são<br />

210 km/h, mas mesmo numa Autobahn<br />

sem limite de velocidade é algo que não<br />

irei experimentar.<br />

A força do motor é impressionante. Sinto<br />

que estou a movimentar não apenas um bloco<br />

É em linha reta<br />

que o G63 AMG<br />

gosta de se<br />

exprimir<br />

O motor V8 assinado,<br />

como se quer num AMG


FERRARI FXXK<br />

“IN LOW-DRAG MODE, IT<br />

HAS DOUBLE THE DOWNFORCE<br />

OF THE LAFERRARI”<br />

A estética já não é atual<br />

mas ainda é consensual<br />

entre os puristas<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

123


G63 AMG<br />

MERCEDES‐BENZ<br />

G63 AMG<br />

Preço: € 198.700 (base)<br />

Motor: 5.461 cc, V8,<br />

544 cv às 5.500 rpm, 760<br />

Nm às 2.000-5.000 rpm<br />

Prestações: 0-100 km/h<br />

em 5,4 segundos, vel.<br />

máxima 210 km/h<br />

(limitada)<br />

Transmissão: tração<br />

integral, caixa aut. 7 vel.<br />

Consumo/emissões: 13,8<br />

l/100 km, 322 g/km CO 2<br />

Peso: 2.550 kg


com quatro rodas, mas um contentor de carga<br />

grande. Nada parece ser capaz de deter o G63.<br />

Bem, gosto de pensar que estou enganado<br />

neste ponto. A primeira experiência de<br />

travagem mete-me imediato no meu lugar.<br />

É tudo para ser feito com muito cuidado<br />

e com muito juízo. A dinâmica associada ao<br />

G63 AMG é muito relativa. Em linha reta,<br />

como referi, é de facto um portento puxar<br />

de forma alegre pelo poderoso V8, mas<br />

quando se chega a zonas mais sinuosas<br />

existem algumas leis da física que convém<br />

não ultrapassar. Até porque, ao contrário<br />

de outros atores, não existem propriamente<br />

duplos para me substituir nas minhas tarefas<br />

diárias, ou em outras quaisquer.<br />

O problema não são as suas capacidades,<br />

é apenas o facto de estar a fazer o teste em<br />

estrada pública… Talvez num outro local<br />

fosse diferente. Bem, podia acabar o dia<br />

com as rodas para o céu e icava mais<br />

quietinho daí em diante, mas é melhor não<br />

pensar mais nisso.<br />

Com suspensão de eixo rígido e braços<br />

longitudinais com barra estabilizadora na<br />

dianteira e eixo rígido com braços<br />

longitudinais e barra Panhard atrás, o G63<br />

AMG cumpre com o que se lhe pode exigir;<br />

apenas requer aprendizagem e, lá está, juízo!<br />

Claro que posso contar com discos<br />

ventilados para refrear os meus ânimos, mas<br />

refrear é coisa que os 544 cavalos não<br />

Os bancos são<br />

confortáveis e o<br />

interior é simples<br />

Curvar? Com juízo e<br />

jogando na antecipação<br />

para correr bem


Não irá fazer<br />

todo-o-terreno,<br />

mas pode!<br />

“MAS QUEM É QUE ESTE<br />

PENSA QUE É PARA VIR PARA<br />

AQUI RELINCHAR?”<br />

126 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


G63 AMG<br />

Estrada aberta?<br />

Acelere a fundo!<br />

“EXISTEM LEIS QUE NÃO SE<br />

DEVEM ULTRAPASSAR”<br />

UMA<br />

AUTÊNTICA<br />

MANADA...<br />

... encontra um<br />

amigo. Ou uma<br />

forma simpática<br />

de agradecer a<br />

Sandra Härer que<br />

disponibilizou<br />

o espaço da sua<br />

coudelaria e o cavalo<br />

Dr. Blue, para a<br />

realização desta<br />

sessão fotográica,<br />

nos arredores de<br />

Estugarda.<br />

“Olha, Mr. Blue,<br />

encontrei um<br />

que custa mais a<br />

alimentar que tu...”<br />

apreciam muito. Decido adoar uma postura<br />

de condução verdadeiramente americana.<br />

Em linha reta sou claramente o maior<br />

e acelero de forma expressiva. Sinto as costas<br />

a colarem ao banco e oiço os pássaros a<br />

anteciparem a sua emigração. Quando me<br />

aproximo de curvas, reduzo a velocidade,<br />

não me armo em herói de ilme de ação e<br />

consigo tirar o maior divertimento possível<br />

que as minhas limitadas aptidões permitem.<br />

Apesar de ter decidido não explorar as<br />

capacidades que mais fama lhe deram (ainal<br />

o G sempre foi considerado o TT puro e duro,<br />

dos mais duros), acabei por fazer um<br />

pequeno trilho em terra. O tempo suiciente<br />

para experimentar apenas as três posições<br />

do bloqueio do diferencial, presentes em<br />

botões na consola central. Curta duração até<br />

porque estava a começar a assustar uns<br />

pacatos cavalos que comiam o seu feno<br />

de forma descontraída.<br />

Pedimos desculpa à tratadora e deixamos<br />

o G63 travar conhecimento com os seus<br />

novos amigos. “Isto deve consumir um<br />

bocado, não?” – questiona a jovem tratadora<br />

de um cavalo lustroso. Sorri e pensei na<br />

indicação dos 13,8 litros aos 100 km que a<br />

marca anuncia. Durante a minha sessão não<br />

baixei dos 23 litros, mas rodei sempre num<br />

ritmo bem vivo. Quem tem mais de 200 mil<br />

euros (230 mil euros na versão ensaiada,<br />

para ser preciso), não deverá ter esse tipo de<br />

preocupações. E na verdade poderá ter uma<br />

quinta grande com uma manada de cavalos<br />

ao que poderá juntar a manada do G63.<br />

E se o celeiro precisar de obras poderá<br />

sempre contar com os préstimos de algum<br />

herói americano que acaba por aparecer na<br />

aldeia… ou não. Talvez seja hora de pôr-me<br />

novamente a caminho, até porque vários<br />

cavalos já olharam para o capot de forma<br />

desconiada. Mr. Blue, um mais atrevido,<br />

parece murmurar: “Mas quem é que este<br />

pensa que é para vir para aqui para o meu<br />

espaço relinchar desta forma?”<br />

Arranco com prudência mas não sem<br />

antes icar de certa forma desconiado com<br />

algumas das carrinhas que vi passar da<br />

Polizei e que cujos agentes parece que estão<br />

a olhar para mim com desdém. Pensam,<br />

provavelmente, “o que faz um pequeno<br />

moreno dentro de um jipe daqueles?” Todos<br />

quantos me cruzei (e cruzei-me com vários,<br />

mesmo que não fossem 63 AMG) tinham<br />

ao volante gordos e anafados germânicos<br />

com cabelo loiro ou pintado.<br />

Decido dedicar tempo a explorar<br />

o interior. Não há muito para explorar porque<br />

a construção é espartana. Apesar disso<br />

existem bancos com estofos em pele e tecido<br />

e diversas aplicações em carbono. Destaque,<br />

isso sim, para o típico seletor AMG que lhe<br />

confere o necessário ar de família. Fora isso,<br />

é tudo à boa maneira antiga.<br />

A Mercedes-Benz tem alguma<br />

diiculdade em dizer que irá reformar “este”<br />

modelo, mas terá que o fazer, até para<br />

cumprir normas antipoluição e ambientais.<br />

Mas a legião de fãs é tão grande que cada vez<br />

que a marca avança com propostas nesse<br />

sentido ouve-se logo um burburinho. Se<br />

calhar terá que esperar que Steven Seagal se<br />

reforme ou então que a RTP deixe de repetir<br />

os seus ilmes tantas vezes.<br />

Por mim, a experiência é muito simples<br />

de deinir. Num imaginário cenário onde<br />

tinha acesso a preencher a minha garagem<br />

com duas dúzias de modelos, o G63 AMG<br />

teria lá o seu lugar. Nem que fosse para o<br />

ligar e ouvir o roncar do motor a evoluir<br />

pelas estradas de serra. E já agora… a afastar<br />

malfeitores dos arredores lá de casa.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

