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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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— Para casa do médico. Bem. Compreendes... Era prudente. Mas, umamanhã, em Guiães, acordei aos berros da tia Vicência! Um homem chegara,misterioso, com outros, trazendo arame, para instalar na nossa casa o telefone.Calmei a tia Vicência, jurando que essa máquina nem fazia barulho, nem traziadoenças, nem atraía as trovoadas. Mas corri a Tormes. Jacinto sorriu,encolhendo os ombros:— Que queres? Em Guiães está o boticário, está o carniceiro... E, depois,estás tu!Era fraternal. Mas pensei: «Estamos perdidos! Dentro de um mês temos apobre Joana a apertar o vestido por meio de uma máquina!» Pois não! OProgresso, que, à intimação de Jacinto, subira a Tormes a estabelecer aquelasua maravilha, pensando talvez que conquistara um reino novo para desfiar,desceu, silenciosa mente, despedido, e não avistámos mais sobre a serra a hirtasombra cor de ferro e de fuligem. Então compreendi que, verdadeiramente, naalma de Jacinto se estabelecera o equilíbrio da vida, e com ele a Grã-Ventura,de que tanto fora o Príncipe sem Principado. E uma tarde, no pomar,encontrando o nosso velho Grilo, agora reconciliado com a serra, desde que aserra lhe dera meninos para trazer às cavaleiras, — observei ao digno preto,que lia o seu «Figaro», armado de imensos óculos redondos:

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