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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopesnarrativa, praticamente sobreponível ao tempo do real, à linha diegéticada prossecução narrativa. Chuva Braba inicia-se com a proposta do padrinhode Mané Quim que nele vem actualizar a latência do dilema entrepartir e ficar. A necessidade de precipitar uma resposta favorável do afilhadoleva o padrinho a servir-se de expedientes eficazes a curto prazo(mas só a curto prazo); e será a decepção, e será a experiência de umdesenraizamento precário, e será sobretudo a sobrevinda da chuva quelevam Mané Quim a desligar-se do padrinho, definitivamente isolado. Odiscurso segue simplicemente a rota (curta) da história.A par desta homologia (sequencialidade diegética/sequencialidadediscursiva), notaríamos uma outra: a duração discursiva das váriassequências (29) acompanha (embora, em rigor, não isocronicamente) asua duração cronológica. Assim, rápido é o tempo da «proposta», comoo da «decisão» ou o da «decisão definitiva». São segmentos notáveis danarrativa, mas segmentos pontuais; ocorrem num lapso de tempo restritoe merecem um tratamento discursivo equivalente. Esse tratamentoacentuará charneiras ou culminâncias diegéticas, golpes no tecido danarrativa, que não admitem delongas descritivas, dissolventes. Assimtambém, por outro lado, lento é o tempo da «tensão dilemática», ou oda «decepção». E enquanto, na cronologia da história, a «decepção» ganhaforma ao longo de cerca de vinte e quatro horas (entre a saída deRibeira das Patas e a recusa de partir, em Porto Novo), prazo que contrastajá substancialmente com o das primeiras sequências aqui analisadas,a sequência intitulada «tensão dilemática» corresponde a uma duraçãoaproximada de três e quatro dias (três na nossa contagem, quatrona do narrador). Verifica-se, por conseguinte, um paralelismo entre acronologia diegética e a discursiva (genericamente e neste particular),como também uma ênfase discursiva à mais longa sequência da história,através de processos que referiremos de seguida. O tempo psicológico é,assim, um tempo cheio, sobrecarregado, de uma densidade que se repercutenum ritmo lento.Reflectindo ainda sobre os procedimentos discursivos relativos aotempo de Chuva Braba, pensamos que as ‘histórias’ das personagens,quase todas de idades muito afastadas da do protagonista (que tem vintee três anos — cf. CB, p. 20), com excepção de Escolástica e Zé Viola,632007 E-BOOK CEAUP

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