127


SEAT vs. RING<br />

P A R A Q U E S E R<br />

P A R A Q U E S E R V E<br />

Mais um mês, mais um recorde em Nürburgring que é usado como prova<br />

TEXTO: STEPHEN DOBIE / FOTOS: LEE BRIMBLE<br />

128 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


O N Ü R B U R G R I N G ?<br />

N Ü R B U R G R I N G ?<br />

da capacidade sobrenatural de um ca ro. Mas isso não é só marketing?<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

129


SEAT vs. RING<br />

unca se desvie de um animal na<br />

N<br />

estrada com uma guinada. É isso que<br />

nos ensinam. Mas a esta velocidade, o<br />

passarinho à nossa frente obriga Jordi<br />

Gené a fazer precisamente isso caso<br />

queira manter inteiro o Seat Leon<br />

Cupra ST que conduz.<br />

Gené está a fazer uma volta a fundo em Nürburgring<br />

comigo como lastro no banco do pendura. Se o nosso amigo<br />

alado tivesse atravessado a “autoestrada com portagem” mais<br />

famosa do mundo com Jordi sozinho no carro, quando<br />

tentava bater o recorde da carrinha mais rápida pertencente à<br />

Audi RS4 Avant, é provável que o trabalho árduo do espanhol<br />

nos seis minutos anteriores fosse por água abaixo. Não há<br />

margem para qualquer erro quando tenta ixar um tempo<br />

rápido numa pista destas com um carro de tração dianteira. E<br />

ser o pendura numa volta rápida é uma faca de dois gumes.<br />

Testemunhar o esforço e a coragem que Jordi tem de<br />

imprimir na condução para obter o tempo vitorioso de 7:58<br />

min dá outra dimensão a esse conjunto banal de números. Por<br />

diversas vezes, o Leon levanta voo, aterra, estremece e depois<br />

aproxima-se da curva com Jordi a travar – a traseira ica mais<br />

leve, mas o diferencial eletrónico consegue corrigir o<br />

problema. Este é um carro nos limites, mas um carro que<br />

destrona o RS4 com um tempo pelo qual o Nissan Skyline<br />

GT-R foi aplaudido num passado não muito distante.<br />

Os detalhes relativos a este dia são simples: o carro troca<br />

de pneus e pastilhas após algumas voltas e o depósito só tem<br />

nove litros de gasolina nas voltas cronometradas. Mas se tem<br />

de ser conduzido de forma tão precisa e rápida, se as margens<br />

são tão curtas que os recordes são obtidos ou perdidos por<br />

causa de diferenças de 1 km/h à saída de uma curva, qual é a<br />

verdadeira importância disto para o condutor do dia a dia?<br />

Aquelas pessoas cuja única oportunidade de conduzir no<br />

Nordschleife consiste na volta de € 27, rodeadas de outras<br />

pessoas em carros mais ou menos rápidos e que não podem<br />

fazer a reta Döttinger Höhe com o acelerador a fundo? De que<br />

serve um recorde no Ring para elas?<br />

Essa questão tem sido levantada com frequência. E há<br />

muito tempo que se testam carro e ixam recordes aqui, mas<br />

atualmente todos os fabricantes que querem visibilidade<br />

europeia trazem até os seus modelos mais corriqueiros. E é<br />

tudo feito, quer seja intencional ou não, sob o olhar atento de<br />

muitas objetivas. Se o desenvolvimento do seu desportivo<br />

mais recente está a correr tão bem ou melhor do que esperava,<br />

porque não sacar do cronómetro e transformar o seu<br />

programa de desenvolimento em delicioso marketing?<br />

Foi precisamente isso que aconteceu quando o Leon<br />

Cupra estava a ser testado aqui há 18 meses, com Jordi a<br />

conduzir o então protótipo em confronto direto com o Focus<br />

ST, Golf GTI e Megane RS.<br />

“O Leon mostrou-se à altura da concorrência, e assim<br />

começou o projeto de bater o recorde”, conta Jordi Gené. O<br />

Leon estava, na altura, a fazer tempos inferiores aos do<br />

Megane Trophy (8:08 min), pelo que a Seat ixou como alvo<br />

descer dos oito minutos.<br />

Há 18 anos que a marca espanhola aina os seus carros em<br />

Nürburgring, e os seus pilotos já o podiam fazer a dormir. E<br />

num circuito com quase 21 km e 73 curvas<br />

– muitas totamente cegas – a experiência é<br />

tão importante quanto a técnica. Jordi<br />

Gené, cujo currículo no Ring passava<br />

Foto do carro antes<br />

da volta a Nürburgring.<br />

Sem sinais de vómito<br />

por uma dezena de voltas, foi escolhido pela sua visibilidade e<br />

sangue espanhol. Esta manobra serviu para mostrar que o<br />

recorde é apenas parte da história, que parar o cronómetro o<br />

mais depressa possível não era o objetivo maior.<br />

“Aluguei um carro e comprei uma série de voltas no<br />

circuito”, confessa Jordi. “Perguntei se podia passar uns dias<br />

a conduzir no circuito, comprei uma palete de bilhetes e iz<br />

volta após volta. Todas as que consegui. Atestava o depósito,<br />

fazia cinco voltas, atestava e fazia mais cinco...”<br />

“É como o golfe: todos os dias aprende no Nordschleife.<br />

Precisa de pelo menos cinco dias a conduzir aqui para estar<br />

preparado; na maioria dos circuitos, basta uma hora.”<br />

É uma forma tortuosa de obter o seu piloto batedor de<br />

recordes, mas o próprio Jordi Gené tornou-se cúmplice do<br />

projeto da marca espanhola. “Algumas das coisas que pedi<br />

não podiam existir num carro de estrada. A minha noção do<br />

130 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


Pneus novos e pouco<br />

combustível. O segredo<br />

dos recordes...<br />

MENTIRAS, FALÁCIAS<br />

E CONSPIRAÇÕES<br />

O NÜRBURGRING NÃO<br />

CONSEGUE EVITAR<br />

AS CONTROVÉRSIAS...<br />

“AS MARCAS QUE<br />

QUEREM VISIBILIDADE<br />

EUROPEIA TRAZEM<br />

ATÉ OS SEUS<br />

MODELOS MAIS<br />

CORRIQUEIROS”<br />

Quer um exemplo de tempos em Nürburgring<br />

