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<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong><strong>www</strong>.<strong>sbd</strong>.<strong>org</strong>.<strong>br</strong>Afiliada à Associação Médica <strong>Brasileira</strong>


SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO: Sinésio Talhari e Andréa Machado Coelho Ramos 01Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento 03ANEXO I Epi<strong>de</strong>miologia, genética e imunopatogênese 15ANEXO II Manifestações clínicas e diagnóstico 21ANEXO III Diagnóstico diferencial da Psoríase 29ANEXO IV Tratamento tópico da Psoríase 35ANEXO V Tratamento <strong>de</strong> áreas especiais 45ANEXO VI Fotototerapia na Psoríase 53ANEXO VII Metotrexate na Psoríase 61ANEXO VIII Acitretina na Psoríase 67ANEXO IX Ciclosporina na Psoríase 75ANEXO X Imunobiológicos na Psoríase 87ANEXO XI Psoríase e infecção bacteriana 95ANEXO XII Psoríase e gravi<strong>de</strong>z 99ANEXO XIII Psoríase na infância 103II


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAApresentaçãoA <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> preocupada com esta <strong>de</strong>rmatose, bastante significativana prática clínica dos seus associados, conhecedora da alta incidência <strong>de</strong>sta doença, convocouum grupo <strong>de</strong> especialistas reconhecidos no estudo da PSORÍASE.Sob a coor<strong>de</strong>nação da Dra. Maria Denise Takahashi, foram constituídos grupos <strong>de</strong> trabalho,a saber:Grupos <strong>de</strong> TrabalhoGrupo IMaria Denise Fonseca TakahashiMarcelo ArnoneGrupo IIGladys Aires MartinsAiçar ChaulGrupo IIIJesus Rodrigues SantamaríaTânia CestariMariana SoirefmannGrupo IVSilvio Alencar MarquesLucia ArrudaSylvia YpirangaGrupo VLuna AzulayAlexandre GrippGrupo VIBernardo GontijoIda Gomes DuarteRoberta Buense BedrikowApós várias reuniões presenciais, conseguiram uma revisão completa so<strong>br</strong>e o tema e assimse chegou a esta o<strong>br</strong>a que, com certeza será <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> auxílio na prática <strong>de</strong>rmatológica.A diretoria SBD 2005-2006, muito honrada com este trabalho, registra os mais sincerosagra<strong>de</strong>cimentos a este grupo, mencionando a revisão e <strong>org</strong>anização final pelo Dr. Abdiel FigueiraLima, esperando que haja continuida<strong>de</strong> e futuras atualizações.Sinesio TalhariPresi<strong>de</strong>nte da SBDAndréa Machado Coelho RamosCoor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> DepartamentosApresentação | 1


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAConsenso e Guias <strong>de</strong> TratamentoDefiniçãoPsoríase é doença inflamatória crônica dapele e articulações, imuno-mediada, <strong>de</strong> basegenética, com gran<strong>de</strong> polimorfismo <strong>de</strong>expressão clinica. (consultar anexo I e II)Epi<strong>de</strong>miologia e Genética(consultar anexo I)De ocorrência universal, a psoríase acometeigualmente homens e mulheres, sendodas <strong>de</strong>rmatoses mais freqüentes na práticaclínica.No Brasil não existem estudos so<strong>br</strong>e asua prevalência. Aspectos ambientais, geográficose étnicos po<strong>de</strong>m interferir na sua incidência.A doença po<strong>de</strong> ocorrer em qualquerida<strong>de</strong> com picos <strong>de</strong> incidência na segunda equinta décadas <strong>de</strong> vida associados a diferentesantígenos <strong>de</strong> histocompatibilida<strong>de</strong>. O inicioantes dos quinze anos correlaciona-secom maior freqüência <strong>de</strong> casos familiares.Estudos recentes revelam loci <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong><strong>de</strong>nominados Psors, localizados noscromossomos 6p, 17q, 4q e 1q.Manifestações Clínicas(consultar anexo II)A psoríase se manifesta, na maioria dasvezes, por placas eritemato-escamosas,bem <strong>de</strong>limitadas, ocasionalmente pruriginosas,em áreas <strong>de</strong> traumas constantes na pele– cotovelos, joelhos, região pré-tibial, courocabeludo e região sacra. O tamanho e onúmero das placas é variável, toda a pelepo<strong>de</strong>ndo ser afetada. Em 50% a 80% doscasos são i<strong>de</strong>ntificadas alterações ungueais,especialmente onicólise e <strong>de</strong>pressões cupuliformes.Outros padrões clínicos que a doençapo<strong>de</strong> apresentar são:Psoríase invertida: lesões localizadas emáreas intertriginosas.Seboríase: quando ocorre em áreasseborréicas.Psoríase em gotas: pequenas pápulas eritemato-escamosasque predominam no troncoe raiz dos mem<strong>br</strong>os, ocorrendo geralmenteem adolescentes ou adultos jovens, muitasvezes após quadros infecciosos.Psoríase eritrodérmica: acometimento <strong>de</strong>mais <strong>de</strong> 90% da superfície corporal, <strong>de</strong> carátersubagudo ou crônico e comprometimentodo estado geral. Po<strong>de</strong> ocorrer por piora dapsoríase em placas ou pustulosa generalizadae, eventualmente, como manifestação inicialda doença.Psoríase pustulosa generalizada (Von Zumbusch): quadrogeneralizado <strong>de</strong> pústulas estéreis, com fe<strong>br</strong>ee comprometimento do estado geral. Namaioria das vezes, ocorre em doente compsoríase em placas, após exposição a fatores<strong>de</strong> piora – hipocalcemia, interrupção <strong>de</strong> corticoterapiasistêmica, infecção, terapia tópicaintempestiva. generalizada na gravi<strong>de</strong>z: em gestantes,<strong>de</strong> novo ou como evolução <strong>de</strong> psoríase emplaca, com ou sem hipocalcemia. palmoplantar: quadro crônico limitado àspalmas e/ou plantas <strong>de</strong> pústulas estéreis queocorre em adultos, mais habitualmente nosexo feminino. outras formas menos freqüentes: policíclica,acro<strong>de</strong>rmatite contínua.Psoríase na infância: (consultar anexo XIII)Psoríase artropática: artrite soronegati-Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento | 3


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAva encontrada em 10 a 40% dos doentes <strong>de</strong>psoríase, geralmente afetando as articulaçõesdas mãos, pés, e mais raramente, tornozelose joelhos (mono ou oligoartrite assimétrica).Em menor número <strong>de</strong> casos, a artropatiapo<strong>de</strong> se manifestar como poliartrite simétrica(artrite reumatói<strong>de</strong> -símile), espondiloartriteou artrite mutilante.Fatores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antes/agravantes dapsoríaseFatores locais: Trauma: todos os tipos <strong>de</strong> trauma têmsido associados (físico, químico, elétrico,cirúrgico, infeccioso, inflamatório, escoriaçãodas lesões) Luz solar: o sol em geral melhora apsoríase. Entretanto ela po<strong>de</strong> ser agravadavia fenômeno <strong>de</strong> Koebner se houver exposiçãosolar aguda e intensa.Fatores sistêmicos Infecção: infecção estreptocócica <strong>de</strong>orofaringe está associada à doença aguda,eruptiva, conhecida como psoríase gotada.Algumas evidências <strong>de</strong> colonização estreptocócicasubclínica po<strong>de</strong> estar associada apsoríase em placas refratária. HIV: aumento na ativida<strong>de</strong> da doençaem pacientes HIV positivos. Piora no início dainfecção e ten<strong>de</strong> a melhorar nas formas avançadas. Drogas: muitos medicamentos temsido associados ao aparecimento e piora dapsoríase - Lítio, retirada <strong>de</strong> corticói<strong>de</strong> sistêmico,beta bloqueadores, antimaláricos, antiinflamatóriosnão esterói<strong>de</strong>s. Fatores psicogênicos/emocionais: muitospacientes referem um aumento na intensida<strong>de</strong>da psoríase com estresse psicológico.A relação causa-efeito não está muito clara. Tabagismo: em tabagistas existe umrisco aumentado para psoríase em placascrônica. Álcool: é consi<strong>de</strong>rado um fator <strong>de</strong> riscopara psoríase, particularmente em homensjovens e <strong>de</strong> meia ida<strong>de</strong>. Fatores endócrinos: a intensida<strong>de</strong> dapsoríase po<strong>de</strong> flutuar com as alterações hormonais.Ocorrem picos <strong>de</strong> incidência napuberda<strong>de</strong> e durante a menopausa. Na gravi<strong>de</strong>zos sintomas po<strong>de</strong>m melhorar ou piorar.Po<strong>de</strong> ocorrer piora no período pós-parto.DiagnósticoÉ baseado na história, quadro clínico e,nos quadros menos típicos, no exame histopatológico(anexo II). Na psoríase emplacas o diagnóstico é eminentemente clínico,dada a distribuição típica das placase a fácil obtenção do sinal do orvalho sangrentopela curetagem metódica <strong>de</strong> Brocq.Este sinal contribui também para o diagnósticoda psoríase em gotas. O exame docouro cabeludo e das unhas auxilia o diagnóstico.O diagnóstico <strong>de</strong> artrite psoriásica po<strong>de</strong>ser difícil, necessitando estudo radiológico einteração com os reumatologistas.Diagnóstico diferencialDevido ao gran<strong>de</strong> polimorfismo naexpressão clínica da doença, a psoríase permitediagnóstico diferencial com muitasoutras <strong>de</strong>rmatoses – consultar anexo III paratabela e texto completo.4 |Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIATABELA I: Formas clínicas <strong>de</strong> Psoriase. Clínica, fatores precipitantes ediagnóstico diferencial.Forma clínicaCaracterísticas clínicasFatores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antesDiagnóstico diferencialPsoríase em placasPlacas eritematosas, espessas,escamasprateadas nocouro cabeludo e áreas<strong>de</strong> extensãoEstresse,infecção,trauma,medicações, xeroseDermatite atópica,<strong>de</strong>rmatiteirritativa,linfoma cutâneo <strong>de</strong>célulasT, pitiríase ru<strong>br</strong>a pilar,<strong>de</strong>rmatite seborreica,doença <strong>de</strong> Bowen, erupçãopor drogas, eritema anularcentrífugo, líquen plano,líquen simples crônico,lupus eritematoso subagudo,para psoríase, pitiríaserósea, sífilis, tinea corporisPsoríase gotadaPápulas eritematosas, escamativas,usualmente no tronco,poupandoas palmas eplantasInfecção estreptocócica naorofaringePitiríase rósea, sífilissecundária, erupção pordrogas, pitiríase liquenói<strong>de</strong>,papulose linfomatói<strong>de</strong>,linfoma cutâneo <strong>de</strong> cels. TPsoríase pustulosalocalizadaPápulas e/ou placas eritematosas,pustulas, usualmentenas palmas e plantas(psoríase pustulosa palmoplantar)Estresse, infecção,medicamentosErupção pustulosa pordrogas, eczema disidrótico,<strong>de</strong>rmatose pustulosasubcórneaPsoríase pustulosageneralizadaPústulas isoladas ou so<strong>br</strong>epápulas e/ou placas, disseminadas.Po<strong>de</strong> estar associadaa comprometimento sistêmicocomo fe<strong>br</strong>e, dor no corpo,diarréia.Estresse, infecção,medicamentosErupção pustulosa pordrogas, <strong>de</strong>rmatose pustulosasubcórnea, septicemiapor gram negativosPsoriase eritrodérmicaEritema intenso, escamas,co<strong>br</strong>indo todo o corpo.Freqüentemente associada asintomas sistêmicos.Po<strong>de</strong> ounão haver psoríase préexistenteEstresse, infecção,medicamentosErupção por drogas, <strong>de</strong>rmatiteeczematosa, micosefungói<strong>de</strong>, pitiríase ru<strong>br</strong>apilar, pênfigo foliáceoConsenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento | 5


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIACritérios <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da psoríasecutâneaAtualmente foram criados novos critériospara a avaliação da gravida<strong>de</strong> da psoríase,que levam em conta não apenas a extensãodo quadro, mas, so<strong>br</strong>etudo o comprometimentoda qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do doente:Psoríase leve Não altera a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do doente Acomete até 2% <strong>de</strong> área corpóreaPsoríase mo<strong>de</strong>rada Afeta a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do doente Acomete <strong>de</strong> 2 a 10% <strong>de</strong> área corpóreaPsoríase grave Afeta <strong>de</strong> forma significativa a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida do doente Compromete mais <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> área corpórea O doente está disposto a correr riscos paramelhorar sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, aceitandotratamentos que possam ter efeitos colateraisimportantesOutros fatores <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radosna avaliação da gravida<strong>de</strong>: atitu<strong>de</strong> do pacienteem relação à doença, acometimento <strong>de</strong>áreas especiais (face, mãos e pés, genitais,unhas), sinais e sintomas (fe<strong>br</strong>e, sangramento,dor, rigi<strong>de</strong>z articular, prurido).As psoríases eritrodérmica e pustulosa generalizadasão formas graves e exigem a internaçãodo doente. Comprometem o estado geral epo<strong>de</strong>m ser mortais <strong>de</strong>vido às complicaçõestanto infecciosas como <strong>de</strong> múltiplos órgãos.TratamentoO objetivo do tratamento é o controle clínicoda doença e a melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida do paciente. A terapêutica <strong>de</strong>ve:1- ser acessível, tanto em relação à disponibilida<strong>de</strong>quanto ao custo2- ser <strong>de</strong> fácil administração e convenienteao doente3- causar efeitos colaterais mínimos4- não induzir taquifilaxia5- proporcionar remissões prolongadas6- permitir uso prolongado nos casos <strong>de</strong>difícil controleNa escolha <strong>de</strong> qualquer modalida<strong>de</strong> terapêutica<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados: sexo e ida<strong>de</strong>; forma clínica, localização e extensão; antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> evolução (estável ouinstável); gravida<strong>de</strong> do quadro (ver critérios <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>); comprometimento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida; sinais e sintomas associados: dor, prurido,limitação <strong>de</strong> movimentos, artrite; antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> quadro infeccioso ; co-morbida<strong>de</strong>s e medicações concomitantes; tratamentos prévios: duração, eficácia eefeitos colaterais disponibilida<strong>de</strong> e conveniência do tratamentoTratamento tópicoA administração <strong>de</strong> medicamento diretamenteso<strong>br</strong>e a lesão cutânea permite minimizarpossíveis efeitos colaterais em outros órgãos ena pele não lesada. Nas formas leves <strong>de</strong> psoríase,a terapêutica tópica, seja em monoterapia,seja combinada, costuma ser suficientepara o controle das lesões. Nas formas mo<strong>de</strong>radasa graves, o tratamento local, quandoassociado à fototerapia e/ou à terapia sistêmica,propicia maior conforto ao paciente e aceleraa melhora. Tópicos ceratolíticos, emolientesou umectantes <strong>de</strong>verão sempre ser incluídosem qualquer programa terapêutico, sejacomo coadjuvante, seja em alternância com osprodutos ativos e nas fases assintomáticas.Na tabela II estão listados os tópicos ativosem psoríase e na tabela III os tópicosusados como terapêutica complementar.Consultar o anexo IV que fornece informações<strong>de</strong>talhadas so<strong>br</strong>e cada medicação.6 | Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIATabela II: Medicações tópicas ativas em Psoríase disponíveis no BrasilMedicaçãoFreqüência<strong>de</strong> usoForma farmacêuticaEficáciaEfeitos colateraisObservaçõesCorticosterói<strong>de</strong>sPotencia baixa1 x / diaCremes, pomadas+/+++Uso em face,do<strong>br</strong>as,semimucosasCorticosterói<strong>de</strong>sPot. mo<strong>de</strong>rada1 x / diaCremes,pomadas,loções+++++TaquifilaxiaSupressão adrenalCorticosterói<strong>de</strong>sPotência alta1 x / diaCremes, pomadas,loções+++/+++++++TaquifilaxiaSupressão adrenalCorticosterói<strong>de</strong>sintralesionais1 x a cada 3semanasFrasco/ampola+++++++atrofia, bursiteTriamcinolona 2 a4 mg/mlCalcipotriolCalcitriol2 x / dia2 x / diaPomadaPomada++/+++++++Po<strong>de</strong>m induzirremissãoCoaltarAntralina1 x / dia1 x / diaGel, Xampu,fórmulas 0,5 a 5%Formulações0,5 a 3%+++++++++Baixa aceitaçãocosmética. Po<strong>de</strong>minduzir remissãoTacrolimusPimecrolimus2 x / dia2 x / diaPomadaCreme++++++Uso em face,do<strong>br</strong>as,semimucosasEficácia: + Mínima, ++ Leve, +++ Mo<strong>de</strong>rada, ++++ AltaRisco <strong>de</strong> efeitos colaterais: + Mínimo, ++ Pequeno, +++ Alto, ++++ Muito altoConsi<strong>de</strong>rações gerais1) Informar SEMPRE aos pacientes so<strong>br</strong>eos riscos da corticoterapia tópica em monoterapia,so<strong>br</strong>etudo se <strong>de</strong> alta potência e porperíodos prolongados.2) Estimular terapias tópicas combinadase seqüenciais.3) Reiterar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrataçãocontinuada da pele, mesmo nas fases <strong>de</strong>remissão.4) Na face, preferir imunomoduladorestópicos. Contra-indicar o uso <strong>de</strong> análogos davitamina D, pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fotossensibilização.Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento | 7


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIATabela III: Terapêutica tópicacoadjuvanteCeratolíticos / hidratantes: ácido salicílico 3 a 6% em vaselina,“cold cream”, loção capilar. uréia 5 a 20% em creme, pomada loção. lactato <strong>de</strong> amônia 12% em loção e creme ceramidas em creme ou loçãoOutros: águas termais óleo mineral5) Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia seqüencialcom corticosterói<strong>de</strong>s e calcipotriol/calcitriol,consi<strong>de</strong>rar formulações <strong>de</strong> coaltar associadasà helioterapia.No couro cabeludo po<strong>de</strong>m ser recomendados:consultar anexo V Lu<strong>br</strong>ificação do couro cabeludo comóleo e remoção <strong>de</strong> escamas <strong>de</strong> forma nãotraumática, durante o banho Xampus <strong>de</strong> coaltar, antifúngicos e corticosterói<strong>de</strong>s Ácido salicílico em xampu ou solução(2 a 3%) Coaltar: Liquor carbonis <strong>de</strong>tergens até20% em loção lanette Corticosterói<strong>de</strong>s tópicos <strong>de</strong> alta potência, como loção<strong>de</strong> dipropionato <strong>de</strong> betametasona e solução<strong>de</strong> propionato <strong>de</strong> clobetasol. Formulaçãocom corticosterói<strong>de</strong> <strong>de</strong> menor potência,como acetonido <strong>de</strong> fluocinolona 0,01%, emóleo apresenta também boa eficácia, favorecidapelo veículo. propionato <strong>de</strong> clobetasol 0,05% emxampu ou espuma (foam) Análogos da vitamina D: calcipotriol oucalcitriolCasos não responsivos à terapia tópica,que comprometam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<strong>de</strong>vem receber outros tratamentos associados:fototerapia localizada, excimer laser oumesmo terapêutica sistêmica.Nas unhas po<strong>de</strong>m ser recomendados:(consultar anexo VI) Corticosterói<strong>de</strong>s.Tópicos: potência alta, sem oclusão epor um tempo inferior a 3 meses Intralesional acetonido <strong>de</strong> triamcinolonaa 2,5 a 10mg/ml Análogos da vitamina D 5 fluoruracil 1% Creme <strong>de</strong> uréia a 20%A psoríase ungueal, seja da matriz ou doleito, é classicamente refratária a tratamentostópicos. Se o comprometimento ungueal forintenso e não pu<strong>de</strong>r ser minorado com medidascosméticas, recomenda-se a fototerapiacom PUVA ou terapia sistêmica comMetotrexato, Acitretina ou Ciclosporina.Tratamento sistêmicoCerca <strong>de</strong> 25% dos doentes <strong>de</strong> psoríaserequerem fototerapia ou tratamento sistêmico.Este também é indicado quando não háresposta à medicação tópica ou quando apsoríase ocorre em localizações que comprometema qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do doente,como face, mãos e pés. Ver anexo VAlgumas formas <strong>de</strong> psoríase, mesmoquando a pele não está afetada <strong>de</strong> formageneralizada, requerem tratamento sistêmico:a psoríase artropática, a pustulosepalmo-plantar e a acro<strong>de</strong>rmatite contínua,estas últimas por não respon<strong>de</strong>rem, via <strong>de</strong>regra, a tratamentos tópicos. Ver anexo VNa psoríase em gotas, focos infecciosos<strong>de</strong>vem ser investigados e tratados.Fototerapia é o tratamento <strong>de</strong> eleição.Na psoríase eritrodérmica são indicadoso metotrexato, a acitretina ou a ciclosporina.A resposta clínica costuma ser mais rápidacom a ciclosporina. Fototerapia, na maioria8 | Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAdos casos, não está indicada <strong>de</strong> início. Po<strong>de</strong>ser associada a essas drogas na continuida<strong>de</strong>do tratamento. Agentes biológicos tambémpo<strong>de</strong>m ser ativos.Na psoríase pustulosa generalizada, amedicação <strong>de</strong> eleição é a acitretina, nadose <strong>de</strong> 1 mg/kg/dia. Essa droga não po<strong>de</strong>ser, no entanto, utilizada em mulheres emida<strong>de</strong> fértil.Tratamento sistêmicoO tratamento da psoríase vulgarmo<strong>de</strong>rada a grave é indicado segundo oalgoritmo:FOTOTERAPIASem resposta após 20 sessões, intolerância,contra - indicação, indisponibilida<strong>de</strong>METOTREXATO ou ACITRETINASem resposta ou intolerância ou contra-indicaçãoCICLOSPORINASem resposta ou intolerância ou contra-indicaçãoBIOLÓGICOS (FÁRMACO-ECONOMIA)A não resposta ao metotrexato <strong>de</strong>ve ser avaliada após 4 a 6 semanas <strong>de</strong> uso enquanto a nãoresposta à acitretina somente após 3 meses <strong>de</strong> uso.Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento | 9


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIANa tabela IV estão listadas as modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> fototerapia. No anexo VI são <strong>de</strong>talhadasessas modalida<strong>de</strong>s terapêuticas.Na tabela V estão listadas as drogas <strong>de</strong>eleição para o tratamento sistêmico dapsoríase. Nos anexos VII, VIII e IX essas drogassão <strong>de</strong>talhadas. Na tabela VI estão listadosos imunobiológicos disponíveis no Brasil.Tabela IV – Modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fototerapiaTipoIndicaçõesContra-indicaçõesEfeitos colateraisObservaçõesUVB bandalarga (290-320nm)Psoríase mo<strong>de</strong>radaPlacas finasFotossensibilida<strong>de</strong>Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>MelanomaQueimadura(+++)Baixo risco <strong>de</strong>Ca <strong>de</strong> peleDuas a três vezes porsemana Monoterapia ouassociada a medicamentostópicos ou sistêmicosUVB banda estreita(311nm)Psoríase mo<strong>de</strong>radaPlacas finasFotossensibilida<strong>de</strong>Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>MelanomaQueimadura(++)Baixo risco <strong>de</strong>Ca <strong>de</strong> peleDuas a três vezes porsemana Monoterapia ouassociada a medicamentostópicos ou sistêmicosPUVA tópicoPsoríase leveLesões localizadasPsoríase palmoplantarFotossensibilida<strong>de</strong>Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>melanoma ou <strong>de</strong> Ca<strong>de</strong> peleQueimadura (+)Duas a três vezes porsemana Monoterapia ouassociada a medicamentostópicos ou sistêmicos“Bath” PUVAPsoríase mo<strong>de</strong>radae graveFotossensibilida<strong>de</strong>Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>melanoma ou <strong>de</strong> Ca<strong>de</strong> peleQueimadura (++)Duas a três vezes porsemana Monoterapia ouassociada a medicamentostópicos ou sistêmicosPUVA sistêmicoPsoríase mo<strong>de</strong>radae graveFotossensibilida<strong>de</strong>Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>melanoma ou<strong>de</strong>Ca <strong>de</strong> peleQueimadura (+)Duas a três vezes porsemana Monoterapia ouassociada a medicamentostópicos ou sistêmicos10 | Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIATabela V – Quimioterapia da Psoríase – Drogas <strong>de</strong> eleiçãoMedicaçãoDoseEficáciaEfeitos colateraisContra indicaçõesMonitorização /observaçõesMetotrexato7,5 a 30 mg/semVO ou IMCrianças: 0,2-0,4mg/kg/semPASI 75 em 60%PASI 50 em 75%Não costumainduzir remissãocompletamielossupressão,hepatoxicida<strong>de</strong>,fi<strong>br</strong>osepulmonar,alt. gastrintestinais,em<strong>br</strong>iopatiaAbsolutas/relativasgravi<strong>de</strong>z, lactação,comp.hepático,infecções Ins.renalou hepática, imuno<strong>de</strong>f.,alcoolismo,alt. hematológicasMonitorização:hematológica,hepática e renal acada 4-6 sem.Biópsia hepáticaapós 1,5 g <strong>de</strong>dose total.Múltiplas interaçõesmedicamentosas.Dose teste: 7,5mg1x Antídoto:ac. folínico.Acitretina0,5 a 1,0mg/kg/dia sempreapós refeiçãoVOCrianças: 0,4-0,5mg/kg/diaLeve a mo<strong>de</strong>radaAlta se associadaà fototerapiaAnormalida<strong>de</strong>s oumorte fetal, toxicida<strong>de</strong>muco-cutânea,alt. enzimashepáticas, hiperlipi<strong>de</strong>miaGravi<strong>de</strong>z até 3 anosda suspensão dadrogaHepatopatia, alcoolismo,osteoporose,hiperlipi<strong>de</strong>miaMonitorizaçãohepática e <strong>de</strong>lípi<strong>de</strong>s a cada 2 a4 meses,radiológica anual.Resposta clínica<strong>de</strong>morada.Ciclosporina2,5 – 5,0mg/kg/diaVOPASI75 em 70%Comprometimentorenal, hipertensão,imunossupressão,hipertricose, hiperplasisgengival,linfomaAlterações renais,hipertensão nãocontrolada, antece<strong>de</strong>ntesmalignida<strong>de</strong>Hipertensão controlada,imuno<strong>de</strong>ficiência,infecção ativa,vacinação vírus atenuado,alcoolismo,hepatopatiaMonitorização:renal, hematológicae hepátical a cada2-4 sem.Múltiplasinterações medicamentosas.Uso intermitente.Po<strong>de</strong> ser usadaem grávidas.Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento | 11


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAMedicaçãoTabela VI – Imunobiológicos na psoríaseDoseEficáciaContraindicações/Efeitos colateraisMonitorização /observaçõesEtanercepte(anti-TNF-α).Proteína <strong>de</strong> fusão.Aprovado para PsO,PsA , ARJ, AR eespondilite anquilosanteno Brasil25mg SC duasvezes por semanaou 50mg SC duasvezes por semanamonoterapiaNa dose <strong>de</strong> 25mg 2x/semPASI 75 com 12 semanas<strong>de</strong> tratamento 34%PASI 75 (com 24 semanas<strong>de</strong> tratamento ) 44%Na dose <strong>de</strong> 50mg 2x/semPASI 75 com 12 semanas 49%PASI 50 com 12sem 74%24 sem 77%InfecçõesTuberculoseDoenças neurológicasPancitopeniaReações locais on<strong>de</strong>a injeção e aplicadaAgravamento <strong>de</strong>InsuficiênciaCardíaca CongestivaPPD e Radiografia <strong>de</strong>torax a cada anoHemograma,bioquímica, enzimashepáticas a cada 6meses ou <strong>de</strong> acordocom o critério médico<strong>de</strong>saconselhada vacinaçãocom vírus vivosInfliximabe(anti-TNF-α)anticorpo monoclonalquiméricoAprovado para psoriasee artrite psoriásicano Brasil;aprovado paraDoença <strong>de</strong> Crohn,AR e espondiliteanquilosante nosEUA e Europa;aprovado para PsAnos EUA5mg/kg por infusãoPASI 75 com 10 semanas<strong>de</strong> tratamento 80,4%Reações infusionaisagudas ou retardadasInfecçóes , malignida<strong>de</strong>ou doença linfoproliferativa,agravamento<strong>de</strong> insuficiênciacardíacacongestivaPPD e Radiografia <strong>de</strong>torax antes <strong>de</strong> iniciaro tratamento e a cada anoHemograma,bioquímica, enzimashepáticas a cada 6meses ou <strong>de</strong> acordocom o critério médico<strong>de</strong>saconselhada vacinaçãocom vírus vivosAdalimumabe(anti-TNF-α)anticorpo monoclonalaprovado para ARnos EUA e na Europa,aprovado no Brasilpara Artrite psoriásica40mg via subcutâneaa cada 15dias.40mg semanalmentePASI 75 com 24sem 49%.PASI 50 com 24sem 75%TuberculoselMalignida<strong>de</strong>, doençashemolinfoproliferativasinfecções ativas oucrônicasPPD e Radiografia <strong>de</strong>torax antes <strong>de</strong> iniciaro tratamento e a cada anoHemograma, bioquímica, enzimashepáticas a cada 6meses ou <strong>de</strong> acordocom o critério médicoSe <strong>de</strong>saconselha vacinascom vírus vivosEfalizumabeAnticorpo monoclonalhumanizado(antiCD11a)Aprovado para PsOno Brasil, EUA e Europa0,7mg/kg na primeirasemana;1mg/kg nas semanasseguintesdurante o tratamentoPASI 75 com 12semanas 27%PASI 75 com 24semanas 44%Rebote 18%Alteração do padrão<strong>de</strong> psoríaseContra-indicado naartrite psoriásicaContagem <strong>de</strong>plaquetasPsO=psoríase, PsA =Artrite psoriásica, ARJ=Artrite reumatói<strong>de</strong> juvenil, AR= Artrite reumatói<strong>de</strong>12 | Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIANo anexo X essas medicações são apresentadas<strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada. O alefaceptenão consta da tabela. Por seu alto custo ebaixa eficácia, na opinião <strong>de</strong>sse consenso,não <strong>de</strong>ve ser recomendado para tratamento<strong>de</strong> doentes <strong>de</strong> psoríase no Brasil. (consultaranexo X)As modalida<strong>de</strong>s terapêuticas apresentadaspara tratamento da psoríase mo<strong>de</strong>rada agrave po<strong>de</strong>m ser empregadas em:Monoterapia - quando somente um agenteterapêutico é empregado.Combinação - geralmente permite reduziras doses <strong>de</strong> cada agente, diminuindo a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> efeitos colaterais. Em casos <strong>de</strong>terminados,como a combinação <strong>de</strong> acitretina ePUVA ou UVB, há comprovadamente aumentoda eficácia terapêutica. Outras combinaçõespossíveis que po<strong>de</strong>m ser benéficas:Acitretina e metotrexato ou ciclosporina, análogosda Vitamina D3 e fototerapia,Imunobiológicos anti-TNFα e metotrexato.Terapia rotacional - usada na tentativa <strong>de</strong>reduzir a toxicida<strong>de</strong> e possível taquifilaxiapelo uso prolongado. Empregada especialmentepara os doentes em que é necessárioincluir a ciclosporina no esquema <strong>de</strong> tratamento.Intermitente - usada em doentes queapresentam remissões prolongadas semmedicação.Drogas <strong>de</strong> segunda eleiçãoDas drogas <strong>de</strong> segunda eleição, os ésteresdo ácido fumárico, não estão disponíveisno Brasil. Vêm sendo usados nos paiseseuropeus, com bons resultados terapêuticos.Estão em estudo atualmente nos EstadosUnidos.Não há estudos controlados do micofenolatomofetil ou da hidroxiuréia na psoríase.O primeiro parece ter pouca ação na doençae a hidroxiuréia tem toxicida<strong>de</strong> elevada, é <strong>de</strong>indicação excepcional, <strong>de</strong>vendo ser empregadaapenas por profissionais que tenhammuita experiência com a droga.AntibióticosCom base no papel fisiopatogênico <strong>de</strong>agentes infecciosos na psoríase, muitos<strong>de</strong>rmatologistas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o uso <strong>de</strong> antibioticoterapiapor via sistêmica, mesmo naausência <strong>de</strong> quadro infeccioso ativo, tantona psoríase em gotas como em outras formasda doença. Outra conduta praticada éa indicação <strong>de</strong> amigdalectomia, em pacientescom antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> amigdalites <strong>de</strong>repetição. Tais condutas encontram suporteem experiência pessoal ou relatos <strong>de</strong>pequenas séries <strong>de</strong> casos, no entanto nãoexistem estudos bem conduzidos que ofereçamsuporte para tais práticas. ConsultarAnexo XICorticosterói<strong>de</strong>s sistêmicosOs esterói<strong>de</strong>s sistêmicos são formalmentecontra-indicados para tratamento da psoríase,pelo seu efeito rebote e possível<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> formas graves da doença– psoríase pustulosa generalizada e psoríaseeritrodérmica. Em ocasiões excepcionaissão empregados por curtos períodos e,em geral, associados a outros tratamentos.Uma indicação do uso <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong> sistêmicoé o impetigo herpetiforme. Consultaranexo XIIPsicoterapiaEstresse e ansieda<strong>de</strong> são apontadospor muitos doentes como fatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amentoou piora do quadro. Condutasauto<strong>de</strong>strutivas são <strong>de</strong>monstradas pordoentes que manipulam e escoriam suaslesões. A psoríase, por outro lado, po<strong>de</strong> afetara motivação, a auto-estima e o estado<strong>de</strong> ânimo dos doentes com influências noConsenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento| 13


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAseu <strong>de</strong>senvolvimento educacional e social,no seu <strong>de</strong>sempenho no trabalho. Po<strong>de</strong> serresponsável por <strong>de</strong>pressão, inclusive comidéias suicidas.Terapia <strong>de</strong> suporte muitas vezes é recomendadapara tratamento dos doentes.Situações especiaisPsoríase no idoso - os mesmos tratamentospo<strong>de</strong>m ser empregados no idoso. Emgeral <strong>de</strong>vem ser usadas doses menores(meta<strong>de</strong> a 2/3 da dose habitual) e as interaçõesmedicamentosas com outras medicaçõesque o idoso muitas vezes recebe <strong>de</strong>vemser conhecidas.Psoríase e gravi<strong>de</strong>z - consultar anexo XIIPsoríase na infância - consultar anexo XIIIConsi<strong>de</strong>rações finaisConsi<strong>de</strong>rando:1 - ser a psoríase uma condição queafeta gran<strong>de</strong> parte da população <strong>br</strong>asileira;2 – ser causa <strong>de</strong> problemas financeiros esociais tanto para o doente como para os serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;3 – que o controle rápido e a<strong>de</strong>quado dadoença permite ao paciente sua reabilitaçãosocial e <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho;os mem<strong>br</strong>os do consenso sugerem asseguintes recomendações:Recomendações às Autorida<strong>de</strong>sSanitárias1 - Priorizar a ação do <strong>de</strong>rmatologistacomo o profissional capacitado para diagnosticare indicar o melhor tratamento para opaciente <strong>de</strong> psoríase.2 – Disponibilizar, para os doentes <strong>de</strong>psoríase, medicações (tópicas, sistêmicas eagentes biológicos) que possam controlar oquadro, da forma similar ao que é feito paradoentes <strong>de</strong> outras patologias como AIDS,artrite reumatói<strong>de</strong>, transplantados, etc. Nessadisponibilização, priorizar o atendimento aosdoentes que apresentem formas agudas egraves da doença – psoríase pustulosa generalizadae psoríase eritrodérmica.3 – Habilitar infra-estrutura <strong>de</strong> hospitais/diapara facilitar a internação diurna<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> doentes que requerem cuidadosespeciais médicos e <strong>de</strong> enfermagem.4 – Habilitar centros <strong>de</strong> fototerapia, modalida<strong>de</strong>terapêutica sabidamente capaz <strong>de</strong>controlar a psoríase por muitos anos. Anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicações mais tóxicas emais caras po<strong>de</strong>ria, <strong>de</strong>sta forma, ser adiada erecomendada para um número menor <strong>de</strong>doentes. Nesse sentido, facilitar a regulamentação<strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> fototerapia pela ANVI-SA e incluir essa modalida<strong>de</strong> terapêutica natabela <strong>de</strong> procedimentos do SUS.5 – Fomentar e apoiar a <strong>org</strong>anização <strong>de</strong>Associações <strong>de</strong> Pacientes <strong>de</strong> Psoríase noBrasil, sempre vinculadas a serviços universitáriosou a serviços cre<strong>de</strong>nciados da<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong>.Anexo IAnexo IIAnexo IIIAnexo IVAnexo VAnexo VIAnexo VIIAnexo VIIIAnexo IXAnexo XAnexo XIAnexo XIIAnexo XIIIEpi<strong>de</strong>miologia, genética eimunopatogêneseManifestações clínicas ediagnósticoDiagnóstico diferencial dapsoríaseTratamento tópico dapsoríaseTratamento <strong>de</strong> áreasespeciaisFotototerapia na PsoríaseMetotrexate na PsoríaseAcitretina na PsoríaseCiclosporina na PsoríaseImunobiológicos na psoríasePsoríase e infecçãobacterianaPsoríase e gravi<strong>de</strong>zPsoríase na infância14 | Consenso e Guias <strong>de</strong> Tratamento


