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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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O príncipe, risonho, sacudindo as mãos, concordava que por fim «fora maisdivertido pescá-lo do que comê-lo!» E o elegante bando refluiu sofregamentepara a mesa, ao som de uma valsa de Strauss, que os tziganes arremessaramem arcadas de lânguido ardor. Só Madame de Trèves se demorou ainda,retendo o meu pobre Jacinto, para lhe assegurar quanto admirava o arranjo dasua copa... Oh, perfeita! Que compreensão da vida, que fina inteligência doconforto!Sua Alteza, encalmado pelo esforço, esvaziou poderosamente dois copos deChateau-Lagrange. Todos o aclamavam como um pescador genial. E osescudeiros serviram o «Barão de Pauillac», cordeiro das lezírias marinhas, que,preparado com ritos quase sagrados, toma este grande nome sonoro e entrano Nobiliário de França.Eu comi com o apetite de um herói de Homero. Sobre o meu copo e o deDornan o champanhe cintilou e jorrou ininterrompidamente como uma fontede Inverno. Quando se serviram ortolans gelados, que se derretiam na boca, odivino poeta murmurou, para meu regalo, o seu soneto sublime a Santa Clara.E como, do outro lado, o rapaz de penugem loura insistia pela destruição dovelho mundo, também concordei, e, sorvendo o champanhe coalhado emsorvete, maldissemos o Século, a Civilização, todos os orgulhos da Ciência!Através das flores e das luzes, no entanto, eu seguia as ondas arfantes do vastopeito de Madame Verghane, que ria como uma bacante. E nem me apiedava

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