Arquivo do Trabalho - IAG - USP

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOInstituto de Astronomia, Geofísica e Ciências AtmosféricasDepartamento de Ciências AtmosféricasVariabilidade da Precipitação e Temperatura Anômalaem Baixa Freqüência no centro-leste da América do Sule Relações com a Vegetação do Cerrado:Análise Diagnóstica e Modelagem EstatísticaMichel Nobre MuzaTese de Doutorado apresentada aoDepartamento de Ciências Atmosféricascomo condição parcial para obtenção dotítulo de Doutor em Ciências Atmosféricas.Orientador: Prof. Dra. Leila Maria Véspoli de CarvalhoCo-Orientador: Dr. Charles JonesSão PauloJunho de 2009

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOInstituto de Astronomia, Geofísica e Ciências AtmosféricasDepartamento de Ciências AtmosféricasVariabilidade da Precipitação e Temperatura Anômalaem Baixa Freqüência no centro-leste da América <strong>do</strong> Sule Relações com a Vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>:Análise Diagnóstica e Modelagem EstatísticaMichel Nobre MuzaTese de Doutora<strong>do</strong> apresentada aoDepartamento de Ciências Atmosféricascomo condição parcial para obtenção <strong>do</strong>título de Doutor em Ciências Atmosféricas.Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dra. Leila Maria Véspoli de CarvalhoCo-Orienta<strong>do</strong>r: Dr. Charles JonesSão PauloJunho de 2009


Um pouco de ciência pode nos afastar de Deus.Entretanto, muita ciência faz nos aproximarmos Dele.Louis Pasteur (1822 – 1895)


DedicatóriaA Ele,Que nem me deixa falar das ingratidões,Onde morre nos seus braços o mal que faço,Que têm as vitórias alcançadas em minha vidaQue alivia o meu sofrimentoQue esta comigoQue me quer sorrin<strong>do</strong>Que me ajudaQue é amorQue não me deixa sofrerPai, Filho e Espírito Santo.


AGRADECIMENTOSÀ Juliana Marques Schöntag, que sempre me deu palavras de amor e carinho, na qual minha vida encontrou umsenti<strong>do</strong>, seu sorriso e suas risadas são as minhas alegrias, e que nesse perío<strong>do</strong> se tornou minha esposa firme,forte e para sempre.À Professora e Orienta<strong>do</strong>ra Dr. Leila Maria Véspoli de Carvalho e ao Co-orienta<strong>do</strong>r Charles Jones, pelo qualtenho inspiração para pesquisar e ensinar. Sinceros agradecimentos a eles pela relação agradável, amigável ecientífica durante to<strong>do</strong> o trabalho. Sou grato pela oportunidade e graça de conhecê-los e fazer parte de suasvidas acadêmico-profissionais.À minha família, pais Vera Maria Nobre Muza e Edison Muza, irmãs Deise e Denise, que são a força a longadistância que impulsiona meu dia-a-dia. Em especial a minha mãe que para mim é tu<strong>do</strong> nessa vida e ao meu pai,que quan<strong>do</strong> prossegui e fui em frente precisei não olhar pra trás para não ver a lágrima que molhava seu rosto.Minha tia e madrinha Márcia e minha prima Helen. Meus tios Elton e Adriana e primo Natanael.À tia Luiza Marli e Sr. Edison (sogro e sogra), cunha<strong>do</strong>, cunhadas, primos, tios e avós empresta<strong>do</strong>s desta famíliaque me acolheu como um deles desde o princípio. Entre eles a Mirela e o Santana que são meus padrinhos. Emespecial ao Guilherme que tenho como irmão e a Ana Carolina e ao meu afilha<strong>do</strong> Nicolas também.Amigos Glécia e Marcos, Ângelo, Taffarel, Jerônimo, Emerson, Reginal<strong>do</strong>, Lucas, Gigio, Márcio e Clarisse.Aos meus amigos <strong>do</strong> <strong>IAG</strong> América, Taciana, Ana Elizabeth (presente também através <strong>do</strong> Grupo de Estu<strong>do</strong>s deMulti-escalas, GEM), Santiago, Marcelo Schneeder, Raupp, Gyrlene, Raquel Pink, Aline <strong>do</strong> Master, Ana Cristinae Ronal<strong>do</strong> Palmeira e seu filhinho João Vitor, Edmilson Freitas, Gerson Conceição, Ricar<strong>do</strong> Hallak (to<strong>do</strong>s essesde tantas parcerias, festas, churrascos, baladas, bolos de aniversários etc) e aqueles que foram se chegan<strong>do</strong>,Mariana Palagano, Maria Cristina e Helber, Mariana Gouvêa, Rodrigo Braga, Fábio, Rodrigo <strong>do</strong> Master, BrunoBiazeto, Tatiane Jorgetti, Robinson, O<strong>do</strong>n Ccoyllo, Everal<strong>do</strong> Souza, Andréa Car<strong>do</strong>so, Thaís Scherrer, ThiagoBiscaro, Wan<strong>do</strong> Amorin, Rodrigo Bombardi (GEM), Vlamir (GEM), chileno Sebastian (GEM), Anita Drumond,Helber Freitas, Alana, Ieda Pscheidt, Valéria, Igor, Fabio Ullman (GEM), Fabrício Silva, Olívia, Meiry, Lena,Rosiberto, Márcio, Augusto Barbosa, Eder Vendrasco, Rachel Albrecht, Guilherme Martins, Vanessa, Carol. Osque se juntaram no consula<strong>do</strong> gaúcho, Ricar<strong>do</strong> Acosta e Angélica Catarina Durigon (esses me dan<strong>do</strong> a honra deser meus padrinhos), Jonatan Tatsch e Nathalie Boiaski, Fabi Weikmann, Anderson Nedel, Rubinei, André,Flavio Natal (GEM), Michele Reboita, Diego Fernandes, Ivã, Marta Llopart, Sâmara Carbone, Roger entre outros.Especial agradecimento às pessoas anônimas que fizeram parte dessa tese na análise e discussão <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s, apoio nos relatórios etc.Aos meus grandes amigos e os já há tempos amigos meteoros Ricar<strong>do</strong> e Carina Reinke, Sheila Paz, BadicoGemiacki, Carlinhos Moura, Japa, Lucía Chipponelli, Marina Seelig, Gisele Zepka, Luiz Marckiori, AngélicaCar<strong>do</strong>so, Marcelo Alonso, Maria Custodio, João Mattos e Ariane Frassoni, Tais Scaglioni, Vagner Anabor,Cláudia Camargo, Priscila Farias e Daniel, Cléber Corrêa, Rosandro Minuzzi e ao último e não menosimportante, Grande Mario Quadros.Aos novos amigos meteoros, Márcia Fuentes e Daniel Bitencourt e sua filhinha Manuela, Glauco Freitas, DanielCalearo e Camila Car<strong>do</strong>so, Wallace Menezes, Daniel Menezes, Daniel Porres, Fabio Lopes, Gilsane, Marilene,Marcelo Moraes, Marcelo Martins, Gustavo a tantos outros, também os professores Uda, Marcão, Candinho eBeck e técnicos em meteorologia forma<strong>do</strong>s pelo atual Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC, que tanto meensinaram.À to<strong>do</strong>s os professores <strong>do</strong> <strong>IAG</strong>, em especial aos meus professores Artêmio, Humberto Rocha, Tércio Ambrizzi,Ricar<strong>do</strong> Camargo, Maria Assunção Silva Dias e Alice Grimm (profa. visitante). E também a Rosmerir da Rocha,Márcia Yamasoe, Carlos Morales Rodriguez, Maria de Fátima Andrade e Edimilson Freitas. Ao Samuel,Sebastião Antônio e Ricar<strong>do</strong> Barbosa pelo apoio técnico. Às secretarias, em especial ao Marcel e Rose. Aopessoal da Seção de Desenho e Produção Gráfica, e a outros setores <strong>do</strong> <strong>IAG</strong> pela generosa atenção.As principais pessoas que incentivaram no início da carreira científica na qual essa tese não existiria: SrinivasRao Chapa, Vilson Ávila e Estael Sias.Ao National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e National Aeronautics and Space Administration(NASA) que possibilitaram esse estu<strong>do</strong> através da disponibilidade de da<strong>do</strong>s meteorológicos e ambientais. Ao Dr.Brant Liebmann <strong>do</strong> CIRES Climate Diagnostics Center, Boulder, pela participação e revisão <strong>do</strong> artigo.À agência Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq <strong>do</strong> Ministério da Ciência eTecnologia pela bolsa de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> (proc. 140280/2006-5) e ao povo brasileiro que paga seus impostos commuito sofrimento, injustiça e exploração.


ÍNDICELISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................ IIILISTA DE TABELAS.......................................................................................................................................... XLISTA DE SIGLAS.............................................................................................................................................XIRESUMO ..........................................................................................................................................................XIIIABSTRACT ....................................................................................................................................................... XV1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................11.1 OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA TESE............................................................................................... 42. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................63. DADOS E METODOLOGIA............................................................................................133.1 DADOS METEOROLÓGICOS E AMBIENTAIS .................................................................................... 133.2 METODOLOGIA FUNDAMENTAL ......................................................................................................... 15A) FILTRAGEM EM FREQÜÊNCIA .............................................................................................................. 15B) ANÁLISE HARMÔNICA E ANOMALIAS TOTAIS ................................................................................ 154. ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA EM BAIXA-FREQÜÊNCIA .......................................................................................................................174.1 REGIÕES HOMOGÊNEAS ........................................................................................................................ 194.2 ESPECTRO DE POTÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA NAS REGIÕESSELECIONADAS ............................................................................................................................................... 224.3 EPISÓDIOS ANÔMALOS DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA EM BAIXA-FREQÜÊNCIA 254.4 VARIABILIDADE INTERANUAL E INFLUÊNCIA SAZONAL DOS EPISÓDIOS ANÔMALOS .. 274.5 RELAÇÃO COM ÍNDICES OCEANOS-ATMOSFÉRICOS................................................................... 384.6 PADRÕES ATMOSFÉRICOS DOS PERÍODOS ANÔMALOS ............................................................. 424.7 MODOS PRINCIPAIS DE VARIABILIDADE.......................................................................................... 465. MODELO ESTATÍSTICO DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA EM BAIXA-FREQÜÊNCIA .......................................................................................................................495.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA UM MODELO ESTATÍSTICO ............................................. 495.2 ESTUDO DE ERROS NAS FRONTEIRAS DE SÉRIES TEMPORAIS FILTRADAS......................... 505.3 APROXIMAÇÃO PARA AS ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO EM BAIXA-FREQÜÊNCIA....... 525.4 IDENTIFICAÇÃO DO MODELO AUTO-REGRESSIVO DE PROJEÇÃO INTERANUAL ............. 57A) ORDEM DO MODELO ................................................................................................................................ 58B) TESTES DE PREDITORES.......................................................................................................................... 63C) DESTREZA DAS PREVISÕES ESTATÍSTICAS...................................................................................... 665.5 DESTREZA SAZONAL ............................................................................................................................... 705.6 TESTE DE SENSIBILIDADE ENTRE AS AMOSTRAS DE DESENVOLVIMENTO EVALIDAÇÃO ...................................................................................................................................................... 765.7 DESTREZA DURANTE EPISÓDIOS EL NIÑO-OSCILAÇÃO SUL .................................................... 775.8 PROGNÓSTICO PARA INÍCIO DA MONÇÃO E VERÃO DA AMÉRICA DO SUL......................... 835.9 ESTUDOS DE CASOS DE PREVISÕES DO MARPI .............................................................................. 83i


1ª CASO: 1989/90 ................................................................................................................................................ 832ª CASO: 1990/91 ................................................................................................................................................ 843ª CASO: 1997/98 ................................................................................................................................................ 854ª CASO: 2002/03 ................................................................................................................................................ 925ª CASO: 2003/04 ................................................................................................................................................ 925.10 MARPI PARA TEMPERATURA DO AR EM 850HPA......................................................................... 975.11 MARPI DURANTE EPISÓDIOS ANÔMALOS DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA EMBAIXA-FREQÜÊNCIA.................................................................................................................................... 1035.12 ESPECIFICAÇÃO DO MARPI............................................................................................................... 1076. A INFLUÊNCIA DE EPISÓDIOS ANÔMALOS DE PRECIPITAÇÃO ETEMPERATURA EM BAIXA-FREQÜÊNCIA NA VEGETAÇÃO DO CERRADO...1126.1 REGIÃO DO CERRADO........................................................................................................................... 1126.2 DEFASAGEM DO NDVI EM RELAÇÃO À PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA........................ 1166.3 SAZONALIDADE ESPAÇO-TEMPORAL DA VEGETAÇÃO DO CERRADO ................................ 1186.4 O PAPEL DE EPISÓDIOS ANÔMALOS DE PRECIPITAÇÃO EM BAIXA-FREQÜÊNCIA NADINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL DO CERRADO ...................................................................... 1196.5 O PAPEL DE EPISÓDIOS ANÔMALOS DE TEMPERATURA EM BAIXA-FREQÜÊNCIA NADINÂMICA DA COBERTURA VEGETAL DO CERRADO ...................................................................... 1287. PROGNÓSTICO DO CICLO EVOLUTIVO DA VEGETAÇÃO DO CERRADO..1357.1 FORMULAÇÃO DO MODELO ESTATÍSTICO DO NDVI SOBRE O CERRADO.......................... 1357.2 VALIDAÇÃO DO MODELO .................................................................................................................... 1397.3 ESTUDO DE CASOS: PREVISÕES DO NDVI SOBRE O CERRADO ............................................... 1421ª CASO: 1989/90 .............................................................................................................................................. 1432ª CASO: 1990/91 .............................................................................................................................................. 1443ª CASO: 1997/98 .............................................................................................................................................. 1458. CONCLUSÃO...................................................................................................................1488.1 SUMÁRIO E CONCLUSÕES GERAIS DO TRABALHO..................................................................... 1488.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................................................................ 152APÊNDICE A: PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS E APRESENTAÇÕES EM ......................................... 154REUNIÕES CIENTÍFICAS DURANTE A EXECUÇÃO DESSE TRABALHO............................................ 154APÊNDICE B: CÓPIA DO ARTIGO MUZA ET AL., 2009. ........................................................................... 1549. REFERÊNCIAS ...............................................................................................................173ii


LISTA DE FIGURASFigura 2.1: Mapas de áreas de Cerra<strong>do</strong> brasileiro. (a) Regiões homogêneas <strong>do</strong> NDVI (resolução 1°x1° lat. elon.) sobre América <strong>do</strong> Sul, Gurgel, 2003 (Dissertação de mestra<strong>do</strong>, INPE), (b) EMPRAPA, 2007,(c) IBAMA, 2007, (d) IBGE, 2003, (e) Órgãos não governamentais Concervation, 2002, nocabeçalho esquer<strong>do</strong> uma projeção <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> para 2020, (f) Órgãos não governamentais WWF,2007.Figura 4.1: Climatologia de precipitação <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) e vento em 850 hPa (m/s) de (a) outubro e (b)janeiro menos a média anual. Máximo vetor em cada mapa é indica<strong>do</strong> no rodapé.Figura 4.2: Climatologia de temperatura <strong>do</strong> ar (°C) e vento em 850 hPa (m/s) de (a) outubro e (b) janeiro menosa média anual. Máximo vetor em cada mapa é indica<strong>do</strong> no rodapé.Figura 4.3: Distância euclidiana em cada ponto de grade para anomalias de (a) precipitação e (b) temperaturaem baixa-freqüência sobre o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> centro leste da América <strong>do</strong> Sul: 40-5ºS e 70-30ºW.Figura 4.4: Diagrama de agrupamento em cada ponto de grade para anomalias de (a) precipitação e (b)temperatura em baixa-freqüência. As setas indicam os pontos de grade que mostram um padrãodistinto para máxima distância entre grupos.Figura 4.5: Regiões homogêneas para anomalias de (a) precipitação e (b) temperatura em baixa-freqüênciasobre o <strong>do</strong>mínio que engloba as regiões geográficas brasileiras Sudeste, Centro-oeste e Sul.Figura 4.6: Espectro da precipitação sobre as regiões homogêneas (a) P SEC , (b) P LIM , e (c) P SBR . O perío<strong>do</strong>corresponde à cobertura temporal <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s: 1979-2005. Linha suave contínua representa o espectro<strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> vermelho de fun<strong>do</strong>, linha tracejada refere-se ao nível de significância de 95% (pontilhadarefere-se ao nível de significância de 90%). A freqüência >370 dias é indicada no canto superioresquer<strong>do</strong>. O comprimento da banda entre <strong>do</strong>is picos também é indica<strong>do</strong>.Figura 4.7: Espectro <strong>do</strong> GPCP sobre as regiões homogêneas (a) T SECW e (b) T SBRB . O perío<strong>do</strong> corresponde àcobertura temporal <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s: 1979-2005. Linha suave continua representa o espectro <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong>vermelho de fun<strong>do</strong>, linha tracejada refere-se ao nível de significância de 95% (pontilhada refere-seao nível de significância de 90%). A freqüência >370 dias é indicada no canto superior esquer<strong>do</strong>. Ocomprimento da banda entre <strong>do</strong>is picos também é indica<strong>do</strong>.Figura 4.8: Diagrama ilustran<strong>do</strong> a mediana, quartil superior e inferior, máximos e mínimos, e intervalointerquartil da distribuição da persistência <strong>do</strong>s episódios anômalos Wet LF e Dry LF na (a) P SEC , (b)P LIM e (c) P SBR . O intervalo interquartil é representa<strong>do</strong> pelo caixa. Outliers são defini<strong>do</strong>s como duasvezes o intervalo interquartil.Figura 4.9: Diagrama ilustran<strong>do</strong> a mediana, quartil superior e inferior, máximos e mínimos, e intervalointerquartil da distribuição da persistência <strong>do</strong>s episódios anômalos Warm LF e Cold LF na (a) T SECW e(b) T SBRB . O intervalo interquartil é representa<strong>do</strong> pelo caixa. Outliers são defini<strong>do</strong>s como duas vezeso intervalo interquartil.Figura 4.10: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SEC (Fig. 4.5a) para (a)1979/80, (b) 1981/82, (c) 1984/85, (d) 1989/90, (e) 1996/97, (f) 1999/00, (g) 2000/01, (h) 2001/02,(i) 2002/03 e (j) 2003/04 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Wet LF . Climatologia deprecipitação também é mostrada (linha tracejada).Figura 4.11: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SEC (Fig. 4.5a) para (a)1982/83, (b) 1983/84, (c) 1986/87, (d) 1992/93, (e) 1993/94, (f) 1995/96, (g) 1997/98, (h) 1998/99 e(i) 2000/01 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Dry LF . Climatologia de precipitaçãotambém é mostrada (linha tracejada).Figura 4.12: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P LIM (Fig. 4.5a) para (a)1979/80, (b) 1981/82, (c) 1982/83, (d) 1986/87, (e) 1990/91, (f) 1994/95, (g) 2000/01, (h) 2001/02 e(i) 2002/03 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Wet LF . Climatologia de precipitaçãotambém é mostrada (linha tracejada).iii


Figura 4.13: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P LIM (Fig. 4.5a) para (a)1980/81, (b) 1983/84, (c) 1985/86, (d) 1988/89, (e) 1991/92, (f) 1992/93, (g) 1993/93, (h) 1999/00 e(i) 2003/04 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Dry LF . Climatologia de precipitaçãotambém é mostrada (linha tracejada).Figura 4.14: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SBR (Fig. 4.5a) para (a)1979/80, (b) 1982/83, (c) 1983/84, (d) 1989/90, (e) 1997/98 e (f) 2002/03 quan<strong>do</strong> houve ocorrênciade episódios anômalos Wet LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linha tracejada).Figura 4.15: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SBR (Fig. 4.5a) para (a)1981/82, (b) 1985/86, (c) 1988/89, (d) 1992/93 e (e) 1999/00 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódiosanômalos Dry LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linha tracejada).Figura 4.16: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SECW (Fig. 4.5b)para (a) 1982/83, (b) 1985/86, (c) 1987/88, (d) 1997/98 e (e) 1998/99 quan<strong>do</strong> houve ocorrência deepisódios anômalos Warm LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linha tracejada).Figura 4.17: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SECW (Fig. 4.5b)para (a) 1981/82, (b) 1988/86, (c) 1989/90, (d) 1990/91, (e) 1991/92, (f) 1992/93, (g) 1996/97 e (h)2003/04 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Cold LF . Climatologia de precipitaçãotambém é mostrada (linha tracejada).Figura 4.18: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SBRB (Fig. 4.5b)para (a) 1979/80, (b) 1983/84, (c) 1985/96, (d) 1994/95, (e) 1997/98, (f) 2000/01 e (g) 2002/03quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Warm LF . Climatologia de precipitação também émostrada (linha tracejada).Figura 4.19: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SBRB (Fig. 4.5b)para (a) 1981/82, (b) 1989/90, (c) 1990/91, (d) 1992/93, (e) 1993/94, (f) 1998/99, (g) 1999/00 e (h)2003/04 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Cold LF . Climatologia de precipitaçãotambém é mostrada (linha tracejada).Figura 4.20: (a) Série temporal de anomalias de precipitação (mm/dia) em baixa-freqüência (>370 dias) namédia da área P SEC (linha espessa sólida), P LIM (linha espessa tracejada), e índice Niño 1+2 namesma escala de tempo (linha fina sólida). (b) Série temporal de anomalias de temperatura (°C) embaixa-freqüência (>370 dias) na média da área T SECW (linha espessa sólida), índice Nino 1+2 namesma escala de tempo (linha fina sólida), e índice PNA (Pacific North American) na mesma escalade tempo (linha fina tracejada intercalada com ponto). Veja Fig. 4.5 para localização das regiões.Figura 4.21: Composições de anomalias de precipitação (mm/dia) em baixa-freqüência (>370 dias) paraepisódios anômalos Wet LF e Dry LF na região (a,b) P SEC , (c,d) P LIM , e (e,f) P SBR (respectivamente).Cores indicam significância estatística ao nível de confiança de 95%. Cor azul (vermelha) econtornos sóli<strong>do</strong>s (traceja<strong>do</strong>s) indicam anomalias positivas (negativas). Primeiro contorno é 0.2 (-0.2) e o segun<strong>do</strong> é 0.4 (-0.4) com intervalos 0.4.Figura 4.22: Composições de anomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (°C) em baixa-freqüência (>370 dias)para episódios anômalos Warm LF e Cold LF na região (a,b) T SECW e (c,d) T SBRB (respectivamente).Cores indicam significância estatística ao nível de confiança de 95%. Cor vermelha (azul) econtornos sóli<strong>do</strong>s (traceja<strong>do</strong>s) indicam anomalias positivas (negativas). Primeiro contorno é 0.2 (-0.2) e o segun<strong>do</strong> é 0.4 (-0.4) com intervalos 0.4.Figura 4.23: (a-d) Correlações entre anomalias de precipitação (mm/dia) e os quatro primeiros padrõescaracterísticos da análise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias). (e-h) Correlações entreanomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (°C) e os quatro primeiros padrões característicos daanálise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias). Perío<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> foi de 18-22 de outubro de 1979a 13-17 de outubro 2004. Contornos de linha contínua (tracejada) indicam correlações positivas(negativas). Intervalos de 0.2 começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2). Cores indicam significância estatística de95% de confiança.iv


Figura 5.1: Localização aproximada <strong>do</strong>s pontos de grade investiga<strong>do</strong>s.Figura 5.2: Erros nas fronteiras das séries temporais associa<strong>do</strong>s com filtragem em: (a) na escala submensal 10-20 dias, (b) intra-sazonal 20-100 dias, (c) semi-anual 100-180 dias, e (d) mais baixa-freqüência(>370 dias) para diversos pontos de grades (localização aproximada das cidades) nos da<strong>do</strong>s deprecipitação <strong>do</strong> GPCP.Figura 5.3: Correlações entre anomalias de precipitação (mm/dia) e os quatro primeiros (a-d) padrõescaracterísticos da análise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias) no perío<strong>do</strong> de 18-22 de outubrode 1979 a 13-17 de outubro 1991. Contornos de linha contínua (tracejada) indicam correlaçõespositivas (negativas). Intervalos de 0.2 começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2). Sombrea<strong>do</strong> indica significânciaestatística de 95% de confiança.Figura 5.4: Correlação (esquerda) e RMS padroniza<strong>do</strong> (direita) entre projeções com (a)(e) 1ª EOF, (b)(f) 1-6EOF, (c)(g) 1-12 EOF, (d)(h) 1-18 EOF. Correlações (RMS padroniza<strong>do</strong>) com contornos emintervalos de 0.2 (0.3) começan<strong>do</strong> em 0.4 e sombrea<strong>do</strong> acima de 0.6 (1.0).Figura 5.5: Teste de sensibilidade para o aumento de mo<strong>do</strong>s característicos (EOF) da precipitação em baixafreqüência.(a) Correlações e (b) RMS padroniza<strong>do</strong> entre anomalias de precipitação em baixafreqüênciae anomalias totais de precipitação projetadas na área (50°S a 10°N, 80W° a 20W°).Intervalo corresponde ao desvio padrão espacial.Figura 5.6: Correlograma <strong>do</strong> primeiro coeficiente temporal da análise de EOF para diversas escalas temporais(veja legenda e texto para mais informações) de pêntadas de precipitação sobre a América <strong>do</strong> Sul(50°S a 10°N, 80W° a 20W°).Figura 5.7: Teste de sensibilidade para o aumento da ordem de preditores (1-3). (a,c,e) Correlação entreprevisão e amostra de validação de PC PI 1 a 3. (b,d,f) Erro RMS padroniza<strong>do</strong> entre previsão eamostra de validação de PC PI 1 a 3. Cada curva indica a ordem (1 para 3 pêntadas). A correlaçãocom a persistência <strong>do</strong> lag 0 também é mostrada (linha tracejada).Figura 5.8. Validação <strong>do</strong> modelo AR de previsão das PC PI 1, 2, 3, 8, 12 através da (a) correlação e (b) RMSpadroniza<strong>do</strong>. Destreza da persistência também é mostrada na correlação. A amostra de validaçãocontém da<strong>do</strong>s de pêntadas independentes equivalente a 12 anos.Figura 5.9: (a-d) Correlação e (e-h) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas dacorrelação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Correlaçõestêm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong>claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.10: Soma das diferenças entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas na previsão de 1 a 24pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Valores têm contornos de 0.1 (sombrea<strong>do</strong>escuro) e -0.1 (claro).Figura 5.11: Destreza <strong>do</strong> MARPI para pontos de grade sobre o Brasil (localização aproximada de cidades, Fig.5.1). Cada curva mostra (a) correlações e (b) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>sindependentes) das anomalias de precipitação em baixa-freqüência. Linha tracejada indica limiar decorrelação igual a 0.6 e S.RMS igual a 1.0.Figura 5.12: Correlação entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante perío<strong>do</strong>s sazonais independentes de (A-D) verão NDJFM e(E-H) inverno MJJAS. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação de 1 a 24pêntadas. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro).Figura 5.13: S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias de precipitaçãoem baixa-freqüência durante perío<strong>do</strong>s sazonais independentes de (A-D) verão NDJFM e (E-H)inverno MJJAS. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas <strong>do</strong> S.RMS de 1 a 24 pêntadas. S.RMStêm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.14: Destreza trimestral da previsão das anomalias de precipitação em baixa-freqüência durante (A)Dezembro a Fevereiro (B) Março a Maio, (C) Junho a Agosto e (D) Setembro a Novembro. Da<strong>do</strong>sindependentes correspondem a 12 trimestres. Cada mapa representa a média de 18 pêntadas dacorrelação. Correlações têm contornos de 0.4, 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro).Figura 5.15: Correlação entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante (A-D) início e (E-H) fim das monções de verão daAmérica <strong>do</strong> Sul. Cada mapa representa a média das pêntadas de cada mês. Correlações têmcontornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro).Figura 5.16: Esquema para teste de sensibilidade entre as amostras de desenvolvimento e validação.v


Figura 5.17: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de da<strong>do</strong>s independentes das anomaliasde precipitação em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas dacorrelação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Correlaçõestêm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong>claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.18: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e da<strong>do</strong>s independentes das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão NDJFM com atuação deeventos El Niño. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes correspondem a atuação de 6 eventos El Niño de acor<strong>do</strong> com aTab. 5.6. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornosde 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.19: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e da<strong>do</strong>s independentes das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão NDJFM com atuação deeventos La Niña. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes correspondem a atuação de 6 eventos La Niña de acor<strong>do</strong> com aTab. 5.6. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornosde 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.20: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão da<strong>do</strong>s independentes das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão NDJFM neutros em relaçãoao ENOS. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas.Os da<strong>do</strong>s independentes correspondem a 6 perío<strong>do</strong>s sazonais de verão NDJFM neutros de acor<strong>do</strong>com a Tab. 5.6. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têmcontornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.21: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 1989 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 1989. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.22: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 1989 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 1989 a março de 1990. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.23: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 1990 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 1990. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.24: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 1990 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 1990 a março de 1991. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.25: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 1997 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 1997. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.26: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 1997 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 1997 a março de 1998. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.27: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 2002 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 2002. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).vi


Figura 5.28: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 2002 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 2002 a março de 2003. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.29: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 2003 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 2003. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.30: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 2003 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasprevistas de 1 a 24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 2003 a março de 2004. Anomalias deprecipitação em baixa-freqüência têm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong> claro (escuro).Figura 5.31: Correlações entre anomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850hPa (°C) e os quatro primeiros (a-d)padrões característicos da análise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias) no perío<strong>do</strong> de 18-22 deoutubro de 1979 a 13-17 de outubro 1991. Contornos de linha contínua (tracejada) indicamcorrelações positivas (negativas). Intervalos 0.2 começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2). Sombrea<strong>do</strong> indicasignificância estatística de 95% de confiança.Figura 5.32: Teste de sensibilidade para o aumento de mo<strong>do</strong>s característicos (EOF) da temperatura em baixafreqüênciano nível de 850 hPa. (a) Correlações e (b) S.RMS entre anomalias de temperatura embaixa-freqüência e anomalias totais de temperatura projetadas na área (50°S a 10°N, 80W° a20W°). Intervalo corresponde ao desvio padrão espacial.Figura 5.33: Validação <strong>do</strong> modelo AR de previsão das PC PI 1, 2, 3, 8, 12 através da (a) correlação e (b) S.RMS.Destreza da persistência também é mostrada na correlação. A amostra de validação contém da<strong>do</strong>sde pêntadas independentes equivalente a 12 anos.Figura 5.34: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos.Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8(sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.35: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos naregião P SEC . Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas.Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8(sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.36: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos naregião P LIM . Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas.Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8(sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.37: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos naregião P SBR . Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas.Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8(sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.38: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de temperatura em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos naregião T SECW . Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24pêntadas. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têmcontornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 5.39: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de temperatura em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos naregião T SBRB . Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24pêntadas. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têmcontornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).Figura 6.1. Ciclo anual de <strong>do</strong>is pontos de grade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI sobre regiões de Cerra<strong>do</strong>: Cerradãopróximo a Ribeirão Preto (21°12’S e 47°52’W) e cerra<strong>do</strong> (sensu strito) próximo a Brasília (15°48’Se 48°0’W).vii


Figura 6.2. (a) Amplitude e (b) fase <strong>do</strong> ciclo anual a partir <strong>do</strong> primeiro harmônico <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI comresolução espacial de 1.0x1.0º lat. e lon. sobre o <strong>do</strong>mínio de 40ºS – 0º e 35 – 65ºW.Figura 6.3. Analise de disco harmônico <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> (a) NDVI com resolução espacial 1.0x1.0 lat. e lon. Afase refere-se ao máximo <strong>do</strong> primeiro harmônico. Região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> com coerência espacial émostrada. (b) Precipitação (mm/dia), (c) Temperatura <strong>do</strong> ar (°C) em 850 hPa e (d) em 1000 hPa, (e)Fluxo de Calor Sensível (W/m 2 ) e (f) Fluxo de Calor Latente (W/m 2 ) com resolução espacial de2.5x2.5 lat. e lon. Máximo vetor sobre o <strong>do</strong>mínio é indica<strong>do</strong> no rodapé de cada mapa.Figura 6.4. Correlação entre NDVI e (a) GPCP e (b) T850 entre 1982-98. Defasagem negativa significa queGPCP/T850 lideram a variabilidade <strong>do</strong> NDVI (eixo abscissa).Figura 6.5. Ciclo anual <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI no perío<strong>do</strong> de 1982 a 1998 sobre a região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> mês a mês de(a) julho a (l) junho.Figura 6.6. Desvio Padrão das Anomalias Totais <strong>do</strong> NDVI no perío<strong>do</strong> de 1982 a 1998 sobre o Cerra<strong>do</strong> mês amês de (a) julho a (l) junho.Figura 6.7. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao máximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P SEC .Anomalias totais <strong>do</strong> NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a três episódios Wet LF .Figura 6.8. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relação aomáximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P SEC . Anomalias totais<strong>do</strong> GPCP mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> noteste t. Os graus de liberdade correspondem a três episódios Wet LF .Figura 6.9: Série temporal <strong>do</strong> NDVI na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> durante (a) 1984/85 e (b) 1997/98 (linha sólida).Série temporal <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> centrada na monção de verão (linha tracejada).Figura 6.10. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P SEC .Anomalias totais <strong>do</strong> NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a sete episódios Dry LF .Figura 6.11. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relaçãoao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P SEC . Anomaliastotais <strong>do</strong> GPCP mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%,basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a sete episódios Dry LF .Figura 6.12. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao máximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P LIM .Anomalias totais <strong>do</strong> NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a quatro episódios Wet LF .Figura 6.13. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relaçãoao máximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P LIM . Anomaliastotais <strong>do</strong> GPCP mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%,basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a quatro episódios Wet LF .Figura 6.14. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P LIM .Anomalias totais <strong>do</strong> NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a seis episódios Dry LF .Figura 6.15. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relaçãoao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P LIM . Anomaliastotais <strong>do</strong> GPCP mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%,basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a seis episódios Dry LF .Figura 6.16: Esquema mostran<strong>do</strong> a influência esperada de episódios anômalos de baixa-freqüência sobre oNDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> (a) fortalecen<strong>do</strong>, (b) enfraquecen<strong>do</strong>, (c) adiantan<strong>do</strong>, (d) atrasan<strong>do</strong> o cicloanual.Figura 6.17. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao máximo de T850 LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Warm LF na região T SECW .Anomalias totais <strong>do</strong> NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus de liberdade correspondem a quatro episódios Warm LF .Figura 6.18. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> T850 (°C) em relação aomáximo de T850 LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Warm LF na região T SECW . Anomaliastotais <strong>do</strong> T850 mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong>no teste t. Os graus de liberdade correspondem a quatro episódios Warm LF .viii


LISTA DE TABELASTabela 4.1: Correlações entre anomalias de precipitação (mm/dia) em baixa-freqüência (>370 dias) GPCP LF emcada região P SEC , P LIM , e P SBR e índices oceanos-atmosféricos na mesma escala de tempo.Apresenta-se também as correlações entre esses índices e anomalias temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa(°C) em baixa-freqüência (>370 dias) T850 LF em cada região T SECW e T SBRB . ** (*) significânciaestatística de 95% (90%) de confiança.Tabela 5.1: Porcentagem da variância explicada <strong>do</strong>s primeiros 20 coeficientes temporais da EOF das anomaliasinteranuais de precipitação. Erro amostral é mostra<strong>do</strong> juntamente com a diferença entre os mo<strong>do</strong>sprincipais de variabilidade.Tabela 5.2: Seleção da ordem p <strong>do</strong> modelo AR para preditores de PC PI (1-10) da precipitação (pêntadas),autocorrelação Rp, variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco, estatísticas AIC (Eq. 5.6) e AIC (Eq. 5.7).Tabela 5.3: Estatísticas AIC (Eq. 5.6) e AIC (Eq. 5.7) para seleção da ordem p de modelos AR para PC1 a PC10das anomalias totais (2ª coluna), e escalas temporais de 10-20, 20-100, 100-180, >370 e >450 dias apartir de pêntadas de precipitação. (*) indica não concordância entre AIC/BIC, então ambos osresulta<strong>do</strong>s são mostra<strong>do</strong>s.Tabela 5.4: Estatísticas AIC (Eq. 5.6) e AIC (Eq. 5.7) para seleção da ordem p de modelos AR para pontos degrade mostra<strong>do</strong>s na Fig. 1 de pêntadas de precipitação GPCP, anomalias totais, e escalas temporaisde 10-20, 20-100, 100-180, e >370. (*) indica não concordância entre AIC/BIC, então ambos osresulta<strong>do</strong>s são mostra<strong>do</strong>s.Tabela 5.5: Sensibilidade da destreza da previsão para o aumento no número de PC PI (colunas) usadas comopreditores. Correlações para PC PI 1 e PC PI 2 usan<strong>do</strong> a amostra de validação. Avanço no tempo émostra<strong>do</strong> nas linhas.Tabela 5.6: Lista de episódios El Niño, normal e La Niña incluí<strong>do</strong>s nesse estu<strong>do</strong>. Por exemplo, verão (summer)1982 indica 1982/83. Fonte: CPC/NCEP.Tabela 5.7: Porcentagem da variância explicada <strong>do</strong>s primeiros 20 coeficientes temporais da EOF das anomaliasinteranuais de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa. Erro amostral é mostra<strong>do</strong> juntamente com a diferençaentre os mo<strong>do</strong>s principais de variabilidade.Tabela 5.8: Seleção da ordem p <strong>do</strong> modelo AR para temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa para preditores ~PC (1-10),autocorrelação Rp, variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco, estatísticas AIC (Eq. 5.6) e BIC (Eq. 5.7).Tabela 5.9: Especificações <strong>do</strong> MARPI.Tabela 7.1: Seleção da ordem p <strong>do</strong> modelo AR para anomalias totais <strong>do</strong> NDVI. É mostrada também aautocorrelação Rp, variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco, estatísticas AIC (Eq. 5.6) e AIC (Eq. 5.7).x


LISTA DE SIGLASAICAkaike information CriterionARauto-regressivoAVHRR Advanced Very High Resolution RadiometerBICBayesian information CriterionBWbandwidthCOLA Center for Ocean–Land–Atmosphere StudieCold LF episódios anômalos de frio em baixa-freqüênciaCPCClimate Prediction CenterCPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estu<strong>do</strong>s ClimáticosDJFDezembro-Janeiro-FevereiroDry LF episódios anômalos de estiagem em baixa-freqüênciaEMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaENOS El Niño-Oscilação SulEOFEmpirical Orthogonal FunctionEOF LF mo<strong>do</strong> de variabilidade da Empirical Orthogonal Function em baixa-freqüênciaFFTfast Fourier transformGIMMS Global Inventory Monitoring and Modelling StudiesGPCP Global Precipitation Climatology ProjectGPCP LF Anomalias de precipitação em baixa-freqüência <strong>do</strong> GPCPGPCP LF ’ Anomalias de precipitação em baixa-freqüência <strong>do</strong> GPCP por filtragem de 1979 a 1992GPCP LF * Anomalias de precipitação em baixa-freqüência <strong>do</strong> GPCP por filtragem de 1979 a 2005≈GPCP LF Anomalias de precipitação em baixa-freqüência <strong>do</strong> GPCP reconstruídas por EOF LFGPCP TA Anomalias totais de precipitação <strong>do</strong> GPCPGSFC Goddar Space Flight CenterIBAMA Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente e <strong>do</strong>s Recursos Naturais RenováveisIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIRIInternational Research InstituteIVPInfravermelho próximoJJAJunho-Julho-AgostoLFLow-frequencyLISAN Index for South America MonsoonMAM Março-Abril-MaioMARPI Modelo Auto-regressivo de Projeção InteranualNASA National Aeronautics and Space AdministrationNCEP National Centers for Environmental Predictionxi


NDVINDVI TANOAAPCPC LFPC PIPIP LIMPNAP SBRP SECONGRMSSAMSSIMOCSONS.RMST850 LFT850 TAT SECWT SBRBTSMUV850 LFVISZCASZCITWet LFWarm LFNormalized Difference Vegetation Indexanomalias totais <strong>do</strong> NDVINational Oceanic and Atmospheric AdministrationPrincipal ComponentPrincipal Component em baixa-freqüênciacoeficiente temporal da projeção interanualProjeção Interanualregião homogênea em relação à GPCP LF no limite entre sudeste e sul <strong>do</strong> BrasilPacific North Americanregião homogênea em relação à GPCP LF situada no sul <strong>do</strong> Brasilregião homogênea em relação à GPCP LF situada no sudeste <strong>do</strong> Brasilorganizações não governamentaisRoot Mean Square ErrorSouth America Monsoon SystemSistema de Modelagem <strong>do</strong>s OceanosSetembro-Outubro-Novembrostandardized Root Mean Square ErrorAnomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em baixa-freqüência no nível de 850 hPaAnomalias totais de temperatura <strong>do</strong> ar no nível de 850 hParegião homogênea em relação à T850 LF situada no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil.região homogênea em relação à T850 LF situada no sul <strong>do</strong> Brasil e fronteiras adjacentestemperatura da superfície <strong>do</strong> marvento anômalo de baixa-freqüência no nível de 850 hPavisívelZona de Convergência <strong>do</strong> Atlântico SulZona de Convergência Inter-tropicalepisódios anômalos chuvosos em baixa-freqüênciaepisódios anômalos quentes em baixa-freqüênciaxii


RESUMOA variabilidade em baixa-freqüência na precipitação e temperatura nas monções deverão da América <strong>do</strong> Sul é investigada através de um estu<strong>do</strong> observacional e de modelagemestatística. Para tanto, da<strong>do</strong>s pentadais de precipitação no perío<strong>do</strong> de 1979 a 2005 <strong>do</strong> GlobalPrecipitation Climate Project – GPCP foram usa<strong>do</strong>s para separar o sinal de mais baixafreqüênciadefini<strong>do</strong>s por análise espectral como sen<strong>do</strong> oscilações maiores <strong>do</strong> que 370 dias.Para temperatura e circulação atmosférica utilizaram-se da<strong>do</strong>s de reanálises. O presenteestu<strong>do</strong> também aborda os efeitos das anomalias de precipitação e temperatura em baixafreqüência sobre a dinâmica da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> brasileiro e seu ciclo evolutivo durantea estação úmida, e assim traça prognósticos estatísticos sazonais. Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NormalizedDifference Vegetation Index – NDVI provi<strong>do</strong>s de estimativas de satélite são utiliza<strong>do</strong>s noperío<strong>do</strong> de 1982-1998 para este propósito.Os estu<strong>do</strong>s diagnósticos desenvolvi<strong>do</strong>s neste trabalho indicam que os padrões anômalosde precipitação e temperatura em baixa-freqüência podem ser usa<strong>do</strong>s como preditores em ummodelo estatístico auto-regressivo. Neste estu<strong>do</strong>, a precipitação e a temperatura foramexaminadas separadamente. O modelo proposto utiliza as duas pêntadas mais recentes dasanomalias de precipitação como condição inicial. Estas são projetadas nos <strong>do</strong>ze primeirosmo<strong>do</strong>s principais da variabilidade de baixa-freqüência para a previsão de 1 a 24 pêntadas deum coeficiente temporal denomina<strong>do</strong> de projeção interanul (PI). Para as anomalias detemperatura em baixa-freqüência foram utiliza<strong>do</strong>s os oito primeiros mo<strong>do</strong>s. A verificaçãocom as componentes principais da análise de funções ortogonais empíricas indica previsõesúteis da PI k (k = 1, 12 mo<strong>do</strong>s) de 1 a 18 pêntadas. A estrutura espacial foi obtida pelareconstrução <strong>do</strong>s campos de anomalias de precipitação e temperatura em baixa-freqüência apartir <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de variabilidade e a PI prevista de 1 a 24 pêntadas. A validação <strong>do</strong> ModeloAuto-regressivo de Projeção Interanual (MARPI) sobre parte <strong>do</strong> Sudeste e Centro-oestemostrou boa destreza estenden<strong>do</strong>-se até 18 pêntadas futuras. Além disso, esses resulta<strong>do</strong>stambém são observa<strong>do</strong>s para o perío<strong>do</strong> de início e fim da estação úmida. A destreza sobreSudeste e Centro-oeste é ainda melhor quan<strong>do</strong> se observa intensificação das anomalias deprecipitação e temperatura em baixa-freqüência. Sen<strong>do</strong> assim, os resulta<strong>do</strong>s são de granderelevância para o setor agro-ecológico e energético dessas regiões.xiii


Nesse contexto, um estu<strong>do</strong> diagnóstico da cobertura vegetal sobre a região homogênea<strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> foi feito para encontrar a resposta da vegetação aos perío<strong>do</strong>s anômalos deprecipitação e temperatura em baixa-freqüência. Para a precipitação, foi mostra<strong>do</strong> queanomalias positivas em baixa-freqüência favorecem a evolução da vegetação acima <strong>do</strong> cicloanual de forma precoce. Enquanto que anomalias negativas de precipitação em baixafreqüênciacontribuem para desenvolvimento da vegetação abaixo <strong>do</strong> ciclo anual. Atemperatura também pode interferir na dinâmica da vegetação com anomalias de baixafreqüênciade mesmo sinal da vegetação anômala em relação ao seu ciclo anual. Essesresulta<strong>do</strong>s contribuíram para o desenvolvimento de um modelo estatístico de regressão queusa as anomalias de precipitação e temperatura em baixa-freqüência previstas pelo MARPIpara então, prever o ciclo evolutivo da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. A verificação da destreza daprevisão <strong>do</strong> modelo mostrou característica particular para cada perío<strong>do</strong> distinto de início,meio ou fim da estação úmida. O modelo que utiliza como preditores as anomalias deprecipitação em baixa-freqüência mostra melhor destreza durante os meses de início daestação úmida. Por outro la<strong>do</strong>, as previsões durante e no fim da estação úmida têm melhoreficácia com o modelo que utiliza tanto as anomalias de precipitação, quanto a temperaturaem baixa-freqüência.xiv


Low-Frequency Variability of Precipitation and TemperatureOver east-central South America and Relationships with Savanna Vegetationover Central Brazil: Diagnostic and Prognostic AnalysisABSTRACTLow-frequency variability in precipitation and temperature in the South Americamonsoon is investigated with observational analysis and statistical models. Pentads (5-dayaverages) of precipitation during 1979-2005 from Global Precipitation Climate Project areused to isolate low-frequency variations, which are defined with spectral analysis as periodslonger than 370 days. Temperature and atmospheric circulation are investigated withreanalysis data. The present study also addresses the importance of low-frequency variationsin precipitation and temperature on the dynamics vegetation over the Brazilian Savanna andits life cycle evolution during the wet season to develop statistical seasonal forecasts.Normalized Difference Vegetation Index data derived from satellite during 1982-1998 areused.Diagnostic analysis developed in this work indicated that low-frequency patternsin precipitation and temperature can be used as predictors in an auto-regressive statisticalmodel. In this study, precipitation and temperature are examined separately. The proposedmodel utilizes the last two most recent pentads of precipitation anomalies as initial conditions.These anomalies are projected on the first twelve modes of low-frequency variability to obtainforecasts of a temporal coefficient called Interannual Projection (IP) at lead time from 1 to 24pentads. The first eight low-frequency modes of variability are used to develop forecasts oftemperature anomalies. Forecast verification of the principal components from the empiricalorthogonal function analysis indicate useful skill for IP K (k = 1, 12 modes) for lead times from1 to 18 pentads. Spatial structure is obtained with reconstruction using low-frequencyanomalies in precipitation and temperature and the forecast of IP at lead time 1-24 pentads.Validation of the Auto-regressive model of interannual projection (ARMIP) over southeastand central-west regions showed useful skill up to 18 pentads lead time. Moreover, theseresults are also observed over the onset and demise periods of the wet season. The forecastskill is even better when one observe the intensification of low-frequency anomalies inprecipitation and temperature over these regions. For this reason, these results are highlyrelevant for the agro-ecological and hydroelectric power generation sectors in these regions.xv


In this context, a diagnostic study of the vegetation cover over the homogeneousregion of the Brazilian savanna was <strong>do</strong>ne to identify the vegetation response to periods oflow-frequency anomalies in precipitation and temperature. It is shown that positive lowfrequencyanomalies in precipitation favor the evolution of vegetation above the annual cycle.Negative low-frequency anomalies in precipitation contribute to vegetation evolution belowthe annual cycle. Temperature can also modify the vegetation dynamics with low-frequencyanomalies with the same sign in relation to the annual cycle. These results motivated thedevelopment of a regression model that uses low-frequency anomalies in precipitation andtemperature provided by ARMIP to forecast the vegetation evolution over the Braziliansavanna. Forecast verification of this model indicated that the skill has distinct characteristicsduring the onset, peak and demise of the wet season. On the other hand, the forecast modelthat uses low-frequency anomalies in precipitation and temperature as predictors has betterskill during and at the demise of the wet season.xvi


