25.08.2015 Views

A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

Untitled - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sacudi violentamente Jacinto: — Acorda, homem, que estás na tua terra! Eledesembrulhou os pés do meu paletó, cofiou o bigode, e veio sem pressa, àvidraça que eu abrira, conhecer a sua terra.— Então é Portugal, hem?... Cheira bem. — Está claro que cheira bem,animal! A sineta tilintou languidamente. E o comboio deslizou, com descanso,como se passeasse para seu regalo sobre as duas fitas de aço, assobiando egozando a beleza da terra e do céu..O meu Príncipe alargava os braços, desolado: — E nem uma camisa, nemuma escova, nem uma gota de água-de-colónia!... Entro em Portugal, imundo!— Na Régua há uma demora, temos tempo de chamar o Grilo, reaver osnossos confortos... Olha para o rio!Rolávamos na vertente de uma serra, sobre penhascos que desabavam atélargos socalcos cultivados de vinhedo. Em baixo, numa esplanada,branquejava uma casa nobre, de opulento repouso, com a capelinha muitocaiada entre um laranjal maduro. Pelo rio, onde a água turva e tarda nem sequebrava contra as rochas, descia, com a vela cheia, um barco lento carregadode pipas. Paraalém, outros socalcos, de um verde pálido de reseda, comoliveiras apoucadas pela amplidão dos montes, subiam até outras penedias quese embebiam, todas brancas e assoalhadas, na fina abundância do azul. Jacintoacariciava os pêlos corredios do bigode:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!