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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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Depois de tanto comentar, o meu Príncipe, evidentemente. aspirava a criar.Uma tardinha, ao anoitecer, sentados no pomar, no rebordo do tanque,enquanto o Manuel Hortelão apanhava laranjas no alto de uma escadaarrimada a uma alta laranjeira, Jacinto observou, mais para si do que para mim:— É curioso... Nunca plantei uma árvore! — Pois é um dos três grandesactos, sem os quais, segundo diz não sei que filósofo, nunca se foi umverdadeiro homem... Fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro.Tens de te apressar, para ser um homem. É possível que talvez nuncaprestasses um serviço a uma árvore, como se presta a um semelhante!— Sim... Em Paris, quando era pequeno, regava os lilases. E no Verão éum belo serviço! Mas nunca semeei.E como o Manuel descia da escada, o meu Príncipe, que. nunca acreditarainteiramente — pobre homem! — no meu saber agrícola, imediatamentereclamou o parecer daquela autoridade:— Oh, Manuel, ouça lá, o que é que se poderia agora semear? Com o cestodas laranjas enfiado no braço, o Manuel exclamou, através de um lento riso,entre respeitoso e divertido:— Semear, patrão? Agora é antes colher... Olhe que já se anda a limpar aeirazinha para a debulha, meu patrão.

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