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CORAÇÃO CABEÇA E ESTÔMAGO

Untitled - Luso Livros

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CAPÍTULO IJORNALISTAO homem não se deve somente à sua felicidade — primeira máxima.O principal egoísta é aquele que se descia em explorar o coração alheio para opulentar opróprio com as deleitações do amor — segunda máxima.Como a felicidade do egoísta é um paradoxo, a felicidade pelo amor é impossível — terceiramáxima.Quarta — o bem particular é resultado do bem geral.Quem quiser ser feliz há de convencer-se de que sacrificou ao bem geral uma parte dos seusprazeres individuais — quinta máxima.O amor, considerado fonte de contentamentos ideais, é o sonho de um doido sublime —sexta.Sétima — a mulher é uma contingência: quem quiser constituí-la essência da sua vidaaleija-se na alma e cairá setenta vezes sete vezes das muletas a que se ampare do chão malgradado e barrancoso do seu falso caminho.Estas sete máximas fui eu que as compus, depois de ler a antiguidade e algunsalmanaques que tratavam do amor.Comecei a pensar no modo de ser útil à humanidade com a minha experiênciae inteligência do coração humano. Ofereceu-se-me logo azo de exercitar asminhas benévolas disposições. Escrevi para o Periódico dos Pobres, do Porto,uma correspondência contra o regedor da minha freguesia, acusando-o de meprender um criado para recruta. Nesta correspondência discorri largamenteacerca dos direitos do homem. Examinei o que foi a liberdade em Grécia eRoma. Procurei-a no berço do cristianismo e vim com ela, através dos séculos,até a Revolução Francesa, que eu denominei o último verbo da sociabilidadehumana: tudo isto por causa do recruta e contra o regedor da minha freguesia,que eu cobri de epítetos tais como ominoso e paxá de três caudas.O regedor respondeu-me e eu repliquei. Seguiu-se uma série decorrespondências, que podiam formar um livro importante para a história doscostumes dos regedores em Portugal no século XIX.

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