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Papa<br />
O papa escreveu um documento espinafrando os católicos que não santificam o<br />
domingo. Ele exorta os fiéis a fazer do jeito preciso que os protestantes faziam.<br />
Será esse um gesto de aproximação ecumênica? No passado não era assim. Nós,<br />
protestantes, morríamos de inveja dos católicos. Os fiéis iam à missa e, com isso,<br />
seus deveres para com Deus estavam cumpridos. Depois disso, tudo era liberdade:<br />
praia, piqueniques, rádio, futebol, sorvete, cinema. Entendo a preocupação do<br />
supremo pontífice. Os tempos são outros. Os ritos sagrados, graves, não podem<br />
competir com as deliciosas tentações do mundo. O Diabo é muito sedutor. Com<br />
isso, as igrejas ficam vazias. As igrejas na Alemanha, sempre vazias, colocaram<br />
telões dentro dos templos para que os fiéis pudessem assistir à copa de futebol<br />
cristãmente. Foi a única forma que encontraram para, provisoriamente, encher os<br />
seus templos. Os fiéis deixaram de ter medo de Deus. Fez bem o papa em<br />
determinar que os católicos cumpram o mandamento de santificar o domingo.<br />
Domingo não é dia de diversão. Domingo é dia de devoção. Domingo é dia da<br />
Igreja. Eu só não entendo as razões por que as seitas evangélicas não têm esse<br />
problema. Parece que os seus templos estão sempre cheios. Por quê? Deve haver<br />
alguma razão. Talvez porque, não tendo dinheiro para ir à praia, as reuniões nos<br />
templos se tornam uma alternativa alegre. A pobreza muito contribui para a<br />
santidade.<br />
Remédio contra a morte<br />
Há doenças que só chateiam: resfriado, torcicolo, frieira, hemorroidas... Ninguém<br />
pensa que vai morrer por causa delas – só se for uma pessoa perturbada da<br />
cabeça. Doente com essas doenças, o incômodo fica nosso companheiro, em todas<br />
as horas. Mas há outras doenças que, inevitavelmente, trazem consigo a<br />
possibilidade da morte. Quem tem câncer pensa em morte. Quem tem uma<br />
insuficiência renal crônica pensa em morte. Quem tem leucemia pensa em morte.<br />
Quem sofre de uma degeneração progressiva do sistema nervoso pensa em morte.<br />
Quem tem hepatite C pensa em morte. Quem tem aids pensa em morte. Só o<br />
nome da doença já traz a companhia do fantasma da morte. E o corpo fica sendo<br />
um lugar mal-assombrado. Alguns pensam que o remédio contra o fantasma é não<br />
falar nele. Tive um tio de quem eu muito gostava que se recusava a ir ao médico. E<br />
a sua justificativa era: “Pode ser que eu tenha alguma coisa”. Ele pensava que a<br />
coisa só existe quando é falada. Assim, o remédio contra a morte é não falar.<br />
Pensamento positivo! Falemos sobre música e flores! Sobre futebol e política! O