┌ Capítulo 1 – Introdução ┐1. IntroduçãoA variabilidade climática de uma região tem uma considerável dependência <strong>do</strong>sprocessos oceânicos e atmosféricos de grande escala, onde fenômenos de baixa-freqüência podemmodular a variabilidade de eventos nas escalas temporais mais rápidas. Por exemplo, eventos deprecipitação ou estiagem prolongada são relaciona<strong>do</strong>s a fenômenos de mais lenta periodicidade naatmosfera (Muza et al., 2009). Na América <strong>do</strong> Sul, vários estu<strong>do</strong>s (e.g., Zhou e Lau, 1998; Gan et al.,2004; Vera et al., 2006; Silva e Carvalho, 2007) tem aponta<strong>do</strong> as principais características dasmonções de verão da América <strong>do</strong> Sul (referida como South America Monsoon System – SAMS), <strong>do</strong>seu ciclo diurno às variações intra-sazonais. Alguns estu<strong>do</strong>s têm aborda<strong>do</strong> fatores como a circulaçãode grande escala e transporte de umidade da zona tropical relaciona<strong>do</strong>s à variabilidade interanual <strong>do</strong>SAMS (e.g., Grimm, 2003; Gan et al., 2004). Fenômenos de baixa-freqüência como o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) têm si<strong>do</strong> retrata<strong>do</strong>s como determinantes em modular anomalias climáticas detemperatura e precipitação, pois modificam padrões climatológicos durante um perío<strong>do</strong> sazonal(Barnston e Livezey, 1987). Assim, tanto para compreensão da dinâmica da variabilidade de baixafreqüênciarelacionada ao SAMS como para a previsão sazonal durante o perío<strong>do</strong> mais chuvoso nocentro-leste da América <strong>do</strong> Sul, faz-se necessário um estu<strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong>.O centro-leste da América <strong>do</strong> Sul é a região que apresenta um evidente ciclo anual daprecipitação relacionada ao SAMS, com chuvas pre<strong>do</strong>minantemente ocorren<strong>do</strong> durante o verãoaustral (estação úmida). Essa região contém características sócio-econômicas distintas. Ela englobao sudeste <strong>do</strong> Brasil que concentra a maior densidade demográfica da América <strong>do</strong> Sul (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística <strong>do</strong> Brasil – IBGE, 2007), principalmente por sua concentração degrandes regiões metropolitanas juntamente às áreas industriais. Por outro la<strong>do</strong>, o sul <strong>do</strong> Brasil efronteiras adjacentes são caracteriza<strong>do</strong>s pela sua importante atividade econômica ligada àagropecuária e ten<strong>do</strong> chuvas relativamente bem distribuídas ao longo de to<strong>do</strong>s os meses <strong>do</strong> ano,associada à alta freqüência de atuação de sistemas frontais. Segun<strong>do</strong> o IBGE, o sudeste, sul ecentro-oeste são responsáveis por mais de 80% da receita total <strong>do</strong> país, sen<strong>do</strong> grande parteresultante da atividade agro-industrial. Para o setor energético, a previsão de longo prazo,1


principalmente da precipitação, define a estratégia de utilização das águas nas bacias hidrográficasdessas regiões para absorver a demanda <strong>do</strong> país. Sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul existemtambém ecossistemas sob preservação, por exemplo, a vegetação <strong>do</strong> tipo savana conhecida comoCerra<strong>do</strong> brasileiro. O Cerra<strong>do</strong> contém áreas distintas em relação à micro climas, que variam emaltitude, solo e proximidade com cursos de água entre outros fatores, que em ecologia sãodenomina<strong>do</strong>s de biomas (Durigan et al., 2006). Os biomas primitivos <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> cobriam grandesáreas <strong>do</strong> sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil.A cobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> brasileiro apresenta um ciclo anual de desenvolvimentoda vegetação bastante pronuncia<strong>do</strong> e aproximadamente em fase com a estação úmida (Rocha et al.,2002). Entretanto, pode ser influenciada por características atmosféricas tropicais e extratropicais. OCerra<strong>do</strong> ocorre sob um <strong>do</strong>mínio com um evidente regime de chuvas sazonais, no qual a precipitaçãoanual concentra-se no perío<strong>do</strong> de outubro a abril, com máximo durante o verão austral (Rao et al.,1996; Tatsch, 2006). Este fato está relaciona<strong>do</strong> às características <strong>do</strong> SAMS. Outros estu<strong>do</strong>s mostramque a vegetação no Hemisfério Norte responde a temperatura tanto quanto a precipitação (Los et al.2004). Isto é, há estreita relação entre a vegetação pre<strong>do</strong>minante de uma região e a variabilidadesazonal da temperatura <strong>do</strong> ar. Silva e Carvalho (2007) mostraram que as anomalias de temperaturaem baixos níveis são elementos importantes no diagnóstico <strong>do</strong> estabelecimento SAMS de verão. Poressa razão, torna-se importante investigar a variabilidade de baixa-freqüência de temperatura eprecipitação e suas relações com a vegetação.A seqüência de estações úmidas e secas causa grande impacto na variação daamplitude da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, o que faz parte <strong>do</strong> controle natural desses ecossistemas (Rochaet al., 2002; Durigan et al., 2006). Por outro la<strong>do</strong>, o Cerra<strong>do</strong> pode ser afeta<strong>do</strong> por perío<strong>do</strong>s anômalosde precipitação ou escassez prolongada, comprometen<strong>do</strong> a manutenção da cobertura vegetal(Batista et al., 1997). Além disso, outro fator importante é a intermitência das chuvas dentro daestação úmida, por exemplo, causada por oscilações intra-sazonais. Porém, o início, duração e fim daestação úmida apresentam variabilidade interanual segun<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>s de Gan et al. (2004) e Silva eCarvalho (2007). Em alguns casos, isso pode modificar profundamente o ciclo anual de precipitação eassim, ten<strong>do</strong> grande influência na evolução <strong>do</strong> desenvolvimento anual da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Poressa razão, o conhecimento prévio da variabilidade sazonal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> e a compreensão dainfluência <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s anômalos de chuva e seca em baixa-freqüência são fundamentais para oprognóstico de longo prazo da dinâmica desse ecossistema. Nesse senti<strong>do</strong>, uma investigação arespeito de um modelo estatístico para o ciclo evolutivo da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> torna-se2


interessante, pois o procedimento para o desenvolvimento desse tipo de modelo considera avariabilidade da série temporal e um número de parâmetros suficientes para que se possaminterpretar fenômenos físicos que causam essa variabilidade (Li et al., 2005).Os modelos estatísticos ou probabilísticos de clima são construí<strong>do</strong>s de forma a encontrarum equilíbrio entre a eficiência e o menor número possível de parâmetros envolvi<strong>do</strong>s. O princípiobásico <strong>do</strong>s modelos estatísticos é que a variável a ser prevista é tratada como resulta<strong>do</strong> de umprocesso estocástico, o qual possui uma componente determinística e outra aleatória (Katz eParlange, 1993). Nesse tipo de modelo, as séries temporais são analisadas quanto às suaspropriedades estocásticas, as quais incluem sua distribuição de probabilidades, auto-covariância erelação com os preditores, avaliada segun<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s de regressão (Lo e Hen<strong>do</strong>n, 2000; Mo, 2001;Jones et al., 2004; Li et al., 2005). Entretanto, algumas vezes os modelos estatísticos tendem a estarmais ajusta<strong>do</strong>s a série temporal, <strong>do</strong> que aos fenômenos que causam sua variabilidade. Além disso,eventos de precipitação em baixa-freqüência ocorren<strong>do</strong> de forma intensa podem estar relaciona<strong>do</strong>s auma gama de escalas temporais (Muza et al., 2009). Um modelo estatístico para ser realístico, deveconsiderar vários parâmetros. Entretanto, modelos mais simples também podem fornecer umconhecimento empírico que conduza a previsões satisfatórias, por exemplo, modelos estatísticos paraprevisão de vazão em bacias hidrográficas (Collischonn et al., 2005). Mas para tanto, deve haver umconhecimento claro na dinâmica <strong>do</strong>s eventos. Neste contexto, por exemplo, a dinâmica daprecipitação anômala em baixa-freqüência investiga<strong>do</strong>s em Muza et al. (2009) precede um estu<strong>do</strong>envolven<strong>do</strong> o prognóstico desses eventos.Para a América <strong>do</strong> Sul, vários estu<strong>do</strong>s de modelagem estatística foram desenvolvi<strong>do</strong>snos últimos anos, como Repelli e Alves (1996), Pezzi et al. (2000), Coelho et al. (2006) e Silva et al.(2008) que avaliaram os padrões característicos da temperatura da superfície <strong>do</strong> mar nos OceanosAtlântico e Pacífico como preditores para prognóstico sazonal de precipitação. Exemplos deaplicações desses estu<strong>do</strong>s são emprega<strong>do</strong>s nas precipitações no Nordeste brasileiro, sul <strong>do</strong> Brasil, eprevisão climática para Brasil. Nos estu<strong>do</strong>s de Repelli e Alves (1996) e Pezzi et al. (2000), elesutilizaram análise de correlações canônicas em uma área regionalizada no nordeste e sul <strong>do</strong> Brasilpara desenvolvimento de um modelo estatístico trimestral denomina<strong>do</strong> Sistema de Modelagem <strong>do</strong>sOceanos – SIMOC. Análise semelhante foi feita em Silva et al. (2008), mas para to<strong>do</strong> o Brasil eincorporan<strong>do</strong> prognósticos de um modelo auto-regressivo de médias móveis. Encontram-se tambémtrabalhos de modelos estatísticos de previsão climática com aplicação específica, como por exemplo,para a previsão sazonal de vazão <strong>do</strong> Rio Paraná (Grimm et al., 2004), da Bacia <strong>do</strong> Rio Paranaíba e3


temperatura de São Paulo (Car<strong>do</strong>so e Silva Dias, 2004), e Bacia <strong>do</strong> Rio Uruguai (Collischonn et al.,2005). Já Coelho et al. (2006) descreve o procedimento usa<strong>do</strong> para desenvolver um modelo deregressão multivariada para previsão empírica sazonal para América <strong>do</strong> Sul, mas com o objetivo finalde integrar ao modelo dinâmico da atmosfera. Marques e Diniz (2006) desenvolveram um modeloestatístico de previsão climática para a precipitação, temperatura máxima e mínima no Rio Grande <strong>do</strong>Sul e mostraram que os preditores oceânicos na escala temporal mensal influenciam o número dedias com chuva e que índices atmosféricos e oceânicos também contribuem para as anomaliasclimáticas, embora não tenham um padrão distinto. To<strong>do</strong>s os modelos cita<strong>do</strong>s anteriormente exibemmelhor destreza principalmente para a previsão de anomalias sazonais de precipitação nas regiõesnorte, nordeste e sul <strong>do</strong> Brasil com forte sinal interanual na variabilidade climática (Ropelewski eHalpert, 1987; Karoly, 1989; Halpert e Ropelewski, 1992; Montecinos et al., 2000). Esses estu<strong>do</strong>santeriores têm sugeri<strong>do</strong> que regiões como o sul <strong>do</strong> Brasil, e fronteiras adjacentes exibem uma melhorprevisibilidade sazonal em razão da forte influência da variabilidade de baixa-freqüência <strong>do</strong> ENOS.Isso também é váli<strong>do</strong> para o Nordeste brasileiro e norte da Amazônia principalmente no outonoaustral e sul da Amazônia durante o verão (Souza et al., 2000; Muza e Carvalho, 2006).1.1 Objetivos e organização da TeseO presente estu<strong>do</strong> visa investigar as variabilidades de baixa-freqüência nos campos deprecipitação e temperatura sobre a América <strong>do</strong> Sul na época de verão austral e como estas podeminfluenciar a sazonalidade da cobertura da vegetação principalmente na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> brasileiro.Além disso, este estu<strong>do</strong> propõe modelos estatísticos que visam prever variações sazonais nacobertura vegetal sobre o Brasil na época de verão. Nesse senti<strong>do</strong>, deseja-se responder as seguintesquestões básicas: 1) quais os principais mo<strong>do</strong>s característicos de variabilidade atmosférica eforçantes remotas tropical-subtropicais relaciona<strong>do</strong>s a essas anomalias de precipitação e temperaturaem baixa-freqüência? 2) Quais as bandas de freqüência mais significativas? 3) Qual a influênciasazonal desses mo<strong>do</strong>s principais de variabilidade interanual sobre as monções de verão na América<strong>do</strong> Sul? 4) Quais as relações entre as anomalias sazonais de precipitação e temperatura e avariabilidade de baixa-freqüência? 5) Como a vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> responde às variabilidadessazonais de perío<strong>do</strong>s anômalos de precipitação e temperatura em baixa-freqüência nessa região? 6)É possível construir modelos estatísticos de anomalias de precipitação e temperatura em baixafreqüênciabasea<strong>do</strong>s na auto-covariabilidade destes parâmetros? 7) Quais os principais preditores e4


qual a sua destreza? 8) É possível estabelecer um prognóstico sazonal para o desenvolvimento davegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> a partir de previsões estatísticas de precipitação e temperatura em baixafreqüência?Para responder essas questões específicas, este estu<strong>do</strong> abor<strong>do</strong>u os seguintes objetivos:(a) compreender os mecanismos relaciona<strong>do</strong>s ao estabelecimento de padrões atmosféricos quecontribuem para ocorrências de perío<strong>do</strong>s anômalos na precipitação e temperatura <strong>do</strong> ar em baixafreqüênciasobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul; (b) desenvolver um modelo estatístico para aprevisão de anomalias de precipitação e temperatura <strong>do</strong> ar em baixa-freqüência, e estudar suaeficácia, principalmente sobre sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil; (c) averiguar como a vegetação <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> responde às variabilidades sazonais de anomalias de precipitação e temperatura em baixafreqüência;(d) desenvolver prognósticos estatísticos sazonais para a dinâmica da cobertura vegetalnessa região ten<strong>do</strong> por base as saídas <strong>do</strong> modelo estatístico de anomalias de precipitação etemperatura em baixa-freqüência.A tese está organizada da seguinte maneira: no capítulo 2 há uma revisão bibliográficade estu<strong>do</strong>s anteriores relevantes aos resulta<strong>do</strong>s que serão apresenta<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s capítulosseguintes; no capítulo 3 descrevem-se os da<strong>do</strong>s meteorológicos e de vegetação que foram utiliza<strong>do</strong>snesse estu<strong>do</strong> e a meto<strong>do</strong>logia. O capítulo 4 contém os estu<strong>do</strong>s prévios da variabilidade de perío<strong>do</strong>sanômalos de precipitação e temperatura em baixa-freqüência no centro-leste da América <strong>do</strong> Sul esuas influências nos padrões característicos relaciona<strong>do</strong>s às monções de verão, especialmente nasregiões sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. Os detalhes <strong>do</strong> desenvolvimento e validação <strong>do</strong> modeloestatístico de precipitação e temperatura em baixa-freqüência estão presentes no capítulo 5. Ocapítulo 6 discute diagnósticos sazonais da cobertura vegetal relacionada aos perío<strong>do</strong>s anômalostanto da precipitação como da temperatura. O capítulo 7 apresenta os resulta<strong>do</strong>s da aplicação de ummodelo estatístico para o prognóstico da dinâmica da cobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Por fim, ocapítulo 8 apresenta as conclusões, discussões finais e sugestões para trabalhos futuros.5


┌ Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica ┐2. Revisão BibliográficaO clima e a vegetação sobre a região central e leste da América <strong>do</strong> sul responde asazonalidade característica de monções. A existência de monções na América <strong>do</strong> Sul foi discutida emdetalhes por Zhou e Lau (1998). A existência de um padrão clássico de monções da América <strong>do</strong> Sulaté então era questionada porque os ventos alísios sobre o Atlântico equatorial pre<strong>do</strong>minam duranteto<strong>do</strong> o ano e, por conseguinte, a inexistência de uma reversão da direção <strong>do</strong>s ventos em baixosníveis. Entretanto, Zhou e Lau mostraram que quan<strong>do</strong> a média anual é removida, a reversão sazonalfica evidente. Quan<strong>do</strong> a monção de verão é estabelecida há profundas mudanças nos fluxos desuperfície <strong>do</strong> Brasil central (Rocha et al., 2002; Fu e Li, 2004; Colini et al., 2008) e padrõesatmosféricos da América <strong>do</strong> Sul (Vera et al., 2006; Gan et al., 2006; Silva e Carvalho, 2007; Grimm etal., 2007; Carvalho et al., 2008).Uma característica marcante das monções de verão da América <strong>do</strong> Sul é a formação daZona de Convergência <strong>do</strong> Atlântico Sul (ZCAS). A ZCAS posiciona-se a leste da Cordilheira <strong>do</strong>sAndes com orientação noroeste-sudeste estendida desde o sul da Amazônia, abrangen<strong>do</strong> as regiõessudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil, sul da Bahia e prolonga-se até o Atlântico su<strong>do</strong>este (Kodama, 1992;Nogués-Paegle e Mo, 1997; Liebmann et al, 1999). Ela é definida como uma região de altavariabilidade convectiva (Carvalho et al, 2004). Além disso, está intimamente relacionada com omovimento horizontal <strong>do</strong> ar em baixos níveis que converge da região equatorial da América <strong>do</strong> Sulpara o Brasil central (Liebmann et al., 1999). Em altos níveis, observa-se o estabelecimento de umcava<strong>do</strong> estacionário a leste da Alta da Bolívia (Barreiro et al., 2002).A variação nos padrões atmosféricos, principalmente no escoamento em baixos níveis,influencia e interfere na umidade <strong>do</strong> solo e vegetação, associa<strong>do</strong> às trocas de calor entre a superfícieterrestre e a atmosfera (Fu e Li, 2004). Em outubro, observa-se um aumento nos índicespluviométricos sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil relaciona<strong>do</strong> ao início da estação úmida (Raoet al., 1996; Gan et al., 2004). A atuação da ZCAS inicia com a estação úmida no sudeste e centrooeste<strong>do</strong> Brasil, sen<strong>do</strong> esta bem caracterizada entre dezembro e fevereiro. Silva e Carvalho (2007)6


associaram os mo<strong>do</strong>s principais da circulação atmosférica e outras variáveis meteorológicas embaixos níveis junto à precipitação para obter um índice de monções (Large-scale Index for SouthAmerica Monsoon – LISAN) e mostraram que as monções têm seu início climatológico na pêntadacorrespondente a 28 de outubro a 1ª de novembro, sen<strong>do</strong> o fim climatológico em 26 – 30 de abril.Entretanto, a ZCAS não atua de forma homogênea durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão austral,porque apresenta uma alta variabilidade convectiva em uma gama de escalas temporais desde a altafreqüência, passan<strong>do</strong> pela variabilidade intra-sazonal até a interanual (e.g.: Barreiro et al., 2002;Jones e Carvalho, 2002; Carvalho et al. 2002; Carvalho et al. 2004; Ferraz, 2004; Muza et al., 2009).Além disso, a variabilidade espacial e temporal da ZCAS tem papel fundamental para a distribuição<strong>do</strong>s extremos de chuvas e seca na região sudeste e Atlântico subtropical, tanto em alta como embaixa-freqüência (Liebmann et al., 2001; Carvalho et al., 2004; Muza et al., 2009).Do ponto de vista ecológico e ambiental, o sudeste e centro-oeste brasileiro apresentamo pre<strong>do</strong>mínio da vegetação <strong>do</strong> tipo savana denominada de Cerra<strong>do</strong>. A Figura 2.1 ilustra aabrangência dessa vegetação através de um apanha<strong>do</strong> de diferentes fontes de estu<strong>do</strong>, órgãosbrasileiros e organizações não governamentais (ONGs). O Cerra<strong>do</strong> cobre por completo os Esta<strong>do</strong>sde Goiás, Tocantins, e áreas no oeste de Minas Gerais e sul <strong>do</strong> Mato Grosso. Fora essas regiões,notam-se algumas divergências entre as fontes citadas em relação à área coberta, principalmente nafronteira com outras formações vegetais. Segun<strong>do</strong> o Instituto Brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente e <strong>do</strong>sRecursos Naturais Renováveis (IBAMA; Fig. 2.1c) o Cerra<strong>do</strong> ocupava 2.000.000 Km 2 (vegetaçãonativa) por volta da década de 1950, sen<strong>do</strong> a área total <strong>do</strong> sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil deaproximadamente 2.535.000 km 2 . Ele é forma<strong>do</strong> por vegetação rasteira, principalmente porgramíneas, coexistin<strong>do</strong> com árvores e arbustos esparsos. Estes indivíduos vegetais são de certaforma adapta<strong>do</strong>s ao clima de duas estações anuais bem definidas: úmida e seca. A precipitaçãomédia anual é de 1500 mm, com uma variação de 800 a 2250 mm (Tatsch, 2006) devi<strong>do</strong> àscaracterísticas climáticas com uma ampla gama de variabilidades temporais e espaciais que a afeta.Além disso, apresenta altitudes varian<strong>do</strong> de quase 0 a 1800 metros. Ocupa diferentes baciashidrográficas (Tocantins, Paraná, Paraguai e São Francisco), e exibe uma grande diversidade desolos que se refletem numa vasta biota (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA,2007; Fig. 2.1b). Embora se considere que ainda existe um desconhecimento sobre a composição,estrutura, dinâmica e funcionalidade sazonal <strong>do</strong>s biomas <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (IBAMA, 2007), o mesmo é um<strong>do</strong>s ambientes mais ameaça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, restan<strong>do</strong> apenas 20% da vegetação nativa devi<strong>do</strong>,principalmente a expansão da atividade agropecuária (ONG Conservation, 2002; Fig. 2.1e, ver7


legenda para maiores detalhes). Nesse senti<strong>do</strong>, Juarez (2004) investigou através de simulaçõesnuméricas o impacto de mudanças no uso da terra em to<strong>do</strong> o sudeste <strong>do</strong> Brasil e encontrou umaredução de aproximadamente 5% na precipitação e um aumento de 0.6°C na temperatura <strong>do</strong> ar àsuperfície.A diversidade <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> apresenta vários biomas como áreas com formação arbóreadensa próxima cursos de água até campos com arbustos esparsos. A vegetação de savana densaocorre, por exemplo, em áreas ao norte de São Paulo, e são denominadas de “Cerradão” (Tatsch,2006). Além disso, existem zonas de tensão ecológica (Durigan et al. 2006), que são áreas detransição entre o Cerra<strong>do</strong> e as formações vegetais vizinhas, como a Floresta Amazônica a noroeste<strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, a Mata Atlântica a leste e Floresta de Araucária ao sul. Atualmente, têm-se observa<strong>do</strong>mudanças no uso da terra nas áreas desse importante ecossistema de savana nativa (Tatsch, 2006).O Cerra<strong>do</strong> pode ser afeta<strong>do</strong> pelos perío<strong>do</strong>s anômalos de precipitação ou escassez prolongada,embora isso esteja presente na variabilidade da vegetação ao longo de vários anos, e quan<strong>do</strong>soma<strong>do</strong>s aos impactos antropogênicos podem comprometer a permanência <strong>do</strong>s biomas.Os diferentes biomas presentes em ecossistemas de savana são reflexos davariabilidade espaço-temporal da precipitação entre outros fatores, como as características <strong>do</strong> solo decada região (Scanlon et al. 2002). Vários estu<strong>do</strong>s sugeriram que há relação entre características degrande escala da variabilidade interanual de anomalias mensais <strong>do</strong> NDVI (Normalized DifferenceVegetation Index) e variáveis climáticas (e.g., Braswell et al., 1997; Batista et. Al. 1997; Los et al,2001; Jacóbsen et al., 2004). Los et. al. (2001) detectaram <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s estatisticamente significativosna variabilidade interanual <strong>do</strong>s padrões de anomalias <strong>do</strong> NDVI, temperatura da superfície <strong>do</strong> mar,temperatura <strong>do</strong> ar e precipitação, sen<strong>do</strong> um de 2.6 anos e outro de 3.4 anos. Esses <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>sindicaram que existe uma dependência <strong>do</strong>s aspectos globais de vegetação e anomalias climáticas,que são modula<strong>do</strong>s por variações de baixa-freqüência, por exemplo, <strong>do</strong> Oceano Pacífico e/ou <strong>do</strong>Atlântico. Suas análises sugeriram que a existência de preditores das oscilações atmosféricas debaixa-freqüência pode melhorar a habilidade de previsões de anomalias climáticas e seu impacto nomeio ambiente. Sobre a Amazônia, Batista et al. (1997) mostraram que há uma redução de 0.1 noNDVI durante ocorrência de eventos El Niño, sen<strong>do</strong> que a modificação no campo <strong>do</strong> NDVI é menorpara perío<strong>do</strong>s de La Niña ou neutros. Entretanto, há anos com redução ou aumento <strong>do</strong> NDVI nãorelacionadas aos episódios El Niño-Oscilação Sul (ENOS). No Brasil, nota-se que o maior impacto<strong>do</strong>s mais fortes eventos ENOS ocorre exatamente nas savanas brasileiras <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> e “Catinga”,essa última sen<strong>do</strong> uma vegetação <strong>do</strong> tipo savana mais esparsa presente no Nordeste <strong>do</strong> Brasil8


(Batista et al., 1997; Dessay et al., 2004). Isto é, o impacto <strong>do</strong> El Niño na vegetação mostra umatendência negativa nas anomalias <strong>do</strong> NDVI durante eventos fortes. Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong>comparada à influência desses eventos na cobertura vegetal <strong>do</strong> extremo sul <strong>do</strong> Brasil, que em suamaioria é <strong>do</strong> tipo estepes de planícies, o efeito nota<strong>do</strong> é mais bran<strong>do</strong> (Jacóbsen et al., 2004).(a)(b)Área não fitogeográficaFloresta ombrófila densaSavana (Cerra<strong>do</strong>)Savana aberta (Catinga)Floresta ombrófila mistaZona da Mata nordestinaDeserto <strong>do</strong> AtacamaÁrea não fitogeográficaEstepe (Campanha)(c)(d)(e)(f)Figura 2.1: Mapas de áreas de Cerra<strong>do</strong> brasileiro. (a) Regiões homogêneas <strong>do</strong> NDVI (resolução 1°x1° lat. elon.) sobre América <strong>do</strong> Sul, Gurgel, 2003 (Dissertação de mestra<strong>do</strong>, INPE), (b) EMPRAPA, 2007, (c) IBAMA,2007, (d) IBGE, 2003, (e) Órgãos não governamentais Concervation, 2002, no cabeçalho esquer<strong>do</strong> uma projeção<strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> para 2020, (f) Órgãos não governamentais WWF, 2007.9


Fu e Li (2004) mostraram a relativa importância das condições de umidade <strong>do</strong> solodurante a estação seca (primavera austral) para o início da estação úmida na Amazônia (outono).Eles discutiram as contribuições desse parâmetro para as variações interanuais de fluxos entre asuperfície e a atmosfera, determinan<strong>do</strong> as condições para a convecção em grande escala durante oinício <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso, uma vez que o fator primordial desta hipótese é basea<strong>do</strong> na modificação<strong>do</strong>s parâmetros de instabilidades atmosféricas. O padrão de variabilidade de NDVI reflete o cicloanual da vegetação, e assim as alterações anômalas desse ciclo natural também interagem com aatmosfera, provocadas por mudanças no balanço radiativo (Wang et al., 2006). Eles mostraramtambém que, as interações entre a precipitação e NDVI na escala de tempo interanual pode impactarno ciclo de desenvolvimento da vegetação com defasagem de longo perío<strong>do</strong> (sazonal). Isso paracobertura vegetal de estepes em uma região semi-árida da América <strong>do</strong> Norte. Por outro la<strong>do</strong>,interações simultâneas ou de curto perío<strong>do</strong> (menor <strong>do</strong> que 2 meses) tendem a ser amortecidas. Issoporque em regiões semi-áridas, o desenvolvimento da vegetação tende a diminuir a capacidade deágua no solo mais rapidamente que a precipitação possa repor. Por outro la<strong>do</strong>, Colini et al. (2008)aponta apenas a umidade <strong>do</strong> solo como fator crucial para estabelecimento de uma estação úmidapreceden<strong>do</strong> a climatologia na América <strong>do</strong> Sul. Em outubro, independente de um grande ou suaveaumento da precipitação, a evapotranspiração no Brasil central não é significativamente alterada. Issopode demonstrar uma insensibilidade da vegetação em relação ao início anômalo de precipitação,seja este positivo ou negativo.Já Scanlon et al. (2002) encontraram que a variabilidade interanual <strong>do</strong> NDVI nas savanasafricanas é sensível à variabilidade <strong>do</strong> início da estação úmida, porém não ten<strong>do</strong> uma resposta linear,mas pelo contrário, poden<strong>do</strong> ocorrer ao longo <strong>do</strong>s meses seguintes. Isso é sustenta<strong>do</strong>, por exemplo,pela evolução da vegetação e mudanças no balanço de radiação, embora esses autores nãomostrem, necessariamente, uma relação de causa e efeito. Por outro la<strong>do</strong>, essas característicassugerem que as interações dessas variáveis refletem uma associação combinada entre atmosfera eecossistemas terrestres (e.g., o Cerra<strong>do</strong>) na variabilidade de baixa-freqüência, principalmente durantea fase de início das monções na América <strong>do</strong> Sul, e conseqüente início da estação úmida, culminan<strong>do</strong>com a evolução da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Por isso, uma investigação em relação à vegetação <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> associada às anomalias de precipitação e temperatura na variabilidade interanual mereceatenção para elucidar questões como essas.10


As anomalias climáticas no centro-leste da América <strong>do</strong> Sul dependem de fatores remotoscomo, por exemplo, a temperatura da superfície <strong>do</strong> mar (TSM) <strong>do</strong> Oceano Pacífico (e.g., Ropelewskie Halpert, 1987; Karoly, 1989; Halpert e Ropelewski, 1992; Kousky e Kayano, 1994; Montecinos et al.,2000; Souza et al., 2000; Los et al., 2001; Grimm, 2003; Muza e Carvalho, 2006). Entretanto, osmecanismos atmosféricos e oceânicos relativos à influência da variabilidade interanual no sudeste ecentro-oeste brasileiro ainda não são bem compreendi<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, há também a influência <strong>do</strong>Atlântico subtropical, que apresenta um dipolo meridional na variabilidade interanual das anomaliasde TSM (Barreiro et al., 2002; Chaves e Nobre, 2004; Almeida, 2006; Muza et al., 2009) To<strong>do</strong>s essesestu<strong>do</strong>s mostraram o dipolo <strong>do</strong> Atlântico Sul com anomalias de TSM com sinal oposto à precipitaçãosob a ZCAS. De fato, o papel <strong>do</strong> Atlântico Sul aparece mais como uma resposta atmosférica, <strong>do</strong> queuma fonte de calor para os mecanismos de estabelecimento da convecção na ZCAS (Chaves eNobre, 2004). Porém, durante os meses de início <strong>do</strong> SAMS, anomalias positivas de TSM no AtlânticoSul subtropical podem contribuir para o estabelecimento <strong>do</strong>s primeiros eventos da ZCAS (Grimm,2003).Durante o SAMS, eventos de precipitação ou estiagem prolongada no sudeste e centrooeste<strong>do</strong> Brasil são modula<strong>do</strong>s pela circulação de grande escala, que transportam distúrbiostransientes modula<strong>do</strong>s por fenômenos de baixa-freqüência (Grimm, 2003). O escoamento de oeste éparte desse transporte, que é caracteriza<strong>do</strong> por trens de ondas nos padrões de circulação anômalasde baixa-freqüência (Barnston e Livezey, 1987; Hoskins e Ambrizzi, 1993; Grimm e Silva Dias, 1995;Liebmann et al., 2004). Estes contribuem para anomalias sazonais nessa região associadas aosmo<strong>do</strong>s característicos de fenômenos de mais lenta periodicidade na atmosfera. Por exemplo, opadrão de gangorra de precipitação entre sul-sudeste <strong>do</strong> Brasil é observa<strong>do</strong> principalmente navariabilidade intra-sazonal (Casarin e Kousky, 1986; Nogués-Paegle e Mo, 1997, Liebmann et al.,1999; Carvalho et al., 2004 Liebmann et al., 2004; Muza, 2005). Segun<strong>do</strong> Liebmann et al. (2004) oposicionamento <strong>do</strong>s trens de ondas incidin<strong>do</strong> sobre a América <strong>do</strong> Sul determina a fase que seencontra a gangorra de precipitação entre sul-sudeste. A intensificação da convecção na ZCAS e afraca atividade convectiva no sul <strong>do</strong> Brasil dependem da fase em que esses distúrbios avançamsobre a América <strong>do</strong> Sul, pois eles modificam o escoamento <strong>do</strong> ar a leste <strong>do</strong>s Andes (Liebmann et al,2004). Isto é, em baixos níveis o escoamento <strong>do</strong> ar associa<strong>do</strong> à anômala circulação ciclônica sobre osul <strong>do</strong> Brasil leva calor e umidade <strong>do</strong> ar para a região da ZCAS em detrimento a convecção no sul <strong>do</strong>Brasil. Esse ciclone anômalo concorda com os resulta<strong>do</strong>s de Grimm et al. (2007), que mostraram quesua formação depende da topografia da Serra <strong>do</strong> Mar e Serra da Mantiqueira no sudeste e sul <strong>do</strong>11


Brasil. Além disso, essa característica está relacionada com o deslocamento para leste da altasubtropical sobre o Atlântico Sul (Nogués-Paegle e Mo, 1997).Em geral, padrões de baixa-freqüência fornecem o suporte para um prolonga<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>de abundância de chuvas ou estiagem durante as monções de verão. Elas são determinantes emmodular episódios anômalos de precipitação em baixa-freqüência no sudeste e sul <strong>do</strong> Brasil (Muza,2005). Além disso, anomalias climáticas de temperatura <strong>do</strong> ar também têm si<strong>do</strong> atribuídas afenômenos de baixa-freqüência como o ENOS (Halpert e Ropelewski, 1992; Los et. al., 2001).Entretanto, a complexidade de diferentes fenômenos de baixa-freqüência ocorren<strong>do</strong> simultaneamentee sob a interação de padrões de teleconexão faz <strong>do</strong> prognóstico de longo prazo uma tarefa bastantecomplicada (Wallace e Gutzler, 1981).O Centro de Previsão de Tempo e Estu<strong>do</strong>s Climáticos – CPTEC tem procura<strong>do</strong>desenvolver um modelo climático de circulação geral da atmosfera proveniente <strong>do</strong> Center for Ocean–Land–Atmosphere Studies (COLA). Algumas modificações e avaliações no modelo global <strong>do</strong> CPTEC-COLA são discutidas em Marengo et al. (2000) e Cavalcanti et al (2002). Em geral, modelosdinâmicos de clima para previsão trimestral apresentam baixo desempenho sobre parte <strong>do</strong> Brasil,onde o índice de acerto é menor no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil, na qual o posicionamentolatitudinal caracteriza transições entre o clima quente equatorial e o tempera<strong>do</strong> de médias latitudes(Marengo et al., 2000; Chou et al., 2001). Esses estu<strong>do</strong>s sugeriram que regiões como o sul <strong>do</strong> Brasile fronteiras adjacentes, assim como parte da Amazônia e nordeste brasileiro, exibem uma melhorprevisibilidade sazonal em razão da forte influência da variabilidade <strong>do</strong> ENOS. Atualmente no Brasil,a previsão sazonal utiliza-se <strong>do</strong> CPTEC-COLA entre outros modelos acopla<strong>do</strong>s oceano-atmosfera <strong>do</strong>CPTEC, e também de informações e “ensemble” de modelos disponíveis no International ResearchInstitute – IRI (New York, U.S.) juntamente a diagnósticos climáticos de centros regionais, além demodelos estatísticos como o SIMOC (Repelli e Alves, 1996, Pezzi et al., 2000), Eurobrisa (Coelho et.al. 2006), ou <strong>do</strong> Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (Silva et al. 2008).12


┌ Capítulo 3 – Da<strong>do</strong>s e Meto<strong>do</strong>logia ┐3. Da<strong>do</strong>s e Meto<strong>do</strong>logia3.1 Da<strong>do</strong>s Meteorológicos e AmbientaisNa presente pesquisa utilizou-se de três conjuntos de da<strong>do</strong>s: reanálises para da<strong>do</strong>satmosféricos, estimativas de precipitação e cobertura vegetal como produtos de sensoriamentoremoto via satélites. A circulação atmosférica em superfície, baixos e altos níveis são descritas comas reanálises <strong>do</strong> National Centers for Environmental Prediction – NCEP-DOE <strong>do</strong> National Oceanicand Atmospheric Administration – NOAA (Kanamitsu et al., 2002; Zou et al., 2004). Esse últimoconjunto de da<strong>do</strong>s apresenta algumas correções em relação à reanálises I discutida em Kalnay et al.(1996), como por exemplo, mudanças no algoritmo de assimilação de estimativas <strong>do</strong> albe<strong>do</strong>oceânico, ten<strong>do</strong> considerável relevância para o Hemisfério Sul. Os da<strong>do</strong>s de precipitação sãoprovenientes <strong>do</strong> Global Precipitation Climatology Project – GPCP (Xie et al., 2003) e englobamestimativas de satélite juntamente a observações em estações de superfície. Esses conjuntos deda<strong>do</strong>s estão dispostos em resolução de 2.5º de latitude/longitude e de <strong>do</strong>mínio limita<strong>do</strong> em 60ºS e60ºN. O GPCP tem resolução temporal em pêntadas (médias de 5 dias). Ele apresenta da<strong>do</strong>sfaltantes no conjunto de da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong> de 1979 a 2005 (total de 1971 pêntadas), queconstituem apenas 1.36 % de toda série. Neste trabalho, esses da<strong>do</strong>s foram interpola<strong>do</strong>s com apêntada t-1 e t+1. As reanálises foram usadas na mesma resolução temporal e espacial <strong>do</strong> GPCP.As estimativas de satélite da cobertura vegetal global são denominadas NormalizedDifference of Vegetation Index – NDVI, que é um índice de vegetação forneci<strong>do</strong> pelo Global InventoryMonitoring and Modelling Studies (GIMMS) da GSFC/NASA (Goddar Space Flight Center / NationalAeronautics and Space Administration) e tem si<strong>do</strong> amplamente usa<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> adinâmica da cobertura vegetal global (Tanré et al., 1992; Sellers et al., 1994; Los et al., 2001; Scanlonet al., 2002; Dessay et al., 2004). O perío<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> é de 1982 a 1998 e os da<strong>do</strong>s apresentamresolução temporal de três estimativas mensais e resolução horizontal aproximadamente de 10 km(0,1º x 0,1º) com <strong>do</strong>mínio global. Nesse estu<strong>do</strong>, utiliza-se de um <strong>do</strong>mínio que abrange parte daAmérica <strong>do</strong> Sul focalizan<strong>do</strong> o Cerra<strong>do</strong> (40°S a 0°, 55°W a 35°W). Esse índice de vegetação é13


calcula<strong>do</strong> a partir das estimativas de reflectância <strong>do</strong> canal visível (VIS: 0.58 – 0.68 μm) einfravermelho próximo (IVP: 0.725 – 1 μm) obti<strong>do</strong>s pelos radiômetros imagea<strong>do</strong>res Advanced VeryHigh Resolution Radiometer (AVHRR) a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> satélite de órbita polar <strong>do</strong> NOAA/NASA. O NDVI édefini<strong>do</strong> como:IVP - VISNDVI = (Eq. 3.1)IVP + VISOs valores <strong>do</strong> índice sobre os continentes variam entre zero (ou próximo disso) quan<strong>do</strong> avegetação apresenta estresse hídrico, e valor próximo ou igual a 1.0 para cobertura vegetalhipoteticamente exuberante, como por exemplo, vegetação de florestas. Isso porque a vegetação temmaior absorção da radiação no VIS, conseqüentemente menor reflectância, enquanto que no IVP, amesma apresenta maior reflectância (Eq. 3.1). Essa característica é marcante principalmente emcoberturas vegetais, visto que solos descobertos apresentam reflectância semelhante para os <strong>do</strong>iscanais. As superfícies de água têm NDVI negativo porque há maior reflectância no VIS.O conjunto de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI aqui utiliza<strong>do</strong> sofreu ajustes pelo GIMMS para minimizar osefeitos de diferentes calibrações nos satélites e geometrias de varredura. Outros fatores também sãoconsidera<strong>do</strong>s nos algoritmos de ajustamento como, por exemplo, as influências de aerossóisvulcânicos, como ocorri<strong>do</strong>s em abril de 1982 no México (El Chincón), em março de 1991 nas Filipinas(Pinatubo), e em abri 1993 no Chile (Lascar). Além disso, filtros são utiliza<strong>do</strong>s para minimizar osefeitos de contaminação por nuvens, absorção pela atmosfera, espalhamento, variação no ângulozenital solar e da<strong>do</strong>s faltantes. Segun<strong>do</strong> Sellers et al. (1994), as causas principais <strong>do</strong>s efeitosatmosféricos são: vapor de água e aerossóis (“muito variáveis”) e espalhamento molecular e ozônio(“aproximadamente não variáveis”). De acor<strong>do</strong> com Tanré et al. (1992), as causas e efeitos são: 1)vapor de água tende a diminuir o valor <strong>do</strong> NDVI porque é absorvi<strong>do</strong> pelo IVP; 2) O ozônio tende aaumentar o NDVI porque reduz a reflexão VIS que chega ao satélite; 3) espalhamento molecularcausa uma diminuição no NDVI e pode ser considera<strong>do</strong> não variável para um mesmo campo devarredura. 4) aerossóis causam uma diminuição no NDVI por causa <strong>do</strong> aumento na reflectância <strong>do</strong>IVP devi<strong>do</strong> à turbidez atmosférica, por exemplo, agrava<strong>do</strong> em casos de nevoa densa. No Brasil, umproblema sério é a fumaça das queimadas principalmente no centro oeste brasileiro e enfrenta<strong>do</strong>anualmente na estação seca. Os filtros mais utiliza<strong>do</strong>s são: análise de Fourier, para suavizar a sériede da<strong>do</strong>s e não interpretar erros, correção no ângulo solar, interpolação para da<strong>do</strong>s aberrantes ereconstrução das séries temporais a partir das características fisionômicas da vegetação local (Sellerset al., 1994).14


3.2 Meto<strong>do</strong>logia Fundamentala) Filtragem em freqüênciaEm cada ponto de grade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de pêntadas de precipitação e temperatura (850 hPa)fez-se a separação das oscilações de mais baixa-freqüência (Low-frequency - LF). Isto é,variabilidade interanual compreenden<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>s maiores <strong>do</strong> que 370 dias através de filtro passabaixa(Duchon, 1979) com transformada rápida de Fourier (fast Fourier transform – FFT). A FFT parafiltragem de da<strong>do</strong>s parte <strong>do</strong> princípio de atribuir pesos em <strong>do</strong>mínio de freqüência que permitem umaresposta da banda de interesse (Helms, 1967). Antes disso, removeu-se a tendência linear através dareta de regressão, porque essa poderia ser entendida como uma oscilação de comprimento infinito, jáque cresce ou diminui indefinidamente. A FFT foi calculada para as N/2 funções harmônicas, sen<strong>do</strong> No tamanho da série. Assim, a mais alta ou maior freqüência relativa à resolução <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s empêntadas corresponde, por exemplo, a uma oscilação da função cosseno executan<strong>do</strong> um ciclo inteiroem apenas <strong>do</strong>is intervalos de da<strong>do</strong>s igualmente espaça<strong>do</strong>s no tempo. Ou seja, duas pêntadas,equivalente a chamada freqüência de Nyquist (Duchon, 1979). A separação das escalas temporais édada por uma função <strong>do</strong> tipo peso. Neste estu<strong>do</strong>, utilizou-se uma função peso, na qual se atribui umvalor predetermina<strong>do</strong> para as freqüências a que se deseja separar e zero para o restante, isso no<strong>do</strong>mínio de freqüências (ou seja, variáveis contínuas). Após a filtragem, para obter o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>tempo nos quais as séries temporais sejam discretas foi necessário calcular a função inversa da FFT.Assim, a precipitação e temperatura em 850 hPa correspondentes a variabilidade de mais baixafreqüência(>370 dias) foram denomina<strong>do</strong>s de Anomalias de Baixa-freqüência (LF), identifica<strong>do</strong>scomo GPCP LF e T850 LF , respectivamente.b) Análise Harmônica e Anomalias totaisNo cálculo das transformadas de Fourier discretas para N/2 funções harmônicas, a menor oumais baixa-freqüência corresponde, por exemplo, a uma oscilação da função cosseno executan<strong>do</strong> umciclo sobre os N da<strong>do</strong>s da série temporal. Isto é relativo ao primeiro harmônico, denomina<strong>do</strong> tambémharmônico fundamental. Com essa propriedade, extraíram-se o ciclo anual e semi-anual <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s15


de precipitação, variáveis atmosféricas das reanálises e <strong>do</strong> NDVI. Isso para cada ponto de grade.Nesse processo, foram executa<strong>do</strong>s os seguintes passos: (1) calculou-se a média em cada pêntada<strong>do</strong> ano (com um total de 73 pêntadas equivalente há 365 dias, no caso <strong>do</strong> NDVI 36 estimativas porano); (2) e encontrou-se o ciclo anual e semi-anual através da análise de Fourier, que nesse caso sãoo primeiro e segun<strong>do</strong> harmônicos, respectivamente; (3) somou-se o ciclo anual e semi-anual, o querepresenta um valor muito próximo da climatologia; (4) este foi subtraí<strong>do</strong> da série de da<strong>do</strong>s paraentão, obter as anomalias totais, na qual total se refere à contribuição da variabilidade de todas asescalas temporais. O ciclo semi-anual é importante para a representação de algumas regiões que,por exemplo, apresentem <strong>do</strong>is máximos de precipitação na sua distribuição anual de chuva, como é ocaso <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil (Grimm, 2003). As anomalias totais foram identificadas como GPCP TA , no casoda precipitação.16


┌ Capítulo 4 ┐4. Anomalias de Precipitação e Temperatura em baixa-freqüênciaAnomalias de Precipitação e Temperatura em baixa-freqüênciaAs anomalias de precipitação e temperatura em baixa-freqüência (GPCP LF e T850 LF )sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul são investigadas com o objetivo de elucidar a respeito <strong>do</strong>spadrões da variabilidade interanual que contribuem para anomalias totais (GPCP TA e T850 TA ) duranteo perío<strong>do</strong> sazonal de monções de verão sobre a América <strong>do</strong> Sul. Em relação às monções da América<strong>do</strong> sul, Zhou e Lau (1998) mostraram que sobre o Atlântico equatorial a mudança no vento de lesteem baixos níveis não é observada porque há o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> fluxo <strong>do</strong>s alísios durante to<strong>do</strong> o ano.Entretanto, quan<strong>do</strong> a média anual é removida, a reversão sazonal torna-se aparente. A Fig. 4.1mostra o padrão anômalo da precipitação juntamente ao vento em 850 hPa, representada pelaclimatologia <strong>do</strong>s meses de outubro (primavera) e janeiro (verão) removi<strong>do</strong> a média anual. Nessesperío<strong>do</strong>s sazonais são observa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is estágios distintos. Em mea<strong>do</strong>s de outubro, a Zona deConvergência Inter-tropical (ZCIT) encontra-se ao norte <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r, dirigin<strong>do</strong> um fluxo de ventoanômalo de sul na região equatorial, e assim causan<strong>do</strong> a estação seca no norte da Amazônia enordeste <strong>do</strong> Brasil (Fig. 4.1a). Nesse momento, há um aquecimento anômalo sobre o Brasil central(Fig. 4.2a), embora ainda permaneça um padrão de resfriamento em torno dessa região devi<strong>do</strong> àincursão de sistemas frontais, acompanha<strong>do</strong>s de massas de ar frias de médias e altas latitudes, esoma<strong>do</strong> a inércia <strong>do</strong>s oceanos, como reflexo <strong>do</strong> inverno no Hemisfério Sul. Assim, no sudeste ecentro-oeste <strong>do</strong> Brasil precipitações convectivas ocorrem no início da estação úmida associadas aoaquecimento da superfície por radiação solar. Da primavera para o verão, o maior aquecimento dasuperfície migra para os subtrópicos e no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil observa-se intensaprecipitação relacionada ao padrão de circulação estabeleci<strong>do</strong> sobre essa região.Quan<strong>do</strong> o verão já está estabeleci<strong>do</strong> (Fig. 4.2b), um fluxo anômalo de norte, que aopenetrar na América <strong>do</strong> Sul dirige-se para sudeste depois de cruzar o equa<strong>do</strong>r. Além disso, há umforte gradiente térmico dirigi<strong>do</strong> para médias latitudes intensifica<strong>do</strong> pela subsidência <strong>do</strong> ar a leste daCordilheira e conseqüente compressão adiabática. Esse direcionamento para sudeste é relaciona<strong>do</strong>17


com a presença da Cordilheira <strong>do</strong>s Andes (Gandu e Geisler, 1991), e observa-se uma circulaçãociclônica anômala associada com a diminuição da pressão atmosférica sobre a região continental(Zhou e Lau, 1998; Carvalho et al., 2002; Grimm et al., 2007). O principal efeito dessa mudançasazonal <strong>do</strong> fluxo anômalo <strong>do</strong> vento em baixos níveis é observa<strong>do</strong> na precipitação sobre o Brasilcentral (Fig. 4.1b), na qual ocorrem perío<strong>do</strong>s favoráveis ao estabelecimento da ZCAS e anomaliaspositivas desde o altiplano boliviano até norte da Argentina e Rio da Prata.Figura 4.1: Climatologia de precipitação <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) e vento em 850 hPa (m/s) de (a) outubro e (b)janeiro menos a média anual. Máximo vetor em cada mapa é indica<strong>do</strong> no rodapé.Figura 4.2: Climatologia de temperatura <strong>do</strong> ar (°C) e vento em 850 hPa (m/s) de (a) outubro e (b) janeiro menosa média anual. Máximo vetor em cada mapa é indica<strong>do</strong> no rodapé.18


