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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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A manhã, com o céu todo purificado pela trovoada da véspera, e as terrasreverdecidas e lavadas pelos chuviscos ligeiros, oferecia uma doçura luminosa,fina, fresca, em que era doce, como diz o velho Eurípides ou o velho Sófocles,mover o corpo, e deixar a alma preguiçar, sem pressa ou cuidados. A estradanão tinha sombras, mas o sol descia muito de leve, e roçava com uma caríciaquase alada. O vale por baixo parecia a Jacinto (que nunca ali passara) umapintura da Escola Francesa do século XVIII, tão graciosamente neleondulavam as terras verdes, e com tanta paz e frescura corria o risonhoSerpão, e tão afáveis e prometedores de fartura e contentamento alvejavam oscasais nas verduras ligeiras. Os nossos cavalos caminhavam num passopensativo, gozando também a paz da manhã adorável. E não sei queplantazinhas silvestres e escondidas espalhavam um delicado aroma, que eutantas vezes sentira, naquele caminho, ao começar o Outono.— Que delicioso dia! — murmurou Jacinto. — Este caminho para a Florda Malva é o caminho do Céu... Oh Zé Fernandes, de que é este cheirinho tãodoce, tão bom...Eu sorri, com certo pensamento: — Não sei... É talvez já o cheiro do Céu!Depois, parando o cavalo, apontei com o chicote para o vale. — Olha, acolá,onde está aquela fila de olmos, e há o riacho, já são terras do tio Adrião. Temali um pomar, que dá os pêssegos mais deliciosos de Portugal... Hei de pedir àprima Joaninha que te mande um cesto de pêssegos. E o doce que ela faz com

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