Receptor de Transplante de Fígado

Educação
em Saúde
VOL. 43
Receptor de
Transplante de Fígado
Manual de Orientações

Receptor de
Transplante de Fígado
Manual de Orientações

EQUIPE DO PROGRAMA DE TRANSPLANTE HEPÁTICO ADULTO
Chefia do Programa de Transplante Hepático
Prof. Dr. Cleber Dario Pinto Kruel
Coordenação Clínica
Prof. Dr. Carlos Fernando de Magalhães Francesconi
Coordenação Técnica
Dr. Aljamir Chedid
Cirurgia
Prof. Dr. Cleber Dario Pinto Kruel
Dr. Ian Leipnitz
Dr. Aljamir Chedid
Dr. Cleber Rosito Pinto Kruel
Dr. Tomáz De Jesus Maria Grezzana Filho
Hepatologia
Prof. Dr. Carlos Fernando de Magalhães Francesconi
Prof. Dr. Mário Reis Álvares-da-Silva
Dr. Alexandre de Araújo
Dr. Matheus Truccolo Michalczuk
Endoscopia Digestiva
Prof. Dr. Ismael Maguilnik
Enfermagem
Terapia Intensiva
Profa. Enaura Helena B. Chaves
Enfa. Soraia Arruda
Enfermeiros do CTI
Centro Cirúrgico
Prof. Heloísa Helena Karnas Hoefel
Enfermeiros do BC
Intensivismo
Prof. Dr. Silvia Regina Rios Vieira
Equipe Médica do CTI
Patologia
Prof. Dr. Afonso Luis Barth
Serviço Social
Assist. Soc. Simone Beier
Também fazem parte da nossa equipe os Serviços de Psiquiatria,
Pneumologia, Cardiologia, Ginecologia, Odontologia, Hemoterapia,
Farmácia e Neurologia e Anestesia

Sumário
APRESENTAÇÃO 5
1. A sua equipe de transplante 7
2. Informações sobre seu fígado 7
2.1 O que é o fígado? 7
2.2 Sinais e sintomas de doença hepática 8
3. Medicações 8
3.1 Guia geral para medicamentos 11
3.2 Notifique sua equipe de transplante 12
4. Medicações específicas 13
4.1 Imunossupressores 13
5. Infecção - drogas de tratamento 20
5.1 Drogas de tratamento 20
5.2 Drogas Antifúngicas 24
5.3 Suplementos nutricionais 25
6. Complicações 25
6.1 Infecções 26
6.2 Rejeição 28
6.3 Ansiedade e depressão 29
6.4 Diabetes 30
6.5 Hipertensão (pressão alta) 30
6.6 Vazamento de bile 31
6.7 Estenose biliar 31

7. Cuidados de saúde após a alta hospitalar 31
7.1 Controlando sua saúde e seu novo fígado em casa 31
7.2 Consultas médicas 33
7.3 Exames laboratoriais 34
7.4 Exames Hematológicos 34
7.5 Testes de função renal 35
7.6 Testes de função hepática 35
7.7 Eletrólitos (minerais dissolvidos) 35
7.8 Outros exames 36
7.9 Procedimentos diagnósticos 36
8. Retornando às atividades normais 38
8.1 Dieta e Nutrição 38
8.2 Exercícios 43
8.3 Cuidados pessoais e com a saúde 45
8.4 Bebidas alcoólicas 50
8.5 Fumo 50
8.6 Evitando infecções 50
8.7 Planejamento familiar 52
8.8 Férias e viagens 52
8.9 Cuidados dentários 52
8.10 Rotinas de cuidados de saúde 53
9. Comunicação com sua equipe de transplante 53
10. Atenção para estes sinais 54
MELHORANDO ESTAS ORIENTAÇÕES 55

Apresentação
Você recebeu um novo fígado e este acontecimento
traz novas responsabilidades que devem ser
conhecidas e seguidas atentamente.
Seu fígado requer uma contínua atenção da
equipe do programa de transplante de fígado, e o
mais importante membro da equipe é você. Sem a
sua cooperação e participação ativa, a equipe não
pode progredir. Assim, para manter as funções
do seu novo fígado, você precisa:
• adotar hábitos diários saudáveis, boa dieta
e exercícios regulares;
• verificar periodicamente seu peso,
temperatura, pressão arterial e pulso,
quando solicitado;
• comunicar-se regularmente com a equipe
do programa de transplante;
• seguir com os medicamentos prescritos
na sua alta hospitalar, conforme os horários
recomendados e dosagem.
Este manual irá fornecer a você uma visão
geral da sua rotina de tratamento, medicações,
exames de controle e outras atividades. Também
vai informar sobre sinais e sintomas que
podem indicar complicações que necessitam de
imediata atenção médica.
5

Cada paciente tem necessidades especiais.
Você deve questionar sua equipe de
transplante quando tiver dúvidas em relação
às suas necessidades particulares.
Você pode usar este manual para:
• anotar instruções especiais;
• escrever questões que queira perguntar;
• rever normas gerais e cuidados com a
saúde.

1. A sua equipe de transplante
O programa de transplante hepático adulto é composto por profissionais
especialmente treinados para proporcionar-lhe um atendimento
eficaz, de modo que o seu transplante possa vir a ser um sucesso.
Um transplante é resultado do esforço de médicos, enfermagem (enfermeiras,
técnicos e auxiliares de enfermagem), nutricionistas, dentista,
assistentes sociais e toda equipe de apoio do nosso Hospital.
O contato com a equipe é facilitado, não só nos dias de consulta póstransplante,
mas também a qualquer momento em que necessite de
alguma orientação, através dos números de telefone que lhe são fornecidos
ou no Serviço de Gastroenterologia, no 2º andar do Hospital,
sala 2033, telefone: 51 3359.8307, pela manhã.
2. Informações sobre seu fígado
2.1 O que é o fígado?
O fígado é o maior órgão
sólido em seu corpo e pesa
cerca de 1.400g. Ele está localizado
no lado direito do
abdômen (à direita do estômago),
atrás das costelas e
abaixo dos pulmões. O fígado
realiza mais de 400 funções
por dia para mantê-lo
saudável.
7