4.1 Regiões homogêneasA variabilidade espaço temporal de GPCP LF e T850 LF é investigada através de análise deagrupamento para obter regiões homogêneas sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul. A análise deagrupamento foi aplicada separadamente aos da<strong>do</strong>s de GPCP LF e T850 LF sobre uma área queengloba as regiões geográficas brasileiras Sudeste, Centro-oeste e Sul: 40-5ºS e 70-30ºW. Essaanálise multivariada de da<strong>do</strong>s consiste em determinar grupos consideran<strong>do</strong> a similaridade entre osmembros de um conjunto de da<strong>do</strong>s, em nosso caso, pontos de grade sobre o <strong>do</strong>mínio de interesse. Asimilaridade é medida através da distância euclidiana (Wilks, 1995), que é a diferença quadráticatomada entre <strong>do</strong>is pontos x(i) e x(j) ou grupos de pontos (Eq. 4.1).d s⎛ ∑⎝T= ⎜t=1( − x )i,kj,k1/22 ⎞x ⎟ (Eq. 4.1)⎠Onde s é a posição e t é o tempo. No presente estu<strong>do</strong>, os da<strong>do</strong>s são igualmente espaça<strong>do</strong>s, então adistância euclidiana mede a similaridade no tempo. A Figura 4.3a mostra a distância euclidiana deGPCP LF sobre o <strong>do</strong>mínio de interesse, onde se nota a distinção de uma área que apresentaorientação noroeste-sudeste estenden<strong>do</strong>-se para o Atlântico Sul subtropical e ocupa grande área <strong>do</strong>sudeste <strong>do</strong> Brasil. Já São Paulo, sul <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e parte <strong>do</strong> Paraná apresentam umadistância maior entre os pontos de grade. Sobre o sul <strong>do</strong> Brasil e fronteiras adjacentes a distânciaeuclidiana é ainda menor <strong>do</strong> que sobre sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. Para T850 LF (Fig. 4.3b),observa-se uma área distinta ao norte <strong>do</strong> sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil, relativa à zona tropical daAmérica <strong>do</strong> Sul. Por outro la<strong>do</strong>, uma área ao sul tem distância maior entre os pontos de grade e érelativo à região subtropical <strong>do</strong> Atlântico Sul estenden<strong>do</strong>-se até a desembocadura <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Plata.A estratégia utilizada para o agrupamento foi de máxima distância entre grupos, isto é,utiliza-se a maior distância entre membros de cada grupo, como em Freitas (2000) e Car<strong>do</strong>so e SilvaDias (2004). Esse critério tende a formar grupos mais homogêneos segun<strong>do</strong> Wilks (1995). Quan<strong>do</strong> seinicia o processo de agrupamento há muitos grupos seleciona<strong>do</strong>s, e à medida que decorre oprocesso um menor número de grupos torna-se presente. No fim desse procedimento, analisou-se odiagrama de agrupamento para as GPCP LF e se constatou a presença de três regiões distintas (Fig.4.4a). Enquanto que para T850 LF observaram-se apenas duas regiões (Fig. 4.4b). Portanto,selecionaram-se como regiões homogêneas aqueles grupos onde foram verificadas característicasdistintas no processo de agrupamento, separan<strong>do</strong> a área de interesse deste estu<strong>do</strong>. Assim, em19


elação às GPCP LF foram obtidas três regiões denominadas P SEC , P LIM e P SBR , como mostra a Figura4.5a. Em relação às T850 LF foram obtidas duas regiões denominadas T SECW e T SBRB (Fig. 4.5b).Posteriormente, em cada região foi obtida a média da área.∑t = 1∑t = 1− P− P∑t = 1− Pcorr =(Eq. 4.2)TT(P(PSECtSECtSECt2SEC )t).(P.TLIM t(PLIM tLIM t− P)2LIM )tA correlação das GPCP LF entre P SEC e P LIM é de 0.07 (Eq. 4.2 onde t indica o tempo, T operío<strong>do</strong> total, e média no tempo é representada por uma barra superior.). Enquanto que a região P LIMe P SBR tem correlação de 0.44. Já a correlação entre P SEC e P SBR é -0.38, que é associa<strong>do</strong> ao padrãode gangorra de precipitação, principalmente na variabilidade intra-sazonal (Nogués-Paegle e Mo,1997; Liebmann et al., 1999; Carvalho et al., 2004; Liebmann et al., 2004), mas que também estápresente na variabilidade de baixa-freqüência (Muza, 2005). Para T850 LF , a correlação entre asregiões é de 0.46, mostran<strong>do</strong> que em parte as séries temporais estiveram relacionadas com o mesmosinal de variabilidade.Anomalias climáticas de precipitação e temperatura podem estar associadas, porexemplo, em uma situação de anômalo aumento de chuvas e conseqüente diminuição datemperatura ou vice-versa. Nesse senti<strong>do</strong>, a correlação entre P SEC e T SECW é -0.43. De fato, acorrelação negativa sugere que anomalias climáticas relativas ao aumento da precipitação sobre umadeterminada região podem ser acompanhadas de queda na temperatura devi<strong>do</strong> a maior cobertura denuvem. Nas regiões mais subtropicais e de latitudes médias, as anomalias de precipitação etemperatura de baixa-freqüência estão mais ligadas aos padrões de circulação da atmosfera (Halperte Ropelewski, 1992). Os padrões de circulação na variabilidade de baixa-freqüência modulam aocorrência, por exemplo, de bloqueios atmosféricos, posicionamento <strong>do</strong> jato subtropical e <strong>do</strong> jato debaixos níveis a leste da cordilheira <strong>do</strong>s Andes (Nogués-Paegle e Mo, 1997; Grimm, 2003). O sul <strong>do</strong>Brasil é fortemente influencia<strong>do</strong> por esses padrões de variabilidade, por exemplo, em anos de El Niñoo jato de baixos níveis é mais presente e transporta ar quente e úmi<strong>do</strong> da zona tropical para regiõessubtropicais a leste da América <strong>do</strong> Sul (Liebmann et al., 2004). Essa região apresenta anômalaintensificação da precipitação e temperatura com o mesmo sinal, na qual a correlação entre P SBR eT SBRB é 0.58.20


(a)(b)Figura 4.3: Distância euclidiana em cada ponto de grade para anomalias de (a) precipitação e (b) temperaturaem baixa-freqüência sobre o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> centro leste da América <strong>do</strong> Sul: 40-5ºS e 70-30ºW.Figura 4.4: Diagrama de agrupamento em cada ponto de grade para anomalias de (a) precipitação e (b)temperatura em baixa-freqüência. As setas indicam os pontos de grade que mostram um padrão distinto paramáxima distância entre grupos.21


(a)(b)P SECT SECWP LIMT SBRBP SBRFigura 4.5: Regiões homogêneas para anomalias de (a) precipitação e (b) temperatura em baixa-freqüênciasobre o <strong>do</strong>mínio que engloba as regiões geográficas brasileiras Sudeste, Centro-oeste e Sul.4.2 Espectro de potência de precipitação e temperatura nas regiões selecionadasA análise espectral foi utilizada para elucidar quais faixas de freqüências contribuempara a variabilidade da precipitação e temperatura sobre as regiões homogêneas. Primeiramente, foiremovida a média, a tendência linear e o ciclo anual da série temporal de precipitação e temperaturapara cada região (média na área). Além disso, foi utilizada uma função “split-cosine-bell” (como emJones et. al., 1998) para o alisamento de 5% no início e fim da série temporal. Esse procedimentoevita que a descontinuidade no início e fim da série temporal introduza efeitos espúrios no cálculo <strong>do</strong>espectro. O número de graus de liberdade para o cálculo da significância estatística foi considera<strong>do</strong>como 2/3 <strong>do</strong> número de anos <strong>do</strong> conjunto de da<strong>do</strong>s. Isso porque em Muza (2005) encontrou-se navariabilidade interanual eventos positivos e negativos de chuva que correspondem a 2/3 da sérietemporal. Assim, 2/3 multiplica<strong>do</strong> pelo comprimento da média móvel igual a três resulta em 56 grausde liberdade (27 anos x 2/3 x 3). Foi calculada também a largura da banda em cada espectro(bandwidth - BW) para que interpretemos de forma correta apenas os picos que estejamverdadeiramente separa<strong>do</strong>s.22


Os espectros <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de precipitação de 1979 a 2005 sobre cada região sãomostra<strong>do</strong>s na Fig. 4.6. Assim, a região P SEC (Fig. 4.6a) apresenta picos espectrais de 58.4, 109, 188 e208 dias que exceden<strong>do</strong> o ruí<strong>do</strong> vermelho ao nível de significância de 95%. As escalas temporais demais altas freqüências, por exemplo, menores <strong>do</strong> que 10 dias ou até mesmo dentro da intra-sazonalnão são resolvidas porque estamos utilizan<strong>do</strong> pêntadas e também devi<strong>do</strong> à suavização no espectro,respectivamente. O pico em 58.4 dias na escala intra-sazonal concorda com os resulta<strong>do</strong>s deLiebmann et al. (1999), consideran<strong>do</strong> que eles utilizaram da<strong>do</strong>s diários e apenas os perío<strong>do</strong>ssazonais de verão. Nesse senti<strong>do</strong>, Ferraz (2004) também encontrou que, as oscilações de 30-70 diasrepresentam a banda que mais afeta a ZCAS em sua posição climatológica. Na Fig. 4.6a, nota-setambém que a distância entre os picos 188 e 208 dias (0.51 e 0.57 anos no eixo da abscissa) é maior<strong>do</strong> que a largura da banda espectral. Isto é, o pico de 188 dias é distinto em relação ao de 208 dias eindicam a variabilidade sazonal entre os regimes de precipitação durante o ano. Em relação a maisbaixa-freqüência observa-se um pico em 1.4 anos exceden<strong>do</strong> o ruí<strong>do</strong> vermelho ao nível designificância de 90%. Para a região P LIM (Fig. 4.6b), têm-se picos espectrais de 74.8 dias e umabanda de 109-139 dias (significância de 95%). Em relação a mais baixa-freqüência, na região P LIMobserva-se um pico em 2 anos, porém com significância menor <strong>do</strong> que o nível de 90% (Fig. 4.6b). AFig. 4.6e refere-se à região P SBR e apresenta picos espectrais de 60.2 e 120 dias, além de 2.2 anos(significância de 95%), esse último com uma extensa banda na baixa-freqüência (Fig. 4.6c).O espectro de potência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa de 1979 a 2005 daregião T SECW apresenta picos espectrais de 52.2, 87.6, 120 dias que excedem o ruí<strong>do</strong> vermelho aonível de significância de 95% (Fig. 4.7a). Em relação a mais baixa-freqüência, observa-se picos aonível de significância de 90% começan<strong>do</strong> em 1.9 anos até freqüências menores resolvidas peloespectro (Fig. 4.7a). A região T SBRB apresenta uma banda espectral entre 69-78 dias e 98.5 dias comsignificância de 95% (Fig. 4.7b). Já na baixa-freqüência, observa-se também um pico de 1.9 anosexceden<strong>do</strong> o ruí<strong>do</strong> vermelho ao nível de significância de 90% (Fig. 4.7b).23


1.2 years208 days188 days109 days58.4 days109-139 days74.8 days2.2 anos120 days60.2 daysFigura 4.6: Espectro da precipitaçãosobre as regiões homogêneas (a) P SEC ,(b) P LIM , e (c) P SBR . O perío<strong>do</strong>corresponde à cobertura temporal <strong>do</strong>sda<strong>do</strong>s: 1979-2005. Linha suave contínuarepresenta o espectro <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> vermelhode fun<strong>do</strong>, linha tracejada refere-se aonível de significância de 95%(pontilhada refere-se ao nível designificância de 90%). A freqüência>370 dias é indicada no canto superioresquer<strong>do</strong>. O comprimento da banda entre<strong>do</strong>is picos também é indica<strong>do</strong>.4 years1.9 years120 days87.6 days52.2 days1.9 years98.5 days69.3-78.4 daysFigura 4.7: Espectro <strong>do</strong> GPCP sobre as regiões homogêneas (a) T SECW e (b) T SBRB . O perío<strong>do</strong> corresponde àcobertura temporal <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s: 1979-2005. Linha suave continua representa o espectro <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> vermelho defun<strong>do</strong>, linha tracejada refere-se ao nível de significância de 95% (pontilhada refere-se ao nível de significânciade 90%). A freqüência >370 dias é indicada no canto superior esquer<strong>do</strong>. O comprimento da banda entre <strong>do</strong>ispicos também é indica<strong>do</strong>.24


4.3 Episódios Anômalos de Precipitação e Temperatura em Baixa-freqüênciaSeguin<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>s prévios de Muza (2005), as regiões homogêneas selecionadasforam investigadas com relação à ocorrência de episódios anômalos basean<strong>do</strong>-se na distribuiçãopercentual das GPCP LF e T850 LF . Para encontrar os episódios anômalos consideraram-se os limiaresde 75% e 25% na distribuição temporal das séries de GPCP LF e T850 LF . Nesse senti<strong>do</strong>, definiu-seque, os episódios anômalos chuvosos em baixa-freqüência (Wet LF ) ocorrem quan<strong>do</strong> GPCP LFexcedem o percentil de 75%. Por conseguinte, os episódios anômalos de estiagem em baixafreqüência(Dry LF ) ocorrem quan<strong>do</strong> GPCP LF apresenta menores magnitudes <strong>do</strong> que o percentil de25%. O mesmo raciocínio foi efetua<strong>do</strong> para as T850 LF denominan<strong>do</strong>-se episódios anômalos quentes(Warm LF ) e de frios (Cold LF ) em baixa-freqüência.Os episódios anômalos foram estuda<strong>do</strong>s consideran<strong>do</strong> sua persistência, isto é, define-sepersistência como sen<strong>do</strong> a ocorrência consecutiva de pêntadas anômalas, e desta forma,pertencentes ao um mesmo episódio. A Fig. 4.8 mostra as propriedades da distribuição <strong>do</strong>s episódiosanômalos de GPCP LF encontra<strong>do</strong>s nas regiões P SEC , P LIM e P SBR , como mediana, quartil superior einferior, máximos e mínimos. Os máximos e mínimos são valores extremos nas séries, mas nãosuperiores a duas vezes o intervalo interquartil, caso contrário são episódios a parte (“outliers“).Nos episódios Wet LF na região P SEC (Fig. 4.8a): a mediana da persistência é igual a 27pêntadas (aproximadamente 4.5 meses); o quartil superior e inferior são 45 e 12 pêntadas,respectivamente; e o máximo é 73 pêntadas (não outlier). Nos episódios Dry LF na região P SEC , amediana da persistência é 36 pêntadas, mas o máximo não é maior <strong>do</strong> que 60 pêntadas, sen<strong>do</strong> oquartil superior igual a 51 pêntadas (Fig. 4.8a). Já para Wet LF na região P LIM : os quartis superior einferior são iguais a 26 e 43 pêntadas; mediana de 32 pêntadas; máximo de 44 pêntadas; e outlier de77 pêntadas (Fig. 4.8b). Por outro la<strong>do</strong>, a distribuição de episódios Dry LF na região P LIM não seassemelha a de Wet LF na mesma região, na qual a mediana é igual a 43 pêntadas e os quartissuperior e inferior de 26 e 52 pêntadas, respectivamente (Fig. 4.8b). É interessante observar queepisódios Dry LF nessa região têm intervalo interquartil maior <strong>do</strong> que episódios Wet LF , indican<strong>do</strong> queDry LF são mais persistentes. A persistência nos episódios Wet LF na região P SBR caracteriza-se poruma evidente assimetria na sua distribuição, pois a mediana é igual a 54 pêntadas e o quartil superiorde 58 pêntadas, sen<strong>do</strong> que o quartil inferior é igual a 32 pêntadas (Fig. 4.8c). Episódios Dry LF na25


Var 1 Var 2Var 1 Var 2Va r 1 Var 2região P SBR mostraram que a persistência fica entre 24 e 54 pêntadas o que corresponde aaproximadamente a um intervalo de 4 a 9 meses. De forma geral, isso foi observa<strong>do</strong> em todas asregiões, na qual apenas Wet LF nas regiões P LIM e P SBR mostraram uma distribuição de persistênciamais assimétrica.Episódios anômalos Warm LF na região T SECW (Fig. 4.9a) mostram interessante simetriana distribuição em torno da mediana igual a 59 pêntadas, com quartil superior igual a 74 quetranscende o perío<strong>do</strong> de um ano (equivalente a 73 pêntadas). Episódios Cold LF na região T SECW têmmenor persistência comparativamente aos episódios Warm LF . Os episódios Warm LF na T SBRBapresentam aspectos bastante peculiares, com mediana de 35 pêntadas e contém <strong>do</strong>is outliers de 89e 119 pêntadas (Fig. 4.9b). Dry LF na T SBRB contém um outlier de 149 pêntadas, embora apresenteuma distribuição mais simétrica comparativamente com Warm LF . Sen<strong>do</strong> assim, os episódiosanômalos tanto de GPCP LF quanto de T850 LF pre<strong>do</strong>minaram entre aproximadamente 18 e 54pêntadas. Dessa forma, nós consideramos como episódios independentes aqueles separa<strong>do</strong>s porpelo menos 18 pêntadas.(a)150P SEC(b)150P LIMMedian 25%-75% Non-Outlier Range OutliersMedian 25%-75% Non-Outlier Range OutliersPersistence (pentads)120906030Persistence (pentads)12090603000Wet LFDry LFWet LFDry LF(c)1501209060300Persistence (pentads)P SBRMedian 25%-75% Non-Outlier Range OutliersWet LFDry LFFigura 4.8: Diagrama ilustran<strong>do</strong> amediana, quartil superior e inferior,máximos e mínimos, e intervalointerquartil da distribuição dapersistência <strong>do</strong>s episódios anômalosWet LF e Dry LF na (a) P SEC , (b) P LIM e (c)P SBR . O intervalo interquartil érepresenta<strong>do</strong> pelo caixa. Outliers sãodefini<strong>do</strong>s como duas vezes o intervalointerquartil.26


Var 1 Var 2Var 1 Var 2(a)150T SECW(b)150T SBRBPersistence (pentads)120906030Median 25%-75% Non-Outlier Range OutliersPersistence (pentads)120906030Median 25%-75% Non-Outlier Range Outliers00Hot LFCold LFHot LFCold LFFigura 4.9: Diagrama ilustran<strong>do</strong> a mediana, quartil superior e inferior, máximos e mínimos, e intervalointerquartil da distribuição da persistência <strong>do</strong>s episódios anômalos Warm LF e Cold LF na (a) T SECW e (b) T SBRB . Ointervalo interquartil é representa<strong>do</strong> pelo caixa. Outliers são defini<strong>do</strong>s como duas vezes o intervalo interquartil.4.4 Variabilidade interanual e influência sazonal <strong>do</strong>s episódios anômalosOs episódios anômalos identifica<strong>do</strong>s são contrasta<strong>do</strong>s com as anomalias totais deprecipitação (GPCP TA ) junto ao ciclo anual em cada região. A Fig. 4.10 mostra GPCP LF (linha sólidaespessa), GPCP TA (linha sólida fina) e climatologia (linha tracejada) durante anos que ocorreramepisódios Wet LF na região P SEC . Neste caso, o limiar de 75% de GPCP LF corresponde a 0.27 mm/dia.Para essa análise, GPCP TA foram somadas à climatologia e os anos são centra<strong>do</strong>s no verão austral,que corresponde ao máximo no ciclo anual da precipitação na região P SEC . A climatologia é a soma<strong>do</strong> ciclo anual e semi-anual para cada região. O episódio anômalo de 1979/80 (Fig. 4.10a) mostrouuma modulação de GPCP LF sobre a estação chuvosa em torno <strong>do</strong> mês de janeiro. Um padrão similaré observa<strong>do</strong> em 1981/82 (Fig. 4.10b), entretanto o máximo de GPCP LF vem a ocorrer próximo ao mêsde março, contribuin<strong>do</strong> para um prolongamento da estação chuvosa acima da climatologia. Em1984/85 e 1996/97 (Fig. 4.10c,e), um aumento suavemente positivo atingiu maior amplitude após overão, quanto GPCP TA teve picos mais recorrentes, isto é, <strong>do</strong>is episódios que contribuíram para queGPCP TA ficassem acima da climatologia durante o fim da estação chuvosa. Os anos de 1989/90,1999/00, 2000/01 e 2001/02 (Fig. 4.10d,f,g,h) são exemplos de ocorrência de Wet LF anteceden<strong>do</strong> aestação chuvosa, e assim modulan<strong>do</strong> um volume anômalo de chuva entre outubro e janeiro. Dedezembro adiante, GPCP LF enfraquecem (1989/90 e 1999/00) ou invertem de sinal (2000/01 e2001/02), contribuin<strong>do</strong> para que o fim da estação úmida fosse igual ou abaixo <strong>do</strong> ciclo anual,27


espectivamente. Em especial, o episódio de 1989/90 foi um exemplo da monção de verão daAmérica <strong>do</strong> Sul ten<strong>do</strong> um início precocemente em relação à climatologia (Silva e Carvalho, 2007).Nesse verão, Cuadra e Rocha (2006) mostraram que a atuação da ZCAS mais ao norte de suaposição climatológica esteve associada ao escoamento mais zonal de oeste em baixos níveis no la<strong>do</strong>leste da Cordilheira <strong>do</strong> Andes (ao invés de meridional). Já os anos de 2002/03 e 2003/04 (Fig. 4.10i,j)mostraram episódios Wet LF aproximadamente em fase com o ciclo anual, e nesses casos o impactopositivo nas GPCP TA foi observa<strong>do</strong> durante o verão, quan<strong>do</strong> já se tem estabelecida a estaçãochuvosa. Esse fato foi mais evidente em 2003/04 (Fig. 4.10j), quan<strong>do</strong> GPCP LF estiveram associadas aum verão anomalamente positivo, e nesse caso, a monção de verão da América <strong>do</strong> Sul teve um iníciolevemente tardio de acor<strong>do</strong> com Silva e Carvalho (2007).Figura 4.10: Séries temporais (mm/dia) de anomalias deprecipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de precipitação (linha fina) na regiãohomogênea P SEC (Fig. 4.5a) para (a) 1979/80, (b) 1981/82, (c)1984/85, (d) 1989/90, (e) 1996/97, (f) 1999/00, (g) 2000/01,(h) 2001/02, (i) 2002/03 e (j) 2003/04 quan<strong>do</strong> houveocorrência de episódios anômalos Wet LF . Climatologia deprecipitação também é mostrada (linha tracejada).28


A Fig. 4.11 contém os episódios Dry LF na região P SEC , onde o limiar de GPCP LF é de -.32mm/dia (note que a escala de valores <strong>do</strong> eixo das ordenadas difere da Fig. 4.10). Os episódios Dry LFanalisa<strong>do</strong>s aqui mostram que quan<strong>do</strong> se tem um mínimo nas GPCP LF , notamos uma modulação demais baixa-freqüência que causa chuvas abaixo <strong>do</strong> regime climatológico, exceto em picos isola<strong>do</strong>s,que ocorrem como variabilidades de mais altas freqüências ou intra-sazonais. Nitidamente, o início daestação chuvosa na região P SEC foi afeta<strong>do</strong> nos episódios Dry LF em 1982/83 e 1993/94 (Fig. 4.11a,e).Durante o verão também se observa esse aspecto para os episódios anômalos de 1983/84, 1986/87,1995/96, e 1997/98 (Fig. 4.11b,c,f,g). É interessante observar que em alguns casos, um episódioanômalo pode influenciar <strong>do</strong>is anos em seqüência, como no caso de 1992/93 e 1993/94 (Fig.4.11d,e). Nesse episódio, chuvas abaixo <strong>do</strong> regime climatológico são observadas no fim da estaçãochuvosa de 1992/93 e início da estação chuvosa de 1993/94. No episódio Dry LF 1997/98 notou-seGPCP LF negativas de maior amplitude, quan<strong>do</strong> a variabilidade interanual da TSM <strong>do</strong> Pacíficoequatorial tinha a presença de um <strong>do</strong>s mais fortes eventos El Niño na qual se tem registro(NCEP/CPC). Já os episódios Dry LF em 1998/99 e 2000/01 (Fig. 4.11h,i) contribuíram para GPCP TAabaixo da climatologia durante a estação chuvosa e um termino prematuro da mesma. Em especial,1998/99, Silva e Carvalho (2007) mostraram que as monções tiveram o fim mais prematuro e menorduração <strong>do</strong>s últimos 25 anos. Já 2000/01 foi computa<strong>do</strong> também episódio como Wet LF durante oinício das monções, reverten<strong>do</strong> para Dry LF em torno <strong>do</strong> mês de janeiro e mostran<strong>do</strong> que em algunscasos isola<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is episódios de sinais opostos podem modular a distribuição da precipitação durantea estação chuvosa.A região P LIM também apresenta um ciclo anual <strong>do</strong> regime chuvoso bastantepronuncia<strong>do</strong>, mas com a precipitação não sen<strong>do</strong> nula durante o inverno austral (ver linha tracejada naFig. 4.12). Isso se deve a incidência de algumas frentes frias que causam chuvas nessa regiãodurante esse perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano. Esse aspecto é percebi<strong>do</strong> pela própria variabilidade das GPCP TA , quetem como característica oscilações de mais alta freqüência comparada às séries temporais deGPCP TA observadas na região P SEC . Esse componente de mais alta freqüência faz com que acontribuição das GPCP LF às GPCP TA seja quase imperceptível na escala sazonal. Isto é, a modulaçãode GPCP LF na variabilidade das GPCP TA é de tal forma tão suave que, pode não ser aparentementenotada. Entretanto, observam-se episódios Wet LF (limiar acima de 0.32 mm/dia) na primavera e verãoaustral em 1979/80, 1981/82 e 1990/91, resultan<strong>do</strong> em chuvas bem distribuídas ao longo da estaçãochuvosa (Fig. 4.12a,b,e). Em especial, anomalias sazonais em 1990/01 foram influenciadas pela29


contribuição conjunta de muitos mo<strong>do</strong>s principais de variabilidade (Krishnamurthy e Misra, 2007). Em1982/83 (Fig. 4.12c) teve-se um episódio Wet LF de grande amplitude contribuin<strong>do</strong> para umprolongamento das chuvas durante o outono. Essa característica se repetiu no ano de 1986/87 (Fig.4.12d), mas com um episódio consideravelmente menos intenso. Os episódios de 1994/95 e 2002/03(Fig. 4.12f,i) estiveram aproximadamente em fase com o ciclo anual, e assim, contribuíram para umamaior ocorrência das GPCP TA positivas durante o verão. Em alguns casos, episódios Wet LF podem terum papel negativo durante a primavera, quan<strong>do</strong> há um aumento anômalo da precipitação, que podeser confundi<strong>do</strong> com o início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso. Um exemplo desse aspecto pode ser visto noepisódio de 2000/01 (Fig. 4.12g). Aspectos semelhantes se repetem em 2001/02 (Fig. 4.12h), sen<strong>do</strong>que nesse caso, GPCP LF positivas apresentaram maior amplitude. As savanas respondem às chuvasde curtas escalas temporais segun<strong>do</strong> Scanlon et al. (2002), mas o impacto de episódios Wet LF emanos consecutivos como, por exemplo, anos de 2000/01, 2001/02, e 2002/03 (Fig. 4.12g,h,i)resultaram em efeitos no ciclo hidrológico e balanço de energia desses ecossistemas, bem como noseqüestro de carbono da atmosfera (Los et al., 2001).Figura 4.11: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SEC (Fig. 4.5a) para (a) 1982/83,(b) 1983/84, (c) 1986/87, (d) 1992/93, (e) 1993/94, (f) 1995/96, (g) 1997/98, (h) 1998/99 e (i) 2000/01 quan<strong>do</strong>houve ocorrência de episódios anômalos Dry LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linhatracejada).30


Figura 4.12: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P LIM (Fig. 4.5a) para (a) 1979/80,(b) 1981/82, (c) 1982/83, (d) 1986/87, (e) 1990/91, (f) 1994/95, (g) 2000/01, (h) 2001/02 e (i) 2002/03 quan<strong>do</strong>houve ocorrência de episódios anômalos Wet LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linhatracejada).O impacto de episódios Dry LF (limiar abaixo de -0.31 mm/dia) nas GPCP TA sobre a regiãoP LIM durante o perío<strong>do</strong> de término da estação chuvosa contribui para uma menor duração da mesma.Essa situação é observada em 1980/81, 1983/84, 1992/93 e 1993/94 (Fig. 4.13a,b,f,g). EpisódiosDry LF em anos consecutivos podem ter grande impacto na agricultura e vegetação natural de umaregião, por exemplo, na cobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> brasileiro, sen<strong>do</strong> que o estresse hídrico leva<strong>do</strong>de uma estação chuvosa para outra podem ter conseqüências irreversíveis de perda de biomassa<strong>do</strong>s biomas <strong>do</strong> ecossistema (Fu e Li, 2004). Já episódios Dry LF ocorren<strong>do</strong> na primavera e início <strong>do</strong>verão, como em 1985/86, 1988/89, 1991/92, 1999/00 e 2003/04 (Fig. 4.13c,d,e,h,i), não apenascontribui para uma menor duração, como também fazem com que os volumes de chuva sejam maldistribuí<strong>do</strong>s ao longo da estação chuvosa. Em especial, 2003/04 (Fig. 4.13i) apresentou um início31


tardio <strong>do</strong> regime chuvoso devi<strong>do</strong> ao próprio estabelecimento da monção de verão na América <strong>do</strong> Sul(Silva e Carvalho, 2007). Isto acabou por comprometer a qualidade da estação chuvosa na regiãoP LIM observada através da pre<strong>do</strong>minância de GPCP TA abaixo da climatologia durante o verão.Figura 4.13: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P LIM (Fig. 4.5a) para (a) 1980/81,(b) 1983/84, (c) 1985/86, (d) 1988/89, (e) 1991/92, (f) 1992/93, (g) 1993/93, (h) 1999/00 e (i) 2003/04 quan<strong>do</strong>houve ocorrência de episódios anômalos Dry LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linhatracejada).A região P SBR tem uma distribuição de precipitação relativamente contínua ao longo <strong>do</strong>ano e assim, apresenta um ciclo semi-anual marca<strong>do</strong> no regime climatológico anual com um máximode precipitação durante a primavera e outro durante o verão (Fig. 4.14a-f). O limiar de episódiosWet LF para essa região é 0.49 mm/dia. Nessa região, destacam-se os episódios Wet LF de 1982/83 e1997/98, na qual GPCP LF atingiram um pico durante o verão austral em torno de 2.0 e 3.3 mm/dia,respectivamente (Fig. 4.14b,e). Esses casos estão fortemente relaciona<strong>do</strong>s com a variabilidade de32


mais baixa-freqüência <strong>do</strong> Pacifico equatorial relativo à incidência de fenômeno El Niño (e.g., Souza etal., 2000; Dessay et al., 2004; Muza, 2005). Similarmente, os episódios Dry LF de 1988/89 e 1999/00(Fig. 4.15c,e) também estiveram associa<strong>do</strong>s com fases de La Nina (segun<strong>do</strong> e.g., Grimm et al., 1998;Muza, 2005). Em especial 1988/89, o sinal das GPCP LF permaneceu negativo ao longo da primaverae verão austral, deixan<strong>do</strong> as GPCP TA abaixo da climatologia. Essa característica foi semelhante àobservada em 1981/82 (Fig. 4.15a), enquanto que em 1999/00 (Fig. 4.15e), episódio Dry LF teve umpico negativo em novembro, exatamente quan<strong>do</strong> se esperaria um maior volume de precipitação.Aspectos semelhantes a esse último também ocorreram em 1985/86 (Fig. 4.15b). No episódio Dry LFde 1992/93 (Fig. 4.15d) nota-se uma troca de sinal das GPCP LF entre inverno e primavera com o piconegativo das GPCP LF durante o verão modulan<strong>do</strong> a precipitação em torno <strong>do</strong> mês de março de 1993para abaixo da climatologia.As duas regiões homogêneas T SECW e T SBRB selecionadas na variabilidade de T850 LFforam estudadas quanto à ocorrência de episódios Warm LF e Cold LF . Esses episódios foramcompara<strong>do</strong>s com T850 TA junto à climatologia em cada região, sen<strong>do</strong> essa a soma <strong>do</strong> ciclo anual esemi-anual (1ª e 2ª harmônico). Nesse senti<strong>do</strong>, nota-se um forte ciclo semi-anual com um pico emoutubro e outro em fevereiro na T SECW (linha tracejada, Fig. 4.16). A Fig. 4.16a corresponde aoepisódio Warm LF em 1982/83 e mostra T850 LF (linha sólida espessa) com o máximo acima de 0.5 °Cem janeiro, sen<strong>do</strong> que o limiar de 75% das T850 LF nessa região é de 0.2°C. Comparativamente aoepisódio 1997/98 (Fig. 4.16d), o impacto nas T850 TA foi mais evidente quan<strong>do</strong> as T850 LF atingiramaproximadamente 1.3°C. Entretanto, mesmo quan<strong>do</strong> T850 LF são levemente positivas, como nosepisódios 1987/88 e 1998/99 (Fig. 4.16c,e), houve uma modulação das T850 TA pelo sinal de maisbaixa-freqüência com influência já durante o inverno austral até a primavera. Esse aspecto é maisevidente durante a primavera, que precede a monção de verão na América <strong>do</strong> Sul. Entretanto,Halpert e Ropelewski (1992) mostraram que o perío<strong>do</strong> sazonal de maior impacto de eventos ENOSno sudeste e sul <strong>do</strong> Brasil ocorre durante o outono, embora nesse estu<strong>do</strong>, nota-se um númeroreduzi<strong>do</strong> de da<strong>do</strong>s de temperatura <strong>do</strong> ar sobre a área analisada. Por outro la<strong>do</strong>, os episódios de1982/83 e 1985/86 (Fig. 4.16a,b) não tiveram grande influência sobre as T850 TA durante o verão naqual o máximo das T850 LF ocorre em janeiro.33


Figura 4.14: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SBR (Fig. 4.5a) para (a) 1979/80,(b) 1982/83, (c) 1983/84, (d) 1989/90, (e) 1997/98 e (f) 2002/03 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalosWet LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linha tracejada).Figura 4.15: Séries temporais (mm/dia) de anomalias de precipitação em baixa-freqüência (>370 dias) (linhaespessa) e anomalias totais de precipitação (linha fina) na região homogênea P SBR (Fig. 4.5a) para (a) 1981/82,(b) 1985/86, (c) 1988/89, (d) 1992/93 e (e) 1999/00 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalos Dry LF .Climatologia de precipitação também é mostrada (linha tracejada).34


Figura 4.16: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SECW (Fig. 4.5b) para (a)1982/83, (b) 1985/86, (c) 1987/88, (d) 1997/98 e (e) 1998/99 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalosWarm LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linha tracejada).A Fig. 4.17 mostra os episódios Cold LF na T SECW , quan<strong>do</strong> T850 LF esteve sazonalmenteabaixo <strong>do</strong> limiar de 25% da distribuição, que corresponde ao valor de -0.24°C. Do inverno para aprimavera de 1981 (Fig. 4.17a), T850 TA esteve sob o efeito de um sinal levemente negativo dasT850 LF e a influência nas T850 TA foi mais evidente antes da primavera. É interessante observar quenessa região foram constata<strong>do</strong>s cinco episódios Cold LF em seqüência de 1988/89 a 1992/93 (Fig.4.17b-f), onde se destaca um mínimo das T850 LF ocorren<strong>do</strong> sempre na primavera com forte influêncianas T850 TA . Foram encontra<strong>do</strong>s também episódios Cold LF ocorren<strong>do</strong> em 1996/97 e 2003/04 (Fig.4.17g,h), com mínimo das T850 LF durante o verão.Os episódios Warm LF foram seleciona<strong>do</strong>s na região T SBRB , quan<strong>do</strong> T850 LF ultrapassou olimiar de 0.31°C. O ciclo anual da temperatura tem máximo em janeiro e mínimo em mea<strong>do</strong>s de julho(Fig. 4.18, linha tracejada). Em 1979/80, 1983/84 e 2000/01 (Fig. 4.18a,b,f), os episódios Warm LFocorreram durante o verão e estenden<strong>do</strong> para o outono, quan<strong>do</strong> se notam oscilações maispersistentes nas T850 TA , tanto acima quanto abaixo da climatologia. Por outro la<strong>do</strong>, nos anos de1985/86, 1994/95, 1997/98, e 2002/03 (Fig. 4.18c,d,e,g) os episódios Warm LF ocorreram com picodurante a primavera e modularam positivamente as T850 TA . Já nos episódios Cold LF na região T SBRBem 1989/90, 1990/91, 1992/93 e 1999/00 (Fig. 4.19b,c,d,g) observamos durante a primavera umevidente impacto desses episódios sobre as T850 TA . Ou seja, características semelhantes àsobservadas nos episódios Warm LF . De forma geral, o maior impacto <strong>do</strong>s episódios Warm LF e Cold LF35


sobre as T850 TA ocorre durante a primavera. Essa característica torna-se evidente em relação àinfluência das T850 LF durante o perío<strong>do</strong> de verão ou outono. Uma exceção a esse aspecto ocorreuem 1981/82 (Fig. 4.19a), no qual um episódio Cold LF de grande amplitude em valor absoluto estevepresente centrada em janeiro, e assim, T850 TA abaixo da climatologia pre<strong>do</strong>minaram durante to<strong>do</strong> overão. Outro aspecto interessante é que, o episódio de 1999/00 (Fig. 4.18g) na verdade já tem iníciodurante o verão <strong>do</strong> ano anterior, com influência nas T850 TA durante o outono (veja Fig. 4.18f). Nestecaso, refere-se ao mesmo episódio, anteriormente classifica<strong>do</strong> como outlier de 149 pêntadas.Episódios anômalos de T850 LF e GPCP LF seleciona<strong>do</strong>s aqui correspondem a fenômenosde baixa-freqüência que modulam as anomalias climáticas durante um perío<strong>do</strong> sazonal de no mínimotrês meses. Esses fenômenos têm a capacidade de desviar a curva de variabilidade de anomaliastotais para um patamar diferente da curva climatológica, com um efeito de aproximadamente mudar aclimatologia durante um perío<strong>do</strong> sazonal. Esse aspecto pode ser observa<strong>do</strong> sobre a região sudeste ecentro-oeste <strong>do</strong> Brasil (P SEC e T SECW ), por exemplo, durante os verões de 1983/84 (Fig. 4.11b) e1992/93 (Fig. 4.17f) e um estu<strong>do</strong> de modelagem estatística <strong>do</strong> sinal da variabilidade das T850 LF eGPCP LF será apresenta<strong>do</strong> no capítulo seguinte.Figura 4.17: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SECW (Fig. 4.5b) para (a)1981/82, (b) 1988/86, (c) 1989/90, (d) 1990/91, (e) 1991/92, (f) 1992/93, (g) 1996/97 e (h) 2003/04 quan<strong>do</strong>houve ocorrência de episódios anômalos Cold LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linhatracejada).36


Figura 4.18: Séries temporais (°C) de anomalias detemperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa) eanomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa naregião homogênea T SBRB (Fig. 4.5b) para (a) 1979/80, (b)1983/84, (c) 1985/96, (d) 1994/95, (e) 1997/98, (f) 2000/01 e(g) 2002/03 quan<strong>do</strong> houve ocorrência de episódios anômalosWarm LF . Climatologia de precipitação também é mostrada(linha tracejada).Figura 4.19: Séries temporais (°C) de anomalias de temperatura em baixa-freqüência (>370 dias) (linha espessa)e anomalias totais de temperatura (linha fina) em 850 hPa na região homogênea T SBRB (Fig. 4.5b) para (a)1981/82, (b) 1989/90, (c) 1990/91, (d) 1992/93, (e) 1993/94, (f) 1998/99, (g) 1999/00 e (h) 2003/04 quan<strong>do</strong>houve ocorrência de episódios anômalos Cold LF . Climatologia de precipitação também é mostrada (linhatracejada).37


4.5 Relação com índices oceanos-atmosféricosOs resulta<strong>do</strong>s anteriores mostraram uma variabilidade interanual na ocorrência deepisódios anômalos nas GPCP LF e T850 LF . Essa variabilidade pode ser associada a fenômenosatmosféricos de baixa-freqüência como anomalias oceânicas, convecção tropical ou bloqueiosatmosféricos que atuam remotamente sobre uma determinada região, alteran<strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong> básicopor um perío<strong>do</strong> sazonal ou interanual (Barnston e Livezey, 1987). Segun<strong>do</strong> Wallace e Gutzler (1981),significativas correlações simultâneas entre flutuações temporais de variáveis meteorológicas emregiões remotas formam um evidente aspecto da existência de teleconexões, através de ondasplanetárias associadas às oscilações atmosféricas de baixa-freqüência. Eventualmente, essas ondasplanetárias estão relacionadas à corrente de jato ou podem ter uma influência inter-hemisférica aocruzarem o equa<strong>do</strong>r em regiões equatoriais propícias, como por exemplo, sobre o oeste <strong>do</strong> Pacífico eAtlântico (Hoskins e Ambrizzi, 1993; Grimm e Silva Dias, 1995).A série temporal de GPCP LF e T850 LF isolada em cada região homogênea foiconfrontada com alguns índices atmosféricos e oceânicos comumente conheci<strong>do</strong>s e obti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>National Centers for Environmental Prediction/Climate Prediction Center (NCEP/CPC). Nessa análise,considerou-se a resolução temporal mensal disponível nos índices e calculou-se a média mensal dasGPCP LF e T850 LF em cada região. Além disso, separou-se o sinal de mais baixa-freqüência <strong>do</strong>síndices, isto é, oscilações maiores <strong>do</strong> que 370 dias através de meto<strong>do</strong>logia descrita anteriormente nocapítulo 3.2. A Tabela 4.1 mostra a correlação de cada região em relação a diversos índices oceanosatmosféricos,onde são destacadas as correlações com significância acima de 95% e 90% (vejalegenda da Tabela 4.1 para maiores detalhes). Wallace e Gutzler (1981) consideraram correlaçõessignificativas àquelas que eram reproduzidas em uma amostra de da<strong>do</strong>s independentes. No presenteestu<strong>do</strong>, para a análise de significância estatística, o número de graus de liberdade foi considera<strong>do</strong> 2/3<strong>do</strong> número de anos <strong>do</strong> conjunto de da<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> Muza (2005), que encontrou na variabilidadeinteranual eventos positivos e negativos de chuva que correspondem a 2/3 da série temporal. Alémdisso, esse valor equivale aproximadamente ao número de episódios anômalos presentes no perío<strong>do</strong>de 1979 a 2005. A influência de fenômenos ENOS é conhecida sobre a América <strong>do</strong> Sul, maisprecisamente no norte da América <strong>do</strong> Sul engloban<strong>do</strong> as regiões da Amazônia e Nordeste brasileiro(e.g., Ropelewski e Halpert, 1987; Kousky e Kayano, 1994; Souza et al., 2000; Grimm, 2003; Muza eCarvalho, 2006). Outras regiões que também sofrem os efeitos da variabilidade interanual causada38


pelo ENOS é o Sul <strong>do</strong> Brasil, Uruguai e Norte da Argentina (Grimm et al., 1998; Montecinos et al.,2000; Muza, 2005). Concordan<strong>do</strong> com esse conhecimento, GPCP LF na região P SBR sãocorrelacionadas ao nível de 95% com to<strong>do</strong>s os índices relativos ao ENOS, sen<strong>do</strong> eles Niño 3.4 e 1+2,Oscilação Sul, Multivaria<strong>do</strong> ENOS, e temperatura média global (NCEP/CPC). Entretanto, T850 LF naregião T SBRB apresenta correlação significativa apenas ao nível de 90% com a Oscilação Sul. Poroutro la<strong>do</strong>, se destaca as correlações -0.44 e 0.42 significativas ao nível de 90% entre o índiceNiño1+2 e as regiões P LIM e P SEC , respectivamente.Tabela 4.1: Correlações entre anomalias de precipitação (mm/dia) em baixa-freqüência (>370 dias) GPCP LF emcada região P SEC , P LIM , e P SBR e índices oceanos-atmosféricos na mesma escala de tempo. Apresentam-setambém as correlações entre esses índices e anomalias temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (°C) em baixa-freqüência(>370 dias) T850 LF em cada região T SECW e T SBRB . ** (*) significância estatística de 95% (90%) de confiança.GPCP LFT850 LFP SEC P LIM P SBR T SECW T SBRBNiño 3.4 -0.27 0.31 0.56** 0.39 0.35Southern Oscillation - SOI 0.33 -0.18 -0.52** -0.35 -0.40*Niño 1+2 -0.44* 0.42* 0.64** 0.55** 0.19Multivariate ENSO -0.34 0.38 0.63** 0.47** 0.29Pacific Decadal Oscillation -0.23 0.13 0.34 0.30 0.18Tropical Southern Atlantic -0.13 -0.13 -0.01 0.37 0.10Pacific North American -0.26 0.15 0.27 0.41* 0.04North Atlantic Oscillation 0.04 0.02 -0.02 -0.32 -0.05Antartic Oscillation 0.13 0.05 -0.26 -0.14 -0.22Quase-Biennial Oscillation -0.14 -0.08 -0.10 0.06 0.11Solar Fluxo 0.07 0.07 -0.04 -0.24 -0.25Global Mean Lan/Ocean Temp. -0.11 0.19 0.26 0.49** 0.16A variabilidade interanual das regiões P LIM , P SEC e o índice Niño1+2 são mostra<strong>do</strong>s naFig. 4.20a. O índice Niño1+2 refere-se à área mais a leste <strong>do</strong> Oceano Pacífico equatorial. Nos anos1983 e 1997 houve grande concordância das GPCP LF nas regiões P LIM e P SEC , devi<strong>do</strong> a grandeamplitude no sinal <strong>do</strong> índice Niño1+2, quan<strong>do</strong> ocorreram eventos El Niño mais fortes. Nesses anos, avariabilidade <strong>do</strong> índice Niño1+2 tem a mesma fase das GPCP LF na região P LIM e fase oposta emrelação à P SEC . Além disso, há seqüências de anos em que GPCP LF nas regiões P LIM e P SECapresentam oscilações concordan<strong>do</strong> com a variabilidade <strong>do</strong> índice Niño1+2. Um exemplo disso énota<strong>do</strong> entre regiões P LIM e o Niño1+2 durante 1983 a 1989. Na Tabela 4.1, também se observa quea série temporal de T850 LF na região T SECW concorda com as oscilações <strong>do</strong> índice Niño1+2,Multivaria<strong>do</strong> ENOS, Pacific North American (PNA) e a temperatura média global. Car<strong>do</strong>so e Silva39


Dias (2004) também encontraram relações entre o primeiro mo<strong>do</strong> de variabilidade da TSM <strong>do</strong> Pacíficoe anomalias mensais de precipitação e vazão de rios sobre o sul e sudeste <strong>do</strong> Brasil, sen<strong>do</strong>correlações significativas defasadas em até quatro meses. Já na Fig. 5.20b pode ser nota<strong>do</strong> queexistem alguns anos com maior concordância entre T850 LF na região T SECW e PNA. Segun<strong>do</strong> Grimm eSilva Dias (1995), essa relação é mais provável em escala temporal intra-sazonal, mas eles ressaltamque o PNA também responde a variabilidade <strong>do</strong> ENOS. O PNA intensifica ou enfraquece asubsidência na alta subtropical <strong>do</strong> Atlântico Norte, afetan<strong>do</strong> também a subsidência sobre o Atlânticosubtropical. E em relação a anomalias oceânicas sobre o Atlântico, o índice <strong>do</strong> Atlântico Sul Tropicaltem correlação de 0.37 com T SECW , porém não significativa ao nível de 90% (Tabela 4.1). Enquantoque, entre a região T SECW e o Atlântico Norte Tropical a correlação é de -0.32. Em adição, Car<strong>do</strong>so eSilva Dias (2004) mostraram que anomalias da TSM <strong>do</strong> Atlântico Sul exercem influênciassignificativas sobre o regime de precipitação sudeste <strong>do</strong> Brasil e estabeleceu relações para aprevisão da vazão utilizan<strong>do</strong> a TSM como preditor.A correlação entre a Oscilação Decadal <strong>do</strong> Pacífico é maior com as regiões T SECW eP SBR , justamente àquelas que apresentaram maior relação com os índices relativos ao ENOS. Éinteressante observar que o índice da Oscilação Antártica tem maior correlação com T SBRB e P SBRrelativo a áreas de estu<strong>do</strong> mais ao sul, embora Carvalho et al. (2005) tenha mostra<strong>do</strong> que na escalaintra-sazonal e interanual existe uma modulação da Oscilação Antártica sobre ciclones extratropicaissobre o Atlântico Sul, que influenciam na porção oceânica da ZCAS. O índice <strong>do</strong> fluxo solar (W/m 2 )descrito pelo National Geophysical Data Center (NGDC) <strong>do</strong> Canadá em conjunto com outros seisobservatórios astrofísicos espalha<strong>do</strong>s pelo planeta, forma uma base de da<strong>do</strong>s para forçantesclimáticas no balanço de energia <strong>do</strong>s modelos numéricos de previsão climática (e.g., Climate AnalysisCenter <strong>do</strong> NOAA). Labitzke e Van Loon (1993) discutiram que eventos fortes <strong>do</strong> ENOS podemresponder ao ciclo solar de 11 anos. Esse índice teve maior correlação em módulo com T850 LF e commesmo sinal nas duas regiões. Ele é fortemente influencia<strong>do</strong> pelo ciclo de aproximadamente 11 anos<strong>do</strong> sol, que teve máximos nos anos de 1989 e 2000, quan<strong>do</strong> o CPC/NCEP identificou fase fria <strong>do</strong>ENOS. Esta análise exploratória na variabilidade das GPCP LF e T850 LF em relação a alguns índicesde baixa-freqüência da atmosfera e oceanos contribuiu para mostrarmos que esses padrõesapresentam certo grau de influência, mas atuam de forma combinada ou indireta, principalmentedurante o verão austral de acor<strong>do</strong> com Grimm e Silva Dias (1995). Por exemplo, o posicionamento daconvecção no Pacífico equatorial aliada a anomalias oceânicas devi<strong>do</strong> ao ENOS, interfere naincidência ou não da convecção em sistemas meteorológicos que atuam sobre o centro leste da40


América <strong>do</strong> Sul. Por essas razões, o sucesso de prognósticos estatísticos com base na relação lineardesses índices com as GPCP LF e T850 LF pode ser ameaça<strong>do</strong>.Figura 4.20: (a) Série temporal de anomalias de precipitação (mm/dia) em baixa-freqüência (>370 dias) namédia da área P SEC (linha espessa sólida), P LIM (linha espessa tracejada), e índice Niño 1+2 na mesma escala detempo (linha fina sólida). (b) Série temporal de anomalias de temperatura (°C) em baixa-freqüência (>370 dias)na média da área T SECW (linha espessa sólida), índice Nino 1+2 na mesma escala de tempo (linha fina sólida), eíndice PNA (Pacific North American) na mesma escala de tempo (linha fina tracejada intercalada com ponto).Veja Fig. 4.5 para localização das regiões.41


4.6 Padrões atmosféricos <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s anômalosO propósito aqui é apresentar os padrões atmosféricos em associação à ocorrência deepisódios anômalos nas GPCP LF e T850 LF . Nesse estu<strong>do</strong>, utiliza-se de composições de GPCP LF eT850 LF , juntamente ao vento anômalo de baixa-freqüência no nível de 850 hPa (UV850 LF ) durante osepisódios seleciona<strong>do</strong>s para compreender as principais características atmosféricas. Na composiçãode GPCP LF durante Wet LF na P SEC (Fig. 4.21a), observam-se GPCP LF positivas no centro e nordeste<strong>do</strong> Brasil (cor de fun<strong>do</strong> indica significância estatística ao nível de 95%, segun<strong>do</strong> o teste t). No norte daAmérica <strong>do</strong> Sul, UV850 LF contribuem para um escoamento de ar anômalo de norte que cruza oequa<strong>do</strong>r e dirige-se para o sudeste <strong>do</strong> Brasil (veja máximo vetor anômalo indica<strong>do</strong> no rodapé de cadamapa, Fig. 4.21). Por outro la<strong>do</strong>, escoamento anômalo de leste no Atlântico subtropical em direção aosul <strong>do</strong> Brasil é associa<strong>do</strong> à GPCP LF negativas nessa região. As GPCP LF com sinal negativo tambémsão visíveis sobre parte da Colômbia e Peru. Sobre o sudeste <strong>do</strong> Brasil observa-se uma circulaçãoanômala ciclônica, que está de acor<strong>do</strong> com condições chuvosas durante o verão em associação àtopografia nessa região segun<strong>do</strong> Grimm et al. (2007). Padrão inverso é observa<strong>do</strong> para Dry LF naregião P SEC (Fig. 4.21b), tanto na circulação anômala quanto nas GPCP LF . Nesse senti<strong>do</strong>, GPCP LFpositivas são observadas mais ao sul, favorecidas por um cava<strong>do</strong> nas UV850 LF sobre o Atlântico ecom eixo estenden<strong>do</strong>-se sobre o sul <strong>do</strong> Brasil.Para P LIM (Fig. 4.21c e 4.21d), UV850 LF aproximadamente ciclônicas (anticiclônicas) eGPCP LF positivas (negativas) são observadas a leste da América <strong>do</strong> Sul durante Wet LF (Dry LF ,respectivamente). Além disso, Wet LF nessa região (4.21c) mostra escoamento <strong>do</strong> ar anômalo naregião equatorial contribuin<strong>do</strong> para Alísios mais intensos e GPCP LF negativas na ZCIT. Isto é, sobre aZCIT, há um pre<strong>do</strong>mínio de UV850 LF de leste, que indicam uma intensificação <strong>do</strong>s Alísios. Anomaliasde UV850 LF ao penetrar ao norte <strong>do</strong> Brasil dirigem-se para sudeste. Nos episódios Dry LF na P LIM(4.21d), observa-se que o escoamento que diverge <strong>do</strong> anticiclone anômalo no leste da América <strong>do</strong>Sul, está associa<strong>do</strong> à convergência anômala sobre o nordeste <strong>do</strong> Brasil. Além disso, sobre o Atlânticoequatorial há um pre<strong>do</strong>mínio de UV850 LF de oeste, indican<strong>do</strong> um enfraquecimento <strong>do</strong>s Alísios.42


