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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Maria Luísa BaptistaO «combate» corresponderá à oposição a sucessivas e agravadas adversidades,tensão de um optimismo tenaz, de um estoicismo sisífico.A «eliminação», enfim, resulta da vitória definitiva do flagelo sobre oárduo esforço humano. Esta «eliminação» não se circunscreve espacialmenteà parte final do romance: antes coabita com a zona do «combate»(e zurzira mesmo suas primeiras vergastadas na área do «conflito»),instala-se, decrescendo gradualmente a sua acção devastadora até àconsumação total do sacrifício que acaba por se verificar de facto noscapítulos finais de FVL.A esta primeira abordagem, global, aporemos, pormenorizando:• Pelo que toca à «Primeira parte», o seu esquema estrutural aproxima-sebastante do que respeita à obra na sua totalidade. Precisaremos,entretanto, que ao «combate» equivale a luta, outra luta, a do restaurodos estragos que impõem Chuva e Lestada, e que a «eliminação» se consubstanciana derrota dos homens pela arracionalidade dos elementos.• Quanto à «Segunda parte», e partindo do princípio de que, diegéticae discursivamente, ela decorre da «Primeira», consideraremos– que o «conflito» consiste na opção entre viver ou não;– que o «combate» se afirma nas várias tentativas de sobrevivência(tentativas que poderão colidir mesmo com o estatismo e universalidade(?) do estatuto de certos conceitos éticos tradicionais);– que, finalmente, a «eliminação» se identifica com a aparente consumaçãoinexorável e total do desastre.74Talvez comece já a ser perceptível o carácter mais elaborado de FVLrelativamente a CB, a despeito da similitude de esquema, decerto mesmoporque em FVL se nos afiguram bem menos nítidas as fronteiras estruturais.Vive-se ao longo do romance um clima (de adensamento progressivodas circunstâncias conjunturais e esse, mais do que as ocorrências,define o arrasamento das vítimas — ambiente e homens. Desvalorizaçãorelativa de funções cardinais em proveito de catálises e funções integrativas(indícios e informantes). Nessa medida, afigura-se-nos tratar-se deuma narrativa muito mais indicial do que funcional, no sentido barthesianodos termos. E Carlos Reis aduz que «[...] de um modo geral, emE-book CEAUP 2007

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