Algumas das principais funções do fígado são:
• converter alimentos em nutrientes para que seu organismo
possa utilizá-los. Por exemplo: o fígado produz bile para dissolver
as gorduras;
• armazenar gorduras, açúcar, ferro e vitaminas para serem posteriormente
usados pelo organismo;
• fabricar as proteínas necessárias para a coagulação sanguínea;
• retirar da circulação sanguínea álcool e outras substâncias que
podem ser danosas ou tóxicas para o organismo.
2.2 Sinais e sintomas de doença hepática
• icterícia (pele e olhos amarelos);
• coceira intensa;
• urina escura (cor de coca-cola);
• fezes claras (cor acinzentada);
• confusão mental ou coma;
• fragilidade para machucados e tendência a sangramento;
• aumento anormal de líquido no abdômen (ascite).
3. Medicações
Você recebeu um novo fígado, este acontecimento traz novas responsabilidades
que devem ser conhecidas e seguidas atentamente.
Seu fígado requer uma contínua atenção da equipe de transplante, e
o mais importante membro da equipe é você. Sem a sua cooperação e
participação ativa, a equipe não pode progredir. Assim, para manter as
funções do seu novo fígado, você precisa:
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• adotar hábitos diários saudáveis, boa dieta e exercícios regulares;
• verificar periodicamente seu peso, temperatura, pressão arterial
e pulso, quando solicitado;
• comunicar-se regularmente com a equipe de transplante;
• seguir com os medicamentos prescritos na sua alta hospitalar,
conforme os horários recomendados e dosagem.
Este manual irá lhe fornecer uma visão geral da sua rotina de tratamento,
medicações, exames de controle e outras atividades. Ele também informa
sobre sinais e sintomas que podem indicar complicações e que
necessitam de imediata atenção médica.
Cada paciente tem necessidades especiais. Você deve questionar sua
equipe de transplante quando tiver dúvidas em relação às suas necessidades
particulares.
Você pode usar este manual para:
• anotar instruções especiais
• escrever questões que queira perguntar
• rever normas gerais e cuidados com a saúde
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A equipe de transplante do HCPA é composta por profissionais especialmente
treinados para lhe proporcionar um atendimento eficaz, de
modo que o seu transplante possa vir a ser um sucesso.
Um transplante é resultado do esforço de médicos, enfermagem (enfermeiras
e técnicos de enfermagem), nutricionistas, dentista, assistente
social e toda equipe de apoio do nosso hospital.
O contato com a equipe é facilitado, não só nos dias de consulta póstransplante,
mas também a qualquer momento em que necessite de
alguma orientação, através dos números de telefone que lhe são fornecidos
ou no Serviço de Gastroenterologia, no 2º andar do hospital, sala
2033, fone: 3359.8307, pela manhã.
Você é responsável por tomar as medicações que estão prescritas. Fale
com seu médico ou enfermeira de transplante para conhecer detalhadamente:
• o nome e a indicação de cada medicamento;
• como e quando tomar cada medicamento;
• o tempo de duração do tratamento;
• principais efeitos colaterais de cada medicamento;
• o que fazer quando você esquecer de tomar a dose;
• como adquirir seus medicamentos;
• o que você deve evitar (tal como beber ou dirigir) enquanto
estiver tomando seus medicamentos;
IMPORTANTE: você deve seguir as orientações da equipe para
que sua recuperação seja rápida.
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Em casa você continuará tomando a maior parte dos remédios que iniciaram
no hospital, especialmente as medicações anti-rejeição.
Seu sistema imunológico reconhece seu novo fígado como estranho e
tentará rejeitá-lo. Por esta razão, seu sistema imunológico precisa ser
controlado com medicações imunossupressoras. Após o transplante,
você precisará tomar estes medicamentos uma ou mais vezes por dia,
por um tempo indeterminado, e outras medicações, conforme cada
caso.
LEMBRETE: nunca pare de tomar sua medicação, ou altere
a dosagem a não ser que seu médico aprove.
3.1 Guia geral para medicamentos
• Mantenha medicamentos em casa em sua embalagem original,
bem fechada.
• Guarde os frascos e comprimidos em lugar fresco, longe da luz
solar direta.
• Não guarde medicamentos no banheiro. A umidade pode causar
perda da potência dos remédios.
• Não congele remédios líquidos.
• Não guarde medicamentos no refrigerador a menos que seu
médico ou enfermeira recomende.
• Mantenha os medicamentos longe do alcance das crianças.
• Converse com sua enfermeira ou médico para ajudá-lo a selecionar
o melhor horário para tomar sua medicação, conforme a
prescrição médica.
• Tome as medicações no mesmo horário todos os dias.
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• Não quebre ou esmague os comprimidos a menos que você
seja orientado para isso.
3.2 Notifique sua equipe de transplante se:
• Ocorrerem indisposições prolongadas (náusea, vômito ou diarréia),
que impeçam ou dificultem o uso dos remédios.
• A informação da bula parecer diferente do que você sabe.
• Houver necessidade de tomar analgésicos para aliviar dores.
• Houver alteração em sua saúde ou hábitos alimentares.
• Houver necessidade de consultar um serviço de saúde e o médico
receitar novas medicações ou alterar a dosagem dos seus
remédios.
• Ocorrerem sintomas ou efeitos secundários relacionados aos
medicamentos que você está tomando.
• Evite remédios para resfriados, diarreia, medicamentos para
emagrecer, “remédios” para o fígado (Olina, Epocler ou similares),
“remédios naturais”, homeopatias, pomadas, ungüentos ou qualquer
outro tipo de medicamento que não tenha sido prescrito
pelo médico da equipe de transplante.
• Se você engravidar enquanto estiver tomando as medicações,
comunique a equipe de transplante imediatamente. O uso destes
remédios durante a gravidez pode trazer riscos para você e o
bebê.
Esta seção foi planejada como um guia geral de medicações: função,
uso adequado, dosagem precauções e efeitos colaterais. No entanto,
estas informações não substituem as orientações médicas para problemas
individuais. O objetivo é fornecer a você uma visão geral. Siga
sempre as instruções dadas pela sua equipe de transplante.
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As receitas devem ser fornecidas antes da alta hospitalar. E é importante
planejar e ter certeza de que você terá a quantidade certa das
medicações anti-rejeição para fins-de-semana e feriados.
Você provavelmente não vai apresentar todos os efeitos colaterais listados
para cada medicação. Esses efeitos usualmente diminuem com
o tempo.
4. Medicações específicas
4.1 Imunossupressores
4.1.1 Ciclosporina / Ciclosporina Neoral
Nome comercial: Sandimmun®ou Sandimmun Neoral®
Indicação - A ciclosporina é usada para prevenir a rejeição do órgão
transplantado. É usada para imunossupressão por muito tempo. Este
medicamento não faz parte da rotina da equipe, mas pode ser usado
em situações especiais.
Como tomar
• Líquido: frascos de 50 ml. Cada ml contém 100 mg da medicação.
• Cápsulas: concentrações de 25 mg, 50 mg e 100 mg.
Se você toma ciclosporina 2 vezes ao dia, divida as doses a cada 12 horas.
A forma líquida deverá ser misturada com leite ou suco de laranja.
Utilize os líquidos em temperatura ambiente, em copo de vidro e misture
com colher de metal.
A equipe de transplante determinará a dose apropriada para você, baseada
em seu peso, testes de laboratório e possíveis efeitos colaterais
da ciclosporina.
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A ciclosporina é usualmente tomada com corticosteroides, como a
prednisona.
Você fará frequentes testes de laboratório durante os primeiros meses,
para controlar a eficácia e os efeitos colaterais da ciclosporina.
Precauções
• No dia dos exames de laboratório, não tome sua dose da manhã
até que seu sangue seja coletado.
• Não deixe a medicação no carro, nem a guarde no refrigerador,
no armário do banheiro ou exposto diretamente à luz. Locais
apropriados para guardar este remédio são a cozinha e o seu
quarto, longe do calor, frio, umidade e crianças.
• Após aberta, a ciclosporina líquida é válida por dois meses.
• Você não deve remover o invólucro da cápsula até que seja hora
de tomá-la.
• Ciclosporina interage com alguns medicamentos comuns. Converse
com a sua equipe de transplante antes de iniciar algum
medicamento novo.
Principais efeitos colaterais - Dores de cabeça, tremores nas mãos,
pressão alta, crescimento de pêlos, aumento ou inchaço das gengivas,
insônia, perda de apetite, edema de face, nefrotoxicidade.
4.1.2 Tacrolimus (FK 506)
Nome comercial: Prograf®
Indicação - Tacrolimus é prescrito para prevenir ou tratar a rejeição do
órgão em pessoas que receberam transplante de fígado. Ele é usado
para imunossupressão por longo tempo. É a droga de escolha da sua
equipe de transplante para servir como base da imunossupressão.
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Como tomar
• Abra o envoltório das cápsulas e tome imediatamente, com
água.
• Não deve ser tomado antes das coletas de exame.
• Cápsulas de 1 mg e 5 mg. Se você tomar Tacrolimus duas vezes
ao dia, divida as doses a cada 12 horas. Tanto oral como IV, tacrolimus
será dado a você imediatamente após o seu transplante. A
dose apropriada para você será determinada pelo seu peso, testes
de laboratório e os possíveis efeitos colaterais de Tacrolimus.
• Tacrolimus deve ser tomado uma hora antes ou duas horas
após as refeições.
Precauções
• Não tomar junto com suco de laranja.
• Inicialmente, você tomará corticosteroides (prednisona) enquanto
usa Tacrolimus.
• Você fará frequentes testes de laboratório durante os primeiros
meses, para controlar a eficácia e os efeitos colaterais do Tacrolimus.
• No dia em que o nível de Tacrolimus for medido, não tome sua
dose da manhã até que seu sangue seja coletado.
• Guarde o Tacrolimus em temperatura ambiente.
• Tacrolimus pode interagir com medicamentos comumente
usados. Converse com sua equipe de transplante antes de começar
algum novo medicamento.
Efeitos colaterais - Dor de cabeça, náusea, diarreia, tremores, aumento
do nível de açúcar no sangue, aumento dos níveis de potássio, diminuição
dos níveis de magnésio, alteração da função renal, queda de
cabelo, insônia, dormência e formigamento nas mãos e pés.
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4.1.3 Prednisona
Nome comercial: Meticorten®, Predson®
Indicação - Prednisona é um hormônio esteroide que auxilia na prevenção
e tratamento da rejeição de órgãos transplantados. Pode ser
usado por muito tempo como imunossupressor ou, em grandes doses,
para tratamento da rejeição. Em geral será utilizado nos primeiros meses
pós-transplante.
Como tomar
• Os comprimidos são disponíveis em diversas concentrações (5
mg e 20 mg); sua equipe de transplante determinará a dose adequada.
• Nos primeiros dias pós-transplante você receberá metilprednisolona
injetável. Este remédio é corticoide bastante potente e
extremamente útil para evitar a rejeição.
• É melhor tomar prednisona com o café da manhã. Não tome
esta medicação junto com antiácidos, espere ao menos uma
hora de intervalo
• Sua equipe de transplante determinará a dosagem apropriada
para você, de acordo com o seu peso, o funcionamento do seu
novo fígado e o seu tempo de transplante. As doses de corticoide
serão reduzidas gradualmente, conforme cada paciente.
Principais efeitos colaterais - Inchaço, principalmente nas pernas, aumento
do açúcar no sangue, fraqueza muscular, osteoporose, úlcera
de estômago, demora na cicatrização de feridas, espinhas, oscilação de
humor (euforia e depressão), predisposição para infecções. Dor abdominal,
náuseas, vômitos, insuficiência cardíaca congestiva, aumento da
pressão arterial, aumento do peso, retenção de água e sal, dificuldade
para dormir, estrias, edema de face, fragilidade capilar.
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4.1.4 Azatioprina
Nome comercial: Imuran®, Imunen®
Indicação - É usado com outros imunossupressores para auxiliar na
prevenção da rejeição do seu novo fígado. Pode ser usado para imunossupressão
por muito tempo, porém ele não faz parte da rotina da
equipe.
Como tomar
• Comprimidos: 50 mg
• Tomar após as refeições para evitar desconforto gástrico.
Sua equipe de transplante determinará a dosagem apropriada para
você, baseada em seu peso e contagem de células brancas no sangue.
Precauções - Azatioprina pode diminuir as células brancas do sangue
e o número de plaquetas. Você deve relatar qualquer ferimento incomum
ou sangramento para sua equipe de transplante.
Efeitos adversos - Leucopenia, pancreatite, perfuração, úlcera gástrica,
dor abdominal, náuseas, vômitos, anemia, queda de cabelo e alergia
de pele.
4.1.5 Globulina Antitimocítica (Timoglobulina)
Nome comercial: Thymoglobuline®
Indicação - Timoglobulina poderá ser usada imediatamente após o
seu transplante de fígado para prevenir rejeição. Ela também pode
ser usada para tratar a rejeição. Este medicamento não é rotina da sua
equipe, será usado apenas em situações especiais. Este medicamento
será usado somente dentro do hospital.
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Como tomar - Esta medicação é disponível somente na forma injetável.
Efeitos colaterais - Respiração difícil, febre, calafrios, vermelhidão pelo
corpo, náusea, vômito, diarreia, plaquetas baixas (tendência a sangramento)
ou células brancas do sangue diminuídas (risco maior de infecções),
função renal alterada (diminuição da urina, inchaço) e dores musculares.
4.1.6 Micofenolato Mofetil
Nome comercial: Cellcept®
Indicação - Este medicamento é usado para prevenir a rejeição. É a droga
de escolha da sua equipe de transplante, assim como o Tacrolimus e
Prednisona.
Efeitos colaterais - Diarreia, náuseas, dispepsia e diminuição dos glóbulos
brancos no sangue, anemia, diarreia, sangramento ou hematomas
anormais, aumento da suscetibilidade a infecções.
Como tomar - Após as refeições, para diminuir a sensação de náusea.
Cápsulas: 500 mg
A dose será ajustada de acordo com a situação de sua medula óssea,
através de testes laboratoriais como o hemograma.
4.1.7 Micofenolato Sódico
Indicação - Pertence à classe dos medicamentos conhecidos como
imunossupressores. Estes reduzem a resposta do corpo a agentes “estranhos”,
como órgãos transplantados.
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Comprimidos revestidos gastroresistentes, de 180 mg e 360 mg.
Como tomar - Com água; com ou sem alimentação.
Seguir corretamente a orientação, respeitando sempre os horários, as
doses e a duração do tratamento.
Cuidados
• ao esquecer de tomar uma dose, tome assim que se der conta do
esquecimento e, então, retorne ao seu esquema de tratamento;
• antes de tomar seu medicamento, comunique se você tiver úlcera,
hemorragia estomacal ou obstruir problemas estomacais e
pressão alta.
• a exposição à luz solar e à luz ultravioleta deve ser limitada com
uso de roupas protetoras e filtro solar com alto fator de proteção,
minimizando o risco de câncer de pele.
• comunique se você tiver reação alérgica ao Micofenolato ou Ácido
Micofenólico.
• não quebre, abra, esmague ou mastigue os comprimidos.
Reações Adversas
• constipação, diarreia, náuseas, infecções, diminuição de células
brancas no sangue;
• dor de cabeça, falta de apetite;
• poderá apresentar mais infecções do que o usual. Infecções mais
comumente no trato urinário, sistema respiratório superior e pele;
• relatar qualquer evidência de infecções, contusão inesperada e
sangramento.
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4.1.8 Basiliximab (simulect ®)
Basiliximab é um agente imunossupressor classificado como anticorpo
monoclonal. Atua bloqueando os linfócitos T ativados, que são as células
que participam do processo de rejeição. Sua utilização no transplante
hepático é na prevenção de rejeição, associado com os demais imunossupressores.
O esquema de uso habitual é indução com basiliximab
(primeira dose algumas horas antes do transplante e segunda dose no
4º dia pós transplante), associado a micofenolato mofetil e corticosteróide.
Com isso, pode-se adiar o início de tacrolimus até o 7º dia pós
transplante. Utiliza-se esse regime usualmente em pacientes que apresentam
insuficiência renal pré transplante, com objetivo de evitar uso
precoce de tacrolimus pós transplante devido a seu significativo efeito
adverso que é a toxicidade renal.
O uso de basiliximab é endovenoso em 2 aplicações. É bem tolerado
e os eventos adversos não são freqüentes. Há maior risco de infecções
oportunistas relacionadas à redução da resposta imunológica. Podem
ocorrer edema periférico, alterações da pressão arterial, sintomas gastrintestinais
(náuseas, dor abdominal), redução da contagem de leucócitos
e plaquetas. O uso na gestação deve considerar risco/benefício.
Em estudos com animais não foram observados efeitos teratogênicos.
Mulheres em idade fértil devem utilizar método anticoncepcional antes
de usar esse fármaco e em período de até 4 meses após sua utilização.
Não deve ser administrado no período de lactação.
5. Infecção
5.1 Drogas de tratamento
As medicações que você toma para suprimir o sistema imunológico reduzem
a habilidade normal do seu organismo para combater bactérias,
vírus e outros germes. Como resultado, você tem um risco aumentado
de contrair infecções. Evite contato com pessoas que estejam com infec-
20