CONSENSO BRASILEIRO SOBRE PSORÍASE|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO1Epi<strong>de</strong>miologia, genética eimunopatogêneseSilvio Alencar Marques 1Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Botucatu – UNESP1Professor Livre Docente - Departamento <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Radioterapia - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Botucatu-Unesp.Especialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Epi<strong>de</strong>miologia, genética e imunopatogênese | 15


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAHISTÓRICOHipocrates (460-377 a.C.) utilizou as palavraspsora (em grego = prurido) e lepra para<strong>de</strong>screver o que hoje se reconhece comopsoríase. Robert Willan (1757-1812) distinguiu<strong>de</strong>finitivamente a psoríase da verda<strong>de</strong>iralepra subdividindo-a em dois tipos, mas permanecendoa nomenclatura confusa: lepragraecorum e psora leprosa, até que VonHe<strong>br</strong>a (1816-1880) unificou a terminologia<strong>de</strong>finitiva para psoríase.CONCEITOPsoríase, cuja lesão clássica correspon<strong>de</strong>à placa eritematosa recoberta por escamasmicáceas é doença inflamatória crônica dapele, <strong>de</strong> base genética, caracterizada porhiperplasia da epi<strong>de</strong>rme, isomorfismo, caráterrecidivante e largo espectro <strong>de</strong> manifestaçõesclínicas.EPIDEMIOLOGIAOcorre universalmente, igualmente emhomens e mulheres, sendo das mais comunsdoenças cutâneas. Estima-se acometer entre1 a 2% das populações da Alemanha,Inglaterra e Estados Unidos.Aspectos ambientais, geográficos emesmo étnicos po<strong>de</strong>m interferir na incidência.É menos comum nas regiões tropicais esubtropicais. É consi<strong>de</strong>rada rara em negrosda África Oci<strong>de</strong>ntal e em Afro-Americanos. Aincidência é baixa no Japão e praticamenteinexistente entre indígenas da América doNorte e do Sul (El<strong>de</strong>r et al.1994, Christophers,2003).A ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inicio do quadro é bimodal, i.e.um pico <strong>de</strong> incidência na segunda década <strong>de</strong>vida e outro na quinta década associando-sea antígenos <strong>de</strong> histocompatibilida<strong>de</strong> distintos(Arruda et al. 2001). Po<strong>de</strong> ocorrer na tenrainfância e na velhice. O inicio antes dos 15anos correlaciona-se com maior porcentagem<strong>de</strong> superfície corporal comprometida emaior freqüência <strong>de</strong> casos familiares (Kruger& Duvic).GENÉTICAA base genética na psoríase evi<strong>de</strong>ncia-sea partir <strong>de</strong>:I. elevada incidência familiar, <strong>de</strong> até 36%(Farber & Nall,1974).II. incidência <strong>de</strong> casos na prole, <strong>de</strong> 8,1%quando um dos pais é acometido e <strong>de</strong> 41%quando ambos o são.III. grau <strong>de</strong> concordância entre pares <strong>de</strong>gêmeos. Entre monozigóticos, 70% <strong>de</strong> concordânciaquanto à presença <strong>de</strong> psoríase(Farber & Nall, 1974). Entre gêmeos dizigóticos,23 a 30% <strong>de</strong> concordância (Christophers& Mrowietz, 2003).IV. i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antígenos <strong>de</strong> histocompatibilida<strong>de</strong>.70% <strong>de</strong> HLA-Cw6 nos pacientescom psoríase iniciando antes dos 40 anos(El<strong>de</strong>r,2001). Risco aumentado <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverempsoríase àqueles que apresentam oalelo HLA-Cw6. O risco relativo aumenta pelapresença <strong>de</strong> outros marcadores, incluindoHLA-B13 e HLA-B17 (Ortonne, 1996).Estudo genômico a partir <strong>de</strong> famílias commúltiplos afetados revelou quatro possíveislócus <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> para psoríase assimchamados: Psors 1, 2, 3 e 4 localizados noscromossomos 6p, 17q, 4q e 1q respectivamente(El<strong>de</strong>r, 2001).Conexões genéticas entre a psoríase e aDoença <strong>de</strong> Crohn: ambas correlacionam-secom o cromossomo 6, região 6p21 (Psors-1) eregião 6p23 (IBD3) da Doença <strong>de</strong> Crohn, osquais são vizinhos do gene que codifica TNFα,cuja transcrição esta aumentada em ambasdoenças. Discute-se se mutações em TNF-αaumentaria risco para <strong>de</strong>senvolver psoríase ouCrohn (Najarian & Gottlieb, 2003).IMUNOPATOGÊNESEHistopatologia <strong>de</strong> lesão <strong>de</strong> psoriasecaracteriza-se por hiperplasia da epi<strong>de</strong>rme,16 | Epi<strong>de</strong>miologia, genética e imunopatogênese


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAparaceratose e infiltrado inflamatório em faixaàs custas principalmente <strong>de</strong> linfócitos.Até o final dos anos 80, a proliferação e<strong>de</strong>senvolvimento dos queratinócitos associadosa alterações intracelulares dos mesmos,constituíram-se no alvo primordial <strong>de</strong> pesquisasrelativas à patogênese da psoríase.Contudo, evidências tais como:Metotrexato ser eficaz tanto para aslesões cutâneas quanto para as artropatiaspsoriática; Ciclosporina, que é droga imunomoduladora,ser altamente eficaz na psoríase;e toxinas anti-linfócito T, como o difititox<strong>de</strong>nileuquina, serem capazes <strong>de</strong> induzir rápidaresposta clinica - direcionaram o enfoquepara o papel do linfócito T ativado na imunopatogêneseda psoriase.A<strong>de</strong>quada compreensão dos mecanismosimunes envolvidos nos remete à <strong>br</strong>everevisão dos tópicos:Ativação do linfócito TPara ser ativado o linfócito T necessita <strong>de</strong>interação com a célula apresentadora do antígeno.O sinal principal provido por antígenosligados a moléculas do Complexo <strong>de</strong>Histocompatibilida<strong>de</strong> Maior (MHC) classe I ouII. Demais sinais <strong>de</strong>correntes da interaçãocom moléculas presentes na superfície celular<strong>de</strong> ambas as células.Apresentação <strong>de</strong> antígenosAs células <strong>de</strong>ndríticas entre as quais acélula <strong>de</strong> Langerhans da epi<strong>de</strong>rme são eficientesapresentadoras <strong>de</strong> antígenos. Estascélulas exibem vários receptores <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>ana,como receptores para IL-1, IL-6, TNF-α,INF-γ, GM-CSF (fator estimulante <strong>de</strong> colônias<strong>de</strong> macrófagos), receptor Fc para IgG e IgE.E, expressam na superfície moléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sãoe integrinas assim como secretam as citocinasseguintes: IL-1‚, IL-6, IL-12, IL-15 e IL-18.Sistemas Th1 e Th2As citocinas são classificadas segundosuas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estimularem preferencialmentea imunida<strong>de</strong> mediada por células(sistema Th1 e Tc1), da qual fazem parte: INFγ,TNF-α, IL-2, IL-12 e IL-18. Citocinas como IL-4, lL-6, IL-10 e IL-13 estimulam a imunida<strong>de</strong>humoral (sistema Th2).Os linfócitos T CD4+ e CD8+ são capazes<strong>de</strong> produzir citocinas na linha Th1 ou Th2. Aestimulação por IL-12 liberada por células <strong>de</strong>ndríticasativadas induz diferenciação no sentido<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> citocinas tipo Th1. CélulasCD4+ e CD8+ que liberam citocinas tipo Th2possuem papel regulatório na medida que altaconcentração <strong>de</strong> citocinas tipo Th2 suprimemas ações daquelas do tipo Th1.Transito dos linfócitos para a peleCélulas <strong>de</strong>ndríticas migram para linfonodosapós fagocitarem moléculas, inclusive as<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> micro<strong>org</strong>anismos, introduzidasna epi<strong>de</strong>rme ou na <strong>de</strong>rme. No linfonodo interagemcom células precursoras, nativas(naive cells), as quais transforma-se em célulasT ativadas, proliferam e também se transformamem células <strong>de</strong> memória para aquelaespecifica molécula antigênica. E, <strong>de</strong>senvolvemproteína <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>antígeno leucocitário comum (CLA), molécula<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são que media o processo <strong>de</strong> transitopara a pele.Inflamação cutâneaLinfócitos CLA-positivo correspon<strong>de</strong>m a10 a15% das células circulantes. Para tornarem-secélulas efetoras <strong>de</strong>vem reconhecer oantígeno especifico que lhe são apresentadaspor células <strong>de</strong>ndríticas abundantes napele. Tornando-se ativadas produzem série<strong>de</strong> moléculas inclusive citocinas <strong>de</strong> tipo Th1ou Th2. O fator mediador <strong>de</strong> ativação nuclearda célula T ativada é <strong>de</strong>nominado fator <strong>de</strong>transcrição nuclear κ B (NFκB), presente noEpi<strong>de</strong>miologia, genética e imunopatogênese| 17


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAcitoplasma sob inibição da proteína IκB.Ocorrendo <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> IκB, o fator NFκBtransloca-se para o núcleo on<strong>de</strong> promovetranscrição <strong>de</strong> várias proteínas <strong>de</strong> importânciana resposta inflamatória e imune, taiscomo: TNF-α, IL-1β, IL-2, GM-CSF, ICAM-1,VCAM-1, E-selectina, receptor para IL-2, einduz ciclooxigenase 2. A translocação doNFκB po<strong>de</strong> ser iniciada pelo INF-γ, moléculasoxidantes, viroses, antígenos bacterianos,ésteres e mitógenos para célula T.Porém, quem <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia o processoinflamatório na psoriase? Dados clínicos ebiológicos sugerem que processos infecciosospo<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a psoríase, entreeles infecções virais agudas, por estreptococosβ - hemolíticos e mesmo porStaphylococcus aureus (Ortonne, 1996).Em mo<strong>de</strong>los teóricos e <strong>de</strong> experimentação,consistentes com o paradigma daimuno-vigilância, antígenos, auto-antígenosou traumas (fenômeno <strong>de</strong> Kobner) iniciam oprocesso (Messen, 1995, Norris et al. 1997,Prinz, 1999, Robert & Kupper, 1999, Kirby,2001).Antígenos penetram na epi<strong>de</strong>rme e sãocaptados por células <strong>de</strong>ndríticas, incluindocélulas <strong>de</strong> Langerhans apresentadoras <strong>de</strong>antígenos (APC cells). Estas célulasmigram para linfonodos regionais, on<strong>de</strong>apresentam moléculas antigênicas paracélulas precursoras, nativas (naive cells),ou seja, células que ainda não foram ativadaspor quaisquer outros antígenos, queestão circulando entre os linfonodos e acorrente sangüínea, (Lebwohl, 2003).O processo <strong>de</strong> apresentação do antígenoe ativação do linfócito T é complexo e envolvea participação <strong>de</strong> vários sinais co-estimulatóriose percorre vários passos que resultamna síntese aumentada <strong>de</strong> mRNA para ativação<strong>de</strong> genes tais como da IL-2 e IL-2R.Após ativação, linfócitos T proliferam ediferenciam-se em células efetoras do tipoTh1 ou Th2. Conjunto <strong>de</strong> evidências permitem<strong>de</strong>finir a psoriase como enfermida<strong>de</strong> do tipoTh1, caracterizada pela predominância <strong>de</strong>células T CD8+ na epi<strong>de</strong>rme e CD4+ na<strong>de</strong>rme, ambas produzindo citocinas tipo Th1.Durante o processo <strong>de</strong> ativação e maturaçãoos linfócitos T passam a expressar umaglicoproteína <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>ana, CLA, que ocapacita a sair do vaso sangüíneo e migrarpara a pele. Este processo <strong>de</strong> tráfego do linfócitoT CLA positivo para a pele envolve interaçõescom várias moléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são equemoquinas, e correspon<strong>de</strong> a processoimportante da patogênese, (Kruger, 2002).Linfócitos T Th1 e Tc1, agora presentes na<strong>de</strong>rme e epi<strong>de</strong>rme, interagem com queratinócitosda epi<strong>de</strong>rme e com células resi<strong>de</strong>ntes. Apresença continuada <strong>de</strong> linfócitos T ativados<strong>de</strong>termina seqüência <strong>de</strong> alterações epidérmicas,angiogênese e inflamação linfócitomediada, (Kruger, 2002, Lebwohl, 2003,Victor, 2003).As citocinas <strong>de</strong>tectadas correspon<strong>de</strong>maquelas do perfil Th1 com prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong>IL2, IL-6, IL-8, IL-12, INF-γ e particularmenteTNF-α (Gotlieb, 2001). O papel central do TNF-αpo<strong>de</strong> ser exemplificado pelo relato <strong>de</strong> caso <strong>de</strong>paciente com Doença <strong>de</strong> Crohn que ao ser tratadocom anticorpo monoclonal quiméricoanti-TNF-α humanizado, apresentou melhoradramática <strong>de</strong> quadro grave <strong>de</strong> psoríase associada(Najarian & Gottlieb, 2003).A etapa seguinte é a hiperproliferação <strong>de</strong>queratinócitos. Algumas citocinas, como IL-1e IL-6 atuariam como mitógenos para queratinócitos,assim como INF-γ quando injetadana pele, mas, não in vitro. A continua liberação<strong>de</strong> citocinas pró-inflamatórias a partir <strong>de</strong>células T ativadas e, conseqüente migração<strong>de</strong> linfócitos para a epi<strong>de</strong>rme, além <strong>de</strong> ativarcitocinas como, por exemplo, o Fator <strong>de</strong>Crescimento Epitelial (EGF) ativam outras <strong>de</strong>importância no processo <strong>de</strong> hiperplasia persistenteda epi<strong>de</strong>rme.18 | Epi<strong>de</strong>miologia, genética e imunopatogênese


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAA liberação <strong>de</strong> IL-8 é a provável causa daquimiotaxia <strong>de</strong> neutrófilos, também presenteno infiltrado inflamatório da placa psoriática(Glitzer 1996). O processo inflamatório igualmente<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia a liberação <strong>de</strong> Fator <strong>de</strong>Crescimento Vascular Endotelial (VEGF) emesmo <strong>de</strong> outras citocinas angiogênicas,compondo o quadro <strong>de</strong> vasos neoformadosobservado no padrão histopatológico dalesão psoriática (Detmar, 1995). REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Arruda LHF, Campbell GAM, Takahashi MDF. Psoríase. An <strong>br</strong>as Dermatol 2001; 76: 141-167.2. Christophens E. Clin Exp Dermatol. 2001; 26:414-320.3. Christophens E & Mrowietz. Psoriasis. In: Fitzpatrick’s. Dermatology in General Medicine.Freedberg IM, Eisen AZ, Wollf K, Austen KF, Goldsmith LA, Katz SI. Eds. McGraw-Hill. NewYork. 6th Edition. 2003.Chapter 8th. Pag: 407-427.4. Detmar M, Yeo KT, Nagy JA, et al. Keratinocyte-<strong>de</strong>rived vascular permeability factor (vascularendothelial groth factor) is a potent mitogen for <strong>de</strong>rmal microvascular endothelial cells. JInvest Dermatol 1995; 105: 44-50.5. El<strong>de</strong>r JT, Nair RP, Voorhees JJ. Epi<strong>de</strong>miology and the Genetics of Psoriasis. J InvestDermatol 1994, 102: 24s-27s.6. El<strong>de</strong>r JT, Nair RP, Henseler T, et al. The Genetics of Psoriasis 2001. Arch Dermatol 2001; 137:1447-1454.7. Faber EM & Nall ML. Dermatologica 1974; 148: 118-123.8. Gillitzer R, Ritter U, Spandau U, et al. Differential expression of GRO-· and IL-8 mRNA in psoriasis:amo<strong>de</strong>l for neutrophil migration and acumulation in vivo. J Invest Dermatol 1996; 107:778-782.9. Gottlieb AB. Psoriasis.Imunnopathology and Imunnomodulation. Dematol Clin 2001;19: 649-657.10. Kirby B & Griffiths CEM. Psoriasis: the future. Br J Dermatol 2001; 144: 37-43. Kruger GG &Duvic M. Epi<strong>de</strong>miology of psoriasis: clinical issues. J Invest Dermatol 1994; 14s-18s.Epi<strong>de</strong>miologia, genética e imunopatogênese | 19


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO2Manifestações clínicas ediagnósticoMaria Denise Fonseca Takahashi 1Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo1Professora Doutora Colaboradora Médica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (FMUSP)Supervisora <strong>de</strong> Equipe Técnica da Divisão <strong>de</strong> Clinica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPResponsável pelo Ambulatório <strong>de</strong> Psoríase na Divisão <strong>de</strong> Clinica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPMestrado e Doutorado pela FMUSPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Manifestações clínicas e diagnóstico| 21


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAA lesão típica <strong>de</strong> psoríase seja ela umaúnica pápula ou extensa placa, é semprecaracterística e apresenta: eritema escamação pápulaO eritema é vivo, vermelho claro ou rosaintenso, na maioria das lesões. Nos mem<strong>br</strong>osinferiores po<strong>de</strong> ter também tom violáceo. Oeritema é mais intenso quando a escamaçãoestá ausente ou diminuída – nas lesões emáreas <strong>de</strong> do<strong>br</strong>as, na psoríase eritrodérmica,por exemplo. Nos doentes <strong>de</strong> pele escura oeritema é bem menos vivo, mas ainda assimperceptível.As escamas são classicamente <strong>br</strong>ancoprateadas,estratificadas. O acúmulo dasmesmas é variável po<strong>de</strong>ndo ocorrer formasrupiói<strong>de</strong>s com escamocrostas amareladas oumesmo acinzentadas, e lesões em que aescamação é mínima – psoríase eritrodérmica,psoríase invertida. As escamas po<strong>de</strong>mtambém ser removidas por tratamentos epelo ato <strong>de</strong> coçar.A lesão <strong>de</strong> psoríase é elevada so<strong>br</strong>e asuperfície da pele. O espessamento da pelena lesão é <strong>de</strong>vido à acantose epidérmica e àpresença das escamas, e em menor grau, àinflamação dérmica, tornando o termo “infiltração”ina<strong>de</strong>quado para se referir a esseespessamento. Uma porcentagem dos doentes,no entanto apresenta prurido e liquenificaçãosecundária ocorrendo, aí sim, uma verda<strong>de</strong>irainfiltração.A lesão típica <strong>de</strong> psoríase apresentaainda outras características: uniformida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finição sinal <strong>de</strong> Auspitz zona clara perilesionalAs lesões são semelhantes entre si eapresentam alterações iguais em todos osseus pontos – lesões anulares correspon<strong>de</strong>ma lesões regressivas.São classicamente bem <strong>de</strong>marcadas,com bordas nítidas. Essas características seper<strong>de</strong>m com o tratamento.A curetagem metódica <strong>de</strong> Brocq evi<strong>de</strong>nciadois sinais clínicos na lesão – o sinal davela revelando a estratificação das escamase o sinal <strong>de</strong> Auspitz, característico da psoríase,e que correspon<strong>de</strong> a pequenos pontos <strong>de</strong>sangramento quando a escamação é removida.Esse sinal tem valor diagnóstico, masestá ausente na psoríase invertida e pustulosae na maioria dos casos eritrodérmicos.Nas placas psoriáticas po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificadazona clara perilesional – o halo <strong>de</strong> Woronoff.Característico ainda da psoríase é a presençado fenômeno <strong>de</strong> Koebner i<strong>de</strong>ntificadogeralmente por lesões lineares em áreas <strong>de</strong>trauma prévio. Também característico é ocomprometimento ungueal, que ocorre em50% a 80% dos doentes.Comprometimento ungueal dapsoríaseAlterações ungueais po<strong>de</strong>m prece<strong>de</strong>r apsoríase na pele por vários anos e po<strong>de</strong>m ser,inclusive, manifestação isolada da doença. Ograu <strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da localizaçãodo processo psoriático no aparelhoungueal e da intensida<strong>de</strong> e tempo <strong>de</strong> evolução<strong>de</strong>sse processo. <strong>de</strong>pressões cupuliformes - pregaungueal proximal onicólise, “manchas <strong>de</strong> óleo” e hiperqueratosesubungueal – leito ungueal onicodistrofia e traquioníquia – matrizungueal anoníquia – acro<strong>de</strong>rmatite contínuaDepressões cupuliformes e onicólise sãoas alterações mais freqüentes. A onicóliseaparece subitamente e po<strong>de</strong> regredir mesmosem tratamento. Helconixe (unha erosada ouulcerada) po<strong>de</strong> também ocorrer. Essa alteração,no entanto, é mais freqüentementeobservada em doentes sob tratamento com22 | Manifestações clínicas e diagnóstico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAretinói<strong>de</strong>s orais. A anoníquia, observadageralmente nos casos <strong>de</strong> acro<strong>de</strong>rmatite contínua<strong>de</strong> longa evolução, se <strong>de</strong>ve à formação<strong>de</strong> pústulas que acabam acometendo todo oaparelho ungueal.Comprometimento <strong>de</strong> mucosas e semimucosasO envolvimento das mucosas é raro napsoríase, e não é específico. Ocorre, nosdoentes <strong>de</strong> psoríase, uma incidência maiortanto <strong>de</strong> língua geográfica como <strong>de</strong> língua fissurada.O comprometimento das semimucosas,por outro lado, é relativamente freqüente,especialmente nos lábios <strong>de</strong> crianças e adolescentese na glan<strong>de</strong> <strong>de</strong> homens adultos.Formas <strong>de</strong> apresentação clínica Psoríase vulgar ou em placas Psoríase em gotas Psoríase eritrodérmica Psoríase pustulosaPsoríase em placas, vulgar ou numularObservada em quase 90% dos doentes,difere em gravida<strong>de</strong> e curso <strong>de</strong> acordo com oinício do quadro.A psoríase <strong>de</strong> início tardio se apresentageralmente com: placas típicas em áreas <strong>de</strong> maior trauma <strong>de</strong> pele evolução crônica, estávelAs placas po<strong>de</strong>m ser pequenas, <strong>de</strong> poucoscentímetros, ou gran<strong>de</strong>s, tomando áreaextensa da região afetada. Po<strong>de</strong> ocorrerregressão da lesão <strong>de</strong> forma espontânea oupor tratamento, ocorrendo lesões anulares.As áreas mais afetadas são cotovelos,joelhos, couro cabeludo, região lombo-sacra,umbigo. Ocasionalmente há lesões em áreasintertriginosas (psoríase invertida) ou emáreas seborréicas (seborríase).No couro cabeludo é afetada com maiorfreqüência a região retroauricular, sendo tambémcomuns, as placas no pavilhão auricular.Po<strong>de</strong>m ocorrer lesões penianas nos homense pubianas nas mulheres. Lesões em mãosrepresentam as <strong>de</strong> maior dificulda<strong>de</strong> terapêuticana psoríase estável.A psoríase <strong>de</strong> início precoce e especialmentea que se inicia antes dos 15 anos <strong>de</strong>vida costuma apresentar: história familiar <strong>de</strong> psoríase curso irregular, instável maior número <strong>de</strong> lesões Koebner mais freqüente maior dificulda<strong>de</strong> terapêuticaNa criança po<strong>de</strong> acometer áreas da fralda.São muito características, em criançasmaiores, as lesões em pálpe<strong>br</strong>as e semimucosados lábios, áreas <strong>de</strong> acometimentoexcepcional em adultos. Também característicoda psoríase infantil é o acometimento folicular,melhor <strong>de</strong>tectado nas lesões dos mem<strong>br</strong>os.Formas mínimas da infância po<strong>de</strong>m seapresentar com máculas hipocrômicas bem<strong>de</strong>limitadas, em que o eritema e a <strong>de</strong>scamaçãosão efêmeros e quase nunca observados.Mesmo a psoríase estável do adulto po<strong>de</strong>sofrer surtos <strong>de</strong> agudização com disseminaçãodas lesões. As causas <strong>de</strong> piora, maiscomumente i<strong>de</strong>ntificadas são tratamentostópicos intempestivos, queimadura solar, suspensão<strong>de</strong> corticoterapia sistêmica e uso <strong>de</strong>drogas que pioram psoríase – lítium, cloroquina,betabloqueadores, antinflamatórios nãohormonais.Psoríase em gotas erupção aguda adolescentes e adultos jovens pápulas eritemato-escamosas <strong>de</strong> poucosmilímetros a 1,0 ou 1,5 cm <strong>de</strong> diâmetro lesões múltiplas em tronco e raiz dosmem<strong>br</strong>os antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estreptococciaCinquenta e seis a 85% dos doentes apre-Manifestações clínicas e diagnóstico | 23


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAsentam evidências <strong>de</strong> infecção estreptocócicauma a duas semanas antes do início doquadro, geralmente infecção <strong>de</strong> vias aéreassuperiores. Em 30% <strong>de</strong>sses doentes há resoluçãodo quadro em poucos meses. Outrosdoentes, no entanto, evoluem com lesões emplacas.Psoríase eritrodérmica forma generalizada da doença eritema predomina fe<strong>br</strong>e e comprometimento sistêmicoA eritro<strong>de</strong>rmia ocorre em indivíduos compsoríase em placas que sofrem agudizaçãopor qualquer dos fatores <strong>de</strong> piora listadosanteriormente. Po<strong>de</strong> também se estabelecerna evolução da psoríase pustulosa generalizada.As manifestações sistêmicas mais freqüentessão fe<strong>br</strong>e, taquicardia e linfa<strong>de</strong>nopatia.Nos casos mais graves, pelo fluxo sanguíneomuito aumentado na pele, há importanteperda <strong>de</strong> calor e hipotermia. A perda <strong>de</strong>água trans-epidérmica também está muitoacima da normal, principalmente pelo comprometimentoda função barreira da pelepo<strong>de</strong>ndo ocorrer <strong>de</strong>sidratação e diminuiçãodo débito cardíaco. Também pelo comprometimentoda função barreira da pele po<strong>de</strong>ocorrer bacteremia e septicemia. Fe<strong>br</strong>e até38ºC é comum na eritro<strong>de</strong>rmia. Acima <strong>de</strong>ssesníveis ou na vigência <strong>de</strong> hipotermia,focos infecciosos e principalmente septicemia<strong>de</strong>vem ser investigados.Nos casos <strong>de</strong> evolução prolongada há,pela <strong>de</strong>scamação contínua, importante perdaprotéica levando a hipoalbuminemia e perda<strong>de</strong> massa muscular.Psoríase pustulosaQualquer forma <strong>de</strong> psoríase po<strong>de</strong> apresentaralgumas pústulas especialmentequando ocorrem lesões palmo-plantares.Existem, no entanto, formas pustulosas <strong>de</strong>psoríase on<strong>de</strong>, na gran<strong>de</strong> maioria das vezes,as lesões típicas não estão presentes. Sãoelas: psoríase pustulosa generalizada psoríase pustulosa em placas pustulose palmo-plantar acro<strong>de</strong>rmatite contínua <strong>de</strong> HallopeauPsoríase pustulosa generalizadaA psoríase pustulosa generalizada <strong>de</strong> VonZumbusch ocorre em doentes <strong>de</strong> psoríasevulgar submetidos a qualquer dos fatores <strong>de</strong>piora já referidos, sendo mais freqüentemente<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada pela suspensão ou redução<strong>de</strong> corticói<strong>de</strong>s sistêmicos. Quando emgestantes po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r ao impetigoherpetiforme. Caracteriza-se por: episódios <strong>de</strong> fe<strong>br</strong>e alta erupção súbita generalizada pústulas estéreis <strong>de</strong> 2 a 3 mm manifestações sistêmicasAs pústulas, so<strong>br</strong>e pele intensamente eritematosa,aparecem em surtos e se disseminamno tronco e mem<strong>br</strong>os, chegando a afetar palmas,plantas e leito ungueal. A face costumaser poupada. A confluência rápida das pústulasprovoca <strong>de</strong>scolamentos epidérmicosextensos lem<strong>br</strong>ando a necrólise epidérmicatóxica. Quando o quadro se <strong>de</strong>senvolve nãohá, via <strong>de</strong> regra, lesões clássicas <strong>de</strong> psoríase.Além da fe<strong>br</strong>e ocorrem outras manifestaçõessistêmicas como perda <strong>de</strong> peso, fraquezamuscular, leucocitose, hipocalcemia eaumento <strong>de</strong> VHS. As complicações sistêmicaspo<strong>de</strong>m ser graves ou mesmo fatais comoresultado das manifestações variadas <strong>de</strong>doença sistêmica grave, falha cardíaca einfecções intercorrentes.Psoríase pustulosa em placas ou anularCorrespon<strong>de</strong> a forma localizada <strong>de</strong> psoríasepustulosa e se manifesta por surtos <strong>de</strong>lesões anulares com eritema e pústulas, localizadasem geral no tronco e raiz dos mem-24 | Manifestações clínicas e diagnóstico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA<strong>br</strong>os, sem qualquer manifestação sistêmica.É quadro raro, ocorrendo em geral em adultos,e lesões típicas <strong>de</strong> psoríase não estãopresentes.Pustulose palmo-plantarEngloba as condições <strong>de</strong>scritas anteriormentepelos nomes: Pustulose palmoplantar persistente Pustulose palmoplantar abacteriana Psoríase pustulosa das extremida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Barber Bacteri<strong>de</strong> pustulosa <strong>de</strong> AndrewsA pustulose palmo-plantar apresenta ascaracteristicas: quadro crônico indivíduos adultos mais freqüente em mulheres na proporção<strong>de</strong> 3:1 surtos <strong>de</strong> pústulas estéreis comprometimento simétrico <strong>de</strong> palmase/ou plantas ausência <strong>de</strong> manifestações sistêmicasAs pústulas, <strong>de</strong> 2 a 4 mm, aparecemso<strong>br</strong>e pele normal <strong>de</strong> palmas e/ou plantas.São ro<strong>de</strong>adas por halo eritematoso e <strong>de</strong>ssecam,ser se romper, formando crosta marromque se <strong>de</strong>staca em 8 a 10 dias. Os surtosocorrem a intervalos irregulares e po<strong>de</strong>m serprecedidos <strong>de</strong> prurido ou queimação local.Períodos <strong>de</strong> remissão po<strong>de</strong>m ocorrer mesmosem tratamento. O quadro po<strong>de</strong> estar associadoa doença inflamatória óssea ou articular.A Síndrome SAPHO inclui sinovite, acne,pustulose palmoplantar, hiperostose e osteíte,especialmente do esterno.Acro<strong>de</strong>rmatite contínua <strong>de</strong> Hallopeau curso crônico sem tendência a remissão espontânea pústulas ou lagos <strong>de</strong> pus <strong>de</strong>dos das mãos e mais raramentedos pésAs pústulas geralmente se iniciam naspontas dos <strong>de</strong>dos e se esten<strong>de</strong>m às do<strong>br</strong>asperiungueais. Elas se multiplicam, coalescem,formando lagos <strong>de</strong> pus e <strong>de</strong>ixandoáreas eritematosas <strong>br</strong>ilhantes on<strong>de</strong> surgem,em surtos, novas lesões. Pústulas no leito ematriz ungueal acabam finalmente levando àperda da lâmina ungueal e, nos casos <strong>de</strong>longa duração, à anoníquia.A doença po<strong>de</strong> permanecer confinadaaos locais <strong>de</strong> comprometimento inicial oupo<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r acometendo, após anos <strong>de</strong>evolução, vários <strong>de</strong>dos ou mesmo toda amão ou todo o pé.O quadro <strong>de</strong> acro<strong>de</strong>rmatite contínua correspon<strong>de</strong>à manifestação localizada da psoríasepustulosa generalizada. Existem casos<strong>de</strong> psoríase pustulosa generalizada que,após remissão do quadro generalizado, permanecemlesões localizadas nos <strong>de</strong>dos.Psoríase artropáticaQuase todas as formas <strong>de</strong> psoríasepo<strong>de</strong>m cursar com artrite. A incidência <strong>de</strong>artrite nos doentes é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10% a 20%.Não há estudos estabelecendo essa freqüência<strong>de</strong> acordo com a forma clínica da doença.A artrite po<strong>de</strong> prece<strong>de</strong>r o quadro cutâneo.Mais freqüentemente, no entanto, surge apósmeses ou anos do início da psoríase na pele.A artrite na psoríase po<strong>de</strong> ser: mono ou oligoarticular assimétrica simétrica axial mutilanteA primeira forma é a mais comum.Acomete as pequenas articulações das mãosou dos pés e menos freqüentemente tambémas articulações dos joelhos. Outras articulaçõessão mais raramente acometidas.A artrite simétrica po<strong>de</strong> ser indistinguívelda artrite reumatói<strong>de</strong>. A artrite axial acomete acoluna verte<strong>br</strong>al e/ou articulação sacro-ilíacae está associada ao HLA-B27. A artrite mutilanteé rara e indistinguível da que po<strong>de</strong> ocor-Manifestações clínicas e diagnóstico | 25


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIArer nos casos graves <strong>de</strong> artrite reumatói<strong>de</strong>.Além <strong>de</strong> artrite, os doentes <strong>de</strong> psoríasemostram freqüência aumentada <strong>de</strong> coliteulcerativa (também relacionada ao HLA-B27)e doença <strong>de</strong> Crohn.DiagnósticoNa psoríase em placas o diagnóstico éeminentemente clínico, dada a distribuição típicadas placas e à fácil obtenção do sinal doorvalho sangrento pela curetagem metódica <strong>de</strong>Brocq. Este sinal auxilia so<strong>br</strong>emaneira tambémo diagnóstico da psoríase em gotas. Alteraçõesungueais e lesões no couro cabeludo po<strong>de</strong>mauxiliar o diagnóstico. Quadros menos típicos,no entanto, po<strong>de</strong>m exigir biópsia e exame histopatológicopara o diagnóstico.HistopatologiaA melhor lesão a ser biopsiada é pápulainicial ou placa em expansão. No último caso,a biópsia <strong>de</strong>ve ser realizada na borda, seminclusão <strong>de</strong> área <strong>de</strong> pele sã perilesional.As primeiras alterações na pele psoriáticasão a vaso-dilatação e infiltrado perivascular.Este infiltrado inva<strong>de</strong> a epi<strong>de</strong>rme, on<strong>de</strong>surge discreta espongiose, invasão <strong>de</strong> neutrófilose paraqueratose. Em uma lesão <strong>de</strong>finida<strong>de</strong> psoríase ocorre alongamento regulardos cones epiteliais, com afinamento naporção suprapapilar. Na epi<strong>de</strong>rme ocorreparaqueratose, <strong>de</strong>saparecimento da camadagranulosa e presença <strong>de</strong> agrupamentos<strong>de</strong> neutrófilos - os microabscessos <strong>de</strong>Munro. Po<strong>de</strong> ocorrer, particularmente napsoríase pustulosa, a presença <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>scontendo neutrófilos - as pústulasespongiformes <strong>de</strong> Kogoj. As papilas dérmicasestão alargadas e e<strong>de</strong>maciadas e exibemcapilares dilatados e tortuosos. O infiltradoinflamatório presente é discreto e composto<strong>de</strong> células mononucleares, particularmentelinfócitos.O quadro histológico da psoríase po<strong>de</strong>não ser específico. A presença <strong>de</strong> microabscesso<strong>de</strong> Munro ou da pústula espongiformepermitem o diagnóstico da condição. O diagnósticodiferencial das <strong>de</strong>rmatoses psoriasiformesinclui <strong>de</strong>rmatite seborréica, eczemasem geral, pitiríase ru<strong>br</strong>a pilar, micose fungói<strong>de</strong>e sífilis secundária.Curso e evoluçãoRemissão do quadro, inclusive por longosperíodos, po<strong>de</strong> ocorrer, mas não costuma sera regra. Em geral, após o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amentoda psoríase, algum tipo <strong>de</strong> tratamento énecessário para o controle das lesões e,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> obtido o controle, algum tratamento<strong>de</strong> manutenção costuma ser necessário. 26 | Manifestações clínicas e diagnóstico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Christophers E & Mrowietz U: Psoriasis. In: Dermatology in General Medicine.Freedberg IM, Eisen AZ, Wolf K, Austen KF, Goldsmith LA, Katz SI, eds.McGrawHill, New York, 2003, p. 495-5212. Kerkhof PCM. Psoriasis. In: Bolognia JL, Jorizzo JL & Rapini RP (eds): Dermatology.New York, Mosby. 2003, p. 124-493. Griffths CEM, Camp RDR, Barker JNWN: Psoriasis. In: Textbook of Dermatology.Burns T, Breathnach SN, Cox N and Griffths CEM (eds), 7th edition. BlackwellScience, London, 2005, p. 35.1-35.694. Henseler T, Christophers E: Psoriasis of early and late onset: Characterization of twotypes of psoriasis vulgaris. J Am Acad Dermatol 13: 450, 19855. Sampaio SAP & Rivitti EA: Dermatoses eritemato-escamosas. In: Sampaio SAP &Rivitti EA (eds): <strong>Dermatologia</strong>. São Paulo, Artes Médicas, 2006, in press6. Mobini N, Toussaint S & Kamino H: Noninfectious erythematous, popular, and squamousdiseases. In: El<strong>de</strong>r DE, Elenitsas R, JohsonsonJr BL & Murphy GF (eds):Levers´s Histopathology of the Skin, 9th edition, Phila<strong>de</strong>lphia, Lippincott Williams &Wilkins, 2004, p 179-214.Manifestações clínicas e diagnóstico| 27


