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— E dizei ao meu cunhado, a Frei Jorge Coutinho, que me está a<br />
preocupar a demora do meu marido em Lisboa; que me prometeu de vir antes<br />
de véspera e não veio; que é quase noite, e que já não estou contente com a<br />
tardança. (Chega à varanda e olha para o rio). O ar está sereno, o mar tão<br />
quieto, e a tarde tão linda. Quase que não há vento, é uma viração que afaga.<br />
Oh! E quantas faluas navegando tão garridas por esse Tejo! Talvez nalguma<br />
delas — naquela tão bonita — venha Manuel de Sousa. Mas neste tempo não<br />
há que fiar no Tejo: de um instante para o outro levanta-se uma nortada. E<br />
então aqui o pontal de Cacilhas! Que ele é tão bom mareante.. Ora, um<br />
cavaleiro de Malta! (Olha para o retrato com amor). Não é isso o que me dá<br />
maior preocupação; mas em Lisboa ainda há peste, ainda não estão limpos os<br />
ares. E essoutros ares que por aí correm destas alterações públicas, destas<br />
malquerenças entre castelhanos e portugueses! Aquele carácter inflexível de<br />
Manuel de Sousa traz-me num susto contínuo. Vai, vai a Frei Jorge, que diga<br />
se sabe alguma coisa, que me assossegue, se puder.