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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopes3. SISTEMA <strong>DE</strong> PERSO<strong>NA</strong>GENSUm qualquer sistema pressupõe uma organização integrada e funcionalde elementos. A funcionalidade das personagens numa obra romanescaé, pelo menos, dupla: cada personagem encarna, na economianarrativa, um papel, compromete-se a cumprir um objectivo de caracterizaçãopsico-sócio-cultural, num plano paradigmático, e joga tambémsimultaneamente numa interacção múltipla directa ou indirecta com todasas outras personagens do sistema, de acordo com uma planificaçãoprévia de intervenções significativas (plano sintagmático) (26) .A funcionalidade da personagem ‘obriga-a’ ao rigor do porte deum nome, elemento primário de uma coerência caracterizadora quehá-de atravessar o fluxo narrativo. Tal aspecto não é de modo nenhumpara entender como monoIitismo de estrutura ideológica, psíquica, fisionómicaou de actuação. A coerência advém-lhe dos seus valores dereferência, da plausibilidade interna das atitudes no seu conjunto, depormenores psico-semânticos ou de discurso (linguístico, gestual, ...)parâmetros todos eles passíveis de uma modelação dinâmica que se responsabilizarápela fundura e complexidade da construção, na plásticade uma evolução humanizante.Do equilíbrio entre fidelidade a um ‘modelo’ de algum modo estático(força centrípeta) — por um lado — e, por outro, investimento numa adequadaevolução (força centrífuga) da sua personalidade, interesses, preocupações,é que resultará o efeito persuasivo que inspirará a ‘confiança’do receptor, graças precisamente à estatura ‘autêntica’ da personagem,ao seu estatuto verosímil. Este estatuto mimético constrói-se ainda, noque respeita a multilateralidade das relações da personagem, atravésda adequação do discurso e postura às circunstâncias conjunturais emcausa. (Da inadequação por negligência resultará um efeito de má qualidade,enquanto certa inadequação deliberada poderá traduzir-se numacomicidade de expressão) (27) .Em FVL há, como no comum das narrativas, personagens que poderíamoscatalogar como «agentes», e outras que entrariam no âmbito das«pacientes», de acordo com a terminologia de Bremond. A especificidadedo caso presente reside em que os «agentes» não serão os antropormó-952007 E-BOOK CEAUP

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