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO3Diagnóstico diferencialMaria Denise Fonseca Takahashi 1Departamento <strong>de</strong> Dematologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo1Professora Doutora Colaboradora Médica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (FMUSP)Supervisora <strong>de</strong> Equipe Técnica da Divisão <strong>de</strong> Clinica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPResponsável pelo Ambulatório <strong>de</strong> Psoríase na Divisão <strong>de</strong> Clinica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPMestrado e Doutorado pela FMUSPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Diagnóstico diferencial da psoríase | 29


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAApesar <strong>de</strong> usualmente ser fácil o diagnósticoclínico da psoríase, lesões ou quadrosmenos típicos <strong>de</strong>vem ser diferenciados <strong>de</strong>muitas <strong>de</strong>rmatoses <strong>de</strong> acordo com a apresentaçãoclínica da doença.Dermatite seborréica: as lesões apresentameritema menos intenso, são menos <strong>de</strong>finidase a escamação costuma ser menor,po<strong>de</strong>ndo ser graxenta. Lesões figuradas notronco e o intertrigo seborréico po<strong>de</strong>m serindistinguíveis da psoríase se lesões emoutras áreas não estão presentes. No courocabeludo as lesões são mais difusas e maisevi<strong>de</strong>ntes na orla. No quadro generalizado <strong>de</strong><strong>de</strong>rmatite seborréica costuma ocorrer infecçãobacteriana secundária – excepcional napsoríase – sendo característico o comprometimentodas áreas seborréicas da face.Dermatite seborréica eritrodérmica é mais freqüenteem recém nascidos. Nos casos rarosda condição em adultos, po<strong>de</strong> ser necessáriabiópsia para o diagnóstico se não há antece<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> lesões típicas <strong>de</strong> psoríase.Eczemas: O eczema disidrosiforme <strong>de</strong> palmase/ou plantas po<strong>de</strong> simular pustulosepalmo-plantar, especialmente quando so<strong>br</strong>eele se assesta infecção bacteriana secundária.Quando nas palmas, a localização preferencialdo quadro nas laterais dos quirodáctilos,permite a diferenciação. Nas plantas odiagnóstico é mais difícil. Quando não hápossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> biópsia para exame histopatológico,tratamento <strong>de</strong> prova e seguimentodo doente em longo prazo, acabam permitindodiferenciar os dois quadros. Eczemahiperqueratótico das palmas ou das plantas édiferenciado por vezes com dificulda<strong>de</strong>. Aborda da lesão costuma não ser tão bem<strong>de</strong>finida como na psoríase e a cor tem algumtom acinzentado. A presença <strong>de</strong> alteraçõesungueais características da psoríase po<strong>de</strong>ajudar no diagnóstico.Psoríase em gran<strong>de</strong>s do<strong>br</strong>as e no pênis<strong>de</strong>ve ser diferenciada da <strong>de</strong>rmatite <strong>de</strong> contato.Nesta condição a <strong>de</strong>marcação das lesõescostuma ser menos nítida, o mesmo ocorrendono eczema numular. Aqui, a <strong>de</strong>scamaçãoé menor e costuma haver crostas e algumgrau <strong>de</strong> exsudação.Líquen simples crônico com lesões naspernas ou couro cabeludo po<strong>de</strong> ser indistinguívelda psoríase daqueles doentes queapresentam prurido nas lesões. A presença<strong>de</strong> outras lesões – em joelhos, cotovelos eunhas - po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir o quadro.Na <strong>de</strong>rmatite eczematosa generalizada,eritrodérmica, em geral <strong>de</strong>rmatite atópica ou<strong>de</strong> contato, a liquenificação intensa, a presença<strong>de</strong> microvesículas ou crostas e história daslesões prévias, especialmente da localizaçãodas mesmas, permite o diagnóstico.Micoses superficiais: Nas lesões <strong>de</strong> tinhacrural ou da pela gla<strong>br</strong>a o eritema é menosvivo e a marginação costuma ser característica,po<strong>de</strong>ndo assim ser distinguido da psoríaseinvertida e em placas, respectivamente.Nas crianças, a possibilida<strong>de</strong> da ocorrência<strong>de</strong> psoríase na face torna possível o diagnósticodiferencial com tinha da face. O exameclínico cuidadoso permite a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>marginação das lesões. Casos iniciais <strong>de</strong>tinha microspórica no tronco, em que aslesões são pequenas e múltiplas e a marginaçãoainda não é evi<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong>m lem<strong>br</strong>arpsoríase em gotas. O eritema mais escuro eo prurido alertam para o diagnóstico.Na tinha do couro cabeludo, po<strong>de</strong>m ocorrerplacas <strong>de</strong>scamativas, mas o exame cuidadososempre permite i<strong>de</strong>ntificar tonsura.Tinha do pé e, mais raramente das mãos,po<strong>de</strong>m cursar com vesículas ou bolhas esofrer infecção bacteriana secundária e apresentarpústulas. Nesses casos as lesões nãosão uniformes como na pustulose palmoplantar.30 |Diagnóstico diferencial da psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAEm todos esses casos, o exame micológicopermite rapidamente o diagnóstico.No intertrigo moniliásico, costuma sercaracterístico o bor<strong>de</strong>lete <strong>de</strong>scamativo e apresença <strong>de</strong> pequenas pápulo-pústulas satélites.Em casos <strong>de</strong> dúvida o exame micológicopermite rapidamente o diagnóstico. O eritrasmase manifesta com lesões bem <strong>de</strong>marcadas,mas <strong>de</strong> coloração vermelho escuro,acastanhadas, nas áreas flexoras, com fluorescênciacoral característica à luz ultravioleta.Sífilis secundária po<strong>de</strong> se apresentar comlesões múltiplas psoriasiformes, em gotas ouem pequenas placas. Em geral po<strong>de</strong> serconstatada também a presença <strong>de</strong> envolvimento<strong>de</strong> palmas, plantas e <strong>de</strong> lesões emáreas seborréicas na face. A presença <strong>de</strong> linfa<strong>de</strong>nopatia,condilomas planos nas áreasperianais e genitais e as lesões mucosas permitemo diagnóstico. Na sífilis congênita,também as rága<strong>de</strong>s perorais permitem a diferenciação.Em casos <strong>de</strong> dúvida, testes sorológicos<strong>de</strong>vem ser realizados.Pitiríase ru<strong>br</strong>a pilar po<strong>de</strong> apresentar placaseritemato-escamosas bem <strong>de</strong>limitadas indistinguíveisda psoríase. Po<strong>de</strong> ser diagnosticadapelo envolvimento dos folículos pilososcom espículas córneas e pela hiperqueratosepalmo-plantar. Quando eritrodérmica costumater cor salmão e apresentar áreas <strong>de</strong> pelesã características. Comprometimento folicularnão tem valor para diferenciar pitiríase ru<strong>br</strong>apilar e psoríase na criança. Nesses casos o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hiperqueratose palmoplantare a evolução do quadro vão finalmentepermitir a diferenciação uma vez que oexame histopatológico po<strong>de</strong> não ser <strong>de</strong>cisivo.Líquen plano com lesões hipertróficas naspernas po<strong>de</strong> exigir biópsia e exame histopatológicopara diferenciação, uma vez que naspernas a cor da lesão psoriática po<strong>de</strong> tambémser violácea. A presença <strong>de</strong> lesões oraisno líquen plano e ungueais na psoríase,quando presentes, po<strong>de</strong>m diferenciar os 2quadros.Lupus eritematoso sub-agudo apresentalesões psoriasiformes. São, no entanto, maisdifusas, em áreas expostas, acometendo, emgeral, face e ante<strong>br</strong>aços. Outros sinais e sintomasno lupus po<strong>de</strong>m estar ausentes tornandoo exame histológico necessário para odiagnóstico.Pitiríase liquenói<strong>de</strong> crônica com freqüênciasimula psoríase em gotas. A escamação naslesões é <strong>de</strong> cor <strong>br</strong>anco-acastanhada e nãoestratificada e são excepcionais lesões nocouro cabeludo. A curetagem metódica <strong>de</strong>Brocq é especialmente útil para diferenciar osdois quadros.Doença <strong>de</strong> Bowen se apresenta como placaeritemato-escamosa e po<strong>de</strong> simular placasolitária <strong>de</strong> psoríase. A escamação costumaser menor mas, em geral, biópsia e examehistopatológico são necessários para o diagnósticocorreto.Acro<strong>de</strong>rmatite enteropática apresentalesões mais úmidas. As localizações dasmesmas em joelhos e cotovelos, à semelhançada psoríase, po<strong>de</strong>riam confundir o examinador,mas o acometimento peri-orificial <strong>de</strong>fineo quadro. Nos casos duvidosos a dosagemdo zinco sérico permite o diagnóstico.Pênfigo foliáceo eritrodérmico tem o cheirocaracterístico <strong>de</strong> ninho <strong>de</strong> rato e a pele do doenteé mais úmida. Po<strong>de</strong>m ser observadas áreasexulceradas. Nas pernas, se houver ainda áreasmenos acometidas, po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadasvesículas ou bolhas flácidas e sinal <strong>de</strong> Nikolskypositivo. Em alguns casos o exame histopatológicoé necessário para o diagnóstico.Diagnóstico diferencial da psoríase | 31


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAEritro<strong>de</strong>rmia por drogas geralmente é <strong>de</strong>instalação súbita e há história negativa <strong>de</strong>lesões prévias <strong>de</strong> psoríase e história positiva<strong>de</strong> exposição a medicamentos.. O exame histopatológicocostuma ser necessário para odiagnóstico.Eritro<strong>de</strong>rmia da micose fungói<strong>de</strong> costumaapresentar infiltração intensa mas, em geral,o diagnóstico diferencial é difícil a menos quehaja história prévia <strong>de</strong> psoríase. Na síndrome<strong>de</strong> Sèzary, o acometimento mais intenso, cominfiltração <strong>de</strong> áreas expostas permite a suspeitadiagnóstica. Nos casos duvidosos oexame histopatológico po<strong>de</strong> ser útil.Pustulose subcórnea <strong>de</strong> Sneddon-Wilkinsonraramente é tão generalizada como a psoríasepustulosa <strong>de</strong> von Zumbusch e não cursacom fe<strong>br</strong>e e comprometimento sistêmico. Alesão primária é pústula flácida, <strong>de</strong> tamanhomaior, que permite ver o nível do pus com fluidomais claro acima. Nos casos duvidosos oexame histopatológico é <strong>de</strong>cisivo.Pustulose exantemática aguda generalizadapo<strong>de</strong> apresentar quadro idêntico ao da psoríasepustulosa generalizada. Costuma se iniciarpela face, com erupção autolimitada,aguda, generalizada, <strong>de</strong> pústulas estéreisso<strong>br</strong>e pele eritemato-e<strong>de</strong>matosa em doentessem história prévia <strong>de</strong> psoríase. Na maioriados casos o quadro está relacionado à exposiçãoprévia a medicamentos, principalmentea antibióticos.A confluência das pústulas na psoríasepustulosa generalizada po<strong>de</strong> levar a <strong>de</strong>scolamentosepidérmicos que po<strong>de</strong>riam sugerir asíndrome da pele escaldada estafilocócica (SSSS)ou a necrólise epidérmica tóxica. A SSSS, noentanto costuma ocorrer em recém-nascidos enão foram <strong>de</strong>scritos casos <strong>de</strong> psoríase pustulosageneralizada nessa faixa etária. Quando oquadro ocorre em crianças maiores, examehistopatológico e i<strong>de</strong>ntificação do foco estafilocócicopo<strong>de</strong>m ser necessários. Na necróliseepidérmica tóxica, a presença <strong>de</strong> lesõesmucosas bem como o eritema mais escuro dapele acometida po<strong>de</strong>m sugerir o diagnóstico.O exame histopatológico é <strong>de</strong>cisivo.Herpes simplex po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radodiagnóstico diferencial da acro<strong>de</strong>rmatite contínua<strong>de</strong> início recente quando apenas um<strong>de</strong>do está comprometido. A pesquisa <strong>de</strong>células gigantes virais pelo exame citológicoou o exame histopatológico po<strong>de</strong>m sernecessários para o diagnóstico.Impetigo, geralmente por estreptococos,po<strong>de</strong> acometer a unha e tecidos periungueaise simular acro<strong>de</strong>rmatite contínua. A presença<strong>de</strong> outras lesões, o caráter agudo do quadroe, se necessário, o exame bacterioscópico ecultura, permitem o diagnóstico.O diagnóstico diferencial da psoríase nasunhas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da alteração presente: <strong>de</strong>pressões cupuliformes - po<strong>de</strong>mocorrer em várias condições, as mais freqüentessendo alopecia areata, eczema <strong>de</strong>mãos e líquen plano. Nessas duas últimascondições há sempre lesão da <strong>de</strong>rmatosepresente na pele ao redor das unhas afetadas.Na alopecia areata a perda dos cabelosestá sempre presente. Consi<strong>de</strong>ra-se que<strong>de</strong>pressões cupuliformes não associadas alesões cutâneas correspon<strong>de</strong>m geralmente apsoríase. onicólise - As manchas <strong>de</strong> óleo associadasquase sempre permitem o diagnóstico<strong>de</strong> psoriase. Também, o estabelecimentorápido do quadro é característico na psoríase.Na onicólise traumática, são acometidasas unhas mais sujeitas a traumas. hiperqueratose sub-ungueal - o principaldiagnóstico que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado naé onicomicose, <strong>de</strong>vendo-se sempre realizarexame micológico, pois mesmo na psoríase32 | Diagnóstico diferencial da psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA<strong>de</strong> unha po<strong>de</strong> ocorrer micotização secundária.Na pitiríase ru<strong>br</strong>a pilar a hiperqueratosecaracterística ocorre nas bordas livres lateraisdas unhas, mas também na psoríase issopo<strong>de</strong> ocorrer. Nas outras condições em que ahiperqueratose sub-ungueal po<strong>de</strong> ocorrer(eczemas, micose fungói<strong>de</strong>, etc) a lesão <strong>de</strong>pele e não da unha vai permitir o diagnóstico. distrofia ungueal: <strong>de</strong>ve-se afastar apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> onicomicose pelo examemicológico. O diagnóstico <strong>de</strong> outras afecçõesserá realizado pelo quadro cutâneoassociado.A traquioníquia, observada na síndromedas 20 unhas, po<strong>de</strong> ocorrer na psoríase,líquen plano e alopecia areata. O diagnósticodiferencial só é possível na presença daslesões cutâneas concomitantes. Diagnóstico diferencial da psoríase| 33


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Christophers E & Mrowietz U: Psoriasis. In: Dermatology in General Medicine.Freedberg IM, Eisen AZ, Wolf K, Austen KF, Goldsmith LA, Katz SI, eds. McGrawHill,New York, 2003, p. 495-5212. Kerkhof PCM. Psoriasis. In: Bolognia JL, Jorizzo JL & Rapini RP (eds): Dermatology.New York, Mosby. 2003, p. 124-493. Griffths CEM, Camp RDR, Barker JNWN: Psoriasis. In: Textbook of Dermatology.Burns T, Breathnach SN, Cox N and Griffths CEM (eds), 7th edition. BlackwellScience, London, 2005, p. 35.1-35.694. Sampaio SAP & Rivitti EA: Dermatoses eritemato-escamosas. In: Sampaio SAP &Rivitti EA (eds): <strong>Dermatologia</strong>. São Paulo, Artes Médicas, 2006, in press.34 | Diagnóstico diferencial da psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO4Tratamento tópicoGladys Aires Martins 1Aiçar Chaul 212mestre em <strong>de</strong>rmatologia pela UFMG, professora voluntária da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da UnB,coor<strong>de</strong>nadora do ambulatório <strong>de</strong> psoríase do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília - UnBEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Professor Adjunto IVChefe da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> do Departamento <strong>de</strong> Medicina Tropical e <strong>Dermatologia</strong> do Instituto <strong>de</strong> PatologiaTropical e Saú<strong>de</strong> pública da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> GoiásChefe do Serviço <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> do Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> GoiásEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Tratamento tópico | 35


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAA administração <strong>de</strong> medicamento diretamenteso<strong>br</strong>e a lesão cutânea permiteminimizar possíveis efeitos colaterais emoutros órgãos e na pele não lesada. Nasformas leves <strong>de</strong> psoríase, a terapêuticatópica, seja em monoterapia, seja combinada, costuma ser suficiente para o controledas lesões. Nas formas mo<strong>de</strong>radas agraves, o tratamento local, quando associadoà fototerapia e/ou à terapia sistêmica,propicia mais conforto ao paciente e aceleraa melhora. Tópicos ceratolíticos ,emolientes ou umectantes <strong>de</strong>verão sempreser incluídos em qualquer programa terapêutico,seja como coadjuvante, seja emalternância com os produtos ativos e nasfases assintomáticas.Na tabela I, estão relacionados os tipos <strong>de</strong>medicamentos tópicos disponíveis no Brasil e,na tabela II, os coadjuvantes tópicos. Os retinói<strong>de</strong>s<strong>de</strong> uso tópico em psoríase – tazarotenoe bexaroteno – não foram incluídos na tabela Ipor não estarem disponíveis em nosso meio, oprimeiro <strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> comercializaçãoe o segundo por ainda se encontrar em fase <strong>de</strong>estudos III, não aprovado.Tabela I: Terapêutica tópica da psoríase: drogas ativasDrogas ativasFormas <strong>de</strong> apresentaçãoCORTICOSTERÓIDESANÁLOGOS DA VITAMINA D(calcipotriol, calcitriol)COALTAR e LCDANTRALINAIMUNOMODULADORES(tacrolimus, pimecrolimus)pomada, creme, gel, loção cremosa, loção capilar, fita oclusiva e injeçãointra-lesionalpomadaxampu, loção capilar, formulações magistraisformulações magistraispomada e cremeCeratolíticos / hidratantes:- ácido salicílico 3 a 6% em vaselina, “cold cream”, loção capilar.- uréia 5 a 20% em creme, pomada loção.- lactato <strong>de</strong> amônia 12% em loção e creme- ceramidas em creme ou loçãoOutros:- águas termais- óleo mineralTabela II - Terapêutica tópica da psoríase: coadjuvantesCorticosterói<strong>de</strong>s TópicosOs corticosterói<strong>de</strong>s são substâncias sintetizadasnas glândulas adrenais (glicocorticosterói<strong>de</strong>se mineralocorticosterói<strong>de</strong>s).Sulzberger e Witten há mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong>screveramo potencial terapêutico da hidrocortisona.Des<strong>de</strong> então, vários <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rivadosvêm sendo pesquisados, visando aumentar36 |Tratamento tópico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAsua ação antiinflamatória e reduzir os efeitoscolaterais. Sua ativida<strong>de</strong> se expressa por:1) Ação antiinflamatóriaa. redução da quimiotaxia leucocitáriab. inibição da fosfolipase A2, inibindo aformação das prostaglandinas e leucotrienosc. redução da síntese <strong>de</strong> moléculas próinflamatórias:citocinas, interleucinas e proteasesd. redução da liberação das citocinase. redução da permeabilida<strong>de</strong> capilar2) Ação antiproliferativa(antimitótica)a. redução da síntese do DNA, principalmentepelos corticosterói<strong>de</strong>s fluorados quesão mais potentes.3) Ação imunossupressoraa. redução da proliferação linfocitária esecreção das linfocinasb. <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> macrófagos teciduaisc. <strong>de</strong>pleção das células <strong>de</strong> Langerhans4) Ação vasoconstritora:a. redução do eritema, também relacionadaà sua potência.5) Ação antipruriginosa:a. inibição da sensibilização do mastócito,da liberação <strong>de</strong> mediadores e da IgE.A potência dos corticosterói<strong>de</strong>stópicos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>:1- das características químicas e farmacológicasda molécula2- da concentração no veículo3- do tipo do veículo, alguns variam apotência conforme sejam veiculados em:3.1- ungüento (absorção muito alta)3.2- pomada (absorção alta)3.3- creme e loção cremosa (absorçãomédia)3.4- solução) (absorção baixa)4- da utilização ou não <strong>de</strong> oclusãoA classificação dos corticosterói<strong>de</strong>s tópicosbaseia-se na ação vasoconstritora dofármaco e nos resultados <strong>de</strong> ensaios clínicos.Eis alguns exemplos:1 – Potência muito alta Propionato <strong>de</strong> clobetasol 0,05% Valerato <strong>de</strong> diflucortolona 0,3% Halcinonida 0,1% Desoximetasona2 – Potência alta Dipropionato <strong>de</strong> betametasona 0,05% Valerato <strong>de</strong> betametasona 0,1% Acetonido <strong>de</strong> triamcinolona Butirato <strong>de</strong> hidrocortisona Desonida 0,05% Desonida 0,1%3 – Potência média Furoato <strong>de</strong> mometasona 0,1% Propionato <strong>de</strong> fluticasona 0,05% Acetonido <strong>de</strong> triamcinolona 0,1% Aceponato <strong>de</strong> metilprednisolona 0,1% Butirato <strong>de</strong> clobetasona4 – Potência baixa- Acetato <strong>de</strong> hidrocortisona 1%- Dexametasona 0,1% a 0,2%Tempo <strong>de</strong> utilização dos corticosterói<strong>de</strong>stópicosNão <strong>de</strong>ve ultrapassar duas a três semanaspara os <strong>de</strong> alta potência, quatro semanaspara os <strong>de</strong> média potência e três mesespara os <strong>de</strong> baixa potência.Na psoríase as respostas aos corticosterói<strong>de</strong>stópicos variam conforme a formaclínica: resposta alta na psoríase invertida resposta mo<strong>de</strong>rada na psoríase docorpo resposta discreta na psoríase palmoplantare na psoríase unguealTratamento tópico | 37


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAApós a melhora clínica, <strong>de</strong>ve-se tentar asubstituição por corticosterói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> menorpotência, explicitando no receituário o tempoa<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> uso, para prevenir efeitos colateraise a taquifilaxia.Corticosterói<strong>de</strong> intralesional po<strong>de</strong> ser utilizadoem lesões localizadas e persistentes,tendo-se maior cuidado com os efeitos colateraise rebote. O mais usado é o acetonido<strong>de</strong> triamcinolona diluído na concentração <strong>de</strong>3 a 5 mg/ml, aplicado a cada 20 a 30 dias.Efeitos colaterais dos corticosterói<strong>de</strong>stópicosAtrofia cutânea epidérmica e dérmica,estrias, hipertricose, telangiectasias, púrpuras,<strong>de</strong>rmatite perioral, erupções acneiformes,infecções bacterianas, virais e fúngicas, <strong>de</strong>rmatite<strong>de</strong> contato, efeitos sistêmicos pelaabsorção percutânea.Síndrome <strong>de</strong> Cushing, supressão do eixohipotálamo-hipófise-suprarrenal, atraso nocrescimento das crianças, osteoporose, diminuiçãodo cortisol plasmático, aumento da glicemiae da pressão arterial.Os corticosterói<strong>de</strong>s tópicos po<strong>de</strong>m serusados na gestação e nas crianças, porémcom mais cuidados, evitando aplicar emgran<strong>de</strong>s extensões da pele e por tempo prolongado.SubstânciaTabela III - Corticosterói<strong>de</strong>s tópicos em psoríaseDrogas Principais UsoApresentação Eficácia CuidadosCorticosterói<strong>de</strong>spotência muitoaltaPropionato <strong>de</strong>clobetasol 0,05%e outros1 x diaPomada/CremeLoçãoMo<strong>de</strong>radaboa Efeitos colateraiscom o uso prolongado TaquifilaxiaCorticosterói<strong>de</strong>spotência altaDipropionato <strong>de</strong>betametasona0,05% e outros1 x diaPomada/CremeLoçãoFracamo<strong>de</strong>rada Efeitos colateraiscom o uso prolongado TaquifilaxiaCorticosterói<strong>de</strong>spotência médiaFuroato <strong>de</strong>mometasona 0,1%e outros1 x diaPomadaCremeFraca Efeitos colateraiscom o uso prolongado TaquifilaxiaCorticosterói<strong>de</strong>spotência baixaAcetato <strong>de</strong> hidrocortisona1% e outros2 x diaPomada/CremeLoçãoMínimafraca Efeitos colateraiscom o uso muitoprolongadoCorticosterói<strong>de</strong>sintralesionaisAcetonido <strong>de</strong>triamcinolonaLesões localizadaspersistentes 3 a5mg/mlFrascos 2ml(40mg)Boa Atrofia Efeitos sistêmicos38 | Tratamento tópico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAAnálogos da Vitamina DAs proprieda<strong>de</strong>s da vitamina D so<strong>br</strong>e apele incluem estímulo à diferenciação dosqueratinócitos, inibição da proliferação epidérmicae modificação da resposta imune pelaligação aos receptores da vitamina D. Osanálogos da vitamina D (calcipotriol pomada50Ìg/g e calcitriol pomada 3Ìg/g) são metabólitosbiologicamente ativos e têm ativida<strong>de</strong>antipsoriásica comparável a corticosterói<strong>de</strong>tópico grau III ou antralina, com a vantagem<strong>de</strong> não serem atrofogênicos nem induziremtaquifilaxia. São seguros e, em monoterapia,têm eficácia média para o tratamento <strong>de</strong> ataquedas formas leves e mo<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> psoríase.Quando usados em esquemas combinadosou seqüenciais com corticoterapia tópica,permitem períodos <strong>de</strong> remissão mais prolongados,sem o efeito “rebote” que a monoterapiacom corticosterói<strong>de</strong> induz. O efeito secundárioprincipal é a irritação cutânea local, quepo<strong>de</strong> chegar a 20% com o calcipotriol. Além<strong>de</strong> prurido, eritema e ardor, po<strong>de</strong>m ocorrerfoliculite e alterações da pigmentaçàõ noslocais <strong>de</strong> aplicação. Calcipotriol e dipropionato<strong>de</strong> betametasona na mesma formulaçãodiminui a irritação e o número <strong>de</strong> aplicações.Os riscos <strong>de</strong> alteração do metabolismofosfo-cálcico são excepcionais com os <strong>de</strong>rivadosda Vitamina D por via tópica, se sãorespeitadas as normas <strong>de</strong> utilização aconselhadas:Calcipotrol: não aplicar em mais <strong>de</strong> 40%da superfície corporal, nem sob oclusão, nãoultrapassando 100 g/semanaCalcitriol: não aplicar em mais <strong>de</strong> 35% dasuperfície corporal e não utilizar mais <strong>de</strong> umtubo <strong>de</strong> 30g/diaNa tabela IV, estão os esquemas <strong>de</strong> primeiralinha para psoríase em placa, excetuando-se aslesões localizadas na face e nas do<strong>br</strong>as que<strong>de</strong>verão, preferencialmente, ser tratadas comimunomodulador tópico.AlcatrãoOs alcatrões <strong>de</strong> importância em uso <strong>de</strong>rmatológicosão <strong>de</strong> 3 tipos: coaltar, ictiol e óleo <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>. Usado isoladamente, o coaltar tem açãomo<strong>de</strong>rada na psoríase em placa, mas quandoassociado aos raios UVB (método <strong>de</strong>Goeckerman original ou modificado), potencializaa ação <strong>de</strong>stes, que po<strong>de</strong>m ser utilizados nameta<strong>de</strong> da dose eritematosa mínima. De odor<strong>de</strong>sagradável, o coaltar é usado como opçãoTabela IV - Terapia sequencial tópica <strong>de</strong> 1 a linha para psoríase em placa1ª opção1º mês – Calcipotriol e dipropionato <strong>de</strong> betametasona na mesma formulação 1 vez ao dia2º mês- Calcipotriol ou Calcitriol 2 vezes ao dia <strong>de</strong> 2ª a 6a e Calcipotriol e dipropionato <strong>de</strong> betametasona namesma formulação aos sábados e domingos 1 vez ao dia3º mês - - Calcipotriol ou Calcitriol 1 ou 2 vezes ao dia por tempo in<strong>de</strong>finido2ª opção1º mês: corticosterói<strong>de</strong> <strong>de</strong> média potência pela manhã e - Calcipotriol ou Calcitriol à noite2º mês: - Calcipotriol ou Calcitriol 2 vezes ao dia <strong>de</strong> 2ª a 6ª e corticosterói<strong>de</strong> 2 vezes ao dia aos sábados edomingos3º mês: - Calcipotriol ou Calcitriol 1 ou 2 vezes ao dia por tempo in<strong>de</strong>finidoTratamento tópico | 39


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAalternativa em concentrações variáveis <strong>de</strong> 1 a 5%sob a forma <strong>de</strong> pastas, pomadas, géis, loções exampus (nestes últimos, sob a forma <strong>de</strong> liquorcarbonis <strong>de</strong>tergens).Preparações combinadascom ácido salicílico propiciam melhor absorção.Foliculite é o efeito colateral mais encontrado. Hárelatos <strong>de</strong> carcinoma em áreas tratadas comcoaltar, mas estudos experimentais ainda nãoestabeleceram com precisão o risco <strong>de</strong> carcinogenicida<strong>de</strong>.AntralinaEmbora seu mecanismo <strong>de</strong> ação napsoríase seja especulativo, acredita-se que aantralina tenha efeito citostático, reduzindo aativida<strong>de</strong> mitótica das células epidérmicaspsoriásicas. Está indicada na psoríase em placas,,ungueal e do couro cabeludo, sendo contra-indicadanas formas eritrodérmica e pustulosa.Po<strong>de</strong> ser usada na infância e <strong>de</strong>ve ser evitadana gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>vido à adição <strong>de</strong> ácido salicíliconas formulações. Na falta <strong>de</strong> produtosindustrializados contendo antralina, são prescritasformulações magistrais que <strong>de</strong>vem sercontroladas através da observação da coramarela clara (o pigmento marrom indica que odioxiantranol foi oxidado e transformado emdímeros inativos). O antioxidante classicamenteutilizado nas formulações é o ácido salicílico,que vem sendo substituído pelo ácido ascórbicoa 1 ou 2% com menor po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> irritação. Aantralina produz resposta inflamatória dose<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntena pele, sendo a concentração eficazpróxima da concentração irritante. Em contatocom o ar, oxida-se progressivamente ecausa manchas na pele e nas vestimentas, oque inibe o seu uso. Praticamente, não há risco<strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> sistêmica e, comparativamente acalcipotriol e corticói<strong>de</strong> tópico, é consi<strong>de</strong>radaaltamente eficaz em psoríase, levando a períodos<strong>de</strong> remissão prolongados. Em baixas concentrações(0,05%),po<strong>de</strong> ser aplicada em todoo corpo, evitando rosto, do<strong>br</strong>as e genitais, porperíodos <strong>de</strong> 1 a 12 horas. Para lesões em placa,pouco numerosas, preconiza-se a terapia <strong>de</strong>curto contato, com preparações contendo <strong>de</strong>0,5% a 3% e tempo <strong>de</strong> aplicação variando <strong>de</strong> 10minutos que são aumentados progressivamenteaté 1 hora.Imunomoduladores TópicosO pimecrolimo (creme a 1%) e o tacrolimo(pomada a 0,03% e a 0,1%) são inibidores dacalcineurina, com efeito discreto na psoríase.Po<strong>de</strong>m ser indicados para formas localizadas naface, do<strong>br</strong>as e semimucosas, por provocaremmenos efeitos colaterais do que os corticosterói<strong>de</strong>se análogos da vitamina D. No Brasil,são aprovados para o uso em <strong>de</strong>rmatite atópica.Não <strong>de</strong>vem ser usados em presença <strong>de</strong>infecções viróticas, bacterianas ou fúngicas.Deve-se ter cautela no uso na gravi<strong>de</strong>z e na lactação,apesar da absorção após aplicação tópica,ser mínima.Tabela V – Imunomodulares tópicos em psoríaseSubstância Drogas Uso Apresentação Eficácia CuidadosPrincipaisImunomoduladores Pimecrolimo 2 x dia Creme 1% Fraca Indicado na face, do<strong>br</strong>as e semi-mucosasTacrolimo 2 x dia Pomada 0,1% Fraca Indicado na face, do<strong>br</strong>as e semi-mucosas40 | Tratamento tópico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIARetinói<strong>de</strong>s TópicosO tazaroteno em gel a 0,05% e a 0,1% foio primeiro retinói<strong>de</strong> tópico <strong>de</strong>senvolvido parao tratamento da psoríase. Pertence à terceirageração <strong>de</strong> retinói<strong>de</strong>s poliaromáticos e éseletivo na transcripção do gen por meio <strong>de</strong>receptores <strong>de</strong> ácido retinóico (RAR gama ebeta). Utilizado uma vez por dia é tão eficientequanto o calcipotriol e os corticosterói<strong>de</strong>stópicos <strong>de</strong> média potência, embora frequentementecause irritação e eritema perilesional.Da mesma forma que os análogos davitamina D, tem sua eficácia e sua tolerabilida<strong>de</strong>aumentadas pela associação aos corticosterói<strong>de</strong>stópicos. Esta associação tambéminibe o efeito atrofogênico e impe<strong>de</strong> orebote da psoríase. A combinação comfototerapia UVB ou UVA resulta em menortempo <strong>de</strong> tratamento e menor dose total <strong>de</strong>ultravioleta. Outro retinói<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso tópico, obexaroteno em gel a 0,1%, mostrou-se eficazem psoríase, associado a fototerapia UVB <strong>de</strong>banda estreita. Estas medicações não estãodisponíveis no nosso meio.Tratamento Tópico - Consi<strong>de</strong>rações gerais1) Informar SEMPRE aos pacientes so<strong>br</strong>eriscos da corticoterapia tópica em monoterapia,so<strong>br</strong>etudo se <strong>de</strong> alta potência e por períodosprolongados.2) Estimular terapias tópicas combinadas eseqüenciais.3) Reiterar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidratação continuadada pele, mesmo nas fases <strong>de</strong> remissão.4) Na face, preferir imunomoduladores tópicos.Contra-indicar o uso <strong>de</strong> análogos da vitaminaD, pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fotossensibilização.5) Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia seqüencialcom corticosterói<strong>de</strong>s e calcipotriol/calcitriol, consi<strong>de</strong>rarformulações <strong>de</strong> coaltar associadas àhelioterapia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Lipsker D. Médicaments topiques. In: Saurat J-H, Grosshans E, Laugier P,Lachapelle J-M eds. Dermatologie et infections sexuellement transmissibles 4 ed .Paris: Masson; 2004 p.1019-34.2. StroberBE, Washenik K, Shupak JL. Principles of Topical Therapy. In: FitzpatrickTB et al. Dermatology in General Medicine. The McGraw-Hill companies Inc;2004p.2319-68.3. Mason J, Manson AR and Cork MJ. Topical preparations for the treatment ofpsoriasis: a systematic review. Br J Dermatol 2002;146:351-64.4. Dubertret L. Le psoriasis <strong>de</strong> la clinique au traitement. Paris:MED’COM;2004 p.89-96.5. Van <strong>de</strong> Kerkhof PCM. Textbook of Psoriasis. 2nd. Ed. Oxford: Blackwell Publishing2003:127-47 e 170-85.6. Reichrath J, Muller SM, Kerber A et al. Biologic effect of topical calcipotriol(MC903) treatment in psoriatic skin J Am Acad Dermatol 1977;36:19-28.7. Ramsay CA, Berth-Jones J, Brundin G et al. Long-term use of topical calcipotriolin chronic plaque-type psoriasis. Dermatology 1994;189:260-4.8. Ruzicka T, Lorenz B. Comparison of calcipotriol monotherapy and a combinationof calcipotriol and bethametasone valerate after 2 weeks’treatment with calcipotriolTratamento tópico | 41