que causam confusão? Basta olhar para o<br />

McLaren P1, e as vésperas da luta de 2013 com<br />

o rival híbrido, o Porsche 918 Spyder.<br />

A Porsche avançou primeiro, com o 918<br />

a ixar um tempo de 6:57 com o piloto Marc<br />

Lieb ao volante. Três meses depois, foi a vez<br />

da McLaren. O P1? “Menos de sete minutos”<br />

com o piloto de testes Chris Goodwin ao<br />

volante. O tempo por volta não foi anunciado,<br />

e a marca descreveu-o como “objetivo inal de<br />

desenvolvimento”, fechando assim essa página e<br />

abrindo uma discussão acessa.<br />

As teorias de conspiração surgiram como<br />

cogumelos. De um lado, a noção de que teria<br />

perdido contra o calmo 918. Por outro, a ideia<br />

de que um tempo por volta de 6:30 teria levado<br />

a McLaren a não querer humilhar a Porsche<br />

e causar uma luta perigosa. Quase 18 meses<br />

depois, não sabemos bem o que aconteceu.<br />

A Porsche já teve aqui outros duelos, com o<br />

confronto entre o 911 Turbo e o Nissan GT-R<br />

em grande destaque. Trocaram golpes – em<br />

pista e por comunicados oiciais – desde o<br />

lançamento do grande Nissan em 2007, que<br />

fez 7:19 no Ring. Claro que não contamos com a<br />

tresloucada versão Nismo.<br />

Fizeram-se acusações de falta de fair play,<br />

ao passo que as novas versões dos modelos<br />

reduziram os tempos por volta e mantiveram a<br />

luta acesa. Tudo isso só serviu para reforçar a<br />

mística do GT-R, e recordou-nos que a Porsche<br />

tem outra variante do 911 no mercado.<br />

Uma nota de rodapé curiosa surgiu<br />

recentemente com uma citação de Andreas<br />

Preuninger – o senhor GT3 RS – que descreve<br />

os recordes do Ring como “uma corrida inútil”,<br />

e que é muito mais importante que as pessoas<br />

se divirtam com o seu 911. Isso não impediu a<br />

Porsche de fazer 7:20 com o carro, claro!<br />

Tempos de volta no gelo<br />

tão úteis quanto os tempos<br />

do Ring: comece a discussão<br />

Seat persegue recorde para<br />

realçar que é mais desportiva<br />

do que a Volkswagen...


RECORDES<br />

EM PISTA<br />

O REGISTO DOS MAIS RÁPIDOS<br />

NO INFERNO VERDE<br />

O Leon ataca o recorde<br />

mais uma vez. Preparem<br />

outros pneus, rapazes!<br />

0:06:11<br />

STEFAN BELLOF<br />

Volta explosiva obtida pelo<br />

piloto em 1983 em Nürburgring<br />

é a referência do circuito.<br />

0:06:48<br />

RADICAL SR8 LM<br />

Como tinha matrículas, este é o<br />

recorde de um carro de estrada,<br />

mas nem todos concordam.<br />

0:06:57<br />

PORSCHE 918 SPYDER<br />

O 918 pilotado por Lieb<br />

é o líder dos carros com<br />

tejadilho/capota e janelas.<br />

0:07:54<br />

RENAULT MEGANE<br />

TROPHY-R<br />

Terceiro Megane a deter o recorde<br />

dos carros de tração dianteira.<br />

O que fará o Civic Type-R?<br />

0:07:59<br />

NISSAN SKYLINE GT-R<br />

Versão R33 do GT-R baixou o<br />

tempo dos carros de estrada dos<br />

oito minutos em 1995.<br />

“ PODE CHOVER<br />

DE MANHÃ, NEVAR<br />

A MEIO DO DIA<br />

E FAZER SOL AO<br />

FIM DA TARDE”<br />

0:08:14<br />

RANGE ROVER<br />

SPORT SVR<br />

O SUV mais rápido no Ring.<br />

Os 550 cv conseguiram anular<br />

os colossais 2.335 kg.<br />

0:10:08<br />

FORD TRANSIT<br />

A rainha do Ring, Sabine<br />

Schmitz, tentou pôr uma<br />

carrinha abaixo dos dez<br />

minutos. Falhou (por pouco).<br />

que devia ser um diferencial vinha do mundo da<br />

competição, mas era demasiado radical para a utilização<br />

normal do carro. Fizemos muitos quilómetros para<br />

encontrar o equilíbrio certo da coniguração, e isso<br />

deu-nos a oportunidade de estar aqui muito tempo.”<br />

A Seat queria bater o recorde com um Leon de cinco<br />

lugares. E fê-lo: os sete minutos e 58 segundos<br />

anunciados em março de 2014 retiraram dez segundos<br />

ao tempo do Renault. O facto de terem retirado o<br />

módulo do ar condicionado foi inicialmente omitido, e<br />

acabou por ser justiicado com um pacote Performance<br />

sem AC que pouquíssimos clientes escolhem.<br />

Um teste sério à vontade da Seat em usar um carro<br />

normal surgiu um par de meses depois. O Megane mais<br />

recente da RenaultSport – dois lugares, rollcage e pneus<br />

Trophy-R – completou uma volta em 7:54 min em maio de<br />

2014, em “condições atmosféricas mistas”.<br />

E é aqui que o cenário ica ainda mais<br />

complicado. Situado nas montanhas Eifel, o<br />

Ring tem um clima eclético, algo que Jordi confessa ser muito<br />

importante para a obtenção de um recorde.<br />

“Pode chover de manhã, nevar a meio do dia e fazer sol ao<br />

im da tarde.” Dada a escala do circuito, uma volta pode inclui<br />

os três fenómenos, e o ar frio que desperta o motor turbo,<br />

como o do Leon, também retira aderência ao piso. E os carros<br />

rivais nunca são cronometrados no mesmo dia.<br />

E os pilotos? Só existe coerência quando uma marca<br />

regressa ao Ring, como a Seat com Gené e o Leon Cupra ST.<br />

Há quem nem sequer concorde com os pontos da pista onde<br />

uma volta começa e acaba!<br />

É a total falta de consistência – e a ausência de qualquer tipo<br />

de entidade que gira esta questão – que torna a comparação de<br />

tempos por volta inútil aos olhos de muitos. Pode ser suspeito<br />

da nossa parte referi-lo, mas o único sítio do mundo onde tem<br />

essa regularidade é em Dunsfold, nas voltas feitas pelo Stig. E há<br />

clientes e fabricantes muito atentos a esses tempos por volta,<br />

em que a experiência do piloto e o circuito não variam, e em que<br />

as condições meteorológicas adversas são reconhecidas.