Figura 4.21: Composições de anomalias de precipitação (mm/dia) em baixa-freqüência (>370 dias) paraepisódios anômalos Wet LF e Dry LF na região (a,b) P SEC , (c,d) P LIM , e (e,f) P SBR (respectivamente). Cores indicamsignificância estatística ao nível de confiança de 95%. Cor azul (vermelha) e contornos sóli<strong>do</strong>s (traceja<strong>do</strong>s)indicam anomalias positivas (negativas). Primeiro contorno é 0.2 (-0.2) e o segun<strong>do</strong> é 0.4 (-0.4) com intervalos0.4.43


Nos episódios de Wet LF na P SBR (Fig. 4.21e), o fator mais característico <strong>do</strong>s padrões decirculação na baixa troposfera é a contribuição para intensificação <strong>do</strong> jato de baixos níveis no leste daCordilheira <strong>do</strong> Andes. Esse fator é associa<strong>do</strong> a intensas anomalias positivas de GPCP LF sobre aregião P SBR e GPCP LF negativas sobre sudeste e também na região da ZCIT. Esse padrão écaracterístico da influência <strong>do</strong> ENOS (e.g., Ropelewski e Halpert, 1987; Kousky e Kayano, 1994;Souza et al., 2000; Grimm, 2003; Muza e Carvalho, 2006) e em conseqüência disso, mostra umpadrão anômalo inverso nos episódios Dry LF nessa região (Fig. 4.21f). Esse contraste evidente entreepisódios Wet LF e Dry LF foi observa<strong>do</strong> também para as demais regiões. É interessante observar queexistem padrões distintos na circulação anômala entre P SEC e P SBR , embora GPCP LF mostrecaracterísticas similares a um dipolo entre sul-sudeste que relembra a gangorra de precipitação entreessas regiões (compare Fig. 4.21a,b com Fig. 4.21e,f). Podemos ver que os padrões entre P SBR e P LIMse assemelham, consideran<strong>do</strong> um leve deslocamento latitudinal (compare Fig. 4.21c,d com Fig.4.21e,f). Isso vem sugerir que apenas a porção ao sul <strong>do</strong> sudeste brasileiro aproxima-se <strong>do</strong>s padrões<strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil.Episódios Warm LF na T SECW são relaciona<strong>do</strong>s à T850 LF positivas em grande parte <strong>do</strong>Brasil (Fig. 4.22a), com maior intensidade na porção leste. O padrão na circulação anômala mostraum anticiclone de UV850 LF no Brasil central que contribui para um escoamento de norte a leste daCordilheira <strong>do</strong>s Andes. Observa-se T850 LF negativas ao sul, e assim, contribuin<strong>do</strong> para um gradientemais forte sobre sul <strong>do</strong> Brasil e Atlântico Sul. A composição de episódios Cold LF na T SECW (Fig. 4.22b)mostra um resfriamento anômalo na região equatorial da América <strong>do</strong> Sul, estenden<strong>do</strong>-se para ossubtrópicos <strong>do</strong> Brasil e Atlântico subtropical. Além disso, há uma circulação ciclônica nas UV850 LFsobre o sudeste <strong>do</strong> Brasil, relacionada ao escoamento anômalo de sul a leste da Cordilheira <strong>do</strong>sAndes, evidencian<strong>do</strong> o enfraquecimento <strong>do</strong> fluxo de ar equatorial para o sudeste. A correlação entreGPCP LF e T850 LF nas regiões P SEC e T SECW é -0.43. Além disso, o escoamento anômalo na região <strong>do</strong>jato de baixos níveis, que é o fator mais evidente observa<strong>do</strong> nos episódios anômalos da região T SECW ,também aparece como importante padrão anômalo <strong>do</strong>s episódios Warm LF e Cold LF na T SBRB (Fig.4.22c,d). De fato, esse fator reflete a ocorrência de episódios Warm LF na região T SECW ou T SBRB . Já oenfraquecimento desse escoamento a leste da Cordilheira <strong>do</strong>s Andes contribui tanto para ocorrênciade episódios Cold LF na região T SBRB como para Dry LF na região P SBR , que explica a correlação positivade 0.58 das GPCP LF e T850 LF nessas regiões. Nos padrões da T SBRB , nota-se também um gradientenorte-sul desloca<strong>do</strong> para sul em relação à região T SECW . Nesse senti<strong>do</strong>, T850 LF positivas com maiores44


magnitudes estão localizadas exatamente sobre a região T SBRB . Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> ocorre umepisódio Cold LF na T SBRB (Fig. 4.22d), podemos esperar T850 LF negativas desde a T SBRB até asregiões centro-oeste e norte <strong>do</strong> Brasil.Figura 4.22: Composições de anomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (°C) em baixa-freqüência (>370 dias)para episódios anômalos Warm LF e Cold LF na região (a,b) T SECW e (c,d) T SBRB (respectivamente). Cores indicamsignificância estatística ao nível de confiança de 95%. Cor vermelha (azul) e contornos sóli<strong>do</strong>s (traceja<strong>do</strong>s)indicam anomalias positivas (negativas). Primeiro contorno é 0.2 (-0.2) e o segun<strong>do</strong> é 0.4 (-0.4) com intervalos0.4.45


4.7 Mo<strong>do</strong>s principais de variabilidadeEsta seção tem o propósito de comparar os padrões encontra<strong>do</strong>s anteriormente nascomposições de episódios anômalos com mo<strong>do</strong>s principais de variabilidade das GPCP LF e T850 LF , emostrar quanto representativos são esses padrões. Para tanto, utilizou-se <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de FunçõesOrtogonais Empíricas (Empirical Orthogonal Function – EOF) (e.g., Wilks, 1995) aplica<strong>do</strong>s a toda asérie temporal de GPCP LF e T850 LF em cada ponto de grade sobre a América <strong>do</strong> Sul (50°S a 10°N,80W° a 20W°). A análise de EOF ou Componentes Principais, essencialmente envolve a obtenção damatriz de covariância (ou correlação, quan<strong>do</strong> se trata de da<strong>do</strong>s heterogêneos), cálculo <strong>do</strong>sautovalores e autovetores, como uma transformação linear <strong>do</strong> conjunto de da<strong>do</strong>s. Assim sen<strong>do</strong>, asséries temporais em cada ponto de grade tem 1971 pêntadas, forman<strong>do</strong> uma matriz de da<strong>do</strong>s de1971 x 625 (tempo x espaço para o <strong>do</strong>mínio 50°S a 10°N, 80W° a 20W°). Neste estu<strong>do</strong>, a EOF foicalculada no espaço.A Figura 4.23a-d (coluna à esquerda) mostra os quatro primeiros mo<strong>do</strong>s ortogonais davariabilidade de GPCP LF através da correlação entre as séries temporais de GPCP LF e as EOFs, naqual a cor de fun<strong>do</strong> azul indica significância estatística ao nível de 95%. O primeiro padrão (Fig.4.23a) indica a variabilidade de GPCP LF com sinal oposto das correlações entre os trópicos e ossubtrópicos, cuja fração da variância <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s explicada pelos autovetores foi igual a 20%. Essepadrão sugere a influência <strong>do</strong> ENOS sobre a América <strong>do</strong> Sul, fenômeno que causa a maiorvariabilidade interanual na precipitação (e.g., Ropelewski e Halpert, 1987; Kousky e Kayano, 1994;Souza et al., 2000; Grimm, 2003; Muza e Carvalho, 2006). Esse padrão tem grande semelhançaentre as composições de episódios anômalos nas regiões P SEC e P SBR (compare Fig. 4.23a com Fig.4.21). O segun<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> mostra um dipolo sobre o Atlântico tropical Norte e Sul (Fig. 4.23b), cujavariância explicada foi de 10%, e indica variabilidade em GPCP LF na região da ZCIT. Já o terceiromo<strong>do</strong> mostra um padrão de variabilidade com sinais opostos entre a região de atuação da ZCASdurante a monção de verão na América <strong>do</strong> Sul e uma região mais ao sul <strong>do</strong> Brasil (Fig. 4.23c), querelembra as características de gangorra de precipitação entre o sul e sudeste na variabilidadeinteranual (Muza, 2005), cuja variância explicada foi de 9% de toda a série. Esse padrão encontra<strong>do</strong>está de acor<strong>do</strong> com o terceiro mo<strong>do</strong> de baixa-freqüência encontra<strong>do</strong> por Kousky e Kayano (1994). Oquarto mo<strong>do</strong> (Fig. 4.23d) característico explica 7% da variabilidade e indica um padrão de sinaisopostos entre o sudeste <strong>do</strong> Brasil e regiões meridionais adjacentes, mais especificamente a costa46


oceânica <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil e Atlântico equatorial. Os quatro primeiros mo<strong>do</strong>s representam 46% davariância total de GPCP LF , embora ressaltemos aqui que apenas o primeiro mo<strong>do</strong> mostrou serindependente das demais pelo critério de North et al. (1982).Uma análise similar foi aplicada também às séries temporais de T850 LF sobre o <strong>do</strong>mínio50°S a 10°N e 80W° a 20W°. A Fig. 4.23e-h (coluna direita) apresenta os quatro primeiros mo<strong>do</strong>sprincipais de variabilidade das T850 LF , através das correlações de cada EOFs com T850 LF(significância estatística ao nível de 95% indicada com cor vermelha). O primeiro mo<strong>do</strong> devariabilidade (Fig. 4.23e) mostra a faixa tropical e subtropical da América <strong>do</strong> Sul com sinais opostosexplican<strong>do</strong> 28% da variância total <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s (Fig. 4.23e). É interessante observar que esse mo<strong>do</strong>tem grande consistência com os padrões de episódios anômalos na região T SECW (compare Fig. 4.23ecom Fig. 4.22). O segun<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> mostra um padrão com núcleo de correlações maiores sobre o sul<strong>do</strong> Brasil e correlação de sinal oposto na faixa latitudinal de 50°S além <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio (Fig.4.23f). Esse padrão é responsável por 18% da variabilidade total de T850 LF e apresenta grandesemelhança com os padrões de episódios anômalos na região T SBRB (compare Fig. 4.23f com Fig.4.22). O terceiro mo<strong>do</strong> mostra correlações de sinais opostos entre o Atlântico subtropical e duasáreas adjacentes, uma no sul da América <strong>do</strong> Sul e outra sobre a porção tropical <strong>do</strong> Atlântico Sul,explican<strong>do</strong> 12% da variância (Fig. 4.23g). No quarto mo<strong>do</strong>, que contém 11% da variância total <strong>do</strong>sda<strong>do</strong>s, se observa correlações de mesmo sinal sobre o <strong>do</strong>mínio sul e norte da América <strong>do</strong> Sul,intercala<strong>do</strong> por uma região a leste da Cordilheira <strong>do</strong>s Andes com sinal oposto, mas não significativo.Os quatro mo<strong>do</strong>s representam aproximadamente 69% da variância total de T850 LF , e os <strong>do</strong>isprimeiros mo<strong>do</strong>s mostraram ser independentes <strong>do</strong>s demais pelo critério de North et al. (1982).Os estu<strong>do</strong>s prévios realiza<strong>do</strong>s até aqui auxiliaram na identificação de padrõesatmosféricos de baixa-freqüência para o desenvolvimento de um modelo estatístico da variabilidadeinteranual da precipitação e temperatura sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul com o intuito deprevisão sazonal.47


(a)(e)(b)(f)(c)(g)(d)(h)Figura 4.23: (a-d) Correlações entre anomalias de precipitação (mm/dia) e os quatro primeiros padrõescaracterísticos da análise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias). (e-h) Correlações entre anomalias detemperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (°C) e os quatro primeiros padrões característicos da análise de EOF em baixafreqüência(>370 dias). Perío<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> foi de 18-22 de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 2004. Contornosde linha contínua (tracejada) indicam correlações positivas (negativas). Intervalos de 0.2 começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2). Cores indicam significância estatística de 95% de confiança.48


┌ Capítulo 5 ┐5. Modelo estatístico de precipitação e temperatura em baixa-freqüênciaModelo Estatístico de Precipitação e Temperatura em Baixa-freqüência5.1 Fundamentação teórica para um modelo estatísticoEsse capítulo apresenta uma discussão detalhada sobre o desenvolvimento e validaçãode um modelo estatístico de previsão de anomalias de precipitação e temperatura <strong>do</strong> ar em baixafreqüência(GPCP LF e T850 LF ) para o clima contemporâneo sobre a América <strong>do</strong> Sul. Este modelo temcomo base os estu<strong>do</strong>s diagnósticos prévios de Muza et al. (2009), os quais auxiliaram a identificaçãode mecanismos atmosféricos relaciona<strong>do</strong>s com a variabilidade interanual de extremos deprecipitação. Os resulta<strong>do</strong>s mostra<strong>do</strong>s aqui auxiliarão na previsão de GPCP LF e T850 LF por meio deum modelo estatístico na escala de tempo sazonal.Como a ênfase deste modelo é em escalas temporais interanuais, os da<strong>do</strong>s deprecipitação em pêntadas <strong>do</strong> GPCP foram separa<strong>do</strong>s em seu sinal de mais baixa-freqüência (Lowfrequency- LF) compreenden<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>s maiores <strong>do</strong> que 370 dias, com um filtro passa-baixa em<strong>do</strong>mínio de freqüência (Duchon, 1979). Posteriormente, os da<strong>do</strong>s foram dividi<strong>do</strong>s em duas amostras.Uma amostra de 949 pêntadas foi utilizada para o desenvolvimento <strong>do</strong> modelo (no perío<strong>do</strong> de 18-22de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 1992) e outra com 876 pêntadas para sua validação (18-22de outubro de 1992 a 13-17 de outubro 2004). A validação é independente da amostra dedesenvolvimento. O perío<strong>do</strong> 18-22 de outubro corresponde aproximadamente ao início climatológicoda estação úmida na região sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil (e.g., Silva e Carvalho, 2007).A seguir, nós desenvolveremos passo a passo um estu<strong>do</strong> para aplicação de um modeloestatístico de GPCP LF , onde iniciaremos por investigar os erros no final das séries temporais filtradaspara averiguar qual a sua defasagem. Isso porque esses erros podem causar um impedimento para ouso de um modelo auto-regressivo. Posteriormente, será mostra<strong>do</strong> como esse problema foiadequadamente trata<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> Funções Ortogonais Empíricas para projetar as anomalias deprecipitação (da<strong>do</strong>s não filtra<strong>do</strong>s que apenas foi subtraída a climatologia) nos mo<strong>do</strong>s principais49


característicos de GPCP LF . Ainda neste Capítulo, será apresenta<strong>do</strong> o desenvolvi<strong>do</strong> e validação de ummodelo auto-regressivo com identificação de preditores e verificação com da<strong>do</strong>s independentes.5.2 Estu<strong>do</strong> de erros nas fronteiras de séries temporais filtradasA separação de escalas temporais por meio de filtragem faz com que os da<strong>do</strong>sapresentem erros no início e final da série (Duchon, 1979) em virtude de se usar uma série finita deda<strong>do</strong>s. Assim sen<strong>do</strong>, o propósito desta análise é obter uma estimativa destes erros e como elesvariam perto das fronteiras das séries temporais. Para este fim, foram usa<strong>do</strong>s alguns pontos de gradedistribuí<strong>do</strong>s sobre o Brasil (Fig. 5.1) e o seguinte procedimento. Os da<strong>do</strong>s de pêntadas deprecipitação no perío<strong>do</strong> de 18-22 de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 1992 (GPCP 79-92 ) foramfiltra<strong>do</strong>s em baixa-freqüência (GPCP LF ’), defini<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> como perío<strong>do</strong>s maiores <strong>do</strong> que 370dias. Essa série GPCP LF ’ foi comparada com a série filtrada utilizan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o comprimento de da<strong>do</strong>s(GPCP LF *). Para cada defasagem no tempo (pêntada) foi-se identifican<strong>do</strong> as diferenças entre as duasséries temporais.O perío<strong>do</strong> de 18-22 de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 1992 foi utiliza<strong>do</strong> para umaavaliação preliminar, pois depois, foi-se acrescenta<strong>do</strong> um passo no tempo (GPCP 79-92 + pêntadaseguinte) e novas filtragens foram sen<strong>do</strong> executadas até o perío<strong>do</strong> 13-17 de outubro 2003. Paraavaliação <strong>do</strong>s erros, correlacionou-se cada série GPCP LF ’ com a série GPCP LF *. Desta forma, épossível obter uma estimativa <strong>do</strong>s erros nas vizinhanças das fronteiras das séries temporais.FortalezaRecifeCampo GrandeAlegreteBrasília~Uberlândia~São PauloFlorianópolisPorto AlegreFigura 5.1: Localização aproximada <strong>do</strong>s pontos de grade investiga<strong>do</strong>s.50


Com o intuito de averiguar os erros nas fronteiras de séries filtradas em diversas escalastemporais, nos selecionamos outras bandas de freqüências típicas para comparar com a baixafreqüência(>370 dias), como: submensal (10-20 dias), intra-sazonal (20-100 dias) e semi-anual (100-180 dias). Então, um procedimento semelhante ao descrito anteriormente foi executa<strong>do</strong> para cadabanda de freqüência.Na Figura 5.2a mostra que na escala submensal há uma diminuição na correlação, queindica aumento <strong>do</strong>s erros, a partir de 24 pêntadas de defasagem próximo da fronteira final da série deda<strong>do</strong>s filtra<strong>do</strong>s. A escala intra-sazonal (Fig. 5.2b) apresentou características que se assemelham aescala submensal. Na baixa-freqüência (Fig. 5.2d) os erros aumentam suavemente não atingin<strong>do</strong>correlações menores <strong>do</strong> que 0.5 para todas as defasagens, enquanto a escala semi-anual (Fig. 5.2c)as correlações tende a zero próximo à defasagem de 6 pêntadas. De forma geral, para todas asescalas temporais analisadas, os erros aumentam em aproximadamente 24 pêntadas de defasagem.Resulta<strong>do</strong>s semelhantes foram observa<strong>do</strong>s para a filtragem no início da série de da<strong>do</strong>s (nãomostra<strong>do</strong>).(a)110-20 days(b)120-100 dayscorrelationcorrelation0-36 -30 -24 -18 -12 -6 0Lag (pentads)0-36 -30 -24 -18 -12 -6 0Lag (pentads)(c)1100-180 days(d)1>370 dayscorrelationcorrelation0-36 -30 -24 -18 -12 -6 0Lag (pentads)0-36 -30 -24 -18 -12 -6 0Lag (pentads)Fortaleza Recife BrasiliaUberlândia-Ribeirão P reto Campo Grande São Paulo-Campinas-PiracicabaFlorianopolis P orto Alegre AlegreteFigura 5.2: Erros nas fronteiras das séries temporais associa<strong>do</strong>s com filtragem em: (a) na escala submensal 10-20 dias, (b) intra-sazonal 20-100 dias, (c) semi-anual 100-180 dias, e (d) mais baixa-freqüência (>370 dias) paradiversos pontos de grades (localização aproximada das cidades) nos da<strong>do</strong>s de precipitação <strong>do</strong> GPCP.51


5.3 Aproximação para as anomalias de precipitação em baixa-freqüênciaO problema identifica<strong>do</strong> anteriormente é grave para estu<strong>do</strong>s prognósticos, pois asinformações próximas à fronteira das séries temporais tornam-se importantes para a previsão. Isto é,trata-se da condição inicial no caso da previsão for aplicada em tempo real. A fim de trataradequadamente esta questão foi executa<strong>do</strong> o procedimento descrito a seguir.Os padrões característicos da variabilidade das GPCP LF sobre a América <strong>do</strong> Sul (50°S a10°N, 80W° a 20W°) foram obti<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> aplican<strong>do</strong>-se Funções Ortogonais Empíricas(Empirical Orthogonal Function – EOF) na amostra de desenvolvimento (18-22 de outubro de 1979 a13-17 de outubro 1992) de GPCP LF . Esse perío<strong>do</strong> não contém erros de borda de acor<strong>do</strong> com análisesanteriores, porque estamos utilizan<strong>do</strong> a série filtrada com os da<strong>do</strong>s de 1-5 de janeiro de 1979 a 27-31dezembro de 2005.A análise de EOF ou Componentes Principais, essencialmente envolve a obtenção damatriz de covariância (ou correlação, quan<strong>do</strong> se trata de da<strong>do</strong>s heterogêneos), cálculo <strong>do</strong>sautovalores e autovetores, como uma transformação linear <strong>do</strong> conjunto de da<strong>do</strong>s (Wilks, 1995).Assim sen<strong>do</strong>, as séries temporais em cada ponto de grade tem 949 pêntadas, forman<strong>do</strong> uma matrizde da<strong>do</strong>s de 949 x 625 (tempo x espaço para o <strong>do</strong>mínio considera<strong>do</strong>). O cálculo da EOF foi realiza<strong>do</strong>utilizan<strong>do</strong>-se a dimensão no espaço a fim de se obter soluções estáveis para os autovalores. Ocoeficiente temporal (Principal Component - PC) da EOF é da<strong>do</strong> por:PCLFS∑(t, k) = GPCP (s, t) . EOF (s, k)(Eq. 5.1)s=1Onde k é o número de mo<strong>do</strong>s de variabilidade (igual ao número de autovetores), s = 1 até 625, é umvetor 1x625 com os da<strong>do</strong>s no espaço. A Figura 5.3 mostra os quatro primeiros mo<strong>do</strong>s ortogonais davariabilidade das GPCP LF através da correlação entre as séries temporais de GPCP LF e as EOF LF . Oprimeiro padrão (Fig. 5.3a) mostra a variabilidade com sinais opostos entre os trópicos e ossubtrópicos, cuja fração da variância <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s explicada pelos autovetores foi igual a 25%. Essepadrão sugere a influência <strong>do</strong> ENOS sobre a América <strong>do</strong> Sul, fenômeno que causa a maiorvariabilidade interanual na precipitação (e.g., Ropelewski e Halpert, 1987; Kousky e Kayano, 1994;Grimm, 2003; Muza e Carvalho, 2006). Nota-se que os esta<strong>do</strong>s de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e São Pauloapresentam o mesmo sinal <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil, embora com correlações não significativas. O segun<strong>do</strong>mo<strong>do</strong> mostra um dipolo sobre o Atlântico tropical Norte e Sul (Fig. 5.3b), cuja variância explicada foiLFLF52


de 13%. Além disso, correlações com menores valores em módulo aparecem na região subtropical <strong>do</strong>Hemisfério Sul. Já o terceiro mo<strong>do</strong> (Fig. 5.3c) mostra um padrão de variabilidade com sinais opostosentre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul (Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e São Paulo estenden<strong>do</strong>-se para oAtlântico subtropical) e uma região mais ao sul <strong>do</strong> Brasil. Durante o verão, esse padrão é relaciona<strong>do</strong>à gangorra de precipitação entre o Sul e Sudeste na variabilidade interanual (Muza, 2005), cujavariância explicada foi de 9% de toda a série de da<strong>do</strong>s. Além disso, na região centro-leste da América<strong>do</strong> Sul há a atuação da ZCAS durante a monção de verão na América <strong>do</strong> Sul, muitas vezes com aconvecção associada a ela intensificada sobre o Atlântico subtropical, sen<strong>do</strong> referida como ZCASoceânica (Carvalho et al., 2004). O quarto mo<strong>do</strong> característico explica 7% da variabilidade e indicaum padrão de sinais opostos entre o sudeste <strong>do</strong> Brasil e o oeste da Amazônia (Fig. 5.3d), que podeser relaciona<strong>do</strong> à variabilidade <strong>do</strong>s padrões de deslocamento da convecção sobre a América <strong>do</strong> Suldurante estabelecimento/encerramento sazonal das monções, como aponta Marengo et al. (2001).A Tabela 5.1 mostra a porcentagem <strong>do</strong> total da variância explicada pelas primeiras 20EOFs, junto à porcentagem acumulada, o erro amostral e a diferença entre o erro amostral das EOFsubseqüentes, tanto para a amostra de desenvolvimento, quanto para a amostra de validação. Aporcentagem de explicação da variância acumulada para as seis primeiras EOF corresponde a maisde 60%. Isso é visto na amostra de desenvolvimento e também na amostra de validação. O erroamostral foi calcula<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> North et al. (1982) com a consideração <strong>do</strong> número de anos de da<strong>do</strong>scomo eventos independentes (graus de liberdade). A primeira EOF é independente da segunda, poisa diferença entre elas é maior que o erro amostral.As propriedades da análise de EOF permitem recompor aproximadamente os da<strong>do</strong>soriginais GPCP LF em função <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de variabilidade EOF LF (s, k) e <strong>do</strong>s coeficientes temporaisPC LF (t, k). Isto é,GPCPLFK~˜ (s, t) = PC (t, k) . EOF (s, k)(Eq. 5.2)∑k=1Isso equivale a expressar que as GPCP LF podem ser reconstruídas, ou seja, umaaproximação para as GPCP LF a partir da “projeção” da EOF LF nas PC LF . Essa projeção interanualequivale aos coeficientes temporais de cada associada EOF LF de GPCP LF . Por exemplo, seLFLFutilizarmos to<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s de variabilidade que representam 100% da variabilidade das GPCP LFpara reconstruí-las, teoricamente sua variabilidade seria reproduzida por completo. Isto é, areconstrução <strong>do</strong>s campos de GPCP LF≈ é altamente correlacionada com os da<strong>do</strong>s de GPCPLF .53


(a)(c)(b)(d)Figura 5.3: Correlações entre anomalias de precipitação (mm/dia) e os quatro primeiros (a-d) padrõescaracterísticos da análise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias) no perío<strong>do</strong> de 18-22 de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 1991. Contornos de linha contínua (tracejada) indicam correlações positivas (negativas).Intervalos 0.2 começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2).Por que isso é importante para este estu<strong>do</strong>? Busca-se uma forma de obter anomalias deprecipitação em baixa-freqüência que não contenham erros na fronteira de da<strong>do</strong>s filtra<strong>do</strong>s, porqueessas anomalias são importantes parâmetros para um modelo estatístico de previsão. Assim,denominou-se de coeficiente temporal a partir da projeção interanual (PC PI ) as EOF LF projetadas nasanomalias totais (da<strong>do</strong>s não filtra<strong>do</strong>s, GPCP TA )PCPIS∑(t, k) = GPCP (s, t) . EOF (s, k)(Eq. 5.3)s=1TALFOs campos de GPCP LF≈ podem ser reconstruí<strong>do</strong>s projetan<strong>do</strong> as EOFLF nas PC PI , entãodenominadas de projeção interanual (PI) no espaço, definida na Eq. 5.4.PI (s, t)K∑= PC (t, k) . EOF (s, k)(Eq. 5.4)k=1PILFEm teoria, esse processo permite contornar o problema de erros na fronteira das séries temporais emfunção <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de filtragem. O próximo passo será averiguar a relação entre a PI e o número demo<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para reconstrução <strong>do</strong> campo de da<strong>do</strong>s originais GPCP LF , utilizan<strong>do</strong> k mo<strong>do</strong>scaracterísticos.54


Tabela 5.1: Porcentagem da variância explicada <strong>do</strong>s primeiros 20 coeficientes temporais da EOF das anomaliasinteranuais de precipitação. Erro amostral é mostra<strong>do</strong> juntamente com a diferença entre os mo<strong>do</strong>s principais devariabilidade.ModeExplainedvariance (%)AccumulateSamplingerrorDifferenceExplainedvariance (%)AccumulateSamplingerrorDifferenceDevelopmentValidation1 25.20 25.20 0.146 - 19.49 19.49 0.123 -2 13.30 38.50 0.052 0.093 12.12 31.61 0.049 0.0743 8.99 47.49 0.035 0.017 11.05 42.66 0.045 0.0044 7.39 54.88 0.029 0.006 8.08 50.74 0.033 0.0125 6.12 61.00 0.024 0.005 6.17 56.91 0.025 0.0086 4.69 65.69 0.018 0.006 5.15 62.07 0.021 0.0047 4.27 69.96 0.017 0.002 4.64 66.70 0.019 0.0028 3.85 73.81 0.015 0.002 4.01 70.71 0.016 0.0039 3.33 77.14 0.013 0.002 3.83 74.54 0.016 0.00110 3.07 80.21 0.012 0.001 3.02 77.55 0.012 0.00311 2.49 82.70 0.010 0.002 2.89 80.44 0.012 0.00112 2.28 84.98 0.009 0.001 2.63 83.07 0.011 0.00113 2.10 87.08 0.008 0.001 2.39 85.46 0.010 0.00114 1.73 88.81 0.007 0.001 2.02 87.49 0.008 0.00115 1.59 90.40 0.006 0.001 1.91 89.40 0.008 0.00016 1.41 91.81 0.006 0.001 1.73 91.13 0.007 0.00117 1.22 93.03 0.005 0.001 1.65 92.78 0.007 0.00018 1.17 94.20 0.005 0.000 1.46 94.24 0.006 0.00119 1.07 95.27 0.004 0.000 1.28 95.52 0.005 0.00120 0.90 96.17 0.004 0.001 1.05 96.57 0.004 0.001A análise agora tem a proposição de investigar o número de mo<strong>do</strong>s necessários parareconstruir o campo de PI de forma que estes sejam altamente correlacionáveis com os da<strong>do</strong>soriginais (GPCP LF ). A Figura 5.4a mostra a correlação entre PI usan<strong>do</strong> o primeiro mo<strong>do</strong> característico(k=1) e GPCP LF , onde se nota correlações acima de 0.6 com <strong>do</strong>is núcleos principais: um ao nortenordeste<strong>do</strong> Brasil e outro ao sul <strong>do</strong> Brasil, ou seja, regiões que apresentam um pronuncia<strong>do</strong> sinalinteranual na variabilidade da precipitação. As correlações sobre o sudeste e parte central <strong>do</strong> Brasilsão menores que 0.4. A Figura 5.4b-d compara as PI com os 6, 12 e 18 primeiros mo<strong>do</strong>s devariabilidade, respectivamente. Sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil correlações acima de 0.6aparecem quan<strong>do</strong> o número de mo<strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s é maior <strong>do</strong>s que 6.55


(a)(e)(b)(f)(c)(g)(d)(h)Figura 5.4: Correlação (esquerda) e RMS padroniza<strong>do</strong> (direita) entre projeções com (a)(e) 1ª EOF, (b)(f) 1-6EOF, (c)(g) 1-12 EOF, (d)(h) 1-18 EOF. Correlações (RMS padroniza<strong>do</strong>) com contornos em intervalos de 0.2(0.3) começan<strong>do</strong> em 0.4 e sombrea<strong>do</strong> acima de 0.6 (1.0).56


Para avaliar as diferenças de amplitude foi analisa<strong>do</strong> o erro quadrático médio (Root MeanSquare RMS Error) dividi<strong>do</strong> pelo desvio padrão das GPCP LF . Esse foi denomina<strong>do</strong> RMS padroniza<strong>do</strong>(S.RMS, standardized).S.RMST1⎛⎜PIt− GPCP=N∑ ⎜ σt= 1 GPCPLFt⎝LF t⎞⎟⎟⎠2(Eq. 5.5)Se o S.RMS for maior <strong>do</strong> que 1.0, isso significa que o erro da<strong>do</strong> pelo somatório dasdiferenças tem a mesma amplitude de variabilidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s (> σ GPCPLF ), isto é, considera-se que hásaturação <strong>do</strong> erro. Na Figura 5.4e-h, nota-se que independente de utilizar apenas o 1ª mo<strong>do</strong> devariabilidade ou os 18 primeiros, o S.RMS no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil não é maior <strong>do</strong> que1.0. Sobre a América <strong>do</strong> Sul somente nota-se valor maior <strong>do</strong> que 1.0 em parte da região equatorial,quan<strong>do</strong> apenas o 1ª mo<strong>do</strong> é usa<strong>do</strong>.A sensibilidade à inserção de mo<strong>do</strong>s característicos da EOF LF na obtenção das PI sobreo <strong>do</strong>mínio considera<strong>do</strong> é mostrada na Fig. 5.5 como função entre a correlação media espacial naárea (50°S a 10°N, 80W° a 20W°), juntamente com o respectivo desvio-padrão indica<strong>do</strong> com barras.A correlação tem considerável ganho à medida que mais EOF LF são introduzidas (Fig. 5.5a). Porém, apartir da inclusão da 12ª EOF LF , nota-se que a inserção de mais EOF LF não resulta em grandemelhora da correlação. A Fig. 5.5b mostra o S.RMS médio na área como função <strong>do</strong> número deEOF LF . O S.RMS decai bruscamente quan<strong>do</strong> as 12 primeiras EOF LF são usadas, onde a partir deentão, a diminuição <strong>do</strong> S.RMS é menor. Portanto, os resulta<strong>do</strong>s mostra<strong>do</strong>s aqui sugerem que umaboa aproximação para as GPCP LF é utilizar os 12 primeiros mo<strong>do</strong>s da EOF LF na obtenção das PI.5.4 Identificação <strong>do</strong> Modelo Auto-regressivo de Projeção InteranualInicialmente usou-se a amostra de desenvolvimento (18-22 de outubro de 1979 a 13-17de outubro 1992) para a identificação <strong>do</strong> modelo estatístico. Isso é possível quan<strong>do</strong> a variabilidadetemporal <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s pode ser tratada como um processo estacionário. O processo é dito estacionárioquan<strong>do</strong> as propriedades estatísticas não variam no tempo (Morettin e Toloi, 2004). Em outraspalavras, quan<strong>do</strong> a média, função de autocorrelação e variância são constantes ao longo <strong>do</strong> tempo.Isso foi investiga<strong>do</strong> para todas as PC PI utilizan<strong>do</strong> as duas distintas amostras de da<strong>do</strong>s independentes(desenvolvimento e validação).57


(a)1PC PI x T850 LF(average of the area)(b)1PC PI x T850 LF(average of the area)correlation0,80,60,40,2Stand. RMS error0,80,60,401 3 5 7 9 11 13 15 17 19EOF0,21 3 5 7 9 11 13 15 17 19EOFFigura 5.5: Teste de sensibilidade para o aumento de mo<strong>do</strong>s característicos (EOF) da precipitação em baixafreqüência.(a) Correlações e (b) RMS padroniza<strong>do</strong> entre anomalias de precipitação em baixa-freqüência eanomalias totais de precipitação projetadas na área (50°S a 10°N, 80W° a 20W°). Intervalo corresponde aodesvio padrão espacial.O procedimento para modelagem estatística utiliza<strong>do</strong> aqui será <strong>do</strong> tipo auto-regressivo.Neste caso, os preditores serão as PC PI . A função autocorrelação para PC PI (1) (Fig. 5.6, linhacontínua) mostra um lento decaimento com aumento da defasagem o qual é aproximadamente zeroem 72 pêntadas. A título de comparação, a Fig. 5.6 mostra também a função autocorrelação paraanomalias em diversas escalas temporais. Um decaimento mais acentua<strong>do</strong> é nota<strong>do</strong> para as bandasde variabilidade de mais alta freqüência. Este resulta<strong>do</strong> enfatiza que a autocorrelação é maior (maior“memória”) para processos em baixa-freqüência. As seções seguintes referem-se a testes desensibilidade em relação aos parâmetros para um modelo estatístico de previsão.a) Ordem <strong>do</strong> modeloNós começamos por investigar os preditores em relação ao número de pêntadas maisrecentes, ou seja, a ordem <strong>do</strong> modelo, basea<strong>do</strong> nos processos auto-regressivos. A ordem <strong>do</strong> modeloauto-regressivo (AR) depende da defasagem da observação utilizada. No presente caso, adefasagem indica qual o número de pêntadas anteriores ao “tempo presente” que será utiliza<strong>do</strong> naprevisão. Ou seja, refere-se à condição inicial no caso de aplicação em tempo real. Para sedeterminar a ordem p <strong>do</strong> modelo foram usa<strong>do</strong>s os critérios AIC (Akaike information Criterion) e BIC(Bayesian information Criterion) como em Katz (1982).58


auto correlation10-1PC10 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72Lag (pentads)>370 >450 100-18010-20 20-100 Tot. AnomFigura 5.6: Correlograma <strong>do</strong> primeiro coeficiente temporal da análise de EOF para diversas escalas temporais(veja legenda e texto para mais informações) de pêntadas de precipitação sobre a América <strong>do</strong> Sul (50°S a 10°N,80W° a 20W°).⎛ N 2 ⎞AIC (p) = N In⎜ Se ( p ) + 2(p + 1)N - p -1⎟⎝⎠(Eq. 5.6)⎛ N 2 ⎞BIC (p) = N In⎜ Se ( p ) + (p + 1) In (N)N - p -1⎟⎝⎠(Eq. 5.7)Onde N é tamanho da amostra, S e 2é a variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco ou variância residual (emestatística, conheci<strong>do</strong> como estima<strong>do</strong>r de máxima verossimilhança, segun<strong>do</strong> Morettin e Toloi 2004).Este é determina<strong>do</strong> por,222Se(p) = [1-φ p (p)]Se(p −1)(Eq. 5.8)Onde ø 2 p é a estimativa <strong>do</strong> parâmetro AR. S 2 e (0) é a variância da amostra (Wilks, 1995). Os critériosAIC e BIC sugerem que a ordem p ideal <strong>do</strong> modelo é obtida quan<strong>do</strong> um mínimo nestes valores éencontra<strong>do</strong>. Ambos os critérios avaliam a relação entre variância e número de parâmetros. Em geral,a variância residual diminui com o aumento da ordem, entretanto modelos de maior ordem pocasionam um “ajustamento” excessivo à série de da<strong>do</strong>s. Isto é, o modelo teria uma fortedependência <strong>do</strong> conjunto de da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong> para construí-lo.A Tabela 5.2 mostra os resulta<strong>do</strong>s para PC PI de 1 a 10 e sucessivos modelos ARvarian<strong>do</strong> a ordem p. A terceira coluna mostra a função de autocorrelação que indica poucodecaimento até a defasagem de 3 pêntadas para todas as PC PI . A variação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco S 2 e59


também diminui à medida que a ordem p aumenta (Tab. 5.2, 4ª coluna). As duas últimas colunas sãoas estatísticas BIC e AIC e ambas sugerem que há um mínimo no modelo AR de ordem p igual a 2para todas as PC PI mostradas.Tabela 5.2: Seleção da ordem p <strong>do</strong> modelo AR para preditores de PC PI (1-10) da precipitação (pêntadas),autocorrelação Rp, variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco, estatísticas AIC (Eq. 5.6) e BIC (Eq. 5.7). Mínimos em AIC e BICsão destaca<strong>do</strong>s.AR modelsLag p R p S 2 e (p) BIC(p) AIC(p)PC PI 1 0 1,000 5,52E-08 -15851,7 -15856,61 0,999 3,63E-10 -20612,4 -20622,12 0,996 3,61E-12 -24979,4 -24994,03 0,991 5,27E-12 -24613,1 -24632,6PC PI 2 0 1,000 4,86E-07 -13788,1 -13793,01 0,998 3,19E-09 -18549,0 -18558,72 0,991 3,18E-11 -22916,0 -22930,63 0,981 4,64E-11 -22549,7 -22569,2PC PI 3 0 1,000 3,05E-05 -9859,2 -9864,11 0,997 2,01E-07 -14619,8 -14629,52 0,990 2,00E-09 -18986,8 -19001,43 0,977 2,91E-09 -18620,5 -18640,0PC PI 4 0 1,000 7,76E-06 -11158,3 -11163,11 0,997 5,10E-08 -15918,9 -15928,62 0,989 5,08E-10 -20285,9 -20300,53 0,978 7,41E-10 -19919,6 -19939,1PC PI 5 0 1,000 5,48E-06 -11488,3 -11493,11 0,999 3,60E-08 -16248,9 -16258,62 0,996 3,59E-10 -20615,9 -20630,53 0,991 5,23E-10 -20249,6 -20269,0PC PI 6 0 1,000 5,86E-07 -13609,6 -13614,41 0,997 3,85E-09 -18370,2 -18379,92 0,990 3,84E-11 -22737,2 -22751,83 0,980 5,60E-11 -22370,9 -22390,4PC PI 7 0 1,000 1,76E-05 -10380,6 -10385,51 0,997 1,16E-07 -15141,5 -15151,22 0,991 1,15E-09 -19508,5 -19523,13 0,982 1,68E-09 -19142,3 -19161,7PC PI 8 0 1,000 2,20E-07 -14540,9 -14545,71 0,996 1,44E-09 -19301,8 -19311,52 0,987 1,44E-11 -23668,8 -23683,43 0,973 2,10E-11 -23302,6 -23322,0PC PI 9 0 1,000 9,17E-05 -8815,0 -8819,91 0,998 6,03E-07 -13575,9 -13585,62 0,993 6,00E-09 -17942,9 -17957,43 0,985 8,75E-09 -17576,6 -17596,0PC PI 10 0 1,000 1,74E-04 -8205,3 -8210,21 0,998 1,15E-06 -12965,9 -12975,62 0,992 1,14E-08 -17332,9 -17347,53 0,983 1,66E-08 -16966,6 -16986,060


Para investigar como a ordem de modelos AR variam em relação a outras escalastemporais típicas foram aplicadas as estatísticas AIC e BIC às componentes principais (<strong>do</strong>mínio daAmérica <strong>do</strong> Sul: 50°S a 10°N, 80W° a 20W°) de outras escalas temporais de mais altas e baixasfreqüências <strong>do</strong> que a variabilidade interanual (Tab. 5.3). Neste caso, mostra-se apenas a ordem p emque ocorreu o mínimo no valor de AIC e BIC. Em alguns casos, as ordens identificadas nãocoincidem para ambas estatísticas AIC e BIC (ver legenda da Tab. 5.3 para maiores detalhes). Nasanomalias totais, em geral, foi identifica<strong>do</strong> modelos AR de baixa ordem, sen<strong>do</strong> que casos de p igual azero significam modelos AR “sem memória” (modelos AR não podem ser aplica<strong>do</strong>s). Os resulta<strong>do</strong>sindicam que PC de escalas temporais submensais (10-20 dias) e intra-sazonais (20-100 dias)sugerem modelos AR de ordem maior, pois o correlograma mostrou flutuações periódicas nasprimeiras defasagens antes de cair para zero (Fig. 5.6), enquanto as freqüências mais baixas <strong>do</strong> quea intra-sazonal indicam modelos de baixa ordem. A escala temporal interanual (>370 dias) sugeremodelo AR de ordem 2 independente da PC considerada.Tabela 5.3: Estatísticas AIC (Eq. 4) e BIC (Eq. 5) para seleção da ordem p de modelos AR para PC 1 a PC 10 dasanomalias totais (2ª coluna), e escalas temporais de 10-20, 20-100, 100-180, >370 e >450 dias a partir depêntadas de precipitação. (*) indica não concordância entre AIC/BIC, então ambos os resulta<strong>do</strong>s são mostra<strong>do</strong>s.PCTotalAnomalies10-20 days20-100days100-180days>370 days1 1 6 8 2 2 22 0/1* 10 4 2 2 33 1/2* 12 16 4 2 34 2 8 14 2 2 35 2 6 6 2 2 36 1 4 6 2 2 27 1 14 12 4 2 28 1/3* 6 6 4 2 39 2 14 6 4 2 210 0 8 6 4 2 2>450days61


Os resulta<strong>do</strong>s anteriores mostraram como varia a ordem p de modelos AR para escalastemporais típicas através de componentes principais sobre a América <strong>do</strong> Sul. Mas, a fim de averiguara ordem p de modelos AR na própria série de da<strong>do</strong>s filtra<strong>do</strong>s e não-filtra<strong>do</strong>s foram investigadas asestatísticas AIC e BIC para alguns pontos de grade (Fig. 5.1) mostra<strong>do</strong>s na Tabela 5.4. Nos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>GPCP não filtra<strong>do</strong>s, o modelo AR indica<strong>do</strong> é ordem 2 independente <strong>do</strong> ponto de grade avalia<strong>do</strong> (Tab.5.4, 5ª coluna). Anomalias totais também têm modelo AR de baixa ordem, quan<strong>do</strong> este pôde seraplica<strong>do</strong> (Tab. 5.4, 6ª coluna). Em geral, modelos AR são de ordem p maior que 4 para escalastemporais submensais e intra-sazonais, e de ordem p menor ou igual a 4 para a baixa-freqüência(e.g., >370 dias), a qual apresenta lento decaimento da função de autocorrelação.A próxima etapa para determinar apropriadamente a ordem de um modelo AR foi avaliara destreza da previsão para as PC PI . Nesta avaliação, o aumento da ordem p <strong>do</strong> modelo é testa<strong>do</strong> e averificação é feita usan<strong>do</strong> a amostra de validação.PCP( t + 1) = ∑ p . PC PI k ( t − p + 1) + εPI kt+1p=1φ (Eq. 5.9)Onde ø p são os parâmetros AR determina<strong>do</strong>s a partir de uma matriz de funções deautocorrelação (equações Yule-Walker, segun<strong>do</strong> Katz e Parlange, 1993) e є t+1 é a flutuação amostralobtida a partir da modelagem <strong>do</strong> resíduo pelo méto<strong>do</strong> de mínimos quadra<strong>do</strong>s (Gauss 1777-1855).Esse méto<strong>do</strong> procura o melhor ajustamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s minimizan<strong>do</strong> a soma <strong>do</strong> quadra<strong>do</strong> dasdiferenças entre a série temporal e a função gaussiana.Para reduzir o volume de informação, mostram-se apenas a destreza da previsão paraas PC PI 1 , PC PI 3 e PC PI 8 . Os resulta<strong>do</strong>s foram similares para todas as 20 primeiras PC PI . Para a PC PI 1a correlação aumenta conforme se aumenta a ordem <strong>do</strong> modelo (Fig. 5.7a). Nota-se que ordem 2, acorrelação está acima de 0.6 na previsão de 24 pêntadas. Entretanto, a Figura 5.7b mostra que aprevisão <strong>do</strong> modelo usan<strong>do</strong> ordem p maior <strong>do</strong> que 2 têm pouco crescimento <strong>do</strong> S.RMS durante oavanço no tempo de previsão. Analisan<strong>do</strong>-se as demais PC PI (Fig. 5.7c-f), nota-se que o ganho nadestreza <strong>do</strong> modelo pelo aumento da ordem p não é tão significativo. Os modelos usan<strong>do</strong> ordem p >1 têm uma correlação maior <strong>do</strong> que 0.85 até aproximadamente a previsão de 18 pêntadas ecorrelação acima de 0.6 na previsão de 24 pêntadas. Já a saturação <strong>do</strong> S.RMS ocorre adiante de 24pêntadas futuras (Fig. 5.7b,d,f).62


Tabela 5.4: Estatísticas AIC (Eq. 5.6) e BIC (Eq. 5.7) para seleção da ordem p de modelos AR para pontos degrade mostra<strong>do</strong>s na Fig. 1 de pêntadas de precipitação GPCP, anomalias totais, e escalas temporais de 10-20, 20-100, 100-180, e >370. (*) indica não concordância entre AIC/BIC, então ambos os resulta<strong>do</strong>s são mostra<strong>do</strong>s.City (between ornext or around)Lat Lon GPCPTotalAnomalies10-20 days20-100days100-180days1 Fortaleza 5,0 37,5 2 1 4 12 4 22 Recife 7,5 35,0 2 1/0* 16 6 6 43 Brasília 15,0 47,5 2 1 6 4 6 44Uberlândia-Ribeirão Preto20,0 47,5 2 1/0* 4 12 2 45 Campo Grande 20,0 55,0 2 1 12 12 2 46São PauloCampinas 22,5 47,5 2 2/1* 4 18/10* 2 4Piracicaba7 Florianópolis 27,5 47,5 2 2/1* 8 10 6 28 Porto Alegre 30,0 50,0 2 2 10 14 2 39 Alegrete 30,0 52,5 2 2 6 6 2 3>370daysb) Testes de PreditoresA avaliação para averiguar se outras PC PI k poderiam ser utilizadas como preditores deuma determinada PC PI foi executada usan<strong>do</strong> modelo de regressão linear múltipla. Para essainvestigação, a ordem <strong>do</strong> modelo foi fixada em p = 2, varian<strong>do</strong>-se os mo<strong>do</strong>s k = 1, 4.PCPIK( t + τ ) = ∑ Bk( τ ). PC PI k ( t −1)(Eq. 5.10)k = 1Onde o coeficiente de regressão B K em função <strong>do</strong>s preditores PC PI k foi determina<strong>do</strong> pela amostra dedesenvolvimento. Por simplicidade, as correlações das previsões obtidas com a amostra de validaçãosão mostradas para PC PI 1 e PC PI 2 e a previsão deτ = 1, 6, 12 e 18 pêntadas futuras (Tab. 5.5). Paraa PC PI 1 , a correlação da previsão usan<strong>do</strong> a própria PC PI 1 como preditor tem bons resulta<strong>do</strong>s, pois acorrelação é aproximadamente 0.85 para a previsão de 18 pêntadas. O aumento no número de PC PInão aumenta a destreza <strong>do</strong> modelo. O mesmo pode ser observa<strong>do</strong> para a PC PI 2 , sen<strong>do</strong> que há baixacorrelação quan<strong>do</strong> apenas a PC PI 1 é utilizada no modelo.63


(a)Correlation10,750,50,25012330 6 12 18 24 30 36Lead Time (pentads)(b)Stand. RMS error1,510,500 6 12 18 24 30 36Lead Time (pentads)(c)1(d)1,5Correlation0,750,50,25Stand. RMS error10,500 6 12 18 24 30 36Lead Time (pentads)00 6 12 18 24 30 36Lead Time (pentads)(e)Correlation10,750,50,25(f)Stand. RMS error1,510,500 6 12 18 24 30 36Lead Time (pentads)00 6 12 18 24 30 36Lead Time (pentads)Figura 5.7: Teste de sensibilidade para o aumento da ordem de preditores (1-3). (a,c,e) Correlação entreprevisão e amostra de validação de PC PI 1 a 3. (b,d,f) Erro RMS padroniza<strong>do</strong> entre previsão e amostra devalidação de PC PI 1 a 3. Cada curva indica a ordem (1 para 3 pêntadas). A correlação com a persistência <strong>do</strong> lag 0também é mostrada (linha tracejada).Tabela 5.5: Sensibilidade da destreza da previsão para o aumento no número de PC PI (colunas) usadas comopreditores. Correlações para PC PI 1 e PC PI 2 usan<strong>do</strong> a amostra de validação. Avanço no tempo é mostra<strong>do</strong> naslinhas.Validation – PC PI 1 correlationValidation – PC PI 2 correlationLead 1 2 3 4 Lead 1 2 3 41 1.000 1.000 1.000 1.000 1 -0.150 1.000 1.000 1.0006 0.996 0.996 0.996 0.996 6 -0.148 0.992 0.992 0.99212 0.959 0.959 0.959 0.959 12 -0.156 0.914 0.914 0.91418 0.850 0.850 0.850 0.850 18 -0.159 0.716 0.716 0.71664