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAin the topical therapy of psoriasis vulgaris: a multicentre, double-bind,randomised study. Br J Dermatol 1998:138:254-8.9. Rizova E, Corroller M. Topical calcitriol – studies on local tolerance and systemicsafety. Br J Dermatol 2001;144 (Suppl 58):3-10.10. Gerritsen MJP, Van <strong>de</strong> Kerkhof PCM, Langner A Long-term safety of topicalcalcitriol 3μg/g ointment. Br J Dermatol 2001;144(Suppl 58):17-109.11. Lamba S, Lebwohl M. Combination therapy with vitamin D analogues. Br J <strong>de</strong>rmatol2001;(Suppl 58):27-32.12. Papp KA, Guenther L, Boy<strong>de</strong>n B et al. Early onset of action and efficacy of acombination of calcipotriene and bethametasone dipropionate in the treatment ofpsoriasis. J Am Acad Dermatol 2003;48:48-5413. Van <strong>de</strong> Kerkhof PCM, Wasel N, Kragballe K, Cambazard F, Murray S. ATwo-Compound Product Containing Calcipotriol and BethametasoneDipropionate Provi<strong>de</strong>s Rapid, Effective Treatment of Psoriasis vulgaris regardlessof Baseline Disease Severity. Dermatology 2005;210:294-9.14. Lebwohl M, Ali S. Treatment of psoriasis. Part 1 topical therapy and phototherapy.J Am Acad Dermatol 2001;45:487-98.15. Ashton RE, Andre P, Lowe NJ, Whitefiel M. Anthralin, historical and currentperspectives. J Am Acad Dermatol 1983;9:173-192.16. Van <strong>de</strong> Kerkhof PCM. Dithranol, after 75 years still going strong. Eur J Dermatol1991;1:79-89.17. Marks R, Path FRCP Cardiff FRCP. Pharmakokinetics and safety review oftazarotene. J Am Acad Dermatol 1998;39:S134-8.18. Lebwohl M, Poulin Y. Tazarotene in combination with topical corticosteroids. J AmAcad Dermatol 1998;39:S139-43.19. Koo JY. Tazarotene in combination with phototherapy. J Am Acad Dermatol1998;39:S144-8.20. Hecker D, Worsly J, Yueh G et al. Interactions between tazarotene and ultravioletlight. J Am Acad Dermatol 1999;41:927-30.21. Magliocco MA, Pandya K, Dom<strong>br</strong>owskiy V, Christiansen L, Wong Y, Gotlieb AB. Arandomized, double-bind vehicle-controlled, bilateral comparison trial ofbexarotene gel 1% versus vehicle gel incombination with narrowband UVBphototherapy for mo<strong>de</strong>rate to severe psoriasis vulgaris. J Am Acad Dermatol2006;54(1):115-8.22. Schummer BP, Parker KL. Hormônio adrenocorticotrófico; esterói<strong>de</strong>s adrenocorticaise seus análogos sintéticos inibidores das sínteses e das ações dos hormôniosadrenocorticais. In: Gilman AG et al. As bases farmacológicas da terapêutica.México: McGraw-Hill; 1996. p. 1082-101.23. Sampaio SAP, Rivitti EA. <strong>Dermatologia</strong> São Paulo; Artes Médicas; 2001. p.1025-8.24. Martins JEC, Paschoal LHC. <strong>Dermatologia</strong> Terapêutica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DiLivros:2006. p. 254-5.25. Costa AD, Machado S, Selores M. Corticosterói<strong>de</strong>s tópicos consi<strong>de</strong>rações so<strong>br</strong>ea sua aplicação na patologia cutânea. Revista Portuguesa <strong>de</strong> Clínica Geral 2005; 21:367-73.26. Freedberg IM, Goldsmith LA, Katz S, Austern KF, Wolf K. Fitzpatrik’s Dermatology42 | Tratamento tópico


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAin General Medicine. 6th ed. New York: Mcgraw Hill; 2003.27. Gribetz C, Ling M, Lebwohl M et al. Pimecrolimus cream 1% in the treatment ofintertriginous psoriasis: A double-blind randomized study. J Am Acad Dermatol2004;51:731-8.28. Van <strong>de</strong> Kerkoff P. Papulosquamous and eczematous <strong>de</strong>rmatosis: psoriasis. In:Bolognia JL, Jorizzo JL, Rapini RP, editors. Dermatology. St Louis: Mosby; 2003. p.125-49.29. Rappersberger K, Komar M et al. Pimecrolimus i<strong>de</strong>ntifies a common genomicanti-inflamatory profile, is clinically highly effective in psoriasis and is well tolerated.The journal of investigative <strong>de</strong>rmatology 2002; 119: 876-87.30. Berman B et al. Topical immunomodulators: tacrolimus and pimecrolimus. In:Bolognia J, Jorizzo JL, Rapini RP. editors. Dermatology. St. Louis: Mosby; 2003. p. 2045-7.31. Berth-Jones J. Topical therapy: immunomodulators: tacrolimus and pimecrolimus.In: Burns T, Breathnach S, Cox N, Griffiths C. editors. Rook’s Textbook ofDermatology. Massachusetts: Blackwell science; 2004. p. 75.32-4.32. Griffiths CEM, Camp RDR, Barker JNWN: Psoriasis: topical corticosteroids. In:Burns T, Breathnach S, Cox N, Griffiths C. editors. Rook’s Textbook ofDermatology. Massachusetts: Blacwell science; 2004. p. 35.25-6.33. Brazzini B, Pimpinelli N. New and established topical corticosteroids in <strong>de</strong>rmatology:clinical pharmacology and therapeutic use. Am J Clin Dermatol 2002; 334. Scheuer E, Warshaw E. Alergia a Corticosteroi<strong>de</strong>s: Actualización y Revisión <strong>de</strong> laEpi<strong>de</strong>miologia, Características Clínicas y Reactividad Cruzada. American Journalof Contact Dermatitis 2003;14(4):179-18735. Gurgel A, Sodré CT, Addor F, Oliveira Filho J, Antonio JR, Criado PR.Corticoterapia tópica: conhecendo <strong>de</strong>talhes. Programa <strong>de</strong> educação médicacontinuada. São Paulo: Unimagem, 2005. CD-R.Tratamento tópico | 43


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO5Tratamento <strong>de</strong> áreas especiaisLúcia Arruda 1Colaboradora: Sylvia Ypiranga 2Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> CampinasDeclaração <strong>de</strong> Conflito <strong>de</strong> Interesses1participa <strong>de</strong> pesquisas patrocinadas pelos laboratórios Roche, Serono e Schering-Plough.2participa <strong>de</strong> pesquisas patrocinadas pelo laboratório Serono1Chefe do Serviço <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> do Hospital e Maternida<strong>de</strong> Celso Pierro – HMCP-PUC-CampinasCoor<strong>de</strong>nadora do ambulatório <strong>de</strong> Psoriase <strong>de</strong> HMCP-PUC-CampinasMestrado em <strong>de</strong>rmatologia pela Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo (EPM-UNIFESP)Especialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>2Médica assistente no do Serviço <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> do Hospital e Maternida<strong>de</strong> Celso Pierro –HMCP-PUC-CampinasMestre em clínica médica- área <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>rmatologia, pela UNICAMPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Tratamento <strong>de</strong> áreas especiais | 45


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAIntroduçãoAs regiões palmo-plantares, as unhas e ocouro cabeludo, quando acometidos pelapsoríase, apresentam uma característica emcomum – a dificulda<strong>de</strong> terapêutica, com altoíndice <strong>de</strong> recidiva. Com base neste fato, asua abordagem <strong>de</strong>ve ser especial.Psoríase no couro cabeludoSegundo a “National Psoriasis Foudation”,o envolvimento do couro cabeludo ocorre emcerca <strong>de</strong> 80% dos portadores <strong>de</strong> psoriase. 1Este dado é corroborado por outros autores 2e representa, portanto, uma das manifestaçõesmais comuns em todas as formas dadoença. Além disso, o seu impacto so<strong>br</strong>e aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida é muito importante. Sejapela dificulda<strong>de</strong> em se utilizar roupas escuras,que salientam a <strong>de</strong>scamação, seja peloprurido, perda <strong>de</strong> cabelos, ou ainda pelaextensão da doença para áreas próximas eevi<strong>de</strong>ntes, como face e pescoço, intensificandoa estigmatização.As lesões tipicamente <strong>de</strong>scritas são asplacas eritêmato-escamosas, <strong>de</strong> aparênciaprateada e <strong>br</strong>ilhante, bem <strong>de</strong>limitadas, combase eritematosa, avançando, além dos limitesdo couro cabeludo, para o rosto, pescoçoe região retro-auricular.O prurido e a perda <strong>de</strong> cabelos são sintomasreferidos por alguns pacientes e <strong>de</strong>scritospor alguns autores. Porém não há uniformida<strong>de</strong>na literatura, quanto a estes dados.Alguns autores não relacionam a psoríase aqueda <strong>de</strong> cabelo, enquanto outros atribuem aela tanto o eflúvio telógeno, como a alopeciacicatricial. 2-5Quando cursa acompanhando outraslocalizações e formas típicas, a psoríase docouro cabeludo é facilmente diagnosticada.Entretanto, quando ocorre <strong>de</strong> maneira isolada,<strong>de</strong>ve ser diferenciada <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong>outras entida<strong>de</strong>s, em especial a caspa e <strong>de</strong>rmatiteseborréica.A maioria dos casos <strong>de</strong> psoríase do courocabeludo po<strong>de</strong> ser tratada <strong>de</strong> maneira tópica,ainda que se note alta recidiva. 6-9Xampus <strong>de</strong> coaltar e piritionato <strong>de</strong> zinco.Ainda que, na pratica clínica, os resultadossejam satisfatórios a bons, não existem naliteratura estudos clínicos controlados quesuportem esta afirmativa. De qualquer forma,do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, o xampu, compiritionato <strong>de</strong> zinco é mais tolerado do que o<strong>de</strong> coaltar. 10Ácido salicílico – po<strong>de</strong> ser utilizado emconcentrações entre 2 e 15%, com fins queratolíticos.É interessante ressaltar que lesõesmuito queratósicas absorvem muito poucodo ativo <strong>de</strong> qualquer medicação tópica quevenha a ser utilizada. Portanto, o uso <strong>de</strong> queratolíticos,como o ácido salicílico, além <strong>de</strong>diminuir a espessura das lesões per se,potencializa o uso <strong>de</strong> outras medicações,como os corticosteroi<strong>de</strong>s tópicos e <strong>de</strong>rivados<strong>de</strong> vitamina D3.Coaltar – com ação antiinflamatória e antiproliferativa,esta droga é muito útil em especialnaqueles casos que cursam com muitoprurido. É uma medicação consagrada pelouso, mas com poucos estudos controladosdisponíveis na literatura.Antifúngicos – Alguns autores preconizamo uso <strong>de</strong> antifúngicos, mas com informaçõescontraditórias na literatura, em relação àmelhora terapêutica. 11A exemplo do queacontece na <strong>de</strong>rmatite seborréica, parecehaver a participação <strong>de</strong> leveduras, exacerbandoo quadro clínico ou permitindo umapossível resistência a outros tratamentos tópicosno couro cabeludo. Ainda que aMalassezia spp não participe diretamente naetiopatogenia da psoríase do couro cabeludo,parece haver diminuição da irritaçãolocal, secundária ao uso <strong>de</strong> calcipotriol, quando,se faz um tratamento com antifúngico,como o itraconazol, paralelamente, visando asua diminuição populacional. 1246 |Tratamento <strong>de</strong> áreas especiais


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIACorticosterói<strong>de</strong>s – Os corticosterói<strong>de</strong>s tópicos,através da imunomodulação local e açãoantiinflamatória, inibem a proliferação epidérmica.Em veículos cremosos ou loções, estaclasse <strong>de</strong> medicação apresenta resultadosterapêuticos rápidos, em 3 a 4 semanas.Preparações <strong>de</strong> alta potência, como loção <strong>de</strong>dipropionato <strong>de</strong> betametasona e solução <strong>de</strong>propionato <strong>de</strong> clobetasol são tradicionalmenteeficazes no tratamento da psoríase docouro cabeludo, representando uma das primeirasopções <strong>de</strong> tratamento nas formasmo<strong>de</strong>radas e graves. Formulação com corticosterói<strong>de</strong><strong>de</strong> menor potência, como acetonido<strong>de</strong> fluocinolona 0,01%, em óleo apresentatambém boa eficácia, favorecida pelo veículoem questão. 13A exemplo do calcipotriol emsolução capilar, no nosso país não dispomosainda do propionato <strong>de</strong> clobetasol 0,05% emxampu. 14-16Entretanto, a literatura comparaestas duas formas terapêuticas, ambas eficazesno tratamento da psoríase do courocabeludo. Nestes ensaios comparativos,parece haver pequena superiorida<strong>de</strong> do clobetasolxampu so<strong>br</strong>e o calcipotriol em soluçãocapilar, no que se refere à eficiência eefeitos adversos. 17O spray <strong>de</strong> piritionato <strong>de</strong>zinco a 0,05% não potencializa o efeito dopropionato <strong>de</strong> clobetasol 0,05% tópico. 18Algumas outras associações parecem serbenéficas, como com o ácido salicílico entre5 e 15%, nas lesões mais queratósicas; como coaltar naquelas pruriginosas; e oclusão,caso seja necessário potencializar seus efeitos.Por se tratar do couro cabeludo, suascaracterísticas específicas permitem maiorabsorção sistêmica da medicação, portanto,<strong>de</strong>ve-se pon<strong>de</strong>rar a limitação do tempo <strong>de</strong>seu uso para o menor possível.Análogos da vitamina D3 – Esta classe <strong>de</strong>medicação tem ação antiinflamatória tão boaquanto os corticosterói<strong>de</strong>s, sem o inconvenientedos efeitos locais atrofodérmicos <strong>de</strong>stes.19 , 20 Entre as formas <strong>de</strong> calcipotriol e calcitriol,este parece ser menos irritativo localmente.Devem ser usados por cerca <strong>de</strong> oitosemanas para bom efeito terapêutico, po<strong>de</strong>ndoassociar-se a corticoi<strong>de</strong>s tópicos, a fim <strong>de</strong>potencializar o efeito terapêutico e diminuir osadversos. 21-23 Apesar <strong>de</strong> não ser disponível aapresentação em solução tópica capilar emnosso país, existe na literatura alguns relatos<strong>de</strong> ensaios clínicos do uso <strong>de</strong> calcipotriol nocouro cabeludo, com bons resultados, quandocomparados a outras medicações tópicas,como xampu <strong>de</strong> coaltar e ácido salicílico.24 Neste estudo, ainda que tenham verificadomaior freqüência <strong>de</strong> efeitos colaterais como uso do calcipotriol, os autores <strong>de</strong>screvemmaior facilida<strong>de</strong> para alcançar o controle clínico,com manutenção mais duradoura.Quando comparada à loção <strong>de</strong> betametasona,em ensaio comparativo duplo-cego, randomizado,esta formulação mostrou-se com<strong>de</strong>sempenho inferior. 25Os casos <strong>de</strong> difícil controle, altamenterecidivantes e graves, ao consi<strong>de</strong>rar-se oimpacto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, po<strong>de</strong>m e<strong>de</strong>vem ser tratados sistemicamente, comMetotrexato, Acitretina ou mesmo Ciclosporina,uma vez que a fototerapia costumaser pouco eficaz nesses casos.Psoríase nas unhasA psoriase po<strong>de</strong> envolver as unhas ematé 90% dos casos, correspon<strong>de</strong>ndo a umgran<strong>de</strong> estigma da doença, interferindo nasrelações sociais e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho,po<strong>de</strong>ndo ainda cursar com dor local.O manejo da psoriase ungueal é difícil,evoluindo com vários episódios recidivantes,na maioria das vezes subintrantes, sem quese experimente a cura completa das lesões.Uma das principais características dadoença é a onicólise. Um cuidado inicial queo paciente <strong>de</strong>ve seguir é <strong>de</strong> evitar traumatismos,bem como manter a unha curta, seca elimpa, diminuindo assim os estímulos queTratamento <strong>de</strong> áreas especiais| 47


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIApossam intensificar este <strong>de</strong>scolamentoungueal. 26 Como a onicólise, a hiperqueratosesubungueal representa alterações do leitoungueal.Além <strong>de</strong>stas, a presença <strong>de</strong> pittingungueal e irregularida<strong>de</strong>s no relevo da lâminasão importantes e estas representam lesãoda matriz, que po<strong>de</strong> se acompanhar <strong>de</strong> paroníquia.A <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do grau <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> dadoença, seu impacto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e aassociação com outras formas <strong>de</strong> psoríase, otratamento tópico po<strong>de</strong> ser uma opção ou serfeita a escolha por um tratamento sistêmico.Corticosteroi<strong>de</strong>sTópicos: Consi<strong>de</strong>rando-se que a paroníquiaanteceda a alteração ungueal, estes têmsido utilizados na tentativa <strong>de</strong> inibir o processo.Ainda que seja uma prática habitual na clínica,não existem dados na literatura que corroboremesta teoria. A potência <strong>de</strong>ve ser alta,sem oclusão e por um tempo inferior a 3meses, a fim <strong>de</strong> se prevenir atrofia cutânea.Em esmalte: Favorecido pelo tipo <strong>de</strong> veículo,os efeitos terapêuticos do propionato <strong>de</strong>clobetasol a 8% em esmalte mostram-sebons xxvii . Esta é também uma forma <strong>de</strong> apresentaçãonão disponível comercialmente emnosso meio.Intralesional – usa-se o acetonido <strong>de</strong> triancinolonaa 2,5 a 10%, lateralmente na falangedistal, numa área correspon<strong>de</strong>nte à regiãoacometida do leito ungueal. É um procedimentodoloroso e <strong>de</strong>ve ser feito sob anestesiatroncular. As alterações <strong>de</strong> leito unguealrespon<strong>de</strong>m melhor do que as <strong>de</strong> matriz,ainda que neste local sejam administradasdoses maiores.Análogos da vitamina D3 – apesar <strong>de</strong> existirempoucos relatos <strong>de</strong> ensaios na literatura,apenas os efeitos so<strong>br</strong>e as características <strong>de</strong>hiperqueratose subungueal respon<strong>de</strong>m àterapêutica, ainda assim, <strong>de</strong> maneira semelhanteà combinação <strong>de</strong> propionato <strong>de</strong> betametasonae ácido salicílico, porém sem osefeitos colaterais da corticoi<strong>de</strong>terapia. 285 fluoruracil 1% - Existem relatos contraditóriosna literatura quanto ao seu uso. Ele éindicado em especial nos casos com alterações<strong>de</strong> matriz e, em especial na presença <strong>de</strong>pústulas, com bons resultados na acro<strong>de</strong>rmatitecontínua <strong>de</strong> Hallopeau. 29,30Quando aonicólise está presente, nota-se acentuaçãoda mesma. Existem ainda relatos <strong>de</strong> estudosque atribuem efeito semelhante ao placebo. 31Creme <strong>de</strong> uréia a 20% - representa umaboa arma no arsenal da terapêutica <strong>de</strong>rmatológica,em especial nos casos <strong>de</strong> pitting eespessamento da lâmina ungueal.PUVA – ainda que os resultados obtidossejam lentos, mas bons, a fototerapia po<strong>de</strong>ser feita com psoraleno preparado em esmalte.Piores resultados são observados quandose trata os pittings ungueais e a onicólise. 32,33Acitretina – Na dose <strong>de</strong> 0,52 mg/kg/dia,produz resultados satisfatórios, em especialnos casos mais queratóticos e pustulosos. 34Ciclosporina – é empregada nos casosmais agressivos e, na dose <strong>de</strong> 3 a 5mg/kg/diam por via oral. Seus resultadospo<strong>de</strong>m ser comparados aos da acitretina. 35As associações com tratamentos tópicos, porexemplo com calcipotriol, oferecem bonsresultados, potencializando os efeitos. 36Existe ainda, na literatura, relato <strong>de</strong> ensaio clínicocom a ciclosporina oral, mas diluída a70% em óleo, com bons resultados. 37Metotrexato – A exemplo da acitretina, temboa indicação nas lesões pustulosas. É,entretanto, menos eficiente do que o retinói<strong>de</strong>.Os cuidados a serem adotados em relaçãoao uso <strong>de</strong> terapêutica tópica <strong>de</strong>vemseguir as recomendações já discutidas.Psoríase Palmo-plantarSão <strong>de</strong>scritas cinco formas clínicas: 38Querato<strong>de</strong>rmia palmo plantar difusa48 | Tratamento <strong>de</strong> áreas especiais


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIATrata-se <strong>de</strong> querato<strong>de</strong>rmia difusa, combase eritematosa, especialmente nas bordas,que são bem <strong>de</strong>limitadas. Nos <strong>de</strong>dos a hiperqueratosecostuma ser predominante, acompanhada<strong>de</strong> fissuras.O achado anátomo-patologico mais marcanteé a hiperqueratose, po<strong>de</strong>ndo cursarcom paraqueratose, porém esta característicanem sempre se faz constante. A acantosetambém po<strong>de</strong> estar presente. Os microabscesso,quando presentes, são raros.O diagnostico diferencial se faz comdiversos quadros hiperqueratóticos palmoplantares: Eczema hiperqueratótico e fissurado Dermatofitose Farmaco<strong>de</strong>rmia (em especial por betabloqueadores) Querato<strong>de</strong>rmia palmo-plantar daSíndrome <strong>de</strong> Reiter Querato<strong>de</strong>rmia marginada fissurada(querato<strong>de</strong>rmia climatérica <strong>de</strong> Hax-Hansen Pitiríase ru<strong>br</strong>a pilar (principalmente naforma circunscrita juvenil tipo IV) Querato<strong>de</strong>rmias palmo-plantares hereditárias(em especial, a doença <strong>de</strong> Papillon-Lefévre) Líquen plano Acroqueratose psoriasiforme <strong>de</strong> Bazex Sífilis secundáriaPsoriase puntataNesta forma clínica, a psoríase palmo-plantarse apresenta com pápulas hiperqueratóticasmúltipas, com <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> materialcórneo e <strong>de</strong>pressão centrais, localizadas principalmentenas regiões tenar e hipotenar.O diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve ser feitocom o sinal <strong>de</strong> Vidal e Jacquet da Síndrome <strong>de</strong>Reiter, líquen verrucoso e verrugas plantares.Psoriase pustulosa palmo plantarÉ uma forma localizada <strong>de</strong> psoríase pustulosa,com pústulas localizadas especialmentenas eminências tênares e com predileçãopelo cavo plantar.Estas pústulas, inicialmente isoladas, ten<strong>de</strong>ma confluir so<strong>br</strong>e uma base eritematosa,formando placas eritemato-<strong>de</strong>scamativas,que se localizam nas palmas, plantas e faceslaterais dos <strong>de</strong>dos das mãos e pés.A dor po<strong>de</strong> ser um sintoma associado.A acro<strong>de</strong>rmatite continua <strong>de</strong> Hallopeau éforma localizada <strong>de</strong> psoriase pustulosa naextremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>do.O diagnóstico <strong>de</strong> psoríase pustulosa éfeito pela apresentação clínica e pelo exameanátomo-patológico típico, caracterizado porpústula espongiforme multiloculada, compoucos comemorativos típicos <strong>de</strong> psoríasena topografia das pústulas.O diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve incluir: Pustulose palmo-plantar Disidrose palmo-plantar Dermatite <strong>de</strong> contato Dermatofitose da região plantar(tinea pedis)Psoriase palmo plantar em placas eritematoescamosasNada mais são do que manifestação, nasregiões palmo plantares, da psoríase vulgar.PulpiteA psoríase po<strong>de</strong> se manifestar com pulpitee, se esta for a única forma <strong>de</strong> apresentaçãoda doença, na ausência <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntesfamiliares e pessoais, o diagnóstico diferencial<strong>de</strong>ve excluir a <strong>de</strong>rmatite <strong>de</strong> contato e a<strong>de</strong>rmatite atópica, em especial.Consi<strong>de</strong>rando-se as suas apresentações,o tratamento das regiões palmo plantarespo<strong>de</strong> ser feito como se segue: 39,40Ácido salicílico – na concentração <strong>de</strong> 2 a10%, num veículo oleoso, tem ação queratolítica,sendo uma boa opção nos casos <strong>de</strong>queratose palmo-plantarTratamento <strong>de</strong> áreas especiais | 49


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIACorticosterói<strong>de</strong>s – tópicos, <strong>de</strong> classe I e IIsão efetivos, pela sua ação antiinflamatória.Po<strong>de</strong>m ser potencializados se forem associadosa queratolíticos ou se forem ocluídos.Análogos da vitamina D3 – são tão efetivosquanto os corticosterói<strong>de</strong>s tópicos, sem seusefeitos colaterais, porém com a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> irritação local que é mais evi<strong>de</strong>nte com ocalcipotriol do que com o calcitriol. 41PUVA – bem indicada naqueles casosmais hiperqueratóticos, po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong>forma local, com a administração do psoralenopor via oral ou tópica. 42Acitretina – indicada nas formas pustulosas,na dose inical <strong>de</strong> 25 a 50mg por dia,po<strong>de</strong>ndo chegar a 50 a 75 mg por dia. Paraos casos mais resistentes, po<strong>de</strong>-se associara PUVA terapia, com bons resultados.Metotrexato – medicação sistêmica, indicadanos casos que não respon<strong>de</strong>m aos<strong>de</strong>mais tratamentos ou quando se associaquadro pustuloso generalizado.Ciclosporina – indicada também para oscasos <strong>de</strong> maior dificulda<strong>de</strong> terapêutica, emespecial quando da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se utilizaro metotrexato. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Feldman SR, Koo JYM, Lebwohl MG, Menter A, Van Voorhees A. The Psoriasis and psoriaticarthritis pocket gui<strong>de</strong>: treatment algorithms and management options. National PsoriasisFoundation 2nd ed. 2005.2. Kerkhof PCM van <strong>de</strong>, Franssen EJ. Psoriasis of the scalp – diagnosis and management. AmJ Clin Dermatol 2001; 2: 159-65.3. Schuster S. Psoriatic alopecia. Br J Dermatol 1992; 127: 73-7.4. Kerkhorf PCM van <strong>de</strong>, Chang A. Scarring alopecia and psoriasis. Br J Dermatol 1992; 126: 524-5.5. Schoorl WJ, Baar HJ, Kerkhorf PCM van <strong>de</strong>. The hair root pattern in psoriasis of the scalp.Acta Derm Venereol 1992; 72: 141-2.6. Lebwohl M, Ali S. J Am Acad Dermatol 2001; 45:487-987. Mason J, Mason AR, Cork MJ. Br J Dermatol 2002; 146:351-648. Kerkhof PCM, Kragballe K. JEAVD 2005; 19:495-999. Gottlieb AB. Therapeutic options in the treatment of psoriasis and atopic <strong>de</strong>rmatitis. J AmAcad Dermatol 2005; 53:S3-1610. Thami GP, Sarkar R. Coal tar: past, present and future. Clin Dermatol 2002; 27:99-10311. Jury CS, Hugh McL, Shankland GS et al. A randomized, placebo-controlled trial of oralitraconazole in scalp psoriasis. J Dermatol Treat 2000; 11:85-912. Faergemann J Diehl U, Bergfelt L et al. Scalp psoriasis: synergy between the Malasseziayeasts and skin irritation due to calcipotriol. Acta <strong>de</strong>rmatovenereologica 2003; 83:438-4113. Pauporte M, Maibach H, Lowe N et al. Fluocinolone acetoni<strong>de</strong> topical oil for scalp psoriasis.J Dermatol Tret 2004;15:360-4.14. Jarrat M, Breneman D, Gottlieb AB, Poulin Y, Liu Y, Foley V. Clobetasol propionate shampoo0,05%: a new option to treat patients with mo<strong>de</strong>rate to severe scalp psoriasis. JDD 2004; 3:36-7315. Melian EB, Spencer CM, Jarvis B. Clobetasol propionate foam 0,05%. Am J Clin Dermatol2001;2:89-9250 | Tratamento <strong>de</strong> áreas especiais


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CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO6Fotototerapia na PsoríaseIda Duarte 1Colaboradores: Roberta Buense Bedrikow 2Clarice Kobata 3Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia <strong>de</strong> São Paulo1 Professora Adjunta da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloResponsável pelo Setor <strong>de</strong> Alergia e Fototerapia Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloMestrado pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloDoutorado pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>2 Médica assistente da Clínica <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloMestranda do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação da FMUSPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>3 Médica assistente da Clínica <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Fotototerapia na Psoríase| 53


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAA Fototerapia está classificada <strong>de</strong> acordocom o tipo <strong>de</strong> irradiação utilizada (UVA ouUVB), variável <strong>de</strong> acordo com os comprimentos<strong>de</strong> onda.Trata-se <strong>de</strong> uma opção terapêutica utilizada<strong>de</strong> modo isolado ou associada a vários outrosmedicamentos sistêmicos como os retinói<strong>de</strong>s,o metotrexato, a ciclosporina, com o objetivo<strong>de</strong> se obter controle rápido das <strong>de</strong>rmatosescom doses menores <strong>de</strong> medicamentos.A Fototerapia <strong>de</strong>ve ser realizada comalguns cuidados e com acompanhamentocriterioso para que se tenha a resposta terapêuticaefetiva e não apresente efeitos in<strong>de</strong>sejadosque eventualmente possam ocorrer.A psoríase é uma das principais indicaçõesda fototerapia. Todos os tipos <strong>de</strong> psoríasepo<strong>de</strong>m ser tratados com essa metodologia.O mecanismo <strong>de</strong> ação da fototerapia sefaz através da ativida<strong>de</strong> antiproliferativa,antiinflamatória e imunossupressora.Fototerapia sistêmica com PUVAA fotoquimioterapia sistêmica (PUVA sistêmico)é a fototerapia mais efetiva para o tratamentoda psoríase. É indicado inclusive emcasos <strong>de</strong> acometimento extenso da <strong>de</strong>rmatoseou, em indivíduos com lesões espessas ecom pele tipo III ou mais, segundo a classificação<strong>de</strong> Fitzpatrick.O tratamento com PUVA é realizado atravésda associação <strong>de</strong> um psoralênico e a irradiação<strong>de</strong> UVA originária <strong>de</strong> lâmpadas que emitemcomprimentos <strong>de</strong> ondas entre 320 a 400 nm.Psoralênicos é o termo usado genericamentepara se <strong>de</strong>screver compostos chamadosfurocumarínicos, encontrados em plantas.São substâncias que quando estimuladaspelo UV ligam-se às bases pirimidínicasdo DNA celular, iniciando as reações fotoquímicasna pele. Os psoralênicos mais utilizadosna <strong>de</strong>rmatologia são: 8-Methoxypsoralen(8-MOP, methoxalen), 5-methoxypsoralen (5-MOP, bergapten) e o 4, 5,8-trimethoxypsoralen(4,5,8TMP, trioxalem).Os psoralênicos orais são metabolizadosno fígado, com concentração sanguíneamáxima entre uma e três horas. Drogas queativam as enzimas do citocromo P-450 acelerame aumentam o seu metabolismo. A eliminaçãoé renal e ocorre entre 12-24 hs.O 8-MOP e o 4,5,8 TMP po<strong>de</strong>m ser usadostanto na forma sistêmica como na formatópica, enquanto o 5-MOP apenas na formasistêmica.O 8 -MOP geralmente é usado na dose <strong>de</strong>0,4mg/kg <strong>de</strong> peso, 90 minutos antes da fototerapiaquando estiver na forma liquida ou 2 a 3horas antes se estiver na forma cristalina, e nadose <strong>de</strong> 0,6mg/kg <strong>de</strong> peso 2 horas antes dafototerapia, quando na forma <strong>de</strong> comprimidos.Para o PUVA sistêmico, a dose inicial <strong>de</strong>UVA normalmente é baseada na cor da peledo paciente e da doença que vai ser tratada,e geralmente inicia-se com 0,5 a 1 J/cm 2(tabela 1).Sabe-se que o eritema pós PUVA po<strong>de</strong>ocorrer após 48 a 72 horas após a sessão, epor isso o esquema do tratamento po<strong>de</strong> serfeito duas a três vezes por semana.O aumento da dose da luz irradiada é<strong>de</strong>terminado pela intensida<strong>de</strong> do eritema provocadona sessão anterior, e o seu máximotambém varia <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> pele eda doença (tabela 2).PUVA tópicoO PUVA tópico <strong>de</strong> rotina é realizado coma associação do Trioxalem com a luz UVA,aplicado na pele, meia hora antes da realizaçãoda fototerapia. A dose varia <strong>de</strong> 0,1% emlocais on<strong>de</strong> a pele é mais fina até 1%, comonas regiões plantares, sendo manipulado emloções cremosas ou alcoólicas.Com relação ao PUVA tópico, a dose inicialda UVA é <strong>de</strong> 0,12 a 0,5 J/cm 2 , aumentando0,12-0,25J a cada sessão <strong>de</strong> acordo com aintensida<strong>de</strong> do eritema e o local <strong>de</strong> aplicação.54 | Fotototerapia na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIATabela 1- Tipos <strong>de</strong> pele / dose inicial <strong>de</strong> UVA para PUVA sistêmicoTipo <strong>de</strong> Pele Características Radiação inicial(Joules/cm 2 )I Sempre se queima, nunca se <strong>br</strong>onzeia. 0,5 J/cm 2II Sempre se queima, algumas vezes se <strong>br</strong>onzeia. 1,0 J/cm 2III Algumas vezes se queima, sempre se <strong>br</strong>onzeia. 1,5 J/cm 2IV Nunca se queima, sempre se <strong>br</strong>onzeia. 2,0 J/cm 2V Mo<strong>de</strong>radamente pigmentada 2,5 J/cm 2VI Negra 3,0 J/cm 2Fonte: Morison WL. PUVA Photochemotherapy. In: Lim HW, Soter NA. Eds. Marcel Dekker,Inc. 1ª ed. New York 1993.A fotoquimioterapia tópica (PUVA tópico)é indicada em quadros localizados, como porexemplo, a psoríase palmo-plantar ou o acometimentodo couro cabeludo.PUVA imersão ou “bath PUVA”Esta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia foi i<strong>de</strong>alizadapara ser indicada nos casos em que há indicação<strong>de</strong> PUVA sistêmico, com o intuito <strong>de</strong>diminuir a dose <strong>de</strong> exposição à UVA. É particularmenteútil nos pacientes que tomamoutras medicações sistêmicas. ou com intolerânciaaos psoralênicos. Os efeitos colateraisoculares e no trato gastrointestinal são minimizados,pois não ocorre fotossensibilizaçãosistêmica. A concentração do psoralênico napele é maior que no PUVA sistêmico, proporcionandomenor exposição a RUV. Utiliza-se o8-MOP diluído em água morna, imergindo olocal a ser tratado durante 15 a 20 minutosantes da irradiação UVA. A concentração <strong>de</strong>8-MOP correspon<strong>de</strong> a 1mg/l, obtidos a partir<strong>de</strong> uma diluição <strong>de</strong> 20ml <strong>de</strong> 8-MOP a 0,5% emálcool a 96° em 100 litros <strong>de</strong> água. Po<strong>de</strong>-setambém usar o trioxalem (4,5,8 TMP), porémem doses maiores .A dose <strong>de</strong> UVA é a mesma para PUVAtópico, iniciando-se com 0,12 a 0,5 J/cm 2 .Tabela 2- Aumento da radiaçãoUVA <strong>de</strong> acordo como grau <strong>de</strong> eritemaGrau <strong>de</strong> eritemaConduta0 (sem eritema) Aplicar1 (mínimo eritema) Aplicar2 (intenso eritema) Não aplicar3 (eritema e e<strong>de</strong>ma) Não aplicar4 (eritema, e<strong>de</strong>ma e bolhas). Não aplicarFonte: Zanolli MD, Felmam SR, Clark AR, FleicherJr AB. Phototherapy TreatmentProtocols. Eds. The Parthenon Publishing Group. 1ªed. New York , USAFototerapia com UVBEm indivíduos <strong>de</strong> pele clara, apresentandolesões com placas finas <strong>de</strong> psoríase ounaqueles com contra-indicação para PUVA,po<strong>de</strong> ser utilizada a radiação UVB para o tratamento.As lâmpadas <strong>de</strong> UVB emitem ondas <strong>de</strong>290 a 320 nm <strong>de</strong> comprimento. Existem doistipos <strong>de</strong> lâmpadas UVB, sendo uma <strong>de</strong> largoespectro, e a outra que emite ondas <strong>de</strong> 311 a312 nm <strong>de</strong> comprimento, <strong>de</strong>nominada UVB<strong>de</strong> banda estreita (“narrow band”), superior aUVB convencional na remissão da doença.A dose eritematosas mínima (DEM) dopaciente <strong>de</strong>ve ser estabelecida inicialmenteFotototerapia na Psoríase| 55