ção, como por exemplo, gripe e doenças da infância (sarampo, rubéola,
caxumba). Se fizer febre por mais de 24h, avise o médico da equipe
de transplante. Seu médico pode prescrever uma ou mais medicações
para protegê-lo das infecções ou tratá-las.
Para cada tipo de infecção há um ou mais medicamentos apropriados.
Os que seguem são antibióticos comumente usados para combater
bactérias, vírus e fungos.
5.1.1 Fluconazol
Fluconazol é um antifúngico utilizado regularmente pós transplante
para evitar infecções por fungos. Seu uso é iniciado na primeira semana
pós transplante e é mantido até completar 1 ano de transplante.
Sua apresentação pode ser em bolsas para infusão de 200 ou 400
mg, comprimidos ou cápsulas de 50, 100, 150 ou 200 mg e suspensão
oral de 10 mg/ml ou 40 mg/ml. A dose profilática utilizada após
o transplante é 100 mg/d na forma de comprimidos ou cápsulas. Sua
dosagem deve ser ajustada na insuficiência renal, em geral utilizando
50% da dose ou administrando a dose habitual a cada 48 h. Pode ser
utilizado na apresentação endovenosa para tratamento de infecções
fúngicas na internação do transplante. Em geral é bem tolerado e os
eventos adversos mais comuns são náuseas, dor abdominal, alteração
de enzimas hepáticas, cefaléia. Também pode ocorrer redução da contagem
de leucócitos e plaquetas. O uso de fluconazol reduz o metabolismo
de tacrolimus, podendo aumentar sua concentração no sangue.
Por isso, será coletado regularmente amostra de sangue para mensurar
a concentração de tacrolimus e ajustar a sua dosagem. Seu uso na
gestação deve ser avaliado conforme risco/benefício. Há descrição de
teratogenicidade em animais e humanos, principalmente com uso de
doses elevadas. Só deve ser usado na gestação se o benefício para mãe
superar o potencial risco para o feto. Seu uso não é recomendado na
lactação.
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5.1.2 Trimetoprima/Sulfametoxazol ou TMP/SMX
Nome comercial: Bactrim®
Indicação - TMP/SMX é usado para prevenir ou tratar pneumonias por
P. Carinii (PCP) e outras infecções. O risco de PCP é aumentado para pacientes
transplantados por causa das medicações usadas para suprimir
seu sistema imunológico, reduzindo a habilidade do organismo para
combater a infecção.
Como tomar - Este medicamento é tomado VO, e é disponível em líquido
ou comprimidos. Sua equipe de transplante determinará a dosagem
e o tempo de tratamento adequados.
Precauções - Não tome TMP/SMX se você for alérgico à sulfa. Neste
caso sua equipe pode prescrever outra medicação.
Efeitos colaterais - Náusea, vômito, vermelhidão pelo corpo, coceira e
diminuição do apetite.
5.1.3 Ganciclovir
Nome comercial: Cytovene®
Indicação - É utilizado para prevenir ou tratar infecção por Citomegalovírus
(CMV) ou herpes.
Ganciclovir é um anti-viral que é utilizado para prevenção ou tratamento
de infecções por citomegalovírus. Esse é um vírus comum que
usualmente provoca infecções auto-limitadas em indivíduos sem comprometimento
imunológico, porém pode provocar infecções graves
em pessoas utilizando imunonossupressores, como transplantados de
fígado. Em geral ocorre reativação viral de infecção latente. A forma
de apresentação de ganciclovir é via oral ou endovenosa, porém na
22

