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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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do Grand-Hotel, tão estafadamente conhecido me era aquele estridente rolarda Cidade, e as magras árvores, e as grossas tabuletas, e os imensos chapéusemplumados sobre tranças pintadas de amarelo, e as empertigadassobrecasacas com grossas rosetas da Legião de Honra, e os garotos, em vozrouca e baixa, oferecendo baralhos de cartas obscenas, caixas de fósforosobscenas... «Santo Deus!», pensei, «há, que anos eu estou em Paris!» Compreientão, num quiosque, uni jornal, a «Voz de Paris», para que ele me contasse,durante o almoço, as novas da Cidade. A mesa do quiosque desaparecia,alastrada de jornais ilustrados — e em todos se repetia a mesma mulher,sempre nua, ou meio despida, ora mostrando as costelas magras, de gatafaminta, ora voltando para o leitor duas tremendas nádegas... Eu murmurei:— Santo Deus! — No Café da Paz, o criado lívido, e com um resto de pó dearroz sobre a lividez, aconselhou ao meu apetite (comera tão tarde) umlinguado frito e uma costeleta.— E que vinho, senhor conde? — Chablis, senhor duque!Ele sorriu à minha deliciosa pilheria, — e eu abri, contente, a «Voz de Paris».Na primeira coluna, através de uma prosa muito retorcida, toda em brilhos dejoia barata, entrevi uma princesa nua, e um capitão de dragões, que soluçava,Saltei a outras colunas, onde contavam feitos de cocottes de nomes sonoros.Na outra página escritores eloquentes celebravam vinhos digestivos e tónicos.Depois eram crimes. — Mo há nada de novo! — Sacudi a «Voz de Paris», —e então foi, entre mim e o linguado, uma luta pavorosa. O miserável, que se

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