Os procedimentos realiza<strong>do</strong>s até aqui para identificação <strong>do</strong> modelo de GPCP LF indicammodelos AR de ordem p igual a 2 para cada PC PI k com k = 1 a 12. A Fig. 5.8 mostra a destreza daprevisão das PC PI k com k = 1, 2, 3, 8 e 12 em relação à amostra de validação, porque as demaismostraram resulta<strong>do</strong>s similares. Os parâmetros AR foram determina<strong>do</strong>s pela amostra dedesenvolvimento. Mostra-se a correlação da previsão <strong>do</strong> modelo e o observa<strong>do</strong> na amostra devalidação, no qual nota-se que a PC PI 1 apresenta correlações acima de 0.6 estenden<strong>do</strong>-se até pelomenos 24 pêntadas previstas (Fig. 5.8a). Correlação acima de 0.6 é um limiar de referência paravários estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> modelagem estatística (e.g., Lo e Hen<strong>do</strong>n, 2000; Mo, 2001; Jones et al.,2004, Li et al., 2005).Para as demais PC PI (2, 3, 8 e 12) as correlações são menores, porém permanecemacima de 0.6 até aproximadamente 18 pêntadas. Mostra-se também a comparação com apersistência em cada PC PI , essa corresponden<strong>do</strong> a correlação da última pêntada <strong>do</strong> tempo presentesen<strong>do</strong> progressivamente persistida e da<strong>do</strong>s de validação. A correlação da persistência da PC PI 1 decaimais rapidamente <strong>do</strong> que a previsão <strong>do</strong> modelo. A Figura 5.8b mostra o S.RMS da previsão das PC PI(1, 2, 3, 8 e 12), no qual nota-se o erro menor <strong>do</strong> que 0.5 mm/dia até aproximadamente a previsão de18 pêntadas. O S.RMS somente é igual ou acima de 1.0 mm/dia (saturação <strong>do</strong> erro) próximo da 24ªpêntada prevista.(a)Correlation10,750,50,250Validation - Selected Model0 6 12 18 24 30(b)Stand. RMS error1,510,50Validation - Selected Model0 6 12 18 24 30Lead Time (pentads)Lead Time (pentads)1 2 3 8 12 Pers1 2 3 8 12Figura 5.8. Validação <strong>do</strong> modelo AR de previsão das PC PI 1, 2, 3, 8, 12 através da (a) correlação e (b) RMSpadroniza<strong>do</strong>. Destreza da persistência também é mostrada na correlação. A amostra de validação contém da<strong>do</strong>sde pêntadas independentes equivalente a 12 anos.65


c) Destreza das previsões estatísticasO intuito agora é reconstruir o campo espacial de Projeção Interanual (PI) usan<strong>do</strong> asprevisões de PC PI k (k = 1, 12) e EOF LF (1 a 12) para tempo de previsão deτ = 1, 24 pêntadas.MARPI(s, t12∑+ τ ) = PC (t + τ , k) . EOF (s, k)(Eq. 5.11)k = 1PI kOnde MARPI significa Modelo Auto-regressivo de Projeção Interanual. A Figura 5.9 mostra averificação espacial da destreza <strong>do</strong> modelo em relação à amostra de validação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s deGPCP LF . Como a previsão estende-se até 24 pêntadas, calculou-se a média das correlações a cadaseis pêntadas, ou seja, seis pêntadas equivalem aproximadamente a 1 mês. Este procedimento éváli<strong>do</strong> porque estamos preven<strong>do</strong> variabilidade GPCP LF , assim os campos espaciais variam pouco acada pêntada prevista. Nota-se que sobre as regiões que exibem maior variabilidade interanual, i.e.,norte-nordeste e sul <strong>do</strong> Brasil, há notoriamente maior correlação (Fig. 5.9a). Sobre o sudeste ecentro-oeste <strong>do</strong> Brasil há correlações acima de 0.6, exceto para uma faixa que se estende <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>IAde Mato Grosso <strong>do</strong> Sul para São Paulo. Essa área corresponde exatamente à região homogênea P LIMidentificada na variabilidade interanual <strong>do</strong> GPCP no capitulo anterior (seção 4.1). Nas Figuras 9(b-d),as correlações diminuem em magnitude à medida que se avança no tempo de previsão 13-18pêntadas, embora se mantenham correlações acima de 0.6 em grande parte <strong>do</strong> Brasil. O S.RMS (Fig.5.9e-h) mostra máximos valores da costa oeste da América <strong>do</strong> Sul estenden<strong>do</strong>-se sobre o Norte daArgentina. Sobre o Brasil, o S.RMS é maior <strong>do</strong> que 1.0 mm/dia sobre Mato Grosso <strong>do</strong> Sul noprognóstico entre 7-12 pêntada. Entretanto, sobre São Paulo o S.RMS é menor <strong>do</strong> que 1.0 mm/dia.Portanto, verificações com da<strong>do</strong>s independentes indicam destreza útil da previsão <strong>do</strong> MARPI emgrande parte <strong>do</strong> sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil estenden<strong>do</strong>-se até pelo menos 18 pêntadas futuras.A Figura 5.10(a-d) apresenta o erro médio da<strong>do</strong> pela média das diferenças entre previstoe observa<strong>do</strong> (conheci<strong>do</strong> também como erro sistemático Bias ou Viés), mostran<strong>do</strong> que o MARPIsubestima em -0.1 mm/dia as GPCP LF ao longo <strong>do</strong> tempo de previsão numa faixa que se estende <strong>do</strong>sul da Amazônia para o sudeste <strong>do</strong> Brasil. Além disso, uma área pequena sobre o sul <strong>do</strong> Brasilmostra que o MARPI superestima em 0.1 mm/dia as GPCP LF .66


(a)FCAST x Low-frequency GPCP (VALIDATION DATA)CorrelationS.RMS(e)(b)(f)(c)(g)(d)(h)Figura 5.9: (a-d) Correlação e (e-h) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas dacorrelação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Correlações têm contornosde 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).67


Para avaliar a destreza <strong>do</strong> MARPI na própria série temporal de regiões de maiorinteresse deste estu<strong>do</strong> foram utiliza<strong>do</strong>s aqueles pontos de grade específicos sobre o Brasil exibi<strong>do</strong>sna Fig. 5.1. A correlação entre a previsão e GPCP LF observa<strong>do</strong>s (da<strong>do</strong>s independentes) em pontos degrade seleciona<strong>do</strong>s mostra que inicialmente a destreza é aproximadamente constante até 12ªpêntada prevista (Fig. 5.11a). Além disso, a correlação é maior <strong>do</strong> que 0.5 para to<strong>do</strong>s os pontosconsidera<strong>do</strong>s, como por exemplo, Campo Grande e São Paulo (até a 12ª pêntada prevista).Características semelhantes são observadas para outros pontos de grade sobre o sudeste e centrooeste<strong>do</strong> Brasil, diferentemente <strong>do</strong>s pontos de grade sobre o sul <strong>do</strong> Brasil (Porto Alegre e Alegrete),que apresentam uma mais rápida diminuição da correlação a partir da 18ª pêntada prevista. Por outrola<strong>do</strong>, S.RMS é menor <strong>do</strong> que 1.0 para to<strong>do</strong>s os pontos considera<strong>do</strong>s, e isso até a 18ª pêntadaprevista (Fig. 5.11b). Observa-se para os pontos de grade sobre o nordeste <strong>do</strong> Brasil, que o S.RMSapresenta-se com rápi<strong>do</strong> crescimento até atingir 1.0 pouco adiante de 18ª pêntada, embora essestenham apresenta<strong>do</strong> as melhores correlações (Fig. 5.11a). Enquanto, os pontos de grade sobre o sul<strong>do</strong> Brasil detêm os menores S.RMS até a 24ª pêntada prevista.(a)BIAS: FCAST x Low-frenquency GPCP (VALIDATION DATA)(c)(b)(d)Figura 5.10: Soma das diferenças entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas na previsão de 1 a 24 pêntadas.Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Valores têm contornos de 0.1 (sombrea<strong>do</strong> escuro) e -0.1 (claro).68


(a)Model Skill1Correlation0,80,60,40,200 6 12 18 24 30 36 42 48 54Lead Time (pentads)(b)Stand. RMS error1,41,210,80,6Model Skill0,40 6 12 18 24 30 36 42 48 54Lead Time (pentads)Fortaleza Recife Brasilia~Uberlandia Campo Grande ~Sao PauloFlorianopolis Porto Alegre AlegreteFigura 5.11: Destreza <strong>do</strong> MARPI para algumas cidades brasileiras (ponto de grade). Cada curva mostra (a)correlações e (b) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência. Linha tracejada indica limiar de correlação igual a 0.6 e S.RMS igual a 1.0.69


5.5 Destreza sazonalA princípio neste estu<strong>do</strong> foram desenvolvi<strong>do</strong>s modelos estatísticos separan<strong>do</strong> osperío<strong>do</strong>s sazonais de verão e inverno austral. Mas, na fase de desenvolvimento desses modelosobservou-se que as características e resulta<strong>do</strong>s eram semelhantes ao MARPI. Isto é, os parâmetrosAR e coeficientes de regressão foram praticamente iguais quan<strong>do</strong> o modelo foi desenvolvi<strong>do</strong>separadamente para verão e inverno. Então, decidiu-se pelo desenvolvimento utilizan<strong>do</strong> o ano inteiro.Entretanto, é de grande interesse avaliar a destreza <strong>do</strong> MARPI em perío<strong>do</strong>s sazonais distintos comodurante as monções de verão e inverno da América <strong>do</strong> Sul.A verificação da previsão das GPCP LF durante 12 perío<strong>do</strong>s sazonais independentes deverões resulta em correlações diferenciadas sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul, com: correlaçõesacima de 0.8 sobre o sul <strong>do</strong> Brasil e ao norte <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil na previsão de 1-6 pêntadas (Fig.5.12a). Nesta comparação, foram considera<strong>do</strong>s os prognósticos <strong>do</strong> MARPI para GPCP LF com tempode previsão dentro <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> sazonal de 18-22 de outubro para 11-15 de abril. Este perío<strong>do</strong>corresponde à estação úmida no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. O modelo ainda mantém boadestreza até a previsão de 19 – 24 pêntadas, exceto para uma faixa entre os Esta<strong>do</strong>s de MatoGrosso <strong>do</strong> Sul e São Paulo (Fig. 5.12d). Observam-se também correlações acima de 0.8 em parte <strong>do</strong>Nordeste <strong>do</strong> Brasil que apresenta estação úmida durante o outono austral.A Fig. 5.12(e-h) mostra a correlação entre GPCP LF e as previsões <strong>do</strong> modelo, paraaqueles prognósticos inicia<strong>do</strong>s durante 12 invernos austrais (16-20 de abril a 13-17 de outubro).Notam-se duas extensas regiões com correlações acima de 0.8, uma no sul <strong>do</strong> Brasil e a outra sobreo nordeste <strong>do</strong> Brasil estenden<strong>do</strong>-se sobre parte <strong>do</strong> norte e sudeste <strong>do</strong> Brasil (Fig. 5.12e).Espacialmente, esta última demonstra destreza semelhante, comparan<strong>do</strong> com as previsões duranteverão no mesmo tempo de previsão. Entretanto, o prognóstico perde destreza sobre grande parte <strong>do</strong>Brasil ao longo da previsão a partir de 13-18 pêntadas (Fig. 5.12f-h).A verificação da previsão de GPCP LF com S.RMS para verão e inverno é mostra<strong>do</strong> naFig. 5.13. Nota-se que durante o verão o S.RMS é menor <strong>do</strong> que 0.8 sobre parte <strong>do</strong> centro-oeste esudeste <strong>do</strong> Brasil estenden<strong>do</strong>-se para o Atlântico subtropical. Sobre esta região durante o invernoaustral, as previsões mostram que o S.RMS aumenta em área e magnitude (compare Fig. 5.13a-d eFig. 5.13e-h). Além disso, há uma degradação da previsão também sobre o nordeste <strong>do</strong> Brasil, o quenão se observa nas previsões durante o verão.70


Figura 5.12: Correlação entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante perío<strong>do</strong>s sazonais independentes de (A-D) verão NDJFM e (E-H)inverno MJJAS. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação de 1 a 24 pêntadas. Correlações têmcontornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro).71


Figura 5.13: S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias de precipitaçãoem baixa-freqüência durante perío<strong>do</strong>s sazonais independentes de (A-D) verão NDJFM e (E-H) inverno MJJAS.Cada mapa representa a média de 6 pêntadas <strong>do</strong> S.RMS de 1 a 24 pêntadas. S.RMS têm contornos de 0.8(sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).72


A seguir, será apresentada uma análise da previsão trimestral <strong>do</strong> MARPI a fim depodermos discutir a respeito da destreza de outros modelos estatísticos, e.i, o Sistema deModelagem <strong>do</strong>s Oceanos – SIMOC (discuti<strong>do</strong> em Repelli e Alves, 1996; Pezzi et al., 2000), o projetoEurobrisa (de acor<strong>do</strong> com Coelho et al., 2006) e modelos estocástico-probabilísticos <strong>do</strong> InstitutoNacional de Meteorologia – INMET (Silva et al., 2008), embora não se tenha a intenção decomparação, porque os modelos em questão apresentam grandes diferenças na forma dedesenvolvimento e utilização de preditores.Para avaliar a destreza trimestral <strong>do</strong> modelo, inicializou-se o modelo na 1ª pêntada deDezembro até o tempo de previsão de 1 a 18 pêntadas. Isso foi feito também para Março, Junho eSetembro. A Fig. 5.14(a-d) mostra a média das correlações entre previsão e da<strong>do</strong>s de validação decada trimestre DJF, MAM, JJA e SON. Assim, a destreza da previsão para o trimestre de DJFclaramente mostram correlações acima de 0.8 sobre parte <strong>do</strong> norte e nordeste <strong>do</strong> Brasil, sul <strong>do</strong> Brasil,e em menores áreas isoladas na região de atuação da ZCAS (Fig. 5.14a).Figura 5.14: Destreza trimestral da previsão das anomalias de precipitação em baixa-freqüência durante (A)Dezembro a Fevereiro (B) Março a Maio, (C) Junho a Agosto e (D) Setembro a Novembro. Da<strong>do</strong>sindependentes correspondem a 12 trimestres. Cada mapa representa a média de 18 pêntadas da correlação.Correlações têm contornos de 0.4, 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro).73


A validação <strong>do</strong> modelo estatístico nos estu<strong>do</strong>s Repelli e Alves (1996) e Pezzi et al. (2000)mostra áreas isoladas <strong>do</strong> nordeste e sul <strong>do</strong> Brasil com correlações acima de 0.6 durante o trimestrede DJF. Na validação (perío<strong>do</strong> de 1987-2001) de Coelho et al. (2006), o modelo empírico apresentacorrelações acima de 0.6 apenas sobre o Uruguai e correlações negativas acima de 0.6 em parte <strong>do</strong>sudeste <strong>do</strong> Brasil. Silva et al. (2008) mostra correlações acima de 0.6 (0.7) no sul <strong>do</strong> sudeste (regiãosul) brasileiro durante esse trimestre, sen<strong>do</strong> que na porção norte <strong>do</strong> sudeste as correlações não sãomaiores <strong>do</strong> que 0.5.Durante MAM (Fig. 5.14b) parte <strong>do</strong> norte e nordeste <strong>do</strong> Brasil exibem correlações acimade 0.8, exatamente no perío<strong>do</strong> mais chuvoso, quan<strong>do</strong> a ZCIT se desloca mais ao sul da faixaequatorial, causan<strong>do</strong> a estação úmida nessa região. De forma geral sobre o Brasil, a menor destrezadas previsões foi durante SON (Fig. 5.14d), que é o perío<strong>do</strong> de início da estação úmida no Brasilcentral. Esse resulta<strong>do</strong> é semelhante às verificações de validação <strong>do</strong>s outros estu<strong>do</strong>s (e.g., Coelho etal., 2006; Silva et al., 2008), na qual as previsões <strong>do</strong> modelo empírico em Coelho et al. (2006) paraanomalias de precipitação no sudeste <strong>do</strong> Brasil melhoram <strong>do</strong> trimestre de SON para DJF. Entretanto,no sul <strong>do</strong> Brasil menor correlação foi notada durante JJA (Fig. 5.14c), quan<strong>do</strong> a precipitação égrandemente relacionada a sistemas sinóticos latitudes médias. O padrão espacial das correlaçõesdurante esse perío<strong>do</strong> sazonal de JJA e SON tem grande concordância com os estu<strong>do</strong>s de Coelho etal. (2006).Uma verificação na previsão durante os meses de início e fim da estação úmida nocentro-oeste e sudeste <strong>do</strong> Brasil é apresentada na Fig. 5.15(a-d). A motivação é mostrar a eficácia oulimitações <strong>do</strong> modelo no perío<strong>do</strong> mais importante para essa região, no qual há uma forte mudança navariabilidade da precipitação e padrões atmosféricos (Silva e Carvalho, 2007). Para a previsão <strong>do</strong>smeses de início (fim) da estação úmida, o modelo foi inicia<strong>do</strong> na primeira pêntada <strong>do</strong> mês desetembro (março). O intervalo de previsão é de 1 a 24 pêntadas. Como anteriormente, calculou-se amédia das correlações a cada seis pêntadas. Na Fig. 5.15a, tem-se a previsão <strong>do</strong> mês de setembro,onde as correlações são maiores sobre o norte e sul <strong>do</strong> Brasil, mas há regiões com correlaçõesacima de 0.6 no leste da região sudeste <strong>do</strong> Brasil até a previsão <strong>do</strong> mês de outubro (Fig. 5.15a-b). Aprevisão degrada no sudeste <strong>do</strong> Brasil após esse mês (Fig. 5.15c-d).A verificação na previsão durante os meses <strong>do</strong> fim da estação úmida no centro-oeste esudeste <strong>do</strong> Brasil mostra melhor destreza sobre essa mesma região comparan<strong>do</strong> o 1ª mês previsto(Fig. 5.15e com Fig. 5.15a). Isso porque nos meses subseqüentes (Fig. 5.15f-h), a destrezaapresenta-se muito semelhante aos meses de início das chuvas (Fig. 5.15b-d). As regiões ao74


nordeste e sul <strong>do</strong> Brasil visivelmente mostram melhores correlações durante o fim <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>chuvoso <strong>do</strong> centro-oeste e sudeste <strong>do</strong> Brasil, e deixa aparente percepção de melhor destreza no<strong>do</strong>mínio como um to<strong>do</strong>.SKILL: ONSET MONTHSSKILL: DEMISE MONTHSFigura 5.15: Correlação entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante (A-D) início e (E-H) fim das monções de verão da América <strong>do</strong> Sul.Cada mapa representa a média das pêntadas de cada mês. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e0.8 (escuro).75


5.6 Teste de sensibilidade entre as amostras de desenvolvimento e validaçãoEsta seção mostra uma verificação <strong>do</strong> MARPI no mesmo conjunto de da<strong>do</strong>s apenasinverten<strong>do</strong> as amostras de desenvolvimento e validação utilizadas inicialmente. Isto é útil paraanalisarmos se o modelo não tem uma forte dependência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s no qual o mesmo foi construí<strong>do</strong>.Para tanto, as da<strong>do</strong>s de GPCP LF no perío<strong>do</strong> de 18-22 de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 2004foram dividi<strong>do</strong>s em duas partes: uma para calibrar o modelo (18-22 de outubro de 1992 a 13-17 deoutubro 2004) com um total de 876 pêntadas; e outra parte para validar o prognóstico (18-22 deoutubro de 1980 a 13-17 de outubro 1992), também com 876 pêntadas. No perío<strong>do</strong> de calibração <strong>do</strong>modelo, foram calculadas as EOFs, identifica<strong>do</strong> a ordem <strong>do</strong> modelo e encontra<strong>do</strong> os preditores. Osresulta<strong>do</strong>s mostraram padrões da variabilidade de GPCP LF semelhantes aos já encontra<strong>do</strong>s (Fig. 5.3).Identificou-se o modelo de ordem 2 e encontrou-se o mesmo número de preditores (resulta<strong>do</strong>s nãomostra<strong>do</strong>s). A Fig. 5.16 exemplifica de forma esquemática este teste de sensibilidade, comparan<strong>do</strong>com o procedimento de validação feito anteriormente. As previsões foram iniciadas nas pêntadas 18-22 de outubro de 1980. Neste caso, para os da<strong>do</strong>s de entrada de GPCP LF relativos à ordem <strong>do</strong>modelo foram utilizadas pêntadas defasadas dessa data. Neste caso, os coeficientes <strong>do</strong> modeloalteram-se a partir da terceira casa decimal, o que representa uma mudança de apenas 0.11% <strong>do</strong>valor <strong>do</strong>s coeficientes <strong>do</strong> modelo construí<strong>do</strong> com a série de desenvolvimento.VALIDATIONLag = 2DEVELOPMENT949 pentadsLag = 0VALIDATION876 pentadsSENSITIVITY TESTDEVELOPMENT876 pentadsVALIDATION876 pentads949 pentadstimeFigura 5.16: Esquema para teste de sensibilidade entre as amostras de desenvolvimento e validação.76


Os resulta<strong>do</strong>s da verificação para o tempo de previsão da 1ª para 24ª pêntadas sãomostra<strong>do</strong>s através da média das correlações (Fig. 5.17a-d) e S.RMS (Fig. 5.17e-h) a cada 6pêntadas. Correlações acima de 0.8 aparecem em uma grande área na faixa tropical, estenden<strong>do</strong>-se<strong>do</strong> Atlântico para o nordeste e norte <strong>do</strong> Brasil (Fig. 5.17a). Além disso, o sul <strong>do</strong> Brasil também exibecorrelações acima de 0.8, enquanto que sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil pre<strong>do</strong>minacorrelações acima de 0.6. Com o avanço no tempo de previsão a destreza diminui entre 13ª para 24ªpêntada (Fig. 5.17c-d). O S.RMS está próximo ou maior <strong>do</strong> que 1.0 apenas sobre uma faixa <strong>do</strong>Atlântico Sul a leste <strong>do</strong> Brasil em 20ºS e também a noroeste <strong>do</strong> país (Fig. 5.17e-h). O S.RMS maior<strong>do</strong> que 0.8 aparece em uma área maior <strong>do</strong> Brasil central com o decorrer da previsão, embora nãoatinja valores maiores <strong>do</strong> que 1.0 para as previsões mostradas. De forma geral, estes resulta<strong>do</strong>smostram que o prognóstico <strong>do</strong> modelo é insensível se as amostras são invertidas. Além disso, osresulta<strong>do</strong>s mostra<strong>do</strong>s aqui foram até melhores <strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s anteriores (compare Fig. 5.17 eFig. 5.9), especialmente sobre os esta<strong>do</strong>s de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e São Paulo, o que sugere aeficácia da calibração <strong>do</strong> modelo utilizan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s contemporâneos.5.7 Destreza durante episódios El Niño-Oscilação SulA verificação da destreza <strong>do</strong> modelo durante episódios ENOS é enfocada nesta seçãopara perío<strong>do</strong>s sazonais de verão austral compreendi<strong>do</strong>s entre as pêntadas de 13-17 de outubro a 16-20 de abril. Devi<strong>do</strong> à variabilidade interanual <strong>do</strong> ENOS, poucos episódios estariam presentes naamostra de da<strong>do</strong>s independentes. Dessa forma a comparação ficaria empobrecida. Por essa razão,os da<strong>do</strong>s foram separa<strong>do</strong>s em duas amostras (18-22 de outubro de 1980 a 13-17 de outubro 1992 e18-22 de outubro de 1992 a 13-17 de outubro 2004). Então, ambas as amostras foram utilizadas como seguinte procedimento: quan<strong>do</strong> uma amostra foi usada para o desenvolvimento, a outra foiconsiderada para comparação com o prognóstico, e vice-versa. Dessa forma, a verificação foi sempreexecutada com da<strong>do</strong>s independentes.77


(A)FCAST x Low-frequency GPCP (sensibility test)CorrelationS.RMS(E)(B)(F)(C)(G)(D)(H)Figura 5.17: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de da<strong>do</strong>s independentes das anomaliasde precipitação em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Correlações têm contornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro)e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).78


Os perío<strong>do</strong>s sazonais de verão considera<strong>do</strong>s como na fase de episódios El Niño, La Niñae neutros em concordância com National Center for Environmental Prediction/Climate PredictionCenter (NCEP/CPC) são lista<strong>do</strong>s na Tabela 5.6. Cada fase <strong>do</strong> ENOS contém 6 episódios com omesmo número de pêntadas. A Fig. 5.18(a-d) apresenta as correlações entre os prognósticos eGPCP LF durante episódios El Niño, com avanço no tempo de previsão de 1ª a 24ª pêntada mostra<strong>do</strong>satravés da média a cada 6 pêntadas. O prognóstico para até 12ª pêntada mostra correlações acimade 0.8 em grande parte <strong>do</strong> Brasil, incluin<strong>do</strong> o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil, onde as correlaçõessão acima de 0.6 até 24ª pêntada.O S.RMS não mostra valores próximos a 1.0 em praticamente em to<strong>do</strong> território brasileironas primeiras 18 pêntadas previstas (Fig. 5.18e-g), exceto sobre o Esta<strong>do</strong> de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. Éinteressante observar que próximo à costa <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil há uma diminuição no S.RMS com oaumento <strong>do</strong> tempo de previsão. Os resulta<strong>do</strong>s mostram a destreza <strong>do</strong> modelo em prognosticar avariabilidade espacial de GPCP LF sobre a América <strong>do</strong> Sul durante episódios El Niño com o suportenos padrões principais da escala temporal de mais baixa-freqüência. A verificação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>modelo durante episódios La Niña mostra maior destreza sobre toda a região nordeste <strong>do</strong> Brasil –com correlações acima de 0.6 ou acima de 0.8 – estenden<strong>do</strong>-se sobre o sudeste <strong>do</strong> Brasil nasprimeiras 18 pêntadas previstas (Fig. 5.19a-d). Além dessas regiões, há maior destreza sobre oextremo sul e norte <strong>do</strong> Brasil. Por outro la<strong>do</strong>, o S.RMS apresenta valores próximos ou maiores <strong>do</strong> que1.0 no sul <strong>do</strong> Brasil que se estende sobre São Paulo à medida que se avança no tempo de previsão(Fig. 5.19e-g). Porém, de forma geral os resulta<strong>do</strong>s sugerem boa destreza <strong>do</strong> modelo durante aocorrência <strong>do</strong> fenômeno ENOS, embora a destreza <strong>do</strong> MARPI para o sul <strong>do</strong> Brasil durante La Niñaapresente-se comprometida para a previsão entre 13-18 pêntadas.A Fig. 5.20(a-d) apresenta a comparação entre o prognóstico e GPCP LF na ausência deepisódios ENOS com correlações acima de 0.8 sobre Atlântico equatorial, Argentina, e áreas isoladas<strong>do</strong> Atlântico Sul subtropical, este último sobre parte leste da região sudeste <strong>do</strong> Brasil. Sobre o Brasilcentral, há algumas áreas com correlações acima de 0.6, sen<strong>do</strong> que essa região apresentou melhordestreza durante a ocorrência de episódios El Niño ou La Niña, mas principalmente El Niño. Na Fig.5.20(e-h), sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil mostram S.RMS maior <strong>do</strong> que 1.0 em grande parte de suaextensão, logo na previsão das primeiras pêntadas, visivelmente mostran<strong>do</strong> menor destreza <strong>do</strong>modelo em prognosticar a amplitude de GPCP LF durante ausência de episódios ENOS.79


(A)(E)(B)(F)(D)(G)(D)(H)Figura 5.18: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e da<strong>do</strong>s independentes das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão NDJFM com atuação de eventos El Niño.Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentescorrespondem a atuação de 6 eventos El Niño de acor<strong>do</strong> com a Tab. 5.6. Correlações têm contornos de 0.6(sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).80


(A)(E)(B)(F)(D)(G)(D)(H)Figura 5.19: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e da<strong>do</strong>s independentes das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão NDJFM com atuação de eventos La Niña.Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentescorrespondem a atuação de 6 eventos La Niña de acor<strong>do</strong> com a Tab. 5.6. Correlações têm contornos de 0.6(sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).81


(A)(E)(B)(F)(D)(G)(D)(H)Figura 5.20: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão da<strong>do</strong>s independentes das anomalias deprecipitação em baixa-freqüência durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão NDJFM neutros em relação ao ENOS.Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentescorrespondem a 6 perío<strong>do</strong>s sazonais de verão NDJFM neutros de acor<strong>do</strong> com a Tab. 5.6. Correlações têmcontornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0(escuro).82


Tabela 5.6: Lista de episódios El Niño, normal e La Niña incluí<strong>do</strong>s nesse estu<strong>do</strong>. Por exemplo, verão (summer)1982 indica 1982/83. Fonte: CPC/NCEP.ENSO Summer EpisodesPentadstotalEl Niño 1982 1986 1987 1991 1997 2002 6 216neutral 1985 1989 1993 1996 2001 2003 6 216La Niña 1984 1988 1995 1998 1999 2000 6 2165.8 Prognóstico para início da monção e verão da América <strong>do</strong> SulConforme discuti<strong>do</strong> em seções anteriores, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MARPI mostraram boadestreza para prognosticar GPCP LF sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul. A seguir, serão descritosalguns casos seleciona<strong>do</strong>s que apresentaram aspectos que limitaram a destreza das previsões.5.9 Estu<strong>do</strong>s de casos de previsões <strong>do</strong> MARPIA seguir foram investiga<strong>do</strong>s cin<strong>do</strong> casos de previsões inicializadas na 1ª pêntada desetembro e dezembro com tempo de previsão de 24 pêntadas em anos na qual na monção de verãona América <strong>do</strong> Sul: (1ª) houve início precoce associada a um episódio Wet LF na região P SEC ; (2ª)houve início precoce com atuação de episódio Wet LF na P LIM ; (3ª) houve ocorrência de um episódioDry LF na P SEC associa<strong>do</strong> a um El Nino forte; (4ª) houve episódio Wet LF tanto na região P SEC como naP LIM ; e El Niño fraco/modera<strong>do</strong>; (5ª) houve episódio Wet LF na região P SEC e Dry LF na P LIM .1ª caso: 1989/90O prognóstico de GPCP LF durante os meses de início da estação úmida (Fig. 5.21a-d)para previsões iniciadas na 1ª pêntada <strong>do</strong> mês de setembro de 1989 é mostra<strong>do</strong> através da médiadas pêntadas de cada mês até o mês de dezembro. Na Fig. 5.21(e-h) há GPCP LF observadas nomesmo perío<strong>do</strong> correspondente. Esse caso escolhi<strong>do</strong> para avaliar o prognóstico <strong>do</strong> modelo MARPI, amonção de verão da América <strong>do</strong> Sul em 1989/90 teve um início precoce em relação à climatologia(Silva e Carvalho, 2007) relaciona<strong>do</strong> à ocorrência de um episódio Wet LF na P SEC (Fig. 4.10d). Nesse83


perío<strong>do</strong>, foi constata<strong>do</strong> um ano normal em relação ao ENOS. O modelo MARPI reproduziu comeficiência GPCP LF positivas sobre o leste-tropical da América <strong>do</strong> Sul estenden<strong>do</strong>-se sobre o norte daregião sudeste <strong>do</strong> Brasil (compare Fig. 5.21a e Fig. 5.21e). Entretanto, não mostra corretamenteGPCP LF negativas no litoral <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil e sobre o centro-oeste <strong>do</strong> Brasil para o primeiro mêsde previsão (compare Fig. 5.21a e Fig. 5.21e). Do segun<strong>do</strong> mês em diante, o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> modeloMARPI também não captura o padrão que corresponde GPCP LF positivas observadas no sul <strong>do</strong> Brasil(compare Fig. 5.21c-d e Fig. 5.21g-h).Durante o verão 1989/90, o regime de precipitação sobre sudeste <strong>do</strong> Brasil relaciona<strong>do</strong> àatuação da ZCAS mais ao norte de sua posição climatológica teve contribuição <strong>do</strong> escoamento maiszonal de oeste em baixos níveis a leste da Cordilheira <strong>do</strong>s Andes ao invés de meridional (Cuadra eRocha, 2006). A previsão de GPCP LF para verão 1989/90 iniciada na 1ª pêntada de dezembro mostraGPCP LF positivas sobre a região equatorial e em uma faixa noroeste-sudeste estenden<strong>do</strong>-se sobre oAtlântico Sul, em uma posição mais a norte <strong>do</strong> que a região de atuação da ZCAS (Fig. 5.22a). Isso defato é observa<strong>do</strong> nas GPCP LF (Fig. 5.22e). Entretanto, há uma subestimativa de GPCP LF positivas nosul <strong>do</strong> Brasil. Já na Fig. 5.22b (compare com Fig. 5.22f) nota-se que GPCP LF positivas no sul <strong>do</strong> Brasilaparecem no prognóstico <strong>do</strong> modelo MARPI.2ª caso: 1990/91No verão austral 1990/91, também um perío<strong>do</strong> neutro em relação ao fenômeno ENOS, asanomalias sazonais totais foram influenciadas pela contribuição conjunta de muitos mo<strong>do</strong>s principaisde variabilidade segun<strong>do</strong> Krishnamurthy e Misra (2007). Isto é, o mo<strong>do</strong> de variabilidade principal compadrão de dipolo de precipitação entre norte-nordeste e sul <strong>do</strong> Brasil não estava com atuação robusta(Fig. 5.3a). Além disso, como no caso anterior, o início da monção ocorreu antecipadamente (Silva eCarvalho, 2007). Para esse perío<strong>do</strong> sazonal, o MARPI mostra o estabelecimento de uma estruturadipolar aproximadamente nas regiões tropicais e subtropicais a leste da América <strong>do</strong> Sul com GPCP LFpositivas centradas no sul <strong>do</strong> Brasil ao longo <strong>do</strong> tempo de previsão (Fig. 5.23a-d). Por outro la<strong>do</strong>,GPCP LF observadas (Fig. 5.23e-h) não apresentaram essa estrutura, embora a área ao norte <strong>do</strong>sudeste e centro-oeste (sul) <strong>do</strong> Brasil tenha pre<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> GPCP LF negativas (positivas) entresetembro a dezembro de 1990. Em especial, esse caso 1990/91 foi escolhi<strong>do</strong> pelo grau de dificuldadede prognóstico para o verão austral como discuti<strong>do</strong> por Krishnamurthy e Misra (2007). Nota-se que omodelo não consegue reproduzir a variabilidade espacial mesmo para as primeiras pêntadas84


equivalente ao primeiro mês, tanto para o início da monção (Fig. 5.23a e 5.23e), como para o verão(Fig. 5.24a e 5.24e). Ao avançar no tempo de previsão durante o verão, o MARPI simula oestabelecimento de GPCP LF positivas na região da ZCAS e ZCIT, com base na atuação <strong>do</strong>s padrõesprincipais. Mas as GPCP LF observadas apresentam grande variabilidade espacial devi<strong>do</strong> àcontribuição de outros mo<strong>do</strong>s de variabilidade. Além disso, nesse perío<strong>do</strong> houve contribuição deoutras escalas temporais de mais alta freqüência como indicaram Krishnamurthy e Misra (2007). Emcontraste, eles chamam a atenção para anos com marcada variabilidade interanual atribuída a fortesepisódios ENOS, como o verão austral 1997/98, onde o primeiro mo<strong>do</strong> principal de variabilidade demais baixa-freqüência determina a estrutura espacial e magnitude das anomalias sazonais totaissobre no centro-leste da América <strong>do</strong> Sul. Nesse tipo de situação, o MARPI tem grande eficácia emprognosticar GPCP LF com sinais contrários entre norte-nordeste e sul <strong>do</strong> Brasil, como mostra<strong>do</strong> nasregiões com maiores correlações nas avaliações preliminares (por exemplo, Fig. 5.9).3ª caso: 1997/98Durante o início das monções de verão, a América <strong>do</strong> Sul já sentia os efeitos de um <strong>do</strong>smais fortes El Niño de que se tem registro. O prognóstico <strong>do</strong> MARPI durante esse perío<strong>do</strong> indicavaum padrão de GPCP LF positivas sobre o sul <strong>do</strong> Brasil e Argentina, estenden<strong>do</strong>-se para o AtlânticoSubtropical, e em contrapartida, GPCP LF negativas em grande área ao norte da América <strong>do</strong> Sul (Fig.5.25a-d), incluin<strong>do</strong> sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. Essa previsão é praticamente idêntica asGPCP LF observadas e com bastante eficácia até o 4ª mês previsto (Fig. 5.25e-h). Nesse ano extremo,o MARPI mostra toda sua habilidade em prognosticar não apenas o sinal das GPCP LF , mas tambémsua estrutura espacial.Durante o verão austral, quan<strong>do</strong> o evento El Niño tem sua maturidade, o acerto nasprevisões não é diferente. Inclusive a fronteira entre GPCP LF positivas e negativas previstas (Fig.5.26a-d) localizada sobre São Paulo e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul está de acor<strong>do</strong> com o padrão de GPCP LFobservadas (Fig. 5.26e-h). Exatamente essa área coincide com a região homogênea encontradadenominada P LIM . Para esse particular ano, o MARPI usufrui da relativa previsibilidade sazonal daAmérica <strong>do</strong> Sul, devi<strong>do</strong> à pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>s primeiros mo<strong>do</strong>s principais de variabilidade de baixafreqüência.Isso permite não somente ao MARPI, mas também outros modelos estatísticos (e.g.,Repelli e Alves, 1996) apontar com maior grau de certeza as anomalias da chuva nas previsõesclimáticas.85


Figura 5.21: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 1989 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 1989. Anomalias de precipitação em baixa-freqüência têmcontornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong>claro (escuro).86


Figura 5.22: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 1989 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 1989 a março de 1990. Anomalias de precipitação em baixa-freqüênciatêm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têmsombrea<strong>do</strong> claro (escuro).87


Figura 5.23: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 1990 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 1990. Anomalias de precipitação em baixa-freqüência têmcontornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong>claro (escuro).88


Figura 5.24: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 1990 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 1990 a março de 1991. Anomalias de precipitação em baixa-freqüênciatêm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têmsombrea<strong>do</strong> claro (escuro).89


Figura 5.25: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 1997 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 1997. Anomalias de precipitação em baixa-freqüência têmcontornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong>claro (escuro).90


Figura 5.26: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 1997 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 1997 a março de 1998. Anomalias de precipitação em baixa-freqüênciatêm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têmsombrea<strong>do</strong> claro (escuro).91


4ª caso: 2002/03O perío<strong>do</strong> de início da monção de verão da América <strong>do</strong> Sul em 2002 foi próximo àclimatologia quan<strong>do</strong> o Oceano Pacífico estava sob efeito da fase El Niño <strong>do</strong> ENOS e assim, GPCP LFobservadas sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil acompanharam GPCP LF positivas <strong>do</strong> sul <strong>do</strong>Brasil (Fig. 5.27e-h). Porém, o prognóstico <strong>do</strong> modelo limita GPCP LF positivas apenas sobre o sul <strong>do</strong>Brasil (Fig. 5.27 a-d). Então, o modelo indicava GPCP LF negativas sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong>Brasil durante o início da estação úmida. De fato, o perío<strong>do</strong> sazonal 2002/03 foi caracteriza<strong>do</strong> porgrande variabilidade espacial das anomalias totais (não mostra<strong>do</strong>). Entretanto, o prognóstico duranteo verão austral (Fig. 5.28a-d) apresenta grande consistência ao longo da previsão para o centro-lesteda América <strong>do</strong> Sul exatamente pelo sucesso no posicionamento espacial de GPCP LF positivas <strong>do</strong> sul<strong>do</strong> Brasil estenden<strong>do</strong>-se sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil (Fig. 5.28e-h). De forma geralnesse perío<strong>do</strong>, o prognóstico foi bastante consistente para to<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio.5ª caso: 2003/04Este caso escolhi<strong>do</strong> corresponde a um ano com início levemente tardio da monção deverão da América <strong>do</strong> Sul (Silva e Carvalho, 2007). O prognóstico <strong>do</strong> modelo mostra-se razoável comGPCP LF negativas sobre o leste da América <strong>do</strong> Sul estenden<strong>do</strong>-se para o Atlântico Sul para aprevisão entre setembro e outubro de 2003 (compare Fig. 5.29a,b com Fig. 5.29e,f). Posteriormente,GPCP LF positivas são observadas sobre essa região estenden<strong>do</strong>-se para nordeste <strong>do</strong> Brasil e ZCIT(Fig. 5.29g,h), mas que não são prognosticadas pelo modelo (Fig. 5.29c,d). Isso porque houveaparente mudança de padrões de variabilidade pre<strong>do</strong>minante não capturada na previsão iniciada emsetembro. Entretanto, o prognóstico para o verão austral inicia<strong>do</strong> em dezembro de 2003 é fortementeconsistente ao longo <strong>do</strong> tempo de previsão equivalente a quatro meses (Fig. 5.30) mostran<strong>do</strong> GPCP LFpositivas sobre a ZCAS associadas à ZCIT. Além disso, GPCP LF negativas sobre o sul <strong>do</strong> Brasil tantopara o prognóstico <strong>do</strong>s meses de outono (Fig. 5.29), quanto durante o verão (Fig. 5. 30) foram bemsimuladas pelo modelo. Isso é importante, porque no sul <strong>do</strong> Brasil há o perío<strong>do</strong> de maior volume deprecipitação sazonal exatamente no outono, e durante o verão há ocorrência de um segun<strong>do</strong> pico naprecipitação sazonal (Grimm, 2003). De fato, o caso 2003/04 abrange um perío<strong>do</strong> de forte escassezde chuvas no sul <strong>do</strong> Brasil, com uma seqüência de anomalias totais negativas na estação. Nacomparação entre prognóstico e GPCP LF mostrada na Fig. 5.30 ressalta-se também o corretoposicionamento <strong>do</strong> limite entre GPCP LF positivas e negativas sobre o sudeste <strong>do</strong> Brasil.92


Figura 5.27: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 2002 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 2002. Anomalias de precipitação em baixa-freqüência têmcontornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong>claro (escuro).93


Figura 5.28: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 2002 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 2002 a março de 2003. Anomalias de precipitação em baixa-freqüênciatêm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têmsombrea<strong>do</strong> claro (escuro).94


Figura 5.29: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em setembro de 2003 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de setembro a dezembro de 2003. Anomalias de precipitação em baixa-freqüência têmcontornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têm sombrea<strong>do</strong>claro (escuro).95


Figura 5.30: Comparação entre (A-D) previsão estatística de anomalias de precipitação em baixa-freqüênciainiciada em dezembro de 2003 e (E-H) observa<strong>do</strong>. Cada mapa representa a média de 6 pêntadas previstas de 1 a24 pêntadas ao perío<strong>do</strong> de dezembro de 2003 a março de 2004. Anomalias de precipitação em baixa-freqüênciatêm contornos começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2) com um intervalo de 0.3 até 0.5. Valores positivos (negativo) têmsombrea<strong>do</strong> claro (escuro).96


5.10 MARPI para temperatura <strong>do</strong> ar em 850hPaNessa seção são endereçadas as seguintes questões: Qual a destreza <strong>do</strong> MARPI paraas anomalias de baixa-freqüência da temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (T850 LF ) sobre o centro-leste daAmérica <strong>do</strong> Sul? Quais são os preditores para as T850 LF ? O interesse em desenvolver o MARPI paraa temperatura está relaciona<strong>do</strong> com o intuito de utilizar as GPCP LF e T850 LF previstas para investigare desenvolver um modelo estatístico para o prognóstico sazonal da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, como serámostra<strong>do</strong> nos próximos capítulos.O desenvolvimento MARPI para prognóstico de T850 LF seguiu os passos discuti<strong>do</strong>santeriormente para GPCP LF . Isto é, as séries temporais de pêntadas de 18-22 de outubro de 1979 a13-17 de outubro 2004 de T850 LF sobre o <strong>do</strong>mínio de 50°S a 10°N e 80W° a 20W° foram divididas emduas partes para o desenvolvimento (18-22 de outubro de 1979 a 13-17 de outubro 1992) e validação<strong>do</strong> modelo (18-22 de outubro de 1992 a 13-17 de outubro 2004). A Fig. 5.31 apresenta os mo<strong>do</strong>sprincipais de variabilidade das T850 LF sobre a América <strong>do</strong> Sul no perío<strong>do</strong> de desenvolvimento. Oprimeiro mo<strong>do</strong> de variabilidade mostra a faixa tropical e subtropical com sinais opostos nascorrelações da primeira EOF LF e T850 LF , explican<strong>do</strong> 28% da variância total <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s (Fig. 5. 31a). Asegunda componente mostra um padrão com núcleo de correlações maiores em módulo sobre o sul<strong>do</strong> Brasil e correlação de sinal oposto com menor amplitude sobre nordeste <strong>do</strong> Brasil e na faixalatitudinal de 50°S (Fig. 5. 31b). Esse padrão é responsável por 18% da variabilidade. Os <strong>do</strong>isprimeiros mo<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s da amostra de desenvolvimento estão de acor<strong>do</strong> com os padrões devariabilidade encontra<strong>do</strong>s para toda a série de da<strong>do</strong>s investigada no capítulo anterior (Fig. 4.23e-g).A Fig. 5.31c mostra correlações de sinais opostos entre a porção tropical e subtropical <strong>do</strong>Atlântico Sul, com uma explicação da variância de 12%. Na Fig. 5.31d observa-se correlaçõesopostas entre grande parte <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio e uma região subtropical a leste da Cordilheira <strong>do</strong>s Andes,mais precisamente no norte da Argentina-Paraguai (11% da variância). Comparan<strong>do</strong> o terceiro equarto mo<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s da amostra de desenvolvimento com os encontra<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> toda série deda<strong>do</strong>s percebe-se que elas foram invertidas no resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> cálculo das EOFs, mas a explicação davariância altera-se em apenas 1% (compare Fig. 5.31c,d com Fig. 4.23g,h).97


(a)(c)(b)(d)Figura 5.31: Correlações entre anomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850hPa (°C) e os quatro primeiros (a-d)padrões característicos da análise de EOF em baixa-freqüência (>370 dias) no perío<strong>do</strong> de 18-22 de outubro de1979 a 13-17 de outubro 1991. Contornos de linha contínua (tracejada) indicam correlações positivas(negativas). Intervalos 0.2 começan<strong>do</strong> em 0.2 (-0.2). Sombrea<strong>do</strong> indica significância estatística de 95% deconfiança.A tabela 5.7 mostra a porcentagem da variância explicada pelas primeiras 20 EOF LF e aporcentagem acumulada. A porcentagem da variância acumulada para as seis primeiras EOF LFcorrespondem a 87% da explicação da variação total <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. A tabela 5.7 também mostra o errode amostragem (North et al., 1982), onde foi considera<strong>do</strong> o número de anos de da<strong>do</strong>s como eventosindependentes para o grau de liberdade. Dessa forma, a primeira EOF LF é independente da segundae a diferença <strong>do</strong> erro de amostragem não é maior que o erro da segunda EOF LF . Resulta<strong>do</strong>s similaresforam obti<strong>do</strong>s com a amostra de validação, que é a amostra de da<strong>do</strong>s independentes paracomparação.As EOF LF foram utilizadas para obtenção das projeções de anomalias de temperatura embaixa-freqüência (a partir de agora PC PI ), assim como executa<strong>do</strong> para a precipitação. A sensibilidadeentre a inserção de mo<strong>do</strong>s característicos da EOF para a concordância entre PC PI e anomalias detemperatura em baixa-freqüência foi testada sobre to<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio (50°S a 10°N, 80W° a 20W°) e émostrada na Fig. 5.32. A correlação aumenta de 0.4 para 0.8 com o acréscimo das 8 primeiras EOF,98


a partir <strong>do</strong> qual há pouco aumento na correlação (Fig. 5.32a). O S.RMS mostra diminuiçãoconsiderável quan<strong>do</strong> as 8 primeiras EOF são introduzidas na obtenção das PC PI , e pouca mudança éobservada acima desta (Fig. 5.32b). Então, consideraram-se as 8 primeiras EOF LF para a construçãodas PC PI para o prognostico das T850 LF . É Importante observar que o S.RMS já é menor <strong>do</strong> que 1.0quan<strong>do</strong> apenas a primeira EOF LF foi introduzida.Tabela 5.7: Porcentagem da variância explicada <strong>do</strong>s primeiros 20 coeficientes temporais da EOF das anomaliasinteranuais de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa. Erro amostral é mostra<strong>do</strong> juntamente com a diferença entre osmo<strong>do</strong>s principais de variabilidade.Explainedvariance (%)AccumulateSamplingerrorDifferenceMode1 28,24 28,24 0,163 -2 17,52 45,75 0,101 0,0623 12,13 57,88 0,070 0,0314 11,03 68,91 0,064 0,0065 6,26 75,17 0,036 0,0286 5,24 80,42 0,030 0,0067 3,96 84,37 0,023 0,0078 3,10 87,47 0,018 0,0059 2,36 89,83 0,014 0,00410 1,93 91,76 0,011 0,00211 1,38 93,14 0,008 0,00312 0,94 94,07 0,005 0,00313 0,74 94,81 0,004 0,00114 0,67 95,48 0,004 0,00015 0,59 96,07 0,003 0,00016 0,51 96,58 0,003 0,00017 0,48 97,06 0,003 0,00018 0,42 97,48 0,002 0,00019 0,31 97,79 0,002 0,00120 0,28 98,07 0,002 0,000A Tabela 5.8 apresenta a variação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco S 2 e para as PC PI de 1 a 8, diminuin<strong>do</strong>à medida que a ordem p aumenta (4ª coluna). A função de autocorrelação com uma mínimadiminuição até a defasagem 3 pêntadas para todas as PC PI (Tab. 5.8, 3ª coluna). Para a identificação<strong>do</strong> número de pêntadas mais recentes que serão preditores <strong>do</strong> modelo estatístico (ou seja, acondição inicial na previsão em tempo real), sucessivos modelos AR de ordem p foram testa<strong>do</strong>satravés das estatísticas AIC (Eq. 5.6) e BIC (Eq. 5.7), e que sugerem que há um mínimo na ordemp=2 <strong>do</strong> modelo AR independentemente da PC PI considerada, que é a mesma ordem identificada nasGPCP LF .Tabela 5.8: Seleção da ordem p <strong>do</strong> modelo AR para temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa para preditores PC PI (1-10),autocorrelação Rp, variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco, estatísticas AIC (Eq. 5.6) e BIC (Eq. 5.7).99


