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VERTENTES DA INSULARIDADE NA NOVELÍSTICA DE MANUEL LOPES

Vertentes da Insularidade na Novelística de Manuel Lopes

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Vertentes da insularidade na novelística de Manuel Lopesem causa. É assim que, segundo um amigo de Joquinha, que lhe apresentaraArtur em São Vicente, o comerciante era «pessoa amável e muitoprestável» (CB, p. 117), quando, para Joquinha, pelo conhecimento directoque trava, ele será o rosto da indignidade advinda de uma práticaprofissional fraudulenta, especulativa (cf. CB, pp. 118-119).É assim que, numa subalternização da sua individualidade, se moveEscolástica, no quadro estrito da rapariga a quem Mané Quim se ligaafectivamente (já após a proposta do padrinho, afirmação implícita, doseu — de Mané Quim — compromisso com a terra). Dela se sabe que édestra, leve, sensual, ágil, de um «instinto caprino de andar na rocha»(CB, p. 40), que vive a liberdade nos «intermináveis caminhos da ilha»(CB, p. 41). Afigura-se-nos como a própria liberdade, força telúrica viva,fora da alçada autoritária e violenta da mãe (cuja actuação propicia, aocontrário do que deseja, a aproximação da filha ao protagonista). De algummodo, entretanto, a filha «saiu a nha Totona: gostava das pessoascom raiva» (CB, p. 42). É, enfim, uma figura cuja existência sobretudopermite a Mané Quim um reforço do seu desejo de ficar.É assim que se move nha Joja, a mãe de Mané Quim, «uma amostrade gente, velha e magrinha, [...] que só falava do passado, dos seusmortos, de seus filhos ausentes» (CB, p. 28); «a resignação do costume,aquele jeito a que ela se habituara ultimamente de pôr na mão de Deus odestino das coisas» (CB, p. 30).Figura que se apaga e cujo apagamento discreto, vem, por ironia,agudizar o confronto do protagonista consigo próprio: Mané Quim, queesperava que a mãe clarificasse o seu debate interior e, em última análise,resolvesse por ele, vê que ela o deixa decidir, afirmando com amarguraque não pode «estorvar o destino de cada um» (CB, p. 31). Nha Jojaé, além disso, um novo apelo telúrico a ponderar, porque, afectivamente,dos mais próximos do protagonista.É assim ainda, que nhô Lourencinho, paradigma impoluto (tambémpara Mané Quim) do amor à terra mãe, é também hoje a solidão, o silêncio:«Homem de poucas falas, parecia ter mais gosto em conversar comas plantas do seu quintal e com os seus bichos. Viúvo, vivia com umairmã surda e entrevada...» (CB, p. 57). Ele «que outrora fora conversadorbrabo, habituara-se ao silêncio, e estava virando maníaco ultimamente»472007 E-BOOK CEAUP

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