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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopesposto àprova das formas mais duras, o homem não soçobra, porque aresignação assenta sobre a perene esperança.Trata-se de um eclectismo ideológico específico que radica no vitalinstinto de sobrevivência, num quadro mesológico em que as adversidadesconjunturais se acumulam e as hipóteses de as ultrapassarescasseiam.Em suma, em FVL são as ressonâncias da lição do teatro clássico queafloram; ressonâncias que convergem com propostas estético-ideológicascontemporâneas, em combinação harmónica e eficaz (diríamos,porque conseguida): provocando «o terror e a piedade», Manuel Lopesdemonstra que, vista à luz de um existencialismo de Camus, a catarsearistotélica não é incompatível com os postulados do compromisso neorealista(lato sensu), que ela mantém actualidade, mesmo quando transpostado discurso dramático para o narrativo.2. GRAN<strong>DE</strong>S SEQUÊNCIAS E SUAS GRAN<strong>DE</strong>S FLUTUAÇÕESAo intentarmos continuar a aplicar à análise de FVL o modelo operatórioutilizado em CB, ao procurarmos, mais precisamente, determinar,com alguma objectividade, as grandes sequências e suas grandesflutuações, como fizéramos anteriormente no que respeita à outra obrareferida, pareceu-nos sermos forçada a concluir, aqui, da necessidadede adaptação daquele modelo. Com efeito, a aparente analogia de estruturaentre FVL e CB não vai muito além desse primeiro nível de abordagem.Para lá dele, a intrínseca natureza discursiva das duas narrativasé claramente divergente, como veremos. Assim, enquanto em CB a acçãodecorre dos problemas da vontade de um protagonista («agente»,segundo Bremond, C. — 1973, pp. 132-333) — querer ou não querer ficar/partir—, em FVL não são, grosso modo, os humanos quem decide asocorrências. O próprio título afirma a (forçosa) passividade dos homense confere à natureza (o «Vento Leste») a sua função actuante. Actoresprincipais são a chuva e os ventos, e os homens, ainda que não propriamentetíteres, vêem a sua existência sempre fortemente condicionadapelos elementos naturais.872007 E-BOOK CEAUP

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