AR modelsLag p R p S 2 e(p) BIC(p) AIC(p)PC PI 1 0 1,000 3,40E+01 3353,9 3349,01 0,997 1,72E-01 -1656,7 -1666,42 0,991 1,66E-03 -6050,0 -6064,63 0,982 2,30E-03 -5731,9 -5751,4PC PI 2 0 1,000 3,10E+01 3266,6 3261,81 0,998 1,22E-01 -1978,0 -1987,82 0,994 1,14E-03 -6409,5 -6424,03 0,987 1,89E-03 -5920,2 -5939,7PC PI 3 0 1,000 1,36E+01 2488,0 2483,21 0,997 7,67E-02 -2421,3 -2431,02 0,990 8,51E-04 -6684,7 -6699,33 0,977 1,25E-03 -6311,3 -6330,7PC PI 4 0 1,000 1,88E+01 2792,4 2787,61 0,998 7,01E-02 -2507,0 -2516,82 0,994 5,62E-04 -7078,0 -7092,63 0,987 8,36E-04 -6693,8 -6713,2PC PI 5 0 1,000 8,54E+00 2043,0 2038,21 0,997 5,89E-02 -2672,1 -2681,82 0,989 4,93E-04 -7203,1 -7217,73 0,979 9,97E-04 -6526,5 -6546,0PC PI 6 0 1,000 8,45E+00 2033,1 2028,21 0,997 5,45E-02 -2745,9 -2755,62 0,991 6,25E-04 -6977,6 -6992,23 0,984 7,89E-04 -6749,5 -6768,9PC PI 7 0 1,000 4,25E+00 1380,7 1375,81 0,997 2,29E-02 -3569,4 -3579,12 0,992 2,81E-04 -7738,2 -7752,83 0,983 3,19E-04 -7606,9 -7626,3PC PI 8 0 1,000 5,56E+00 1635,1 1630,31 0,996 4,02E-02 -3033,1 -3042,82 0,991 4,62E-04 -7264,3 -7278,93 0,983 7,39E-04 -6810,8 -6830,3Assim, a correlação entre o prognóstico de PC PI pelo esquema de simulação empíricaproposto (denomina<strong>do</strong> MARPI) e os da<strong>do</strong>s independentes são mostra<strong>do</strong>s na Fig. 5.33a. O modeloestatístico mostra<strong>do</strong> para PC PI 1,2 e 8 (porque demais PC PI mostram resulta<strong>do</strong>s muito similares)produz melhor correlação <strong>do</strong> que a previsão persistida além de 7 pêntadas. Além disso, hácorrelações maiores <strong>do</strong> que 0.6 até o tempo de previsão de 24 pêntadas. O S.RMS mostra valoresmenores <strong>do</strong> que 1.0 até o tempo de previsão próximo a 25 pêntadas, exceto para a primeira PC PI ,que o S.RMS cresce mais rapidamente que as demais (Fig. 5.33b). A Figura 5.34 destaca acomparação entre as previsões e amostra de validação através da correlação e S.RMS.(a)1PC PI x T850 LF(average of the area)(b)1PC PI x T850 LF(average of the area)100


Figura 5.32: Teste de sensibilidade para o aumento de mo<strong>do</strong>s característicos (EOF) da temperatura em baixafreqüênciano nível de 850 hPa. (a) Correlações e (b) S.RMS entre anomalias de temperatura em baixafreqüênciae anomalias totais de temperatura projetadas na área (50°S a 10°N, 80W° a 20W°). Intervalocorresponde ao desvio padrão espacial.Correlation(a)10,750,50,250Validation - Selected Model1 7 13 19 25 31Lead Time (pentads)1 2 8 PersStand. RMS error(b)Validation - Selected Model1,510,501 7 13 19 25 31Lead Time (pentads)1 2 8Figura 5.33: Validação <strong>do</strong> modelo AR de previsão das PC PI 1, 2, 3, 8, 12 através da (a) correlação e (b) S.RMS.Destreza da persistência também é mostrada na correlação. A amostra de validação contém da<strong>do</strong>s de pêntadasindependentes equivalente a 12 anos.Para a média da correlação nas seis primeiras pêntadas, o modelo exibe maiorcorrelação sobre o Atlântico Sul e costa <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil, e também parte da Amazônia (Fig.5.34a). Ainda assim, ressalta-se que a correlação é maior <strong>do</strong> que 0.6 até o tempo de previsão de 13-18 pêntadas (Fig. 5.34c). O S.RMS não apresenta valores próximos de 1.0 sobre o sudeste e centrooestee sul <strong>do</strong> Brasil até o tempo de previsão de 13-18 pêntadas (Fig. 5.34a-c). Valores de S.RMSmaiores <strong>do</strong> que 1.0 são observa<strong>do</strong>s sobre nordeste <strong>do</strong> Brasil e Argentina, porém é interessanteobservar que sobre o nordeste <strong>do</strong> Brasil este diminui com o avanço no tempo de previsão.Comparan<strong>do</strong> o prognóstico de T850 LF e GPCP LF os resulta<strong>do</strong>s da destreza <strong>do</strong> modelo sãorazoavelmente semelhantes e consideravelmente satisfatórios. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pela destreza<strong>do</strong> MARPI em relação à previsão de T850 LF corroboram com os resulta<strong>do</strong>s para GPCP LF . Portanto, os101


esulta<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s até aqui sugerem que é possível a implementação de um modelo AR deprognóstico sazonal.FCAST x Low-frequency T850 (Validation Data)correlation(E)S.RMS(F)(G)(H)Figura 5.34: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa em baixa-freqüência. Cada mapa representa a média de 6 pêntadasda correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Os da<strong>do</strong>s independentes equivalem a 12 anos. Correlações têmcontornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0(escuro).102


5.11 MARPI durante Episódios Anômalos de Precipitação e Temperatura em Baixa-freqüênciaO objetivo nessa seção foi de averiguar a destreza <strong>do</strong> MARPI durante a atuação deepisódios anômalos investiga<strong>do</strong>s no Capítulo 4. Assim como na seção 5.7, ambas as amostras foramutilizadas com o seguinte procedimento: quan<strong>do</strong> uma amostra foi usada para o desenvolvimento, aoutra foi utilizada para comparação com o prognóstico, e vice-versa. Assim, a verificação foi sempreexecutada com da<strong>do</strong>s independentes. Conforme mostra<strong>do</strong> na seção 4.3, os episódios anômalos deGPCP LF ou T850 LF menos persistentes ocorrem com duração de 3 meses (18 pêntadas). Sen<strong>do</strong>assim, iniciou-se uma previsão <strong>do</strong> MARPI na 1ª pêntada <strong>do</strong> mês, cada vez que um episódio anômalofoi observa<strong>do</strong>. O tempo de previsão foi até a 24ª pêntada, equivalente ao 4ª mês. O modelo foiinicia<strong>do</strong> a cada episódio anômalo observa<strong>do</strong> nas regiões homogêneas independentemente de serWet LF ou Dry LF .Os episódios anômalos foram analisa<strong>do</strong>s em cada região: P SEC , P LIM e P SBR (Fig. 4.5a).Na região P SEC as correlações entre as previsões de 1ª a 24ª pêntada e GPCP LF observadas duranteepisódios anômalos são mostradas através da média a cada 6 pêntadas e apresenta correlaçõesacima de 0.6 sobre a respectiva região analisada nas previsões de 13-18 pêntadas (Fig. 5.35a-d). Asprevisões de 7-12 pêntadas (Fig. 5.35b) mostram correlações acima de 0.8 em áreas menores que seestendem dessa região para o Atlântico subtropical (30°S, 30W°).O S.RMS mostra valores menores <strong>do</strong> que 1.0 em toda região P SEC até 13-18 pêntadasprevistas, exceto sobre o Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (Fig. 5.35e-g). Entretanto, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MARPIsobre a região P SEC já apresentavam bons prognósticos, usufruin<strong>do</strong> da marcante influência queregiões ao norte da América <strong>do</strong> Sul têm em relação aos padrões principais da variabilidadeinteranual. A incerteza maior ficaria a cargo da destreza durante episódios anômalos na região P LIM .Os resulta<strong>do</strong>s anteriores mostraram existir uma faixa de baixa previsibilidade sobre essa região, quecompreende os esta<strong>do</strong>s de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e São Paulo (veja 5.9). Isso, porque essa regiãomuitas vezes encontra-se limitan<strong>do</strong> GPCP LF com sinais contrários entre regiões ao norte e ao sul <strong>do</strong>centro-leste da América <strong>do</strong> Sul. Entretanto, durante episódios anômalos na região P LIM a destreza <strong>do</strong>MARPI mostra correlações úteis nas primeiras 18 pêntadas previstas (Fig. 5.36a-d). Além disso,observam-se correlações acima de 0.8 sobre a região de atuação da ZCAS oceânica (Carvalho et al.,2004) na previsão de até 7-12 pêntadas. Essas constatações também valem para a amplitude <strong>do</strong> errodas previsões (Fig. 5.36e-g), sen<strong>do</strong> o S.RMS menor <strong>do</strong> que 1.0 sobre a região P LIM até 19-24pêntadas (Fig. 5.36g).103


Figura 5.35: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos na região P SEC . Cadamapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Correlações têm contornos de0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).104


Figura 5.36: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos na região P LIM . Cadamapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Correlações têm contornos de0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).105


Para a região P SBR , as correlações estão acima de 0.6 (Fig. 5.37a-d) e o S.RMS abaixode 1.0 (Fig. 5.37e-h) até a previsão de 13-18 pêntadas. Entretanto, as previsões <strong>do</strong> MARPI sobreessa região já apresentava destreza equivalente mostrada nos resulta<strong>do</strong>s anteriores (Veja 5.9). Poroutro la<strong>do</strong>, a habilidade <strong>do</strong> MARPI durante episódios anômalos é menor <strong>do</strong> que durante eventos ElNiño (compare com Fig. 5.18). Porém, com exceção desse último aspecto, os resulta<strong>do</strong>s sugerem amelhor destreza <strong>do</strong> modelo averiguada nesse estu<strong>do</strong> exatamente durante episódios anômalos deGPCP LF para todas as regiões. Em geral, a destreza <strong>do</strong> MARPI de GPCP LF restringe-se a leste daAmérica <strong>do</strong> Sul, que é a região de interesse deste estu<strong>do</strong>, pois as previsões sobre o oeste <strong>do</strong>continente e latitudes médias foram ineficazes.As previsões <strong>do</strong> MARPI de T850 LF durante episódios anômalos Warm LF e Cold LF naregião T SECW (veja Fig. 4.5) são mostradas na Fig. 5.38. Sobre essa região se observa previsões úteisaté 13-18 pêntadas com correlações acima de 0.6 (Fig. 5.38a-d). Correlações acima de 0.8 ocorremem parte da região T SECW se estenden<strong>do</strong> em direção ao norte da América <strong>do</strong> Sul. O S.RMS sobreessa região concorda com a destreza das previsões de até 13-18 pêntadas, a partir <strong>do</strong> qual o S.RMSé maior <strong>do</strong> que 1.0 deslocan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> norte da Argentina para o Brasil central e Atlântico subtropical(Fig. 5.38e-h). É interessante constatar que a destreza <strong>do</strong> modelo durante episódios anômalos naregião T SECW melhora em relação à comparação com toda a série de validação, principalmente nasprevisões sobre o continente (veja Fig. 5.34).Para a região T SBRB (Fig. 5.39) há correlações acima 0.8 apenas sobre o Rio de La Plataem uma área que se estende para o Atlântico nas previsões de até 7-12 pêntadas (Fig. 5.39b). Sobreo centro-sul <strong>do</strong> Brasil se observa uma área com baixo desempenho <strong>do</strong> modelo, onde o S.RMS jáaparecem acima de 1.0 a partir de 1-6 pêntadas. Visivelmente, as previsões durante episódiosanômalos nessa região foram comprometidas. Esse aspecto chama a atenção para a localizaçãodessa região, no centro-sul <strong>do</strong> Brasil, que corresponde à região de maior influência de temperaturaanômala na variabilidade interanual, segun<strong>do</strong> Halpert e Ropelewski (1992), causada pela influência<strong>do</strong> ENOS. Conforme visto no capítulo anterior, os episódios anômalos averigua<strong>do</strong>s em cada regiãohomogênea não são pre<strong>do</strong>minantemente modula<strong>do</strong>s pelo ENOS, embora esse fenômeno seja omo<strong>do</strong> principal de variabilidade especialmente sobre o sul <strong>do</strong> Brasil. Esse mo<strong>do</strong> principal é muitoforte, sen<strong>do</strong> responsável por praticamente ¼ de toda variabilidade temporal de baixa-freqüênciasobre a América <strong>do</strong> Sul. Por sua vez, o MARPI foi calibra<strong>do</strong> não apenas com o 1ª mo<strong>do</strong> devariabilidade, mas com os 12 primeiros mo<strong>do</strong>s para a previsão de GPCP LF e os 8 primeiros mo<strong>do</strong>spara a previsão de T850 LF , sen<strong>do</strong> esses os preditores averigua<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> sua contribuição para a106


destreza <strong>do</strong> modelo. Isso porque nas regiões de maior interesse nesse estu<strong>do</strong>, que são o Sudeste eCentro-oeste <strong>do</strong> Brasil, outros mo<strong>do</strong>s de variabilidade são importantes para o prognóstico sazonal deGPCP LF e T850 LF .5.12 Especificação <strong>do</strong> MARPINesse capítulo foram descritos os passos para a construção <strong>do</strong> modelo MARPI e suavalidação através de diversas formas de verificação. O objetivo foi de prognosticar GPCP LF (etambém T850 LF ) sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul. Os resulta<strong>do</strong>s são sumariza<strong>do</strong>s na Tabela5.9. Os preditores utiliza<strong>do</strong>s foram as GPCP LF projetadas nos seus mo<strong>do</strong>s característicos de EOF LF .O MARPI usufrui <strong>do</strong> conhecimento empírico relaciona<strong>do</strong> à concordância entre preditores e variável aser prognosticada, entre eles os 12 primeiros mo<strong>do</strong>s para as GPCP LF ou no caso das T850 LF , os 8primeiros mo<strong>do</strong>s. Além disso, testes estatísticos para obtenção <strong>do</strong> número de pêntadas defasadasusadas como preditores sugeriram um modelo de baixa ordem (2 pêntadas). Assim, o MARPI utilizaos 12 primeiros mo<strong>do</strong>s de variabilidade da precipitação sobre a América <strong>do</strong> Sul e ordem igual a 2pêntadas, ou seja, 24 preditores. Em contraste, isto difere <strong>do</strong>s modelos estatísticos de escalasinteranual comumente emprega<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s recentes como Repelli e Alves (1996), Pezzi et al.(2000), Grimm et al. (2004), Car<strong>do</strong>so e Silva Dias (2004), Coelho et al. (2006), que utilizaram asanomalias mensais de temperatura da superfície <strong>do</strong> mar <strong>do</strong>s Oceanos Atlântico e Pacífico comopreditores para prever a precipitação trimestral. Difere-se também de modelos <strong>do</strong> tipo que utiliza aprecipitação <strong>do</strong> modelo climático <strong>do</strong> CPTEC ajustada a uma distribuição de probabilidade de vazõesfluviais como em Collischonn et al. (2005). Uma vantagem é que o MARPI foi construí<strong>do</strong> pararesolução temporal de pêntadas, então a previsão pode ser iniciada a cada pêntada identifican<strong>do</strong>possíveis alterações nos padrões principais de baixa-freqüência que modulam as GPCP LF . Em geral,a destreza <strong>do</strong> MARPI abrange a escala sazonal em torno de 13 a 18 pêntadas, assim poden<strong>do</strong>conduzir a um acura<strong>do</strong> prognóstico equivalente ao perío<strong>do</strong> trimestral.107


Figura 5.37: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de precipitação em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos na região P SBR . Cadamapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Correlações têm contornos de0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0 (escuro).108


Figura 5.38: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de temperatura em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos na região T SECW .Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Correlações têmcontornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0(escuro).109


Figura 5.39: (A-D) Correlação e (E-H) S.RMS entre previsão e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes) dasanomalias de temperatura em baixa-freqüência durante a ocorrência de episódios anômalos na região T SBRB .Cada mapa representa a média de 6 pêntadas da correlação/S.RMS de 1 a 24 pêntadas. Correlações têmcontornos de 0.6 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 0.8 (escuro). S.RMS têm contornos de 0.8 (sombrea<strong>do</strong> claro) e 1.0(escuro).110


Tabela 5.9: Especificações <strong>do</strong> MARPI.VariávelParâmetros Unidade GPCP LF T850 LFSimbologiautilizadaTerminologia emlíngua inglesaMo<strong>do</strong>s nª de EOF IA 12 8 k mo<strong>do</strong>Ordem/defasagem pêntadas 2 2 p Order /lagtempo de previsão pêntadas 19 a 24 19 a 24 τ lead timeDestreza pêntadas 13 a 18 13 a 18 τ skillPreditores – 24 16 k.p predictors111


┌ Capítulo 6 ┐6. A influência de episódios anômalos de precipitação e temperatura em baixa-freqüência navegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>A influência de episódios anômalos de precipitação e temperaturaem baixa-freqüência na vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>6.1 Região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>Este capítulo tem o intuito de averiguar como a vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> responde àsvariabilidades sazonais de anomalias de precipitação e temperatura em baixa-freqüência. Para tanto,utilizou-se os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Normalized Difference of Vegetation Index (NDVI) como aproximação dadinâmica da vegetação. A seguir, nós relacionaremos a variabilidade <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> eepisódios anômalos de GPCP LF e T850 LF aborda<strong>do</strong>s no Capítulo 4.O ciclo anual da vegetação foi encontra<strong>do</strong> nos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI sobre o centro-leste daAmérica <strong>do</strong> Sul (40ºS – 0º e 35 – 65ºW). Isso foi possível calculan<strong>do</strong> a média em cada estimativa <strong>do</strong>índice no perío<strong>do</strong> de um ano, resultan<strong>do</strong> em uma série temporal média de 36 estimativas (3estimativas mensais e 12 meses). Posteriormente, obteve-se o primeiro harmônico através da análisede Fourier, sen<strong>do</strong> este uma estimativa <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> NDVI para cada ponto de grade. Para umaanálise preliminar nos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI, estu<strong>do</strong>u-se o ciclo anual de duas áreas com biomas <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> (palavra de origem espanhola que significa “fecha<strong>do</strong>”). Uma área de Cerra<strong>do</strong> próximo aCidade de Ribeirão Preto (21°12’S e 47°52’W) referi<strong>do</strong> como Cerradão segun<strong>do</strong> Tatsh (2007). Essanomenclatura também é usada para vegetação de Cerra<strong>do</strong> próximo a margens de rios e em regiõesalagáveis durante a estação úmida no centro-oeste <strong>do</strong> Brasil (e.g., Acosta, 2007). A segunda área deCerra<strong>do</strong> caracteriza-se por vegetação arbórea mais esparsa localizada próxima à Brasília na ReservaEcológica <strong>do</strong> IBGE (Fig. 6.1). O primeiro harmônico em cada área mostra um níti<strong>do</strong> ciclo anual navegetação, onde o máximo observa-se na 2ª estimativa de janeiro e o mínimo na 3ª estimativa dejunho.112


VEGETATION INDEX NDVI0,560,540,520,50,480,460,440,420,40,380,36cerradaocerra<strong>do</strong>Jan Feb Mar May Jun Jul Sep Oct NovANNUALCYCLE (MENSAL OBSERVATION THREE)Figura 6.1. Ciclo anual de <strong>do</strong>is pontos de grade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI sobre regiões de Cerra<strong>do</strong>: Cerradãopróximo a Ribeirão Preto (21°12’S e 47°52’W) e cerra<strong>do</strong> (sensu strito) próximo a Brasília (15°48’S e 48°0’W).A Figura 6.2a mostra a amplitude <strong>do</strong> máximo valor <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> NDVI em cadaponto de grade sobre um <strong>do</strong>mínio enfocan<strong>do</strong> o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul. Para esta análise, osda<strong>do</strong>s foram degrada<strong>do</strong>s para resolução de 1.0x1.0° latitude-longitude. Notam-se nas regiões centrooestee sudeste <strong>do</strong> Brasil amplitudes em torno de 0.5, onde está presente o Cerra<strong>do</strong>. Nas regiõesnorte e nordeste <strong>do</strong> Brasil observamos valores próximos a 0.35 e 0.65 referentes à Catinga (savanamenos densa, que em Tupi Guarani significa “Mata Branca”) e Floresta Amazônica, respectivamente.Nesta análise, valores <strong>do</strong> NDVI no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas ficaram prejudica<strong>do</strong>s pela existência <strong>do</strong> RioNegro, Solimões e Amazonas. O sul <strong>do</strong> Brasil mostra a presença de Floresta mista (Floresta deAraucária e Mata Atlântica) e campos no extremo sul (estepe).O perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano quan<strong>do</strong> ocorre o máximo no ciclo anual <strong>do</strong> NDVI é estima<strong>do</strong> pela fase<strong>do</strong> primeiro harmônico. As 36 estimativas anuais <strong>do</strong> NDVI foram representadas de forma angularvarian<strong>do</strong> de 0° a 360°, onde 0 a 20° corresponde a janeiro, 30 a 50° ao mês de fevereiro, 60 a 80° aomês de março e assim por diante. O valor máximo no ciclo anual <strong>do</strong> NDVI na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>ocorre exatamente na 2ª estimativa de janeiro (Fig. 6.2b). É interessante observar que a parte sul daFloresta Amazônica tem máximo no ciclo anual <strong>do</strong> NDVI ainda durante o verão (faseaproximadamente 100°), diferentemente da parte norte da Amazônia com máximo em torno <strong>do</strong> mêsde abril. Isso concorda com o distinto regime de precipitação nessa região (de acor<strong>do</strong> com SouzaECT al., 2000), mas também se deve considerar que mais ao sul da Amazônia há tensão ecológicacom o Cerra<strong>do</strong> (Durigan et al. 2006).113


(a)(b)Figura 6.2. (a) Amplitude e (b) fase <strong>do</strong> ciclo anual a partir <strong>do</strong> primeiro harmônico <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI comresolução espacial de 1.0x1.0º lat. e lon. sobre o <strong>do</strong>mínio de 40ºS – 0º e 35 – 65ºW.A investigação na amplitude e fase <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> precede aanálise de disco harmônico (Ropelewski e Halpert, 1987; Grimm, et al., 1998; Grimm et al., 2000). Opasso seguinte foi representar o ciclo anual <strong>do</strong> NDVI como um vetor. Inicialmente, as regiões sãoencontradas por uma analise subjetiva através da amplitude e fase <strong>do</strong> vetor harmônico.Posteriormente usou-se o critério que a razão entre cada vetor (amplitude e fase) e o vetor médio daárea não seja superior a 10%, como em Grimm et al. (2000). A Figura 6.3a apresenta a análise dedisco harmônico <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> NDVI com a área de Cerra<strong>do</strong> selecionada. O vetor médio na áreapossui 0.489 de amplitude e fase correspondente a 2ª estimativa <strong>do</strong> mês de janeiro. A área deCerra<strong>do</strong> delimitada apresenta-se distinta da vegetação nas regiões ao norte <strong>do</strong> Brasil, como aFloresta Amazônica e a Catinga, principalmente em relação à fase <strong>do</strong> vetor harmônico, que nessasregiões tem máximo durante o outono austral. O máximo vetor observa<strong>do</strong> sobre o <strong>do</strong>mínio é indica<strong>do</strong>no rodapé <strong>do</strong> mapa.É interessante analisar a precipitação e temperatura com a meto<strong>do</strong>logia de vetorharmônico a fim de facilitar a compreensão <strong>do</strong>s padrões na vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong>s aosepisódios anômalos de GPCP LF e T850 LF que serão mostra<strong>do</strong>s a frente. O estu<strong>do</strong> de disco harmônicopara a precipitação mostrou que sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil a precipitação apresentamáximo <strong>do</strong> ciclo anual no início de janeiro, mostran<strong>do</strong> que a defasagem em relação ao máximo <strong>do</strong>ciclo anual da vegetação é menor <strong>do</strong> que um mês (Fig. 6.3b). Além disso, em grande parte <strong>do</strong> Brasil,a vegetação responde ao máximo <strong>do</strong> ciclo anual da chuva.114


(a)(b)ABRJULJANOUT(c)(d)(e)(f)Figura 6.3. Analise de disco harmônico <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> (a) NDVI com resolução espacial 1.0x1.0 lat. e lon. Afase refere-se ao máximo <strong>do</strong> primeiro harmônico. Região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> com coerência espacial é mostrada. (b)Precipitação (mm/dia), (c) Temperatura <strong>do</strong> ar (°C) em 850 hPa e (d) em 1000 hPa, (e) Fluxo de Calor Sensível(W/m 2 ) e (f) Fluxo de Calor Latente (W/m 2 ) com resolução espacial de 2.5x2.5 lat. e lon. Máximo vetor sobre o<strong>do</strong>mínio é indica<strong>do</strong> no rodapé de cada mapa.115


Para a temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa (T850), a Fig. 6.3c mostra o seu ciclo anualaproximadamente em fase com a cobertura vegetal nas áreas no sul e leste <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Na verdade,mostrou-se que nessa região tem-se a presença de um ciclo semi-anual da temperatura <strong>do</strong> ar em 850hPa com picos em outubro e março, sen<strong>do</strong> o de outubro levemente maior, de acor<strong>do</strong> com o cicloanual e semi-anual da região P SEC (Fig. 4.16) investigada no Capitulo 4. Nota-se também que aporção próxima a Amazônia tem vetor harmônico apontan<strong>do</strong> para o máximo <strong>do</strong> ciclo anual emoutubro. Notam-se características semelhantes consideran<strong>do</strong> a temperatura no nível de 1000 hPa, ouseja, o mesmo padrão espacial é observa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que apenas a intensidade <strong>do</strong>s vetores sãomaiores (Fig. 6.3d).A interação entre a atmosfera e a vegetação de uma região ocorre em associação aosfluxos de superfície como calor sensível e latente (Fu e Li, 2004). Assim, a fase e amplitude dessesparâmetros são analisadas sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul (Fig. 6.3e,f). O máximo <strong>do</strong> cicloanual <strong>do</strong> fluxo de calor sensível à superfície ocorre aproximadamente em setembro-outubro sobre aregião <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (Fig. 6.3e). Esse precede o aumento <strong>do</strong> fluxo de calor latente, que apresenta seumáximo no ciclo anual no mês de janeiro (Fig. 6.3f), concordan<strong>do</strong> com Fu e Li (2004). Na porçãooeste <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, o máximo <strong>do</strong> ciclo anual da temperatura ocorre entre outubro e novembro, e estárelaciona<strong>do</strong> com parâmetros de superfície sobre o Brasil central antes <strong>do</strong> estabelecimento da monçãode verão (compare Fig. 6.3e com 6.3c). Além disso, o máximo <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> fluxo de calorsensível preceden<strong>do</strong> a estação úmida no centro-leste da América <strong>do</strong> Sul também está relaciona<strong>do</strong>com a convergência de umidade em razão da mudança no gradiente de pressão entre o planaltocentral brasileiro e o Atlântico Norte (Fu e Li, 2004). Segun<strong>do</strong> esses autores, essa característica temgrande contribuição para as mudanças de padrões sazonais para regime de monções da América <strong>do</strong>Sul.6.2 Defasagem <strong>do</strong> NDVI em relação à Precipitação e TemperaturaPara discutir a resposta defasada da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> principalmente em relação àprecipitação foram relacionadas às séries temporais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> e GPCP sobre o<strong>do</strong>mínio P SEC (Fig. 4.5a). O objetivo é mostrar a influência da variabilidade temporal da vegetação <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> relativa à precipitação. O mesmo foi feito para T850 sobre o <strong>do</strong>mínio T SECW (Fig. 4.5a). Essa116


análise é feita para o perío<strong>do</strong> a julho de 1982 e junho de 1998. Assim, a relação <strong>do</strong> NDVI com aprecipitação foi executada em uma série de da<strong>do</strong>s N = 192 meses. Para esse intuito, foi calculada acorrelação entre as séries temporais mensais. Foram consideradas também séries temporaisdefasadas mensalmente em até metade <strong>do</strong> ciclo anual, ou seja, 6 meses. Esse procedimento foirealiza<strong>do</strong> para defasagens de -6 a 6 meses, na qual defasagem negativa significa que o NDVIresponde tardiamente ao impacto da precipitação.A Fig. 6.4a sintetiza essa análise mostran<strong>do</strong> a correlação entre NDVI e precipitação emcada defasagem (abscissa). Por exemplo, a defasagem para lag = -1 significa que a precipitaçãolidera a variabilidade <strong>do</strong> NDVI com um mês de antecedência. Nesse processo, também foi permiti<strong>do</strong>inferir que, no caso de defasagens positivas, o NDVI lidera a variabilidade da precipitação. Para cadauma das combinações possíveis a correlação foi usada como um indicativo da relação entre NDVI eprecipitação. Assim, revela-se que a defasagem <strong>do</strong> NDVI em relação à precipitação é mais robustacom 1 mês atraso (Fig. 6.4a). Entretanto, as correlações defasadas de 0 e -2 meses apresentamcorrelações em torno de 0.56. Fora essas defasagens, as demais correlações diminuemexponencialmente em direção -6 e 6 meses. Barbosa (1998) encontrou que o NDVI da savana sobreo nordeste <strong>do</strong> Brasil (Catinga) tem maior correlação com a precipitação na defasagem de 1+2 meses.Enquanto que Gurgel (2003) também encontrou maior correlação entre NDVI e radiação de ondalonga sobre o Brasil com defasagem de um mês. Já Wang et al. (2006) indicam que a resposta dacobertura vegetal de estepes em uma região semi-árida da América <strong>do</strong> Norte varia em torno de 14 a37 dias. Em relação à T850, os meses defasa<strong>do</strong>s de maiores correlações são de -3 a -1 com máximacorrelação em -2 meses (Fig. 6.4b). As correlações entre T850 e NDVI têm a mesma amplitude dasapresentadas entre GPCP e NDVI, mas com leve deslocamento para defasagens negativas.Figura 6.4. Correlação entre NDVI e (a) GPCP e (b) T850 entre 1982-98. Defasagem negativa significa queGPCP/T850 lideram a variabilidade <strong>do</strong> NDVI (eixo abscissa).117


6.3 Sazonalidade espaço-temporal da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>A cobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> durante o inverno austral tem um forte estresse hídricodevi<strong>do</strong> à estação seca. Nesse perío<strong>do</strong> a vegetação entra em um esta<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> como <strong>do</strong>rmência,no qual as plantas deixam de realizar até mesmo suas funções vitais, como o processo defotossíntese (Tatsch, 2006). A Figura 6.5 mostra a média <strong>do</strong> NDVI (1982-98) sobre o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> para cada mês <strong>do</strong> ano. Nota-se que de julho a setembro (Fig. 6.5a-c), o índice <strong>do</strong> NDVI éaproximadamente 0.35-0.40 em áreas próximas a Brasília, e maior <strong>do</strong> que 0.45 em áreas adjacentes,principalmente em direção a divisa entre Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Paraná, onde desemboca osprincipais rios da Bacia <strong>do</strong> Paraná. Em outubro, já se percebe um aumento <strong>do</strong>s valores <strong>do</strong> NDVIsobre to<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio (Fig. 6.5d). Durante os meses de verão austral, o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> exibeos maiores valores e mostra um padrão espacial aproximadamente inaltera<strong>do</strong> (Fig. 6.5f-i). Issoconcorda com os resulta<strong>do</strong>s de Rocha (1998), que mostrou também que o parâmetro de índice deárea foliar calcula<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> se modifica ao longo da estação úmida,enquanto a fração de área verde permanece inalterada até mea<strong>do</strong>s de março. Já o mês de abril émarca<strong>do</strong> por uma diminuição <strong>do</strong> NDVI (Fig. 6.5j), sen<strong>do</strong> que nos meses seguintes retorna aosaspectos observa<strong>do</strong>s durante o inverno austral. De acor<strong>do</strong> com Juarez (2004), a variação <strong>do</strong>s fluxosda atmosfera à superfície na transição da estação úmida para a seca é mais lenta <strong>do</strong> que da secapara úmida, e está associa<strong>do</strong> à rápida rebrota das folhas verdes em comparação com a entrada noestágio de <strong>do</strong>rmência das plantas durante o outono austral.A variabilidade espaço-temporal <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> é representada através <strong>do</strong>desvio padrão em cada ponto de grade (Fig. 6.6). Nota-se que, o mês de abril apresenta a maiorvariabilidade (Fig. 6.6j), quan<strong>do</strong> climatologicamente ocorre o fim das monções de verão (Silva eCarvalho, 2007). A menor variabilidade espacial é observada em janeiro durante o máximo no cicloanual da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. De forma geral, há uma maior variabilidade nos meses de transiçãode início e fim das monções <strong>do</strong> que nos meses durante o verão e inverno austral, mostran<strong>do</strong> umpadrão estacionário por parte da vegetação nos perío<strong>do</strong>s que o Cerra<strong>do</strong> tem abundância ou escassezde chuva.118


Figura 6.5. Ciclo anual <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI no perío<strong>do</strong> de 1982 a 1998 sobre a região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> mês a mês de(a) julho a (l) junho.6.4 O papel de episódios anômalos de precipitação em baixa-freqüência na dinâmica dacobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>Para investigar o padrão espacial da cobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> às GPCP LF(mm/dia) foram realizadas composições <strong>do</strong> NDVI durante episódios anômalos Wet LF e Dry LF nasregiões homogêneas selecionadas sobre o centre-leste da América <strong>do</strong> Sul. As regiões homogêneasforam investigadas no Capítulo 4. As séries temporais <strong>do</strong> NDVI foram utilizadas após o ciclo anual tersi<strong>do</strong> removi<strong>do</strong> como descrito no Capítulo 3 (referidas como anomalias totais NDVI TA ). Foramconstruídas composições defasadas de -6 a 5 meses em relação ao máximo valor de GPCP LFobserva<strong>do</strong> durante a ocorrência <strong>do</strong>s episódios anômalos.119


Figura 6.6. Desvio Padrão das Anomalias Totais <strong>do</strong> NDVI no perío<strong>do</strong> de 1982 a 1998 sobre o Cerra<strong>do</strong> mês amês de (a) julho a (l) junho.Episódios anômalos Wet LF na região P SEC durante 1982-98 foram seleciona<strong>do</strong>s o queresultou nos eventos de 1984/85, 1989/90 e 1996/97. Apenas NDVI TA significativas ao nível designificância de 95% são mostradas. O padrão anômalo da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> durante Wet LF naP SEC mostra que inicialmente observa-se pre<strong>do</strong>mínio de NDVI TA negativas na defasagem -6 meses(Fig. 6.7a). Entretanto, já em -5 meses há NDVI TA positivas relativas ao desenvolvimento anômalo davegetação (Fig. 6.7b). Em -4 meses até a defasagem zero (Fig. 6.7c-g), as NDVI TA positivasintensificam-se inicialmente entre Goiás e Minas Gerais, e posteriormente atingem to<strong>do</strong> o Cerra<strong>do</strong>.Nota-se um aumento de 0.1 <strong>do</strong> NDVI durante esse perío<strong>do</strong>, atingin<strong>do</strong> 0.2 em áreas isoladas <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong>. Entre defasagem 0 e 2 meses (Fig. 6.7g-i), há a reversão <strong>do</strong> sinal anômalo. Nos mesessubseqüentes, notam-se padrões de NDVI TA negativas.120


Figura 6.7. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao máximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P SEC . Anomalias totais <strong>do</strong>NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os grausde liberdade correspondem a três episódios Wet LF .A variabilidade mensal da precipitação mostra que, GPCP TA positivas ocorreram nadefasagem de -6 meses sobre o Cerra<strong>do</strong> (Fig. 6.8a), enquanto que em -5 meses, GPCP TA de mesmosinal ficaram mais a norte da região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (Fig. 6.8b). Nas defasagens -4 e -3 meses houve umpre<strong>do</strong>mínio de GPCP TA negativas (Fig. 6.8c-d). Já na defasagem de -2 meses, intensas GPCP TApositivas foram observadas sobre to<strong>do</strong> o Cerra<strong>do</strong> (Fig. 6.8e), enquanto que o sinal positivo de NDVI TAse manteve de -5 meses até a defasagem zero. Nas defasagens de 2 e 3 meses há GPCP TA positivassobre o Cerra<strong>do</strong>, inclusive com um padrão de gangorra da precipitação entre o sudeste e sul <strong>do</strong>Brasil, mas que não modificam o padrão de NDVI TA negativas sobre o Cerra<strong>do</strong> (compare Fig. 6.7i-j e6.8i-j). Assim, há uma forte influência de episódios anômalos ocorren<strong>do</strong> na região P SEC , sen<strong>do</strong> que,quan<strong>do</strong> ocorre um episódio Wet LF aproximadamente em fase com a monção de verão, issorepresenta um perío<strong>do</strong> favorável de desenvolvimento acima <strong>do</strong> normal, antecipan<strong>do</strong> o ciclo evolutivo121


da vegetação. Um exemplo desse caso ocorreu no ano de 1984/85, onde se percebe que o máximoocorreu em novembro, e após isso o desenvolvimento da vegetação pre<strong>do</strong>minou abaixo <strong>do</strong> cicloanual (Fig. 6.9a).Figura 6.8. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relação aomáximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P SEC . Anomalias totais <strong>do</strong> GPCPmostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus deliberdade correspondem a três episódios Wet LF .Similarmente, episódios anômalos Dry LF na região P SEC entre 1982-98 seleciona<strong>do</strong>s nosanos 1982/83, 1983/84, 1986/87, 1992/93, 1993/94, 1995/96 e 1997/98. Composições defasadasdesses episódios basea<strong>do</strong>s no mês na qual ocorreu o mínimo de GPCP LF na região P SEC foraminvestigadas (Fig. 6.10a-f). Assim, observam-se padrões consideravelmente distintos <strong>do</strong>s episódiosWet LF na P SEC anteriormente mostra<strong>do</strong>s. Nota-se a ocorrência de padrões NDVI TA negativos nasdefasagens -6 a -1, que representam estresse hídrico da vegetação. Nota-se uma redução de -0.2 <strong>do</strong>NDVI nas defasagens de -5, -4 e -1 mês sobre praticamente to<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Em -2meses (Fig. 6.10e), observa-se uma fraca reação por parte da vegetação com NDVI TA positivas em122


áreas isoladas <strong>do</strong> centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. Posteriormente a defasagem zero, observa-se NDVI TApositivas pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> e se estenden<strong>do</strong> até 4 meses (Fig. 6.10e-k), com intensificação em 2 mesesde defasagem (Fig. 10.8i).Figura 6.9: Série temporal <strong>do</strong> NDVI na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> durante (a) 1984/85 e (b) 1997/98 (linha sólida).Série temporal <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> centrada na monção de verão (linha tracejada).Figura 6.10. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P SEC . Anomalias totais <strong>do</strong>NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os grausde liberdade correspondem a sete episódios Dry LF .123


As GPCP TA negativas pre<strong>do</strong>minam durante esse mesmo perío<strong>do</strong> anômalo de NDVI TA ,principalmente nos padrão de defasagens -2 e 0 a 2 meses (Fig. 6.11a-l). Mas é exatamente após adefasagem zero que, o ciclo de desenvolvimento da vegetação apresenta NDVI TA positivas até adefasagem 4 meses. Assim, episódios Dry LF na região P SEC parecem forçar um deslocamentoanômalo <strong>do</strong> ciclo evolutivo da vegetação para ocorrer tardiamente. Um exemplo deste caso, comomostra a Fig. 6.9b, foi o episódio Dry LF na região P SEC ocorren<strong>do</strong> em fase com a monção de verão naAmérica <strong>do</strong> Sul no ano de 1997/98. Observa-se no desenvolvimento da vegetação que houve picosem janeiro e maio, e que o NDVI vinha abaixo <strong>do</strong> ciclo anual. Posteriormente ao mês de dezembro háum pre<strong>do</strong>mínio de NDVI acima <strong>do</strong> ciclo anual. Isso esta de acor<strong>do</strong> com Wang et al. (2006) quemostraram uma resposta positiva <strong>do</strong> NDVI à precipitação na escala interanual, mas com defasagemde longo perío<strong>do</strong> (sazonal). Isso consideran<strong>do</strong> regiões semi-áridas, por exemplo, <strong>do</strong> tipo estepes epradarias, mas que também apresentam um ciclo anual de desenvolvimento da vegetação, assimcomo, o Cerra<strong>do</strong>. Entretanto, o impacto simultâneo ou de curto perío<strong>do</strong> (menor <strong>do</strong> que 2 meses) daprecipitação sobre o NDVI nessas regiões tende a ser menos perceptível. Além disso, Colini et al.(2008) por sua vez encontraram que a evapotranspiração não reage simultaneamente ao aumento<strong>do</strong>s volumes de chuva no Brasil central durante o início das monções de verão.Assim, um episódio anômalo Dry LF ocorren<strong>do</strong> praticamente em fase com a monção deverão, representa um perío<strong>do</strong> desfavorável para término <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de <strong>do</strong>rmência na qual a vegetaçãoo Cerra<strong>do</strong> passa a cada estação seca. Então, pode se esperar um início tardio de desenvolvimentopor parte da vegetação, como ocorreu em 1997/98 (Fig. 6.9b). Além disso, o padrão de Dry LF naregião P SEC reflete que, embora ocorra um pico <strong>do</strong> NDVI em janeiro devi<strong>do</strong> ao pico dedesenvolvimento da vegetação no Cerra<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> há maior abundância de chuvas, ainda queanomalamente negativa, o NDVI acima <strong>do</strong> ciclo anual pode se estender de <strong>do</strong>is a quatro meses. Ouseja, há o desenvolvimento anômalo tardio da vegetação em escala de tempo sazonal em relação aociclo anual.Na seqüência, foram averigua<strong>do</strong>s os padrões da vegetação durante episódios anômalosWet LF na região P LIM (1982/83, 1986/87, 1990/91 e 1994/95). Nota-se NDVI TA negativaspre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> nos meses precedentes ao máximo de GPCP LF nessa região (Fig. 6.12a-g). Aqui,consideraram-se os anos 1982/83, 1986/87, 1990/91 e 1994/95. Porém em defasagem -3 meses <strong>do</strong>máximo de GPCP LF , o padrão anômalo é praticamente nulo (Fig. 6.12d). Em defasagem 2 meses, opadrão de NDVI TA inverte-se para positivas (Fig. 6.12i). Entretanto, nos meses seguintes são124


observadas NDVI TA sem um padrão distinto, embora pareça estar refletin<strong>do</strong> o oposto ao observa<strong>do</strong>para Wet LF na região P SEC .Figura 6.11. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relaçãoao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P SEC . Anomalias totais <strong>do</strong> GPCPmostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus deliberdade correspondem a sete episódios Dry LF .O padrão de GPCP TA negativas pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> sobre o Cerra<strong>do</strong> nos meses comdefasagens -6 a -3 concorda com as NDVI TA negativas no mesmo perío<strong>do</strong>, embora GPCP TA positivasapareçam ao sul <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> em -4 meses (Fig. 6.13a-d). Já na defasagem -2 a diante há umpre<strong>do</strong>mínio de GPCP TA positivas sobre grande parte <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, mas com uma variabilidade dasGPCP TA de um mês para o outro.125


Figura 6.12. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao máximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P LIM . Anomalias totais <strong>do</strong>NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os grausde liberdade correspondem a quatro episódios Wet LF .A Figura 6.14 mostra a ocorrência de Dry LF na P LIM , (1983/84, 1985/86, 1988/89, 1991/92,1992/93 e 1993/94) que inicialmente apresenta padrões NDVI TA negativos, que são reflexo deestresse hídrico da vegetação (defasagem de -6 a -5 meses). Posteriormente, observa-se NDVI TApositivas pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong>, com intensificação na defasagem de -2 a 0 (Fig. 6.14e-g). As NDVI TApositivas se estendem até defasagem de 1 mês (Fig. 6.14h), quan<strong>do</strong> nos meses seguintes volta opadrão de NDVI TA negativas. Na Fig. 6.15a, nota-se que GPCP TA positivas ocorreram ao sul <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> na defasagem -6. Em -4 meses, GPCP TA positivas passam a ser observadas ao norte <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> e estendem-se até 1 mês defasa<strong>do</strong> (Fig. 6.15c-h). Assim, se um episódio Dry LF vem aocorrer na região P LIM aproximadamente em fase com a monção de verão da América <strong>do</strong> Sul, então126


um desenvolvimento da vegetação acima <strong>do</strong> ciclo anual é espera<strong>do</strong> durante a estação úmida comomostra esquematicamente a Fig. 6.16a. Por outro la<strong>do</strong>, se episódios Wet LF (Dry LF ) são observa<strong>do</strong>s naregião P SEC ocorren<strong>do</strong> aproximadamente em fase com a monção de verão podemos esperar umaantecipação (atraso) <strong>do</strong> ciclo de desenvolvimento <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> em relação à estação úmida,esquematicamente mostra<strong>do</strong> na Fig. 6.16c (Fig. 6.16d).Figura 6.13. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relaçãoao máximo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Wet LF na região P LIM . Anomalias totais <strong>do</strong> GPCPmostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus deliberdade correspondem a quatro episódios Wet LF .127


Figura 6.14. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P LIM . Anomalias totais <strong>do</strong>NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os grausde liberdade correspondem a seis episódios Dry LF .6.5 O papel de episódios anômalos de temperatura em baixa-freqüência na dinâmica dacobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>O padrão de NDVI TA composto durante episódios anômalos de aquecimento (Warm LF ) eresfriamento (Cold LF ) nas T850 LF (°C) é investiga<strong>do</strong> nessa seção. Essa análise considerou apenas aregião homogênea sobre sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil (T SECW ), pois é a que abrange a região <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> (Fig. 4.5b). Sen<strong>do</strong> assim, Warm LF na T SECW ocorreram em 1982/83, 1985/86, 1987/88 e1997/98. As composições são defasadas em relação ao máximo observa<strong>do</strong> nas T850 LF . Elas128


mostram um padrão de NDVI TA negativas entre -6 e -5 meses de defasagem (Fig. 6.17a-b). Nosmeses seguintes, constatam-se padrões de NDVI TA positivas, estenden<strong>do</strong>-se de -3 a 1 (Fig. 6.17d-h).Dessa forma, houve um pre<strong>do</strong>mínio de NDVI TA negativas preceden<strong>do</strong> ao episódio Warm LF ,contribuin<strong>do</strong> para um desenvolvimento da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> abaixo <strong>do</strong> ciclo anual. Mas, NDVI TApositivas vem a ocorrer de -3 meses de defasagem até o mês seguinte ao máximo de T850 LF . Assim,episódios anômalos Warm LF são associa<strong>do</strong>s às NDVI TA positivas sobre o Cerra<strong>do</strong>, onde se nota umaumento de até 0.2 <strong>do</strong> NDVI. Posteriormente, um padrão de NDVI TA negativas retorna a partir dadefasagem de 3 meses (Fig. 6.17j-l).Figura 6.15. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> GPCP (mm/dia) em relaçãoao mínimo de GPCP LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Dry LF na região P LIM . Anomalias totais <strong>do</strong> GPCPmostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus deliberdade correspondem a seis episódios Dry LF .129


(a)NDVI Observa<strong>do</strong>Ciclo anual(b)NDVISummerNDVINDVINDVISummer(c)(d)SummerSummerFigura 6.16: Esquema mostran<strong>do</strong> a influência esperada de episódios anômalos de baixa-freqüência sobre oNDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> (a) fortalecen<strong>do</strong>, (b) enfraquecen<strong>do</strong>, (c) adiantan<strong>do</strong>, (d) atrasan<strong>do</strong> o ciclo anual.Figura 6.17. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao máximo de T850 LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Warm LF na região T SECW . Anomalias totais<strong>do</strong> NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Osgraus de liberdade correspondem a quatro episódios Warm LF .130


Figura 6.18. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> T850 (°C) em relação aomáximo de T850 LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Warm LF na região T SECW . Anomalias totais <strong>do</strong> T850mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus deliberdade correspondem a quatro episódios Warm LF .As T850 TA mostram um padrão de aquecimento anômalo no Brasil central e resfriamentono norte da Argentina (Fig. 6.18d-g). A região T SECW mostrou ter um ciclo semi-anual de temperaturaimportante, contribuin<strong>do</strong> para o máximo em outubro e um pico secundário em março (Fig. 4.16). Seum episódio Warm LF ocorre centra<strong>do</strong> no mês de janeiro em fase com o ciclo anual da vegetação, oaquecimento anômalo causa uma demanda de água da vegetação, através da evapotranspiração.Segun<strong>do</strong> Scanlon et al. (2002), isso pode acelerar os processos de desenvolvimento da vegetaçãoantecipadamente. De acor<strong>do</strong> com Rocha et al. (2002), a evapotranspiração sobre o Cerra<strong>do</strong> ésensível à variabilidade da temperatura. O que não acontece em relação à precipitação segun<strong>do</strong>Colini et al. (2008). Mas em relação a esse aspecto, existe uma ressalva, que é no caso de umepisódio Warm LF ocorrer antes da estação úmida. Por mais que, em perío<strong>do</strong>s de estresse hídrico131


como os meses que precedem o perío<strong>do</strong> chuvoso, na qual a vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> tem apropriedade de fechar os estômatos para inibir a perda de água, ainda assim, pode haver prejuízo nodesenvolvimento da biomassa da vegetação (Durigan et al., 2006).Figura 6.19. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> emrelação ao mínimo de T850 LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Cold LF na região T SECW . Anomalias totais <strong>do</strong>NDVI mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os grausde liberdade correspondem a seis episódios Cold LF .Por outro la<strong>do</strong>, a ocorrência de Cold LF na T SECW foi contabilizada nos anos 1988/89,1989/90, 1990/91, 1991/92, 1992/93 e 1996/97 e se observa padrões de NDVI TA positivas nos mesesque precedem o mínimo de T850 LF , mais precisamente nos meses de defasagem -6 e -5 (Fig.6.19a,b). Nos meses seguintes, constatam-se padrões de NDVI TA negativas, estenden<strong>do</strong>-se de -2 a 1132


mês defasa<strong>do</strong> (Fig. 6.19e-h). Nota-se uma redução de -0.1 <strong>do</strong> NDVI durante ocorrência de episódiosanômalos Cold LF na T SECW , atingin<strong>do</strong> -0.2 em áreas isoladas. Assim, há contribuição anômala paramenor desenvolvimento da vegetação em relação ao ciclo anual, e após isso, retorna o padrão deNDVI TA positivas.O padrão de T850 TA mostra um resfriamento anômalo que começa sobre a região sul eparte <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil na defasagem de -4 meses (Fig. 6.20c). Posteriormente, estende-se sobrea porção central e leste <strong>do</strong> Brasil entre defasagem -3 a 4 meses (Fig. 6.20d-k). Recorda-se aqui queepisódios Cold LF na T SECW são ainda mais persistentes <strong>do</strong> que os episódios anômalos de precipitação,poden<strong>do</strong> se estender de seis meses a um ano, como mostrou o estu<strong>do</strong> da persistência <strong>do</strong>s episódiosno Capítulo 4 (Fig. 4.9).Figura 6.20. Composições defasadas de (a) -6 a (l) 5 meses de anomalias totais <strong>do</strong> T850 (°C) em relação aomínimo de T850 LF observa<strong>do</strong> durante perío<strong>do</strong>s anômalos Cold LF na região T SECW . Anomalias totais <strong>do</strong> T850mostradas são estatisticamente significativas ao nível de confiança de 95%, basea<strong>do</strong> no teste t. Os graus deliberdade correspondem a seis episódios Cold LF .133