SEAT vs. RING<br />

O circuito de Nürburgring foi inaugurado em junho<br />

de 1927. Foi concebido para funcionar como pista de<br />

competição e de testes. O Nordschleife (anel norte),<br />

que vê na imagem, é o seu traçado mais famoso,<br />

com 73 curvas (33 à esquerda, 40 à direita) e uma<br />

diferença de 300 m entre o ponto mais baixo e alto.<br />

SENTIDO<br />

DA PISTA<br />

Nürburgring com as<br />

suas elevações e vales.<br />

E curvas cegas...<br />

NÜRBURGRING<br />

PAÍS: Alemanha<br />

DIMENSÃO: 20,80 km<br />

META<br />

A obtenção de um<br />

recorde importante ou<br />

golpe de marketing?<br />

TOPGEAR.COM J MAY 2015 133


SEAT vs. RING<br />

Só que Dunsfold não tem a aura carismática de um<br />

circuito mais longo que muitas das deslocações diárias até ao<br />

emprego. Um circuito com subidas e vales, que atravessa<br />

zonas de loresta com escapatórias mínimas e onde a<br />

margem para erros é infíma, conforme atesta a lista de<br />

fatalidades. Conquistar aqui os rivais passa também por ter<br />

coragem para lutar por um recorde, e não só obtê-lo.<br />

Na verdade, apenas um por cento do trabalho de<br />

desenvolvimento da Seat é efetuado aqui, “a ainação inal”<br />

segundo Sven Schawe, diretor do programa Cupra. Só que é<br />

praticamente tudo a que o público dá atenção. “O Ring é o<br />

circuito mais importante”, assegura Sven.<br />

Isso talvez explique o porquê de as marcas regressarem. E<br />

se não compreende como conseguiu o Leon bater um Audi de<br />

“ CONQUISTAR OS RIVAIS<br />

PASSA POR TER CORAGEM<br />

PARA LUTAR PELO RECORDE”<br />

Seat bate o recorde.<br />

E deixa para trás muitos<br />

Audi desportivos...<br />

tração integral com mais 150 cv, Jordi e Sven dizem-me que<br />

cada 15 kg retirados a um carro correspondem a um segundo a<br />

menos em pista. Porque é que não tentam bater o recorde de<br />

tração dianteira do Megane com um Leon despido?<br />

“É uma questão de ilosoias”, explica Schawe. “Não<br />

queremos fazer carros só para a pista. Pode retirar o banco<br />

traseiro e o material de insonorização do carro para reduzir<br />

o peso e baixar uns segundos, isso é fácil”, admite. “Temos<br />

um carro desses pronto na garagem e já o testámos, mas<br />

decidimos não lançar nada.” Porquê? Não tem mercado…<br />

Para que serve Nürburgring então? Para a Seat, a única<br />

generalista do império VW a perseguir ativamente recordes, o<br />

circuito dá credibilidade às credenciais desportivas da marca.<br />

E para todos os fabricantes, o Ring representa uma forma geral<br />

de dizer aos clientes “Nós importamo-nos com a dinâmica dos<br />

nossos carros”. Segundo Jordi Gené, o circuito tem todos os<br />

elementos necessários a esse papel. “Todas as marcas<br />

importantes tentam aqui os carros. Velocidade elevada,<br />

velocidade reduzida, lombas, saltos. É complexo, possui<br />

diferentes asfaltos e curvas variadas. Quando um carro é bom<br />

aqui, de certeza que é bom em qualquer sítio do mundo.” Há<br />

quem discorde – o senhor James May, por exemplo.<br />

A Ford concorda com Jordi. O chefe da divisão de<br />

performance, Jamal Hameedi, diz que tem de testar os<br />

carros em cinco circuitos diferentes para obter a variedade<br />

existente em Nordschleife. Mas até existir uma entidade<br />

que oicialize tempos por volta, Jamal não está interessado<br />

em cronometrar os seus modelos.<br />

A Honda, por seu lado, fez questão de levar o seu novo<br />

Civic Type-R até ao Ring. Após ter feito 7:50 min numa<br />

versão despida, esperamos um tempo por volta efetuado<br />

numa versão de produção num futuro próximo. Se esse<br />

Civic de produção bater os 7:58 min do Leon Cupra ST,<br />

estará a Seat disposta a regressar? “Sim”, admite Schawe.<br />

O Inferno Verde é conhecido por levantar mais questões<br />

do que aquelas que responde. Também causa muitas lutas<br />

virtuais entre os valentes do teclado. Mas até os fãs de<br />

carros que refutam a autenticidade dos tempos por volta<br />

acabam por discuti-los e usá-los como combustível para<br />

propulsionar a sua fúria. E desde que esses números<br />

continuem a ser perseguidos, a máquina publicitária desses<br />

automóveis continuará em atividade.<br />

OS ESPECIAIS<br />

USAR O NOME DO ICÓNICO CIRCUITO ALEMÃO É UMA MANOBRA LUCRATIVA. JÁ QUASE TODOS OS CARROS,<br />

DE UM TOYOTA COROLLA A UM ASTON VANTAGE TIVERAM EDIÇÕES NÜRBURGRING. EIS AS TRÊS MELHORES<br />

LEXUS LFA<br />

EDIÇÃO NÜRBURGRING<br />

Mais 10 cv, caixa mais rápida, suspensão<br />

mais rija e uma asa ixa. Ah! E inclui um<br />

passe para um ano no Inferno Verde.<br />

RENAULT MEGANE R26.R<br />

Não tem “Nürburgring” no nome, mas foi<br />

lançado após bater o recorde para carros<br />

de tração dianteira (8m17s). Aspeto<br />

“xuning” aliado a mecânica de exceção”<br />

NISSAN SKYLINE GT-R NÜR<br />

O Skyline R34 despediu-se em 2002 com<br />

uma edição megaespecial dedicada à sua<br />

casa adotiva. O R35 voltou a obter a coroa<br />

Ring cerca de sete anos depois.<br />

134 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


HISTÓRIA TGTV<br />

HISTORIA A<br />

PROGRAMA DO<br />

TOP GEAR<br />

´<br />

PARTE UM<br />

CHEGAR A LINHA DE PARTIDA<br />

`<br />

TEXTO:<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

135


NAO SEI A DATA EXATA, MAS, EM 2000 OU 2001,<br />

JANE BOOT, SUPERVISORA DA BBC2,<br />

FARTOU‐SE DO TOPGEAR E ACABOU COM ELE.<br />

~<br />

Jane viu o programa arrastar-se, com cada<br />

temporada a parecer cada vez mais velha e<br />

gasta em comparação a novos programas<br />

como Ground Force e aquele em que Handy<br />

Andy recuperava casas, e nenhuma das<br />

tentativas de animar o obsoleto programa<br />

automóvel resultou. A notícia do<br />

cancelamento do programa foi recebida com<br />

tristeza por algumas pessoas, com<br />

indiferença por muitas mais, e com imenso<br />

interesse por um tipo de cabelo<br />

encaracolado que tinha saído desse mesmo<br />

programa um par de anos antes. Quando<br />

Jeremy ligou para combinarmos um almoço,<br />

ele estava entusiasmadíssimo com a ideia de<br />

ressuscitar o cadáver. Aliás, ele já tinha<br />

traçado alguns dos elementos principais: o<br />

novo <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> teria lugar num local central,<br />

com público, para que os apresentadores<br />

falassem uns com os outros ao invés de<br />

apresentarem as rubricas separadamente de<br />

forma alternada.<br />

O facto de usarmos um estúdio permitia<br />

fazer o segmento das notícias e discutir<br />

carros importantes sem os ilmarmos<br />

obrigatoriamente. Jeremy, tal como a<br />

maioria dos homens de quarenta e tal anos,<br />

devorou Alta Fidelidade de Nick Hornby,<br />

e o caro leitor, caso também o tenha lido,<br />

sabe que o livro ilustra bem o amor do<br />

cérebro masculino por listas e <strong>Top</strong> Cincos.<br />

A partir daí, foi fácil chegar à ideia do<br />

quadro de voltas, que obrigava ao uso de<br />

uma pista, o que, por sua vez, permitia<br />

ilmar supercarros italianos a velocidades<br />

decentes, e não a fazer curvas a 60 km/h nas<br />

Cotswolds. E como tínhamos uma pista e<br />

um estúdio, porque não ter convidados e<br />

obrigá-los a fazer uma volta? Um de nós<br />

– não me recordo exatamente quem – teve<br />

esta visão de Bryan Ferry com gravata preta<br />

a acelerar a fundo em pista num Hyundai ou<br />

num carro qualquer igualmente inesperado,<br />

e quando paramos de rir, a rubrica Estrela<br />

num Carro de Preço Razoável nasceu.<br />

Contribuí aqui e ali à medida que a<br />

conversa durante esse almoço avançou,<br />

mas, verdade seja dita, Jeremy já tinha<br />

criado a estrutura geral do novo <strong>Top</strong><strong>Gear</strong><br />

antes sequer de nos encontrarmos.<br />

Enquanto estou sentado a escrever estas<br />

linhas no mês de abril de 2015, num<br />

escritório totalmente deserto, penso que<br />

esse almoço longínquo resume a tragédia<br />

daquilo que a BBC perdeu ao despedir<br />

Jeremy. Não icou apenas sem um homem<br />

que consegue cativar a atenção do público<br />

em frente a uma câmara, perdeu igualmente<br />

um jornalista que usava a disciplina da sua<br />

experiência na imprensa escrita para<br />

discernir o que interessava ou não; e perdeu<br />

um génio editorial que conseguia olhar para<br />

uma estrutura existente e depois<br />

desmanchá-la e voltar a montá-la numa<br />

série de momentos inspirados. Como<br />

exemplo dessa sua capacidade, lembro-me<br />

de Jeremy insistir durante esse almoço que<br />

o novo <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> não devia preocupar-se em<br />