grande maioria dos casos sua utilização é endovenosa, com utilização
por 14 a 21 dias. A dose utilizada é 5 mg/kg a cada 12 h, devendo
ser ajustada se houver insuficiência renal. A preparação para infusão
endovenosa do medicamento é feita na farmácia hospitalar. Os eventos
adversos mais comuns são febre, diarreia, anorexia, redução das
contagens hematológicas (anemia, queda de leucócitos e plaquetas) e
alteração de função renal. Durante tratamento com ganciclovir é recomendado
monitorização de exames sanguíneos devido aos possíveis
eventos adversos. Seu uso na gestação deve considerar risco/benefício,
pois pode ocorrer teratogenicidade. Mulheres em tratamento com
ganciclovir devem utilizar método anticoncepcional. Recomenda-se
uso de método de barreira para homens em uso de ganciclovir e em
período até 90 dias da sua interrupção. Não é recomendado seu uso na
lactação. Pode ocorrer interação com micofenolato, com aumento de
sua concentração, além de ambos medicamentos provocarem redução
das contagens hematológicas.
Como tomar - Ganciclovir é disponível para uso injetável, sendo utilizado
no hospital. Sua equipe de transplante determinará a dose apropriada
e a duração do tratamento.
Precauções - Ganciclovir pode diminuir o número de células brancas
do sangue e contribuir para aumentar o risco de infecções.
Efeitos colaterais - Redução do número de células brancas plaquetas
no sangue (tendência a sangramento), função renal alterada (diminuição
da urina e inchaço), febre, vermelhidão pelo corpo, dor de cabeça
e confusão mental.
5.1.4 Aciclovir
Nome comercial: Zovirax®, Aviral®
Indicação - É usado para tratamento ou prevenção da herpes zoster
23

ou simples. Aciclovir não elimina o vírus da herpes, mas diminui a dor
e auxilia na cicatrização das feridas. Pode ser usado para diminuir a severidade
das infecções por CMV. Faz parte da rotina de prevenção do
CMV adotada pela equipe.
Como tomar - Você deve tomar Aciclovir junto com as refeições para
reduzir problemas de estômago. Sua equipe de transplante determinará
a dose apropriada e o tempo de duração do tratamento.
• Cápsulas: 200 mg
• Comprimidos: 400 mg e 800 mg
• Pomada
Precauções
• Mantenha as áreas afetadas limpas e secas.
• Use roupas folgadas para evitar irritação das áreas infectadas e
propagação do vírus.
• Aciclovir não previne a contaminação de outras pessoas. É melhor
não ter contato sexual se um dos parceiros tiver sintomas de
herpes genital.
• Preservativos podem ajudar a prevenir a contaminação por herpes
genital, mas geleias vaginais e diafragma, não.
• Evite beijar ou praticar sexo oral com alguém que tenha lesões.
Efeitos colaterais - Náusea, vômito, diarreia, dor de cabeça, vermelhidão
pelo corpo, aumento do risco de infecções.
5.2 Drogas Antifúngicas
A redução da habilidade do seu sistema imunológico para combater
24

infecções aumenta seu risco de contrair sérias infecções por fungos.
Esta pode tomar a forma de aftas ou, em mulheres, infecção vaginal.
Indicação - Várias drogas são usadas para tratar ou prevenir infecções
fúngicas.
Como tomar
• líquido: bochechar e engolir;
• pastilhas: dissolver na boca;
• supositório ou creme vaginal: siga as instruções da bula.
O líquido e a pastilha devem ser tomados após as refeições e outras
medicações para que tenham efeito. Sua equipe de transplante determinará
a dose apropriada e o tempo de duração do tratamento.
Efeitos colaterais - Náusea, vômito, diarreia, gosto metálico e sensação
desagradável na boca.
5.3 Suplementos nutricionais
Sua equipe de transplante pode recomendar vitaminas, ferro, magnésio
e/ou cálcio no caso da sua dieta não prover adequadamente a
quantidade de nutrientes que você necessita.
Atenção: peça a receita das medicações na consulta médica,
a fim de assegurar o medicamento em fins de semana ou feriados.
Em hipótese nehuma fique sem algum dos medicamentos.
Algumas complicações pós-operatórias são possíveis. Neste ponto não
há como prever exatamente quais pacientes terão problemas.
25

Sua equipe de transplante fará o melhor para reduzir sua probabilidade
de complicações e tratá-las prontamente quando ocorrerem. Seguir
as instruções com exatidão e manter a equipe de transplante informada
de qualquer dificuldade, irá ajudá-lo a retornar depressa ao normal,
à vida ativa.
Não se assuste com o número de complicações que podem ocorrer
pois elas, são controláveis. Confie em você e na sua equipe. Juntos teremos
grande sucesso no seu transplante.
Conheça as complicações mais comuns após o transplante.
6. Complicações
6.1 Infecções
Medicações imunossupressoras interferem com sua imunidade natural.
Você estará mais suscetível a infecções após a cirurgia de transplante.
Vejamos algumas das infecções mais comuns:
6.1.1 Citomegalovírus (CMV)
É uma infecção viral que ocorre com frequência em pacientes transplantados.
O risco de CMV é alto nos primeiros meses pós-transplante.
Sinais e sintomas incluem fadiga, febre, dificuldade para engolir, diarreia
por mais de três dias, articulações doloridas, dor de cabeça, tosse e
catarro amarelo-esverdeado. O tratamento pode incluir hospitalização.
Rotineiramente é feito um tratamento preventivo para CMV, que inicia
no hospital.
6.1.2 Herpes simples tipos I e II
Estes vírus muitas vezes infectam a pele, mas podem também ocorrer
26

em outras áreas tais como olhos e pulmões. O tipo I causa feridas dolorosas
e bolhas em torno da boca, e do tipo II causa feridas genitais. O
herpes é uma doença infecciosa e pode ser transmitida sexualmente,
embora em pacientes transplantados não seja necessariamente este o
meio de contaminação.
Muitas infecções por herpes simples são moderadas, mas, ocasionalmente,
podem ser severas. Embora não haja cura para o herpes, ele
pode ser tratado. Dependendo da severidade da infecção, o medicamento
pode ser tópico ou endovenoso. Contate a equipe de transplante
imediatamente se você desconfiar que tem herpes.
Sinais e sintomas de herpes incluem sensação de fraqueza e feridas dolorosas
cheias de líquido em sua boca ou área genital. Mulheres devem
ficar atentas para qualquer secreção vaginal incomum.
6.1.3 Herpes zoster
Aparece como uma erupção ou pequenas bolhas d’água, usualmente
no tórax, costas ou quadril. A erupção pode ser dolorosa. Comunique
a equipe se você tiver tal erupção. Ela é conhecida vulgarmente por
cobreiro.
6.1.4 Infecções fúngicas (cândida)
Cândida é um fungo que pode causar várias infecções em pacientes
transplantados. Ela usualmente aparece na boca (sapinho) e garganta,
mas também pode surgir na ferida cirúrgica, olhos, trato respiratório,
digestivo e urinário. A candidíase é muito grave quando ocorre na corrente
sanguínea.
A cândida pode também infectar o esôfago (o tubo que liga a boca
ao estômago) ou, em mulheres, a vagina. Infecções vaginais produzem
secreção, que pode ser branca ou amarela, e coceira. Comunique sua
27