A variabilidade sazonal da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> responde aos perío<strong>do</strong>s anômalos deT850 LF com NDVI TA de mesmo sinal. Além disso, se um episódio Warm LF ocorre em fase com aestação úmida, contribui para um desenvolvimento anômalo da vegetação acima <strong>do</strong> ciclo anual,porém mais restrito durante o fim da primavera e início <strong>do</strong> verão austral, isto é, apresentan<strong>do</strong> umaduração mais curta <strong>do</strong> ciclo de desenvolvimento da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (esquematicamentemostra<strong>do</strong> na Fig. 6.16a). Em contrapartida, se um episódio Cold LF vem a ocorrer em fase com aestação úmida, pode contribuir para um ciclo de desenvolvimento com menor amplitude, maspoden<strong>do</strong> apresentar um desenvolvimento de maior duração da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> (Fig. 6.16b).134


┌ Capítulo 7 ┐7. Prognóstico <strong>do</strong> ciclo evolutivo da vegetação <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>Prognóstico <strong>do</strong> ciclo de desenvolvimento da vegetação <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>7.1 Formulação <strong>do</strong> modelo estatístico <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>O Capítulo anterior mostrou a influência de GPCP LF e T850 LF sobre a variabilidadeevolutiva da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Este capítulo discute um modelo estatístico para o prognósticosazonal de NDVI TA sobre o Cerra<strong>do</strong> e que utiliza como preditores GPCP LF e T850 LF previstos peloModelo Auto-regressivo de Projeção Interanual - MARPI (Capítulo 5). A utilidade de um modelo deregressão, medida por sua destreza, depende de quão robusta é a relação <strong>do</strong>s parâmetros deentrada com a variável a ser prevista (Wilks, 1995; Li et al., 2005). Assim, a variabilidade de GPCP LFe T850 LF previstos pelo MARPI sobre as regiões P SEC e T SECW (Fig. 4.5) foi investigadadetalhadamente em capítulos anteriores. Nesta etapa <strong>do</strong> trabalho as resoluções temporais <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sdas GPCP LF , T850 LF e NDVI TA foram transformadas para médias mensais para ser consistente com oNDVI. O modelo foi construí<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> de julho de 1982 a maio de 1990 (série temporal dedesenvolvimento) de mo<strong>do</strong> a estimar o ciclo de desenvolvimento da vegetação na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>.A amostra de validação corresponde a junho de 1990 a junho de 1998. O passo inicial consistiu emdeterminar a ordem <strong>do</strong> modelo estatístico de previsão de NDVI TA . Isto é, essa análise serve paraindicar o número de meses defasa<strong>do</strong>s em relação ao “tempo presente” que será usada na previsão.Para isso, foi obti<strong>do</strong> o preditan<strong>do</strong> Y(NDVI TA ) calcula<strong>do</strong> a partir de regressão linear simples entreNDVI TA e GPCP LF na série temporal de desenvolvimento.YNDVITA( t)= bNGPCPLF( t)+ ε mensal(Eq. 7.1)O coeficiente de regressão b N pôde ser obti<strong>do</strong> deduzin<strong>do</strong> a soma mínima <strong>do</strong>s quadra<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s resíduos. E ε mensal é o erro ou flutuação amostral e foi calcula<strong>do</strong> isolan<strong>do</strong> ε mensal da Eq. 7.1durante a série temporal de desenvolvimento. Ele é considera<strong>do</strong> como a soma das diferenças entreNDVI TA observa<strong>do</strong> em relação ao preditan<strong>do</strong> Y(NDVI TA ). Além disso, foi calcula<strong>do</strong> ε mensal para cadamês, embora se tenha nota<strong>do</strong> que este sofre uma mínima variação ao longo <strong>do</strong>s meses <strong>do</strong> ano(menor <strong>do</strong> que 0.1%).135


Para se determinar a ordem p <strong>do</strong> modelo foram usa<strong>do</strong>s os critérios AIC (Eq. 5.6) e BIC(Eq. 5.7) aplica<strong>do</strong>s à série temporal Y(NDVI TA ). A Tabela 7.1 mostra os resulta<strong>do</strong>s de modelos autoregressivos(AR) de Y(NDVI TA ) para 5 ordens de defasagens. A função de autocorrelação indicamínimo decaimento até <strong>do</strong>is meses (2ª coluna), enquanto a variação <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco S 2 e tambémdiminui à medida que a ordem aumenta até p = 2 (3ª coluna). As duas últimas colunas são asestatísticas BIC e AIC e ambas sugerem que há um mínimo no modelo AR de ordem p = 2 meses. Defato, a variabilidade das NDVI TA mostrou ser relacionada às GPCP LF e T850 LF , na qual a modelagemestatística dessas anomalias investigada no Cap. 5 também apresenta modelo AR de ordem 2.Tabela 7.1: Seleção da ordem p <strong>do</strong> modelo AR para anomalias totais <strong>do</strong> NDVI. É mostrada também aautocorrelação Rp, variância <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> branco, estatísticas AIC (Eq. 5.6) e BIC (Eq. 5.7). Mínimos em AIC e BICsão destaca<strong>do</strong>s.AR modelLag p R p S 2 e (p) BIC(p) AIC(p)0 1,000 5,974E+00 -1704,1 -1699,21 0,997 7,610E-12 -23952,6 -24006,02 0,980 9,970E-12 -24201,5 -24259,83 0,949 1,714E-11 -23454,6 -23498,34 0,906 8,763E-11 -21921,9 -21955,85 0,853 1,298E-07 -15009,3 -15033,5O passo seguinte foi testar um modelo de regressão linear simples, inicialmente apenascom a série temporal de GPCP LF como preditores (Eq. 7.2). Assim, NDVI TA é o preditan<strong>do</strong> (variáveldependente) em função de τ (tempo de previsão mensal) e o tempo inicial t. O b GPCPn p é ocoeficiente de regressão em função de N preditores (GPCP LF de entrada no modelo) e p ordem <strong>do</strong>modelo (defasagem no tempo). O coeficiente de regressão b GPCPn p é determina<strong>do</strong> através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>de soma <strong>do</strong>s mínimos quadra<strong>do</strong>s e MARPI GPCPn são os preditores (variáveis independentes).NDVITAP( τ + t)= ∑ ∑ bGPCPnp ( τ ) MARPI GPCPn ( t − p + 1) + εp=1Nn=1mensal,(Eq. 7.2).136


Experimentos de ordem de 1 a 3 foram executa<strong>do</strong>s para avaliar a destreza <strong>do</strong>s modelos.Os resulta<strong>do</strong>s são mostra<strong>do</strong>s através da destreza da previsão iniciada a cada mês de junho afevereiro com tempo de previsão de 4 meses (Fig. 7.1a-i) e avalia<strong>do</strong>s na série temporal de validaçãode junho de 1990 a junho de 1998. Em cada mês, a correlação foi calculada utilizan<strong>do</strong> 8 anosindependentes. A Figura 7.1a mostra a correlação da previsão iniciada no mês de junho (t = 0) eda<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> NDVI TA no mesmo perío<strong>do</strong>, onde se notam correlações acima de 0.6, exceto nomês de agosto. Cada curva refere-se a modelos de diferentes ordens e seus resulta<strong>do</strong>s são muitosemelhantes. A destreza na previsão <strong>do</strong> mês de outubro tem correlação em torno de 0.86. Do 5ª mêsde previsão adiante, a correlação diminui vertiginosamente abaixo de 0.6 (não mostra<strong>do</strong>).1 2 3Figura 7.1: Teste de sensibilidade para o aumento da ordem <strong>do</strong> modelo de regressão <strong>do</strong> NDVI. Cada curvaindica a correlação entre previsão <strong>do</strong> modelo e amostra de validação de ordem 1 a 3 meses. Previsões usan<strong>do</strong> asGPCP LF como preditores iniciadas de (a) junho a (i) fevereiro.137


Para previsão iniciada no mês de julho (Fig. 7.1b), que é quan<strong>do</strong> o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>passa a apresentar curva ascendente no ciclo anual (veja Fig. 6.1), o modelo de ordem 1 é levementemelhor <strong>do</strong> que ordem 2 e 3 até o 2ª mês previsto. Além disso, a partir da previsão iniciada no mês denovembro (Fig. 7.1f), quan<strong>do</strong> o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> está próximo <strong>do</strong> máximo no ciclo anual eposteriormente começará a inverter para curva descendente, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s modelos comdiferentes ordens mostram-se bastante comprometi<strong>do</strong>s no 3ª mês de previsão, com a correlaçãofican<strong>do</strong> abaixo de 0.6. Nota-se também que o modelo de ordem 1 apresenta melhor destreza, e isso émais evidente na previsão iniciada em fevereiro, já no fim da estação úmida (Fig. 7.1i) .A destreza <strong>do</strong> modelo de ordem 1 a 3 também foi analisada segun<strong>do</strong> o S.RMS (Eq. 5.5),que mostra valores menores <strong>do</strong> que 1.0 para previsões iniciadas no mês de junho (Fig. 7.2a). Isto é,representa que o S.RMS <strong>do</strong>s modelos não são maiores <strong>do</strong> que a própria variabilidade de NDVITA. NaFig. 7.2b há S.RMS maior <strong>do</strong> que 1.0 a partir de outubro (3ª mês de previsão), mas apenas para omodelo de ordem 1. Já as previsões iniciadas nos meses subseqüentes mostram S.RMS menor <strong>do</strong>que 1.0 (Fig. 7.2c-g), exceto o 3ª mês da previsão iniciada em outubro (Fig. 7.2e). Além disso,praticamente não há distinção de resulta<strong>do</strong>s entre modelos de ordem 1,2 e 3 nesse perío<strong>do</strong>. Éinteressante observar que a partir das previsões iniciadas em novembro, o modelo de ordem 1apresenta S.RMS levemente menor <strong>do</strong> que os demais. Isso é mais evidente nas previsões iniciadasem janeiro e fevereiro (Fig. 7.2h,i). Modelos de ordem maior mostraram resulta<strong>do</strong>s semelhantes aomodelo de ordem 3 (não mostra<strong>do</strong>). Através dessa análise, notou-se que to<strong>do</strong>s os modelosaverigua<strong>do</strong>s (ordens 1 a 3) apresentam melhores resulta<strong>do</strong>s nas previsões durante a primavera.Nesse perío<strong>do</strong>, o modelo de ordem 2 indica<strong>do</strong> pelas estatísticas AIC e BIC mostra destreza útil até o3ª mês previsto e os modelos de ordem maior não fornecem considerável ganho na destreza. Casofosse utiliza<strong>do</strong> modelo de ordem maior, isso levaria a um super-ajustamento <strong>do</strong> modelo a essaamostra de da<strong>do</strong>s de desenvolvimento específica (Katz e Parlange, 1993). Nas previsões iniciadasentre novembro e fevereiro o modelo de ordem 1 é levemente melhor, embora a destreza se restrinjaao 2ª mês previsto.138


1 2 3Figura 7.2: Teste de sensibilidade para o aumento da ordem <strong>do</strong> modelo de regressão <strong>do</strong> NDVI. Cada curvaindica a S.RMS entre previsão <strong>do</strong> modelo e amostra de validação de ordem 1 a 3 meses. Previsões usan<strong>do</strong> asGPCP LF como preditores iniciadas de (a) junho a (i) fevereiro.7.2 Validação <strong>do</strong> modeloPara verificar a destreza <strong>do</strong>s preditores GPCP LF e T850 LF , três modelos foram propostos.O primeiro com as GPCP LF como preditores (linha sólida, Fig. 7.3), outro apenas com as T850 LF (linhatracejada intercalada com um ponto), e o terceiro com GPCP LF e T850 LF (linha tracejada intercaladacom três pontos). Esse último, seguin<strong>do</strong> a Eq. 7.3.NDVITAP( τ + t)= ∑ ∑bGPCPn p(τ)MARPIBFp=1Nn=1Pp=1N+ ∑ ∑ bn=1T 850GPCPBFnBFn p( t − p + 1) +( τ ) MARPI ( t − p + 1) + εT 850BFnmensal,(Eq. 7.3).139


Neste caso, a ordem <strong>do</strong> modelo é fixa em 2 e a validação feita para a série temporal deNDVI TA sobre o Cerra<strong>do</strong> de junho de 1990 a junho de 1998 (da<strong>do</strong>s independentes). Na Figura 7.3a,tem-se a correlação entre NDVI TA e as previsões <strong>do</strong>s modelos inicia<strong>do</strong>s em junho (t = 0) com tempode previsão até outubro. Além disso, também é mostrada a correlação <strong>do</strong> NDVI TA com o seu valorpersisti<strong>do</strong> (curva tracejada). Para a verificação durante os meses que antecedem o início dasmonções (Fig. 7.3b,c), o modelo conten<strong>do</strong> apenas GPCP LF como preditores apresenta destreza deprevisões úteis até o 3ª mês. Isso deixa de ocorrer nos meses subseqüentes <strong>do</strong> verão, com acorrelação desse modelo fican<strong>do</strong> acima de 0.6 apenas até o 2ª mês. Por outro la<strong>do</strong>, o modelo comGPCP LF -T850 LF passa a ser melhor <strong>do</strong> que aquele com apenas GPCP LF na previsão iniciada emoutubro (Fig. 7.3e). De fato, o modelo com GPCP LF -T850 LF apresenta uma melhor destreza <strong>do</strong> que osdemais durante o perío<strong>do</strong> sazonal de verão. Ou seja, exatamente na verificação durante os meses dajá estabelecida monções de verão, principalmente em relação ao tempo de previsão de 3 meses. Omodelo com apenas as T850 LF é até menos eficiente <strong>do</strong> que o NDVI TA persisti<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os mesesinicia<strong>do</strong>s. É interessante observar que a correlação de NDVI TA persisti<strong>do</strong> aumenta a partir <strong>do</strong> máximodesenvolvimento da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, que é observa<strong>do</strong> em janeiro. Isso é mais evidente na Fig.7.3h, onde no 1ª mês de previsão, a correlação com o valor persisti<strong>do</strong> chega a ser maior <strong>do</strong> que omodelo com GPCP LF -T850 LF . Além disso, a destreza <strong>do</strong>s modelos foi menor <strong>do</strong> que 0.6 <strong>do</strong> 2ª mêsprevisto a diante. Como mostra<strong>do</strong> anteriormente, existe o fato <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> ter duranteos meses de fim da estação úmida no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil uma grande variabilidade,maior até <strong>do</strong> que os meses de início desse perío<strong>do</strong> sazonal (veja Fig. 6.6). Entretanto, o modelo comGPCP LF -T850 LF tem melhor destreza principalmente na previsão de 3 meses, verificada durante otérmino das monções de verão (Fig. 7.3g-i).Na Figura 7.4 mostra o S.RMS entre NDVI TA e as previsões <strong>do</strong>s modelos estatísticos comGPCP LF , T850 LF e ambos preditores inicia<strong>do</strong>s de junho a fevereiro. O S.RMS também foi calcula<strong>do</strong>em relação ao valor persisti<strong>do</strong> <strong>do</strong> NDVI TA . Nota-se que o modelo com GPCP LF -T850 LF é melhor <strong>do</strong>que aquele apenas com GPCP LF para o 1ª mês de previsão (Fig. 7.4a). As previsões iniciadas emjulho (t = 0) mostram o S.RMS acima de 1.0 no 3ª mês previsto para to<strong>do</strong>s os modelos (Fig. 7.4b).Isso ocorre também nas previsões iniciadas em agosto e setembro, exceto para o modelo comGPCP LF (Fig. 7.4c,d). As previsões iniciadas em novembro e dezembro mostram resulta<strong>do</strong>ssatisfatórios com os modelos GPCP LF -T850 LF e aquele apenas com GPCP LF . De forma geral, omodelo com GPCP LF apresenta maior destreza principalmente para o 3ª mês previsto. Mas exceto140


pelas previsões iniciadas em novembro, a destreza <strong>do</strong> modelo com GPCP LF -T850 LF fica semelhanteou levemente melhor durante o verão e início <strong>do</strong> outono (Fig. 7.4e-i). Além disso, os modelos comGPCP LF -T850 LF ou apenas com GPCP LF apresentaram melhores resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que a persistência,embora o seu S.RMS diminuía durante verão e início <strong>do</strong> outono. Isso concorda com a correlaçãomostrada anteriormente (veja Fig. 7.3). O modelo apenas com T850 LF mostra S.RMS maior <strong>do</strong> que1.0 já no 1ª mês de previsão, sen<strong>do</strong> a destreza menos eficiente <strong>do</strong> que a persistência.PREDICTOR-GPCP LFPREDICTORS-GPCP LF + T850 LFPREDICTOR-T850 LFPersistenceFigura 7.3: Validação <strong>do</strong> modelo estatístico de previsão <strong>do</strong> NDVI através da correlação entre previsão <strong>do</strong>modelo e amostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes equivalente a 8 anos). Cada curva indica previsões usan<strong>do</strong>diferentes preditores iniciadas de (a) junho a (i) fevereiro. Destreza da persistência também é mostrada nacorrelação.A destreza de modelos estatísticos de previsão de NDVI TA mostra aspectos distintos paraas fases sazonais <strong>do</strong> ciclo anual <strong>do</strong> NDVI, início, meio e fim da estação úmida. De certa forma, omodelo com apenas GPCP LF mostra a melhor destreza dentre os modelos analisa<strong>do</strong>s nas previsõesiniciadas entre junho e setembro. Por outro la<strong>do</strong>, as previsões iniciadas entre outubro a fevereiroapresentam melhores resulta<strong>do</strong>s com o modelo GPCP LF -T850 LF .141


PREDICTOR-GPCP LFPREDICTORS-GPCP LF+ T850 LFPREDICTOR-T850 LFPersistenceFigura 7.4: Validação <strong>do</strong> modelo estatístico de previsão <strong>do</strong> NDVI através <strong>do</strong> S.RMS entre previsão <strong>do</strong> modelo eamostra de validação (da<strong>do</strong>s independentes equivalente a 8 anos). Cada curva indica previsões usan<strong>do</strong> diferentespreditores iniciadas de (a) junho a (i) fevereiro. Destreza da persistência também é mostrada.7.3 Estu<strong>do</strong> de casos: previsões <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>Nesta seção, serão avalia<strong>do</strong>s os prognósticos sazonais <strong>do</strong> NDVI durante as monções deverão de: (1ª) 1989/90, quan<strong>do</strong> ciclo evolutivo <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> foi antecipa<strong>do</strong> em relação aociclo anual associa<strong>do</strong> a um episódio anômalo Wet LF ; (2ª) 1990/91, quan<strong>do</strong> o máximo desenvolvimentofoi atrasa<strong>do</strong> com a presença de um episódio Cold LF nos meses de início das monções de verão; (3ª)1997/98, quan<strong>do</strong> da ocorrência de um episódio Warm LF durante o verão, o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>estava abaixo <strong>do</strong> ciclo anual no início da estação úmida e posteriormente foi observa<strong>do</strong> acima.142


Com base na validação <strong>do</strong>s modelos, nós selecionamos o modelo com preditores sen<strong>do</strong>apenas as GPCP LF para previsões iniciadas até o mês de setembro. O modelo GPCP LF -T850 LF ficou acargo das previsões de outubro em diante até o fim <strong>do</strong> verão austral. Isso porque foram tais modelosque apresentaram melhores resulta<strong>do</strong>s durante esses respectivos perío<strong>do</strong>s sazonais.Uma vez que as previsões de NDVI TA são obtidas pelo modelo estatístico, o ciclo anual éadiciona<strong>do</strong> a NDVI TA para se obter o produto final de previsão. No caso <strong>do</strong> modelo apenas com asGPCP LF a Eq. 7.2 fica:NDVIP( τ + t)= bCiclo−anual( τ ) + ∑ ∑ bGPCPnp ( τ ) MARPI GPCPn ( t − p + 1) + εp=1Nn=1mensal,(Eq. 7.4).Onde b ciclo-anual é o ciclo anual, sen<strong>do</strong> o intercepto <strong>do</strong> NDVI TA . O b GPCPn p é o coeficiente de regressãoem função de N preditores (MARPI GPCPn ) e p ordem <strong>do</strong> modelo. O ciclo anual é mostra<strong>do</strong> na Figura7.5 (linha tracejada fraca), juntamente a previsão <strong>do</strong> modelo apenas com GPCP LF (linha sólida), emodelo com GPCP LF -T850 LF (linha tracejada intercalada com 3 pontos), além <strong>do</strong> NDVI observa<strong>do</strong>durante o mesmo perío<strong>do</strong> (traceja<strong>do</strong> forte).1ª caso: 1989/90O NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> durante os meses de início da monção de verão 1989/90mostra um pico anômalo ocorren<strong>do</strong> em setembro (Fig. 7.5a-d). Ele é associa<strong>do</strong> ao episódio Wet LFobserva<strong>do</strong> na região P SEC (Fig. 4.10d). De fato, o caso 1989/90 apresenta-se com a monção de verãoda América <strong>do</strong> Sul ocorren<strong>do</strong> precocemente em relação à climatologia (Silva e Carvalho, 2007), comanomalias de chuvas bem acima <strong>do</strong> ciclo anual entre outubro e dezembro. As previsões <strong>do</strong> NDVIiniciadas entre junho a agosto mostram uma leve tendência <strong>do</strong> NDVI acima <strong>do</strong> ciclo anual (Fig. 7.5ac).O padrão de GPCP LF observa<strong>do</strong> mostra GPCP LF positivas ao norte e negativas mais ao sul <strong>do</strong>sudeste <strong>do</strong> Brasil, sen<strong>do</strong> esse padrão previsto pelo modelo MARPI (Fig. 5.21). O prognóstico <strong>do</strong>modelo com GPCP LF -T850 LF iniciada em outubro a diante prevê o NDVI levemente abaixo <strong>do</strong> cicloanual, somente inverten<strong>do</strong> para acima <strong>do</strong> ciclo anual em mea<strong>do</strong>s de maio (Fig. 7.5e-i). Entretanto,NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> não mostra essa característica, fican<strong>do</strong> acima <strong>do</strong> ciclo anual, praticamentesustentan<strong>do</strong> valores em torno de 0.55. Esse padrão de constância em longo prazo é apresenta<strong>do</strong> naprevisão <strong>do</strong> modelo, porém com uma diferença de -0.05. Isso se deve em parte a previsões <strong>do</strong>modelo MARPI, que se limita aos padrões de variabilidade de grande escala. O que não ocorreu143


durante esse verão, pelo contrário, notou-se uma variabilidade espacial de GPCP LF positivas enegativas em áreas isoladas (Fig. 5.22e-h). Notou-se também que houve uma forte precipitaçãoanômala durante mea<strong>do</strong>s de outubro, inverten<strong>do</strong> o sinal das anomalias no mês de janeiro (Fig.4.10d), na qual esse padrão de variabilidade foi proposto em Grimm et al. (2007). De janeiro adiante,o episódio Wet LF na região P SEC já não estava mais atuan<strong>do</strong>. Além disso, o ENOS, que pode ter umainfluência nos padrões de grande escala de GPCP LF sobre a América <strong>do</strong> Sul, encontrava-se na faseneutra.PREDICTOR-GPCP LFPREDICTORS-GPCP LF+ T850 LFNDVI observa<strong>do</strong>CICLO ANUALFigura 7.5: Comparação entre previsão estatística <strong>do</strong> NDVI iniciada de (a) junho a (i) fevereiro durante amonção de verão de 1989/90. Modelo com GPCP LF (GPCP LF +T850 LF ) usa<strong>do</strong> nas previsões iniciadas de junho asetembro (outubro a fevereiro). Ciclo anual correspondente também é mostra<strong>do</strong>.2ª caso: 1990/91O perío<strong>do</strong> de monção de verão 1990/91 da América <strong>do</strong> Sul também esteve relaciona<strong>do</strong>com ausência de eventos ENOS e com variabilidades de anomalias de GPCP LF regionais de difícil144


previsibilidade, como mostra<strong>do</strong> nos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> modelo MARPI (Fig. 5.23 e 5.24) e discutidas emKrishnamurthy e Misra (2007). O mínimo <strong>do</strong> NDVI foi observa<strong>do</strong> em julho e não previsto pelo modelocom GPCP LF (Fig. 7.6a). Assim, na previsão iniciada em julho (t = 0), o modelo aponta para NDVIacima <strong>do</strong> ciclo anual em agosto e setembro, e posteriormente abaixo (Fig. 7.6b). Entretanto, o NDVIsobre o Cerra<strong>do</strong> mostra curva ascendente com máximo em fevereiro intercala<strong>do</strong> por um picosecundário em dezembro. O modelo com GPCP LF prevê razoavelmente essa ascensão, embora setenha constata<strong>do</strong> ausência de episódios anômalos de GPCP LF durante esse perío<strong>do</strong>. Isso pode terocorri<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> ao prognóstico errôneo de GPCP LF contribuin<strong>do</strong> para início tardio da monção deverão e consequentemente, atrasan<strong>do</strong> a estação úmida (veja Fig. 5.23). Na verdade, neste casopre<strong>do</strong>minou a variabilidade de mais alta freqüência, com chuvas intermitentes que levaram a estaçãoúmida a ocorrer de forma antecipada (Krishnamurthy e Misra, 2007). Ainda assim, as previsõesiniciadas em agosto e setembro com o modelo usan<strong>do</strong> apenas GPCP LF foram razoáveis, mostran<strong>do</strong> atendência de inclinação positiva da curva <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> (Fig. 7.6c,d). Porém, durante overão, o modelo com GPCP LF e T850 LF tendeu a subestimar o NDVI observa<strong>do</strong> e assim, erran<strong>do</strong>inclusive o sinal em relação ao ciclo anual (Fig. 7.6e-i). Desta forma, a destreza da previsão serestringiu ao 1ª mês. Isto é, o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> oscilou com picos em dezembro e fevereiro(máximo), que só foi razoavelmente previsto pelo modelo com antecedência de um mês. Isso reflete apre<strong>do</strong>minância da variabilidade de mais alta freqüência nos padrões atmosféricos durante asmonções de verão desse caso.3ª caso: 1997/98O terceiro e último caso aborda<strong>do</strong> aqui foi um caso particular na qual pre<strong>do</strong>minoupadrões de baixa-freqüência de El Niño forte sobre a América <strong>do</strong> Sul e, que é associa<strong>do</strong> à ocorrênciade chuvas intensas mais ao sul <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Brasil durante o verão (Liebmann et al., 2001; Grimmet al., 2003; Muza et al., 2009). Além disso, mostrou-se que essa região apresenta GPCP LF positivasno padrão de variabilidade de episódio Wet LF na P SBR (Fig. 4.21e). Durante o fim da estação seca <strong>do</strong>ano de 1997, NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> estava levemente acima <strong>do</strong> ciclo anual, principalmente pelaocorrência de um episódio Wet LF na P SEC no fim da estação úmida de 1996/97 (veja Fig. 4.10e).Assim, o mínimo <strong>do</strong> NDVI veio a ocorrer em setembro de 1997, o que está de acor<strong>do</strong> com os estu<strong>do</strong>sde Dessay et al. (2004). Posteriormente, ocorreram chuvas acima da média na região P SEC no iníciodas monções de 1997/98, antes que o episódio Dry LF nessa mesma região atingisse seu máximo em145


janeiro (veja Fig. 4.11g). Essas chuvas anômalas contribuíram para a curva ascendente <strong>do</strong> NDVIsobre o Cerra<strong>do</strong> logo após o mínimo ocorri<strong>do</strong> em setembro. Entretanto, o modelo com GPCP LF nãopreviu o mínimo <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong> em setembro (Fig. 7.7a-d). De fato, issorepresenta uma limitação <strong>do</strong>s modelos para previsão de NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>s nopresente estu<strong>do</strong>. Os modelos desenvolvi<strong>do</strong>s aqui não conseguem acertar o mínimo no NDVI queocorre, geralmente entre junho e setembro, embora neste caso de 1997/98 tenha havi<strong>do</strong> acontribuição de um fortíssimo padrão de baixa-freqüência, onde as previsões <strong>do</strong> modelo MARPIforam de grande eficácia e com destreza se estenden<strong>do</strong> para além de 3 meses (Fig. 5.25). Issoporque nota-se uma variação temporal mais rápida nesse mínimo, enquanto os preditores <strong>do</strong> modelosão as variabilidades de baixa-freqüência da precipitação e temperatura. Isso está de acor<strong>do</strong> com acorrelação <strong>do</strong>s modelos durante o 2ª e 3ª mês de previsões iniciadas em junho (Fig. 7.3a).PREDICTOR-GPCP LFPREDICTORS-GPCP LF+ T850 LFNDVI observa<strong>do</strong>CICLO ANUALFigura 7.6: Comparação entre previsão estatística <strong>do</strong> NDVI iniciada de (a) junho a (i) fevereiro durante amonção de verão de 1990/91. Modelo com GPCP LF (GPCP LF +T850 LF ) usa<strong>do</strong> nas previsões iniciadas de junho asetembro (outubro a fevereiro). Ciclo anual correspondente também é mostra<strong>do</strong>.146


PREDICTOR-GPCP LFPREDICTORS-GPCP LF + T850 LFNDVI observa<strong>do</strong>CICLO ANUALFigura 7.7: Comparação entre previsão estatística <strong>do</strong> NDVI iniciada de (a) junho a (i) fevereiro durante amonção de verão de 1997/98. Modelo com GPCP LF (GPCP LF +T850 LF ) usa<strong>do</strong> nas previsões iniciadas de junho asetembro (outubro a fevereiro). Ciclo anual correspondente também é mostra<strong>do</strong>.Em contrapartida, NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> durante o verão de 1997/98 esteve acima <strong>do</strong>ciclo anual e atingiu o seu máximo em maio, aspecto esse que foi constata<strong>do</strong> também por Dessay etal. (2004). Nota-se também uma mínima variação <strong>do</strong> NDVI acima <strong>do</strong> ciclo anual, na qual o modeloGPCP LF –T850 LF previu de forma satisfatória (Fig. 7.7f-i). Além disso, a tendência de longo perío<strong>do</strong>está intrínseca as previsões <strong>do</strong>s modelos, tanto aquele que usa apenas o GPCP LF como o modeloGPCP LF –T850 LF . Isso está relaciona<strong>do</strong> com a ocorrência de fenômenos de mais baixa-freqüênciacomo a influência de episódio Warm LF na região T SECW sobre o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> (Fig. 4.16d). Ospicos máximo e mínimo da variabilidade <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> podem estar associa<strong>do</strong>s àsinfluências de escalas temporais mais rápidas. Em alguns casos, a variabilidade <strong>do</strong> NDVI sobre oCerra<strong>do</strong> pode apresentar-se bastante diferente <strong>do</strong> ciclo anual, inclusive fora de fase. Por essa razão,as previsões <strong>do</strong>s modelos estatísticos para o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>, embora dependa das relaçõeslineares entre atmosfera e cobertura vegetal, tornam-se bastante úteis no monitoramente eprognóstico sazonal desse ecossistema.147


┌ Capítulo 8 - Conclusão ┐8. Conclusão8.1 Sumário e conclusões gerais <strong>do</strong> trabalhoVários objetivos motivaram o desenvolvimento deste trabalho. Em primeiro lugarepisódios anômalos de baixa-freqüência nos padrões de precipitação e temperatura no centro-lesteda América <strong>do</strong> Sul foram investiga<strong>do</strong>s a fim de se identificar mecanismos atmosféricos que interferemna estação úmida durante as monções de verão austral. Além disso, em razão da alta importânciadas anomalias de baixa-freqüência na modulação da monção de verão, investigou-se o potencialdesta variabilidade na formulação de um modelo estatístico de previsão. O presente estu<strong>do</strong> tambémaborda os efeitos das anomalias de baixa-freqüência sobre a dinâmica da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>brasileiro e seu ciclo evolutivo durante a estação úmida. Em razão <strong>do</strong> sucesso <strong>do</strong> modelo estatísticode previsão da variabilidade de baixa-freqüência na formulação da precipitação e temperatura <strong>do</strong> ar,este trabalho apresenta o aspecto inova<strong>do</strong>r de utilizar estas previsões como preditores <strong>do</strong> cicloevolutivo da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> brasileiro no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil.A filtragem de da<strong>do</strong>s foi utilizada para caracterizar a variabilidade de baixa-freqüência,definida aqui como perío<strong>do</strong>s maiores <strong>do</strong> que 370 dias, nos campos de precipitação e temperatura <strong>do</strong>ar em 850 hPa. Três regiões homogêneas sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul foram identificadasem função da distribuição temporal das anomalias de precipitação em baixa-freqüência, enquantoque, para as anomalias de temperatura em baixa-freqüência, duas regiões homogêneas foramselecionadas. Episódios anômalos sobre cada região foram investiga<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> de 1979 a 2005,também defini<strong>do</strong>s em função da distribuição temporal da precipitação e temperatura em baixafreqüênciaatravés <strong>do</strong>s percentis de 75% (25%) e denomina<strong>do</strong>s episódios Wet LF e Warm LF (Dry LF eCold LF ), respectivamente. Esses episódios têm um perío<strong>do</strong> de ocorrência que transcende a escalasazonal, persistin<strong>do</strong> aproximadamente entre 18 a 54 pêntadas e assim ten<strong>do</strong> influência interanualpara cada região específica. Dessa forma, eles atuam como fenômenos de baixa-freqüência quemodulam as séries temporais de anomalias de chuva e temperatura acima ou abaixo da climatologia.Além disso, eles têm certo impacto no início, distribuição ou fim da estação chuvosa. Além disso,episódios anômalos Warm LF ou Cold LF no sudeste <strong>do</strong> Brasil modulam as anomalias totais de148


temperatura em qualquer época <strong>do</strong> ano, enquanto que no sul <strong>do</strong> Brasil essa característica é maisevidente apenas na primavera. Os mecanismos dinâmicos <strong>do</strong>minantes para episódios anômalos deprecipitação e temperatura em baixa-freqüência parecem completamente dependentes da específicaregião em foco. Isto é, durante episódios anômalos positivos e negativos de precipitação etemperatura em baixa-freqüência mostram-se padrões atmosféricos distintos em cada região. Nessesenti<strong>do</strong>, a circulação atmosférica próxima à superfície no Brasil central claramente indica aimportância das anomalias de vento noroeste (sudeste) em baixa-freqüência para episódios Wet LF(Dry LF ) no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil, contribuin<strong>do</strong> para levar ar tropical quente e úmi<strong>do</strong> (frio emais seco) para essa região. Na temperatura anômala em baixa-freqüência notou-se um dipolo entrea zona tropical e latitudes médias da América <strong>do</strong> Sul e Atlântico Sul, que também apresenta padrõesdistintos de circulação anômala na mesma escala de tempo. Em baixos níveis, uma circulaçãociclônica sobre o centro-leste da América <strong>do</strong> Sul está associada a episódios Cold LF e Wet LF . Por outrola<strong>do</strong>, episódios Warm LF e Dry LF são relaciona<strong>do</strong>s à circulação anticiclônica em baixos níveis navariabilidade de baixa-freqüência.Modelos estatísticos de previsão da variabilidade de baixa-freqüência nos campos deprecipitação e temperatura <strong>do</strong> ar em 850 hPa foram desenvolvi<strong>do</strong>s com intuito de serem aplica<strong>do</strong>spara previsão em tempo real. Para tanto, uma meto<strong>do</strong>logia foi desenvolvida para se minimizar oserros nas extremidades de séries temporais filtradas para reter variações em baixa-freqüência. Esteprocedimento foi de fundamental importância, pois permite que o modelo estatístico apresenta<strong>do</strong> aquipossa ser utiliza<strong>do</strong> para previsão de tempo real. Nesse estu<strong>do</strong>, esse problema foi adequadamentetrata<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> Funções Ortogonais Empíricas (EOF) para projetar as anomalias de precipitação(com remoção apenas da climatologia) nos principais mo<strong>do</strong>s de baixa-freqüência sobre um <strong>do</strong>mínioengloban<strong>do</strong> a América <strong>do</strong> Sul (50°S a 10°N, 80W° a 20W°). A reconstrução <strong>do</strong>s campos de anomaliasde precipitação e temperatura em baixa-freqüência foi altamente correlacionada com os da<strong>do</strong>sobserva<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> utilizou-se os 12 primeiros mo<strong>do</strong>s no caso da precipitação e 8 primeiros mo<strong>do</strong>sno caso da temperatura.A etapa seguinte correspondeu em desenvolver e validar o Modelo Auto-regressivo deProjeção Interanual - MARPI. O desenvolvimento compreendeu a identificação da ordem <strong>do</strong> modelo eteste de preditores, na qual os resulta<strong>do</strong>s mostraram que um modelo de ordem 2 é o ideal para oprognóstico da projeção interanual, de forma a evitar um super-ajustamento <strong>do</strong> modelo para oconjunto de da<strong>do</strong>s. A verificação <strong>do</strong> modelo com da<strong>do</strong>s independentes mostrou correlações acima de0.6 estenden<strong>do</strong>-se pelo menos até 18 pêntadas, sen<strong>do</strong> progressivamente melhor <strong>do</strong> que o valor149


persisti<strong>do</strong>. O erro quadrático médio padroniza<strong>do</strong> (S.RMS) pelo desvio padrão das anomalias deprecipitação de baixa-freqüência foi ainda melhor, com valores menores <strong>do</strong> que 1.0 até 24 pêntadas.As previsões no campo espacial foram obtidas pela reconstrução <strong>do</strong>s campos deanomalias de precipitação e temperatura em baixa-freqüência a partir <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de variabilidade e aprojeção interanual prevista de 1 a 24 pêntadas. Espacialmente, a destreza <strong>do</strong> modelo sobre asregiões <strong>do</strong> sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil, principalmente quan<strong>do</strong> essas estiveram sobre o efeito deepisódios anômalos de baixa-freqüência mostrou correlações acima de 0.6 e RMS.S menor <strong>do</strong> que1.0 estenden<strong>do</strong>-se até 18 pêntadas. A previsão melhorou especificamente sobre as regiões deinteresse durante ocorrência de episódios anômalos, tanto quanto durante El Niño ou La Niña, naqual a destreza <strong>do</strong> modelo é boa sobre praticamente to<strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio da América <strong>do</strong> Sul. Encontrou-seuma área de menor previsibilidade sobre os Esta<strong>do</strong>s brasileiros <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e São Paulo,principalmente quan<strong>do</strong> há ausência de episódios anômalos. Essa área corresponde exatamente àregião homogênea P LIM identificada na variabilidade interanual <strong>do</strong> GPCP. Entretanto, os resulta<strong>do</strong>ssugeriram que a utilização de mais mo<strong>do</strong>s de variabilidade, ou seja, os 12 primeiros mo<strong>do</strong>spermitiram uma melhor destreza <strong>do</strong> modelo sobre regiões como o sudeste e centro-oeste, inclusivedurante os meses de início da estação úmida. Além disso, os produtos de previsão podem serdesenvolvi<strong>do</strong>s sobre <strong>do</strong>mínios de regiões específicas <strong>do</strong> centro-leste da América <strong>do</strong> Sul, contribuin<strong>do</strong>para a previsão climática de centros nacionais e regionais, e também auxilian<strong>do</strong> no diagnóstico ecompreensão <strong>do</strong>s mecanismos de grande escala para posterior prognóstico sazonal de consenso.Esses resulta<strong>do</strong>s são de suma importância, por exemplo, para o setor energético <strong>do</strong> país, uma vezque podem definir a estratégia de utilização da água nas bacias hidrográficas para os perío<strong>do</strong>ssazonais futuros.Outra questão endereçada nos objetivos <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi de investigar a respostada vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> às variabilidades sazonais de perío<strong>do</strong>s anômalos de precipitação etemperatura em baixa-freqüência sobre o sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil. A relação entre anomaliasno NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> e os episódios anômalos de baixa-freqüência aqui investiga<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong>de 1982 a 1998 mostra que episódios Wet LF (Dry LF ) favorecem a evolução da vegetação acima(abaixo) <strong>do</strong> ciclo anual. Isto é, mostra-se que houve um aumento (redução) de até 0.2 <strong>do</strong> NDVIrelativo à ocorrência de episódios anômalos Wet LF e Warm LF (Dry LF e Cold LF ). Nesse cenário,observou-se que isso ocorre antecipadamente ao episódio anômalo apresentar maior amplitude, sejaele Wet LF ou Dry LF . Os episódios Warm LF (Cold LF ), que contribuem para que as anomalias <strong>do</strong> NDVIocorram acima (abaixo) <strong>do</strong> ciclo anual, mostram um cenário de anomalias de NDVI de sinais150


contrários, 5 meses antes e 3 meses após a máxima amplitude <strong>do</strong> episódio anômalo. Dessa maneira,Warm LF (Cold LF ) pode contribuir para um ciclo evolutivo da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> na estação úmidacom duração mais curta (longa).As previsões <strong>do</strong> MARPI de precipitação e temperatura foram aplicadas nodesenvolvimento de um modelo estatístico para prever o ciclo evolutivo da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>através de um modelo de regressão. Isto é, um exemplo de aplicação para os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> MARPIfoi demonstra<strong>do</strong> de forma também a averiguar a importância <strong>do</strong>s mecanismos de baixa-freqüência narelação linear clima-ambiente. Nesta etapa <strong>do</strong> trabalho, to<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s prévios convergem paraum mesmo propósito. Isto é, a variabilidade de baixa-freqüência na precipitação e temperatura sobreo sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil modifican<strong>do</strong> o ciclo evolutivo da vegetação sobre a região deCerra<strong>do</strong> forma à base para a<strong>do</strong>ção de um modelo estatístico de previsão.Finalmente, a destreza <strong>do</strong> modelo estatístico de previsão <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>mostrou característica particular para cada perío<strong>do</strong> distinto de início, meio ou fim da estação úmidarelacionada com o ciclo anual no NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong>. Tal modelo foi identifica<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> deordem 2. Neste contexto, o modelo com preditores GPCP LF mostrou melhor destreza comparada aomodelo que utilizou GPCP LF e T850 LF durante as previsões inicializadas entre junho e outubro. Poroutro la<strong>do</strong>, as previsões inicializadas entre novembro a março apresentam melhores resulta<strong>do</strong>s com omodelo GPCP LF e T850 LF como preditores. Porém, ambos os modelos valida<strong>do</strong>s apresentaramdeficiência em prever o mínimo decaimento <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> que ocorre entre julho asetembro. As previsões <strong>do</strong>s modelos estatísticos para o NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> dependem dasrelações lineares entre atmosfera e cobertura vegetal. Estes modelos também mostraram eficiênciaem prognosticar a evolução <strong>do</strong> NDVI sobre o Cerra<strong>do</strong> na escala sazonal, principalmente quan<strong>do</strong> essese encontra fora de fase com o ciclo anual climatológico devi<strong>do</strong> à atuação de fenômenos de baixafreqüênciacomo os episódios anômalos aqui pesquisa<strong>do</strong>s.Dessa forma, os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s neste trabalho podem melhorar a destreza demodelos estatísticos de previsão sazonal principalmente no sudeste e centro-oeste <strong>do</strong> Brasil atravésdas interações <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s principais de variabilidade em baixa-freqüência na América <strong>do</strong> Sul. Deacor<strong>do</strong> com resulta<strong>do</strong>s demonstra<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>, esses padrões influenciam o ciclo evolutivo dacobertura vegetal <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> brasileiro. Por conseguinte, este trabalho torna possível futuros estu<strong>do</strong>sdiagnósticos e prognósticos de cenários de evolução de seus biomas.151


8.2 Sugestões para pesquisas futurasA realização deste trabalho motiva extensões para estu<strong>do</strong>s futuros e que utilizem méto<strong>do</strong>sestatísticos similares aos apresenta<strong>do</strong>s aqui.(a) As análises observacionais <strong>do</strong>s episódios anômalos de precipitação e temperatura embaixa-freqüência podem ser estendidas de mo<strong>do</strong> a separar a influência de padrões de teleconexão ecompreender sua origem, por exemplo, de distúrbios atmosféricos nas escalas temporais intrasazonaise interanuais e sua propagação zonal ou inter-hemisférica através de análise de funções deinfluência. Além disso, índices atmosféricos formula<strong>do</strong>s com auxílio de análise de funções ortogonaisempíricas podem contribuir para o monitoramento climático de regiões específicas quanto à influência<strong>do</strong>s padrões de variabilidade relaciona<strong>do</strong>s à forçantes remotas.(b) Outra questão seria estudar em detalhes a relação de sistemas atmosféricos de altafreqüência, que contribuem para o regime de precipitação durante as monções de verão da América<strong>do</strong> Sul. Por exemplo, suas trajetórias preferenciais poderiam ser determinadas pela técnica difundidapor Murray e Simmonds (1991). Estu<strong>do</strong>s de eventos de precipitação e temperatura anômala podemser investiga<strong>do</strong>s com análise de ondeletas nas quais esses sistemas podem interagir, por exemplo,com a intensificação das anomalias de baixa-freqüência e em outras escalas temporais. Nessecontexto, composições de eventos poderiam contribuir para compreender também a influência remotacomo, por exemplo, de mo<strong>do</strong>s de variabilidade extratropicais como o mo<strong>do</strong> anular <strong>do</strong> Hemisfério Sul.(c) No contexto agro-ecológico, faz-se necessário investigar a importância da influência davariabilidade intra-sazonal da precipitação e temperatura nas anomalias da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, asbandas de freqüência mais relevantes para a intermitência de chuvas durante a estação úmida e suarelação com as mudanças nos padrões de fluxos de superfície e circulação de baixos níveis.(d) Estes estu<strong>do</strong>s prévios seriam importantes para considerarmos a seguinte questão: Épossível desenvolver um modelo estatístico de previsões sazonais de variáveis como precipitação,temperatura e vegetação (Y CLI ) que englobem a contribuição das oscilações intra-sazonais (Y IS ), desuas variações em mais baixa-freqüência (Y LF ) e da contribuição da variabilidade de alta freqüência(sinótica)? A contribuição de cada escala temporal pode ser obtida empregan<strong>do</strong> similarmente osméto<strong>do</strong>s estatísticos utiliza<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong>. A contribuição da variabilidade de alta freqüênciapoderia ser estudada quanto às propriedades estocásticas de um resíduo (Y res ) a partir da equaçãogenérica de previsão Y res = Y CLI – Y LF – Y IS , isto é, análise de auto-covariância para investigar o seu152


comportamento temporal, e então, modelar seus parâmetros e ajustar uma distribuição deprobabilidade. O produto final de previsão sazonal poderia ser forneci<strong>do</strong> em termos de percentil <strong>do</strong>total de chuva (ou de sua média) para um <strong>do</strong>mínio específico ou região homogênea. Dessa forma,poder-se-ia produzir uma saída de prognóstico sazonal que identifique a intensidade da anomaliasazonal e a previsão de eventos anômalos e grau de intensidade temporal.153


Apêndice A: Publicações em periódicos e apresentações emreuniões científicas durante a execução desse trabalho.MUZA, M. N., CARVALHO, L. M. V., 2004: Variabilidade Intra-sazonal e Interanual <strong>do</strong>s Extremos dePrecipitação nos Trópicos e Subtrópicos durante o Verão Austral In: XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia,Fortaleza-CE. Meio de divulgação: Anais.MUZA, M. N., CARVALHO, L. M. V., 2004: A Relação entre a Temperatura da Superfície <strong>do</strong> Mar naVariabilidade Interanual de Eventos Extremos de Precipitação nos Trópicos e Subtrópicos <strong>do</strong> Brasil durante oVerão Austral In: I Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais, Florianópolis-SC.MUZA, M. N., CARVALHO, L. M. V. , 2006: Variabilidade intra-sazonal e interanual de extremos naprecipitação sobre o centro-sul da Amazônia. Rer. Bras. Meteor., 21, 29-41.Palavras-chave: Centro-sul da Amazônia, Extremos de precipitação, Oscilação de Madden-Julian, ElNiño/Oscilação Sul, Zona de Convergência <strong>do</strong> Atlântico Sul. Referências adicionais: Brasil/Português.Home page: http://www.icess.ucsb.edu/gem/publicacoes.htmlMeio de divulgação: Apresenta<strong>do</strong> de forma oral na conferência “The 8 th International Conference on SouthernHemisphere Meteorology and Oceanography”, em Foz <strong>do</strong> Iguaçu, PR, 2005.MUZA, M. N., CARVALHO, L. M. V. , 2006: Diagnóstico de extremos climáticos no centro-leste da América<strong>do</strong> sul. In: XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, Florianópolis-SC. Meio de divulgação: Anais. Forma deapresenta<strong>do</strong>: oral.MUZA, M. N., JONES, C., CARVALHO, L. M. V. , 2006: Estu<strong>do</strong> de projeção da variabilidade interanual daprecipitação sobre a América <strong>do</strong> Sul. In: XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, Florianópolis-SC. Meio dedivulgação: Anais. Forma de apresenta<strong>do</strong>: pôster.MUZA, M. N., CARVALHO, L. M. V. , JONES, C. , 2008: Modelo Auto-regressivo de Projeção Interanual. In:XV Congresso Brasileiro de Meteorologia, São Paulo-SP. Meio de divulgação: Anais. Forma de apresenta<strong>do</strong>:oral.MUZA, M. N., CARVALHO, L. M. V., JONES, C., LIEBMANN, B., 2009: Intraseasonal and interannualvariability of extreme rainfall in the southeastern South America and Western South Atlantic Ocean during theaustral summer. J. Climate, V. 22, n.7, 1682-1699.Palavras-chave: Southeastern and Southern Brazil, western subtropical South Atlantic, Extreme precipitation,drought, Madden-Julian Oscillation, El Nino/Southern Oscillation, South Atlantic convergence zone. Áreas <strong>do</strong>conhecimento: Climatologia. Referências adicionais: Inglês. Meio de divulgação: Periódico impresso, Homepage: http://www.icess.ucsb.edu/gem/publicacoes.htm.MUZA, M. N., C., CARVALHO, L. M. V. , JONES, 2009: Spatial and Temporal Variability of savannavegetation on central Brazil in relation Precipitation and Temperature Low-frequency Extremes Anomalies:Diagnostic and Prognostic Analysis. In: 9th International Conference on Southern Hemisphere Meteorology andOceanography, Melbourne, Austrália. Meio de divulgação: Anais.http://www.bom.gov.au/events/9icshmo/poster_4.shtmlMUZA, M. N., C., CARVALHO, L. M. V. , JONES, 2009: Variability of the Precipitation and TemperatureLow-Frequency Anomalies on East from South America: Diagnostic and Prognostic. Int. Journ. Clim (inpreparation)Apêndice B: Cópia <strong>do</strong> Artigo Muza et al., 2009.154


