25.08.2015 Views

A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O telefone, com efeito, repicava, insaciável. E quando desci para o almoço, atoalha desaparecia sob uma camada de telegramas, que o meu Príncipe fendiacom a faca, enrugado, rosnando contra a «maçada». Só desanuviou, ao ler umdesses papéis azuis, que atirou para cima do meu prato, com o mesmo sorrisoagradado com que de manhã sorríramos, o Grilo e eu: É do grão-duqueCasimiro... Ratão amável! Coitado!Saboreei, através dos ovos, o telegrama de Sua Alteza. «O quê! o — meuJacinto inundado! Muito chique, nos Campos Elísios! Não volto ao 202 semboia de salvação! Compassivo abraço! Casimiro...» Murmurei também comdeferência: — Amável! Coitado! — Depois, revolvendo lentamente o montãode telegramas que se alastrava até ao meu copo:— Oh Jacinto! Quem é esta Diana que incessantemente te escreve, tetelefona, te telegrafa, te...?— Diana?... Diana de Lorge. É uma cocotte. É uma grande cocotte!— Tua? — Minha, minha... Não! tenho um bocado. E como eu lamentavaque o meu Príncipe, senhor tão rico e de tão fino orgulho, por economia deuma gamela própria chafurdasse com outros numa gamela pública — Jacintolevantou os ombros, com um camarão espetado no garfo:— Tu vens das serras... Uma cidade como Paris, Zé Fernandes, precisa tercortesãs de grande pompa e grande fausto. Ora para montar em Paris, nestatremenda carestia de Paris, uma cocotte com os seus vestidos, os seus

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!