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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava: — Que beleza! E eu atrás, noburro de Sancho, murmurava: — Que beleza! Frescos ramos roçavam osnossos ombros com familiaridade e carinho. Por trás das sebes, carregadas deamoras, as macieiras estendidas ofereciam, as suas maçãs verdes, porque asnão tinham maduras. Todos os vidros de uma casa velha, com a sua cruz notopo, refulgiram hospitaleiramente quando nós passámos. Muito tempo ummelro nos seguiu, de azinheiro a olmo, assobiando os nossos louvores.Obrigado, irmão melro! Ramos de macieira, obrigado! Aqui vimos, aquivimos! E sempre contigo fiquemos, serra tão acolhedora, serra de fartura e depaz, serra bendita entre as serras!Assim, vagarosamente e maravilhados, chegámos àquela avenida de faias, quesempre me encantara pela sua fidalga gravidade. Atirando uma vergastada aoburro e à égua, o nosso rapaz, com o seu podengo sobre os calcanhares,gritou: — Aqui é que estemos, meus amos! — E ao fundo das faias, comefeito, aparecia o portão da quinta de Tormes, com o seu brasão de armas, desecular granito, que o musgo retocava e mais envelhecia. Dentro já os cãesladravam com furor. E quando Jacinto, na sua suada égua, e eu atrás, no burrode Sancho, transpusemos o limiar solarengo, desceu para nós, do alto doalpendre, pela escadaria de pedra gasta, um homem nédio, rapado como umpadre, sem colete, sem jaleca, acalmando os cães que se encarniçavam contrao meu Príncipe. Era o Melchior, o caseiro... Apenas me reconheceu, toda aboca se lhe escancarou num riso hospitaleiro, a que faltavam dentes. Mas

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