1682 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22Intraseasonal and Interannual Variability of Extreme Dry and Wet Events overSoutheastern South America and the Subtropical Atlantic during Austral SummerMICHEL N. MUZADepartment of Atmospheric Sciences, University of São Paulo, São Paulo, BrazilLEILA M. V. CARVALHODepartment of Atmospheric Sciences, University of São Paulo, São Paulo, Brazil, and Institute for ComputationalEarth System Sciences, University of California, Santa Barbara, Santa Barbara, CaliforniaCHARLES JONESInstitute for Computational Earth System Sciences, University of California, Santa Barbara, Santa Barbara, CaliforniaBRANT LIEBMANNCIRES Climate Diagnostics Center, Boulder, Colora<strong>do</strong>(Manuscript received 26 November 2007, in final form 9 October 2008)ABSTRACTIntraseasonal and interannual variability of extreme wet and dry anomalies over southeastern Brazil and thewestern subtropical South Atlantic Ocean are investigated. Precipitation data are obtained from the GlobalPrecipitation Climatology Project (GPCP) in pentads during 23 austral summers (December–February 1979/80–2001/02). Extreme wet (dry) events are defined according to 75th (25th) percentiles of precipitationanomaly distributions observed in two time scales: intraseasonal and interannual. The agreement between the25th and 75th percentiles of the GPCP precipitation and gridded precipitation obtained from stations in Brazilis also examined. Variations of extreme wet and dry anomalies on interannual time scales are investigatedalong with variations of sea surface temperature (SST) and circulation anomalies. The South Atlantic SSTdipole seems related to interannual variations of extreme precipitation events over southeastern Brazil. It isshown that extreme wet and dry events in the continental portion of the South Atlantic convergence zone(SACZ) are decoupled from extremes over the oceanic portion of the SACZ and there is no coherent dipole ofextreme precipitation regimes between tropics and subtropics on interannual time scales. On intraseasonaltime scales, the occurrence of extreme dry and wet events depends on the propagation phase of extratropicalwave trains and consequent intensification (weakening) of 200-hPa zonal winds. Extreme wet and dry eventsover southeastern Brazil and subtropical Atlantic are in phase on intraseasonal time scales. Extreme wetevents over southeastern Brazil and subtropical Atlantic are observed in association with low-level northerlywinds above the 75th percentile of the seasonal climatology over central-eastern South America. Extreme wetevents on intraseasonal time scales over southeastern Brazil are more frequent during seasons not classified asextreme wet or dry on interannual time scales.1. IntroductionThe wet season in most of tropical and subtropicalSouth America peaks in the austral summer, typicallyCorresponding author address: Michel Nobre Muza, Departmentof Atmospheric Sciences, University of São Paulo, 1226,R. <strong>do</strong> Matão, São Paulo, SP 05508–900 Brazil.E-mail: michelnm@model.iag.usp.brfrom December to February (e.g., Liebmann andMarengo 2001; Marengo et al. 2001). The South Atlanticconvergence zone (SACZ) is the most prominent largescalefeature of cloudiness and precipitation in the wetseason of eastern tropical South America. It can be observedas a northwest–southeast-oriented cloud bandemanating from the Amazon basin toward southeasternBrazil and the western subtropical South Atlantic Ocean(Kodama 1993; Liebmann et al. 1999; Nogués-PaegleDOI: 10.1175/2008JCLI2257.1Ó 2009 American Meteorological Society


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1683and Mo 1997; Lenters and Cook 1999; Carvalho et al.2002a, 2004). Nevertheless, SACZ persistence, intensity,and form are quite variable during the summer season(Figueroa et al. 1995; Carvalho et al. 2002a, 2004). Thesequantities, which are related to distinct aspects of thelarge-scale circulation, define the spatial and temporalvariation of rainfall and its extremes (Liebmann et al.2001, 2004; Carvalho et al. 2002a,b,c, 2004) and thereforethe characteristics of the South America monsoon system(Zhou and Lau 1998; Jones and Carvalho 2002; Grimm2003; Vera et al. 2006; Silva and Carvalho 2007.Variations in the SACZ have been observed onintraseasonal to interannual time scales. For instance,Liebmann et al. (2001), using a large number of stationdata over the state of São Paulo (southeastern Brazil),showed that the count of extreme daily precipitationevents increases during warm El Niño–Southern Oscillation(ENSO) episodes. Carvalho et al. (2002a) showedthat the most significant increase of extreme precipitationevents during El Niño years occurs near the northeasterncoast of São Paulo state, which is likely relatedto an enhancement of the upper-level subtropical jetand its displacement toward the western subtropicalAtlantic. This anomalous circulation appears to be associatedwith the intensification of the oceanic portionof the SACZ (Carvalho et al. 2002a, 2004). Moreover,Carvalho et al. (2004) showed that a persistent SACZwith a well-defined oceanic (continental) activity is favoredduring warm (cold) ENSO episodes.Several previous studies have shown that the large-scaleflow from the Amazon is likely the main mechanismmaintaining the SACZ position (e.g., Figueroa et al. 1995;Nogués-Paegle and Mo 1997; Liebmann et al. 2004; Ganet al. 2004). The most coherent forcing of SACZ variabilityseems to be intraseasonal and synoptic-scale midlatitudewave trains (e.g., Liebmann et al. 1999; Carvalhoet al. 2004). Casarin and Kousky (1986) analyzed anomalousepisodes in southern Brazil and found that anomalouslydry conditions in that region are associated with aweak SACZ. Nogués-Paegle and Mo (1997) found aquasi oscillation in the intensification of rainfall in SACZwith half period of about 10 days, which was referred toas the South American seesaw. Similar results were foundby Liebmann et al. (1999) and Carvalho et al. (2004).Nevertheless, Carvalho et al. (2004) showed that theseesaw <strong>do</strong>es not appear when convection in the SACZ isweak over the ocean and strong over the continent. Theirresults indicate, however, that the extratropical wavetrain is the main forcing mechanism for the enhancementof convection over the subtropical western AtlanticOcean and coastal areas of southeastern South Americaon intraseasonal time scales (Grimm and Silva Dias 1995;Liebmann et al. 1999; Nogués-Paegle et al. 2000).The occurrence of extreme precipitation over tropicalSouth America is modulated by the propagation ofthe Madden–Julian oscillation (MJO). Carvalho et al.(2004) showed that the phase of the MJO as characterizedby anomalous convection east of the internationaldate line (over In<strong>do</strong>nesia) is related to anenhancement (decrease) of convective activity and aconsequent increase (decrease) in the 95th percentile ofdaily rainfall over eastern Brazil. These results suggest arole of the MJO in modifying the characteristics of therainfall distributions and, therefore, modulating precipitationextremes.Jones et al. (2004) investigated eastward propagationof the MJO and occurrences of 5-day average extremeprecipitation on a global scale. They showed that,globally, extreme precipitation events increase by about40% during active MJO situations. They found also thatextremes become more frequent in southern Brazil andthe tropical Atlantic Ocean when convective anomaliesover In<strong>do</strong>nesia propagate eastward. In contrast,extremes in a broad region over eastern South Americaand tropical Atlantic are more frequent during thephase of the MJO characterized by convective anomaliesover the central Pacific.As the MJO propagates eastward across the equatorialPacific, it excites midlatitude wave trains, playing a rolein modulating the intensity and spatial variability ofconvection over tropical and subtropical South America.Intense (weak) convective activity in the SACZ on intraseasonaltime scales (10–100 days) appears related towesterly (easterly) intraseasonal anomalies of the lowlevelcirculation over central South America (Jones andCarvalho 2002; Carvalho et al. 2002b,c, 2004). Interestingly,Liebmann et al. (2004) showed that the phaseof the wave train, as it crosses the Andes, determineswhether rainfall will be enhanced <strong>do</strong>wnstream of theAndes at the low-level jet or in the SACZ.The focus of the present study is on the variability ofextreme wet and dry periods over southeastern Braziland the oceanic portion of the SACZ. SoutheasternSouth America comprises the most populated area inSouth America and is considered an important agriculturalcenter. A broader understanding of possiblemechanisms related to variations in extreme rainfallanomalies have, therefore, relevant social and economicimpacts for this region. In the present study, extreme wetand dry anomalies will be examined in two distinct timescales: intraseasonal and interannual. The purposes ofthis separation of scales are the following: 1) investigateatmospheric mechanisms responsible for the occurrenceof extremes that are coherent on the examined timescale, 2) characterize extreme precipitation and dry periodsin the SACZ and their relationships with the seesaw


1684 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22pattern between southeastern and southern Brazil oninterannual time scales, and 3) understand the contributionof the intraseasonal activity to interannual variabilityof extreme wet/dry anomalies.This article is organized as follows: section 2 discussesthe dataset used in this study. In section 3, we discussthe seasonal spectral variance of precipitation data,compare the Global Precipitation Climatology Project(GPCP) data in the regions of interest with gridded precipitationobtained from stations over Brazil and discussthe method to select extreme precipitation/dry events onintraseasonal and interannual time scales. Composites ofextreme precipitation, SST, and the atmospheric circulationon interannual time scales are investigated in section4. Atmospheric mechanisms associated with the occurrenceof intraseasonal extremes are discussed in section 5.The relationships between extremes on intraseasonal andinterannual time scales over southeastern South Americaand oceanic SACZ regions are examined in section 6.Summary and conclusions are presented in section 7.2. DataThe precipitation data are 5-day mean (pentad)rainfall from GPCP. The GPCP pentad is based onstation gauges and satellite estimates with spatial resolution2.58 32.58 in latitude and longitude. The periodinvestigated here is the austral summer (December–February) from 1979/80 to 2001/02 (Xie et al. 2003). Theadvantage of using GPCP pentad data is that there iscoverage over the ocean, which opens the possibility ofinvestigating precipitation extremes in association withthe oceanic portion of the SACZ.Circulation patterns and SST anomalies are examinedwith pentad averages of National Centers for EnvironmentalPrediction–National Center for Atmospheric Research(NCEP–NCAR) reanalysis (Kalnay et al. 1996) ofthe following variables: zonal (U850) and meridionalwinds at 850 hPa (V850), zonal winds at 200 hPa (U200),and skin temperature. The latter was used as a proxy forglobal SST. Outgoing longwave radiation (OLR) data(Liebmann and Smith 1996) in pentads with the samespatial resolution as the reanalysis are also used.3. MethodsWe start our study by examining the power spectrumof GPGP data during December–February (DJF) overtwo regions that enclose the following areas: southeasternBrazil (258–158S and 52.58–42.58W) and western subtropicalSouth Atlantic (358–258S and 42.58–32.58W). Theobjective of this analysis is to identify the intraseasonalbands that contain most of the variance. Figure 1 showsFIG. 1. Average spectrum of GPCP during the DJF season over(a) southeastern Brazil (SEBr: 22.58–12.58S and 52.58–42.58W) and(b) subtropical western South Atlantic (WAtl: 32.58–22.58S and42.58–32.58W). Period: 1979–2004. Smooth solid line represents thebackground red noise spectrum and dashed line is the 95% significancelevel. The bandwidth (BW) is indicated on the top rightcorner of the frames.the average spectra of 24 DJF seasons (for more detailssee Jones et al. 1998). Statistically significant peaks onintraseasonal time scales between 66.6 and 33.3 days(52.6 and 36.4 days) are observed for the seasonal precipitationover SEBr (WAtl). Due to 5-day average(pentad), variations on scales less than ;10 days are notresolved. Based on the spectral analysis, intraseasonal(20–90 days) anomalies were obtained by filtering allprecipitation time series in frequency <strong>do</strong>main with fastFourier transform (FFT; e.g., Carvalho et al. 2005). The


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1685frequency response of FFT filter is approximately 50%on the cutoff periods. For this reason, a 20–90-day bandis used because it is wider than the statistically significantpeaks shown in Fig. 1. Likewise, interannualanomalies (hereafter referred to as ‘‘low frequency’’)were obtained by applying the same filter in the frequency<strong>do</strong>main and retaining periods . 370 days.Standard deviations of intraseasonal and low-frequencyanomalies of precipitation during DJF over SouthAmerica are shown in Fig. 2. The SACZ can be clearlyobserved in Fig. 2a as a region with a large standarddeviation of precipitation on intraseasonal time scalesduring summer over eastern South America and extendingtoward the Atlantic Ocean (Carvalho et al.2004) with a gap between the maxima over the continentand the Atlantic Ocean.The maximum variability on low-frequency timescales (Fig. 2b), on the other hand, is observed over thenorthern coast of Brazil, Colombia, and Ecua<strong>do</strong>r inassociation with the intertropical convergence zone(ITCZ). Another maximum on low-frequency timescales is observed over southern Brazil, approximatelycollocated with the maximum observed on intraseasonaltime scales. ENSO is the most important forcing oninterannual time scales and is largely responsible for thepattern of precipitation variability on low-frequencytime scales over tropical and southern Brazil, Uruguay,and northeastern Argentina (e.g., Ropelewski andHalpert 1987; Karoly 1989; Kousky and Kayano 1994;Grimm 2003).The <strong>do</strong>mains examined in this study correspond to theregions of maximum variability of precipitation on intraseasonaltime scales over southeastern South Americaand the subtropical Atlantic Ocean (e.g., Nogués-Paegleand Mo 1997; Liebmann et al. 1999; Carvalho et al. 2004),which correspond approximately to the climatologicalposition of the SACZ.a. Comparison between GPCP and gridded stationdataThe GPCP rainfall estimates were compared withgridded precipitation data at the same 2.58 32.58 resolutionobtained from stations in Brazil [Department ofWater and Electric Energy (DAEE) and NationalAgency for Electric Energy (ANEEL)] from 1979 to1998. Details of the gridded precipitation dataset arediscussed in Liebmann and Allured (2005). To comparethe two sources of data, average precipitations fromGPCP estimates and from gridded precipitation (hereaftergauges) were computed over SEBr for all DJFpentads. For SEBr (Fig. 2a), the correlation between thedatasets is 0.91, while the bias [¼ (1/n) å n t¼1 (GPCP tFIG. 2. (a) Intraseasonal (interval 2–5 mm day 21 ) and (b) lowfrequency(interval 0.4–1 mm day 21, ) standard deviation of precipitation(shaded) (mm day 21 ). The reference regions for compositesare indicated by boxes.gauges t )] is 0.16 mm day 21 and the root-mean-squaredifference f¼ [(1/n) å n t¼1 (GPCP t gauges t ) 2 ] 1/2 g is 1.16mm day 21 . The close correspondence between the twodatasets warrants the use of GPCP data in this study.We note, however, that probability distribution functionsof precipitation are, in general, skewed. To objectivelyinvestigate the relationships between the twodatasets with respect to extreme precipitation, percentilesthat characterize the tails of the precipitation distributionswere compared. For this purpose, the gammadistribution (Wilks 1995) was fitted to the precipitationtime series of each individual dataset (e.g., Ropelewskiand Halpert 1987; Grimm 2003) and the 5th,25th, 50th, 75th, and 95th percentiles were then computed.While the mean bias between the two datasetsis small (Fig. 3a), we observe a relative difference


1686 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22Extreme precipitation (dry period) is defined accordingto 75th (25th) percentile of the precipitationanomaly distributions observed on intraseasonal andlow-frequency time scales. Extreme precipitation (dry)events are selected when more than 50% of the 25 totalgrid points in each <strong>do</strong>main had anomalies above (below)the 75th (25th) percentile. Persistence of wet anddry extreme events is also examined. Persistence is definedas the number of consecutive pentads recordingextreme precipitation/dry events. Figure 4 shows themedian, upper, and lower quartiles; interquartile range;outliers (persistence . 2 times the interquartile range);and nonoutlier maximum and minimum of persistenceof events on intraseasonal and low-frequency timescales. On intraseasonal time scales the median persistenceand upper quartiles for both extreme wet and dryevents is 2 pentads. The maximum (nonoutlier) range is4 pentads and minimum is 1 pentad.On low-frequency time scales, the median persistenceof extreme wet anomalies is 12 pentads, lower quartile 9pentads, and upper quartile 17 pentads. It is interesting tonote that the interquartile range of persistence of dryextreme events is comparatively small, with median11 pentads, lower quartile 6 pentads, and upper quartile12 pentads, indicating that wet anomalies can last longerthan dry anomalies. In this study we examined extremewet and dry events on intraseasonal and low-frequencytime scales that persisted for two or more pentads. Thenumber of independent events (degrees of free<strong>do</strong>m) forall statistical tests performed here was determined base<strong>do</strong>n the persistence of extreme events. On intraseasonal(low-frequency) time scales, we consider as independentevents those events that are separated by two or morepentads (one season).4. Wet and dry events on low-frequency time scalesFIG. 3. Dispersion diagram between GPCP and gridded precipitationobtained from stations (mm day 21 ) for (a) SEBr and (b)relative difference (%) between GPCP and gridded precipitationaccording to the percentiles of the distribution (abscissa). See textfor details.[5 (GPCP 2 gauges) / gauges] of about 211% betweenthe medians (Fig. 3b). Nevertheless, GPCP approachesgauges for large percentiles, whereas differences increasefor small percentiles. For example, the relativedifference is about 28% for the 95th percentile, whereasit is about 235% for the 5th percentile (Fig. 3b).b. Selection of eventsIn this section we examine spatial characteristics oflow-frequency precipitation anomalies during wet anddry episodes with a focus on the regions shown in Fig. 2.For this purpose, composites were computed by averagingthe anomalies observed during extreme events.Wet low-frequency anomalies over SEBr are related topositive precipitation anomalies throughout tropicaleastern South America as well as In<strong>do</strong>nesia and negativeanomalies over central equatorial Pacific (Fig. 5a).It is interesting, however, that dry conditions over SEBr(Fig. 5b) also favor positive anomalies over northnortheastSouth America in association with an activeAtlantic ITCZ, and negative anomalies over the equatorialPacific. Negative anomalies in the equatorial Pacificare of larger scale than those associated with positiveSEBr anomalies (Fig. 5a). In addition, an area withpositive anomalies is observed over In<strong>do</strong>nesia extendingtoward the South Pacific convergence zone (SPCZ)in the dry events composite (Fig. 5b). This feature isabsent when SEBr experiences positive extremes (Fig.5a). The precipitation anomaly patterns over the tropicssuggest that dry and wet events over SEBr are not


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1687FIG. 4. Box-plot diagram illustrating the median, upper, lowerquartiles and the interquartile range of the distributions of persistenceof extreme dry and wet events on (left) intraseasonal and(right) low-frequency time scales for all regions. The limits of theboxes represent the interquartile range. Outliers are data values $ 2times the interquartile range.clearly related to phases of ENSO, as both positive andnegative extremes are associated with negative anomaliesin the equatorial Pacific.Low-frequency extremes over the western subtropicalSouth Atlantic (WAtl; Figs. 5c,d) are characterized byanomalies of smaller magnitude and scale than thoseover the continent previously discussed. No coherentsignal of precipitation anomalies is observed over continentalSouth America during extreme dry or wet eventsin that region. In addition, the patterns of precipitationover the Atlantic and Pacific Oceans differ from thoseobserved for wet or dry events over SEBr (cf. Figs. 5a,b)and <strong>do</strong> not resemble the canonical patterns of precipitationrelated to ENSO. Only 32% (38%) of the total pentadsassociated with extreme wet (dry) anomalies overWAtl occurred simultaneously with wet (dry) eventsover SEBr. These results suggest that distinct mechanismsmodulate the variability of extreme precipitationover the oceanic portion of the SACZ and the continentalSAZC, in agreement with previous observations(Carvalho et al. 2002a, 2004).a. Sea surface temperatureThe characteristics of SST low-frequency anomalies(SST LF ) associated with patterns of extreme dry and wetevents previously discussed are examined here. Consistentwith the pattern of precipitation anomalies, extremewet and dry events over SEBr are both relatedto negative SST LF anomalies over the eastern Pacific(Figs. 6a,b). Dry events over SEBr <strong>do</strong> not exhibit a reversalin the sign of the SST LF anomalies over easternPacific (cf. Fig. 6a). Nonetheless, relatively large magnitudesand westward extension of negative SST LFanomalies are observed during dry events (Fig. 6b).Three out of six dry events occurred during cold phases,and two during neutral ENSO phases. ENSO phasesand intensity are based on the NCEP/Climate PredictionCenter classification.Another interesting feature of the SST LF is observe<strong>do</strong>ver the South Atlantic Ocean, where extremes areassociated with opposite phases of the South AtlanticSST dipole (Robertson and Mechoso 2000). Wet (dry)extreme events over SEBr occur when the SST LFanomalies gradient over the South Atlantic is southward(northward). Extreme wet (Fig. 6c) and dry (Fig. 6d)events over WAtl seem also related to distinct SST LFgradients over the Atlantic Ocean. However, there areno systematic relationships with low-frequency extremeprecipitation anomalies over SEBr.b. Upper-level circulationKodama (1992, 1993) suggested that the SACZ, similarto other subtropical convergence zones, appearswhen two necessary conditions in midlatitude circulationare satisfied: first, subtropical jet flows in the subtropicallatitudes (308–358S) and second, low-level poleward flowsprevail along the western peripheries of the subtropicalhighs. It has been postulated that if these conditions arenot satisfied, the convergence zone is weak. It is importantto point out that Kodama focused mainly on the oceanicportion of the SACZ. The objective of the present analysisis to investigate the importance of low-frequencyanomalies in low- and high-level circulations along withvariations in the Pacific–South American (PSA) pattern(Mo and Nogués-Paegle 2001) for the occurrence of extremewet/dry events over the regions considered here.For this purpose zonal wind low-frequency anomalies at200 hPa (U200 LF ) and wind low-frequency anomalies at850 hPa (UV850 LF ) during extreme wet and dry events onlow-frequency time scales are examined.Figure 7 shows that extreme wet (dry) events in allregions are observed in association with a local enhancementof U200 LF westerly (easterly) anomalies. ThePSA pattern characterized by the alternating U200 LFanomalies over western South America is evident duringwet events over SEBr (Fig. 7a). Dry episodes over SEBr,on the other hand, are characterized by a large extent ofeasterly anomalies over large portions of the tropics ofthe Southern Hemisphere (Fig. 7b). Westerly anomaliesare observed over the equator between 1808 and 1208Wand also over the extratropics of the Southern Hemisphere,indicating an intensification of the zonal symmetryin high-level circulation.Composites of U200 LF show clear evidence that theoccurrence of extreme wet (Fig. 7c) and dry (Fig. 7d)


1688 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22FIG. 5. Composites of GPCP low-frequency anomalies (mm day 21 ) for wet and dry extremeevents, respectively: (a), (b) SEBr; (c), (d) WAtl. Shading indicates statistical significance at95% confidence level. Light (dark) shading and solid (dashed) contours indicate positive(negative) anomalies. First contour is 0.5 (20.5) and second is 2.0 (22.0) with interval 2.0.events over WAtl are not dynamically forced by thesame mechanisms during extreme events over SEBr onlow-frequency time scales. Positive U200 LF anomaliesare less intense and cover a small area in the subtropicsduring wet events (Fig. 7c), but indicate the importanceof the enhancement of the jet over the oceanic SACZ.Dry events (Fig. 7d) show opposite patterns of U200 LFanomalies with a weak subtropical jet in the SouthernHemisphere.c. Low-level circulationPatterns of low-level wind circulation anomaly at 850hPa (UV850 LF ) are shown in Fig. 8. Wet extreme eventsover SEBr are associated with anomalous anticycloniccirculation over central-eastern Brazil (Fig. 8a). Thisanomalous circulation increases the northerly windsfrom equatorial Atlantic across northern South Americaand intensifies the westerlies over tropical Brazil.As a consequence, the transport of humidity towardsoutheastern Brazil increases and is likely related to theenhancement of precipitation in the SACZ. On theother hand, dry events on low-frequency time scalesover SEBr occur in association with cyclonic anomaliesover eastern South America (Fig. 8b). In these cases,zonal westerly anomalies are observed near the equatorand easterly anomalies over eastern South America.


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1689FIG. 6. Same as in Fig. 5, but for SST (.370 days) low frequency. First contour is 0.18C (20.18C) andsecond is 0.58C (20.58C) with interval 0.58C.Easterly anomalies over tropical South America inhibitthe transport of humidity from the Amazon and havebeen related to a weak SACZ (Herdies et al. 2002;Carvalho et al. 2002a; Jones and Carvalho 2002).The existence of distinct mechanisms modulatingextreme precipitation over WAtl and SEBr on lowfrequencytime scales is also suggested by the pattern ofUV850 LF (Fig. 8) . Wet events over WAtl (Fig. 8c) areobserved along with the enhancement of a cyclonicanomaly over the subtropical western Atlantic, with acenter ;408W and 408S. This anomalous circulation isassociated with southerly anomalies over subtropicalSouth America, extending from the midlatitudes of thewestern Atlantic toward central tropical South Americaand to the equator. This pattern of circulation anomaliesclearly differs from that observed during wet eventsover SEBr (Fig. 8a), a region that typically correspondsto the continental portion of the SACZ (Carvalho et al.2004). The most remarkable difference is the almostopposite anomalous flow from the equatorial Atlanticacross the Amazon toward southeastern Brazil. Westerlywind anomalies occur over a much narrower regioneastern of South America, in comparison with SEBr(Fig. 8a). Nonetheless, this pattern of low-level circulationsuggests that the poleward flow discussed inKodama (1993) occurs north (equatorward) of WAtlabove warm SST (Fig. 6c), and is collocated with increasedhigh-level westerly wind anomalies (Fig. 7c). Inaddition, equatorward low-level flow occurs south(poleward) of WAtl above cold SST (Fig. 6d). These areimportant ingredients to maintain low-level convergenceand therefore enhance precipitation over WAtl.Dry events over WAt are clearly associated with theenhancement of the subtropical Atlantic anticyclone


1690 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22FIG. 7. Same as in Fig. 5, but for composites of 200-hPa zonal wind (m s 21 ). First contour is 1.0 m s 21(21.0 m s 21 ) and second is 2.0 m s 21 (22.0 m s 21 )withinterval2.0ms 21 .(Fig. 8d). The center of this anomaly is located approximatelyat 308S and is associated with easterlyanomalies over SEBr and northerly anomalies oversouth Brazil. An intensification of the poleward flowoccurs south of WAtl whereas the equatorward flowintensifies north of the region collocated with easterlyupper-level zonal wind anomalies (Fig. 7e). As postulatedby Kodama (1992), these features inhibit the organizationof the subtropical convergence zones.5. Wet and dry events on intraseasonal time scalesThe objective of this section is to examine in detail therole of the MJO in modulating extreme precipitationanomalies on intraseasonal time scales. Jones et al. (2004),Carvalho et al. (2004), and Liebmann et al. (2004)provided insights into understanding the role of the MJOin modulating extreme precipitation over broad areasof tropical and subtropical South America. The noveltyof the present analysis is the focus on wet and dryintraseasonal anomalies (and not total precipitation) inthe region of large intraseasonal variance over SouthAmerica and the southeastern Atlantic (Fig. 2) and adetailed examination of the relationships of extremeevents with the MJO.Extreme anomalies on intraseasonal time scales aredefined as discussed in section 3b. Figure 9 shows thepatterns of wet and dry extreme precipitation anomaliesover each region. The striking aspect of the spatialorganization of precipitation anomalies on intraseasonaltime scales is the seesaw pattern previously<strong>do</strong>cumented in some studies (e.g., Casarin and Kousky


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1691FIG. 8. Composites of 850-hPa wind (m s 21 ) low-frequency anomalies for (a), (c) wet and(b), (d) dry extreme events: (a), (b) SEBr; (c), (d) WAtl. Shading indicates statistical significanceat 95% confidence level. Boxes show the reference regions for the composites as discussed in thetext. Dotted contours show the terrain elevation beginning at 750 m with 500-m intervals.1986; Nogués-Paegle and Mo 1997). It is noteworthy,however, that the well-defined seesaw on intraseasonalscales is not evident on low-frequency time scales (cf. withFig. 5). In addition, Fig. 9 suggests opposite relationshipsbetween extreme events over SEBr and southern Brazil(cf. Fig. 9a with Fig. 9b) as part of distinct phases ofpropagation of the midlatitude wave trains discussed inLiebmann et al. (1999). The seesaw seems also characterizedbetween WAtl and southern Brazil during wet(Fig. 9c) and dry (Fig. 9d) events. About 27% (29%) ofthe extreme wet (dry) pentads over WAtl are observedalong with extreme wet (dry) anomalies over SEBr.a. The Madden–Julian oscillationThe relationships between the MJO and extremes onintraseasonal time scales in each region are now investigated.To objectively identify the importance of distinctphases of the MJO in modulating precipitationover South America we used the procedure describedin Carvalho et al. (2004) and summarized as follows:empirical orthogonal function (EOF) of the outgoinglongwave intraseasonal (20–90 days) anomalies (OLR IS )was computed in the <strong>do</strong>main 158S–158N (all longitudes)(1979–2002). The two leading EOF modes characterizethe canonical phases of the oscillation over the equatorialPacific (Weickmann et al. 1985), with the firstmode leading the second by two to three pentads (Joneset al. 2004). The patterns of tropical convective intraseasonalanomalies during different phases of propagationof the MJO are indicated from OLR IS compositesobtained when the amplitudes of the time coefficientof the two leading EOFs are above (below) the75th (25th) percentiles relative to the DJF distribution(Fig. 10).According to this criterion, the pattern of convectiveanomalies during the MJO phase characterized byEOF-1 . 75th percentile (Fig. 10a; 31 cases) indicatesenhanced convection over the Indian Ocean and suppressedconvection over western Pacific Ocean ("Indian#WP), as discussed by Weickmann et al. (1985). In addition,this phase of the MJO is characterized by suppressionof convection over eastern tropical SouthAmerica toward the Atlantic Ocean in agreement withJones et al. (2004).The second EOF (EOF-2) , 25th percentile characterizesthe next phase of the MJO (Fig. 10b; 34 cases),


1692 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22FIG. 9. GPCP intraseasonal (20–90 days) anomalies (mm day 21 ) during extreme events onintraseasonal time scales for (a), (c) wet and (b), (d) dry extreme events: (a), (b) SEBr; (c), (d)WAtl. First positive (negative) contour is 1.0 (21.0) with intervals equal to 2.0 mm day 21 .when convection is enhanced over In<strong>do</strong>nesia and suppresse<strong>do</strong>ver central Pacific, Africa and eastern tropicalSouth America (SA; "In<strong>do</strong>nesia #SA). Enhancement ofconvection is observed over southern Brazil, Uruguay,and northern Argentina, extending toward the subtropicalAtlantic. The displacement of convection eastwardwith suppression over the Indian Ocean and enhancementof precipitation over western Pacific (WP; #Indian"WP) is characterized by EOF-1 , 25th percentile (Fig.10c; 33 cases). As convection moves toward centralPacific and suppression takes place over In<strong>do</strong>nesia,enhanced convection is observed over eastern SouthAmerica (#In<strong>do</strong>nesia "SA) (Fig. 10d; 36 cases). Thisphase is characterized by EOF-2 . 75th percentile.Note that suppression of convection is also observe<strong>do</strong>ver southern Brazil during this phase.To identify whether extreme events on intraseasonaltime scales are modulated by the propagation of theMJO, the frequency of events that were observed ineach phase of propagation of the tropical disturbancewas computed. Only events that have started during agiven phase and have persisted at least two pentads areconsidered. The results are summarized in Fig. 11. OverSEBr (Fig. 11a), about 50% of the total wet events (P75)occurred during the "SA #In<strong>do</strong>nesia MJO phase whereasonly ;10% of the events occurred at other times.However, the frequency of dry events (P25) is approximatelythe same during "Indian #WP (35%) and"In<strong>do</strong>nesia #AS (39%) phases (Fig. 11a). Nonetheless,fewer than 5% of the dry events occurred during "SA#In<strong>do</strong>nesia phase.Over WAtl (Fig. 11b) ;30% of the wet events occurredduring the "WP #Indian phase against 10% during"Indian #WP. Dry events are relatively more frequentduring "SA #In<strong>do</strong>nesia phase (40%); nevertheless, allother MJO categories appeared related to frequenciesbetween 15% and 20%.A test for the difference of proportions (Spiegel et al.2000) was applied in order to identify which differencesin proportion of extreme events can be considered statisticallysignificant at 5% significance level. Considertwo distinct MJO phases corresponding to sample sizesequal to n 1 and n 2 , and ^p 1 and ^p 2 are the proportions ofextreme events that occurred in each phase as indicatedin Fig. 10. To test whether the two proportions canbe considered as belonging to distinct populations, thefollowing transformation was applied:^pz 5 1 ^pp ffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffi 2, (1)^p^q(1/n 1 1 1/n 2 )where ^p 5 (n 1 ^p 1 1 n 2 ^p 2 )/(n 1 1 n 2 ), ^q 5 1 ^p, and n 5n 1 1 n 2 . The null hypothesis H 0 is p 1 5 p 2 and the


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1693FIG. 10. Composites of OLR intraseasonal anomalies (20–90days) over the tropics during distinct phases of MJO propagationobtained from the two leading EOF modes of the OLR IS anomaliesbetween 158S and 158N (see text for details). Composites areperformed according to the magnitude of the respective DJF timecoefficient using the following criteria: (a) EOF-1 . 75th percentile(EOF-1 75th ), (b) EOF-2 , 25th percentile (EOF-2 25th ), (c)EOF-1 , 25th (EOF-1 25th ), and (d) EOF-2 . 75th percentile(EOF-2 75th ). Symbol ‘‘"’’ (‘‘#’’) at the top of each frame indicatesenhancement (weakening) of convective activity in some key regions.Shading indicates statistical significance at 95% confidencelevel. Light (dark) shading and solid (dashed) contours indicatepositive (negative) anomalies. First positive (negative) contour is2.5 (22.5) and interval 5.0 W m 22 .alternative hypothesis H 1 is p 1 . p 2 . The z statistics [Eq.(1)] has normal distribution. Statistically significant differencesat 5% level are observed for z . 1.64. Table 1summarizes the results. Differences are statistically significantat 5% significance level for wet events occurringover SEBr during the "SA #In<strong>do</strong>nesia (Fig. 10d) comparedto all other phases of the MJO. Similarly, dryevents over SEBr are more frequent during "In<strong>do</strong>nesia#AS (Fig. 10b) compared to the opposite phase "SA#In<strong>do</strong>nesia (Fig. 10d) and also with "WP #Indian phase(Fig. 10c). Differences are not statistically significantwith respect to "Indian #WP phase (Fig. 10a) which isassociated with similar proportion of dry events.Differences in the frequency of wet events over WAtlare statistically significant only between "WP #Indianphase (Fig. 10c) and "Indian #WP phase (Fig. 10a). Thefrequency of dry events over WAtl is surprisingly largerduring "SA #In<strong>do</strong>nesia (Fig. 10d) compared to "Indian#WP phase (Fig. 10a) and "In<strong>do</strong>nesia #AS (Fig. 10b).The WAtl region is located south of the maximum signalof OLR intraseasonal anomalies observed during"SA #In<strong>do</strong>nesia (Fig. 10d). The relationships with MJOphases indicated here are likely the effect in low- andhigh-level circulations because of equatorial Kelvin andextratropical Rossby response of the MJO (Ferrantiet al. 1990; Liebmann et al. 2004).b. Intraseasonal extreme events and low-levelmeridional circulationLiebmann et al. (2004) investigated the influence ofthe South American low-level jet east of the Andes ondaily precipitation <strong>do</strong>wnstream of the jet and in theSACZ. They found that the amount of precipitationapproximately <strong>do</strong>ubles its expected climatology whenthe jet is strong, with evolution of rainfall from south tonorth. They also showed that the intensification of thejet is related to the development of a baroclinic systemfarther south. In addition they showed that phases of theMJO have statistically significant amplitudes associatedwith rainfall both <strong>do</strong>wnstream of the jet and in theSACZ. The objective of the present study is to complementLiebmann et al. (2004) study by identifying therelationships between extreme precipitation on intraseasonaltime scales and low-level meridional circulationover South America and western South Atlantic.For this purpose, composites of nonfiltered 850-hPawind during extreme wet and dry events on intraseasonaltime scales for each region discussed beforewere performed (Fig. 12). In addition, for each compositethe average meridional wind ( V) was comparedwith the expected DFJ climatology. Lines in Fig. 12denote regions where V is significantly (5% two-sided ttest) above (continuous lines) and below (dashed lines)the climatological median.During extreme wet events over SEBr (Fig. 12a),meridional winds $ 75th percentile of the climatologyare observed over eastern South America, north of theSEBr region, extending toward the Atlantic Ocean.Magnitudes of V above the median are also observed


1694 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22FIG. 11. Percentage of wet and dry intraseasonal extreme events observed in each MJO phase; (a) SEBr,(b) WAtl. Symbol ‘‘"’’ (‘‘#’’) indicates increase (decrease) of convection in that region according to Fig. 10.‘‘Others’’ category indicates that the observation did not occur in any characteristic phase of the MJO.Total number of wet (P75) and dry (P25) events in each region is indicated at the bottom of each frame.over northern South America, indicating the large contributionof moisture input from the equatorial Atlantic.These features appear along with V below the 25thpercentile of the climatology east of the Andes. Duringdry intraseasonal events over SEBr (Fig. 12b), an enhancementof the low low-level jet east of the Andes isobserved, consistent with the results of Liebmann et al.(2004). The average magnitude of V is between themedian and the upper quartile of the climatology for theregion, except for a few grid points just east of the AndesTABLE 1. The z-statistics for the difference in proportions of intraseasonal (20–90 days) extreme wet and dry events and MJO phases.Symbols and acronyms to identify distinct phases of the MJO follow the definitions of Fig. 10. Statistically significant differences at 5%(10%) level are observed for z . 1.64 (z . 1.28).EventArea"Indian #WP vs"In<strong>do</strong>nesia #SA"Indian #WP vs#Indian "WP#In<strong>do</strong>nesia "SA vs"Indian #WP"In<strong>do</strong>nesia #SA vs#Indian "WP"In<strong>do</strong>nesia #SA vs#In<strong>do</strong>nesia "SA#Indian "WP vs#In<strong>do</strong>nesia "SAWet SEBr 0.61 0.00 3.02 0.62 3.63 3.08Dry SEBr 0.36 1.59 3.20 1.97 3.56 1.76Wet WAtl 1.12 1.99 1.13 0.95 0.00 0.96Dry WAtl 0.53 0.53 1.77 0.00 2.33 2.31


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1695FIG. 12. The 850-hPa total wind (m s 21 ) during (a), (c) wet and (b), (d) dry extreme intraseasonal events over(a), (b) SEBr; (c), (d) WAtl. Solid lines indicate regions where the average magnitude of the meridional wind is abovethe 55th percentile of the climatology (lines are plotted every 10% interval). Dashed lines indicate regions where themagnitude of the meridional wind is below the 25th percentile. This analysis is performed only where the intraseasonalanomalies of the meridional wind are statistically significant at 5% significance level (gray shades). Dottedcontours show the terrain elevation beginning at 750 m with 500-m intervals.where the intensity is above the 75th percentile. Thesefeatures are observed along with a decrease in magnitudeof V over Northeastern Brazil extending toward theAtlantic Ocean and have not been <strong>do</strong>cumented before.Wet extreme events over WAtl (Fig. 12c) are associatedwith the intensification of the northerly windsover eastern South America and over the AtlanticOcean, north of WAtl. Unlike SEBr wet events (Fig.12a), these winds have intensity above the upper quartileof the climatology only over the Atlantic and thesoutheastern coast of SA (Fig. 12c). Interesting enough,dry extreme events over WAtl (Fig. 12d) are not associatedwith an enhancement of V east of the Andes butover southeastern Brazil.6. Relationships between intraseasonal andlow-frequency extreme eventsThe occurrence of extreme events on low-frequencytime scales certainly results from the interplay of phenomenaoccurring on several time scales. For example, alarge number of storms or intense mesoscale systemsduring one season must increase the total seasonalprecipitation. Analogously, more frequent cold fronts orlong-lasting blocking conditions can also play a role inchanging the seasonal climatology. The objective of thepresent section is to examine the importance of intraseasonalanomalies in contributing to extreme seasonalprecipitation.


1696 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22TABLE 2. Distribution of intraseasonal (20–90 days) extreme events according to low-frequency anomalies during all seasons. Wet(dry) extreme events on low-frequency time scale are labeled as Wet LF (Dry LF ), whereas wet (dry) extreme events on intraseasonal timescales are labeled as Wet IS (Dry IS ). Seasons not classified as dry or wet on low-frequency time scales are labeled as ‘‘neither.’’ Thez-statistics for the difference in proportions is also shown. Statistically significant differences at 5% (10%) level are observed for 21.64 .z . 1.64 (21.28 . z . 1.28). See text for more details.SEBr20–90 days extreme eventsLow-frequency extremesWet IS Dry IS Wet IS Dry ISWet LF 5 (25%) 8 (42%) 8 (40%) 8 (40%)Dry LF 1 (5%) 6 (32%) 8 (40%) 4 (20%)Neither 14 (70%) 5 (16%) 4 (20%) 8 (40%)Total 20 19 20 20z-statistics for the difference in proportionsWet LF –Dry LF 0.97 0.38 0.00 20.75Dry LF –neither 22.57 0.23 0.83 20.77Neither–Wet LF 1.78 20.67 20.93 0.00WAtlIntraseasonal extreme anomalies are observed, onaverage, 1–2 times during one DJF season with persistencethat varies from one to four pentads (Fig. 4) andvariable intensity. A quantitative analysis about thefrequency of wet and dry intraseasonal events duringwet and dry low-frequency extreme events (labeledas Wet LF and Dry LF , respectively) over SEBr and WAtlis shown in Table 2. Only 25% (32%) of the wet (dry)intraseasonal events occurred along with Wet LF(Dry LF ) events over SEBr. Nevertheless, the frequencyof wet intraseasonal events that occurred in seasonswith near-median low-frequency anomalies (labeled as‘‘neither’’ in Table 2) is 70%. The test of difference inproportions [Eq. (1)] indicates that more extreme intraseasonalwet events over SEBr have occurred during‘‘neither’’ than during Wet LF and Dry LF seasons at 5%significance level. No statistically significant differenceswere observed for the frequency of dry intraseasonalevents over SEBr.Over WAtl approximately the same proportion ofwet intraseasonal events (40%) occurred during Wet LFand Dry LF seasons and the remaining (20%) during‘‘neither.’’ About 40% of all dry intraseasonal eventsoccurred during Wet LF , 20% during Dry LF and 40%during ‘‘neither.’’ Differences are not statistically significantat 5% level.Figure 13 illustrates the relationship between thefrequency and intensity of intraseasonal anomalies andlow-frequency anomalies during all seasons. Dark thicklines are the average in the area (SEBr and WAtl) oflow-frequency anomalies during the season. Extremewet and dry anomalies on low-frequency time scales areindicated in the figure by showing the year correspondingto December of that summer season. Graylines represent the average intraseasonal anomaliesobserved in a given region during the season. Dashedlines indicate the 75th and 25th percentiles of the intraseasonalanomalies and are used as references toinfer the occurrence of extreme anomalies on that timescale.Figure 13 clearly indicates the complexity of the relationshipsbetween extreme wet or dry seasons and theintensity, duration, and frequency of the intraseasonalevents in both regions. The occurrence of a strong wetintraseasonal event can be followed by long dry period(or vice versa) and the resulting contribution seems todepend on the timing of the events, intensity, and frequency.For instance, 1985 was a dry season over SEBr.Two intraseasonal events affected the area in that season,both causing wet and dry extreme anomalies. Thewet anomalies <strong>do</strong> not seem to have been long or strongenough to compensate the dry anomalies. On the otherhand, long-lasting events during the middle of the seasonor the occurrence of two or more strong events mayhave contributed substantially to the surplus of theseasonal precipitation in some seasons. Examples of thelatter are observed in 1996 affecting SEBr and WAtl.Likewise, strong dry intraseasonal periods as observedin 1983 over SEBr seem to have contributed to thedeficit of precipitation in that region. However, it islikely that the frequency and intensity of synoptic-scalesystems such as cold fronts, with time scales shorter than20 days, play a more efficient role in modulating extremeprecipitation and dry conditions in the regionsinvestigated here. The 1982 season over WAtl is onetypical example that suggests an irrelevant importanceof the intraseasonal activity for the seasonal anomalies.The enhancement of convection due to local processesnot considered here is another aspect that can certainlycontribute to the total seasonal precipitation. Moreover,given the interannual variability of the intraseasonalactivity suggested in Fig. 13, there is an indication that


1APRIL 2009 M U Z A E T A L . 1697FIG. 13. Intraseasonal (20–90 days) anomalies (gray lines) averaged in each region during theoccurrence of low-frequency (.370 days) extreme events; (a) SEBr, (b) WAtl. Dashed linesshow the upper and lower quartile of the intraseasonal anomalies to indicate the occurrence ofextreme events on that time scale. The average low-frequency anomalies in grid points thatobserved extreme events in each region are indicated by dark lines. Years corresponding to theextreme events are shown inside the figure and are not the same for all regions.the dynamics responsible for extreme wet or dry seasons<strong>do</strong> not play a substantial role in modulating intraseasonalactivity over southeastern South America.7. ConclusionsThe present observational study explored some dynamicalfeatures associated with the occurrence of extremewet and dry events on intraseasonal (20–90 days)and low-frequency (. 370 days) time scales over southeasternSouth America and subtropical western Atlanticduring the austral summer. One unique aspect of thisstudy is the additional focus on the western subtropicalAtlantic where the oceanic activity of the SACZ hasbeen observed. Moreover, we addressed relationshipsbetween intraseasonal and low-frequency extremeanomalies that have not been explored before.Dominant dynamical mechanisms during extremeevents on low-frequency time scales seem quite dependenton the regions we are focusing on. Extreme dry andwet conditions have no clear relationships with ENSOover SEBr and WAtl. Nevertheless, we found indicationthat the enhancement of convection over SEBr is relatedto suppression of convection over the equatorial westernPacific (;1808–1208W) and enhancement over the MaritimeContinent. In contrast, the enhancement of convectionover the SPCZ and suppression over the equatorialPacific is related to dry conditions on low-frequency timescales over SEBr. In addition, the reversal of the SouthAtlantic dipole seems to have a more effective relationshipwith extreme events over SEBr and WAtl than theSST in the equatorial Pacific.Composites of upper-level circulation indicate thatwet (dry) extreme events on low-frequency time scalesare systematically related to westerly (easterly) anomalies.A broad region with easterly anomalies and largelyzonal features in the Southern Hemisphere is observedduring dry events over SEBr. Atmospheric mechanismsdriving extreme anomalies over WAtl seem to be distinctfrom those that cause extreme events over SEBr,


1698 JOURNAL OF CLIMATE VOLUME 22emphasizing the importance of the decoupling betweenthe oceanic and continental precipitation patterns overthe SACZ region. Moreover, there is no clear evidenceof a seesaw of extreme events between SEBr and southBrazil on low-frequency time scales. Near-surface circulationclearly indicates the importance of the <strong>do</strong>minanceof westerly (easterly) wind anomaly regimes forwet (dry) seasons over SEBr. Over WAtl, the occurrenceof extreme wet (dry) seasons depends largely on theanomalous equatorward (poleward) flows toward thesubtropical Atlantic Ocean.On intraseasonal time scales, a large correspondenceamong extreme events in all regions is consistent withthe propagation of extratropical wave trains, as shownin several previous studies referred to in this paper.Here we identified the relationships between the frequencyof events and phases of the MJO. It is importantto emphasize that not all intraseasonal activity studiedin this paper was clearly and unequivocally connected tothe MJO extratropical Rossby response (e.g., Ferrantiet al. 1990). Nevertheless, we showed that distinctphases of propagation of the MJO have different impactson the frequency of extreme wet and dry eventsover these regions. Another result complementary tothe Liebmann et al. (2004) study indicated that extremeevents on intraseasonal time scales over SEBr and WAtlare related to the occurrence of meridional winds abovethe 75th percentile over eastern tropical Brazil extendingtoward the ocean. The combination of theseresults suggests that the tropical variability in circulationobserved in this region is likely modulated by theMJO Kelvin response in the tropics.Associations between intraseasonal variability andextreme wet and dry events on low-frequency timescales indicate a very complex pattern of covariability.The number and intensity of intraseasonal events mayinfluence the total precipitation of the season dependingon their timing. Moreover, other time scales not investigatedin this study such as the synoptic (, 10 days) andmesoscale (, 1 day) may significantly contribute to thetotal precipitation during the summer season and needto be considered to properly address the variability ofextreme events on low-frequency time scales.Acknowledgments. The authors thank Dave Alluredfor gridded-precipitation data processing. Rainfall stationdata was provided by DAEE and ANEEL andGPCP by NOAA. The NCEP–NCAR reanalysis andOLR data were provided by NOAA/ESRL PhysicalSciences Division. The authors greatly acknowledge thefinancial support of the following agencies: M. N. MuzaCNPq (140280/2006-5); L.M.V. Carvalho FAPESP (02/09289-9) and CNPq (302203/02-8; 482447/07-9); L.Carvalho, C. Jones, and B. Liebmann NOAA CPPAprogram (NA07OAR4310211); L Carvalho and C. JonesNOAA (NA05OAR4311129).REFERENCESCarvalho, L. M. V., C. Jones, and B. Liebmann, 2002a: Extremeprecipitation events in southeastern South America and largescaleconvective patterns in the South Atlantic convergencezone. J. Climate, 15, 2377–2394.——, ——, and M. A. F. Silva Dias, 2002b: Intraseasonal largescalecirculations and mesoscale convective activity in tropicalSouth America during the TRMM-LBA campaign. J. Geophys.Res., 107, 8042, <strong>do</strong>i:10.1029/2001JD000745.——, D. Lavallée, and C. Jones, 2002c: Multifractal properties ofevolving convective systems over tropical South America.Geophys. Res. 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