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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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lasca de fiambre, uma febra de lagosta; — e reclamava impacientemente ocafé, um café de Moka, mandado cada mês por um feitor do Dedjah, fervido àturca, muito espesso, que ele remexia com um pau de canela!— E tu, Zé Fernandes, que vais tu fazer? — Eu? Recostado na cadeira,com delícias, os dedos metidos nas cavas do colete: — Vou vadiar,regaladamente, como um cão natural! O meu solícito amigo, remexendo ocafé com o pau de canela, rebuscava através da numerosa Civilização daCidade uma ocupação que me encantasse. Mas apenas sugeria uma exposição,ou uma conferência, ou monumentos, ou passeios, logo encolhia os ombrosdesconsolados:— Por fim nem vale a pena, é uma seca! Acendia outra das cigarettesrussas, onde rebrilhava o seu nome, impresso a ouro na mortalha. Torcendo,numa pressa nervosa, os fios do bigode, ainda escutava, à porta da Biblioteca,o seu procurador, o nédio e majestoso Laporté. E enfim, seguido de umcriado, que sobraçava um maço tremendo de jornais para lhe abastecer ocoupé, o Príncipe da Grã-Ventura mergulhava na Cidade.Quando o dia social de Jacinto se apresentava mais desafogado, e o céu deMarço nos concedia caridosamente um pouco de azul aguado, saíamos depoisdo almoço, a pé, através de Paris. Estes lentos e errantes passeios eramoutrora, na nossa idade de estudantes, um gozo muito querido de Jacintoporque neles mais intensamente e mais minuciosamente saboreava a Cidade.

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