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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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definitivamente um perfeito e ditoso equilíbrio se estabelecera na alma do meuPríncipe, foi quando ele, já saído daquele primeiro e ardente fanatismo daSimplicidade — entreabriu a porta de Tormes à Civilização. Dois meses antesde nascer a Teresinha, uma tarde, entrou pela avenida de faias uma chiante elonga fila de carros, requisitados por toda a freguesia, e ajoujados de caixotes.Eram os famosos caixotes há um ano encalhados em Alba de Tormes, e quechegavam trazendo, para despejar a Cidade sobre a Serra. Eu pensei: «Mau! omeu pobre Jacinto teve uma recaída!» Mas os confortos mais complicados,que continha aquela caixotaria temerosa, foram, com surpresa minha,desviados para os sótãos imensos, para o pó da inutilidade: e o velho solarapenas se regalou com alguns tapetes sobre os seus soalhos, cortinas pelasjanelas desabrigadas, e fundas poltronas, fundos sofás, para que os repousos,que ele imaginara, fossem mais lentos e suaves. Atribuí esta moderação aminha prima Joaninha, que amava Tormes na sua nudez rude. Ela jurou queassim o ordenará o seu Jacinto. Mas, decorridas semanas, tremi. Aparecera,vindo de Lisboa, um contramestre, com operários, e mais caixotes, parainstalar um telefone!— Um telefone, em Tormes, Jacinto? O meu Príncipe explicou, comhumildade: — Paracasa do meu sogro!... Bem vês. Era razoável e carinhoso.O telefone porém, subtilmente, mudamente, estendeu outro longo fio, paraValverde. E Jacinto, alargando os braços, quase suplicante:

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