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— Senhora... Senhora D. Madalena, minha ama, minha senhora. Castigaime.<br />
Mandai-me já castigar, mandai-me cortar esta língua perra que não toma<br />
ensino. Oh! Senhora, senhora! É vossa filha, é a filha do senhor Manuel de<br />
Sousa Coutinho, fidalgo de tanto primor e de tão boa linhagem como os que<br />
se têm por melhores neste reino, em toda a Espanha. A senhora D. Maria, a<br />
minha querida D. Maria é sangue de Vilhenas e de Sousas; não precisa mais<br />
nada, mais nada, minha senhora, para ser… para ser…<br />
MADALENA<br />
— Calai-vos, calai-vos, pelas dores de Jesus Cristo, homem.<br />
TELMO<br />
(soluçando)<br />
— Minha rica senhora!<br />
MADALENA<br />
(Enxuga os olhos e toma uma atitude grave e firme)<br />
— Levantai-vos, Telmo, e ouvi-me. (Telmo levanta-se). Ouvi-me com<br />
atenção. É a primeira vez e será a última vez que vos falo deste modo e em tal<br />
assunto. Vós fostes o aio e o amigo do meu senhor. Do meu primeiro marido,<br />
o senhor D. João de Portugal; tínheis sido o companheiro de trabalhos e de<br />
glória do seu ilustre pai, aquele nobre conde de Vimioso, que eu de<br />
tamanhinha me acostumei a reverenciar como pai. Entrei depois nesta família