Do mundo elegante são excluídas as pessoas de todos os sexos possíveis asquais não provarem que dependem como se tivessem para mais de doze milcruzados de renda.Se os têm ou não, essa averiguação incumbe aos lançadores da décima,impostos anexos e quinto para a amortização das notas.Cá, o essencial e condicional é parecer que os tem; porquanto: A benigna leieconómica da circulação monetária aceita como factos do dinheiro;Porque a modista, o alfaiate, sapateiro, luveiro, boleeiro, camaroteiro, e osdemais satélites do orbe elegante, são entes de índole tão sincera, que nem porpensamento suspeitam da má natureza dos mananciais donde a moeda derivapelos meandros da sociedade escolhida.Como quer que seja, a sociedade honesta não fica desairada encansando-se nomundo elegante. A pataratice de alguns raios postiços da boa roda não temque ver com o eixo — a parte sã e legitimamente escolhida da alta sociedade.O mundo elegante, na segunda cidade de Portugal, denota civilização muitoadiantada.Aqui é tudo asiático, menos o espírito que se ala quase nada às idealizações doOriente.Regalias materiais, fausto, cortesania, gentileza, puritanismo de raça, bizarria,donaire, feitiço de gestos e maneiras, é um pasmar o que por aí vai disso!Não se explica a celeridade com que as camadas se desbastaram nestes últimosvinte anos. A que estava então no topo da jerarquia social ficou fazendo asmesuras solenes das velhas açafatas, por se não mesclar com o graciosodespejo da sociedade média. Esta, porém, com toda a pujança de um sanguenovo, surgiu de salto, feita, e composta, como se o bom-tom lhe fosse herançade séculos.É pasmoso!As damas portuenses são muito mais iluminadas que os homens portuenses.Entra-se num salão e admira-se o desembaraço das senhoras e oencolhimento canhestro dos galãs. O mais audaz encosta-se ao batente daporta e não ousa transpor o limiar sem que a rebicada do coro, núncia da
primeira contradança, autorize a entrada em gorgolões, como a dos rapazespela escola dentro.Este acanhamento, porém, é de bom agouro.Homens de talento e espírito são os que mais se acovardam diante desenhoras. No Porto há muito talento e espírito por força.Os patetas, os lorpas, os atiradiços, são por via de regra os mais festeiros efestejados na sociedade, umas vezes com a cristã virtude da indulgência,outras com o riso zombeteiro da ironia.Há por cá de tudo. Deus louvado!E bom é que haja para que os tédios da uniformidade não volvam o mundoelegante às fórmulas dorminhocas da sociedade velha, em que o casquilhotomava a quinta chávena de chá, a pedido da dona da casa, e torcia um tendãoa dançar o minuete, enquanto a menina fazia tossir ao cravo notas roufenhas,com grande aplauso e grandes abrimentos de boca, de seis velhas entendidasem cravo. Etc.Não é menos valioso elemento, para quem se der a escrever a fisiologia doPorto, um artigo de Silvestre, que trasladamos de um jornal coevo. Dedica eleo seu escrito.***Pela primeira vez, na minha vida, sinto a legítima vaidade de ser útil àhumanidade padecente.Por imprevisto acaso, entrei no grémio dos “humanitários”, como agora sediz.Oferece-se mais uma cabeça às bênçãos da humanidade por entre as cabeçasdo Hollowe dos unguentos, do inventor da Revalenta, do inspiradomanipulador da pílula da família, do mirífico engenho que espremeu do fígadodo bacalhau o óleo restaurador dos pulmões.Declaro desde já que não inventei o remédio para a epizootia, nem os pósinseticidas, nem a cura do mormo real.
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Aconselhas-me que não vá a Carnid
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Na rocha alpestreVaga SilvestreTodo
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— Vou — respondi —; mas, se t
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