Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
me que os botões foram aí colocados porque os homens, mal-educados e antihigiênicos,<br />
tinham o costume de limpar os narizes esfregando-os na ponta da<br />
manga. As golas dos marinheiros, curiosas, quadradas, como um babador que se<br />
coloca nas costas, era isso mesmo, um babador ao contrário. Em tempos muito<br />
antigos, os marinheiros usavam tranças que lubrificavam com óleo de peixe. As<br />
tranças lubrificadas lambuzavam a blusa. Então, uma pessoa inteligente,<br />
provavelmente a lavadeira, teve a ideia de colocar uma gola nas costas com a<br />
função de babador. Outra coisa que desperta a minha curiosidade é: por que, nas<br />
solenidades, se faz uma coisa chamada “composição da mesa”, que não tem<br />
função alguma? Compor a mesa é chamar para se assentar no palco, atrás de uma<br />
mesa, as pessoas importantes. Tenho horror de mesas compostas!<br />
Escrito numa calçada<br />
“Cachorro educado não faz cocô no chão.” Como cachorros não sabem ler, é óbvio<br />
que essa mensagem se dirige aos seus donos. Os cachorros que os donos levam a<br />
passear são extensões dos seus donos. Assim sendo, não são os cachorros que<br />
fazem cocô no chão. São os seus donos. Os donos e donas que contemplam seus<br />
pets na ridícula posição que tomam para realizar o ato fisiológico – são eles<br />
mesmos que, por metonímia, estão na posição ridícula, defecando na cidade.<br />
Propaganda<br />
Vamos ver se você tem cabeça de propagandista, se você pode se candidatar a um<br />
emprego na empresa do Duda Mendonça. Vi essa propaganda de um carro numa<br />
revista, quando morei nos Estados Unidos. Um conversível vermelho, sem capota,<br />
num bosque. Você colocaria uma, duas, três, quatro ou nenhuma pessoa dentro do<br />
carro? E as duas portas? Estariam fechadas? As duas estariam abertas? Ou apenas<br />
uma aberta? Pense e dê o seu palpite. A solução vem depois.<br />
O que o sogro imaginou<br />
A estória me foi contada por um amigo, um homem sábio e manso, que conhece as<br />
coisas da alma humana. Aconteceu na sua cidade, faz muito tempo. Um moço<br />
visitava pela primeira vez a casa dos pais da sua namorada. Era uma visita<br />
importante. Precisava que os pais o aprovassem. Tudo transcorria agradavelmente<br />
quando ele se sentiu premido por uma inadiável necessidade fisiológica. Vermelho<br />
de vergonha pediu para ir ao banheiro. Foi e fez. Não imaginava que esse ato<br />
simples, democraticamente partilhado por todos e ditado por pressões intestinais