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Manuel, marido da minha alma, pelo nosso amor to peço, pela nossa filha.<br />
Vamos seja para onde for, para a cabana de algum pobre pescador desses<br />
contornos, mas para ali não, oh, não!<br />
MANUEL<br />
— Em verdade nunca te vi assim; nunca pensei que tivesses a fraqueza de<br />
acreditar em agouros. Não há senão um temor justo, Madalena: é o temor de<br />
Deus; não há espectros que nos possam aparecer senão os das más ações que<br />
fazemos. Que tens tu na consciência que tos faça temer? O teu coração e as<br />
tuas mãos estão puras; para os que andam diante de Deus, a terra não tem<br />
sustos, nem o inferno pavores que se lhes atrevam. Rezaremos por alma de D.<br />
João de Portugal nessa devota capela que é parte da sua casa; e não hajas<br />
medo que nos venha perseguir neste mundo aquela santa alma que está no<br />
céu, e que em tão santa batalha, pelejando pelo seu Deus e pelo seu rei,<br />
acabou mártir às mãos dos infiéis. Vamos, D. Madalena de Vilhena, lembraivos<br />
de quem sois e de quem vindes, senhora. E não me tires, querida mulher,<br />
com vãs quimeras de crianças, a tranquilidade do espírito e a força do coração,<br />
que as preciso inteiras nesta hora.<br />
MADALENA<br />
— Pois que vais tu fazer?<br />
MANUEL