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FREI LUÍS DE SOUSA

Untitled - Luso Livros

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— Já, sim. Vão-se desvanecendo, ainda bem! Os agouros da vossa mãe<br />

hão de sair falsos de todo. O arcebispo, o conde de Sabugal, e os outros, já<br />

vosso tio os trouxe à razão, já os moderou. Miguel de Moura é que ainda está<br />

renitente; mas há de passar. Por estes dias fica tudo sossegado. Já o estava, se<br />

ele quisesse dizer que o fogo tinha pegado por acaso. Mas ainda bem que o<br />

não quis fazer: era desculpar com a vilania de uma mentira o generoso crime<br />

porque o perseguem.<br />

MARIA<br />

— Meu nobre pai! Mas quando há de ele sair daquele homizio? Passar os<br />

dias retirado nessa quinta tão triste d'além do Alfeite, e não poder vir aqui<br />

senão de noite, por instantes, e Deus sabe com que perigo!<br />

TELMO<br />

— Perigo nenhum; todos o sabem e fecham os olhos. Agora é só<br />

conservar as aparências aí mais uns dias, e depois fica tudo como dantes.<br />

MARIA<br />

— Ficará, pode ser; Deus queira que seja! Mas tenho cá uma coisa que me<br />

diz que aquela tristeza da minha mãe, aquele susto, aquele terror em que está,<br />

e que ela disfarça com tanto trabalho na presença do meu pai (também a mim<br />

mo queria encobrir, mas agora já não pode, coitada!), aquilo é pressentimento<br />

de desgraça grande. Oh, mas é verdade. Vinde cá. (Leva-o diante de três

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