ser o primeiro a conduzir um carro novo,<br />

mesmo que fosse o Ferrari Enzo. Para mim,<br />

enquanto produtor, isso era uma loucura<br />

porque ser o primeiro é sinónimo de<br />

exclusivo, mas ele disse: “Não, não é bem<br />

assim. Para ser o primeiro a conduzir o<br />

carro, é preciso ir ao lançamento e<br />

conduzi-lo no local uns três ou quatro<br />

meses antes da chegada ao mercado, o que<br />

não interessa nada para quem está em casa.<br />

Vamos esperar. Filmamos o carro quando<br />

estiver cá à venda, com a publicidade, os<br />

veículos nos concessionários, e isso será<br />

interessante para o público.” Achei que era<br />

treta, mas estava enganado – não perdemos<br />

um único fã por termos feito o Enzo dois<br />

anos depois de toda a gente.<br />

Só precisávamos de um nome. Após mais<br />

umas bebidas, decidimo-nos por New<br />

<strong>Top</strong><strong>Gear</strong>. Com isso resolvido, apresentámos a<br />

ideia à Jane, da BBC2. Depois de ouvir a nossa<br />

tagarelice durante alguns minutos, disse-nos<br />

para sairmos do gabinete dela e começarmos<br />

a trabalhar. Espero que se torne óbvio para si<br />

à medida que lê estas páginas, mas não tenho<br />

qualquer dúvida que este programa não teria<br />

SHUTTERSTOCK (2)<br />

136 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


HISTÓRIA TGTV<br />

existido sem a Jane. Ela deu-nos a liberdade<br />

para fazermos porcaria e voltarmos a tentar,<br />

incentivou-nos quando estávamos receosos<br />

e tinha verdadeiro conhecimento televisivo.<br />

Lembro-me, por exemplo, de estar numa das<br />

primeiras reuniões com ela e alguns<br />

executivos da BBC, a discutir que tipo de<br />

segmentos teria este novo <strong>Top</strong><strong>Gear</strong>, e eu falei<br />

numa peça que Jeremy tinha feito no antigo<br />

<strong>Top</strong><strong>Gear</strong> sobre corridas de siameses<br />

amolgados, em que os pilotos conduzem<br />

carros velhos soldados um ao outro.<br />

“ JEREMY JÁ<br />

TINHA CRIADO<br />

A ESTRUTURA<br />

GERAL DO NOVO<br />

TOPGEAR”<br />

Naturalmente, como era uma reunião da<br />

BBC, alguém reclamou por eu ter dito<br />

“siameses”, e enquanto estava a pensar<br />

como iríamos anunciar no programa as<br />

corridas de siameses amolgados, a Jane<br />

pediu a todos na sala que tivessem calma e<br />

destacou a importância de não fazer peças<br />

sobre eventos automóveis de terceiros.<br />

“Criem o vosso próprio mundo”,<br />

aconselhou Jane. E quando olhamos para<br />

trás, foi precisamente isso que izemos<br />

– James, Jeremy e Richard viviam dentro da<br />

sua própria bolha juvenil.<br />

Mas estou a divagar. Nessa altura, em<br />

2002, a primeira tarefa era encontrar<br />

apresentadores, pelo que alugámos um<br />

estúdio na Acton e começámos a fazer<br />

testes à longa lista de candidatos. A audição<br />

envolvia apresentar um Renault Avantime e<br />

falar um pouco sobre o carro, e depois fazer<br />

as notícias com o Jeremy. Logo no início, um<br />

gorducho com um penteado estranho<br />

chamado Jason Dawe entrou no estúdio,<br />

fez-nos rir com o seu sentido de humor e<br />

impressionou-nos com a capacidade de<br />

fazer notícias velhas parecerem excitantes.<br />

James May entrou pouco tempo depois.<br />

Eu e o Jeremy já o conhecíamos do mundo<br />

do jornalismo automóvel, e ele foi<br />

contratado e despedido pouco tempo depois<br />

do antigo <strong>Top</strong><strong>Gear</strong>.<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