equipe se você julgar ter infecção por cândida.
6.1.5 Infecções bacterianas
Infecções bacterianas ocorrem no local da cirurgia. Se você tiver febre
ou notar vermelhidão, inchaço, sensibilidade ou drenagem em sua incisão,
notifique a equipe de transplante.
6.1.6 Outras infecções
Pneumocystis Carinii é um germe similar a um fungo, e normalmente
ataca o pulmão. Em pessoas nas quais o sistema imune é suprimido,
pode causar um tipo de pneumonia. Indisposição matinal, tosse seca e
febre podem ocorrer. Se você suspeitar que está resfriado ou indisposto,
contate seu médico imediatamente.
6.2 Rejeição
O sistema imunológico protege você de infecções através do reconhecimento
de certas substâncias estranhas como bactérias e vírus, destruindo-as.
Infelizmente, o sistema imunológico reconhece seu novo
fígado como uma substância estranha também.
Rejeição é uma tentativa do seu sistema imunológico de atacar o fígado
transplantado e destruí-lo. Para prevenir que a rejeição ocorra você
precisa tomar medicações imunossupressoras, como prescritas, por
um longo tempo.
Apesar das precauções, episódios de rejeição podem ocorrer. Cerca de
75% dos receptores de transplante hepático terão ao menos um episódio
de rejeição, em geral leve, ainda que estas pessoas estejam tomando
imunossupressores. O primeiro episódio geralmente ocorre dentro
de dois meses após a cirurgia. Rejeições são geralmente controladas
28

com troca da dosagem de suas medicações imunossupressoras ou,
temporariamente, com a adição de novas medicações.
Se detectados prematuramente, muitos episódios de rejeição podem
ser tratados com sucesso. Você deve ficar alerta para os sinais e sintomas
de rejeição e informar sua equipe de transplante se notar:
• fraqueza;
• fadiga;
• febre;
• mal-estar;
• dor ou desconforto abdominal;
• urina escura ou cor de coca-cola;
• fezes claras, com coloração de massa de vidraceiro.
Você pode não ter nenhum sintoma, porém seus testes de função hepática
podem estar alterados, sugerindo que a rejeição está ocorrendo.
Por isso, manter uma estreita relação com sua equipe de transplante é
importante. As consultas no pós-operatório são essenciais.
Quando a rejeição é suspeita, a confirmação é feita por biópsia hepática.
Baseada nos resultados, sua equipe de transplante pode decidir
o melhor tratamento para você. Como todos os pacientes transplantados,
você pode necessitar de biópsias em intervalos regulares para
monitorar sua função hepática.
6.3 Ansiedade e depressão
A gravidade dos procedimentos que você tem vivenciado pode criar
muito estresse familiar e pessoal. Não é incomum para pacientes transplantados
vivenciar ansiedade e possivelmente depressão ao se apro-
29

ximar o momento de sua cirurgia, na internação hospitalar e no retorno
para casa. Para ajudar na sua adaptação em casa e seu eventual retorno
ao trabalho e à escola, serviços de aconselhamento estão disponíveis.
Consulte sua equipe de transplante para informações a respeito destes
serviços. Você deve encarar o transplante como algo positivo, como o
início de uma nova vida - uma vida melhor!
6.4 Diabetes
Alguns dos medicamentos imunossupressores que você toma podem
causar diabetes (aumento do nível de açúcar no sangue).
Sinais e sintomas de diabetes são: sede intensa, aumento na frequência
para urinar, visão turva e confusão mental. O açúcar no sangue pode
ser reduzido através da perda de peso, dieta adequada e exercício.
Se você desenvolver diabetes, receberá instruções sobre como lidar
com este problema. Medicações e insulina podem ser necessárias e serão
prescritas pelo seu médico.
6.5 Hipertensão (pressão alta)
Hipertensão e problemas cardíacos são alterações comuns que tornamse
frequentes em pessoas idosas. Hipertensão também é um efeito colateral
de alguns medicamentos que você está tomando. Você pode
precisar tomar medicamentos para controlar sua pressão sanguínea.
Há muitos e diferentes tipos de medicamentos disponíveis para controlar
a hipertensão. Sua equipe de transplante selecionará o melhor
para você. Diuréticos também podem ser prescritos para baixar sua
pressão sanguínea, aumentando a produção de urina e removendo o
líquido extra.
30

6.6 Vazamento de bile
É o escape desta substância para dentro do abdômen através da anastomose
(ligamento) do ducto biliar - canal que transporta a bile até o
intestino. Se houver vazamento, você pode sentir dor intensa no fígado,
náusea e/ou febre. Caso isso ocorra, fale com sua equipe de transplante
imediatamente.
6.7 Estenose biliar (estreitamento do ducto biliar)
Ocasionalmente o ducto biliar estreita e pode tornar-se bloqueado.
Nestas, é comum que ocorra icterícia e febre. Se isto ocorrer, cirurgia
pode ser necessária para correção.
7. Cuidados de saúde após alta hospitalar
7.1 Controlando sua saúde e seu novo fígado em casa
Em casa você poderá ser solicitado a controlar:
• temperatura;
• pulso;
• pressão arterial;
• peso.
31

Temperatura: Verifique e anote sua temperatura toda vez que sentir
calafrios, calor, coceira ou mal-estar. Este pode ser o primeiro sinal de
infecção. Atenção: não use Tylenol®, Aspirina®, ou outros produtos semelhantes,
a não ser que seu médico oriente, pois estes medicamentos
podem disfarçar os sintomas. Se sua temperatura for maior que 37,6ºC,
notifique sua equipe de transplante ou seu médico imediatamente.
Esta situação é considerada uma emergência, porque a elevação da
temperatura pode ser indício de uma infecção séria ou rejeição.
Pressão arterial: A enfermeira ou o médico da equipe de transplante
lhe ensinará a verificar sua pressão arterial: o número mais alto (sistólica)
é verificado ao primeiro som que você ouvir, e o número mais baixo
(diastólica) é verificado quando o som sofre uma modificação, antes
de cessar. É importante que você conheça sua pressão arterial normal,
suas variações e quando deve se preocupar.
32

Pulso: Se você estiver tomando medicamentos que alteram o ritmo
cardíaco, sua enfermeira ou médico da equipe de transplante lhe ensinarão
como verificar seu pulso em casa. Notifique seu médico se a
frequência do seu pulso for maior que100 bpm ou menor que 50 bpm.
Atenção: Se você tiver dor no peito ou dificuldade para respirar,
ligue para um Serviço de Ambulância e vá para o Serviço
de Emergência mais próximo, de preferência o HCPA. Não
tente dirigir.
Peso: Você pode verificar seu peso numa balança de banheiro comum,
no mesmo horário, todas as manhãs (após ir ao WC). Se houver um aumento
de peso superior a 1 Kg / dia, você poderá estar retendo líquidos.
Comunique sua equipe de transplante.
7.2 Consultas médicas
Após a alta hospitalar, você receberá orientações sobre consultas médicas
para exames laboratoriais e revisões. Isto é feito para acompanhar
seu progresso e detectar possíveis complicações o quanto antes.
Em dia de consulta médica, traga sua lista de medicações e este manual.
Você receberá instruções específicas quanto a exames laboratoriais
de rotina ou exames especiais que você poderá necessitar que sejam
realizados.
33

7.3 Exames laboratoriais
Os testes laboratoriais mostram como estão a função renal, hepática, a
coagulação, os níveis sanguíneos de eletrólitos e de medicações imunossupressoras.
7.4 Exames Hematológicos
• Leucograma: indica se os glóbulos brancos estão aumentados
de número (que normalmente é um sinal de infecção) ou diminuídos
(indicando baixa defesa contra infecções).
• Hematócrito: indica qual é a porcentagem de glóbulos vermelhos
no seu sangue. Os glóbulos vermelhos transportam
oxigênio para todas as partes do corpo. Quando o hematócrito
está baixo, você poderá sentir-se cansado ou com pouca energia
(anemia).
• Plaquetas: indica a quantidade de plaquetas no sangue. As
plaquetas formam o coágulo quando você sofre algum ferimento,
a baixa contagem de plaquetas poderá fazer com que você
desenvolva manchas roxas facilmente e poderá ocasionar sangramento
mais prolongado quando você se ferir.
34