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAao tratamento. (DEM = é a mínima energianecessária para produzir uma resposta eritematosasuniforme até 24 horas). Inicia-se otratamento do paciente com 75 a 90% <strong>de</strong>ssadose e isso varia <strong>de</strong> acordo com o fototipo dopaciente (tabela 3). O eritema pós UVB apareceapós 12 horas da sessão. Aumenta-segradativamente a dose para minimizar as reações<strong>de</strong> queimadura pelo UV (tabela 4).Existem vários protocolos <strong>de</strong> tratamentocom UVB, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> três a cinco vezespor semana. Normalmente dois a três meses<strong>de</strong> tratamento são necessárias até que sealcance uma resposta significativa. Manutenção<strong>de</strong> uma a duas vezes por mês po<strong>de</strong> ajudarna remissão prolongada do quadro.A radiação UVB “narrow-band” é consi<strong>de</strong>radapor vários autores primeira escolha parao tratamento da psoríase gotada ou <strong>de</strong> placasfinas, em pacientes <strong>de</strong> pele clara. Segurae efetiva apresenta, nestes casos, resultadoscomparáveis ao PUVA sistêmico.Fototerapia em criançasNão existe nenhum trabalho <strong>de</strong>monstrandoos riscos da fototerapia especificamenteem crianças. Os dados em que se fundamentamas indicações em crianças são baseadosTabela 3- Dose inicial <strong>de</strong> irradiaçãocom UVBTipo mJ/cm 2 75% da dose<strong>de</strong> Pele (mJ/cm 2 )I 20 - 30 19II 25 - 35 23III 30 - 50 31IV 45 - 60 37V 60 - 100 50VI 100 - 200 107Fonte: Morison WL. PUVA Photochemotherapy. In:Lim HW, Soter NA. Eds. Marcel Dekker,Inc. 1ª ed. New York 1993nos dados referentes aos adultos.Assim, <strong>de</strong>ve-se sempre consi<strong>de</strong>rar os riscose os benefícios da fototerapia em crianças,com orientações a<strong>de</strong>quadas aos pais eàs crianças.Ambientes <strong>de</strong> fototerapia adaptados àscrianças permite uma adaptação mais fácil aesta modalida<strong>de</strong> terapêutica.PUVA - Devido à dificulda<strong>de</strong> em manter aproteção ocular <strong>de</strong> crianças por longo períododo dia, necessária pela ação do psoralênico,a PUVA terapia tem indicação restrita,principalmente em menores <strong>de</strong> 10 anos.UVB <strong>de</strong> banda estreita (311nm) - A fototerapiacom UVB <strong>de</strong> banda estreita é a melhoropção <strong>de</strong> fototerapia em crianças para tratamentoda psoríase.Crianças que se submeteram a tratamentocom fototerapia <strong>de</strong>vem ser sempre acompanhadaspelo <strong>de</strong>rmatologista principalmentequando realizaram mais <strong>de</strong> 300 sessões <strong>de</strong>UVB ou 150-200 sessões <strong>de</strong> PUVA.Fototerapia em combinação com outrostratamentosTratamentos combinados po<strong>de</strong>m ser utilizadosem casos <strong>de</strong> difícil manejo, como porexemplo, em formas eritrodérmicas, ou qua-Tabela 4 - Aumento <strong>de</strong> radiaçãoUVB <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong>eritemaGrau <strong>de</strong> eritemaAumento da dose0 (sem eritema) 20%1 (mínimo eritema) 10%2 (intenso eritema) Não aplicar3 (eritema e e<strong>de</strong>ma) Não aplicar4 (eritema, e<strong>de</strong>ma e bolhas). Não aplicarFonte: Zanolli MD, Felmam SR, Clark AR, FleicherJr AB. Phototherapy TreatmentProtocols. Eds. The Parthenon Publishing Group.1ª ed. New York , USA56 | Fotototerapia na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAdros que não respon<strong>de</strong>m bem à fototerapiaapenas. São associados medicamentos aotratamento fototerápico com o objetivo <strong>de</strong>aumentar a eficácia, diminuir o tempo <strong>de</strong> tratamentoe os efeitos colaterais das terapêuticasadotadas isoladamente. A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssacombinação é expor o paciente ao menortempo possível tanto à droga, quanto à radiaçãoultravioleta. Assim que inicia o controle da<strong>de</strong>rmatose, a dose da medicação é reduzidaprogressivamente, mantendo-se a fototerapiacomo manutenção. A combinação maispotente para o tratamento da psoríase é o Re-PUVA – Retinói<strong>de</strong>s sistêmicos (etretinato ouacitretin) com PUVA. A dose é <strong>de</strong> 0,5 a 1,0mg/kg/dia durante duas a três semanas.Associa-se PUVA até o clareamento daslesões, quando se inicia a redução da dose doretinói<strong>de</strong>. Essa combinação promove a regressãorápida da <strong>de</strong>rmatose, e segundo algunsautores diminui o potencial carcinogênico doPUVA. Outras combinações po<strong>de</strong>m ser utilizadascomo a fototerapia associada ao metotrexato,ou a ciclosporina. Algumas <strong>de</strong>svantagens<strong>de</strong>sses métodos seriam o sinergismo emrelação à imunossupressão, risco <strong>de</strong> indução<strong>de</strong> câncer cutâneo e a fotossensibilida<strong>de</strong>.As combinações <strong>de</strong> medicamentos tópicoscom PUVA auxiliam na diminuição dotempo total <strong>de</strong> tratamento. Po<strong>de</strong>m ser utilizadosantralina, <strong>de</strong>rivados do coaltar, <strong>de</strong>rivadosda vitamina D (calcipotriol, calcitriol), retinói<strong>de</strong>se corticoesterói<strong>de</strong>s. O uso <strong>de</strong> radiaçãoUVB associado aos corticosterói<strong>de</strong>s tópicosmostra diminuição do tempo <strong>de</strong> remissão dadoença.Po<strong>de</strong>-se também associar ceratolíticosem áreas com hiperceratose, como porexemplo, região palmo-plantar, com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> melhorar a penetração da luz.A radiação UVB associada ao coaltarrepresenta o método <strong>de</strong> Goeckerman, jáconhecido, assim como o método <strong>de</strong> Ingramque associa UVB com antralina.UVB “narrow-band” po<strong>de</strong> ser associado aoutras terapias sistêmicas como retinói<strong>de</strong>s,antralina e calcipotriol. Associado aos retinói<strong>de</strong>ssistêmicos, po<strong>de</strong> reduzir o potencial carcinogênicodo UVB por diminuir a dose totalfinal <strong>de</strong> UV. Associação Ditranol e fototerapiatambém é <strong>de</strong>scrita para tratamento da psoríase,obtendo-se período maior <strong>de</strong> remissão dadoença. Coaltar associado à fototerapia éconhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Goerckerman, mas quandocomparado a monoterapia não parece ser tãomais efetivo. A eficácia do tratamento com ouso <strong>de</strong> corticói<strong>de</strong>s tópicos com UVB parecenão ser diferente quando se usa um emolientecom UVB. Umectantes utilizados antes daexposição ao UVB po<strong>de</strong>m diminuir a quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> luz que penetra na pele, prejudicandoa eficácia do tratamento.Exames Complementares e Contra-indicaçõesda FototerapiaSugere-se, para iniciar o tratamento comPUVA, solicitar alguns exames como TGO,TGP, Fosfatase alcalina, GamaGT, Uréia eCreatinina, FAN e Beta HCG, além <strong>de</strong> umaavaliação oftalmológica, para que se possafazer o tratamento com segurança.A fototerapia está contra-indicada nospacientes com: Xero<strong>de</strong>rma Pigmentoso Albinismo Dermatoses fotossensíveis, comoLupus Eritematoso. Pênfigo e Penfigói<strong>de</strong> Bolhoso. Em pacientes com antece<strong>de</strong>ntes pessoaise/ou familiares <strong>de</strong> câncer da pele (melanomae não-melanoma). Deve-se também tercuidado naqueles que já realizaram tratamentosanteriores com imunossupressores, poisé sabido que, nestes casos, tais medicamentospotencializam os efeitos carcinogênicosda fototerapia. Uso prévio <strong>de</strong> arsênico ou exposição àradiação ionizante.Fotototerapia na Psoríase| 57


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA História prévia <strong>de</strong> intensa exposição solar Antece<strong>de</strong>ntes pessoais <strong>de</strong> catarata ouafaquia Alterações hepáticas ou renais. Pacientes com marca-passo. Esta contra-indicaçãoestá relacionada em vários artigos,mas não se tem uma explicação para tal. Em mulheres grávidas, o método PUVAestá contra-indicado <strong>de</strong>vido aos possíveisefeitos teratogênicos do psoralênico (CategoriaC).Em crianças, permite-se a utilização <strong>de</strong>PUVA somente em situações especiais.Efeitos ColateraisOs efeitos colaterais são divididos emagudos e crônicos. Os sintomas agudospo<strong>de</strong>m estar relacionados aos psoralênicosou à própria luz ultravioleta.Sintomas agudos:Sintomas gastrintestinais como náuseas(o que po<strong>de</strong> ser melhorado com a ingestão<strong>de</strong> alimentos antes da medicação), cefaléia,tontura, insônia e <strong>de</strong>pressão.Efeitos fototóxicos: eritema, onicólise,hemorragia subungueal.taquicardia, hipertricose e herpes simples.Sintomas crônicos Carcinogênese e fotoenvelhecimento Catarata Xerose Alterações do pigmento da pele, formação<strong>de</strong> lentigosDurante a exposição à UVA, a região genitale a face <strong>de</strong>vem ser protegidos. Emhomens já foi <strong>de</strong>scrito o aumento do risco <strong>de</strong>aparecimento do câncer da região genital. Aface, por ser uma área já foto-exposta, commaiores chances <strong>de</strong> dano solar <strong>de</strong>ve ser protegidaa menos que seja a área a ser tratada.Lentigos também são <strong>de</strong>scritos após tratamentocom PUVA, e geralmente o seu aparecimentoé observado após 6 a 15 meses doinício do tratamento.Os olhos <strong>de</strong>vem ser protegidos com óculos<strong>de</strong> proteção contra UV pelo risco dopaciente vir a apresentar catarata, sendo queo cuidado <strong>de</strong>ve se esten<strong>de</strong>r durante todo odia que foi feito a sessão. Cuidado com osremédios que os pacientes fazem uso previamente,para que não interfira na absorção dospsoralênicos, como ocorre com a fenitoinaque diminui a sua absorção, ou medicamentosque são sabidamente fotosensibilizantes.Fototerapia e câncer <strong>de</strong> peleNo início do século XX, assim como osraios UV se tornavam reconhecidos comouma forma terapêutica eficaz para algumasdoenças <strong>de</strong> pele, começaram a surgir relatosdos efeitos nocivos da luz solar, como <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante<strong>de</strong> algumas doenças como xero<strong>de</strong>rmapigmentoso, hidroa vaciniforme, prurigoestival e alguns tipos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele.Paul German Unna foi o primeiro <strong>de</strong>rmatologistaque associou a exposição solar prolongadacom aparecimento <strong>de</strong> lesões na peleem marinheiros.Tanto o tratamento com PUVA como como UVB são consi<strong>de</strong>rados carcinogênicos,pois ambos agem no DNA celular po<strong>de</strong>ndoprovocar mutações na pele.Vários estudos <strong>de</strong>monstram a indução <strong>de</strong>carcinoma espinocelular pela fototerapia.Entretanto não se <strong>de</strong>ve esquecer a maior predisposiçãoem pacientes submetidos aoutros tratamentos imunossupressores comometotrexato, ciclosporina. Nestes casos,torna-se difícil <strong>de</strong> quantificar a influência dafototerapia na indução <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele.Alguns trabalhos <strong>de</strong>monstram que aPUVA é mais carcinogênica que o UVB. Ofato da PUVAterapia ser carcinogênica estárelacionada à UVA que po<strong>de</strong> produzir por sisó mutações nas células, mas também dospsoralênicos utilizados, que também po<strong>de</strong>riamapresentar esses efeitos.58 | Fotototerapia na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAO risco relativo <strong>de</strong> carcinoma espinocelularna pele se eleva em pacientes expostos aaltas dosagens <strong>de</strong> UV, <strong>de</strong>finido como pelomenos 200 sessões ou 2000J/cm2 <strong>de</strong> PUVAou 300 sessões <strong>de</strong> UVB, e esse risco continuaelevado mesmo na década após a <strong>de</strong>scontinuaçãodo tratamento. Ao contrário, orisco <strong>de</strong> CBC não se eleva.Em trabalho publicado em 1990, a incidência<strong>de</strong> carcinoma espinocelular <strong>de</strong> pênis eescroto foi 286 vezes mais alta do que oesperado na população geral, naquelespacientes que fizeram tratamento com PUVA.Ciclosporina e Metotrexato apresentamproprieda<strong>de</strong>s imunomoduladora e po<strong>de</strong>maumentar a ocorrência <strong>de</strong> lesões malignas<strong>de</strong>correntes do UVB e PUVA. A associação<strong>de</strong> ciclosporina e PUVA po<strong>de</strong> aumentar orisco <strong>de</strong> carcinoma espinocelular. Mas, aassociação UVB e ciclosporina não foi aindabem avaliada, assim como a associaçãometotrexate UVB e PUVA. Ambas as associaçõesPUVA acitretina e UVB acitretina trazembons resultados e essa associação po<strong>de</strong>ainda reduzir o risco <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>s induzidaspela fototerapia.A queimadura solar é causada pelo UVB eeste é absorvido pelo DNA celular que causadanos nos cromossomos e por isso é consi<strong>de</strong>radoo maior fator para o aparecimento domelanoma.O papel da UVA na patogênese do melanomaé controverso. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzirdanos no DNA celular pela UVA estásendo cada vez mais <strong>de</strong>monstrado, através<strong>de</strong> observações in vitro, <strong>de</strong> reações fotossensíveisque resultam na formação <strong>de</strong> substânciasoxidantes, o que levaria a mutações atéa formação do câncer, ou da <strong>de</strong>monstraçãoem laboratório <strong>de</strong> imunossupressão noshomens e animais.O risco <strong>de</strong> melanoma em pacientes quefazem UVB parece ser 2,5 a 7,5% mais alto doque a população em geral, e pacientes quefizeram PUVA parece apresentar um risco 5vezes maior em apresentar melanoma.A indução <strong>de</strong> melanoma maligno pela fototerapiaestá relatada. A opção por tratamentosmais agressivos, com mais <strong>de</strong> três sessõespor semana, favorece a presença <strong>de</strong> melanomamaligno em pacientes predispostos, principalmentenaqueles submetidos a mais <strong>de</strong> 250sessões <strong>de</strong> fototerapia. Nos casos <strong>de</strong> tratamentoprolongado recomenda-se exame <strong>de</strong>rmatológicoperiódico nos pacientes. Deve-setambém educar os pacientes para que realizemauto-exame regularmente.Estes efeitos não <strong>de</strong>vem influenciar naescolha da fototerapia para o tratamento <strong>de</strong>várias <strong>de</strong>rmatoses com indicação precisa.Na verda<strong>de</strong>, não há nenhum estudo<strong>de</strong>monstrando a indução <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> pele,tanto melanoma quanto não melanoma relacionadosa outros tratamentos imunossupressores.Por este ponto <strong>de</strong> vista, a fototerapiaé um tratamento até mais seguro doque outras terapêuticas, pois nenhuma outrajá foi tão estudada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. M R, Ostheimer KG. The evolution of current medical and popular attitu<strong>de</strong>s toward ultravioletlight exposure. J Am Acad Dermatol. 2002; 47(Pt1):930-7.2. Barbagallo J Abel EA. Phototherapy: UVB and PUVA. Cutis. 1999; 64: 339-42.3. Albert, Spann CT, Tutrone WD, Weinberg JM. Narrowband UVB phototherapy for the treatmentof psoriasis: a review and update. Cutis. 2001; 68(5):345-7.4. Brazzelli V; Prestinari F; Castello M; Bellani E; Roveda E; Barbagallo T; Borroni G. Useful treatmentof vitiligo in 10 children with UV-B narrowband (311 nm). Pediatr Dermatol;22(3):257-Fotototerapia na Psoríase | 59


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CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO7Metotrexato na PsoríaseSilvio Alencar Marques 1Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Botucatu – UNESP1 Professor Livre Docente - Departamento <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Radioterapia - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Botucatu-Unesp.Especialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Metotrexate na Psoríase| 61


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAIntroduçãoMetotrexato (4-amino-N 10 metil ácido pteroglutamico)(MTX) é potente inibidor da enzimadihidrofolato redutase, a qual é estruturalmentesimilar ao ácido fólico. O ácido fólicoestá envolvido na transferência <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong>Carbono necessários à síntese da purina etimidina e é, conseqüentemente, essencial àsíntese <strong>de</strong> ácido nucléico. O metotrexatoliga-se competitiva e irreversivelmente à dihidrofolatoredutase, com maior afinida<strong>de</strong> queo ácido fólico. Esta ligação previne a conversãodo dihidrofolato para tetrahidrofolato, oqual é co-fator necessário à transferência <strong>de</strong>átomos <strong>de</strong> carbono, essenciais à síntese dosnucleotí<strong>de</strong>os purina e timidina, necessários àsíntese do DNA e RNA. 1Conseqüentementeo metotrexato atua na inibição da divisãocelular na fase S (síntese do DNA). A inibiçãoda dihidrofolato redutase pelo metotrexatopo<strong>de</strong> ser contornada pelo ácido folinico, oqual do ponto <strong>de</strong> vista prático funciona comoantídoto às eventuais manifestações tóxicashematológicas agudas induzida pelo metotrexato.2Ação na PsoríaseGubner, 1951, publicou as primeirasobservações so<strong>br</strong>e a ação da aminopterina,inibidor do ácido fólico e antecessor do metotrexato,como eficaz no tratamento da psoríase.3 Tais observações foram referendadas porRyan (1964), com dados so<strong>br</strong>e a ação terapêuticaespecífica do metotrexato na psoríasegrave. 4 A aprovação pelo FDA do metotrexatopara tratamento da psoríase ocorreu nadécada <strong>de</strong> 1970. 5O mecanismo <strong>de</strong> ação doMTX na psoríase foi inicialmente pensado<strong>de</strong>correr da supressão da hiperproliferação<strong>de</strong> queratinócitos. Porém, Jeffes e cols,<strong>de</strong>monstraram que o efeito do MTX, in vitro,na célula linfói<strong>de</strong> é 1000 vezes maior que oefeito do MTX so<strong>br</strong>e o queratinócito, sugerindoque, nas concentrações atingidas in vivo,o mesmo atua <strong>de</strong> forma mais significativacomo agente imunossupressor, por inibiçãoda síntese <strong>de</strong> DNA em células imunocompetentes,que como agente antiproliferativo. 6Metotrexato na Psoríase. Indicações.O metotrexato é disponível em comprimidos<strong>de</strong> 2,5 mg e em solução injetável <strong>de</strong> 2ml(50mg <strong>de</strong> MTX) e <strong>de</strong> 20 ml (500mg <strong>de</strong> MTX).Os benefícios e riscos da terapêutica com ometotrexato <strong>de</strong>vem ser cuidadosamente consi<strong>de</strong>radosantes da início da mesma. Em princípioo metotrexato está indicado na: psoríaseeritrodérmica; psoríase atropática mo<strong>de</strong>radaa grave; psoríase pustulosa aguda do tipogeneralizado ou localizado; psoríase em placasgrave ou incapacitante e naqueles casoscom má resposta à fototerapia e, ou tratamentocom retinói<strong>de</strong>s. 2 A seleção <strong>de</strong> pacientesao uso do MTX <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>raçãoos critérios <strong>de</strong> contra-indicação absolutae relativa.Contra-indicação absoluta: gravi<strong>de</strong>z e a lactação,cirrose hepática, infecção hepáticaativa, insuficiência hepática. 2,8Contra-indicação relativa: incapacida<strong>de</strong> dopaciente em enten<strong>de</strong>r ou seguir as orientaçõesrelativas ao medicamento; função renalalterada; consumo abusivo <strong>de</strong> álcool; doençasmetabólicas associadas, como diabetese obesida<strong>de</strong>; doença hepática, caracterizadapor enzimas hepáticas alteradas, testes <strong>de</strong>função hepática alterada, história <strong>de</strong> doençahepática; alterações hematológicas; homense mulheres com previsão <strong>de</strong> concepção;doença infecciosa ativa ou história <strong>de</strong> doençacom potencial <strong>de</strong> recidiva (tuberculose comoexemplo), imuno<strong>de</strong>ficiências primárias ouadquiridas e pacientes acima <strong>de</strong> 65 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>. 2,8 As contra-indicações relativas <strong>de</strong>vemser pensadas no contexto risco-benefício ediscutidas claramente com o paciente. Opotencial terapêutico do MTX <strong>de</strong>ve levar emconta que 75-80% dos pacientes <strong>de</strong>verão62 |Metotrexate na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIArespon<strong>de</strong>r parcialmente em uma a quatrosemanas e mais acentuadamente após doise três meses. 1Metotrexato. Efeitos Adversos.Os efeitos adversos principais, em curtoprazo, <strong>de</strong>correntes do uso do metotrexatosão os efeitos hematológicos, particularmentea pancitopenia. 1 Esta é passível <strong>de</strong> ocorrernas primeiras semanas <strong>de</strong> uso ou a qualquertempo da terapêutica e sob risco aumentadonos casos <strong>de</strong> terapêutica <strong>de</strong> pacientes idosos;quando <strong>de</strong> interação medicamentosa,especialmente com a associação sulfametoxazol-trimetoprima,dapsona e com anti-inflamatóriosnão hormonais, entre outras; ausência<strong>de</strong> suplementação <strong>de</strong> folatos; dose excessivado MTX e níveis <strong>de</strong> albumina plasmáticaabaixo <strong>de</strong> 3g/dl, pois permite maior nível <strong>de</strong>droga livre, não combinada. 1Leucopeniaabaixo <strong>de</strong> 3500 células/mm 3 , e plaquetopeniaabaixo <strong>de</strong> 100.000/ mm 3 , são indicativos <strong>de</strong>suspensão transitória da droga. Consi<strong>de</strong>rarque o ácido folínico (Leucovorin cálcico ® -frasco-ampola <strong>de</strong> 50, 100 e 200mg) é antídotoà super dosagem, absoluta ou relativa, doMetotrexato, mas <strong>de</strong>ve ser utilizado (10mg/m 2 <strong>de</strong> superfície corporal), o mais precocementepossível, <strong>de</strong>ntro das primeiras 24horas da administração do MTX. 2Os efeitos adversos hepáticos são principalmenteaqueles <strong>de</strong>correntes do longotempo <strong>de</strong> uso da droga e facilitados por agravoshepáticos concomitantes, especialmenteo consumo abusivo do álcool e terapêuticacombinada com <strong>de</strong>rivados retinói<strong>de</strong>s. 2Intolerância gastro-intestinal ao MTX, caracterizadapor náuseas, vômitos, diarréia e anorexiasão possíveis. Estas manifestações e ashematológicas associadas à <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>folatos (anemia megaloblástica) po<strong>de</strong>m sercombatidas com a administração <strong>de</strong> ácidofólico na dose <strong>de</strong> 1 a 5mg/dia aos pacientescom aquelas manifestações. Estas conclusõessão o produto <strong>de</strong> revisão sistemáticaconduzida por Ortiz e cols, 7 que estudaram opotencial do ácido fólico e do ácido folínicoem reduzirem os efeitos adversos do MTX embaixa dosagem (< 20mg/semana) em pacientescom artrite reumatói<strong>de</strong> concluindopelo efeito protetor da suplementação <strong>de</strong>folatos (ácido fólico semelhante ao ácido folínico),na redução em 79% dos efeitos gastrintestinaise orais <strong>de</strong>correntes do uso do MTX.Toxicida<strong>de</strong> pulmonar, <strong>de</strong> padrão pneumoniteaguda, po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> forma idiossincrásica.É porém rara (menos <strong>de</strong> 5% dospacientes), e possível <strong>de</strong> ocorrer mesmo sobbaixa dose do MTX. 1 Não tão raro é a toxicida<strong>de</strong>pulmonar insidiosa que se manifestapor fi<strong>br</strong>ose pulmonar ao RX portanto, a investigaçãoradiológica pulmonar <strong>de</strong>ve ser realizadaquando <strong>de</strong> queixa sugestiva <strong>de</strong> pneumonite.1Avaliação Laboratorial:Além da historia e exame clínico, orientadosàs contra-indicações e riscos acimaapontados, o candidato à terapêutica comMTX <strong>de</strong>ve submeter-se à avaliação laboratorialseguinte, pré-terapêutica: hemogramacompleto, incluindo contagem <strong>de</strong> plaquetas;uréia e creatinina, urina I e nos idosos, o clearence<strong>de</strong> creatinina; enzimas hepáticas, TGO(alanina amino-transferase), TGP (aspartatoamino-transferase), fosfatase alcalina, proteínastotais e frações, sorologia para hepatiteA, B e C e sorologia anti-HIV nos pacientescom histórico ou comportamento <strong>de</strong> risco àinfecção pelo HIV. 2Em conseqüência às consi<strong>de</strong>raçõesacima, há que se acompanhar laboratorialmente,durante todo o período <strong>de</strong> tratamento,os pacientes sob terapêutica com MTX. Ohemograma completo <strong>de</strong>ve ser realizadosemanalmente nas primeiras duas semanas,a cada duas semanas até completar um mês<strong>de</strong> tratamento e mensalmente a seguir. 2AMetotrexate na Psoríase| 63


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAavaliação hepática <strong>de</strong>ve ser realizada a cadaum ou dois meses, com dosagem das enzimashepáticas e dos níveis <strong>de</strong> albumina. 2A função renal <strong>de</strong>ve avaliada a cada trêsou quatro meses, através da dosagem dauréia e creatinina. 2 Acompanhamento laboratorialmais freqüente <strong>de</strong>ve ser programadoquando <strong>de</strong> aumento da dose prescrita <strong>de</strong>MTX, quando <strong>de</strong> associações terapêuticasou quando <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s associadas. 2Aavaliação <strong>de</strong> enzimas hepáticas <strong>de</strong>ve ser programadapara cinco a sete dias após a tomadado MTX, pois é possível alteração transitóriaenzimática nos dois dias seguintes àingestão da droga.Biópsia hepática:Pré-tratamento, a biópsia hepática <strong>de</strong>veser consi<strong>de</strong>rada em certas circunstâncias emque o MTX é a proposta terapêutica indicadae há: história <strong>de</strong> ou atual abuso no consumo<strong>de</strong> álcool; enzimas hepáticas persistentementealteradas e história <strong>de</strong> doença hepática,por exemplo, hepatite crônica ativa por vírusB ou C e história familiar <strong>de</strong> doença hepáticahereditária. 2Durante o tratamento a biópsia hepáticaestá indicada nos pacientes com examesenzimáticos alterados <strong>de</strong>tectados em número<strong>de</strong> cinco a seis vezes no espaço <strong>de</strong> um ano<strong>de</strong> tratamento. 2Nos pacientes que mantiveram-secom exames normais durante o tratamento,a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> realizar a biópsia <strong>de</strong>veser tomada em bases individuais, <strong>de</strong>vendoser programada após dose acumulada entre1,0-1,5 g. 2 Caso a biópsia não revele alteraçõessignificativas, a mesma <strong>de</strong>ve ser repetidaapós dose acumulada <strong>de</strong> 3,0 g e 4,0g eem seqüência a cada 1,0 g a mais <strong>de</strong> doseacumulada. 2 As alterações histológicas hepáticasrelacionadas à terapêutica com metotrexato<strong>de</strong>vem ser interpretadas por patologistacom experiência no campo. As recomendaçõespor continuida<strong>de</strong> ou não do tratamentocom o MTX <strong>de</strong>vem levar em consi<strong>de</strong>ração ainterpretação dos achados e classificaçãoseguinte: 1Grau I – tecido hepático normal, ou infiltraçãogordurosa leve e inflamação do espaçoporta leve.Grau II – infiltração gordurosa mo<strong>de</strong>rada agrave; inflamação do espaço porta mo<strong>de</strong>radoa grave.Grau IIIA – presença <strong>de</strong> fi<strong>br</strong>ose leveGrau IIIB – presença <strong>de</strong> fi<strong>br</strong>ose mo<strong>de</strong>radaa graveGrau IV – presença <strong>de</strong> cirrose hepática.A <strong>de</strong>cisão clínica em resposta aos achadosacima <strong>de</strong>ve se pautar pela seguinte recomendação:21 – pacientes com alterações <strong>de</strong>tectadas, <strong>de</strong>Grau I ou II, po<strong>de</strong>m continuar a receber o MTX.2 – pacientes com alterações <strong>de</strong> Grau IIIApo<strong>de</strong>m continuar a receber o MTX, mas<strong>de</strong>vem repetir a biópsia hepática após seismeses. Porém, terapêutica alternativa <strong>de</strong>veser levada em consi<strong>de</strong>ração.3 – pacientes com alterações <strong>de</strong>tectadas<strong>de</strong> Grau IIIB e Grau IV <strong>de</strong>vem interromper aterapêutica com MTX e ser acompanhadoscom controles periódicos e especializados.Esquema TerapêuticoO metotrexato po<strong>de</strong> ser disponibilizadosob a forma <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong> 2,5 mg ousob a forma <strong>de</strong> solução injetável <strong>de</strong> 2ml contendo50 mg da droga, para uso intramuscularou endovenoso. A tomada da medicaçãopo<strong>de</strong> ser prescrita para uma única dosesemanal ou a subdivisão da dose em trêstomadas com intervalo <strong>de</strong> 12 horas. Em funçãoda maior toxicida<strong>de</strong>, a dose não <strong>de</strong>ve sersubdividida em tomadas diárias. 2Os esquemasterapêuticos <strong>de</strong>vem ser ajustados acada paciente individual e especial atenção<strong>de</strong>ve ser dada a pacientes idosos e pacientescom terapêuticas concomitantes, <strong>de</strong>vido àsinterações medicamentosas possíveis.64 |Metotrexate na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIADerivados sulfamídicos não <strong>de</strong>vem ser utilizadosem concomitância ao tratamento commetotrexato.A dose inicial <strong>de</strong>ve se situar entre 5,0 a10,0 mg/semana e a dose subseqüente apenasprescrita após análise do hemograma aser realizado após cinco dias da prescriçãoinicial. A dose semanal po<strong>de</strong> ser incrementadaem 2,5 a 5,0 mg a cada semana, semprecom o controle com hemograma. 1A dosetotal semanal necessária raramente <strong>de</strong>veexce<strong>de</strong>r 30mg. Quando a eficácia terapêuticafor obtida <strong>de</strong>ve-se iniciar a redução da doseaté se atingir o equilí<strong>br</strong>io entre a menor dosepossível e o efeito terapêutico <strong>de</strong>sejável. Tratamentostópicos concomitantes são <strong>de</strong>sejáveis,pois po<strong>de</strong>m auxiliar na obtenção <strong>de</strong>resultados terapêuticos mais precoces. Ometotrexato po<strong>de</strong> ser ainda combinado comfototerapia tipo PUVA ou UVB. A combinaçãoterapêutica com acitretina po<strong>de</strong> proporcionarresultados terapêuticos mais rapidamente,porém há sinergismos no potencial hepatotóxicoexercido por cada droga individualmente,portanto <strong>de</strong>vam ser utilizadas por curtoperíodo e com maior vigilância so<strong>br</strong>e as enzimashepáticas. 2Interações Medicamentosas 1O paciente <strong>de</strong>ve ser orientado a informaraos <strong>de</strong>mais médicos que está sob terapêuticacom metotrexato. Vigilância periódica<strong>de</strong>ve ser exercida so<strong>br</strong>e este item.1 – Drogas que aumentam o nível plasmáticodo metotrexato:Salicilatos – diminuem a excreção renaldo MTX. Aumentam a fração livre da droga.AINH - diminuem a excreção renal doMTX. Aumentam a fração livre da droga.Sulfonamidas – diminuem a excreçãorenal do MTX. Aumentam a fração livre.Dipiridamol – aumentam o acúmulo intracelulardo MTX.Probenici<strong>de</strong> – diminuem a excreção renalMetotrexatoEficáciaReduz PASI em75 em 60% dosCasos.Reduz Gravida<strong>de</strong> em 50% em peloMenos 75% dos casos.Dose: Oral ou IMSemanal. Entre 7,5 – 30mg/Semana.Crianças: 0,2 a 0,4 mg/Kg/Semana.Efeitos AdversosTeratogenicida<strong>de</strong>MielossupressãoHepatotoxicida<strong>de</strong>:Aguda – IncomumCrônica – PrevisívelFi<strong>br</strong>ose PulmonarAlterações GIInfecçõesMalignida<strong>de</strong>s-Linfoma.Contra-indicações- Absolutas: Gravi<strong>de</strong>z, Lactação. CirroseHepática.Infecção Hepática Ativa. InsuficiênciaHepática e Renal-Relativas:Alterações Hematológicas, Imuno<strong>de</strong>ficiências,Alcoolismo. Drogas Hepatotóxicas Concomitantes,Diabetes Mellitus, Obesida<strong>de</strong> e Idosos.Características- Dose Oral Semanal ou Injetável (IM) Semanal.-Controle Laboratorial Periódico.- Consi<strong>de</strong>rar Biópsia Hepática.- Interação Medicamentosa.- Consi<strong>de</strong>rar uso do acido fólico 1,0 a 5,0 mg/dia.do MTX. Aumenta o acúmulo intracelular.Cloranfenicol, Fenotiazinas, Fenitoina,Tetraciclinas – Aumentam a fração livre doMTX por diminuição da ligação do mesmocom proteínas transportadoras.2 – Drogas que simultaneamente inibemMetotrexate na Psoríase | 65