137


Esta audição era, portanto, fundamental<br />

para que ele tivesse outra oportunidade.<br />

James, sendo como é, olhou para o Avantime<br />

uma vez, disse que era uma porcaria para<br />

enganar clientes, viu a folha com as notícias<br />

que devia fazer com o Jeremy, atirou-as para<br />

o chão e contou-nos a história de como o seu<br />

Rolls-Royce gastava tanto combustível que<br />

ele tinha aproveitado o desconto em<br />

gasolina da Sainsbury’s por cada compra de<br />

200 libras, e que tinha o frigoríico cheio de<br />

alface a apodrecer. E depois saiu, deixando<br />

os executivos da BBC que estavam no<br />

estúdio confusos.<br />

De regresso ao nosso minúsculo<br />

escritório na BBC, a quantidade de cassetes<br />

VHS enviadas por possíveis apresentadores<br />

chegava já ao teto. Recebemos vídeos de<br />

vendedores de automóveis, estudantes que<br />

não tinham nada melhor para fazer, fãs de<br />

carros com barba e até modelos de lingerie<br />

que gastaram as poupanças num bronzeado<br />

falso. O meu favorito foi o de um rapaz que<br />

ilmou as suas tentativas de fazer inversões<br />

de marcha com o travão de mão numa zona<br />

industrial com o seu Série 3. Não disse uma<br />

única palavra no vídeo e, se a memória não<br />

me falha, não chegou a fazer a tal inversão.<br />

Depois, após inúmeros dias e cassetes<br />

depois, a produtora Kate Shiers entrou no<br />

escritório minúsculo com outra cassete<br />

VHS na mão e disse que aquele tipo era<br />

interessante. Era pequeno, animado e<br />

analisava um carro vestido, não sei porquê,<br />

de Batman. Kate tinha razão – aquele tipo<br />

era especial –, e assim pedimos a Richard<br />

Hammond que viesse falar connosco.<br />

No dia combinado, Richard apareceu com<br />

uma camisa péssima vestida e balbuciou<br />

meia dúzia de disparates sobre o Avantime,<br />

despachou mais ou menos bem a parte das<br />

notícias, mas não houve nada que cumprisse<br />

as promessas feitas pela cassete. Com o im<br />

da audição, Richard falou-nos sobre a sua<br />

terrível carreira na rádio, em que o ponto alto<br />

na rubrica noturna que fazia para a Radio<br />

Cumbria consistia em ler os nomes dos<br />

cordeiros disponíveis para adoção. Quando<br />

ele acabou de contar essa triste história<br />

proissional, Jeremy e o resto das pessoas no<br />

estúdio choravam de riso. É preciso coragem<br />

para vir a uma audição importante e contar<br />

histórias sobre fracassos, mas foi uma<br />

escolha inteligente. Ainda não o sabíamos,<br />

mas a autodepreciação acabou por ter um<br />

papel importante no humor <strong>Top</strong><strong>Gear</strong>.<br />

Com as audições terminadas, estava na<br />

altura de decidir. Todos nós queríamos o<br />

pequenote e engraçado apresentador de<br />

rádio, mas, para além dele, não estávamos de<br />

acordo. O vendedor de carros rechonchudo,<br />

Jason, estava bem posicionado, Jeremy<br />

gostava de James, mas os manda-chuvas da<br />

BBC queriam uma mulher na equipa. Eu sou<br />

Jason Dawe faz as<br />

notícias de usados<br />

com Clarkson na<br />

primeira série;<br />

Harry Enield foi o<br />

primeiro convidado<br />

“a sério” do novo<br />

<strong>Top</strong><strong>Gear</strong>;<br />

O Stig original.<br />

um enorme fã da BBC, mas, meu Deus, como<br />

os seus diretores conseguem pôr a minha<br />

paciência à prova quando “aplicam<br />

estratégias de marketing”... Ou, como eu<br />

lhes chamo, metem-se onde não devem. A<br />

teoria por trás da apresentadora era a<br />

seguinte: para ter mulheres a ver o programa<br />

era preciso ter uma a apresentá-lo. Destaquei<br />

várias vezes que via o What Not to Wear<br />

apesar de não ser apresentado pelo Jimmy<br />

Nail, mas ninguém me deu ouvidos. O<br />

problema é que quem mandava na BBC não<br />

queria saber de carros, e existe basicamente<br />

uma lógica estranha que dita a maior<br />

propensão de alguém se intrometer em algo<br />

quanto menos souber sobre o assunto.<br />

A verdade é que izemos audições a<br />

muitas mulheres que podiam muito bem<br />

apresentar um programa automóvel, mas eu<br />

e o Jeremy já tínhamos percebido que a<br />

componente mais importante do programa<br />

seria a interação entre os rapazes – não a<br />

conversa machista apropriada para um bar,<br />

mas sim o género de conversas entre homens<br />

que incluem uma viagem ao enorme buraco<br />

negro que é o cérebro masculino.<br />

Nunca defendemos que um alinhamento<br />

totalmente masculino resultaria numa<br />

dinâmica superior à presença de uma<br />

mulher – a questão é que queríamos mesmo<br />

o programa nesses moldes. Portanto, com o<br />

ritmo cardíaco em alta após os<br />

subordinados terem-nos avisado da sua<br />

terrível fúria, eu e o Jeremy fomos falar com<br />

a Jane Root para revelar que não queríamos<br />

uma mulher. Ela itou-nos, nós<br />

preparámo-nos para o pior, e disse: “Muito<br />

bem, façam o que acharem melhor. Por mim,<br />

é igual.” Tínhamos acabado de viver um<br />

momento clássico do jogo preferido da<br />

administração BBC, Contradizer a Pessoa<br />

no Escritório Maior.<br />

Com a questão do género dos<br />

apresentadores resolvida, só faltava inalizar<br />

o alinhamento... Só que o Departamento de<br />

Intromissões BBC ainda tinha uma na<br />

manga. Jeremy defendia a admissão de<br />

James, mas foi-nos dito que um trio<br />

composto por Jeremy, James e Richard era<br />

muito “três tipos da classe média da mesma<br />

idade”. “E?”, perguntámos nós. Eles<br />

preferiam elementos que se<br />

complementassem. Nós argumentámos que,<br />

à primeira vista, Trinny and Susannah<br />

também não eram complementares, tal como<br />

as senhoras de Two Fat Ladies. Mas depois de<br />

muita discussão sobre complementos e falta<br />

deles, acabámos por perder, e James May foi<br />

posto de parte enquanto Jason Dawe foi<br />

admitido, se bem que ele também era da<br />

classe média e da idade de James.<br />

Os problemas de alinhamento não<br />

icaram por aí. Ainda precisávamos de um<br />

verdadeiro piloto, com experiência em<br />

“ SABÍAMOS QUE A<br />

INTERAÇÃO ENTRE<br />

OS RAPAZES ERA<br />

IMPORTANTE PARA<br />

O PROGRAMA”<br />

competição, e Tif Needell estava fora da<br />

equação porque a BBC queria um <strong>Top</strong><strong>Gear</strong><br />

novo. E se tivéssemos um piloto, ele teria,<br />

tal como Tif, de apresentar segmentos, mas<br />

uma hora é pouco tempo para ter tantas<br />

pessoas a apresentar peças. Para além disso,<br />

à exceção de meia dúzia deles, como Tif ou<br />

Jason Plato, os pilotos não são conhecidos<br />

pelo carisma televisivo. Uma noite, estava<br />

eu a debater-me com este problema no<br />

escritório, a simular escalonamentos de<br />

apresentadores no quadro até parecer uma<br />

cena de A Teoria de Tudo. Foi então que<br />

surgiu Jeremy. “Eu já consigo fazer o género<br />

de derrapagens que Tif fazia no antigo<br />

<strong>Top</strong><strong>Gear</strong>”, disse ele. “Mas não consigo fazer<br />

voltas precisas, o género de curvas perfeitas<br />

que precisamos para os tempos no quadro.<br />

Precisamos de um piloto para isso.”<br />

“Sim, mas esse piloto tem de conseguir<br />

apresentar decentemente, e assim voltamos à<br />

estaca zero”, respondi. Um minuto ou dois<br />

depois, uma das lâmpadas de Jeremy acende:<br />

“Espera lá, porque é que ele tem de falar?”,<br />

dispara ele. “Pode ser apenas um tipo em fato<br />

de competição e capacete, que faz as voltas e<br />

nunca fala… Nunca temos de vê-lo nem saber<br />

quem é! Será um elemento no programa!”<br />

Clarkson continuo, excitado. “Seria algo à<br />

semelhança do Gimp de Pulp Fiction. Até lhe<br />

podíamos chamar Gimp!”, exclamou ele.<br />

E, assim, nasceu o Gimp. Só<br />

precisávamos de encontrar um piloto ideal<br />

138 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


HISTÓRIA TGTV<br />

para o papel, alguém que fosse discreto,<br />

alguém tímido que não gostasse de falar<br />

muito. Por razões que ainda hoje<br />

desconheço, escolhemos Perry McCarthy, o<br />

único homem cuja boca é mais rápida que<br />

muitos dos carros que conduziu. Perry<br />

também nos disse exatamente onde<br />

podíamos eniar a ideia de chamar-lhe Gimp<br />

– passou a chamar-se, então, Stig.<br />

Com o alinhamento completo, estava na<br />

altura de ilmar o episódio piloto, que é uma<br />

espécie de ensaio sério onde se vão limando<br />

as arestas. Cheios de ambição e animados,<br />

mandámos construir um cenário que<br />

parecia o reator central da Estrela da Morte,<br />

e quase com o mesmo tamanho, e lá o<br />

conseguimos eniar no hangar que<br />

alugámos. Depois, apareceu o técnico da<br />

iluminação, que nos perguntou quantas<br />

luzes queríamos. “Muitas”, respondemos<br />

nós. E ele assim fez. A seguir, eniámos<br />

centenas de pessoas do público lá dentro,<br />

fechámos as portas do hangar, ligámos as<br />

luzes todas e começámos a ilmar... em<br />

pleno mês de julho.<br />

Não me lembro exatamente quando<br />

começou, mas passado pouco tempo<br />

algumas pessoas desmaiaram, e duas horas<br />

depois já a maioria do público estava em<br />

coma. O convidado, David Ginola, um tipo<br />

em boa forma, estava sentado, triste, em<br />

cima de uma poça do seu próprio suor, a<br />

rezar em silêncio que a morte o levasse.<br />

Jason, que se parecia mais com um balde de<br />

água com uma camisa vestida, prosseguia<br />

com a 18ª tentativa de gravar o seu segmento<br />

de notícias. As ilmagens deviam durar<br />

algumas horas, mas passados para aí uns<br />

três dias – pelo menos foi o que pareceu – lá<br />

conseguimos terminar. Após a edição<br />

obtivemos um episódio... bem, era horrível.<br />

Jane Root viu-o em silêncio no seu<br />

escritório e depois disse: “Tenham calma.<br />

Eu esperava ver cabos nos planos de câmara<br />

e pessoas a andar por ali com chávenas na<br />

mão.” Decidimos levar o seu conselho a<br />

peito e ilmámos um segundo piloto, mas o<br />

pessoal estava tão calmo que os<br />

apresentadores começaram a apresentar<br />

sem as câmaras estarem ligadas. Quando<br />

estavam a ilmar realmente, o estúdio<br />

estava tão anárquico que os apresentadores<br />

eram indistinguíveis do público.<br />

Lembro-me de Jason demonstrar a<br />

qualidade de construção de um carro e, com o<br />

entusiasmo, arrancar a consola central, mas<br />

não o ilmamos porque estava um tipo com<br />

uma T-shirt Subaru à frente. Brian, o<br />

realizador, saiu do seu camião especial e<br />

disse-me que nunca, em 20 anos de televisão,<br />

tinha visto uma porcaria destas. Só que não<br />

tínhamos tempo para lágrimas porque o mês<br />

de outubro de 2002 estava próximo, e em<br />

breve íamos para o ar a sério…<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

