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CORAÇÃO CABEÇA E ESTÔMAGO

Untitled - Luso Livros

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***Na desgraçada — disse eu!... Que adjetivos tão tolos tem a nossa boa-fé paraadaptar a certas mulheres que trazem a desgraça e a opinião pública sovadaaos pés!O meu amigo, voltando às onze horas da noite, achou-me febril, e assistiu- meaté à madrugada com todos os recursos da medicina.No dia seguinte, sossegando o pulso, contou-me assim o seguinte dadiligência:— Declarou Paula de Albuquerque que não era raptada e seguira de muitosua livre vontade aquele homem, que amava e com queria casar. O homemque ela seguia declarou ser irmão do padre-capelão da casa da menina emestre-escola régio nos arrabaldes de Lisboa. Ajuntou mais o raptor, vertendolágrimas caudais, que ele não queria de modo algum dar semelhante passo,mas que a fidalga fora ter com ele, dizendo que não havia outro meio deobterem consentimento para casarem e remediarem o mal feito. Acrescentouo meu amigo administrador que D. Paula, ouvindo tão ignóbil e covarderevelação do mestre-escola, rompera em vociferações contra ele, chamandolhemiserável e pedindo que, sem demora, a enviassem ao seu pai para não vermais um homem indigno do sacrifício dela. O mestre-escola abundava noparecer de Paula e pensava já em retirar-se, quando o administrador lhe disseque fosse esperar na cadeia que a inocência do seu passo fosse julgada. Emconsequência do que o mestre de meninos desmaiou.A autoridade oficiou daí ao governador civil, narrando-lhe os sucessos.Respondeu este que, visto ser tarde para entrar no convento, pernoitasse afugitiva na estalagem, com vigias e sob a responsabilidade dos donos da casa,até virem de Lisboa novas ordens. O irmão do capelão foi para a cadeia ePaula, no dizer da Sra. Felícia, dormiu até uma quinta do seu pai em Azeitão.***

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