Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
não é o que elas sentem. É o ato sacramental que o sacerdote executa. É a Igreja<br />
que estabelece a união matrimonial. Sacramentos são atos que um sacerdote<br />
executa, em nome de Deus. Portanto, é Deus que executa. E se é Deus que<br />
executa, não pode ser desfeito. “Aquilo que Deus ajuntou não o separe o homem.”<br />
A rejeição do divórcio por parte da Igreja nada tem a ver com o seu amor pela<br />
família. O que está em jogo é o poder divino da Igreja para unir. Se ela aceitasse o<br />
divórcio, estaria confessando que o sacramento do matrimônio não é coisa divina.<br />
E, com isso, estaria se desqualificando como legítima representante de Deus. Acho<br />
que o certo seria dizer: “Aquilo que Deus ajuntou o homem não separa. Se separou<br />
é porque Deus não juntou...”.<br />
Quem não pode transar não pode casar<br />
<strong>Faz</strong> tempo escrevi um artigo com esse título, “Quem não pode transar não pode<br />
casar”. Uma enfermeira e seu paciente paraplégico se apaixonaram e queriam<br />
casar. Mas, por ser paraplégico, o homem não poderia ter relações sexuais.<br />
Queriam casar por puro amor. Mas o bispo proibiu alegando que a sã doutrina da<br />
Igreja estabelecia que a função do casamento é a procriação. Daí o título do meu<br />
artigo: “Quem não pode transar não pode casar”. Com os progressos da ciência,<br />
poderá chegar um dia em que a Igreja exigirá um espermograma dos noivos, e os<br />
estéreis estarão proibidos de casar, bem como os velhos.<br />
É difícil dizer que se ama<br />
Havia uma moça que passava sempre defronte da minha casa. Eu a via, do outro<br />
lado da rua. Ela tinha um defeito na perna que a fazia mancar. O seu rosto tinha<br />
uma suavidade, uma beleza que me encantava. E eu ficava com vontade de<br />
atravessar a rua e dizer-lhe: “Eu acho você muito bonita!”. E voltar correndo para<br />
dentro de casa. Nunca tive coragem. Tive medo de que ela me considerasse um<br />
velho desrespeitoso, dando-lhe uma cantada. E eu fico a me perguntar: por que é<br />
tão difícil dizer aos outros o quanto gostamos deles?<br />
Encontro e separação<br />
Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. E neste<br />
espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do<br />
regresso. Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o<br />
amor. Porque amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça. Aparece<br />
quando quer, e só nos resta ficar à espera. E, quando ele volta, a alegria volta com