139


C4 PICASSO<br />

O mesmo carro e formato, mas<br />

com motores diferentes. A eterna<br />

questão: gasolina ou diesel?<br />

TEXTO: ANDRÉ MENDES E PAULO PASSARINHO<br />

FOTOS: MANUEL PORTUGAL<br />

140 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


A ETERNA<br />

QUESTÃO<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

141


C4 PICASSO<br />

ouve uma altura em que os motores diesel eram<br />

todos associados a uma imagem fumarenta e a uma<br />

nuvem negra de poluição, apenas destinados<br />

a carros de trabalho. Depois, houve outra altura<br />

em que, ainal, os motores diesel até eram menos<br />

poluentes do que os a gasolina e chegavam mesmo<br />

a ter melhores prestações que alguns dos seus rivais<br />

mais próximos a gasolina. Mas agora, são os<br />

motores a gasolina que recorrem à sobrealimentação e à injeção<br />

direta de combustível, entre diversas outras soluções, para voltar<br />

a conseguir melhores prestações, ao mesmo tempo que também<br />

conseguem médias de consumo mais próximas dos diesel. Pelo<br />

meio, já foram escritos milhões de carateres sobre quem acha um<br />

ou outro melhor, quem defende a gasolina ou o diesel ou quem<br />

consegue encontrar motivos e argumentos em que um ou outro é<br />

que é, garantidamente, a melhor escolha. Mas, será que ainda há<br />

assim tantas diferenças?<br />

AM: Sim, claro que sim. Como se costuma dizer: “Uma coisa é<br />

uma coisa, outra coisa é outra coisa” e vai sempre haver quem<br />

prefere um ou outro. Mais do que aritmética, com cálculos dignos<br />

da engenharia espacial e tentativas de justiicar a escolha de um<br />

género de motor ou de outro apenas com números, há também<br />

que considerar o tipo de condução que cada motorização<br />

proporciona. Os motores diesel terão sempre uma melhor<br />

resposta nos regimes mais baixos, permitindo passagens de caixa<br />

quase sem acordar o ponteiro do conta-rotações enquanto que os<br />

motores a gasolina vão sempre gostar dos regimes mais elevados.<br />

Para conduzir no dia-a-dia ou para percorrer muitos quilómetros<br />

de uma só vez, eu vou sempre querer um motor diesel. Se for para<br />

andar numa estrada de serra, ou em pista, eu opto sem pestanejar<br />

pelo motor a gasolina; nada bate o som de um 911 GT3 a passar<br />

de relação perto das 9.000 rpm.<br />

PP: OK, calma, calma. Vamos fazer uma espécie de tira-teimas<br />

num mundo mais real do que o do GT3. Vamos tentar criar uma<br />

espécie de teste usando apenas o lado prático da coisa, juntando<br />

dois Citroën C4 Picasso, um a gasolina e outro diesel, com um<br />

nível de equipamento semelhante. São carros iguais em quase<br />

tudo, praticamente só muda o motor e escolhemos um percurso<br />

com estrada, cidade e autoestrada.<br />

AM: Mas para provar o quê? A minha decisão está feita. Bem<br />

sabes que sou fervoroso adepto dos diesel.<br />

PP: Nada. Já não há nada para provar. Apenas podemos relatar<br />

a experiência de utilização dos dois modelos e as diferenças entre<br />

os dois, percorrendo as mesmas ruas e estradas. E se no inal não<br />

tivermos chegado a nenhuma conclusão pelo menos poderemos<br />

parar numa tasca e comer uns tremoços.<br />

AM: Assim é que é falar. Assim sendo, já percebi que isto é<br />

capaz de demorar. Estive aqui a pensar durante dois segundos e<br />

preiro levar já o diesel, pode ser?<br />

PP: Podes. Eu deixo. À nossa disposição temos o PureTech de<br />

130 cavalos e, apesar de as imagens mostrarem o 1.6 e-HDi, vou-te<br />

pedir que o consideres como o novo 1.6 BlueHdi de 120 cavalos,<br />

versão que o substitui. Ambas as versões são do nível de<br />

equipamento Intense. Por isso, sim, podes começar com o diesel<br />

que eu na estrada nacional 10 até preiro a versão a gasolina.<br />

Quando chegarmos à autoestrada trocamos. Mas eu deixo-te<br />

fazer os primeiros quilómetros para veres a média. Que dizes?<br />

AM: Bem se vamos pela autoestrada: Cruise Control nos<br />

120 km/h, ar condicionado automático regulado para os 21 graus,<br />

média de consumo pouco acima dos quatro litros e os quilómetros<br />

a passar. É mais ou menos isto que um diesel consegue fazer num<br />

modelo como o Picasso. Para ir de férias com a familia, só mudava<br />

mesmo para o Grand Picasso e nem era pelos sete lugares,<br />

era mesmo só para ter mais espaço.<br />

“Se não tivermos chegado a<br />

nenhuma conclusão poderemos<br />

parar e ir comer uns tremoços”