7.5 Testes de função renal
• Creatinina / Ureia: demonstram como o seu rim está funcionando.
Estas substâncias não são utilizadas pelo corpo e normalmente
são retiradas do sangue pelos rins.
7.6 Testes de função hepática
• Bilirrubina: mede o nível de bilirrubina, um bioproduto natural
que é derivado da destruição dos glóbulos vermelhos. O fígado
remove a bilirrubina do sangue e a excreta na bile, quando o
fígado não está funcionando normalmente, o nível de bilirrubina
pode aumentar, frequentemente causando icterícia (amarelão)
na pele e nos olhos.
• Fosfatase alcalina: é um produto que é fabricado nos ossos,
fígado, pâncreas e intestino e é removido do sangue pelo fígado.
• TGO, TGP e GAMAGT: medem taxas de enzimas que são fabricadas
no fígado. Estas taxas revelam como seu fígado está funcionando.
7.7 Eletrólitos (minerais dissolvidos)
• Ca mede a taxa de cálcio, necessário para dentes e ossos fortes,
coagulação sanguínea e para a função cardíaca e neurológica.
• Mg mede a taxa de magnésio, necessária para a função muscular
e para a coagulação sanguínea.
• K mede a taxa de potássio. Este elemento é necessário para a
função muscular e para um ritmo cardíaco normal.
• Na indica a taxa de sódio. Este auxilia na manutenção do equilíbrio
entre sal e água no organismo.
35

7.8 Outros exames
• Níveis das medicações: os níveis sanguíneos de Ciclosporina
ou Tacrolimus devem ser medidos regularmente para evitar valores
muito altos ou muito baixos. Níveis muito altos podem levar
à toxicidade ou à alta imunossupressão e níveis muito baixos podem
levar à rejeição. Atenção: o nível desejado (variação normal)
é diferente para cada paciente, dependendo da combinação dos
medicamentos imunossupressores e do tempo decorrido desde
o transplante.
• Glicose: indica a taxa de glicose (açúcar) no sangue. Alguns
medicamentos, como o corticoide, podem desenvolver uma
condição semelhante ao diabetes, em que as taxas de açúcar no
sangue se apresentam muito elevadas.
7.9 Procedimentos diagnósticos
Sua equipe de transplante poderá solicitar um ou mais dos seguintes
exames ou procedimentos para controlar seu novo fígado:
36

• Ultrassom (ecografia): Este exame é realizado para se certificar
que todos os principais vasos hepáticos estão funcionando normalmente.
Este exame também é usado para verificar a presença
de líquido como sangue ou bile em torno do fígado. Este exame é
realizado através da aplicação de um gel no seu abdômen, sobre
o qual se desliza um aparelho que emite ondas de som. Estas são
convertidas em imagens e projetadas numa tela de televisão.
• Colangiografia percutânea trans-hepática: Este é um RX
onde aparecem os ductos hepáticos e aí são verificadas possíveis
drenagens, bloqueios ou outros problemas em potencial. Este
procedimento é realizado através de uma injeção de contraste no
dreno T. Isto facilita a visualização do RX. Se o dreno T não tiver
sido inserido durante a cirurgia, este exame poderá ser realizado
após a injeção de contraste diretamente nos ductos hepáticos e
biliares.
• Biópsia de fígado (amostra para exame): Este exame é normalmente
realizado para verificar rejeição, hepatite ou outros
problemas. Você receberá instruções especiais para este exame.
Antes do exame, será administrada uma injeção sedativa (anestesia
local), no lado direito do seu abdômen, após é inserida uma
agulha especial para retirada de uma amostra de tecido hepático,
que será posteriormente examinada no microscópio. Após o exame,
você deverá permanecer deitado sobre seu lado direito por,
pelo menos, uma hora e ficar em repouso no leito por, mais ou
menos, quatro horas. Para fazer a coleta da biópsia, você deverá
estar internado no hospital.
• Tomografia computadorizada (CT): Este é um tipo de RX que
permite ao médico uma visão de diferentes ângulos do seu fígado
para detectar infecções, coleções de líquido ou outros problemas.
O procedimento requer que você beba um líquido que delineará
seu estômago e tornará a forma do seu fígado mais visível. Em
seguida você ficará deitado em uma mesa durante uma hora enquanto
o aparelho faz radiografias ao mesmo tempo em que gira
em sua volta.
37

• Ressonância magnética (RM): Este é outro tipo de teste que
produz uma imagem. Semelhante à CT, também permite uma
visão do fígado de diferentes ângulos e imagem tridimensional.
A RM mostra tecidos moles e uma imagem mais nítida do que a
CT.
• Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPER):
Este teste permite ao médico visualizar a árvore biliar (os vários
ductos e em torno do fígado), assim como os ductos do pâncreas.
Você pode receber medicações relaxantes antes do procedimento.
O endoscópio (um tipo de tubo) é colocado em sua boca;
ele é avançado através do seu estômago e para dentro do intestino
até o fígado. Um corante é injetado através do endoscópio
para tornar os ductos visíveis ao raio X.
8. Retornando às atividades normais
8.1 Dieta e Nutrição
Alimentar-se de maneira correta e equilibrada é parte importante do
processo de recuperação. A alimentação saudável deve conter uma variedade
de alimentos para fornecer todos os tipos de nutrientes (proteínas,
carboidratos, gorduras, vitaminas, minerais) necessários para
atender suas necessidades.
38

Sua alimentação deve conter alimentos dos diversos “grupos”, como
por exemplo:
• carnes (frango, peixe, gado), ovos;
• leite e derivados;
• frutas e vegetais;
• grãos (arroz, farinhas etc), pães e bolachas.
A quantidade de calorias que você precisa vai depender de uma série
de fatores como altura, idade, necessidade de ganhar ou manter peso
etc. As dietas balanceadas são elaboradas pela nutricionista após uma
avaliação individual.
Existem fatores importantes de sua alimentação: açúcar, gorduras e,
especialmente, sal.
8.1.1 Quanto ao uso de sal
O uso de sal deve ser restrito para controlar a sua pressão arterial e
evitar retenção de líquidos (inchaço).
Dicas para controlar o sal da sua alimentação:
• cozinhe os alimentos sem sal, colocando as gramas conforme
indicado;
• uma grama de sal equivale a uma colher de cafezinho rasa ou
uma tampa de caneta esferográfica;
• não leve o saleiro à mesa;
• quanto aos temperos, podem ser utilizados todos os naturais,
como limão, alho, cebola, vinagre, ervas aromáticas (orégano,
páprica, sálvia, mangerona etc). Não utilize temperos industrializados;
39

• acrescente azeite de oliva às saladas: reforça o sabor;
• use limão e/ou vinagre para temperar os alimentos;
• as carnes podem ser temperadas horas antes do cozimento
com os molhos ou temperos permitidos.
8.1.2 Molhos sem sal:
MOLHO 1
Ingredientes: cebola 50g - 1 unidade pequena; alho 5g - 2 dentes; semente
de mostarda 10g - 1 punhado; noz moscada 1g - 1 pitada; páprica
5g - 1 pitada; cravo 4g - 2 unidades; óleo 5 ml - 1 colher sopa; pimenta-do-reino
4g - 1 pitada; vinagre 750ml; tempero verde - 1 molho;
água para completar 1 litro. Modo de fazer: Colocar os ingredientes no
liquidificador com um pouco de vinagre, bater até formar uma pasta,
acrescentar o resto do vinagre e liquidificar. Deixar descansar por 2 dias
e coar. Guardar na geladeira por até 1 semana.
MOLHO 2
Ingredientes: alho - 6 a 8 dentes; óleo - 100ml; ervas aromáticas: alecrim,
manjerona, pimenta, louro, orégano, cebola, conforme o gosto.
Modo de fazer: Cortar os dentes de alho bem miúdos ou triturar. Misturar
as ervas aromáticas de sua preferência. Colocar 100ml de óleo e
40

deixar a infusão na geladeira por 2 dias para curtir. Utilizar em carnes,
refogados, arroz e feijão.
MOLHO COM ALHO
Ingredientes: 1 colher de chá de alho picado; 1 colher de chá de cebola
picada; 2 colheres de sobremesa de água; 5 gotas de limão; 1 colher
de chá de salsa e cebolinha picadas. Modo de fazer: Misturar bem e
colocar sobre o legume.
MOLHO COM ALHO, CEBOLA E TOMATE
Ingredientes: 1 colher de chá de alho; 1 colher de chá de tomate; 2 colheres
de chá de cebola; 5 gotas de limão; 1/2 xícara de água; 1 colher
de chá de salsa e cebolinha. Modo de fazer: Amassar bem o alho. Cortar
em pedaços pequenos o tomate, a cebola, a salsa e uma cebolinha.
Numa molheira, pôr a água e o limão. Misturá-los bem e, após, juntar
os outros ingredientes.
MAIONESE FALSA
Ingredientes: 1 xícara de batata-inglesa cheia; 1 xícara de cenoura ralada;
2 colheres de sobremesa de leite; 1 colher de chá de cebola picada;
1 colher de óleo. Modo de fazer: Cozinhar a cenoura e a batata partida
em pedaços pequenos em 50ml de água em uma panela tampada e
em fogo baixo. Deixar secar e passar no liquidificador ou numa peneira
fina ainda morno, juntando os outros ingredientes.
MOLHO SIMPLES DE TOMATE
Ingredientes: 2 tomates; 1 dente de alho; 1 folha de louro; 1 cebola pequena;
1 colher pequena de orégano. Modo de fazer: Descascar e retirar
as sementes do tomate. Bater todos os ingredientes no liquificador.
41

