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CORAÇÃO CABEÇA E ESTÔMAGO

Untitled - Luso Livros

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espedaçava. Apenas conheci a casa em que estava, quis fugir; mas fuiestorvada pelo homem que me chamara. Era um amigo do barão.Voltei a casa com uma peça de ouro e escondi das minhas irmãs a ignomíniadaquele dinheiro. Inventei uma história, fiz o elogio da generosidade de umbenfeitor, e as minhas irmãs, erguendo as mãos a Deus, pediram-lhe a saúdedele. Então ri-me... riso atroz!... creio que me ri da Providência... e, a falar averdade, não sei bem do que me ri...Calou-se Marcolina, obrigada pela tosse e pelo vómito de sangue. Ampareilhea cara nas minhas mãos; esperei que sossegasse e disse-lhe:— E as lágrimas?... Tinhas-me dito que chorarias, infeliz!...Pois não vê as lágrimas no sangue? — disse ela, sorrindo. — Os olhos já nãoas têm.— Não quero ouvir mais — tornei eu.— Não tem mais que ouvir... O que falta é...— A duração da desgraça com um só meio de remediá-la...— Decerto...— Que fazias ontem no Cais do Sodré?— Pedia coragem ao meu demónio para me matar; mas vi minhas irmãs,ou o demónio mas mostrava, para que o meu inferno se não acabasse.— Basta. Esta noite partiremos para Lisboa. Confias de mim o teu destinoe o das tuas irmãs? — disse-lhe eu, sem calcular o cargo que me impunha epensando apenas na quantia que podia dispor.Marcolina sorriu-se e disse:— Que generosa alma a sua! Não sabe em que mundo está!...***Poucos dias depois da minha volta de Sintra, as três irmãs de Marcolinaentraram num recolhimento, a título das minhas parentas.

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