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAa síntese <strong>de</strong> folatos, aumentando a toxicida<strong>de</strong>hematológica:Trimetoprima – inibição da dihidrofolatoredutaseSulfonamídicos – inibição da dihidropteoratosintetaseDapsona - inibição da dihidropteorato sintetase3 – Drogas que tem o mesmo órgão alvo,po<strong>de</strong>ndo ampliar sinergicamente a hepatotoxicida<strong>de</strong>.Retinói<strong>de</strong>s sistêmicos – órgão alvocomum – fígado.Álcool - órgão alvo comum - figado REFERENCIAS1. Callen JP, Kulp-Shorten CL, Wolverton SE. Metotrexate. In Wolverton SE editor.Comprehensive Dermatologic Drug Therapy. Phila<strong>de</strong>lphia. W B Saun<strong>de</strong>rs Company; 2001.p. 147-164.2. Roenigk HH, Auerbach R, Maibach H, Weinstein G, Lebwohl M. Metotrexate in psoriasis:consensus conference. J Am Acad Dermatol 1998; 38: 478-85.3. Gubner R, August S, Ginsberg V. Therapeutic suppression of tissue reactivity: effect of aminopterinin rheumatoid arthritis and psoriasis. Am J Med Sci 1951; 221: 176-82.4. Ryan TJ, Vickers HR, Salem SN, Callen<strong>de</strong>r ST, Ba<strong>de</strong>noch J. The treatment of psoriasis withacid folic antagonists. Br J Dermatol 1964; 76: 555-64.5. Weinstein GD. Methotrexate. Ann Intern Med 1977; 86: 199-204.Jeffes EWB III, McCullough JL, Pittelkow MR et al. Methotrexate therapy of psoriasis.Diferential sensitivity of proliferating lymphoid and epithelial cells to the cytotoxic and growthinhibitoryeffects of methotrexate. J Invest Dermatol 1995; 104: 183-188.6. Ortiz Z, Moher D, Shea BJ, Suarez-Almazor ME, Tugwell P, Wells G. Folic acid and folinic acidfor reducing si<strong>de</strong> effects in patients receiving methotrexate for rheumatoid arthritis(Cochrane review). In: The Cochrane Li<strong>br</strong>ary, Issue 1, 2006. Oxford: Update software.7. Marques, SA – Opiniões pessoais.66 | Metotrexate na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO8Acitretina na PsoríaseGladys Aires Martins 11 mestre em <strong>de</strong>rmatologia pela UFMG,professora voluntária da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da UnB,coor<strong>de</strong>nadora do ambulatório <strong>de</strong> psoríase do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília - UnBEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Acitretina na Psoríase| 67


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAAcitretina (Neotigason ® ) é retinói<strong>de</strong> sintético<strong>de</strong> segunda geração, monoaromático, quesubstituiu o etretinato (Tigason ® ) no tratamentoda psoríase. Tem ação também em distúrbiosda queratinização, em certas <strong>de</strong>rmatoses(líquen plano, lúpus eritematoso, líquennítido, líquen escleroatrófico, líquen amilói<strong>de</strong>,pustulose subcórnea, hiperplasia angiolinfói<strong>de</strong>com eosinofilia, foliculite eosinofílica), emlinfomas cutâneos e na quimioprevenção etratamento <strong>de</strong> câncer cutâneo em geno<strong>de</strong>rmatoses(xero<strong>de</strong>rma pigmentoso, síndromedo nevo basocelular, epi<strong>de</strong>rmodisplasia verruciforme)e nos induzidos por PUVA e ciclosporina.1,2,3,4Sabe-se que os retinói<strong>de</strong>s se ligam areceptores nucleares alterando a expressão<strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gens, mas ainda nãoestá totalmente esclarecido o mecanismo <strong>de</strong>ação da acitretina na psoríase, admitindo-seque tenha efeitos imunomoduladores e antiinflamatórios,além <strong>de</strong> agir so<strong>br</strong>e o crescimentoe a diferenciação celular epidérmica. 2,3,4Enquanto na epi<strong>de</strong>rme ela reduz a proliferação<strong>de</strong> queratinócitos e estimula a diferenciaçãocelular. Na <strong>de</strong>rme inibe a migração <strong>de</strong>neutrófilos para a epi<strong>de</strong>rme e reduz os linfócitosT CD25 na lesão em 50 a 65%, interferindonas ações induzidas por diferentes citocinas.4No entanto, em contraste com outrasmedicações antipsoriásicas, não é citotóxicanem imunossupressora.O etretinato é pró-droga da acitretina, queé seu metabólito ativo, apresentando-se soba forma isomérica com metabólitos trans e cisinterconversíveis, sendo ambos teratogênicos.1,2 Embora tenha melhor perfil farmacocinético(pouca lipofilia e meia-vida <strong>de</strong> dois aquatro dias), pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acitretinapo<strong>de</strong>m ser convertidas a etretinato,que é 50 vezes mais lipofilico e tem meia-vida<strong>de</strong> eliminação mais lenta (<strong>de</strong> 80 a 175 dias). 1,2A conversão é aumentada pelo consumo <strong>de</strong>álcool. Portanto, as advertências válidas parao etretinato também se aplicam à acitretina,que é formalmente contra-indicada na gestação(categoria X), sendo, em mulheres férteis,a contracepção o<strong>br</strong>igatória por período adicional<strong>de</strong> três anos após a alta. A ingestão <strong>de</strong>álcool também <strong>de</strong>ve ser proibida durante otratamento e por mais dois meses, acreditando-seque, na ausência do etanol, a acitretinaseria totalmente eliminada ao final <strong>de</strong> doismeses. 6,7 Deve-se ressaltar que existem xaropes,alguns medicamentos e temperos alimentaresque eventualmente contêm etanol.Após administração oral, há variaçõesindividuais em sua absorção (<strong>de</strong> 36 a 95%). 2A biodisponibilida<strong>de</strong> é significativamente melhoradacom a ingestão <strong>de</strong> alimentos. Devidoa seu alto grau <strong>de</strong> ligação protéica, penetrarapidamente nos tecidos corpóreos, atravessandoa barreira placentária e sendo excretadapelo leite matemo. 1,2,3 A acitretina é metabolizadapor isomerização para o isômero 13-cis (cisacitretina) por glicuronidação e porrotura da ca<strong>de</strong>ia lateral. 1,2 A eliminação dá-sepelas vias hepática e renal, <strong>de</strong>vendo a substânciaser usada com cautela em portadores<strong>de</strong> insuficiência renal.Interações medicamentosasEmbora a acitretina tenha poucas interaçõesmedicamentosas, há relato <strong>de</strong> possívelinteração com contraceptivo oral em microdosagem<strong>de</strong> progesterona, sendo esse tipo<strong>de</strong> pílula contra-indicado durante o tratamentocom acitretina. 1,2Recomenda-se quepacientes em uso <strong>de</strong> fenitoína tenham suasdoses ajustadas, uma vez que a acitretinadiminui a ligação da fenitoína às proteínasplasmáticas e há relatos <strong>de</strong> diminuição daefetivida<strong>de</strong> da acitretina durante tratamentocom carbamazepina e primidona. 2,3,7,8Tambémsugere-se que a acitretina aumente asensibilida<strong>de</strong> à insulina endógena, motivopelo qual os pacientes diabéticos <strong>de</strong>vem tercontrole rígido da glicemia. Como acontece68 | Acitretina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAcom a isotretinoína, vitamina A e ciclinaspotencializam o risco <strong>de</strong> hipertensão intracranianae estão proibidas durante o tratamentocom acitretina.ApresentaçãoNo Brasil, a acitretina está disponível emcápsulas <strong>de</strong> 10 e 25mg (Neotigason ® ). Estáincluída na lista <strong>de</strong> medicamentos <strong>de</strong> altocusto do Ministério da Saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo serdisponibilizada a pacientes carentes matriculadosnas secretarias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos diferentesestados.Indicação e regimes <strong>de</strong> dosesEm psoríase, a acitretina está indicadanas formas pustulosa, eritrodérmica, palmoplantare em placa com envolvimento <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> 20% da superfície corporal. Na artrite psoriásica,parece ser menos efetiva do que oMTX e a ciclosporina mas não existem estudoscontrolados para essa indicação. 2Nainfância, tem indicação nos casos graves nãoresponsivos a tratamento tópico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> queseja monitorizado o potencial <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>óssea, que é mais <strong>de</strong>tectada em terapias <strong>de</strong>longa duração. 1,2,3,4 As formas pustulosa e eritrodérmicasão as que melhor respon<strong>de</strong>m àacitretina em monoterapia. Nas formas emplaca, a resposta po<strong>de</strong> ser melhorada combinando-seo retinói<strong>de</strong> a calcipotriol, calcitriolou fototerapia (re-UVB, re-Puva). 2,3,9,10 Geiger eCzametzki realizaram metanálise <strong>de</strong> 12 estudose encontraram resultados <strong>de</strong> bons aexcelentes (remissão total ou 80% ou mais <strong>de</strong>melhora) em 100% nas formas pustulosas,83% nas eritrodérmicas e 76,5% nas formasem placa. 21,27Na maioria das vezes, consegue-secontrolar as lesões com doses <strong>de</strong> 0,5a 0,6mg/kg/dia ou 25 a 30mg/dia, em tomadaúnica durante ou imediatamente após a refeiçãoprincipal do dia. Na evolução, a dose<strong>de</strong>ve ser reajustada <strong>de</strong> acordo com a respostae a tolerância, sendo <strong>de</strong> 75mg/dia a dosemáxima recomendada para adultos. Algunsestudos sugerem que a melhor estratégia <strong>de</strong>utilização dos retinói<strong>de</strong>s é o regime <strong>de</strong> baixadose inicial (10mg) seguida <strong>de</strong> aumento progressivoa cada duas a quatro semanas, atéatingir a dose máxima bem tolerada. 2 Os retinói<strong>de</strong>ssão os únicos medicamentos para osquais o ajuste das doses se faz em função datolerância clínica e não em função da eficácia.Com essa estratégia <strong>de</strong> doses baixas noinício, diminui-se a intensida<strong>de</strong> dos efeitoscolaterais mucocutâneos e obtém-se maiora<strong>de</strong>são do paciente ao tratamento, resultandoem 40% do <strong>de</strong>saparecimento das lesões e60% <strong>de</strong> melhora. Quando usada em combinaçãocom outros medicamentos, a doseprevista é menor (0,3 a 0,5mg/kg/dia) e, emcrianças, <strong>de</strong> 0,4 a 0,5mg/kg, sendo a dosemáxima recomendada <strong>de</strong> 35mg/dia.Uso combinado e rotacionalO uso combinado <strong>de</strong> acitretina com luzultravioleta (re-PUVA ou re-UVB) permitemaximizar o efeito e diminuir o potencial <strong>de</strong>efeitos colaterais agudos e toxicida<strong>de</strong> cumulativados dois tratamentos. 2,3,7,10 Estudos controladosmostram redução <strong>de</strong> até 42% nadose total <strong>de</strong> irradiação, o que significamenos carcinogênese. 29Está indicada empacientes com psoríase em placa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>radaa grave que não respon<strong>de</strong>ram a tratamentosisolados com UVB, PUVA, acitretina etambém naqueles não responsivos ou nosque <strong>de</strong>mandam uso limitado por efeitos colateraiscom MTX e ciclosporina. 10 Os protocolos<strong>de</strong> tratamento com re-PUVA e re-UVBrecomendam iniciar a terapia com retinói<strong>de</strong>duas semanas antes da primeira sessão <strong>de</strong>fototerapia (10mg/dia e 25mg/dia parapacientes com peso abaixo e acima <strong>de</strong> 70kg,respectivamente), para diminuir a espessurada camada córnea e da epi<strong>de</strong>rme, tornandoamais suscetível aos efeitos dos raios UV; nocaso <strong>de</strong> a acitretina ser adicionada após ini-Acitretina na Psoríase | 69


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAciada a fototerapia, <strong>de</strong>ve-se reduzir a dose <strong>de</strong>UV pela meta<strong>de</strong>. 9,10Em formas graves e recalcitrantes, a acitretinapo<strong>de</strong> ser utilizada em esquemaseqüencial com a ciclosporina, já que sãodrogas compatíveis, seus metabólitos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<strong>de</strong> isoenzimas hepáticas distintas, e seuperfil <strong>de</strong> efeitos colaterais é diferente, à exceção<strong>de</strong> maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elevação dosníveis <strong>de</strong> colesterol e triglicerí<strong>de</strong>os no soro. 3 Amonitorização, portanto, <strong>de</strong>ve ser mais cuidadosa.Na primeira fase, introduz-se a ciclosporina,que é medicação supressiva com rápidoinício <strong>de</strong> ação. Na segunda fase, começasea usar a acitretina e, lentamente, retira-se aciclosporina, ao mesmo tempo em que é ajustadaa dose <strong>de</strong> acitretina, chegando-se à terceirafase <strong>de</strong> manutenção apenas com a acitretina.Se, durante a fase <strong>de</strong> manutenção, aacitretina mostrar-se ineficaz para manter aslesões sob controle, PUVA ou UVB po<strong>de</strong>somar-se para reforçar seu efeito terapêutico. 3A associação com MTX é perigosa <strong>de</strong>vido aomaior potencial <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>. Nas terapiasrotativas em que se alternam fototerapia UVB,PUVA, MTX, ciclosporina e acitretina, esta última<strong>de</strong>verá ser instituída preferencialmente naseqüência final, uma vez que há estudos quesugerem o papel da acitretina na quimioprofilaxia<strong>de</strong> câncer cutâneo e tratamento <strong>de</strong>lesões induzidas por ciclosporina e PUVA. 11,12MonitorizaçãoNa avaliação pré-terapêutica, é mandatóriodosar enzimas hepáticas (AST, ALT, fosfatasealcalina, bilirrubinas, gama GT), colesteroltotal e trigliceri<strong>de</strong>os, além <strong>de</strong> glicose,uréia, creatinina, hemograma completo esumário <strong>de</strong> urina. 2Quando houver intenção<strong>de</strong> terapia a longo prazo, sugere-se avaliar oestado ósseo e, em crianças e adolescentes,ida<strong>de</strong> óssea e mensuração do crescimento,procedimentos que <strong>de</strong>verão ser repetidosanualmente, embora não exista consensoso<strong>br</strong>e quais exames seriam mais preditivos. 2,4A dosagem das enzimas hepáticas e do perfillipídico <strong>de</strong>ve ser repetida ao final <strong>de</strong> duassemanas <strong>de</strong> tratamento, nos três primeirosmeses mensalmente e, a seguir, a cada trêsmeses. Mulheres com potencial <strong>de</strong> engravidar<strong>de</strong>vem assinar termo <strong>de</strong> consentimento eser orientadas a usar método contraceptivopor até três anos após a alta. O<strong>br</strong>igatoriamente,<strong>de</strong>verão realizar teste <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z(ß-HCG) pré-tratamento e, a seguir, mensalmente.Tanto mulheres quanto homens emuso <strong>de</strong> acitretina não <strong>de</strong>vem doar sanguedurante o tratamento e por mais três anos.Efeitos colateraisEntre os efeitos colaterais, a teratogenicida<strong>de</strong>é o mais grave. A acitretina é drogaem<strong>br</strong>iotóxica e teratogênica (categoria X),sendo as principais malformações congênitasanomalias do SNC (hidrocefalia, microcefalia),malformações oculares (microcefalia), orelhaspequenas ou ausentes, dismorfia facial, fendapalatina, alterações ósseas com <strong>de</strong>feitos nosmem<strong>br</strong>os, anomalias cardiovasculares, <strong>de</strong>feitotímico, <strong>de</strong>ficiência do hormônio da paratireói<strong>de</strong>e retardo mental. 2,3,13Comparativamenteà isotretinoína, a acitretina causamenos <strong>de</strong>feitos cardíacos e mais alteraçõesno esqueleto acral. No homem, a acitretinanão altera a espermatogênese, Os efeitosmucocutâneos são os mais freqüentes, massão tratáveis, dose-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e reversíveiscom diminuição da dose ou suspensão dotratamento, Incluem: queilite (<strong>de</strong> 82 a 96%),boca seca, nariz seco, epistaxe, olhos secos,intolerância a lentes <strong>de</strong> contato, blefaro-conjuntivite,xerose, prurido, fotossensibilida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>scamação palmoplantar e <strong>de</strong> polpas digitais,<strong>de</strong>scamação cutânea, fragilida<strong>de</strong> cutânea,pele a<strong>de</strong>rente, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cicatrização,colonização da pele por S. aureus, unhasfrágeis, distrofia ungueal, granulomas piogêni-70 | Acitretina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAcos periungueais, alopecia, alteração da texturado cabelo, vaginite, uretrite e sangramentoretal. 2,4,7 Quando comparada à isotretinoína,causa mais <strong>de</strong>scamação palmoplantar, maisalterações ungueais, mais fragilida<strong>de</strong> cutâneae mais alopecia. 4 Estudos não randomizadossugerem que a suplementação <strong>de</strong> vitamina Ena dose <strong>de</strong> 800UI diária po<strong>de</strong> aliviar algunsdos efeitos mucocutâneos dos retinói<strong>de</strong>s.Outros efeitos relatados são: astenia, hipersudação,cefaléia, disestesias, artralgias, mialgias,vista borrada, cegueira noturna, otite. Atéhoje, apenas um caso <strong>de</strong> hipertensão intracranianafoi relatado em um paciente recebendoconcomitantemente ciclinas. 2,3,7Mais recentemente, têm surgido relatos <strong>de</strong>outros eventos adversos possivelmente relacionadosao uso da acitretina, tais como:neuropatia sensorial e polineuropatia sensomotora,aci<strong>de</strong>nte vascular trombótico, trombocitopeniae um caso <strong>de</strong> agranulocitose comalopecia total no couro cabeludo. 17-21As alterações laboratoriais mais importantessão elevação das enzimas hepáticas ASTe ALT (<strong>de</strong> cinco a 33%), hipertrigliceri<strong>de</strong>mia(<strong>de</strong> 14 a 66%) e hipercolesterolemia (<strong>de</strong> novea 33%). 2,4,13 Na maioria dos casos relatados,as alterações reverteram com diminuição dadose, combinada a alterações dietéticas outratamento com drogas hipolipemiantes. Nãose <strong>de</strong>ve permitir que os níveis <strong>de</strong> triglicerí<strong>de</strong>osultrapassem 800mg/dl pelo risco <strong>de</strong>pancreatite e xantomas eruptivos. 2,4 Já foram<strong>de</strong>scritos casos <strong>de</strong> hepatite por acitretina,mas hepatotoxicida<strong>de</strong> grave é rara. A terapiaa longo prazo não causou alterações histológicashepáticas significativas num grupo <strong>de</strong>pacientes pré-selecionados para potencialhepatotoxicida<strong>de</strong> e acompanhados prospectivamentepor três anos. 2 Portanto, a biópsiahepática não é preconizada para pacientestratados a longo prazo com acitretina, diferentementedo que ocorre com MTX.Os retinói<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m causar lesõesósseas semelhantes aos achados ósseos dahipervitaminose A: hiperostoses, calcificação<strong>de</strong> ligamentos, fechamento prematuro <strong>de</strong> epífisese possível osteoporose. Em criançasque necessitem <strong>de</strong> terapia a longo prazo(mais comum em distúrbios da queratinizaçãoe geno<strong>de</strong>rmatoses), recomenda-se que adose <strong>de</strong> manutenção seja a menor possível,como forma <strong>de</strong> prevenir toxicida<strong>de</strong> do esqueleto.2,4,7 Em adultos, a associação da osteoporoseao tratamento crônico com acitretina napsoríase não foi ainda completamente elucidada;os dados são conflitantes, e estudosprospectivos questionam resultados <strong>de</strong> estudosanteriores retrospectivos, nos quais osníveis <strong>de</strong> osteoporose <strong>de</strong>tectados po<strong>de</strong>m tersido causados pelo próprio processo <strong>de</strong>envelhecimento. 3,7 Devido a isso, nos pacientescom perspectiva <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> longaduração, <strong>de</strong>ve-se avaliar previamente o estadoósseo. 7Contra-indicaçõesSão contra-indicações absolutas ao usoda acitretina: gestação ou <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> engravidarnos próximos anos, insuficiência hepáticae renal graves e alergia ao parabeno contidonas cápsulas. Hiperlipi<strong>de</strong>mia, diabetes mellituse osteoporose são contra-indicações relativas.Em diabéticos, obesos, consumidores<strong>de</strong> álcool e naqueles com hiperlipi<strong>de</strong>miahereditária, a acitretina <strong>de</strong>ve ser usada comcautela <strong>de</strong>vido ao potencial aumentado <strong>de</strong>hepatotoxicida<strong>de</strong> e pancreatite.Mulheres em ida<strong>de</strong> fértil e necessitando<strong>de</strong> tratamento com retinói<strong>de</strong> sistêmicopo<strong>de</strong>m usar como alternativa a isotretinoína,<strong>de</strong> eliminação mais rápida, embora commenor ação na psoríase que na acne.Quando associada a calcipotriol, mostrou eficáciamo<strong>de</strong>rada na psoríase em placa; emdoses altas (um a 1,5mg/kg/dia) ou associadaà fototerapia, foi altamente eficaz em psoríasepustulosa. 2,10,13,14Acitretina na Psoríase | 71


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAEm resumo, excluída a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>gravi<strong>de</strong>z, com seleção do paciente apropriadae monitorização a<strong>de</strong>quada, a terapia comacitretina não costuma ser acompanhada <strong>de</strong>efeitos colaterais maiores, aumentando otempo <strong>de</strong> remissão em relação a MTX eciclosporina. 15,16Hiperlipi<strong>de</strong>mia e toxicida<strong>de</strong>hepática são controláveis com monitorização<strong>de</strong> exames e ajustes nas doses. Não sendoimunossupressora, reduz a ocorrência <strong>de</strong>cânceres cutâneos em pacientes que tenhamsido tratados previamente com terapias carcinogênicase, como a acitretina não está associadaà toxicida<strong>de</strong> cumulativa, toma-se excelenteopção para terapia <strong>de</strong> manutenção alongo prazo e para idosos. 13,14,15,16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Saurat I-H. Retinoids and psoriasis: Novel issues in retinoid pharmacology andimplications for psoriasis treatment J Am Acad Dermatol 1999; 41:S2-6.2. Berbis P. Acitrétine Ann Dermatol Venereol 2001; 128:737-453. Koo JYM. Current Consensus and Update on Psoriasis Therapy: A perspectivefrom the US. J Dermatol 1999; 723-33.4. Brecher AR, Orlow SJ. Oral retinoid therapy for <strong>de</strong>rmatologic conditions in childrenand adolescents. J Am Acad Dermatol 2003; 49:178-82.5. Gottlieb S, Hayes E, Gilleau<strong>de</strong>au P et al Cellular actions of etretinate in psoriasis:enhanced epi<strong>de</strong>rmal differentiation and reduced cell-mediated inflammation areunexpected outcomes J Cutan Pathol 1996;23(5):404-8.6. Larsen GF, Steinkjer B, Jakobsen P et al. Acitretin is converted to etretinate onlyduring concomitant alcoohol intake Br J DermatoI 2000;143(6):1164-9.7. Katz HI, Waalen J, Leach EE. Acitretin in psoriasis: An overview of adverse effectsJ Am Acad Dermatol 1999;41:S7-12.8. Geiger JM, Czarnetzki BM. Acitretin (Ro 10-1670, etretin): overall evaluation ofclinical studies Dermatologica 1988;176:182-90.9. Zanolli M. Phototherapy treatment of psoriasis today J Am Acad Dermatol2003:49:978-86.10. Lebwohl M, Drake L, Menter A et al. Consensus conference: Acitretin incombination with UVB or PUVA in the treatmnt of psoriasis J Am Acad Dermatol2001;45:544-53.11. Van <strong>de</strong> Kerkhof PCM, De Rooijnm MJM. Multiple squamous cell carcinoma in apsoriatic patient following high-dose photochemotherapy and cyclosporintreatment: response to long-term maintenance Br J Dermatol 1997; 136:275-8.72 | Acitretina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA12. Agnew KL, Bunker CB. Multiple squamous carcinoma in a psoriatic associated withciclosporin, alcohol abuse and ultraviolet radiation exposure which weresuppressed by acitretin JEADV 2003;17:113-4.13. Yamauchi PS, Rizk D, Kormeili T et al. Current systemic therapies for psoriasis:Where are we now? J Am Acad Dermatol 2003;49: S66-77.14. Kenneth GL, Weinstein GD. Psoriasis: Current Perspectives with an Emphasis onTreatment Am J Med 1999;107:595-605.15. AI-Suwaidan SN, Feldman SR. Clearance is not a realistic expectation of psoriasis2000;42:796-802.16. Koo J, Lebwohl M. Duration of remission of psoriasis therapies J Am AcadDermatol 1999;41:51-9.17. Tsambaos D, AKKIS t, Chroni E et al. Peripheral sensory neuropathy associatedwith short-term oral acitretin therapy. Skin Pharmacol Appl Skin Physiol.2003;16(1):46-9.18. Stollry NA. Sensorimotor polyneuropathy after a three-month oral acitretin therapy.Clin Neuropharmacol. 2002;25(6):310-2.19. Royer B, Ziegler F, Muret P et al. Acitretin-associated thrombotic stroke. AnnPharmacother 2002;36(12):1879-82.20. Seishima M, Oda M, Yamanaka S. Thrombocytopenia possibly induced byetretinate in a psoriatic patient. J Dermatol 2005;32(11):917-20.21. Chave TA, Mortimer NJ, Hutchinson PE. Agranulocytosis and total scalp alopeciafollowing acitretin. Br J Dermatol 2003;148(5):1063-4Acitretina na Psoríase| 73


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAANEXO9Ciclosporina na PsoríaseTania F. Cestari 1Colaboradora: Mariana Soirefmann 2Serviço <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong>, Hospital <strong>de</strong> Clínicas <strong>de</strong> Porto AlegreUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul1 Professora Adjunto <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Hospital dasClínicas <strong>de</strong> Porto AlegreCoor<strong>de</strong>nadora do Setor <strong>de</strong> Fotomedicina, Serviço <strong>de</strong> Dematologia – HCPAEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>2 Mestranda do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFRGSEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Ciclosporina na Psoríase | 75


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAIntroduçãoAs proprieda<strong>de</strong>s imunossupressoras daciclosporina foram <strong>de</strong>monstradas no início dadécada <strong>de</strong> 70 e logo ela passou a ser utilizadacomo medicação imunossupressora nostransplantes <strong>de</strong> órgãos. Atualmente as indicaçõesse esten<strong>de</strong>ram e a ciclosporina é usadatambém para controlar doenças inflamatóriasem vários órgãos, como pele, articulações etrato gastrintestinal. 1,2,3Os relatos da utilização da ciclosporina notratamento da psoríase começaram a serpublicados no final da década <strong>de</strong> 1970, logoapós um melhor entendimento da fisiopatogeniada doença. 4,5 Em 1986, foi publicado oprimeiro estudo clínico randomizado, duplocego, que <strong>de</strong>monstrou a eficácia da medicaçãona psoríase. 6Estes resultados se repetiramem diversos outros relatos, comprovandoa hipótese da etiologia auto-imune dadoença, que é mediada por linfócitos T, citocinase outras células inflamatórias. 7,8Mecanismo <strong>de</strong> açãoA ciclosporina é um peptí<strong>de</strong>o <strong>de</strong>rivado dofungo Tolypocladium inflatums gams. Suaação supressora <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong>complexos com a imunofilina citosólica, aciclofilina. O complexo atua inibindo a ativida<strong>de</strong>da enzima intracelular calcineurina fosfatase,que participa no processo <strong>de</strong> regulaçãoda expressão <strong>de</strong> genes <strong>de</strong> proteínas nuclearesenvolvidas na ativação celular e formaçãodo linfócito T. 9,10Uma <strong>de</strong>ssas proteínas, ofator nuclear <strong>de</strong> células T ativado (NF-ATc),<strong>de</strong>sloca-se para o núcleo e liga-se à regiãopromotora <strong>de</strong> genes relacionados à citocinas,principalmente a interleucina 2 (IL-2), causandosua transcrição e secreção. A IL-2 atuacomo fator ativador <strong>de</strong> células T em diversasdoenças inflamatórias, inclusive na psoríase.Com o bloqueio do NF-ATc, todo o processo<strong>de</strong> transcrição fica inibido, prejudicando a formação<strong>de</strong> citocinas. 9A ciclosporina também é parcialmenteresponsável pela inibição da liberação <strong>de</strong> histaminapelos mastócitos e pelo mecanismo<strong>de</strong> inibição <strong>de</strong> várias moléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sãocelular. 11A diminuição na expressão dasmoléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são nos capilares endoteliaisda <strong>de</strong>rme, nas lesões <strong>de</strong> psoríase, reduza migração das células T e dos neutrófilos. Aciclosporina age ainda através <strong>de</strong> efeito inibitórionas células apresentadoras <strong>de</strong> antígenos,como as células <strong>de</strong> Langerhans e <strong>de</strong>ndríticas,que são os principais agentes estimuladoresdas células T. Não há evidências concretas,até o momento, <strong>de</strong> que a ciclosporinatenha algum efeito antiproliferativo direto nosqueratinócitos. 9Efeitos AdversosA incidência e a gravida<strong>de</strong> dos efeitosadversos da ciclosporina no tratamento dapsoríase parecem estar relacionados à dosecumulativa e/ou à duração do tratamento. 12Os mais comuns são: nefrotoxicida<strong>de</strong>, hipertensãoarterial sistêmica e risco <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>.10,12,13Os efeitos renais são dose-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes eocorrem quase exclusivamente nas exposiçõescontinuadas, ou com doses superiores a 5mg/kg/dia. 12 A hipertensão arterial <strong>de</strong>ve ser tratadacom a suspensão da ciclosporina ou commedicações anti-hipertensivas (bloqueadoresdo canal <strong>de</strong> cálcio, preferencialmente), 10noscasos on<strong>de</strong> este sintoma é discreto ou quandoa relação risco-benefício for favorável à manutençãoda medicação. 9 A maior parte das alteraçõesna função renal causadas pelo uso daciclosporina são rapidamente revertidas com asua suspensão. 2O potencial <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong> é relacionadoa tumores <strong>de</strong> pele (não-melanoma) e tumores<strong>de</strong> tecido linfói<strong>de</strong>. O risco é relacionado aotempo <strong>de</strong> exposição ao medicamento e àdose utilizada, 9sendo maior em pacientesque já fizeram terapia com PUVA. 2,14,1576 | Ciclosporina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAOutros efeitos adversos associados àciclosporina incluem sintomas gastrointestinais,como diarréia, náuseas e vômitos, sintomasneurológicos centrais e periféricos (cefaléiae parestesias), fadiga e hiperplasia gengival,geralmente leves e auto-limitados. 9,10,12 Ahipertricose, também freqüente, ten<strong>de</strong> a piorarcom o tratamento prolongado e não resolveespontaneamente. 10Interações medicamentosasAlgumas medicações aumentam os níveisséricos da ciclosporina, incluindo acliclovir,anfotericina, bomocriptina, cefalosporinas,cimetidina, corticosterói<strong>de</strong>s, diltiazem, doxiciclina,eritromicina, fluconazol, furosemida, itraconazol,cetoconazol, metoclopramida, nicardipina,norfloxacin, contraceptivos orais, diuréticostiazídicos, verapamil e varfarina.Outras, como a carbamazepina, ácido valpróico,rifampicina, fenitoína e fenobarbital reduzemos níveis séricos da ciclosporina. Hámedicamentos que aumentam o risco <strong>de</strong>nefrotoxicida<strong>de</strong> quando utilizadas concomitantementeà ciclosporina, entre eles estão oaciclovir, a cimetidina, o cotrimoxazol, gentamicina,cetoconazol, ranitidina e diclofenaco.10,12,16,17FarmacodinâmicaA maioria dos dados atuais disponíveisso<strong>br</strong>e a ciclosporina refere-se ao uso da formulaçãooriginal (Sandimmun ® ), que é caracterizadapor baixa biodisponibilida<strong>de</strong> comgran<strong>de</strong> variação interindividual e intraindividual.Este fenômeno <strong>de</strong>ve-se à alta lipofilicida<strong>de</strong>da ciclosporina, sendo a sua absorçãoinfluenciada por fatores como o fluxo <strong>de</strong> bile,dieta e motilida<strong>de</strong> gastrointestinal. 18A principal vantagem da medicação éque, ao contrário dos outros imunossupressorescitotóxicos como a azatioprina, aciclosporina não induz mielossupressão,importante em doses <strong>de</strong>rmatológicas máximas<strong>de</strong> 5 mg/kg/dia. 19IndicaçõesA ciclosporina está indicada para pacientesadultos e imunocompetentes, com psoríaserecalcitrante grave, extensa ou incapacitante,que falharam em respon<strong>de</strong>r a pelo menosuma terapia sistêmica (PUVA, metotrexate,retinói<strong>de</strong>s). 8,10É também recomendada para as situaçõesem que a terapia sistêmica está contraindicadaou não foi bem tolerada, 20 na psoríasepustulosa disseminada 13 e na artrite psoriática,13quando esta não respon<strong>de</strong>r aosantinflamatórios convencionais não esterói<strong>de</strong>s(AINEs). A ciclosporina é efetiva emtodas as formas <strong>de</strong> psoríase e tem rápido início<strong>de</strong> ação, particularmente quando utilizadaem altas doses. 20Contra-IndicaçõesAs contra-indicações ao uso da ciclosporinasão: anormalida<strong>de</strong>s na função renal,hipertensão arterial sistêmica não controlada,malignida<strong>de</strong>s, amamentação. O uso <strong>de</strong>ve serevitado quando o paciente apresenta infecçãoativa e/ou imuno<strong>de</strong>ficiência. ACiclosporina associada a fototerapia ou aoutros imunossupressores e radioterapia<strong>de</strong>ve ser evitada ou empregada com cautela.A ciclosporina não é totalmente contra-indicadana gestação (categoria C), embora possaestar associada a trabalho <strong>de</strong> parto prematuroe baixo peso ao nascimento (ver secçãoespecífica). 12,20Cuidados prévios ao tratamentoEntre os fatores que <strong>de</strong>vem ser observadosantes <strong>de</strong> instituir o tratamento com aciclosporina estão: hipertensão pré-existente,ida<strong>de</strong> avançada, condições inflamatóriasrenais e anormalida<strong>de</strong>s na absorção damedicação. 2 O paciente <strong>de</strong>ve ser submetidoCiclosporina na Psoríase | 77