Após, levar ao fogo mexendo constantemente até que o volume seja
reduzido e o molho se torne espesso (aproximadamente 10 minutos).
MOLHO VINAGRETE
Picar cebola, tomate, pimentão, salsa, cebolinha em proporções semelhantes.
Acrescentar vinagre para fazer o molho, conforme o gosto.
8.1.3 Quanto às gorduras:
• substitua, sempre que puder, manteiga por margarina;
• utilize óleos vegetais como milho, girassol, oliva ou soja no lugar
de gorduras animais como banha, bacon etc.
• para as saladas, dê preferência ao azeite de oliva ou aos óleos
vegetais como milho, canola, arroz, girassol ou soja;
• substitua os molhos a base de maionese ou creme de leite por
iogurte natural ou molho vinagrete;
• evite frituras como empanados, milanesa, bolinhos etc. Utilizeos,
no máximo, a cada quinze dias;
• não reutilize o óleo;
• retire a gordura das carnes antes e depois de cozinhá-las;
• retire a pele do frango antes e depois de cozinhá-lo.
8.1.4 Quanto ao uso de açúcar
Alguns medicamentos que você está usando podem aumentar sua glicemia
(açúcar no sangue), portanto quando necessário devemos controlar
o açúcar da sua alimentação:
• evite o açúcar refinado, mascavo ou cristal;
42

• evite os alimentos que contenham açúcar, tais como balas, chicletes,
chocolates, refrigerantes, bolos doces, docinhos, pudins e
cremes com açúcar;
• evite o mel;
• suplementos alimentares como Sustagem®, Sustacal®, Supligem®
e Soymilke®, contêm açúcar e, portanto, devem ser usados
somente com a liberação da nutricionista;
• podem ser utilizados, no lugar do açúcar, adoçantes como
sacarina (Adocyl®, Sucaryl®), aspartame (Finn®, Doce Menor®,
Gold®) ou stevia;
• é importante que você faça refeições pelo menos a cada três
horas, para manter o seu açúcar no sangue estável;
• observe as quantidades dos alimentos que você deve ingerir,
conforme sua dieta. É importante manter as quantidades para
que sua glicemia fique normal.
8.2 Exercícios
Após o transplante, o exercício é fundamental para a sua saúde mental
e seu bem estar físico. Também é muito importante para auxiliar na
diminuição dos efeitos colaterais da Prednisona, que causa fraqueza
muscular. Você pode fazer longas caminhadas e subir e descer escadas.
43

Uma rotina de exercícios diários é essencial para evitar a fraqueza
muscular e geral, que frequentemente ocorre após uma longa doença
ou um longo período de confinamento. Este programa deverá ser
progressivo, no qual você poderá manter ou aumentar seu nível de
exercício. Desta maneira, você obterá integralmente os benefícios do
exercício físico sem, no entanto, causar estresse ou algum problema ao
seu organismo. Antes de iniciar qualquer exercício, lembre-se de consultar
sua equipe de transplante, que lhe orientará quanto a rotina de
exercícios que melhor se adapta às suas necessidades.
Atenção: se você tiver algum dos sintomas abaixo, pare ou retarde
seus exercícios até falar com seu médico:
• dor no peito, pescoço ou mandíbula;
• fadiga excessiva não relacionada à ausência de sono;
• dificuldade respiratória;
• tonturas ou sensação de leveza na cabeça durante ou após o
exercício;
• frequência cardíaca rápida ou irregular durante ou após o exercício.
8.2.1 Levantamento de peso
Evite levar peso maior do que 5 kg até 3 meses após a operação. Após
este período, se você não sentir nenhum desconforto no corte da cirurgia,
poderá voltar a levantar pesos, gradualmente. Evite grandes esforços
(empurrar o carro, os móveis etc).
8.2.2 Atividade sexual
Você poderá voltar ao trabalho ou à escola, quando sentir-se bem. O retorno
à atividade sexual também depende do seu bem-estar. A rapidez
44

com que isto acontece depende do seu progresso na recuperação. Este
é um assunto que deve ser discutido durante as consultas médicas.
Quando as pessoas se submetem a transplantes, a função sexual poderá
ser afetada. Da mesma forma, certas medicações poderão interferir
no seu funcionamento sexual. Algumas pessoas evitam atividades
sexuais porque temem uma rejeição ou infecção. Se você tem alguma
destas preocupações, poderá discuti-las com sua equipe de transplante.
Se você é sexualmente ativo e não possui parceiro fixo, é essencial
usar preservativo para reduzir o risco de doenças sexualmente transmissíveis,
como AIDS, sífilis, herpes, hepatite ou gonorreia.
8.2.3 Dirigir
Nos primeiros meses após o transplante evite dirigir veículos automotivos.
Você poderá sentir efeitos que afetem sua destreza manual (tremores,
visão embaçada, tontura) ou também desconforto na incisão
do transplante.
8.3 Cuidados pessoais e com a saúde
45

8.3.1 Pele seca
Você não necessitará de cuidados especiais com a pele a não ser que
desenvolva acne ou pele seca. Você deverá tomar banho sempre que
necessário para manter sua pele limpa. Dê preferência a sabonetes
neutros, à base de glicerina.
Se você tiver problemas com pele seca, use um sabonete suave e aplique
loção hidratante após o banho.
8.3.2 Cuidados com os cabelos
A prednisona provavelmente afetará os seus cabelos. Tinturas, permanentes,
colorações, loções, gel e descolorantes poderão deixar o seu
cabelo frágil e quebradiço. Recomenda-se que você aguarde até que
a dosagem de prednisona possa ser reduzida a menos de 10 mg/dia
para fazer um permanente ou pintar o cabelo. Avise seu cabeleireiro
que você usa prednisona e use um bom condicionador.
8.3.3 Crescimento de pêlos indesejados
Se houver um aumento de pêlos faciais, use um creme depilatório.
Certifique-se das instruções de uso do produto para evitar irritações
nos olhos e cabelos. Uma alternativa é o clareamento dos pêlos. Você
poderá considerar a possibilidade de removê-los com cera ou eletrólise.
Mesmo que o crescimento de pêlos seja excessivo, não altere sua
medicação. Contate sua equipe de transplante.
8.3.4 Acne (espinhas)
A prednisona poderá ocasionar acne na sua face, peito, ombros ou costas.
A ciclosporina poderá fazer com que sua pele fique oleosa. Se houver
aparecimento de acne, lave a área afetada três vezes por dia com
46

um sabonete neutro, esfregando levemente com uma esponja macia e
úmida. Remova todo o sabonete da sua pele para deixar os poros completamente
desobstruídos.
8.3.5 Maneiras de controlar a acne
• Mantenha suas mão longe da face e evite esfregar a área. Para
evitar infecções, não esprema ou toque nas áreas afetadas.
• não use cosméticos;
• evite usar medicamentos cosméticos hipoalergênicos, que podem
cobrir a acne. o uso de maquiagem impedirá a melhora do
quadro;
• não esfregue sua pele rigorosamente, isto poderá causar irritação;
• evite sabonetes que contenham cremes ou óleos porque estes
componentes agravarão sua acne;
• não use loções para pele seca;
• se sua pele ficar muito seca, não lave estas áreas temporariamente,
para que a pele recupere a umidade natural;
• não use produtos à base de ácido retinoico sem previamente
consultar seu médico, porque este produto causará aumento da
sensibilidade ao sol, devido ao uso de prednisona.
47

8.3.6 Cuidados com a barba
• Use aparelho ou gilete descartável, desprezando-a em seguida;
• evite barbear-se quando houver lesões com secreção purulenta;
• evite cremes ou loção pós-barba, a não ser que sejam recomendados
pelo dermatologista.
Atenção: Lembre-se que acne severa ou infectada deverá ser
tratada por um dermatologista. Se a acne permanecer sendo
um problema, consulte um membro da sua equipe de transplante
em busca de orientação.
8.3.7 Cortes e arranhões
Lave pequenos cortes ou arranhões diariamente, com água e sabão
neutro. Em caso de cortes maiores, consulte seu médico imediatamente.
Notifique sua equipe de transplante se você notar crescimento
anormal da pele, descoloração ou vermelhidão por todo o corpo.
48

