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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel LopesSerá de interesse, a este propósito, observar que o mesmo sonhose instala, em contiguidade, no sono de Mané Quim que sofre «golpesfuriosos na cabeça» que um homem lhe desferia «com a sua faca fria efina» (p. 146).Através do sonho, Joquinha visualiza mais nítida a própria responsabilidadee Mané Quim pressente que o perigo o vitima: cada um rejeitao conteúdo do sonho-pesadelo que o atormenta, cada um ‘recebe’ umaviso premonitório de que a partida não vai ter êxito.A polivalência dos recursos discursivos analisados revela a funcionalidadedo «espaço psicológico», numa complementaridade, esteticamenteconseguida, da informação da linha diegética axial, que modeliza.5. DO TEMPOChuva Braba é uma história não datada em que, todavia, alguns informantestemporais, algumas referências ao estádio sócio-económiconos dão indirectamente conta de que a diegese se instala numa épocapróxima da da produção do presente texto, isto é, provavelmente entreos anos 40-50. (A 1.ª edição de Chuva Braba data — lembra-se — de 1956e calcula-se que a obra estaria já em elaboração por volta de 1947) (27) .Como exemplo, mencionaremos:• a alusão aos navios «carvoeiros» que faziam escala em S. Vicente(cf. CB, p. 133);• a influência inglesa dos homens do mar, na linguagem de Mariano:«Um bom captain deve gostar de mim...» (CB, p. 133), ou na de Joquinha:«Um wonderkind» (CB, p. 84);• a carência em Santo Antão de infra-estruturas como a iluminaçãoeléctrica: «A vela de purgueira, em equilíbrio num graveto espetado nointerstício da parede, junto da janelinha das arrecadações, espalhavauma claridade suja e espessa.» (CB, p. 38). Em Porto Novo, no quarto deMariano: «Mariano assoprou a vela e deitou-se.» (CB, p. 131); na pensãode Maria Lé, Joquinha: «Assoprou a vela e ficou de olhos abertos no escuro.»(CB, p. 141); e, ainda em Porto Novo, no exterior: «Três homenspenetraram na ruela a correr. O primeiro levava um foco.» (CB, p. 125).612007 E-BOOK CEAUP

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