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAa exame físico completo, incluindo a verificação<strong>de</strong> sua pressão arterial e os principaisexames laboratoriais a serem solicitados são:creatinina, uréia nitrogenada sérica, magnésio,potássio, ácido úrico, hemograma,colesterol e triglicerí<strong>de</strong>os. 10,12,13Cuidados durante o tratamentoÉ recomendável que o paciente sejamonitorado quanto ao surgimento <strong>de</strong> efeitosadversos e malignida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> realizar osexames laboratoriais citados anteriormente acada duas semanas nos primeiros trêsmeses <strong>de</strong> tratamento e após, mensalmente.10,12Cuidados após o tratamentoMesmo após completar o tratamento ospacientes <strong>de</strong>vem ser avaliados pelo riscopotencial <strong>de</strong> malignida<strong>de</strong>s. 12DoseA dose inicial <strong>de</strong> ciclosporina, recomendadapela maioria dos autores, é <strong>de</strong> 2,5mg/kg/dia, dividida em duas tomadas. Estadose po<strong>de</strong> ser aumentada gradualmente, acada 2 a 4 semanas, em 0,5 a 1 mg/Kg/dia,até a dose máxima <strong>de</strong> 5 mg/Kg/dia. 2,12Preferencialmente, <strong>de</strong>vem ser prescritos cursos<strong>br</strong>eves e intermitentes, com tempo médio<strong>de</strong> 12 semanas <strong>de</strong> duração. Melhoras rápidase significativas em 80 a 90% dos pacientesforam vistas com doses <strong>de</strong> 2,5 - 5 mg/kg/diautilizadas por 12-16 semanas. 2Contudo, amedicação <strong>de</strong>ve ser suspensa nos pacientesque falham em respon<strong>de</strong>r a doses máximas<strong>de</strong> ciclosporina em 6 semanas <strong>de</strong> tratamento.12A terapia continuada po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radano tratamento <strong>de</strong> manutenção da remissão,em uma pequena proporção <strong>de</strong> pacientescom psoríase recalcitrante. 2Terapias Associadas com CiclosporinaA terapia combinada na psoríase ébaseada na associação <strong>de</strong> medicamentoscom mecanismos <strong>de</strong> ação distintos, permitindodoses menores do que as habituais e eficáciasinérgica ou aditiva, com redução datoxicida<strong>de</strong> e dos efeitos adversos. 13,20A combinação <strong>de</strong> ciclosporina com metotrexatopo<strong>de</strong> ser prescrita para aumentar o efeitoterapêutico e minimizar os efeitos adversosque po<strong>de</strong>riam resultar do uso por longotempo <strong>de</strong> um único agente. 20,21Aydin et alconduziram um estudo prospectivo com 20pacientes nos quais foram administradosconcomitantemente metotrexato intramuscularem dose semanal <strong>de</strong> 10 mg e ciclosporinana dose <strong>de</strong> 3,5 mg/kg/dia dividida em duasdoses iguais. A duração média da terapia <strong>de</strong>combinação foi <strong>de</strong> 9,5 semanas. Houve respostaboa ou excelente em 70% dos pacientes,mas alguns <strong>de</strong>les saíram do estudo porfalha terapêutica ou por perda <strong>de</strong> seguimento.Em <strong>de</strong>terminados pacientes a melhora foimais rápida do que o esperado, o que po<strong>de</strong>significar que esta combinação seria particularmenteútil no controle das exacerbaçõesagudas. 21Clark et al 22 realizaram um estudo combinandometotrexato com ciclosporina em 19pacientes com psoríase refratária grave. Amaioria dos pacientes recebeu tratamentopor 3 a 4 anos. Três pacientes <strong>de</strong>senvolveramdisfunção renal leve persistente, que melhorou,mas não retornou à normalida<strong>de</strong> com aredução da dose. Em cada caso, o tratamentoresultou em bom controle da psoríase utilizandodoses menores <strong>de</strong> ciclosporina emetotrexato do que seriam utilizadas se emmonoterapia, com poucos efeitos adversos.Hey<strong>de</strong>ndael et al 23 conduziram um ensaioclínico randomizado com 88 pacientes maiores<strong>de</strong> 18 anos (44 em cada grupo), compsorÍase mo<strong>de</strong>rada a grave (PASI > 8), por16 semanas. Doze pacientes foram <strong>de</strong>scontinuadosdo tratamento com metotrexate poralteração nas provas <strong>de</strong> função hepática,78 | Ciclosporina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAenquanto apenas 1 paciente no grupo daciclosporina teve alterações <strong>de</strong> bilirrubinas.Não foram encontradas diferenças significativasna eficácia entre os dois tratamentos. 23A combinação <strong>de</strong> ciclosporina e acitretinapo<strong>de</strong> ser empregada, 10 com a possível vantagemda acitretina limitar o surgimento <strong>de</strong>lesões malignas e pré-malignas induzidaspela ciclosporina. 13A avaliação dos níveis <strong>de</strong>colesterol e <strong>de</strong> triglicerí<strong>de</strong>os <strong>de</strong>ve ser rotineira,já que ambas medicações estão associadascom o aumento dos níveis <strong>de</strong> lipídios. 13Feliciane et al 24conduziram um estudoem 21 pacientes com psoríase ungueal. Ospacientes foram divididos em dois grupos:um <strong>de</strong>les recebeu como tratamento combinação<strong>de</strong> ciclosporina com calcipotriol tópico (aplicadoduas vezes ao dia) e o outro apenasciclosporina durante 3 meses. No grupo coma terapia combinada 79% dos pacientesmelhoraram a aparência clínica das lesõesungueais; no grupo que recebeu apenasciclosporina essa melhora ocorreu em 47%dos casos.A terapia rotacional tem o objetivo <strong>de</strong> minimizaros riscos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> cumulativa atravésda troca <strong>de</strong> uma terapia para a outra antesdo agente inicial alcançar níveis potencialmentetóxicos. 20 O esquema utilizando micofenolatomofetil com ciclosporina foi razoavelmentebem sucedido em um estudo conduzidopor Davidson et al. 25Outros agentes têmsido adicionados a ciclos <strong>de</strong> tratamento comciclosporina, incluindo fumaratos, sulfasalazinae novos biológicos. O último grupo po<strong>de</strong>oferecer uma alternativa à manutenção do tratamento,após a indução <strong>de</strong> remissão por cursospequenos <strong>de</strong> ciclosporina. Efalizumabe eetanercepte po<strong>de</strong>m ser úteis para a manutençãoda terapia após a intervenção inicial comciclosporina. 2,26,27 Embora os agentes biológicosnão tenham sido associados à nefrotoxicida<strong>de</strong>ou hepatotoxicida<strong>de</strong>, seu potencial <strong>de</strong>imunossupressão, que po<strong>de</strong> levar ao <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> câncer, <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>radose eles forem adicionados à ciclosporina. 20A terapia seqüencial é realizada colocando-sediferentes tratamentos <strong>de</strong> forma seriadapara ampliar a melhora inicial, com menortoxicida<strong>de</strong> em longo prazo. Um dos regimespropostos propõe o tratamento inicial comciclosporina para alcançar rápida remissãodas lesões, seguido por terapia <strong>de</strong> manutençãocom acitretina, 13incorporando, meses<strong>de</strong>pois, a terapia com PUVA ou UVB senecessário. 28O uso <strong>de</strong> ciclosporina em combinação comPUVA é usualmente contra-indicado peloaumento do risco <strong>de</strong> câncer, principalmente<strong>de</strong> carcinoma epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong>. 13,20As terapiasimunossupressoras associadas à fototerapiaUVA não são recomendadas, mas a fototerapiacom UVB <strong>de</strong> faixa estreita é preferível aoPUVA. A administração <strong>de</strong> imunossupressores<strong>de</strong>ve ser por períodos curtos <strong>de</strong> tempoem pacientes com alta exposição cumulativaao PUVA. 2Pacientes com fototipo I e II necessitamcontroles mais rigorosos e o uso <strong>de</strong> imunossupressoresnão é indicado para indivíduosque tiveram melanoma ou carcinoma epi<strong>de</strong>rmói<strong>de</strong>.Entretanto, a prescrição <strong>de</strong> metotrexato,retinói<strong>de</strong>s e fumaratos, antes ou <strong>de</strong>pois daterapia com ciclosporina, é permitida e retinói<strong>de</strong>sorais po<strong>de</strong>m ser úteis no controle daslesões malignas ou pré-malignas induzidaspela combinação <strong>de</strong> PUVA com ciclosporina.29Quem utiliza ésteres <strong>de</strong> ácido fumárico não<strong>de</strong>ve receber ciclosporina concomitantemente,pelo maior risco <strong>de</strong> dano renal. 30Risco/ Benefício:A ciclosporina produz rápida melhora daslesões da psoríase, e o risco/ benefício é consi<strong>de</strong>radoaceitável para tratamentos <strong>de</strong> curtaduração, preferencialmente cursos intermitentespor até 12 semanas. 10,12Ciclosporina na Psoríase| 79


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIASituações EspeciaisInfânciaA psoríase na infância não é rara. Cerca<strong>de</strong> 40% dos adultos com psoríase relatamque o início da doença ocorreu na infância. 31Em um estudo <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> 1.262 casos <strong>de</strong>psoríase infantil na Austrália, 345 dos pacientestinham menos <strong>de</strong> 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. 32No tratamento da psoríase pediátrica, éfundamental não colocar em risco o <strong>de</strong>senvolvimentoou a saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>terminar se osbenefícios justificam os potenciais efeitosadversos das terapias sistêmicas.O uso da ciclosporina na psoríase infantiltem poucas referências. Por ser uma substânciaimunossupressora e provocar diversosefeitos adversos, não é comumente prescritapara crianças. Porém, tem provado ser eficaze bem tolerada no tratamento <strong>de</strong> criançascom outras <strong>de</strong>rmatoses, como a <strong>de</strong>rmatiteatópica grave. 3,35Entre os efeitos adversos que po<strong>de</strong>mocorrer em crianças em uso da ciclosporinaencontram-se os linfomas e outros tipos <strong>de</strong>cânceres. É bem conhecido o risco do <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> cânceres em pacientes transplantadosexpostos cronicamente a altasdoses <strong>de</strong> ciclosporina (7-15 mg/kg/dia), comfreqüência associada a outros agentes imunossupressorescomo prednisona, ciclofosfamidae azatioprina. Porém, quando a ciclosporinaé utilizada em doses relativamentemenores, sem associação a imunossupressorese em pacientes sem co-morbida<strong>de</strong>s,não tem havido evidência <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong>risco para câncer. Em crianças com doenças<strong>de</strong>rmatológicas usando entre 2,5 a 10mg/kg/dia, os efeitos adversos mais notadosforam náusea, vômitos, hipertricose, hipertensãoleve e mudança mo<strong>de</strong>rada na funçãorenal, porém ainda <strong>de</strong>ntro dos limites normais.Outros efeitos relatados foram dorabdominal, infecções respiratórias, foliculite,infecção por vírus Varicela-zoster, infecção dotrato urinário, sudorese, perda <strong>de</strong> apetite, alopecia,hipoproteinemia com e<strong>de</strong>ma, tremores,parestesias, hiperplasia gengival, dor <strong>de</strong>cabeça e perda <strong>de</strong> peso. 3A maioria <strong>de</strong>les foireversível após a retirada temporária daciclosporina ou redução da dose administrada.Não foram observados efeitos colateraisrelacionados à função hepática, parâmetroshematológicos ou <strong>de</strong>senvolvimento da criança.É importante lem<strong>br</strong>ar que relativamentepoucas crianças têm sido tratadas comciclosporina, e que a ausência <strong>de</strong> efeitosadversos <strong>de</strong>scritos nesta população não significaque eles não ocorram. 3A administração <strong>de</strong> vacinas contendovírus vivo po<strong>de</strong> potencializar a replicação dovírus, aumentar os efeitos colaterais da vacinae/ ou reduzir a resposta humoral dopaciente a antígenos. A imunização, quandoem uso <strong>de</strong> ciclosporina, <strong>de</strong>ve ser realizadasomente após revisão hematológica. O intervaloentre a retirada da medicação e a restauraçãoda capacida<strong>de</strong> do paciente em respon<strong>de</strong>rà vacina <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dose utilizada e dadoença subjacente, sendo estimado como<strong>de</strong> 3 meses a 1 ano. Vacina oral <strong>de</strong> poliovírusnão <strong>de</strong>ve ser utilizada em mem<strong>br</strong>os da famílianem em pessoas próximas ao paciente. 36Gravi<strong>de</strong>zCerca <strong>de</strong> 75% das mulheres com psoríasetêm menos <strong>de</strong> 40 anos, 37,38estando emida<strong>de</strong> reprodutiva. Em muitas pacientes agravi<strong>de</strong>z afeta positivamente as manifestaçõesda doença, 39sendo que a maioria dosautores afirma que há melhora espontâneada psoríase em 30% a 40% das gestações.Esta melhora po<strong>de</strong> estar associada à regulaçãonegativa do sistema imunológico, mediadapelos hormônios produzidos na gravi<strong>de</strong>z,principalmente a progesterona, que impe<strong>de</strong> aresposta imune da mãe contra o feto. 40Emcerca <strong>de</strong> 10% a 20% das gestações, a psoríasepiora durante a gravi<strong>de</strong>z, po<strong>de</strong>ndo inclusi-80 | Ciclosporina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAve surgir artrite psoriática. 41 Os sintomas, em40% a 90% das pacientes, po<strong>de</strong>m exacerbarseno período pós-parto. 40O tratamento da psoríase na gravi<strong>de</strong>z é difícilporque muitas das substâncias disponíveissão potencialmente danosas e, até as aparentementeinócuas, só <strong>de</strong>vem ser utilizadas se osbenefícios compensarem os potenciais riscospara o feto. 41,42O tratamento envolve uma progressãoor<strong>de</strong>nada dos medicamentos, consi<strong>de</strong>randoa sua segurança e eficácia. 43Dos agentes orais disponíveis para o tratamentoda psoríase grave, a ciclosporinaparece ser o mais seguro para mulheres compotencial para engravidar, 44,45 pois o metotrexatoe os <strong>de</strong>rivados do ácido retinóico sãoclassificados pelo FDA como medicamentos<strong>de</strong> categoria X, formalmente contra-indicadosem gestantes, por serem teratogênicos.Embora a ciclosporina não pareça ser teratogênica,po<strong>de</strong> ocorrer parto prematuro e baixopeso ao nascer. 20Em uma meta-análise <strong>de</strong> estudos realizadosem pacientes grávidas que haviam sidosubmetidas a transplante <strong>de</strong> órgão, usandociclosporina, a taxa <strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> malformaçõesfoi <strong>de</strong> 4,1% (14 <strong>de</strong> 339 recém-nascidos,IC 95% 2,6 – 7%), um pouco maior doque na população geral (3% dos nascidosvivos). Os grupos-controles eram compostos<strong>de</strong> mulheres transplantadas tratadas comoutros medicamentos e não houve diferençaestatística entre a taxa <strong>de</strong> malformações entreeles, havendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostramaior para haver significância estatística. 46 Aprevalência <strong>de</strong> prematurida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 56,3%(IC 95% 37,8 – 74,7%), mas a razão <strong>de</strong> chances(odds ratio) não foi significativa quandocomparada às pacientes transplantadas nãoexpostas à ciclosporina, restando dúvidas sea alta taxa <strong>de</strong> prematurida<strong>de</strong> tinha relaçãocom a ciclosporina ou com as outras medicaçõesutilizadas pelos 2 grupos <strong>de</strong> pacientes.A taxa <strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> recém-nascidoscom baixo peso foi <strong>de</strong> 43% nos filhos <strong>de</strong>mães transplantadas expostas à ciclosporina,porém a razão <strong>de</strong> chances também não foisignificativa quando comparado às mãestransplantadas tratadas com outros medicamentos;é provável que, se o número <strong>de</strong>pacientes fosse maior, po<strong>de</strong>ria haver significânciaestatística na prevalência <strong>de</strong> baixopeso ao nascer nos filhos <strong>de</strong> mães expostasà ciclosporina. 46As gestações em transplantadassão normalmente <strong>de</strong> alto risco, commaiores taxas <strong>de</strong> prematurida<strong>de</strong> e baixo pesoao nascer. Por sua vez, bebês prematuros ecom baixo peso ao nascer parecem apresentarmalformações com mais freqüência doque a população geral. 47,48Recentemente, Di Paolo et al. 49analisaramo sangue periférico <strong>de</strong> seis recém-nascidos<strong>de</strong> mães tratadas com ciclosporina Adurante a gravi<strong>de</strong>z. Foi observado que a contagem<strong>de</strong> linfócitos T CD3+, CD4+ e CD8+e linfócitos B era menor nos recém-nascidosdas tratadas com ciclosporina do que noscontroles, e essa diferença se mantevedurante o primeiro ano <strong>de</strong> vida. Apesar disso,nenhum dos recém-nascidos apresentousinais clínicos <strong>de</strong> imuno<strong>de</strong>ficiência durante otempo <strong>de</strong> acompanhamento <strong>de</strong> 12 meses.Para mulheres grávidas com psoríase,Tauscher e cols. recomendam, o uso <strong>de</strong> corticosterói<strong>de</strong>e calcipotrieno tópicos, antralinae tacrolimus em pacientes com formas localizadasda doença; UVB, PUVA tópico ouciclosporina para as generalizadas, sempreconsi<strong>de</strong>rando a gravida<strong>de</strong> da doença naprescrição <strong>de</strong> medicamentos sistêmicos. 37O impetigo herpetiforme, consi<strong>de</strong>rado pormuitos autores uma rara variante da psoríasepustulosa generalizada, tem predileção pelagravi<strong>de</strong>z. Inicia-se tipicamente no 3º trimestre,provocando lesões pustulosas e psoriáticas,em especial nas do<strong>br</strong>as. É uma doençapotencialmente fatal, com alto risco fetal senão tratada, po<strong>de</strong>ndo levar a trabalho <strong>de</strong>Ciclosporina na Psoríase| 81


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAparto prematuro, morte neonatal e anormalida<strong>de</strong>sfetais. A prednisolona é usualmenteutilizada, porém, quando não há respostasatisfatória, é preferível o uso da ciclosporinaao aumento da dose do corticói<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong>ocasionar catarata congênita e hipoadrenocortisonismoneonatal. 50 Alguns estudos mostraramsegurança quanto ao uso <strong>de</strong> ciclosporinadurante a gravi<strong>de</strong>z para tratamento <strong>de</strong>impetigo herpetiforme e outras <strong>de</strong>rmatosesintratáveis, em doses <strong>de</strong> 3 a 5 mg/dia. 50,51Apesar da falta <strong>de</strong> maior experiência <strong>de</strong>uso da ciclosporina na gravi<strong>de</strong>z, é possívelque os benefícios nos casos graves <strong>de</strong> psoríasecompensem os riscos, sendo maissegura na gestação do que alternativas comoretinói<strong>de</strong>s orais e metotrexato. 52IdososEmbora a psoríase possa surgir em qualquerida<strong>de</strong>, foram i<strong>de</strong>ntificados dois picos <strong>de</strong>incidência: aos 15 e aos 60 anos nas mulherese aos 22 e 57 anos em homens. 53Embora a maioria dos pacientes compsoríase possa ser tratada com produtostópicos, terapias mais agressivas precisamser empregadas em cerca <strong>de</strong> 20% doscasos. 54Em idosos, a terapia sistêmica <strong>de</strong>veser reservada para casos graves e extensos(envolvimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10% da superfíciecorporal) e/ ou que não respon<strong>de</strong>ram ou nãoa<strong>de</strong>riram ao tratamento tópico, para as formaseritrodérmica e pustulosa, artrite psoriáticae psoríase ungueal grave (acro<strong>de</strong>rmatite<strong>de</strong> Hallopeau). 19Quando a gravida<strong>de</strong> dadoença requer medicações sistêmicas quepo<strong>de</strong>m causar sérios efeitos adversos, comoa ciclosporina e o metotrexato, a terapia oralnão <strong>de</strong>ve ser utilizada até a remissão completada doença, mas apenas para atingirmelhora das lesões que possibilite o uso <strong>de</strong>agentes tópicos associados. 55Pacientes idosos têm risco aumentadopara reações adversas a medicamentos porqueusam vários <strong>de</strong>les, há interações e tantoa supervisão como a aplicação das medicaçõespo<strong>de</strong> ser ina<strong>de</strong>quada. Além disso, a farmacocinéticae a farmacodinâmica são alteráveispela ida<strong>de</strong> ou por comorbida<strong>de</strong>spo<strong>de</strong>ndo levar ao atraso na <strong>de</strong>puração dasmedicações e aumento no risco <strong>de</strong> efeitosadversos. O índice terapêutico da maioriados agentes sistêmicos disponíveis para otratamento da psoríase é reduzido em idosos,sendo necessário avaliar cada caso. 19A população geriátrica é bastante predispostaaos efeitos adversos induzidos pelaciclosporina, como nefrotoxicida<strong>de</strong>, por fi<strong>br</strong>oseintersticial e atrofia tubular renal, hipertensão,hipertrigliceri<strong>de</strong>mia, hipercolesterolemia,hiperuricemia, hiperglicemia e infecções. 19,56Desequilí<strong>br</strong>io eletrolítico, como hipercalemiae hipomagnesemia, cefaléia, tremores, hiperplasiagengival e hipertricose também sãocomuns nos idosos. 57Assim, a ciclosporina<strong>de</strong>ve ser administrada somente em cursoscurtos <strong>de</strong> tratamento (4 – 12 semanas), principalmentenos períodos <strong>de</strong> exacerbação dadoença; a dose <strong>de</strong> início <strong>de</strong>ve ser menor(1,25 -2 mg/kg/dia) do que a usualmente utilizada(3-5 mg/kg/dia). 55Nos idosos obesos épru<strong>de</strong>nte calcular a dose baseada no pesoi<strong>de</strong>al do paciente e não no seu peso atual,pois os efeitos adversos são mais comunsem obesos. A dose <strong>de</strong>ve ser gradualmentereduzida antes do final do tratamento paraque não haja exacerbações agudas após asuspensão da medicação. 58Várias condições, algumas freqüentes empacientes idosos, constituem contra-indicaçõesao uso <strong>de</strong> ciclosporina. Essas incluemhipertensão <strong>de</strong>scontrolada, tolerância reduzidaà glicose, hiperlipi<strong>de</strong>mia, doença renal,infecções agudas, infecção crônica ativa ouevidência <strong>de</strong> infecção prévia por vírus dahepatite B ou C e história <strong>de</strong> câncer. 65,66 Apósa instituição do tratamento, a pressão sanguínea,os níveis <strong>de</strong> creatinina sérica e eletrólitos82 | Ciclosporina na Psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA<strong>de</strong>vem ser medidos semanalmente. Os<strong>de</strong>mais exames, solicitados a cada duassemanas até o término do tratamento. Se osníveis <strong>de</strong> creatinina se elevarem <strong>de</strong> forma persistente(em 3 medidas no período <strong>de</strong> 1semana), a ciclosporina <strong>de</strong>ve ser suspensaou sua dosagem reduzida para 0,5-1mg/kg/dia. Se continuarem elevados após 2semanas, suspen<strong>de</strong>r a medicação. Quandoos valores retornarem aos basais, a ciclosporinapo<strong>de</strong> ser re-iniciada, na dose anteriormenteutilizada. A dose <strong>de</strong> ciclosporina <strong>de</strong>veser reduzida (para 0,5-1 mg/kg/dia) se duasmedidas consecutivas da pressão arterialforem indicativas <strong>de</strong> hipertensão, em pacientepreviamente normotenso. Se a pressãoarterial se mantiver alta apesar da redução dadose, iniciar terapia anti-hipertensiva (preferencialmentenifedipina) ou suspen<strong>de</strong>r aciclosporina. 44,45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Lebwohl M, Ellis C, Gottlieb A, Koo J, Krueger G, Lin<strong>de</strong>n K, Shupack J, WeinsteinG. Cyclosporine consensus conference: with emphasis on the treatment of psoriasis.J Am Acad Dermatol. 1998; 39: 464-75.2. Griffiths C.E.M, Dubertret L, Ellis C.N, et al. Ciclosporin in psoriasis clinical practice:an international consensus statement. Br J Dermatol 2004; 150 (Suppl. 67): 11–23.3. Dadlani C, Orlow S J. Treatment of children and adolescents with methotrexate,cyclosporine, and etarnecept: Review of the <strong>de</strong>rmatologic and rheumatologicliterature. J Am Acad Dermatol 2005; 52: 316-40.4. Mueller W, Hermann B: Cyclosporin A for psoriasis. N Engl J Med 1979 301:555.5. VanHoof JP, Leunissen KML, Staak WVD, Ciyclosporin and psoriasis. Lancet 1985; 1:335.6. Ellis CN, Gorsulowsky DC, Hamilton TA, et al. Cyclosporine improves psoriasis ina double-blind study. JAMA. 1986; 256: 3110-6.7. Griffiths CEM, Clark CM, Chalmers RJG, Li Wan Po A, Williams HC. A systematicreview of treatments for severe psoriasis. Health Technol Assess 2000; 4: 40.8. Berth-Jones J. The use of ciclosporin in psoriasis. J Dermatol Treat. 2005;16: 258-77.9. Ho VC. The use of ciclosporin in psoriasis: a clinical review. Br J Dermatol. 2004;150 Suppl 67: 1-10. 10. Mrowietz U, Ruzicka T. Cyclosporin A for psoriasis.Dermatol Ther 1999;11:60–6.11. Feldman SR, Garton R. Cyclosporin in psoriasis: how? J Eur Acad DermatolVenereol. 2004; 18: 250-3.12. Naldi L, Griffiths C.E.M. Traditional therapies in the management of mo<strong>de</strong>rate tosevere chronic plaque psoriasis: an assessment of the benefits and risks. Br JDermatol 2005; 152: 597–615.13. Lebwohl M, Menter A, Koo J, Feldman S. Combination therapy to treat mo<strong>de</strong>rate tosevere psoriasis. J Am Acad Dermatol 2004; 50: 416-30.14. Paul CF, Ho VC, McGeown C et al. Risk of malignancies in psoriasis treated withcyclosporine: a 5-year cohort study. J Invest. Dermatol 2003; 120: 211–6.15. Marcil I, Stern RS. Squamous-cell cancer of the skin in patients given PUVA andciclosporin: nested cohort crossover study. Lancet 2001; 358: 1042–5.16. Workshop of the Research Unit of the Royal College of Physicians of London;Department of Dermatology, University of Glasgow; British Association ofDermatologists. Gui<strong>de</strong>lines for management of patients with psoriasis. BMJ 1991; 303: 829-35.Ciclosporina na Psoríase | 83


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CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAImunobiológicos na Psoríase10ANEXOLuna Azulay-Abulafia 1Alexandre Gripp 2Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro12Professora Adjunta da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> JaneiroProfessora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> Gama FilhoDoutora em <strong>Dermatologia</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> JaneiroPreceptora do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>Dermatologia</strong> do Instituto <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong>Professor Rubem Azulay da Santa Casa da Misericórdia do Rio <strong>de</strong> Janeiro e daUniversida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> JaneiroEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Professor Assistente <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> JaneiroPreceptor do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>Dermatologia</strong> da Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> JaneiroMestrando em <strong>Dermatologia</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral FluminenseEx Professor <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Universida<strong>de</strong> Gama FilhoEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Imunobiológicos na psoríase| 87


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAOs agentes biológicos são moléculasgran<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> natureza protéica, susceptíveis adigestão no intestino. Por isso, são administradaspor via parenteral (subcutânea, intramuscularou intravenosa) e não oral. Po<strong>de</strong>mser anticorpos monoclonais, proteínas <strong>de</strong>fusão ou citocinas humanas recombinantes.Nas duas primeiras categorias estão incluídosos novos medicamentos já aprovadospara o tratamento da psoríase e da artritepsoriásica.Os anticorpos monoclonais po<strong>de</strong>m ser:quiméricos, humanizados ou humanos. Osprimeiros são obtidos combinando a partevariável <strong>de</strong> uma imunoglobulina, oriunda <strong>de</strong>rato e a parte constante <strong>de</strong> origem humana;os humanizados são gerados através dasubstituição <strong>de</strong> aminoácidos individuais porseqüências específicas <strong>de</strong> anticorpos monoclonaismurinos num arcabouço humano e oshumanos são gerados através da engenhariagenética em ratos <strong>de</strong> on<strong>de</strong> seriam obtidosseqüências específicas <strong>de</strong> anticorpos.As proteínas <strong>de</strong> fusão são resultado daunião da porção Fc constante <strong>de</strong> uma IgGhumana com o domínio extracelular <strong>de</strong> umreceptor <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> células com ativida<strong>de</strong>imune. Essa molécula assim constituídase liga a receptores complementares dasuperfície <strong>de</strong> outras células imunes, bloqueandoa ligação da verda<strong>de</strong>ira moléculaparticipante do curso da resposta normal.Desse modo não permitem a emissão dossinais necessários para a propagação da respostaimune.A nomenclatura dos biológicos se baseiana utilização <strong>de</strong> sufixos que i<strong>de</strong>ntificam a suanatureza: anticorpo monoclonal ou proteína<strong>de</strong> fusão.Ximabe = anticorpo monoclonal quiméricoZumabe = anticorpo monoclonal humanizadoHumabe = anticorpo monoclonal humanoCepte = proteína <strong>de</strong> fusãoOs agentes biológicos foram <strong>de</strong>senhadospara agir segundo diferentes estratégias:Estratégia I: Depleção das células T e subconjuntosdas células T.Estratégia II: Bloquear a ativação das célulasT e/ou sua migração até o tecido cutâneo.Estratégia III: Desvio imune das células T emodificação do equilí<strong>br</strong>io Th1/Th2.Estratégia IV: Bloqueio das citocinas inflamatórias,entre elas o TNF-αAs proteínas <strong>de</strong> fusão atuam tanto no bloqueioda ativação linfocitária (alefacepte),quanto no bloqueio <strong>de</strong> receptores <strong>de</strong> superfíciepara citocinas como o TNFα (etanercepte).Os anticorpos monoclonais tambémpo<strong>de</strong>m ligar-se tanto a citocinas (infliximabe)quanto a receptores da superfície <strong>de</strong> células(efalizumabe).De forma sucinta apresentamos os principaistipos <strong>de</strong> agentes, sua estratégia <strong>de</strong> açãoe seus usos clínicos.Os principais agentes biológicos usadosem <strong>de</strong>rmatologia são:O efalizumabe (Raptiva ® ) é um anticorpomonoclonal murino, porém do tipo humanizado,dirigido contra CD11a, a subunida<strong>de</strong> doLFA-1. Esta é uma molécula <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sãoexpressa nos linfócitos T (lymphocyte function-associatedantigen-1). Outra molécula <strong>de</strong>a<strong>de</strong>são bloqueada pelo efalizumabe é aICAM-1 (intercellular adhesion molecule-1),expressa nas células endoteliais <strong>de</strong> vasosnos locais <strong>de</strong> inflamação, bem como nosceratinócitos. Assim, o bloqueio <strong>de</strong>ssas duasmoléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são tem seu lugar na terapêuticada psoríase. O medicamento é autoaplicadovia subcutânea, semanalmente. Aprimeira dose é <strong>de</strong> 0,7 g/kg e as subseqüentes,1,0 mg/kg. O início do seu efeito terapêuticoé rápido, ocorrendo nas primeiras semanas.Ao receberem as primeiras duas injeçõessubcutâneas, aproximadamente trintapor cento dos pacientes po<strong>de</strong>m apresentar88 | Imunobiológicos na psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAefeitos adversos agudos como cefaléia,fe<strong>br</strong>e, calafrios, náuseas, vômitos ou mialgia.Esses sintomas aparecem horas a dois diasapós a injeção. Alguns pacientes apresentamartrite ou mudança <strong>de</strong> padrão da psoríase,entre a 13 a e 24 a semana. A interrupção dotratamento leva a uma recidiva da doença em60 a 80 dias. Embora alguns estudos<strong>de</strong>monstrem o nível <strong>de</strong> melhora do PASI coma continuida<strong>de</strong> do tratamento, no Brasil,ainda não existem dados so<strong>br</strong>e o tema. Piora<strong>de</strong> 125% do PASI inicial (rebote) ocorreu em14% dos casos, em alguns estudos. Estamedicação é contra-indicada em artrite psoriásica.Isso mostra a necessida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong>outra terapêutica para a manutenção dosbenefícios obtidos com o efalizumabe. Osretinói<strong>de</strong>s sistêmicos previnem o rebote em75% dos casos.O alefacepte (Amevive ® ) é uma proteína <strong>de</strong>fusão humana que consiste em uma porçãodo LFA-3 (lymphocyte function-associatedantigen-3) ligada à porção Fc da imunoglobulinaIgG1. Essa proteína se liga ao receptorCD2 da superfície dos linfócitos T, inibindosua ligação ao LFA-3. Assim impe<strong>de</strong> a ativaçãoe proliferação <strong>de</strong> células T. Atua so<strong>br</strong>ecélulas T <strong>de</strong> memória, porém poupa as célulasT naïves. O alefacepte, quando se liga areceptores CD2 em células T <strong>de</strong> memória einterage com células natural killer, facilita aapoptose <strong>de</strong>ssas células, sendo este outromecanismo <strong>de</strong> ação proposto. Sua administração<strong>de</strong>ve ser semanal, via intramuscular,15 mg por semana, ou intravenosa, 7,5 mgpor semana, inicialmente durante 12 semanas,com um período <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> mais12 semanas. O paciente po<strong>de</strong> continuarmelhorando nas oito semanas seguintes àúltima dose. É necessária a contagem <strong>de</strong> linfócitosCD4 antes do início da terapia e acada duas semanas, já que o efeito adversopo<strong>de</strong> ser a linfopenia.O alefacepte tem um início <strong>de</strong> ação maislento, alcançando seu pico em aproximadamente16 semanas. A remissão obtida é maisprolongada, sendo um medicamento interessantepara manutenção dos resultados terapêuticosobtidos. Não ocorre rebote quandointerrompido o seu uso. Proporciona umaredução do PASI em 75% (PASI 75), em 27%dos pacientes, após doze semanas <strong>de</strong> tratamento.O adalimumabe (Humira ® ) é um anticorpomonoclonal totalmente humano, anti-TNFα ,pronto para uso, não necessitando reconstituição.Pacientes com artrite reumatói<strong>de</strong>, nãoresponsiva ao etanercepte ou ao infliximabepo<strong>de</strong>m ser tratados com adalimumabe,obtendo resposta significativa. Deve serusado via subcutânea, na dose <strong>de</strong> 40mg acada 15 dias. Em psoríase estão sendo realizadosestudos clínicos <strong>de</strong> fase III em que 59%dos pacientes atingiram o PASI 75 após 24semanas <strong>de</strong> uso. Em doses maiores, <strong>de</strong>40mg/semana, cerca <strong>de</strong> 80% dos doentespo<strong>de</strong> atingir o PASI 75. Po<strong>de</strong> ser usado comomonoterapia ou em combinação com metotrexate.O infliximabe (Remica<strong>de</strong> ® ) é um anticorpomonoclonal quimérico, que se liga especificamenteao TNFα (fator <strong>de</strong> necrose tumoralalfa). A dose é <strong>de</strong> 5 mg/kg, com aplicaçãoendovenosa. Depois da sua a<strong>de</strong>quada diluição,<strong>de</strong>ve ser infundido lentamente por, nomínimo, 2 horas, repetindo-se a infusão 2 e 6semanas após, na fase <strong>de</strong> indução e a cadaoito semanas em esquema <strong>de</strong> manutenção.A melhora da psoríase ocorre logo nas primeirassemanas do uso do infliximabe. Essemedicamento também foi usado no tratamentodo pio<strong>de</strong>rma gangrenoso e hidra<strong>de</strong>nitesupurativa. O infliximabe po<strong>de</strong> ser usado juntamentecom o metotrexato, sendo atémesmo recomendada essa associação paraevitar a formação <strong>de</strong> anticorpos contra o biológico.É contra-indicado em pacientes comsepticemia, tuberculose, insuficiência cardía-Imunobiológicos na psoríase | 89