8.3.8 Exposição ao sol
Pacientes transplantados possuem uma tendência maior ao desenvolvimento
de câncer de pele e lábios. Como o risco aumenta com o passar
do tempo, você deverá sempre proteger sua pele dos raios ultravioletas
do sol, que causam câncer de pele.
• Evite o sol do meio dia (das 10h às 16h), período em que os
raios ultravioleta são mais intensos;
• use chapéu, mangas longas e calças compridas quando estiver
ao ar livre, a não ser que esteja usando filtro solar;
• use filtro solar com fator de proteção 30 nas áreas expostas,
especialmente na face, pescoço e braços e mãos;
• use protetor labial com filtro solar todos os dias (com sol ou
chuva).
Nota: lembre-se que loções com filtro solar devem ser reaplicadas
sempre que necessário, especialmente após a natação,
banho de mar ou suor excessivo.
49

8.4 Bebidas alcoólicas
Não beba bebidas alcoólicas.
O álcool é metabolizado pelo fígado. Este processo pode levar a danos
hepáticos. Também medicamentos como Ciclosporina, Azatioprina,
Tacrolimus e SMX/TMP são metabolizados no fígado e, associados ao
álcool, podem lesar seu fígado.
8.5 Fumo
Álcool consumido em excesso pode levá-lo novamente
à cirrose !
O cigarro é prejudicial à sua saúde. Se você é fumante, poderá aliar-se
a um grupo de auxílio a fumantes em sua comunidade, ou solicite a
enfermeira coordenadora do transplante que o encaminhe a um profissional
especializado neste assunto, aqui no hospital.
8.6 Evitando infecções
Uma vez que os medicamentos imunossupressores interferem na sua
resposta imunológica natural, você deverá proteger-se conscientemente
contra infecções após sua cirurgia, através das seguintes precauções:
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• lave frequentemente suas mãos,
• mantenha suas mãos longe de sua face e boca;
• mantenha-se afastado de pessoas com resfriado ou outras infecções;
• fale aos seus amigos para visitá-lo somente quando estiverem
bem de saúde;

• se você tiver algum ferimento que necessite de troca de curativo,
lave suas mãos antes e após o procedimento;
• lave suas mãos após tossir ou espirrar, use lenços descartáveis
e despreze-os logo após o uso;
• se alguém da sua família contrair um resfriado ou gripe, faça
com que tome precauções (usar copos separados, cobrir a boca
ao tossir etc.);
• evite trabalhar na terra nos seis primeiros meses após o transplante.
Decorrido este período, use luvas;
• evite contato com excrementos (fezes e urina) de animais e,
principalmente, com os animais de rua. Não execute limpeza de
gaiolas de pássaros ou recipientes de tartarugas ou peixes, ou
dejetos de gatos. O recipiente com as excretas de gatos deve ser
coberto e levado para fora de casa antes de ser trocado;
• evite vacinas que são constituídas de vírus vivos tais como vacina
Sabin, vacina contra sarampo, caxumba, febre amarela, varíola.
Os vírus vivos podem causar infecções. Se você ou algum
membro da família tenciona vacinar-se, consulte sua equipe de
transplante ou médico local.
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8.7 Planejamento familiar
Tem havido gestações bem sucedidas em mulheres que fizeram transplante
de fígado, embora a gestação possa representar um risco para
ambos: a transplantada e o bebê.
A gravidez deve ser evitada, pelo menos, pelo período de um ano após
o transplante. Os riscos relacionados ao controle da natalidade (uso de
anticoncepcionais) devem ser discutidos com a equipe de transplante.
Portanto, a decisão de ter filhos deve levar em consideração uma série
de fatores. Esta é uma questão que deve ser discutida com sua equipe
de transplante.
No homem ocorre elevação da testosterona, com aumento na produção
de espermatozoides, sendo necessário o uso de um método contraceptivo
pelo casal quando a gravidez não for desejada. Em situações
especiais, como doenças virais (hepatite B e C, por exemplo), a gravidez
deve ser especialmente discutida com a equipe.
8.8 Férias e viagens
Se você está planejando uma viagem para algum país que requer imunização
contra varíola, sarampo, rubéola ou qualquer outra vacina que
contenha vírus vivos, peça à sua equipe de transplante para enviar uma
carta ao escritório que emite passaportes, dizendo que você não pode
receber estas vacinas. No entanto, você não estando vacinado, viajar
para estes países pode não ser seguro.
8.9 Cuidados dentários
Antes do transplante, você passou por uma avaliação com o dentista
para resolver qualquer problema dentário. Se você tiver dor de dente,
consulte seu dentista. Antes de qualquer tratamento dentário (inclusi-
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ve limpeza e polimento), consulte sua equipe de transplante para usar
antibióticos, se necessário. Se você tiver inchaço ou dor na gengiva, é
importante medidas de higiene oral para aliviar o desconforto (gargarejo
com água morna e sal ou Cepacol®).
8.10 Rotinas de cuidados de saúde
São necessárias revisões médicas e dentárias para seu bem estar. A
frequência destas revisões será determinada pela sua equipe de transplante,
de acordo com o seu tempo de transplante e sua evolução.
9. Comunicação com sua equipe de transplante
Comunicação entre você e a equipe é fundamental para seu bem estar.
Ter um fígado transplantado e tomar medicações necessárias para
prevenir rejeição, coloca você em risco quanto a uma série de complicações.
É importante que você siga as instruções para prevenir ou
minimizar as complicações (como a injeção, por exemplo).
Uma das tarefas mais importantes é certificar-se de que todos os
membros da sua equipe de transplante ou o profissional de saúde
com quem você tenha contato esteja consciente do seu transplante,
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das medicações que você usa e das precauções que deve seguir para
manter-se sadio.
10. Atenção para estes sinais
Enquanto as principais preocupações dizem respeito à infecção e rejeição,
muitos problemas tais como gripes, resfriados, ajustes de medicamentos
ou infecções mínimas, podem ser manejadas pelo seu clínico.
Entretanto, você deve tomar precauções e aprender a detectar sinais
de infecção ou rejeição que necessitam ser comunicados imediatamente
à equipe de transplante:
• febre contínua por mais de dois dias;
• dificuldade respiratória;
• tosse que produz uma secreção amarelada ou esverdeada;
• tosse seca por mais de uma semana;
• náusea prolongada, vômito ou diarreia;
• alguma impossibilidade de tomar a medicação prescrita;
• sangramento, hematomas, fezes pretas, urina avermelhada ou
marrom;
• alterações na pele;
• dor, secreção ou inchaço na incisão da cirurgia;
• coceira ou corrimento vaginal;
• ardência ou dor para urinar;
• exposição à caxumba, sarampo, varicela, herpes;
• sensação de leveza ou peso na cabeça;
• tratamento em sala de emergência ou hospitalização.
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Melhorando estas orientações
Gostaríamos de aprimorar as instruções do manual Transplante de
Fígado: orientações para o receptor e, para isso, as suas sugestões são
muito importantes. Contamos com sua colaboração respondendo esse
questionário e entregando-o ao secretário da unidade.
1. As orientações contidas neste manual:
( ) são importantes ( ) são pouco importantes ( ) não são importantes
2. A linguagem usada neste material:
( ) é acessível ( ) é pouco acessível ( ) não é acessível
O que pode ser melhorado?
3. A leitura deste manual contribuiu para diminuir suas dúvidas?
( ) Contribuiu ( ) Contribuiu pouco ( ) Não contribuiu
O que pode ser acrescentado ou melhorado?
4. A quantidade de informações:
( ) está adequada ( ) está pouco adequada ( ) não está adequada
O que pode ser modificado?
5. O tamanho e estilo da letra:
( ) são adequados ( ) são pouco adequados ( ) não são adequados
6. A forma de disposição das informações:
( ) é adequada ( ) é pouco adequada ( ) não é adequada
O que pode ser modificado?
7. As gravuras do manual contribuem para o melhor entendimento do texto?
( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

8. As informações são facilmente localizadas no manual?
( ) Sempre ( ) Na maioria das vezes ( ) Raramente
9.Você considera que as informações contidas no manual favorecem a
realização de seus cuidados de saúde?
( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
Por quê?
Este espaço está reservado para suas sugestões, que nos auxiliarão a melhorar
este livreto:
Agradecemos sua colaboração
Às secretárias das unidades: Favor encaminhar esta folha
aos cuidados da Enfermeira Soraia Arruda,
para que possamos dar seguimento a esse trabalho.
Obrigada.

Assessoria de Comunicação Social HCPA - maio/11 - PGS043 - 275605
PROGRAMA DE TRANSPLANTE HEPÁTICO ADULTO
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