EM DETERMINADA ALTURA,<br />

UM DOS C4 PICASSO FICOU<br />

ACIMA DO OUTRO. MAS<br />

USOU UMA RAMPA<br />

NESTA DIA<br />

HAVIA AMEIJOAS<br />

(BOAS) NA EN 10<br />

VAMOS ALMOÇAR A<br />

ALCÁCER? OU SEGUIMOS<br />

PELO IC1 ATÉ GRANDOLA?<br />

A INSTRUMENTAÇÃO<br />

DO C4 É COMPLETA<br />

E PERSONALIZÁVEL<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

143


A PONTE DE ALCÁCER<br />

ERA UMA PASSAGEM<br />

OBRIGATÓRIA ANTES<br />

DA AUTOESTRADA<br />

NINGUÉM LÁ ATRÁS?<br />

É O IDEAL PARA DORMIR<br />

OU TRANSPORTAR<br />

MAIS COISAS<br />

144 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


“Reconheço que gostei de<br />

conduzir o modelo a gasolina”<br />

C4 PICASSO<br />

PP: Espaço é sempre bem-vindo, mas eu continuo a preferir<br />

o Picasso nestas versões que aqui temos hoje. É mais prático para<br />

o dia-a-dia e como não me vejo a ter um segundo carro, nem que<br />

seja porque não tenho orçamento para isso, preiro que o carro<br />

seja prático e confortável. Não ter dimensões avantajadas é um<br />

sinónimo do que reiro.<br />

Curiosamente, tanto tu como eu izemos imensos<br />

quilómetros num Picasso de primeira geração e a evolução<br />

que a marca fez ao longo dos últimos anos é notória.<br />

AM: A gama Citroën aprendeu muito com os modelos DS,<br />

antes destes se terem transformado numa marca própria, e este<br />

C4 Picasso é um bom exemplo disso. Há bons materiais, uma<br />

qualidade de montagem que poderia ser melhorada, mas na qual<br />

se nota uma boa evolução, e a bordo há um ambiente mais<br />

soisticado e moderno. E eu ainda continuo fascinado com a moda<br />

do teto panorâmico em vidro, pois transmite sempre uma<br />

iluminação incrível ao habitáculo.<br />

PP: Nem me fales nisso. A minha ilha considera o extra do<br />

teto panorâmico uma das obrigações em termos de equipamento<br />

de série de qualquer modelo. Eu já lhe tentei explicar que para<br />

além dos dias de verão em que apetece ter o sol a entrar existem<br />

também os dias muito cinzento de inverno onde a chuva<br />

e granizo nos batem por cima da cabeça...<br />

AM: Ora aí está algo que nunca me passou... pela cabeça!?<br />

PP: Fixe. Agora que já trocámos de montada diz-me lá se<br />

o PureTech já te conveceu? Olha que os 130 cavalos, produzidos<br />

pelo pequeno motor de 1.199 cc, não se saem nada mal, pois não?<br />

Sentes logo às 1.750 rpm um bom binário e consegues fazer<br />

ultrapassagens sem grande stress.<br />

CITROËN C4<br />

PICASSO<br />

PURETECH<br />

Preço: € 26.796<br />

Motor: 1.199 cc, 4 cil.,<br />

130 cv às 5.500 rpm,<br />

230 Nm às 1.750 rpm<br />

Performance:<br />

0‐100 km/h em 10,1 seg.,<br />

vel. máx: 196 km/h<br />

Transmissão: manual<br />

de seis velocidades,<br />

tração dianteira<br />

Peso: 1.320 kg<br />

AM: Reconheço que gostei de conduzir o Picasso a gasolina.<br />

Este motor anda muito mais do que o diesel, apesar de ter apenas<br />

mais dez cavalos. Mas o mais engraçado é que as médias<br />

de consumo são superiores às do diesel, mas não muito<br />

superiores. Nada de valores próximos do dobro ou ainda mais<br />

do que isso, como costumava acontecer em alguns modelos.<br />

PP: É bem verdade, isto de andarmos com motores a gasolina<br />

e conseguirmos fazer valores próximos dos 5, 5 litros a cada<br />

100 km percorridos começa a fazer pender o pêndulo para<br />

o lugar que os construtores tanto querem. Não me digas que já<br />

conseguiste converter-te?<br />

AM: Mantenho a minha escolha inicial. Para o dia-a-dia ou<br />

para percorrer muitos quilómetros, continuo a optar pelo diesel,<br />

mesmo sabendo que, com o mesmo nível de equipamento, teria<br />

de gastar quase 3.500 euros a mais na aquisição do carro. Eu sei<br />

que este valor dá para muito combustível, mas depois de<br />

comprar o carro ninguém vai pensar nisso. Se estiver ao volante<br />

de um carro a gasolina, vai pensar que no diesel o depósito tinha<br />

dado para mais quilómetros. Se estiver a conduzir o carro a<br />

gasolina vai aproveitar mais a condução, mas na maior parte das<br />

vezes em que lhe acender a luz da reserva a primeira coisa que<br />

vai exclamar é: “Já?”<br />

PP: Se considerarmos a nossa vida atual, sim. Fazemos tantos<br />

quilómetros para ir e vir a casa que um diesel acaba ainda por nos<br />

compensar. Mas já pensei muitas vezes nisso e tenho a certeza de<br />

que se tivesse um trabalho mais perto de casa, não teria a mínima<br />

dúvida em optar por um modelo a gasolina.<br />

E olha que a Citroën anda a fazer umas belas promoções, não<br />

sei se já tiveste oportunidade de reparar?<br />

TOPGEAR.COM.PT Ò JULHO 2015<br />

145


C4 PICASSO<br />

CITROËN VISITA FAMILIARES<br />

ANTIGOS, ABANDONADOS<br />

NA ESTRADA. SIM, CALHOU!<br />

AM: Reparei no preço das ameijoas lá atrás, isso conta?<br />

PP: Ah!Ah! Por acaso senti-me tentado a levar um saquinho<br />

delas e terminarmos esta discusão lá à beira da piscina com uma<br />

Fanta Laranja fresquinha... para ti.<br />

AM: E a “jola” para ti, que já não íamos conduzir mais no resto<br />

dessa tarde... O que era bom, mas não pode ser. Fala-me lá dessas<br />

promoções então.<br />

PP: Sim, ainda temos de voltar para Lisboa, mas olha que<br />

devíamos pedir uma extensão da redação da <strong>Top</strong><strong>Gear</strong> algures<br />

à beira do Sado. Com um bom spot de Wii...<br />

Quanto a promoções... Bem, o Picasso Puretech que vemos nas<br />

imagens custa 29.025 euros, já com o pack Style 3D e o Park Assist,<br />

por exemplo. Quanto ao BlueHDI, eleva a fasquia até aos 32.055<br />

euros mas já inclui a Citroën Connect Box.<br />

AM: Recordo-me que a marca anunciou que os novos motores<br />

BlueHDI, para além da poupança em termos de consumo,<br />

conseguiam ter um preço inferior em 900 euros em relação<br />

ao 1.6 e-HDI de idêntica coniguração.<br />

PP: E atualmente o importador está com uma campanha, ou<br />

um apoio promocional se assim lhe quisermos chamar, de 2.500<br />

euros a que pode acrescer um apoio à retoma até 1.500 euros.<br />

Quer isto dizer que, por exemplo, o PureTech, se o comprador<br />

conseguir deixar um carro com alguns anos, está disponível no<br />

nível Intense (meio de gama) abaixo de 23 mil euros!<br />

CITROËN C4<br />

PICASSO<br />

1.6 BLUEHDI<br />

Preço: € 30.196<br />

Motor: 1.560 cc, 4 cil.,<br />

120 cv às 3.500 rpm,<br />

300 Nm às 1.750 rpm<br />

Performance:<br />

0‐100 km/h em 11,3 seg.,<br />

vel. máx.: 189 km/h<br />

Transmissão: manual<br />

de seis velocidades,<br />

tração dianteira<br />

Peso: 1.280 kg<br />

AM: Epá, se calhar podíamos ter sido misercordiosos e tentar<br />

rebocar aquela velha C15 que vimos abandonada à beira<br />

da estrada, achas que se encaixava no peril?<br />

PP: Desconio que daqui a poucos dias já nada restará dessa<br />

carcaça. Os abutres da estrada, tal como os abutres com asas, se<br />

irão encarregar de debicar tudo o que for possível ou passível de<br />

ser vendido ou aproveitado. Além disso, para o incentivo ao abate<br />

é preciso que o carro vá a circular até ao stand. Aquele... duvido.<br />

AM: Eu sei. Estava mesmo só na palhaçada. E quanto a contas<br />

e mais contas. Lá está. Eu bem dizia que isto de olhar para<br />

números não é mesmo para o meu feitio. Ou melhor até pode ser<br />

quando não se ignoram factos, mas isso é uma longa conversa. Só<br />

falta um quadro de Excel e um belo projetor. Eu de um lado<br />

a defender o diesel e tu o gasolina.<br />

PP: Felizmente que eu já não perco tanto tempo com quadros<br />

de Excel, mas ica a saber que ia tirando um curso que mais ou<br />

cedo ou mais tarde me iria habilitar a pouco mais que isso.<br />

Mas tenho para nós uma outra sugestão bem mais interessante.<br />

O próximo tira-teimas que podemos marcar é ver qual de nós<br />

aguenta mais tempo numa cama de rede montada à sombra<br />

de dois sobreiros.<br />

AM: Nem me digas nada que isto à tarde dá-me cá<br />

uma vontade. Falta muito para chegar a Lisboa? Ah, que bem<br />

que se circula com ar condicionado ligado!<br />

146 JULHO 2015 Ò TOPGEAR.COM.PT


1 MILHÃO DE PORTUGUESES TEM DIABETES.<br />

400 MIL TÊM E NÃO SABEM.<br />

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal está a promover uma campanha de angariação<br />

de sócios. Paula Moura Pinheiro, Luís Suspiro, Maria de Lourdes Modesto, Rui David, Débora Monteiro,<br />

Paulo Bento e Maria Lurdes Rodrigues são as personalidades que dão a cara pela diabetes.<br />

Junte-se a esta causa.<br />

Faça-se sócio pelo telefone 213 816 107 ou vá a www.apdp.pt<br />

Seja amigo da APDP em www.facebook.com/apdp.pt

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!