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAca congestiva e doença <strong>de</strong>smielinizante. Éassociado a efeitos agudos durante a infusãoe à reação <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> tardia.Dentre os primeiros po<strong>de</strong> ocorrer fe<strong>br</strong>e oucalafrios, prurido ou urticária, reações cardiopulmonares(dor torácica primária, hipotensão,hipertensão ou dispnéia), <strong>de</strong>ntre outros.Em geral, as reações agudas estão relacionadasà velocida<strong>de</strong> da infusão. Os pacientesque produzirem anticorpos contra o infliximabetêm maior chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver reaçõesdurante a infusão. Raramente po<strong>de</strong> ocorrer o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> síndrome lúpus-like,inclusive com aumento <strong>de</strong> FAN. Passados 3 a4 dias da infusão, ainda po<strong>de</strong>m surgir mialgia,fe<strong>br</strong>e, prurido, e<strong>de</strong>ma na face, mãos epés, urticária, <strong>de</strong>ntre outros. Foi vista, comfreqüência aumentada, a incidência <strong>de</strong> tuberculosenesses pacientes submetidos ao infliximabe,o que é aspecto relevante no nossomeio. Com os cuidados atuais <strong>de</strong> radiografia<strong>de</strong> pulmão, teste tuberculínico e investigação<strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes próprios ou familiares <strong>de</strong>tuberculose, essa incidência tem diminuído.Essa medicação é a <strong>de</strong> mais rápida ação,sendo especialmente indicada em quadrosgraves, tanto cutâneos quanto articulares.O etanercepte (En<strong>br</strong>el ® ) é um bloqueadorcompetitivo do TNFα. É uma proteína <strong>de</strong>fusão humanizada, consistindo em uma porçãoextracelular do receptor <strong>de</strong> 75 kilodáltons(kDa) do TNF-α, ligada à porção Fc <strong>de</strong> umaIgG1. É usado na artrite reumatói<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong>1998. Sua administração é via subcutânea,auto-aplicada, com intervalo <strong>de</strong> 72 a 96 horasentre elas, duas vezes por semana, na dose<strong>de</strong> 25 ou 50 mg por aplicação. É comercializadoem frascos <strong>de</strong> 25 mg, para reconstituição.Está indicado em pacientes com psoríaseem placa estável, com três ou mais articulaçõese<strong>de</strong>maciadas ou dolorosas e classificados,pelo menos, em um subtipos <strong>de</strong> psoríaseartropática. O etanercepte po<strong>de</strong> funcionarprecocemente em alguns pacientes,porém a melhora vai sendo obtida durante osseis meses seguintes ao início da terapêutica.O etanercepte produz resposta efetiva tantopara a artrite quanto para as lesões cutâneas.O efeito colateral mais freqüente é reação nolocal da injeção. Infecções <strong>de</strong> vias aéreassuperiores e outras po<strong>de</strong>m ocorrer, <strong>de</strong>vendoseter cautela em pacientes propensos aessas complicações, como em portadores <strong>de</strong>diabetes mellitus. Os casos <strong>de</strong> tuberculoseforam raros. O medicamento é contra-indicadoem pacientes com histórico <strong>de</strong> doença<strong>de</strong>smielinizante. Seu uso é compatível com aadministração simultânea <strong>de</strong> metotrexato.Essa medicação tem um perfil <strong>de</strong> segurançamelhor em relação a outros anti TNFα . Noentanto, os estudos <strong>de</strong> biossegurança empsoríase foram todos realizados com umadose semanal <strong>de</strong> 50mg e a dose preconizadaatualmente é <strong>de</strong> 100mg por semana nas primeirasdoze semanas.Os medicamentos biológicos po<strong>de</strong>m serusados como monoterapia ou em combinaçãocom outras modalida<strong>de</strong>s terapêuticas(fototerapia/fotoquimioterapia) ou outrosmedicamentos como acitretina e metotrexato.A terapia biológica po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radanos seguintes casos:Psoríase recalcitrante;Intolerância ou fracasso a terapia sistêmicafreqüente;Contra-indicação a terapia sistêmica clássica;Pacientes com grave <strong>de</strong>terioração daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e/ou incapacida<strong>de</strong> física oupsicossocial;Artrite psoriásica, especialmente noscasos com <strong>de</strong>struição articularCasos especiais <strong>de</strong> psoríase em placamo<strong>de</strong>rada a grave, consi<strong>de</strong>rada candidata àterapia sistêmica.Para usar um medicamento biológico osseguintes passos <strong>de</strong>vem ser obe<strong>de</strong>cidos:90 | Imunobiológicos na psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAHistória clínica completa e exame físicoExcluir: tuberculose, infecções crônicas;doença neurológica <strong>de</strong>smielinizante, esclerosemúltipla, neurite óptica; insuficiência cardíacacongestiva; malignida<strong>de</strong> nos últimos 5anos, exceto câncer cutâneo não-melanomatratado a<strong>de</strong>quadamente.Exames complementaressangue: hemograma completo*, creatinina,uréia e eletrólitos, função hepática, hepatiteB e C, HIV (pacientes <strong>de</strong> risco), autoanticorpos**;mais investigações com referenciaao perfil <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada biológicourina: sedimento urinário (EAS)Radiografia <strong>de</strong> tóraxNo acompanhamento dos pacientes <strong>de</strong>veser realizado hemograma com contagem <strong>de</strong>plaquetas a cada três ou seis meses, principalmentepara aqueles em uso <strong>de</strong> efalizumabe,pelo risco <strong>de</strong> plaquetopenia. Enzimashepáticas também <strong>de</strong>vem ser dosadas emintervalos regulares, a cada três ou seismeses. Deve haver reavaliação para tuberculosea cada ano, ou em qualquer momento,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sintomatologia. Suas manifestaçõesnão necessariamente são pulmonares,po<strong>de</strong>m ocorrer em localização extrapulmonar.Não existe consenso com relaçãoàs medidas necessárias para o acompanhamentodos pacientes em uso <strong>de</strong> biológicos eo tempo relativamente curto do seu uso aindanão permite conclusões so<strong>br</strong>e a sua segurançaa longo prazo.Segue tabela com os principais medicamentosimunobiológicos. Entretanto, essadisposição <strong>de</strong> dados não significa que po<strong>de</strong>haver uma simples comparação entre essesagentes, já que não foram realizados estudoscom esse objetivo.Os biológicos são medicamentos <strong>de</strong> primeiralinha, po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rados comoprimeira opção terapêutica em casos selecionados,especialmente nos pacientes comartrite psoriásica grave. Entretanto, convémassinalar o alto custo <strong>de</strong>sses medicamentos.Pela sua eficácia na psoríase, no entanto,mostram gran<strong>de</strong> impacto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida dos pacientes, promovendo não somentea melhora física como o bem estar psicossocial.Imunobiológicos na psoríase| 91


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAMedicaçãoDoseTabela - Biológicos: quadro resumidoEficáciaContraindicaçoes/Efeitos colateraisMonitorização /observaçõesEtanercepte(anti-TNF-α).Proteína <strong>de</strong> fusão.Aprovado para PsO,PsA , ARJ, AR eespondilite anquilosanteno Brasil25mg SC duasvezes por semanaou 50mg SC duasvezes por semanamonoterapiaNa dose <strong>de</strong> 25mg 2x/sem.PASI 75 com 12 semanas<strong>de</strong> tratamento 34%PASI 75 (com 24 semanas<strong>de</strong> tratamento) 44%Na dose <strong>de</strong> 50mg 2x/semPASI 75 com 12 sem. 49%PASI 50 com 12 sem. 74%24 sem. 77%InfecçõesTuberculoseDoenças neurológicasPancitopeniaReações locais on<strong>de</strong> ainjeção e aplicadaAgravamento <strong>de</strong>Insuficiência CardíacaCongestivaPPD e Radiografia <strong>de</strong>torax a cada anoHemograma, bioquímica,enzimas hepáticas acada 6 meses ou <strong>de</strong>acordo com o critériomédico <strong>de</strong>saconselhadavacinação com vírus vivosInfliximabe(anti-TNF-α)anticorpo monoclonalquiméricoAprovado parapsoriase e artritepsoriásica no Brasil;aprovado paraDoença <strong>de</strong> Crohn, ARe espondilite anquilosantenos EUA eEuropa; aprovadopara PsA nos EUA5mg/kg por infusãoPASI 75 com 10 semanas<strong>de</strong> tratamento 80,4%Reações infusionaisagudas ou retardadasInfecçóes , malignida<strong>de</strong>ou doença linfoproliferativa,agravamento<strong>de</strong> insuficiênciacardíaca congestivaPPD e Radiografia <strong>de</strong>torax antes <strong>de</strong> iniciar otratamento e a cada anoHemograma, bioquímica, enzimas hepáticasa cada 6 meses ou <strong>de</strong>acordo com o critériomédico <strong>de</strong>saconselhadavacinação com vírus vivosAdalimumabe(anti-TNF-α)anticorpo monoclonalaprovado para ARnos EUA e na Europa,aprovado no Brasilpara Artrite psoriásica40mg via subcutâneaa cada 15dias40mg semanalmentePASI 75 com 24 sem 49%PASI 50 com 24 sem 75%TuberculoselMalignida<strong>de</strong>, doençashemolinfoproliferativasinfecções ativas oucrônicasPPD e Radiografia <strong>de</strong>torax antes <strong>de</strong> iniciar otratamento e a cada anoHemograma, bioquímica,enzimas hepáticas acada 6 meses ou <strong>de</strong>acordo com o critériomédicoSe <strong>de</strong>saconselha vacinascom vírus vivosEfalizumabeAnticorpo monoclonalhumanizado(antiCD11a)Aprovado para PsOno Brasil, EUAe Europa0,7mg/kg na primeirasemana;1mg/kg nassemanas seguintesdurante otratamentoPASI 75 com 12 semanas27%PASI 75 com 24 semanas44%Rebote 18%Alteração do padrão<strong>de</strong> psoríaseContra-indicado naartrite psoriásicaContagem <strong>de</strong> plaquetasPsO psoríase; PsA Artrite psoriásica; ARJ Artrite reumatói<strong>de</strong> juvenil; AR Artrite reumatói<strong>de</strong>.É opinião do consenso que o Alefacepte tem baixa eficacia e alto custo, não sendo recomendado para o tratamento dospacientes <strong>de</strong> psoriase no Brasil.92 | Imunobiológicos na psoríase


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Antoni C, Manger B. Infliximab for psoriasis and psoriatic arthritis. Clin. Exp Rheumatol, 2002;20(suppl.28):S122-S1252. Arruda L, Ypiranga S & Martins GA. Tratamento Sistêmico da Psoríase- Imunomoduladores Biológicos. An <strong>br</strong>asDermatol,2004;79:393-408.3. Callen JP, et al. AAD Consensus statement on psoriasis therapies. J Am Acad Dermatol, 2003;49(5):897-994. Callen JP. New psoriasis treatment based upon a <strong>de</strong>eper un<strong>de</strong>rstanding if the pathogenesis of psoriasis vulgarisand psoriatic arthritis: a personal appraisal of their use in practice. J Am Acad Dermatol, 2003;49(2):351-68. Gottlieb AB, Chaudhari U, Mulcahy L, et al. Infliximab monotherapy provi<strong>de</strong>s rapid and sustained benefit for plaque -type psoriasis. J Am Acad Dermatol, 2003;48(6); S29-S359. Gottlieb AB, Leonardi CL, Goffe BS, Ortonne J, et al. Etanercept monotherapy in patients with psoriasis: a summaryof safety, based on an integrated multistudy database. J Am Acad Dermatol, 2006;54(3); S92-S10012. Jullien D, Prinz JC, Langley RGB, et al. T-cell modulation for the treatment of chronic plaque psoriasis with efalizumab(RaptivaTM): mechanisms of action. Dermatology, 2004;208:297-3061. Krueger GG. The immunologic basis for the treatment of psoriasis with new biologic agents. J Am AcadDermatol, 2002;46:1-23.6. Krueger, GG. and Callis, KP. Development and use of alefacept to treat psoriasis. J Am Acad Dermatol, 2003;49(2); S87-S9711. Mease PJ, Gladman DD, Ritchlin CT, et al. Adalimumabe no tratamento <strong>de</strong> pacientes com artrite psoriatica ativamo<strong>de</strong>rada a grave. Arthritis & Rheumatism, 2005;52(10): 3279-8913. Menter A, Gordon K, Carey W, et al. Efficacy and safety observed during 24 weeks of efalizumab therapy inpatients with mo<strong>de</strong>rate to severe plaque psoriasis. Arch Dermatol, 2005;141:31-3810. Papp KA, Tyring S, Lahfa M, et al. A global phase III randomized controlled trial of etanercept in psoriasis:safety, efficacy, and effect of dose reduction. Bristish Journal of Dermatology, 2005;152:1304-13124. Sterry W, Barker J, Boehncke W, et al. Biological therapies in the systemic management of psoriasis:International Consensus Conference. Bristish Journal of Dermatology, 2004; 151(suppl. 69): 8-17Imunobiológicos na psoríase| 93


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA11ANEXOPsoríase e infecção bacterianaMarcelo Arnone 1Maria Denise Takahashi 2Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo12Médico Assistente da Divisão <strong>de</strong> Clinica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPMestrando do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação da FMUSPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Professora Doutora Colaboradora Médica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (FMUSP)Supervisora <strong>de</strong> Equipe Técnica na Divisão <strong>de</strong> Clinica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPResponsável pelo Ambulatório <strong>de</strong> Psoríase na Divisão <strong>de</strong> Clínica Dermatológica do Hospital das Clínicas da FMUSPMestre em <strong>Dermatologia</strong> pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloDoutora em Medicina – Área <strong>Dermatologia</strong> pela FMUSPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Psoríase e infecção bacteriana | 95


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAA associação da psoríase gutata cominfecção estreptocócica prévia é conhecida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 60. Somente no final dosanos 80, no entanto, é que surgiram estudos<strong>de</strong>monstrando a importância <strong>de</strong> algumasproteínas microbianas na fisiopatogenia <strong>de</strong>doenças inflamatórias cutâneas como a psoríasee a <strong>de</strong>rmatite atópica. Essas proteínasforam <strong>de</strong>nominadas superantígenos.Os superantígenos têm papel importanteno <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento e na manutenção daresposta inflamatória pela sua gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> estimular as células T. No mo<strong>de</strong>loproposto pela maioria dos estudos, a presençados superantígenos na circulação sanguíneados doentes com psoríase, levaria aoestímulo <strong>de</strong> células T periféricas, ocorrendoassim o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um subtipoespecial <strong>de</strong> células T (CLA + T-cell). Na pele,essas células promoveriam, juntamente comoutras células inflamatórias e com os queratinócitos,a instalação <strong>de</strong> uma resposta inflamatóriapredominantemente TH1 com liberação<strong>de</strong> citocinas - IL-1, Interferon-gama, TNFalfa,entre outras - com conseqüente manifestaçãodos fenômenos inflamatórios cutâneosda psoríase. No mo<strong>de</strong>lo apresentado os antígenosbacterianos são provenientes <strong>de</strong> focosinfecciosos, sendo o mais freqüente a infecção<strong>de</strong> vias aéreas superiores. Po<strong>de</strong>m tambémter origem a partir da colonização e/ouinfecção cutânea <strong>de</strong> lesões crônicas <strong>de</strong>Psoríase.Vários agentes infecciosos já foram relacionadoscom o <strong>de</strong>senvolvimento e agravamentoda psoríase, mas os mais bem estudadossão o Streptococcus piogenes e oStaphylococcus aureus .Tomi e colaboradores (2005) realizaramtrabalho estudando 25 pacientes com psoríase.Foram isolados Staphylococcus aureusdas lesões cutâneas em 60 % dos casos,sendo que 60 % das cepas isoladas eramtoxigênicas. Também observaram índices <strong>de</strong>PASI mais elevados em pacientes portadoresdas cepas toxigênicas, reforçando assim ateoria <strong>de</strong> que as toxinas teriam papel no agravamentoda doença.Travers e colaboradores (1999) <strong>de</strong>monstraramo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fenômenosinflamatórios na pele após aplicação tópica eoclusão com superantígenos estafilocócicos(ZEB e TSST-1) e estreptocócicos (SPEA eSPEC). Nesse estudo foram avaliadospacientes com psoríase, <strong>de</strong>rmatite atópica,líquen plano e indivíduos controles, sendoobservada resposta inflamatória em todos osgrupos. Comparativamente as respostasforam mais exuberantes no grupo <strong>de</strong> pacientescom psoríase.Com base no papel fisiopatogênico <strong>de</strong>agentes infecciosos na psoríase, muitos <strong>de</strong>rmatologistas<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o uso <strong>de</strong> antibioticoterapiapor via sistêmica, mesmo na ausência<strong>de</strong> quadro infeccioso ativo. Outra condutapraticada é a indicação <strong>de</strong> amigdalectomia,em pacientes com psoríase, com antece<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> amigdalites <strong>de</strong> repetição. Taiscondutas encontram suporte em experiênciapessoal ou relatos <strong>de</strong> pequenas séries <strong>de</strong>casos, no entanto não existem estudos bemconduzidos que ofereçam suporte para taispráticas.Owen e colaboradores, em 2001, revisaramtodos os trabalhos relevantes publicadosnas últimas décadas so<strong>br</strong>e o uso <strong>de</strong> antibióticose indicação <strong>de</strong> amigdalectomia em psoríase.Após análise criteriosa <strong>de</strong> todos os trabalhosforam i<strong>de</strong>ntificados apenas dois estudoscontrolados <strong>de</strong> intervenções nos possíveisfocos <strong>de</strong> estreptococcia, sendo que apenasum apresentava metodologia a<strong>de</strong>quadana apresentação dos resultados. Não foi verificadamelhora clínica da psoríase nos grupostratados com placebo e antibiótico sistêmico.Nenhum estudo randomizado so<strong>br</strong>eamigdalectomia foi i<strong>de</strong>ntificado.Em trabalho realizado por Saxena e cola-96 | Psoríase e infecção bacteriana


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAboradores (2005) foram avaliados 30 pacientescom psoríase em placas tratados exclusivamentecom penicilina benzatina no esquema<strong>de</strong> 1,2 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s quinzenalmenteaté o sexto mês <strong>de</strong> tratamento e mensalmentedo 6º ao 24º mês <strong>de</strong> tratamento Foiobservada redução significativa do PASI em66,6 % dos pacientes após 36 semanas <strong>de</strong>tratamento, resposta esta que se manteve aolongo do seguimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Jappe U. Superantigens and their association with <strong>de</strong>rmatological inflammatory diseases:facts and hypotheses. Acta Derm Venereol 2000; 80:321-328.2. Leung DY, Hauk P, Strickland I, Travers JB, Norris DA. The role of superantigens in humandiseases: therapeutic implications for the treatment of skin diseases. Br J Dermatol. 1998Dec;139 Suppl 53:17-29. Review3. Owen CM, Chalmers RJ, O`Sullivan T, Griffiths CE. A systematic review of antistreptococcalinterventions for guttate and chronic plaque psoriasis. Br J Dermatol. 2001 Dec;145(6):886-90. Review4. Saxena VN, Dogra J. Long-term use of penicillin for the treatment of chronic plaque psoriasis.Eur J Dermatol. 2005 Sep-Oct;15(5):359-62.5. Tomi NS, Kranke B, Aberer E. Staphylococcal toxins in patients with psoriasis, atopic <strong>de</strong>rmatitis,and erythro<strong>de</strong>rma, and in healthy control subjects. J Am Acad Dermatol. 2005Jul;53(1):67-726. Travers JB, Norris DA, Leung DY. The keratinocyte as a target for staphylococcal bacterialtoxins. J Investig Dermatol Symp Proc. 2001 Dec;6(3):225-30.ReviewPsoríase e infecção bacteriana| 97


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAPsoríase e gravi<strong>de</strong>zIda Duarte 1Colaboradores: Clarice Kobata 2Roberta Buense Bedrikow 3Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo12ANEXO123Professora Adjunta da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloResponsável pelo Setor <strong>de</strong> Alergia e Fototerapia Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloMestre em <strong>Dermatologia</strong> pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São PauloDoutora em <strong>Dermatologia</strong> pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Médica assistente da Clínica <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Médica assistente da Clínica <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> da Santa Casa <strong>de</strong> São PauloMestranda do Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação da FMUSPEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Psoríase e gravi<strong>de</strong>z| 99


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAA psoríase compromete homens e mulheresna mesma proporção. Sendo comum oseu início antes dos 40 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a psoríasedurante a gravi<strong>de</strong>z é um fato comum <strong>de</strong>se observar.No entanto, a maioria das pacientes referemelhora da <strong>de</strong>rmatose, durante o períodogestacional. Em vários trabalhos publicadostêm-se <strong>de</strong>monstrado maior porcentagem <strong>de</strong>pacientes referindo melhora da psoríase,seguidas daquelas que relatam quadro inalteradoe uma minoria (menos <strong>de</strong> 20%) compiora da <strong>de</strong>rmatose neste período.O controle da psoríase e <strong>de</strong> outras doençasinflamatórias durante a gravi<strong>de</strong>z pareceter influência hormonal. Hormônios placentários,estrógenos e progesterona estimulam aprodução <strong>de</strong> substâncias com capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> diminuir a inflamação e a proliferação <strong>de</strong>queratinocitos.TratamentoSão poucos os recursos terapêuticospara a psoríase na gravi<strong>de</strong>z. Por sorte, com jámencionado, mais <strong>de</strong> 50% das pacientesreferem melhora <strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatose neste período.Corticói<strong>de</strong> tópico – não existe estudos emhumanos so<strong>br</strong>e o uso <strong>de</strong> corticói<strong>de</strong> tópicos noperíodo gestacional. Em animais já se<strong>de</strong>monstraram anormalida<strong>de</strong>s fetais, principalmentequando se utilizam agentes potentes,em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s, sob oclusão, e comtempo <strong>de</strong> uso prolongado. O FDA consi<strong>de</strong>raos corticói<strong>de</strong>s tópicos como risco C na gravi<strong>de</strong>z(sem estudos em humanos e estudos emanimais <strong>de</strong>monstrando riscos para o feto).Assim sua indicação está vinculada entre osriscos e benefícios <strong>de</strong> sua aplicação. Não sesabe também se os corticói<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso tópicosão excretados no leite materno. Recomendasea não utilizar corticói<strong>de</strong> próximo ao mamilo.Derivados da Vitamina D – Derivados daVitamina D levam à redução da proliferaçãodos queratinocitos e apresentam função imunomoduladora.Anomalias no metabolismodo Cálcio e Fósforo <strong>de</strong>correntes do uso tópicodos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> vitamina D ocorrem comdoses acima <strong>de</strong> 100g por semana. Pela falta<strong>de</strong> estudos a<strong>de</strong>quados, sua aplicação nagravi<strong>de</strong>z está contra-indicada.Ciclosporina – Apesar <strong>de</strong> não ser mutagênicanem teratogênica, não <strong>de</strong>ve ser indicadacomo rotina na gravi<strong>de</strong>z e no pós-parto,durante a amamentação. Têm-se <strong>de</strong>scritovários casos <strong>de</strong> parto prematuro, retardo nocrescimento fetal, pré-eclampsia, hipertensãoarterial materna. Esta droga atravessa placentae é excretada no leite materno. Estaindicada seu uso na gravi<strong>de</strong>z apenas emcasos severos sem resposta à fototerapiacom UVB <strong>de</strong> banda estreitaImunobiológicos – São contra-indicados nagravi<strong>de</strong>z, po<strong>de</strong>ndo atravessar a barreira placentáriae provocar alterações no sistemaimune fetal.Metotrexato - Seu uso na gravi<strong>de</strong>z estácontra-indicado por ter ação teratogênica eindutora <strong>de</strong> aborto. A gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>ve ser evitadaaté um ciclo menstrual completo após usoda droga em mulheres e, até três meses apóstermino <strong>de</strong> uso da droga em homens.Fototerapia - A PUVA terapia não estáindicada na gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>vido principalmenteao psoralênico. Apesar <strong>de</strong> não se ter<strong>de</strong>monstrado sua ação teratogênica, nãoexistem trabalhos que <strong>de</strong>monstrem segurança<strong>de</strong> uso neste período. Nos casos comfalta <strong>de</strong> opção terapêutica a PUVA po<strong>de</strong> serutilizada a partir do segundo trimestre. AFototerapia com UVB <strong>de</strong> banda estreita(311nm) é uma das melhores opções para otratamento da psoríase durante o períodogestacional. A dispensa <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> psoralênicose o controle a<strong>de</strong>quado da dose a tornauma das terapêuticas mais seguras para apsoríase durante este período.Retinói<strong>de</strong>s – Os retinói<strong>de</strong>s sistêmicos não<strong>de</strong>vem ser utilizados. Os retinói<strong>de</strong>s tópicos100 | Psoríase e gravi<strong>de</strong>z


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA<strong>de</strong>vem ser evitados por precaução. Algunstrabalhos foram publicados relacionandoalterações fetais com uso <strong>de</strong> retinói<strong>de</strong>s tópicos.Não se têm estudos so<strong>br</strong>e a absorçãodos retinói<strong>de</strong>s tópicos e sua interferência como feto. Sua indicação <strong>de</strong> faz nos casos comfalta <strong>de</strong> outros recursos terapêuticos e, a partirdo segundo trimestre da gravi<strong>de</strong>z.Impetigo herpetiformeExiste um tipo especial <strong>de</strong> psoríase queocorre na gravi<strong>de</strong>z e é <strong>de</strong>nominado impetigoherpetiforme ou por alguns autores <strong>de</strong> psoríasepustulosa na gravi<strong>de</strong>z. Este quadro foi<strong>de</strong>scrito por He<strong>br</strong>a em 1872 e consi<strong>de</strong>radauma doença específica da gravi<strong>de</strong>z. Muitosautores conceituam o impetigo herpetiformecomo uma psoríase da gravi<strong>de</strong>z na faseaguda pustulosa.Associado à <strong>de</strong>rmatose po<strong>de</strong> ocorrerinsuficiência placentária, levando a anormalida<strong>de</strong>sfetais e alteração <strong>de</strong> eletrólitos caracterizadapor hipocalcemia. Mulheres comimpetigo herpetiforme não têm história pessoale /ou familiar <strong>de</strong> psoríase.Este quadro ocorre no terceiro trimestreda gravi<strong>de</strong>z e persiste até o parto ou semanasapós. Caracteriza-se por erupção simétricageneralizada com placas eritematosascom pústulas nas margens das lesões.Lesões erosivas po<strong>de</strong>m ocorrer em mucosas(boca, língua esôfago). São <strong>de</strong>scritas recorrênciasem gravi<strong>de</strong>z subseqüente comaumento da morbida<strong>de</strong> em cada gravi<strong>de</strong>zsucessiva. Os principais sintomas sistêmicosassociados ao quadro clínico são: fe<strong>br</strong>e,sudorese, diarréia, vômitos e tetania <strong>de</strong>vido ahipocalcemia.Na histopatologia observa-se quadrosemelhante ao da psoríase pustulosa compústulas estéreis espongiformes, com neutrófilosque migram da <strong>de</strong>rme para e epi<strong>de</strong>rme.Na <strong>de</strong>rme papilar observa-se infiltrado <strong>de</strong> linfócitose neutrófilos.Alterações laboratoriais incluem leucocitose,aumento da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hemossedimentaçãoe, ocasionalmente, hipocalcemiacom diminuição <strong>de</strong> vitamina D, secundária ahipoparatiroisimo.TratamentoCorticói<strong>de</strong> sistêmico é a droga <strong>de</strong> escolhapara tratamento inicial. Ciclosporina po<strong>de</strong> serutilizada, mas é consi<strong>de</strong>rada categoria C e,assim, <strong>de</strong>ve-se ter precaução <strong>de</strong> uso.A fototerapia com PUVA e com UVB <strong>de</strong>banda estreita são opções para controle dadoença.Antibióticos sistêmicos são associadosquando se tem infecção secundaria e, noscasos <strong>de</strong> alteração eletrolítica faz-se complementaçãocom Cálcio <strong>de</strong> Vitamina D. Psoríase e gravi<strong>de</strong>z| 101


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Abdul-Wahab S; Al-Fouzan; Galadari I; Oumeish I; Oumeish Y. Herpes gestationis(Penphigoid gestationis). Clin Dermatol;24(2)109-112, 2006 Mar-Apr.2. Augey F; Dissard C; Normand I; Daumont M. Generalized pustular psoriasis (vonZumbusch) following iatrogenic hypocortisolism. Eur J Dermatol;14(6):415-7, 2004Nov-Dec.3. Freedberg IM; Eisen AZ; Wolff K; Austen KF; Goldsmith LA; Katz SI; FitzpatrickTB(eds). Fitzpatrick´s Dermatology in General Medicine. Mc Graw-Hill. 6 th edition, 2003.4. Kanda N; Watanabe S. Regulatory roles of sex hormones in cutaneous biology andimmunology. J Dermatol Sci;38(1):1-7, 2005 Apr.5. Murase JE; Chan KK; Garite TJ; Cooper DM; Weintein GD. Hormonal effect onpsoriasis in pregnancy and post partum. Arch Dermatol;141(5):601-6, 2005 May.6. Oumeish Y; Abdul-Wahab S; Al-Fouzan. Miscellaneous diseases affected by pregnancy.Clin Dermatol;24(2)113-117, 2006 Mar-Apr.7. Oura H; Bertoncini J; Velasco P; Brown LF; Carmeliet P; Detmar M. A critical role ofplacental growth factor in the induction of inflammation and e<strong>de</strong>ma formation.Blood;101(2):560-7, 2003 Jan 15.8. Raychaudhuri SP; Navara T; Gross J; Raychaudhuri SK. Clinical course of psoriasisduring pregnancy. Int J Dermatol;42(7):518-20, 2003 Jul.9. Tauscher AE, Fleischer AB; Phelps KC; Feldman SR. Psoriasis e pregnancy.J Cutan Med Surg;6(6):561-70, 2002 Nov-Dec.10. Vun YY; Jones B; Al-Mudhaffer M; Egan C. Generalized pustular psoriasis ofpregnancy treated with narrowband UVB and topical steroids. J Am AcadDermatol;54(2 Suppl): S28-30, 2006 Feb.102 | Psoríase e gravi<strong>de</strong>z


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAPsoríase na infânciaBernardo Gontijo 1Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Unversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais13ANEXO1Professor Adjunto Doutor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG)Mestre em <strong>Dermatologia</strong> pela UFMGDoutor em <strong>Dermatologia</strong> pela UFMGEspecialista em <strong>Dermatologia</strong> pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Dermatologia</strong> e Associação Médica <strong>Brasileira</strong>Psoríase na infância| 103


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAAspectos epi<strong>de</strong>miológicosEmbora a ocorrência <strong>de</strong> psoríase na infânciae adolescência não seja rara, a verda<strong>de</strong>iraprevalência nessa faixa etária é <strong>de</strong>sconhecida.Estima-se que cerca <strong>de</strong> 40% dos pacientes portadores<strong>de</strong>senvolvem sinais da doença antesdos 20 anos <strong>de</strong> vida, 30% antes dos 15 anos,10% antes dos 10 anos, 6,5% antes dos cincoanos e 2% antes dos dois anos. Po<strong>de</strong> ainda,excepcionalmente, ser congênita ou nevói<strong>de</strong>.Distintamente dos adultos, on<strong>de</strong> não hápredileção por sexo, na infância e adolescênciahá um leve predomínio do quadro nasmeninas em uma proporção <strong>de</strong> 2:1. Os riscos<strong>de</strong> instalação da psoríase, durante todo operíodo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> um indivíduo, são calculadosem 2,5%, 28% e 65% quando nenhumdos pais, um dos pais ou ambos são afetados,respectivamente.Fatores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antesOs fatores ambientais <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antesdo quadro na infância diferem daquelesobservados nos adultos como, por exemplo,a exposição a medicamentos e ao álcool. Talfato po<strong>de</strong> explicar, ao menos parcialmente, asdiferenças nas apresentações clínicas nessesdois grupos etários.Apesar do estresse estar presente emgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> casos, o fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antemais importante nas crianças é ainfecção. Há evidências consi<strong>de</strong>ráveis sugerindoque a psoríase po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adaou exacerbada por infecções bacterianas, emespecial as produzidas pelos estreptococosbeta hemolíticos (grupo A <strong>de</strong> Lancefield).Essas bactérias supostamente atuariam atravésda produção <strong>de</strong> superantígenos e seriamprovenientes, na maioria dos casos, da orofaringe.A <strong>de</strong>rmatite perianal estreptocócicaseria outro possível sítio primário da infecção.Embora os quadros infecciosos possamprece<strong>de</strong>r ou acompanhar a instalação <strong>de</strong>qualquer forma clínica <strong>de</strong> psoríase, essaassociação é particularmente notável com apsoríase gotada aguda das crianças.Apresentações clínicasA psoríase da infância freqüentemente seinstala na região das fraldas e essa localizaçãoé a mais comum na faixa etária abaixo dos doisanos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Nem sempre o quadro inicial écaracterístico a ponto <strong>de</strong> permitir um diagnósticoclínico <strong>de</strong> certeza, o que muitas vezes só seobtém ao longo do tempo. Comparada com a<strong>de</strong>rmatite seborréica <strong>de</strong>ssa área, um dos principaisdiagnósticos diferenciais, a erupção psoriásicaapresenta um eritema mais claro e mais<strong>br</strong>ilhante, melhor <strong>de</strong>marcado, e <strong>de</strong>sprovido dascrostas amareladas tão significativas da seborréia.As lesões po<strong>de</strong>m permanecer restritas aessa área anatômica ou disseminarem-se.Em termos globais, a forma em placa é amais comum da infância. As lesões individuaissão geralmente menores e a <strong>de</strong>scamaçãomais fina do que se observa nos adultos. Apsoríase gotada é também freqüente, sendoque em alguns relatos sua ocorrência superaa da psoríase em placa. Como a associaçãoda primeira com as infecções estreptocócicasé <strong>de</strong>scrita, as diferentes incidências po<strong>de</strong>mrefletir apenas a extensão da doença estreptocócicaem <strong>de</strong>terminadas comunida<strong>de</strong>s ou afaixa etária avaliada (infecções estreptocócicasda garganta são mais prevalentes emadolescentes e pré-adolescentes).O acometimento facial da psoríase é umasdas marcas da infância. As lesões po<strong>de</strong>mficar restritas ao couro cabeludo ou disseminarem-sepelo segmento cefálico. É comum oenvolvimento das pálpe<strong>br</strong>as, eventualmenteaté como manifestação única da <strong>de</strong>rmatose, etambém das comissuras labiais.Apesar <strong>de</strong> relatadas, as formas eritrodérmica,pustulosa e folicular são raras, assim comoa artrite psoriásica. Embora incomum, umaforma praticamente exclusiva das crianças é aque associa lesões eritêmato-<strong>de</strong>scamativas104 | Psoríase na infância


CONSENSO BRASILEIRO DE PSORÍASE E GUIAS DE TRATAMENTO|SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIAanulares e pústulas. O quadro simula clinica ehistologicamente a pustulose subcórnea.TratamentoOs cuidados terapêuticos na infância<strong>de</strong>vem levar em consi<strong>de</strong>ração um fato <strong>de</strong> extremaimportância: crianças <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, total oufundamentalmente, da participação dos paisou responsáveis para a aplicação correta dosmedicamentos, pré-requisito básico para aobtenção <strong>de</strong> bons resultados. Portanto, toda afamília <strong>de</strong>ve ter conhecimento do esquematerapêutico e participar ativamente na sua execução.É igualmente importante que o pacientee sua família sejam instruídos acerca danatureza da doença para que se estimule umaabordagem positiva. Pacientes em ida<strong>de</strong> escolarsão particularmente susceptíveis aoscomentários, comparações e críticas <strong>de</strong> seuspares e po<strong>de</strong>m necessitar <strong>de</strong> psicoterapia.A maior parte dos casos <strong>de</strong> psoríase emcrianças po<strong>de</strong> ser tratada com medicaçõestópicas, sendo empregadas basicamente asmesmas preparações dos adultos (coal tar,corticoesterói<strong>de</strong>s, antralina, calcipotriol, etc).A fototerapia (UVB) é uma alternativa paracasos mais extensos ou refratários, emboraalguns casos <strong>de</strong> psoríase gotada possamsofrer exacerbação com essa modalida<strong>de</strong>terapêutica. Não há estudos <strong>de</strong>monstrando asegurança da PUVA em crianças abaixo <strong>de</strong>oito anos, mas o método po<strong>de</strong> ser empregadoem adolescentes. Consultar anexo VI.A terapêutica sistêmica só <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>radaem circunstâncias extremas como apsoríase eritrodérmica, artropática ou pustulosa.A maior experiência acumulada é com a acitretina.O risco do fechamento prematuro dasepífises ósseas, uma preocupação em crianças,po<strong>de</strong> ser reduzido com o uso da menordose eficaz possível (em geral entre 0,25 e 0,6mg/kg/dia), embora possa ser empregado até1mg/kg/dia. Consultar anexo VIII.A segurança e a eficácia do metotrexatoem crianças são bem conhecidas e apropriadamenteavaliadas em trabalhos a<strong>de</strong>quadosna área da quimioterapia oncológica Devemser prescritas as mínimas doses terapêuticas,preferencialmente na faixa entre 0,2-0,4mg/kg/semana (Anexo VII). Quanto ao usoda ciclosporina, suas indicações, doses emonitorização, consultar anexo IX.Uma vez que muitos casos <strong>de</strong> psoríasena infância têm como fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante asinfecções bacterianas, parece potencialmentejustificável o emprego <strong>de</strong> medidas taiscomo antibioticoterapia ou até mesmo amigdalectomia.Contudo, a inexistência <strong>de</strong> estudosapropriadamente <strong>de</strong>senhados e comnúmero significativo <strong>de</strong> pacientes faz comque essas intervenções permaneçam controversas.A relativa segurança dos antibióticos,principalmente quando comparada aos efeitoscolaterais <strong>de</strong> outras drogas sistêmicas utilizadasno tratamento da psoríase, tornaesses fármacos atraentes mesmo na ausência<strong>de</strong> comprovação científica inquestionável.Consultar anexo XI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Farber EM, Nall L. Childhood psoriasis. Cutis 1999; 64:309-14.2. Janniger CK, Schwartz RA, Musumeci ML, Te<strong>de</strong>schi, Mirona B, Micali G. Infantile psoriasis.Cutis 2005; 76:173-7.3. Morris A, Rogers M, Fischer G, Williams K. Childhood psoriasis: a clinical review of 1262cases. Pediatric Dermatology 2001; 18:188-198.4. Rogers M. Childhood psoriasis. Curr Opin Pediatr 2001; 14:404-9.5. Wilson JK, Al-Suwaidan SN, Krowchuk D, Feldman SR. Treatment of psoriasis in children:is there a role for antibiotic therapy and tonsillectomy? Pediatric Dermatology 2003; 20:11-15.Psoríase na infância | 105


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