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Notícias de jornal<br />
Ele tinha medo dos sessenta anos não por causa do número de anos, mas por<br />
causa dos jornais. Dizia: “Se eu for atropelado vão noticiar ‘Sexagenário<br />
atropelado’”. Ele nunca foi atropelado. A notícia não aconteceu. Mas eu li uma mais<br />
divertida: “Ancião de cinquenta anos atropelado”. Era um concurso importante,<br />
livre-docência. O candidato, um dentista professor competentíssimo, meu amigo, já<br />
falecido. A imprensa compareceu e noticiou: “Ao final a banca examinadora<br />
concedeu-lhe o título de Professor Livre-docente. E, além deste, deram-lhe também<br />
o título de ‘Ad referendum da Congregação’”. Numa matéria sobre a sinfônica, o<br />
repórter escreveu: “Será tocado o Concerto no 5, em si bemol, Imperador, com os<br />
movimentos Allegro, Adagio un poco mosso e Rondó: Allegro todos eles compostos<br />
por Beethoven”.<br />
Explicações que ofendem<br />
O rei estava reunido com o seu ministério e tratava de dar explicações duvidosas<br />
para uns gastos com banquetes gastronômicos. Os ministros, sem acreditar, faziam<br />
de conta que acreditavam. Mas o bobo, um dos ministros do rei (todo governo<br />
deveria ter um bobo da corte...), deu uma risadinha e comentou em voz alta:<br />
“Majestade, há explicações que são piores que uma ofensa...”. O rei ficou furioso,<br />
expulsou o bobo e declarou que, se ele não explicasse essa declaração absurda até<br />
o fim do dia, iria passar uma semana no calabouço. O bobo sumiu. O rei, cansado,<br />
ao fim de um dia de explicações, ia sozinho por um corredor do palácio, corredor<br />
esse decorado com grandes colunas de mármore. Atrás de uma delas estava o<br />
bobo escondido, pronto a provar sua tese. Quando o rei passou, o bobo pulou e<br />
agarrou as nádegas do rei. O rei deu um grito de susto e raiva. E o bobo se<br />
desculpou: “Perdão, Majestade, eu pensei que fosse a rainha...”. Estava provada a<br />
tese de que há explicações que são piores que uma ofensa.<br />
Humilhação<br />
Fico literalmente enfurecido quando vejo alguém humilhar uma pessoa mais fraca,<br />
mais pobre. Quando isso acontece, eu me esqueço da idade que tenho e dos<br />
conselhos da prudência. Aconteceu no supermercado Champion. Ouvi uma pessoa<br />
que vociferava em alta voz ofensas a uma outra. Fui ver o que estava acontecendo.<br />
Um cliente, valendo-se da sua condição de cliente, cliente tem sempre razão,<br />
valendo-se do fato de que os empregados não podem reagir, sob pena de perder o<br />
emprego, destratava um empregado humilde que tudo ouvia em silêncio, de<br />
cabeça baixa. Não aguentei. Aproximei-me e disse ao dito: “É desprezível que uma