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Por isso, Araújo alerta sobre a necessidade<br />
de ampliar a mobilização, desta vez envolvendo<br />
todos os setores da sociedade, já que<br />
a ameaça não se restringe à Caixa. “O projeto<br />
contraria os interesses dos trabalhadores e da<br />
maior parte da população brasileira porque<br />
vende patrimônio público e transfere renda<br />
para capitalistas estrangeiros”, pondera o presidente<br />
do Sindicato.<br />
Todos os brasileiros endossam a necessidade<br />
de transparência na gestão das empresas<br />
estatais e defendem a melhoria da<br />
governança nas empresas públicas, como, por<br />
exemplo, com a eleição de representantes de<br />
trabalhadores e de membros da sociedade<br />
para compor os conselhos de administração,<br />
como algo importante e essencial. A fiscalização<br />
dos recursos públicos e uma gestão transparente<br />
são exigências da sociedade democrática<br />
e dos movimentos organizados.<br />
‘Transparência’<br />
O PLS 555 é um substituto ao PL 167 de<br />
2015, do senador Tasso Jereissati (CE), e uma<br />
referência ao PLS 343, também deste ano,<br />
do senador Aécio Neves (MG),<br />
ambos do PSDB. Em maio, os<br />
presidentes das duas Casas,<br />
o senador Renan Calheiros<br />
(PMDB-AL) e o deputado<br />
Eduardo Cunha<br />
(PMDB-RJ), anunciaram<br />
a criação de uma comissão<br />
para elaborar a<br />
proposta.<br />
Segundo os parlamentares,<br />
a nova legislação<br />
seria criada nos moldes<br />
da Lei de Responsabilidade<br />
Fiscal e teria o objetivo de dar<br />
maior transparência às contas<br />
das estatais.<br />
O projeto também altera as<br />
regras para a indicação dos membros<br />
dos conselhos de Administração<br />
e os mandatos (prevê no mínimo 20% de<br />
conselheiros de Administração independentes)<br />
e, nas empresas com capital social acima<br />
de R$ 1 bilhão, que a indicação dos conselheiros<br />
deixe de ser prerrogativa do Executivo e<br />
passe a ser do Senado.<br />
Retirada<br />
da urgência<br />
No dia 22 de setembro, o Sindicato<br />
dos Bancários do DF participou<br />
de audiência pública no Senado,<br />
quando os dirigentes sindicais<br />
pediram a retirada da urgência do<br />
PLS 555, sob a alegação de que o<br />
projeto contém ‘pegadinhas’ que<br />
ameaçam a soberania nacional e<br />
abrem caminho para a privatização<br />
do patrimônio público.<br />
Por considerar o assunto complexo,<br />
o presidente da Comissão de<br />
Direitos Humanos e Legislação<br />
Participativa (CDH), senador Paulo<br />
Paim (PT-RS), prometeu dialogar<br />
com o autor da versão do projeto,<br />
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE),<br />
com o presidente do Senado, Renan<br />
Calheiros, e com líderes partidários<br />
para aprofundar o debate antes de<br />
sua votação.<br />
Privatizações<br />
De acordo com dados do Departamento<br />
Intersindical de Assessoria Parlamentar<br />
(Diap), desde 1990 foram vendidas cerca<br />
de 120 estatais. Hoje existem por volta de<br />
150 empresas estatais federais, atuando<br />
em setores essenciais como financeiro,<br />
petróleo, energia, comunicações, gestão<br />
de portos e aeroportos, saúde, tecnologia<br />
agrícola, abastecimento e armazenamento,<br />
transporte ferroviário, indústria, defesa,<br />
entre outros. São mais de 461 mil empregados<br />
permanentes e outros 310 mil temporários<br />
ou terceirizados.<br />
O projeto contraria<br />
os interesses dos<br />
trabalhadores e<br />
da maior parte da<br />
população brasileira<br />
porque vende<br />
patrimônio público<br />
e transfere renda<br />
para capitalistas<br />
estrangeiros<br />
Eduardo Araújo<br />
Presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília<br />
www.leituradebordo.com.br | Setembro 2015 | Leitura de Bordo 19