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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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— E tu, que tens feito, Jacinto? O meu amigo encolheu molemente osombros. Vivera cumprira com serenidade todas as funções, as que pertencemà matéria e as que pertencem ao espírito...— E acumulaste civilização, Jacinto! Santo Deus... Está tremendo, o 202!Ele espalhou em torno um olhar onde já não faiscava a antiga vivacidade: —Sim, há confortos... Mas falta muito! A humanidade ainda tá mal apetrechada,Zé Fernandes... E a vida conserva resistência.Subitamente, a um canto, repicou a campainha do telefone. E quanto o meuamigo, curvado sobre a placa, murmurava impaciente «Está lá? — Está lá?»,examinei curiosamente, sobre a sua imensa mesa de trabalho, uma estranha emiúda legião de instrumentozinhos de níquel, de aço, de cobre, de ferro, comgumes, com argolas, com tenazes, com ganchos, com dentes, expressivostodos, utilidades misteriosas. Tomei um que tentei manejar — e logo a pontamalévola me picou um dedo. Nesse instante rompeu dentro canto um «tic-tictic»açodado, quase ansioso. Jacinto acudiu, com a face no telefone:— Vê aí o telégrafo!... Ao pé do divã. Uma tira de papel que deve estar acorrer. E, com efeito, de uma redoma de vidro posta numa coluna, econtendo um aparelho esperto e diligente, escorria para o tapete, como umaténia, a longa tira de papel com caracteres impressos, que eu, homem dasserras, apanhei, maravilhado. A linha, traçada em azul, anunciava ao meuamigo Jacinto que a fragata russa Azoff entrara em Marselha com avaria!

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